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W BA 05 49 _V 2. 0 SISTEMAS ADAPTATIVOS, ENSINO HÍBRIDO E METODOLOGIAS ATIVAS 2 Cynthia Rúbia Braga Gontijo São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 SISTEMAS ADAPTATIVOS, ENSINO HÍBRIDO E METODOLOGIAS ATIVAS 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Turchetti Bacan Gabiatti Camila Braga de Oliveira Higa Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Giani Vendramel de Oliveira Revisor Roberta Galon Silva Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Gontijo, Cynthia Rúbia Braga G641s Sistemas adaptativos, ensino híbrido e metodologias ativas / Cynthia Rúbia Braga Gontijo, – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2021. 44 p. ISBN 978-65-89881-16-2 1. Metodologia. 2. Hibrido. 3. Adaptativo. I. Título. CDD 371.3 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB 010289/O © 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. 4 SUMÁRIO Modalidades educacionais presenciais, à distância, remotas e híbridas: potencialidades e desafios para a Educação 4.0 ____ 05 Ambientes de ensino-aprendizagem adaptativos na web: desenvolvimento de novos protagonistas ____________________ 21 Metodologias Ativas: fundamentos, modelos e processos avaliativos ____________________________________________________ 39 Competências e habilidades docentes para o trabalho intermediado por tecnologias na internet ____________________ 54 SISTEMAS ADAPTATIVOS, ENSINO HÍBRIDO E METODOLOGIAS ATIVAS 5 Modalidades educacionais presenciais, à distância, remotas e híbridas: potencialidades e desafios para a Educação 4.0 Autoria: Cynthia Rúbia Braga Gontijo Leitura crítica: Roberta Galon Silva Objetivos • Reconhecer características da Educação 4.0. • Diferenciar modalidades educacionais presenciais, a distância, remotas e híbridas. • Identificar potencialidades e desafios do ensino híbrido para a Educação 4.0. 6 1. Modalidades educacionais presenciais, a distância, remotas e híbridas: potencialidades e desafios para a Educação 4.0 Este Tema trata da presença/ausência das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs), em especial a Internet, na educação. Sem dúvida, a escola tem incorporado tecnologias em suas práticas pedagógicas, sejam mais comuns, como TV e vídeo, ou mais sofisticadas, como games. Diante disso, buscamos, no Subtópico 1.1 Educação 4.0: TDICs na educação e letramento tecnológico, contribuir com os conhecimentos acerca da denominada Educação 4.0 e falar sobre a importância do letramento tecnológico/digital nesse contexto. Já no Subtópico 1.2 Sistemas de educação: características, potencialidades e desafios, vamos discutir sobre as diferenças e semelhanças, considerando as potencialidades e os desafios, da educação em suas diversas modalidades de ensino – presencial, a distância, remota e híbrida. 1.1 Educação 4.0: TDICs na educação e letramento tecnológico O ser humano sempre construiu e recorreu a artefatos e objetos técnicos, e atualmente aos tecnológicos, para desenvolver atividades físicas e cognitivas em suas relações com a natureza e a cultura. Isso acontece, e sempre aconteceu, porque não conseguimos empreender sozinhos ações que satisfaçam as nossas necessidades e os nossos desejos. Pensando nisso, a denominada pós-modernidade, ou hipermodernidade, amplia as nossas relações com as tecnologias, com ênfase nas TDICs. O século XXI é, definitivamente, marcado por transformações científicas e tecnológicas que se manifestam nas mais diferenciadas áreas: 7 econômica, social, cultural, política, religiosa, institucional, filosófica, ecológica, entre outras. E é claro que esses movimentos trouxeram implicações para a educação. Essas transformações, caracterizadas pela produção e utilização das “novas tecnologias”1, demandam propostas pedagógicas alternativas às historicamente construídas, nos desafiando a recriar novos processos ensino-aprendizagem no contexto da chamada Educação 4.0. A Educação 4.0 está diretamente ligada à 4ª Revolução Industrial e é caracterizada, radicalmente, pela relação dos sujeitos com o uso crítico e criativo e pela produção da cultura audiovisual e cibernética, em que tecnologias (como inteligência artificial, internet das coisas, machine learning e armazenamento de conteúdos em nuvem) exercem forte influência na vida das pessoas e nos vínculos que estas estabelecem, modificando, portanto, a educação e a escola, tanto no sentido lato (da prática) quanto no sentido estrito (da pesquisa). Nos termos de Lévy (1993), qualquer pessoa que disponha de um celular com acesso à internet, por exemplo, e com o mínimo de competência técnica, pode atuar no ciberespaço, participando de redes virtuais diversas e compartilhando informações variadas. Nesses termos, devemos nos perguntar: como atuamos na internet? Quais são nossas ações no ciberespaço? De que forma utilizamos, ou pretendemos utilizar, o potencial da internet na escola, nas aulas? Não cabem mais indecisões sobre o uso ou não das TDICs na educação. O ano de 2020, marcado pelo isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19, desafiou professores e demais profissionais da educação a repensarem as suas práticas pedagógicas e a aprimorarem habilidades e competências para a utilização dessas tecnologias, em especial a internet, em suas atividades docentes. 1 A expressão “novas tecnologias” encontra-se entre aspas, porque é cada vez mais difícil sabermos o que é uma tecnologia velha ou nova. 8 De acordo com Cunha (2020), com base em dados da Organização das Nações Unidades (ONU), cerca de 1,5 bilhão de estudantes e mais de 60,3 milhões de docentes de 165 países foram impactados, em 2020, pelo fechamento de escolas por conta da pandemia. Nesse cenário, não cabe desespero, mas a busca constante por aperfeiçoamento e formação continuada para melhor reaprender práticas intermediadas pelas TDICs. Porém, equipar as escolas com tecnologias, ainda que de ponta, não é suficiente para proporcionar mudanças substantivas nas atividades pedagógicas. Não é mais possível tratar de tecnologia educacional como mero equipamentismo da escola; assim, devemos pensá-la como um processo de inovação consciente e comprometido com o desenvolvimento pleno do estudante, em termos físicos, cognitivos, éticos, mentais, emocionais, entre outros. Dessa forma, a tecnologia educacional, seja na educação presencial ou a distância, deve estar situada em um projeto pedagógico coerente e consistente para a construção de itinerários formativos adequados aos aprendizes dos tempos de hoje. A apropriação das TDICs na educação deve estar a serviço de processos educativos que potencializem o reconhecimento do valor dos professores e o protagonismo dos alunos. Para tanto, deve estar em sintonia com um projeto educacionalque evidencie o compromisso da educação com a construção de habilidades e competências individuais e coletivas, nos termos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, [s.d.]), documento que evidencia a importância das TDICs nos currículos escolares em geral e nas práticas docentes cotidianas em específico. Com base na BNCC (BRASIL, [s.d.]), é importante diferenciar informação de conhecimento e compreender o ciclo de dimensões tecnológicas a serem apropriadas pelos atores da educação, nos termos apresentados nas Figuras 1 e 2. 9 Figura 1 – Contraponto entre informações e conhecimentos Fonte: elaborada pela autora. A Figura 1 apresenta do lado esquerdo uma imagem com blocos, “caixinhas” organizadas, mas sem conexão, para sugerir que as informações são conteúdos – coletados – que precisam de uma ação autoral para que façam sentido. Em contraponto, apresenta do lado direito um conjunto de ciclos relacionados por níveis, escalas, propondo a ideia de que o conhecimento diz respeito aos significados produzidos sobre as informações, algo que demanda inter-relação entre estas. 10 Figura 2 – Ciclo de dimensões tecnológicas a serem apropriadas pelos atores da educação Fonte: adaptada de Araripe (2020). A Figura 2 apresenta um ciclo organizado em três dimensões: tecnologia digital, cultura digital e pensamento computacional. Nos termos da BNCC ([s.d.]), essas dimensões se relacionam ao desenvolvimento de múltiplas competências e habilidades pelos docentes e discentes, devendo estar previstas nos currículos escolares e nas práticas pedagógicas (ARARIPE, 2020). • Tecnologia digital: refere-se ao desenvolvimento de capacidades pelos sujeitos escolares para: 1) apresentar e representar dados e informações no mundo digital/ciberespaço; 2) compreender o que é, ainda que sinteticamente, hardware (parte física dos computadores) e software (parte lógica dos computadores – sistemas e aplicativos); e 3) entender os fundamentos conceituais de internet e redes virtuais em geral. 11 • Cultura digital: relaciona-se à construção de capacidades desses sujeitos para: 1) aprimorar, constantemente, o seu letramento tecnológico/digital; 2) usar de forma responsável e com compromisso social as TDICs e as redes virtuais em geral; 3) compreender crítica e criativamente essas tecnologias em contextos específicos. • Pensamento computacional: diz respeito ao seu desenvolvimento para tratar dados e informações e para resolver problemas de forma eficiente. Essa dimensão tem sido cada vez mais discutida na educação, tendo em vista a explosão de dados (Big Data) que precisam ser organizados, processados, transformados e analisados, em escalas variadas. Uma grande quantidade de dados nos formatos de textos, imagens, vídeos, conteúdos de redes sociais diversas, entre outros, é produzida diariamente? Quantos conteúdos aparecerão se fizermos uma consulta, neste momento, sobre um assunto de destaque ocorrido nos últimos dias, em um buscador na internet? É preciso, pois, saber extrair o seu valor e construir significados a partir deles para melhor intermediar a construção dos conhecimentos pelos estudantes. Essas dimensões, partícipes de um processo pedagógico potencializado pelas tecnologias, em geral, e pela internet, em particular, podem contribuir muito com a construção de outro mundo possível, de outra educação possível. Para tanto, faz-se necessário que educadores desenvolvam a fluência em TDICs como capacidade específica para alcançarem conhecimentos mais aprofundados, que transcendam o nível da alfabetização digital para além do letramento tecnológico, tendo em vista que, cada vez mais, irão atuar em modalidades alternativas de ensino (presencial, a distância, remota, híbrida). O letramento tecnológico ou digital implica não somente o uso da tecnologia como consumidor e cliente, mas a atuação do indivíduo como agente de informações em diferentes mídias e hipermídias e como 12 produtor e leitor de diferenciados textos e hipertextos, com capacidades analíticas de significados em âmbitos culturais diversos, em processos educacionais diversos. Nesse sentido, devemos sempre lembrar que o letramento tecnológico não é algo estático, mas um processo contínuo (vivo) de aprendizagens e reaprendizagens, tendo em vista que o mundo e a nossa existência nele estão em permanente evolução histórica. Assim, o que pensar das modalidades de ensino? 1.2 Modalidades de ensino: características, potencialidades e desafios As modalidades de educação (presencial, distância, remota e híbrida) estão sendo debatidas, tanto pelo Estado quanto pela sociedade em geral, especialmente no contexto da Covid-19. Afinal, o ano de 2020, marcado pelo isolamento social imposto pela pandemia, pode ser considerado uma espécie de “divisor de águas”, uma “fronteira” na mudança de mentalidades sobre a educação no país e no mundo e nas metodologias pedagógicas a serem colocados em ação nesse cenário. É comum encontrar e até participar de discussões acalentadas acerca dessas modalidades, seja em blogs, webinários, lives, sites oficiais, redes virtuais de aprendizagem diversas. Mas o que elas são realmente? A educação presencial, também conhecida como convencional, tradicional ou face a face, já conhecemos bem. Afinal, a nossa formação, pelo menos no nível da Educação Básica (Infantil, Fundamental e Média) ocorreu em seus moldes, ou seja, em um ambiente físico em que o processo ensino-aprendizagem ocorria por meio de contato físico entre um professor, em geral agente central da dinâmica pedagógica, e um aluno. Já a educação a distância (EaD) foi implementada no Brasil no final do século XIX em contraponto à presencial, tendo em vista pressões de movimentos sociais diversos em prol da ampliação do acesso 13 populacional à educação e de setores produtivos que requeriam trabalhadores com formações mais adequadas e direcionadas a suas demandas. Desde então, desenvolvemos gerações de EaD, como mostra a Figura 3. Figura 3 – Linha do tempo das gerações de EaD no Brasil Fonte: elaborada pela autora. A Figura 3 apresenta uma linha do tempo das gerações de EaD no país: a 1ª Geração ocorreu entre 1890 e 1960; a 2ª entre 1960 e 1980; a 3ª entre 1980 e 1990; a 4ª após 1990; a 5ª no século XXI; e a 6ª após a primeira década do século XXI. É importante observar que o recorte temporal de cada geração diminui, sinalizando para o fato de que as gerações têm se encurtado em função dos meios utilizados nelas. Por exemplo, se na 1ª Geração temos um intervalo temporal de, em média, 70 anos, na 3ª Geração esse intervalo é de dez anos. Nesses termos, considerando os principais meios utilizados nessas gerações, também podemos organizá-las conforme o Quadro 1. Quadro 1 – Gerações de EaD no Brasil Geração Principais meios utilizados Período 1ª – Correspondência Cartas, revistas, jornais 1890-1960 14 Geração Principais meios utilizados Período 2ª – Transmissão por rádio e TV Rádio, TV, fitas de áudio, fitas VHS, conferências por telefone 1960-1980 3ª – Universidades Abertas TIC, conferências virtuais, ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) 1980-1990 4ª – Teleconferências TDICs Após 1990 5ª – Web TDICs, comunidades de aprendizagem, aplicativos diversos, realidade virtual, Sistema de Gestão de Aprendizagem (Learning Management System – LMS) ou AVA Século XXI 6ª – Educação 4.0 TDIs, comunidades de aprendizagem, aplicativos diversos, inteligência artificial, LMS, gamificação, metodologias ativas Atual (após a primeira década do século XXI) Fonte: elaborado pela autora. A EaD é uma modalidade educacional que empreende os processos pedagógicos intermediados por tecnologias diversas (rever o item Principais meios utilizados no Quadro 1). Assim, não é necessário que o aluno e o professor, ou quaisquer outros agentes da educação, como coordenadores pedagógicos, tutores, designers educacionais, entre outros, estejam no mesmo espaço, ao mesmo tempo,para que esse processo se desenvolva. Ela comporta leituras diversas e singulares, admitindo, portanto, conceitos diversos, como os apresentados no Quadro 2. 15 Quadro 2 – Conceitos sobre EaD Conceitos Autores Processo planejado e não acidental de aprendizado e ensino que ocorre, normalmente, em um lugar e momento distintos para estudantes em relação aos educadores, tendo como formas de interação as diversas tecnologias digitais de informação e comunicação. Mill (2018) Modalidade de educação que apresenta, como característica essencial, a proposta de ensinar e aprender sem que professores e alunos precisem estar no mesmo local ao mesmo tempo. Mill (2018) Modalidade que rompe a relação espaço/tempo e se concretiza por intermédio da comunicação mediada pela mídia. Pereira e Moraes (2012) É o aprendizado planejado que ocorre, normalmente, em um lugar diferente do local de ensino. De modo geral, a EaD caracteriza-se pela separação física (espaço temporal) entre aluno e professor, bem como pela intensificação do uso de TICs (especialmente as tecnologias digitais) como mediadoras da relação ensino-aprendizagem. Moore e Kearsley (2008) A noção de EaD subentende a noção de “técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais”. (MOORRE; KEARSLEY, 2008, p. 2). Moore e Kearsley (2008) Fonte: adaptado de Mill (2018); Pereira e Moraes (2012); Moore e Kearsley (2008). 16 A EaD tem mudado bastante desde a sua implementação no Brasil no final do século XIX e, no contexto da Educação 4.0, circunscreve- se em modelos que buscam a alternância entre modalidades e a sua complementaridade, no sentido de potencializar contribuições diversas. Aqui situamos o ensino híbrido (blended learning), cujo pressuposto inicial é superar a dicotomia entre educação presencial e EaD, tendo em vista que ambas as modalidades podem contribuir com itinerários formativos dos diversos parceiros de aprendizagem (discentes, docentes, comunidades, sociedade). O ensino híbrido considera possibilidades diversas no processo de ensino-aprendizagem, desenvolvendo-se tanto em espaços físicos em momentos presenciais e em espaços virtuais on-line, em que alunos e professores estão logados ao mesmo tempo, quanto em uma aula ao vivo, também chamado de momento síncrono, ou em um momento em que o aluno realiza suas atividades no ambiente virtual sem estar em contato com outros indivíduos, também chamado de assíncrono. De acordo com Monteiro e Moreira, [...] mais do que integrar momentos presenciais e não presenciais, o blended learning tem sido entendido, por um lado, como uma estratégia dinâmica que envolve diferentes recursos tecnológicos, diferentes abordagens pedagógicas e diferentes espaços (formas e informais); por outro, como um processo de comunicação altamente complexo que promove uma série de interações que podem ser bem-sucedidas, desde que sejam incorporados todos esses recursos, sem descurar a componente social e de ensino. (MONTEIRO; MOREIRA, 2018 apud MILL, 2018, p. 86) Entre as vantagens do ensino híbrido (blended learning), destacamos o seu potencial de: • Atendimento às demandas personalizadas, seja de conteúdo, itinerários formativos e/ou processos avaliativos. 17 • Otimização de processos e tempo para alunos, professores e demais atores educacionais. • Atendimentos personalizados ou em grupos, com horários flexíveis e lugares e meios diversos. • Múltiplas formas de contato, incluindo face a face. • Disponibilização de fontes de informações diversas, em formato impresso, hipertextual e/ou hipermídia. • Incentivo à colaboração, à interatividade e à conectividade entre os alunos e demais atores nos ambientes e nas redes virtuais de aprendizagem. • Desenvolvimento de maior autonomia dos alunos. Em uma revisão das tendências do ensino híbrido, Monteiro e Moreira identificaram as seguintes vantagens: [...] 1) impacto no desempenho acadêmico dos estudantes, em particular no que respeita à redução das taxas de abandono e melhor aproveitamento escolar; 2) motivação e satisfação dos estudantes, em virtude aprendizagem colaborativa e cooperativa; 3) facilidade de acesso e flexibilidade na aprendizagem; 4) custo-benefício do curso; 5) aprendizagem mais ativa quando comparada com cursos presenciais e/ou a distância. (MONTEIRO; MOREIRA, 2018 apud MILL, 2018, p. 88) Em um mundo interconectado, com demandas urgentes nos mais diversos setores, em escala planetária, com destaque para países em desenvolvimento como o Brasil, o ensino híbrido é um caminho a ser levado a sério por governantes e pela sociedade. Podemos pensar, em termos mais ampliados, por exemplo, que esse tipo de ensino pode contribuir com um maior e mais diversificado acesso populacional à educação; com a diminuição do tráfego de veículos nas ruas ao otimizar 18 o deslocamento diário das pessoas; com a diminuição da poluição veicular; entre outros. No entanto, também existem desafios com relação à implementação e ao desenvolvimento do ensino híbrido, entre os quais ressaltamos: • Mudança de mentalidades, no sentido da superação da dicotomização entre educação presencial e a distância, oposição que exalta qualidades de um sistema em relação ao outro ou mesmo nega quaisquer contribuições de uma das modalidades para a educação. • Capacitação e formação adequadas dos profissionais da educação para atuar como intermediadores de processos híbridos, algo que demanda letramento tecnológico constante, condições pertinentes de trabalho e sua valorização. • Desenvolvimento de processos de gestão institucional, de programas e projetos, de pessoas e de ambientes em sintonia com a Educação 4.0. • Produção de tecnologias e de AVA/LMS que respondam às necessidades de que cada nível de ensino, ciclo de aprendizagem e particularidades dos estudantes. • Apropriação e construção de metodologias ativas que englobem projetos, didáticas e avaliações construtivistas que evidenciem horizontes formativos. Afinal, Não podemos mandar no vento… … mas podemos orientar as velas! 19 Discutimos até aqui sobre os sistemas educacionais presenciais, a distância e híbridos. Contudo, ainda, é preciso situar o denominado Ensino Remoto Emergencial (ERE), sobre o qual muitos de nós ouvimos falar pela primeira vez no contexto da pandemia da Covid-19, em 2020. Essa modalidade de ensino é uma transferência dos processos e das práticas da educação presencial para a EaD. No ERE, todos os conteúdos produzidos na modalidade convencional são disponibilizados em plataformas de ensino on-line (AVAs) e o seu acompanhamento é realizado por um professor em tempo real. Dessa forma, o cronograma escolar, com seus tempos e com as suas práticas definidos, pode ser mantido, ainda que docentes e discentes estejam participando das aulas em lugares geográficos distintos. O ERE é uma modalidade desenvolvida de forma temporária, tendo em vista necessidades emergências, e deve ser autorizado e regulado por órgãos competentes, como o Ministério da Educação (MEC), no caso brasileiro. Segundo Cunha (2020), ele apresentou-se como um grande desafio para gestores, professores, estudantes e famílias em 2020, pois 90% de todos os alunos do planeta foram impactados por ele. Os desafios na Educação Básica foram e são os maiores, tendo em vista a pouca experiência desse nível, neste momento, com a EaD. Percebemos, pois, que existem contribuições significativas das diversas modalidades abordadas para a educação, mas que são necessários conhecimentos técnicos e tecnológicos, gerenciais e de mediação e prudência para colocá-las em ação. Afinal, a Educação 4.0, em tudo que ela engloba e expande, desafia-nos permanentemente a buscar alternativas conscientes e compromissadas com uma educação que seja sempre semente para o amanhã. Concluímos por aqui a temática Modalidades educacionaispresenciais, à distância, remotas e híbridas: potencialidades e desafios para a Educação 4.0, esperando ter contribuído com os seus conhecimentos na área. Além disso, gostaríamos que a leitura do texto se configure como um 20 convite para aprofundamento sobre o tema, outras reflexões a ele pertinentes, outros encontros etc. Referências ARARIPE, J. P. G. A. (org.). Competências digitais na formação inicial de professores. São Paulo: CIEB, 2020. Disponível em: https://cieb.net.br/tdic- professores/. Acesso em: 6 jan.2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). [s.d.]. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 7 abr. 2021. CUNHA, P. A. A pandemia e os impactos irreversíveis na Educação. 2020. Disponível em: https://www.cpp.org.br/informacao/ponto-vista/item/15620-a- pandemia-e-os-impactos-irreversiveis-na-educacao. Acesso em: 10 jan.2021. LÉVY, P. O que é o virtual? São Paulo: Editora 34, 1993. MILL, D. (org.). Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação a distância. São Paulo: Papirus, 2018. MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a Distância, uma visão integrada. São Paulo: Thompson Learning, 2008. PEREIRA, E. W.; MORAES, R. A. História da educação a distância e os desafios na formação de professores no Brasil. In: SOUZA, A. M.; FIORENTINI, L. M. R.; RODRIGUES, M. A. M. (org.). Educação Superior a Distância: Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede. Brasília/DF: Universidade de Brasília, 2012. cap. 3. 21 Ambientes de ensino- aprendizagem adaptativos na web: desenvolvimento de novos protagonistas Autoria: Cynthia Rúbia Braga Gontijo Leitura crítica: Roberta Galon Silva Objetivos • Reconhecer as dimensões e os recursos presentes em ambientes de ensino-aprendizagem. • Identificar características predominantes em pessoas com estilos de aprendizagem visual, auditiva e cinestésica. • Conhecer o significado de ambientes de ensino- aprendizagem adaptativos na web (AdaptWeb). 22 1. Ambientes de ensino-aprendizagem adaptativos na web: desenvolvimento de novos protagonistas Neste Tema, trataremos da personalização dos processos pedagógicos em espaços virtuais, com vistas ao pleno desenvolvimento dos estudantes. Para tanto, estudaremos no subtópico 1.1 Ambientes de ensino-aprendizagem: dimensões e recursos sobre as quatro dimensões (física, funcional, temporal e relacional) presentes em espaços pedagógicos presencias e acerca das três dimensões (funcional, temporal e relacional) presentes em ambientes de ensino-aprendizagem na web, bem como sobre os recursos presentes nelas. Já no subtópico 1.2 AdaptWeb: significado e exemplos discutiremos a importância de se considerarem os estilos de aprendizagem (visual, auditivo e cinestésico) nesses contextos e o significado de ambientes de ensino-aprendizagem na Web, tendo em vista experiências na área. 1.1 Ambientes de ensino-aprendizagem: dimensões e recursos Você sabia que não existe um modelo único para ambientes de ensino-aprendizagem na educação a distância (EaD)? Há diversos e diferenciados desenhos e múltiplas combinações de linguagens, didáticas e recursos tecnológicos possíveis para esses ambientes. Para definir qual modelo utilizar/produzir, seja na EaD integral – modalidade que desenvolve o processo pedagógico, intermediado por tecnologias, não sendo necessário que o aluno e o professor, ou quaisquer outros agentes da educação, estejam no mesmo espaço físico, ao mesmo tempo, para que este ocorra –, seja no ensino híbrido – modalidade que conjuga a EaD com a modalidade presencial –, é essencial que ele esteja em sintonia com o escopo de trabalho institucional. 23 Dessa forma, é fundamental conhecermos a missão institucional, os seus objetivos, as suas metas, o seu plano de trabalho e os seus recursos em geral para produzir/escolher um ambiente de ensino- aprendizagem e/ou atuar neles. Tradicionalmente, os ambientes de ensino-aprendizagem são compostos por quatro dimensões, conforme apresenta a Figura 1. Figura 1 – Ciclo de dimensões de ambientes de ensino-aprendizagem Fonte: elaborada pela autora. A Figura 1 apresenta um ciclo organizado em quatro dimensões: física, funcional, temporal e relacional, as quais estão presentes em ambientes de ensino-aprendizagem tradicionais ou convencionais. Neles, a dimensão física se refere a tudo que é físico, material, como o 24 mobiliário (mesas, carteiras, armários etc.), quadros e painéis, elementos decorativos, entre outros ali presentes. • Dimensão funcional: relaciona-se aos elementos que estão presentes no espaço para serem utilizados nos processos pedagógicos propriamente ditos. Exemplos: brinquedos, ainda que físicos, são utilizados para o desenvolvimento de atividades com os alunos; uma bancada de livros; um tapete no fundo de uma sala de aula pode ser utilizado como um momento de encontros, trocas, compartilhamentos, discussões etc. • Dimensão temporal: refere-se à organização do tempo naquele ambiente, ou seja, quais atividades serão empreendidas em cada momento naquele lugar. É importante observar que a organização do tempo se relaciona diretamente com a apropriação do espaço físico. Exemplo: às 15h, realizaremos o nosso momento de escolha de livros na bancada de livros da sala de aula; e, às 16h, iniciaremos o nosso momento de leitura no cantinho da sala destinado para esse fim. • Dimensão relacional: tem a ver com as relações propriamente ditas que se estabelecem nesse território, considerando-se aqui os acessos aos espaços, aos recursos, às normas, às orientações diversas dos atores educacionais e às trocas entre os parceiros de aprendizagens – alunos, professores e quaisquer outros presentes no itinerário formativo dos estudantes naquele ambiente. Você já empreendeu uma observação e leitura crítica de ambientes de ensino-aprendizagem? O que as dimensões supracitadas podem dizer quanto às propostas e práticas presentes? É interessante, pois, reconhecer que essas dimensões são significativas à experiência pedagógica, sendo, portanto, constituidoras, em si, dos conteúdos de aprendizagem. Assim, é essencial um compromisso com elas, no sentido de preparar, organizar e se apropriar delas para 25 que os estudantes desenvolvam os seus processos de construção de conhecimento com maior fluidez. E quanto aos ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), ou Learning Management System (LMS)? Você já os observou atentamente? Os AVAs são sistemas de informação e comunicação intermediados por tecnologias de informação e comunicação (TDICs) que oferecem recursos diversos para atividades de aprendizagem na internet, na web. Esses ambientes contemplam algumas das dimensões consideradas, mas de maneiras diferentes, tendo em vista que neles os processos se desenvolvem em um espaço virtual: o ciberespaço (LÉVY, 1993). Nesses termos, cabe esclarecer que o espaço virtual, ciberespaço ou espaço cibernético é aqui entendido como [...] um objeto comum, dinâmico, construído, ou pelo menos alimentado, por todos os que o utilizam. Ele certamente adquiriu esse caráter de não separação por ter sido fabricado, ampliado, melhorado pelos informatas que a princípio eram seus principais usuários. Ele faz uma ligação por ser ao mesmo tempo o objeto comum de seus produtores e de seus exploradores. (LÉVY, 1993, p. 129) Não há uma dimensão física em AVAs, considerando-se a imaterialidade dos espaços virtuais. Contudo, podemos observar questões relacionadas ao seu design, ou seja, à aparência do ambiente, em termos de disponibilização dos conteúdos e do layout. A dimensão funcional em ambientes de ensino-aprendizagem na web diz respeito aos elementos, aos recursos e às ferramentas ali presentes ou não, tais como: biblioteca virtual, glossário, suporte para arquivos diversos, chats, wiki, calendário, perfil, envio de arquivos, relatórios, entre outros, conforme apresenta o Quadro 1. 26 Quadro 1 – Exemplos de recursos em AVAs portipologia de uso Tipologia dos recursos presentes em AVAs Exemplos de recursos Repositório de conteúdos Espaço para arquivos PDF, PPT, vídeos, podcast, scorm, html etc. Glossário. Biblioteca. Perguntas Frequentes (FAQ). Comunicação e interação Fórum. Chat. Wiki. Mural. Calendário. Blogs. Avaliação da aprendizagem Exercícios. Provas. Enquetes. Quizzes. Webfólio. 27 Administração Controle de matrículas, inscrições e senhas. Estatísticas e relatórios de acessos. Estatísticas e relatórios de participação nas diversas áreas do curso. Backup e restauração de cursos. Configurações e customizações do curso. Processos de integrações via API, LTI etc. Fonte: elaborado pela autora. A dimensão temporal, tal como em modelos convencionais, refere- se à organização do tempo naquele ambiente, mas na EaD devemos nos lembrar de que a relação espaço-tempo não é necessariamente sincronizada entre estudantes e docentes e/ou outros profissionais da educação. Nesse caso, insere-se a dimensão relacional, a qual também se relaciona intrinsecamente com a dimensão funcional. Isso acontece porque a dimensão relacional em ambientes de ensino- aprendizagem na web, além de se referir aos acessos que os indivíduos empreendem nesses espaços, organiza-se em tempos sincronizados ou não entre os atores educacionais, e a organização e gestão desses tempos dependerão das ferramentas ali presentes. Assim, para que as pessoas se relacionem em espaços virtuais, são necessárias ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas. As ferramentas de comunicação síncronas permitem que os usuários se comuniquem em tempo real, apenas demandando que agendem um horário comum para se comunicarem. Já as ferramentas de comunicação assíncronas permitem a comunicação entre os 28 participantes independentemente do horário de acesso de cada um, como podemos verificar nos exemplos dos Quadros 2 e 3. Quadro 2 – Especificação de ferramentas de comunicação síncronas em AVAs Ferramenta Especificação Chat Permite discussões interativas em forma de texto entre duas ou mais pessoas simultaneamente, bem como o envio de mensagens de um usuário para todos os demais conectados ou apenas para um usuário em particular. Videoconferência/ audioconferência Permite que os usuários se comuniquem simultaneamente por meio de áudio e/ou vídeo. Essa ferramenta requer a utilização de dispositivos como câmera de vídeo e microfone e uma conexão de rede de alta velocidade. Games interativos Permitem que usuários (jogadores) joguem ao mesmo tempo, ainda que geograficamente distantes. Fonte: elaborado pela autora. 29 Quadro 3 – Especificação de ferramentas de comunicação assíncronas em AVAs Ferramenta Especificação E-mail Permite a troca de mensagens escritas entre pessoas que possuem uma conta de correio eletrônico (e-mail), bem como o envio de arquivos em formatos de texto, imagem, áudio e vídeo. Fórum de discussão Possui as mesmas características do correio eletrônico; porém, as mensagens não são enviadas para as caixas postais, mas sim armazenadas hierarquicamente (de acordo com as linhas de discussão) no servidor, facilitando o registro e o acompanhamento pelos usuários dos vários assuntos ali presentes. Aqui todos os usuários conseguem visualizar as participações no fórum, desde que tenha sido configurado dessa forma; é possível também configurar para que um moderador libere ou não as participações. Mural ou quadro virtual Permite a disponibilização de informes diversos. 30 Webfólio Permite que o estudante registre as atividades em formatos diversos (texto/ hipertexto, imagens, bloco de notas, mídias/hipermídias), como se fosse uma espécie de diário de campo ou de bordo. Wiki Permite que os estudantes produzam um texto de forma colaborativa. WebQuest Possibilita que o estudante desenvolva pesquisas na internet, considerando-se uma sequência orientada de atividades. Fonte: elaborado pela autora. Considerando todas as dimensões aqui tratadas e os possíveis elementos nelas presentes, vale ressaltar que não existe um modelo melhor do que outro para desenvolver processos pedagógicos na web, mas existe aquele que melhor atenda à instituição, aos profissionais da educação e aos estudantes. Nesse sentido, é fundamental saber quais conteúdos e ferramentas melhor se adequam ao perfil de cada aluno ou grupo de alunos. 1.2 AdaptWeb: significado e exemplos Quando falamos de ambientes de ensino-aprendizagem adaptativos na web, queremos dizer que estes são criados, gerenciados e experimentados a partir de diversas possibilidades tecnológicas lá presentes para personalizar os processos pedagógicos. Assim, nesses ambientes, é possível projetar, organizar e intermediar o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes, tendo em vista os seus estilos prioritários de aprendizagem. 31 O estilo de aprendizagem se refere à maneira – visual, auditiva, cinestésica (método VAC1) com que a pessoa aprende melhor. Você já analisou esses estilos de aprendizagem nas pessoas com as quais se relaciona? E qual é o seu principal estilo?2 No Quadro 4, podemos conhecer melhor as características das pessoas, segundo o seu estilo prioritário de aprendizagem. Quadro 4 – Características das pessoas, segundo o seu estilo de aprendizagem predominante Estilo Características Visual Possui habilidades para interpretar, diferenciar e conhecer fenômenos a partir da visualização de imagens. Aprende especialmente pela visão; observa demonstrações; gosta de ler e imaginar as cenas de um livro. Auditivo Possui habilidades para interpretar, diferenciar e conhecer fenômenos a partir da palavra falada, dos sons e ruídos. Aprende por instruções verbais; gosta de diálogos; evita descrições textuais longas; não presta atenção minuciosa nas ilustrações. Cinestésico Possui habilidades para interpretar, diferenciar e conhecer fenômenos a partir da manipulação dos objetos. Aprende especialmente fazendo, por envolvimento direto com o objeto; prefere ir logo para a ação. Fonte: elaborado pela autora. 1 O método VAC foi criado pelos psicólogos Fernald & Keller e Orton-Gilingham em 1921 e ainda é conside- rado fundamental para compreendemos como os sujeitos aprendem. Existem outras teorias que tratam dos estilos de aprendizagem, como a teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, as quais vale a pena conhecer. 2 Existem vários testes na internet podermos reconhecer nosso estilo de aprendizagem predominante. Que tal pesquisar e fazer alguns testes? 32 Agora vamos considerar as variáveis memória, capacidade para resolver problemas e comunicação para nos aprofundarmos um pouco mais nessa discussão, como mostra o Quadro 5. Quadro 5 – Características das pessoas visuais, auditivas e cinestésicas, segundo as variáveis memória, capacidade para resolver problemas e comunicação Variável/ Estilo de aprendizagem predominante Visual Auditivo Cinestésico Memória Lembra-se bem dos rostos, mas se esquece dos nomes; escreve e anota por meio de esquemas resumidos e simbólicos; lembra- se bem de imagens. Lembra os nomes, mas esquece os rostos; decora as coisas por repetição auditiva. Lembra-se melhor das coisas que fez, e não daquelas que ouviu. Capacidade para resolver problemas Delibera e planeja bem antes; organiza os pensamentos e tem boa visão de soluções e alternativas. Fala sobre os problemas; testa as soluções verbalmente. Ataca fisicamente o problema; ação; impulsividade; geralmente escolhe soluções que envolvem muitas atividades. 33 Comunicação Quieto; não fala muito e, se o faz fala muito rápido; impacienta-se quando tem que ouvir explanações longas; faz um uso desajeitado das palavras; descreve coisas com detalhes; usa predicados verbais do tipo “veja, bem, é claro, brilhante etc.”. Gosta de ouvir, mas não consegue esperar para falar; descrições longas e repetitivas; usapredicados verbais do tipo: “ouça, escute, deixe eu explicar”. Gesticula quando fala; não é bom ouvinte; fica muito perto quando fala ou ouve; perde rapidamente interesse por discursos; usa predicados do tipo: “sinto que, pegue firme, concreto etc.”. Fonte: adaptado de Mill (2018). Cabe aqui destacar que não existe um estilo de aprendizagem mais bacana do que outro, pois cada um tem a sua maneira própria para aprender de forma mais efetiva, o seu “jeitinho”. Então, o importante é reconhecer essa diversidade de estilos de aprendizagem e buscar lidar com eles, com vistas ao desenvolvimento pleno dos estudantes. Vamos lembrar, por exemplo, alguma situação de aprendizagem, seja na escola ou fora dela, em que os estímulos do ambiente e das pessoas não se adequaram de forma eficiente ao nosso estilo de aprendizagem predominante. Considerando os seus conhecimentos atuais na área, você proporia uma nova dinâmica para a situação? É interessante destacar que os AVAs podemos fazer isso, ou seja, podemos planejar, gerenciar e intermediar o processo ensino- aprendizagem dos estudantes de acordo com seus estilos prioritários de aprendizagem. Isso é possível por meio do que chamamos de sistemas 34 adaptativos ou ambientes de ensino-aprendizagem adaptativos na web (AdaptWeb). Os sistemas adaptativos são uma personalização do processo de ensino-aprendizagem, pois reconhecem os estilos predominantes de aprendizagem de cada estudante, o ritmo e o tempo de aprendizagem. A partir disso, é possível projetar itinerários formativos personalizados para cada estudante (microadaptabilidade) ou grupo de estudantes (macroadaptabilidade), tendo em vista a promoção de sua(s) aprendizagem(ns). Isso é possível por meio de softwares adaptados ao AVA, os quais são capazes de mapear as potencialidades e as dificuldades de aprendizagem dos estudantes. Esse mapeamento ocorre por meio de questionários, mapas mentais ou cognitivos3, relatórios de participação, provas, entre outras estratégias. Em síntese, essa adaptação é possível com a criação de um modelo do usuário, em que, para cada um, serão armazenadas as suas informações pessoais, como preferências, background, histórico navegacional, conhecimentos. Contudo, vale lembrar que ainda precisamos percorrer um longo caminho para consolidarmos a relação entre Inteligência Artificial (IA), Ciência de Dados e educação. Assim, essa personalização do processo ensino-aprendizagem depende também de especialistas em exploração, da análise de bases de dados (Data Mining) e de profissionais da educação. Com esse mapeamento é possível projetar uma Aprendizagem Adaptativa (Adaptive Learning) por meio de atividades 3 Conforme Tavares (2007, p. 1), o mapa cognitivo é “uma estrutura esquemática para representar um conjunto de conceitos imersos numa rede de proposições. Ele é considerado como um estruturador do conhecimento, na medida em que permite mostrar como o conhecimento sobre determinado assunto está organizado na estrutura cognitiva de seu autor, que assim pode visualizar e analisar a sua profundidade e a extensão. Ele pode ser entendido como uma representação visual utilizada para partilhar significados, pois explicita como o autor entende as relações entre os conceitos enunciados. O mapa conceitual se apóia forte- mente na teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel, que menciona que o ser humano organiza o seu conhecimento através de uma hierarquização dos conceitos”. Que tal você baixar algum aplicativo para a elaboração de mapas cognitivos ou mentais, como MindMeister, Canva ou Venngage, e criar seus próprios mapas? 35 variadas voltada ao aluno, conforme ele avança no seu processo de construção do conhecimento sobre determinado tema, por exemplo. Pensando nisso, a Figura 2 nos apresenta o ciclo básico do modelo AdaptWeb. Figura 2 – Ciclo básico do modelo AdaptWeb Fonte: elaborada pela autora. Vamos conhecer agora alguns exemplos de AdaptWeb com o Quadro 6. 36 Quadro 6 – Apresentação de ambientes de ensino-aprendizagem adaptativos na web Exemplos de AdaptWeb Apresentação Studos e Estuda.com Destinadas a estudantes no processo de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), vestibulares e concursos diversos, essas plataformas brasileiras disponibilizam exercícios e simulados diversos e apresentam para o estudante, professor e/ou gestor escolar as estatísticas de acertos, tempo gasto por questão e gabaritos. TutorMundi Destinada a alunos dos ensinos fundamental e médio nas áreas de matemática, física, química, biologia, português, redação, história, geografia, inglês, espanhol, sociologia e filosofia, essa plataforma brasileira conecta alunos com tutores de universidades brasileiras, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os quais os auxiliam com essas matérias. Plataforma Adaptativa de Matemática (PAM) Destinada para alunos dos ensinos fundamental e médio na área de matemática, essa plataforma uruguaia disponibiliza exercícios diversos, glossários, arquivos e quizzes para os estudantes, bem como promove tanto a micro quanto a macroadaptabilidade. https://tutormundi.com/escolas/ 37 Estudo Adaptativo/ Mundo SENAI Destinada a desenvolver curso técnico de mecânica e com pretensões de ofertar cursos nas áreas de Automação Industrial, Internet das Coisas e Cyber Sistemas, essa plataforma lançada em 2021 é a primeira experiência de AdaptWeb no Ensino Profissional no Brasil. Fonte: elaborado pela autora. Estes são ambientes de ensino-aprendizagem adaptativos bastante interessantes, e, por isso, vale a pena conhecê-los um pouco mais e localizar experiências pontuais de escolas que estão buscando e construindo soluções tecnológicas com vistas à personalização de processos ensino-aprendizagem na EaD. Certamente são experiências inspiradoras. Contudo, o mais importante é assumir o lugar de quem olha para esse aluno na busca por reconhecer as suas potencialidades e fragilidades. Ainda que não tenhamos programas adaptativos acoplados aos ambientes de ensino-aprendizagem na web, podemos utilizar ferramentas, como enquetes, quizzes e webfólios, para identificar os pontos fortes e fracos de um estudante ou de um grupo de estudantes. Nesse contexto, destaca-se o papel da avaliação contínua, a qual engloba as avaliações diagnósticas (ou iniciais), formativas (ou de processo) e somativas (de produto ou finais). A compreensão dessa proposta já contribui com o aprimoramento do olhar sobre o estudante, o qual assume o seu lugar de um Ser Único. Concluímos a temática Ambientes de ensino-aprendizagem adaptativos na web: desenvolvimento de novos protagonistas esperando que você tenha reconhecido a sua importância, desenvolvido conhecimentos na área e especialmente se sentido desafiado a contribuir com a singularidade de cada estudante. Afinal, todos somos únicos e especiais. 38 Referências FERNALD, G. M.; KELLER, H. The Effect of Kinaesthetic Factors in the Development of Word Recognition in the Case of Non-Readers. Journal of Educational Research, [s.l.], v. 4, p. 355, 1921. LÉVY, P. O que é o virtual? São Paulo: Ed. 34, 1993. MILL, D. (org.). Dicionário crítico de educação e tecnologias e de educação a distância. São Paulo: Papirus, 2018. TAVARES, R. Construindo mapas conceituais. Ciência & Cognição, [s.l.], v. 12, 2007. 39 Metodologias Ativas: fundamentos, modelos e processos avaliativos Autoria: Cynthia Rúbia Braga Gontijo Leitura crítica: Roberta Galon Silva Objetivos • Conhecer a gênese das Metodologias Ativas. • Conhecer exemplos de Metodologias Ativas e aprender a diferenciá-las. • Aplicar as Metodologias Ativas exemplificadas. • Produzir aulas com a utilização das Metodologias Ativas exemplificadas. 40 1. Metodologias Ativas: fundamentos, modelos e processos avaliativos Neste Tema, trataremos de um olharpara o aluno como um sujeito do seu processo de construção do conhecimento, e não mais como um indivíduo passivo, tábula rasa, página em branco ou um cofrinho em que moedas serão depositadas, nos termos já discutidos por Paulo Freire em sua teoria da Educação Bancária. Para tanto, apresentamos no subtópico 1.1 Metodologias Ativas: fundamentos históricos uma síntese do caminho teórico percorrido por diversos pesquisadores durante o século XX que contribuíram, decisivamente, para o que definimos como Metodologias Ativas no século XXI. Já o subtópico 1.2 Metodologias Ativas: exemplos e sugestões discorre sobre algumas Metodologias Ativas – Sala de Aula Invertida, Aprendizagem Baseada em Projetos, Aprendizagem Baseada em Problemas, Gamificação, Aprendizagem por Pares e Storytelling – e acentua algumas dicas para um papel de professor construtivista. 1.1 Metodologias Ativas: fundamentos históricos Fala-se muito em Metodologias Ativas no século XXI, mas a sua gênese data do início do século XX. Então, vamos conhecer um pouco dessa história.1 As pesquisas do biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças, no início do século XX, contribuíram, sobremaneira, para o que denominamos de Metodologias Ativas. A compreensão sobre o sujeito epistêmico seduziu Piaget e despertou nele uma série de questionamentos em relação a esse indivíduo que percebe e apreende o mundo, e acerca das formas com que ele passa por estágios de desenvolvimento. Ele conclui que o 1 Cabe esclarecer que os autores apresentados neste subtópico reúnem inúmeras contribuições para a edu- cação, não se restringindo, portanto, às consideradas aqui. Apresentamos um recorte das suas teorias, com vistas a localizar as suas contribuições para o objeto de estudo aqui abordado: as Metodologias Ativas. 41 indivíduo constrói conhecimento ao agir sobre o objeto, nos termos aqui lembrados por Cunha (2000). Temos, primeiramente, a existência de algo que impulsiona o Sujeito epistêmico em direção ao Objeto. Estando em níveis diferentes, como se houvesse um desequilíbrio entre eles, o Sujeito é naturalmente atraído pelo Objeto, como que para superar o desnível em que se encontram. O Objeto exerce pressão perturbadora sobre o Sujeito, contribuindo para fornecer-lhe motivação interna e criar seu envolvimento pessoal com o Objeto, do que resulta o impulso para a ação. Em segundo lugar, temos a atividade do Sujeito, que se traduz propriamente em atitudes de busca, desvendamento, pesquisa, enfim, ação sobre o Objeto a ser conhecido. (CUNHA, 2000, p, 74) Dessa forma, o indivíduo assume o lugar de sujeito, aquele que age sobre o objeto e, com isso, constrói o seu conhecimento. Essa conclusão de Piaget é um marco que rompe radicalmente com as teorias que pressupõem que o indivíduo apenas conhece quando assume o lugar de receptor passivo de informações, de conteúdos. Essa teoria construtivista piagetiana, conhecida como Teoria do Desenvolvimento Cognitivo ou Psicologia Genética, inspirou diversos experimentos mundo afora, entre os quais destacam-se os de John Dewey. John Dewey foi um professor e filósofo norte-americano que implementou as ideias piagetianas em escolas nos Estados Unidos (EUA). Ele propõe uma espécie de pedagogia de experimentos estudantis, de “mão na massa”, na qual os alunos assumem uma postura ativa e responsável em seu processo de aprendizagem. Essa experiência resultou em um movimento, iniciado na década de 1930, chamado de Escola Nova ou escolanovismo, o qual influenciou, inclusive, as ideias pedagógicas no Brasil. Outro nome que se destaca nesse período é o de Carl Rogers, um psicólogo norte-americano que entendia que, no processo de ensino- aprendizagem, cabe ao professor facilitar esse processo de aprendizado, 42 fazendo com que o estudante o conduza ao seu modo, com suas condições. A teoria rogeriana destaca a importância da relação professor-aluno, a qual deve ser marcada por confiança, bem como considera que as avaliações não podem ser orientadas por recompensa ou punição, mas por um movimento de autoavaliação sobre o próprio processo de aprendizagem. As ideias escolanovistas influenciaram pensadores em vários países, os quais assumiram papel de destaque na história desse movimento. Entre esses, podemos citar Willian Kilpatrick (EUA); Maria Montessori (Itália); Edouard Claparède e Adolph Ferrière (Suíça); Celestin Freinet (França); e Anísio Teixeira e Lourenço Filho (Brasil). Em síntese, a Escola Nova, inspirada pelas teorias construtivistas, especialmente a de Jean Piaget, propõe uma metodologia de ensino-aprendizagem interativa e colaborativa, base das Metodologias Ativas. Outros movimentos educacionais perpassaram o século XX, tais como o tecnicismo e a pedagogia crítico-social dos conteúdos, que ora centram o processo pedagógico no aluno, ora no professor. Entre estes, não podemos deixar de citar a Pedagogia Freiriana, tendo em vista a sua contribuição indireta, mas assertiva para o delineamento do que posteriormente seria denominado de Metodologias Ativas. 43 Figura 1 – Imagem do educador brasileiro Paulo Freire Fonte: http://memorial.paulofreire.org/. Acesso em: 7 abr. 2021. Paulo Freire foi um educador e filósofo brasileiro que propôs em sua teoria, criada a partir da década de 1950, uma aprendizagem ativa, pois considerava que o sujeito só apreende o mundo por meio de sua ação sobre ele. Para Freire, a educação é uma ação em comunhão, em que o sujeito, ao se transformar, transforma o mundo. A construção do conhecimento é, pois, um processo que engloba tese-antítese-síntese, ou seja, uma dialética sempre contínua. Com base nas ideias desses autores, criou-se um paralelo entre as pedagogias historicamente construídas, a partir de então denominadas de tradicionais, e as pedagogias construtivistas. Assim, no Quadro 1, temos os objetivos, conteúdos, procedimentos, recursos e processos avaliativos de cada uma delas. 44 Quadro 1 – Paralelo entre as pedagogias tradicional e construtivista Elemento Tradicional Construtivista Objetivos Explicitam a aquisição total de conhecimentos adquiridos pelos estudantes, os quais são inseridos no planejamento de maneira pronta e estática, desvinculados da realidade social do aluno. São expressos no planejamento como um processo, podendo, portanto, ser reelaborados no decorrer da relação ensino- aprendizagem. Consideram a realidade social dos alunos e as suas diversas particularidades. Conteúdos São, geralmente, definidos de maneira autoritária (de cima para baixo), sem conexão com as experiências, os interesses e as necessidades dos alunos. Portanto, sendo distantes de suas vivências, tornam-se desvinculados de sua realidade histórica. São pensados como instrumentos de transformação individual e social, e não como conteúdos em si. São selecionados levando-se em conta a realidade e as experiências prévias dos alunos, além da unidade teoria-prática. Assumem um caráter dinâmico, tornando- se significativos para os envolvidos no processo. Procedimentos Centram-se na transmissão- aquisição de conhecimentos, com base no seguinte enfoque: o professor ensina e o aluno aprende, sem espaços para discussão crítica. São definidos a partir das necessidades de aprendizagem significativa dos estudantes e encaminhados com base no compromisso e na corresponsabilidade entre educandos e educadores. 45 Recursos São instrumentos de ilustração das aulas, muitas vezes inadequados aos objetivos e conteúdos. São considerados importantes para a intervenção nos processos de ensino-aprendizagem, mas não são exclusivos nem únicos nesse processo. O humano é o fator essencial e todo o trabalho é pensado e exercido por ele; por isso, os recursos são sempre contextualizados. Avaliação Tem um caráter de mensuração, quantificação dos conhecimentos assimilados pelo aluno e considerados válidos pelaescola. O papel da avaliação é medir o produto da ação educacional exercida pelos professores sobre os alunos. Engloba a avaliação somativa (de produto ou final), mas destaca a avaliação diagnóstica e processual; é global. Portanto, assume um papel de mediadora do processo de ensino- aprendizagem, e não um fim em si. Fonte: elaborado pela autora. As propostas pedagógicas construtivistas, especialmente no Brasil, acabaram sendo silenciadas nas décadas de 1960 e 1970, tendo em vista o fortalecimento das pedagogias tradicionais no período2. Contudo, na década de 1980, os movimentos alternativos à pedagogia tradicional retornaram com muita força, surgindo, então, as Metodologias Ativas. 2 Vale a pena saber mais lendo Saviani (2008). 46 1.2 Metodologias Ativas: exemplos e sugestões É muito importante saber que as Metodologias Ativas não se referem a quaisquer atividades em que os alunos assumem a sua condução e o protagonismo. Essa ideia pode, inclusive, desembocar em um laissez- faire, ou seja, em um deixar que os alunos façam o que quiserem, mas isso não é pedagogia. A pedagogia, seja ela qual for, tem uma intencionalidade formativa, a qual depende de um processo articulado entre objetivos, conteúdos, procedimentos, recursos e avaliação, sempre circunscritos à uma visão de mundo, de sociedade e de sujeito. As Metodologias Ativas são uma proposta de ensino-aprendizagem que se insere em uma pedagogia construtivista. Existem vários exemplos, conforme apresentado na Figura 2, criados ou aprimorados a partir da década de 1980, tendo como foco a aprendizagem do aluno e como norteador o reconhecimento de que este constrói conhecimento quando age conscientemente e criticamente sobre o objeto/fenômeno. Figura 2 – Exemplos de Metodologias Ativas Fonte: elaborada pela autora. 47 Vamos conhecer agora como funcionam cada uma delas. Sala de Aula Invertida Na prática da Sala de Aula Invertida, o professor pede para os alunos estudarem sobre o tema que será tratado em sala, antes do momento presencial ou virtual. O docente pode sugerir textos na web, vídeos, entre outros materiais para os estudantes consultarem e analisarem. Estes devem registrar o que lhes chamou mais atenção nos estudos e as dúvidas para compartilhar com os colegas e o professor no momento do encontro presencial ou virtual. Caso as trocas de saberes e questões de estudos aconteçam pela internet, o docente pode utilizar ferramentas síncronas (chat; vídeo conferência; reunião por meio de softwares de webconferência) ou assíncronas (fóruns). Cabe ressaltar que o professor não assumirá o protagonismo da atividade, pois aqui são os alunos que falam. Porém, ele deve intervir sempre que necessário para motivar os estudantes à participação, garantir que todos se posicionem e não deixar que a discussão se enverede para outros caminhos. Obs.: o professor pode “lançar mão” dessa metodologia em uma única atividade ou durante um conjunto de atividades de uma unidade didática ou de aprendizagem. Aprendizagem Baseada em Projetos A Aprendizagem Baseada em Projetos, diferentemente da Sala de Aula Invertida, engloba um conjunto de atividades, as quais os alunos devem desenvolver para aprofundar os seus conhecimentos acerca de determinado conteúdo ou assunto. Para tanto, eles e o docente acordarão sobre o tema a ser tratado no projeto, e, em seguida, levantarão questões pertinentes sobre ele. Em muitos casos, os alunos terão que empreender um estudo exploratório, bibliográfico, webgráfico ou de campo sobre a temática para propor as questões, as quais serão norteadoras para a elaboração 48 dos objetivos, das hipóteses e dos procedimentos que utilizarão no projeto. Vale lembrar que os estudantes participam ativamente de todas as etapas de construção do projeto, o qual pode ser revisto a qualquer momento do percurso. Para o desenvolvimento do projeto, o docente pode sugerir algum material, mas é muito importante que o próprio aluno busque referenciais teóricos e práticos de forma individual, em pares ou em grupos. Nesse sentido, cabe que o professor os organize e os orientes sobre alguma tarefa em específico e dê feedbacks durante todo o processo. Para o desenvolvimento das etapas do projeto, o docente pode utilizar ferramentas síncronas e assíncronas. Já para a socialização desse projeto, pode sugerir que os alunos façam uma apresentação em Power Point, criem um blog, gravem um podcast ou façam vídeos para postagem em redes sociais, como Facebook, Instagram ou TikTok. Aprendizagem Baseada em Problemas A Aprendizagem Baseada em Problemas se assemelha bastante à Aprendizagem Baseada em Projetos, mas tem uma diferença central: nela, o aluno foca seus estudos em teorias, em análises bibliográficas, webgráficas e documentais, a fim de propor uma solução para um dado problema ou uma resposta a uma dada questão. A culminância da atividade se assemelha à Metodologia da Sala de Aula Invertida, pois, após os seus estudos, alunos e professor se encontram para que os estudantes compartilhem as aprendizagens e apresentem suas dificuldades. É importante lembrar que o professor será sempre um mediador. Assim, além das discussões realizadas, ele pode propor um júri simulado, caso haja respostas diferentes para a problemática inicial. Essa técnica é bastante envolvente, considerando os diversos papéis presentes nela, conforme apresenta o Quadro 2. 49 Quadro 2 – Especificação das participações em um júri simulado Juiz É o estudante que coordena e medeia as intervenções dos demais participantes. Jurados São os estudantes que acompanham atentamente todo o júri para ao final dizerem se algum dos grupos (acusação ou defesa) saiu vencedor na argumentação. Advogados de defesa É o grupo de estudantes que argumenta a favor de uma dada resposta à questão considerada. Promotores (advogados de acusação) É o grupo de estudantes que é contra a resposta dos advogados de defesa à questão considerada, apresentando uma outra resposta. Testemunhas São os demais estudantes que se posicionam em relação às argumentações apresentadas. Fonte: elaborado pela autora. Vale ressaltar que as regras dessa dinâmica devem ser combinadas entre os participantes antes do início. Obs.: aqui já nos encontramos com outro exemplo de Metodologia Ativa, a Gamificação. Gamificação Como é possível haver uma gamificação nesse exemplo, se no júri não foi utilizado um software nem um game. Realmente não foi, mas utilizamos os eixos da gamificação, como apresentamos na Figura 3. 50 Figura 3 – Eixos norteadores da gamificação Fonte: elaborada pela autora. Observando a figura, percebemos que podemos utilizar essa lógica em muitas das atividades pedagógicas. Com relação ao uso de jogos propriamente ditos, destaca-se que estes contribuem sobremaneira com as aprendizagens dos estudantes, tendo em vista que a maioria é intima de suas linguagens, uma vez que são em geral nativos digitais. Contudo, é importante que o professor, ao escolher o jogo ou aceitar a sugestão dos alunos para a decisão de trabalhar ou não com um jogo, considere, além dos assuntos propostos nele: 1. Seu estilo de narrativa. 2. As regras presentes. 3. A dinâmica de controle da jornada possível para os jogadores. 4. Os caminhos de descoberta e exploração presentes. 5. A existência ou não de interação. 51 6. O tempo mínimo necessário para a sua exploração. 7. Os feedbacks no processo. Aprendizagem entre pares ou colegas Esta proposta considera que as aprendizagens dos estudantes se desenvolvem de forma mais fluida se intermediadas por colegas. Para tanto, o professor apresenta uma questão para que as duplas respondam e apresentem as suas respostas, a fim de mapear os resultados em percentagens de respostas consideradas válidas ou não. Vejamos como se dá esse processo. Após o desenvolvimento dos estudos que as duplas farão para responder à pergunta, deverão apresentar a sua resposta para toda a turmaem um chat ou fórum, por exemplo, ou diretamente para o professor por mensagem direta ou via algum formulário específico. Como o docente deve levantar em porcentagens o número de respostas consideradas válidas ou não, é interessante utilizar formulários, como o Google Docs, pois este já gera o relatório das respostas, minimizando, portanto, o trabalho docente. Alguns ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) já têm esse tipo de ferramenta incorporado. Porém, caso não seja possível, e a pergunta proposta não envolva muitas nuances, pode-se também “lançar mão” de enquetes, ferramenta já presente na maioria dos AVAs. Com o mapeamento, o professor decidirá o caminho da proposta: explicar a questão/resposta de forma dialogada; reagrupar os alunos de forma que eles mesmos possam explicar a resposta para os colegas; apresentar novas questões que aprofundem a anterior; entre outras atividades. Obs.: a porcentagem que norteará a decisão do professor fica a critério do professor. Por exemplo, ele pode decidir que optará por reagrupar os estudantes para que eles mesmos consigam explicar as respostas para os demais colegas, se 50% das duplas formadas tiverem acertado a resposta da questão proposta. 52 Storytelling O Storytelling é basicamente a contação de histórias, aquela que conhecemos tão bem. Contudo, essa Metodologia Ativa tem se tornado, cada vez mais, uma aliada dos professores que visam contribuir com o protagonismo do aluno por meio de técnicas de criação narrativa. Durante a criação da história, os estudantes podem, e devem, deixar as suas ideias fluírem, mas é bastante significativo orientá-los a responder as seguintes questões: • Para quem contará a história, ou seja, qual é o seu público-alvo? • O que será contado, ou seja, qual é a história? • Qual a finalidade da história, ou seja, por que contar essa história? • Qual recurso será utilizado para contar a história (softwares específicos para criação de contação de histórias; mídias sociais, como o TikTok; blogs; Power Point)? • Como você irá contar a história, ou seja, qual será a sua narrativa? Aqui conhecemos alguns exemplos de Metodologias Ativas, e vale salientar que, além de escolher aquela que mais se adequará a um dado momento do processo pedagógico, o mais importante é considerarmos o protagonismo dos estudantes e estabelecermos relações horizontalizadas em sala de aula presencial ou virtual. Nesse sentido, trazemos algumas dicas: • Planejar a aula a partir do conhecimento prévio dos alunos sobre a temática proposta, ou seja, realizar uma avaliação diagnóstica, e sempre contextualizar a discussão. 53 • Buscar falar, no máximo, até 10-15 min. por vez. Apostar nos encontros para discussão de ideias, e não exposição de conteúdos. • Inserir questões, durante as aulas, que colaborem com a reflexão e a autorreflexão dos alunos. • Incentivar todos os alunos à participação. • Incentivar a colaboração entre eles. • Empreender em constância o processo avaliativo, ou seja, realizar uma avaliação formativa, e dar feedbacks permanentes para os alunos. Trouxemos aqui discussões muito válidas, sendo este um debate que merece aprofundamentos constantes. Afinal, tal como a dinamicidade dos sujeitos, as metodologias que podem e poderão envolvê-los também o são. E nós não podemos “perder o bonde da história”, ou, atualmente, o jato da história. Referências CUNHA, M. C. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. SAVIANI, D. O legado educacional do regime militar. Cad. Cedes, Campinas, v. 28, n. 76, p. 291-312, set./dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ccedes/ v28n76/a02v2876.pdf. Acesso em: 2 fev. 2021. https://www.scielo.br/pdf/ccedes/v28n76/a02v2876.pdf https://www.scielo.br/pdf/ccedes/v28n76/a02v2876.pdf 54 Competências e habilidades docentes para o trabalho intermediado por tecnologias na internet Autoria: Cynthia Rúbia Braga Gontijo Leitura crítica: Roberta Galon Silva Objetivos • Compreender a apropriação das tecnologias na educação. • Analisar competências e habilidades técnicas e tecnológicas, de mediação e gerenciais para o trabalho pedagógico intermediado por tecnologias. • Compreender o uso de algumas ferramentas para a mediação e a avaliação em ambientes na internet. 55 1. Competências e habilidades docentes para o trabalho intermediado por tecnologias na internet Neste Tema, trataremos da apropriação das tecnologias na educação, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O século XXI tem desafiado muitos profissionais da educação ao exigir que revisitem as suas concepções, os seus conhecimentos e as suas práticas pedagógicas, tendo em vista a consolidação de um cenário radicalmente sustentado pelas tecnologias e inovações (T&I). Assim, algumas competências e habilidades se tornam obsoletas, enquanto outras emergem e se configuram como necessárias a uma prática educacional consciente e libertadora. Nesses termos, o subtópico 1.1 Competências e habilidades para o uso das tecnologias na educação apresenta um conjunto de capacidades a serem desenvolvidas/aprimoradas pelos profissionais da educação nessa área. Já o subtópico 1.2 Ferramentas para mediação e avaliação na internet apresenta exemplos de uso de algumas ferramentas pedagógicas no cenário da web. 1.1 Competências e habilidades para o uso das tecnologias na educação A introdução e utilização apropriada de tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) na educação têm como premissa a ideia de que, na sociedade do século XXI, cada vez mais se torna necessário que docentes e demais profissionais da educação tenham condições de pensar, relacionar, avaliar e escolher diversas linguagens, nos mais diferentes formatos e espaços, para melhor contribuírem com as necessidades dos estudantes do mundo atual. Nessa perspectiva, a Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação do Brasil propõe que se utilize “toda a contribuição que os métodos, as técnicas e 56 as tecnologias podem prestar a construção de um novo paradigma para a educação brasileira” (BRASIL, 2019, p. 2). Com relação ao desenvolvimento de competências e habilidades para a apropriação das TDICs e da internet, Nóvoa (1992, p. 26) sugere que esta deva ser orientada por “uma perspectiva crítico-reflexivo, que forneça aos professores e demais profissionais da educação os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de auto-formação participada” [grifos nossos]. Nesse sentido, sugerimos a participação em redes educacionais, grupos de trabalho (newsgroups) em plataformas variadas, círculos de aprendizagem em comunidades da sua área e cursos de curta ou longa duração em universidades on-line, pois esses espaços têm demonstrado um grande potencial em relação à formação/capacitação de profissionais da educação. É importante sempre acompanhar o que está acontecendo, pois as mudanças na área são velozes. De acordo com o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB, 2020), com fundamentação na BNCC, os professores devem aprimorar níveis de desenvolvimento na área de forma que percorram um caminho do nível emergente até o avançado, nos termos do Quadro 1. 57 Quadro 1 – Níveis de desenvolvimento da apropriação das tecnologias na educação Níveis de Desenvolvimento Emergente Básico Intermediário Avançado Reconhece a importância das tecnologias educacionais Diferencia tecnologias educacionais e a sua importância em contextos pedagógicos específicos. Envolve os estudantes em atividades com o apoio das tecnologias e em atividades de autoria. Integra as tecnologias digitais ao currículo para a personalização do ensino e da aprendizagem. Entende as contribuições das tecnologias educacionais para o ensino personalizado e adaptativo. Utiliza tecnologias educacionais e softwares educacionais/ educativos de forma sazonal. Aplica atividades diferenciadas com o suporte de tecnologiasdigitais, atendendo às necessidades de cada estudante. Cria experiências de aprendizagem de forma regular com o suporte de tecnologias educacionais. Fonte: adaptado de CIEB (2020). Constatamos que nos níveis emergente e básico, os professores são capazes de identificar, distinguir e compreender o uso apropriado das TDICs em experiências de aprendizagem. Já nos níveis intermediário e avançado, conseguiram desenvolver capacidades para planejar e integrar essas tecnologias às suas práticas de ensino, considerando, especialmente, um processo personalizado e adaptado aos alunos, tendo em vista suas necessidades e particularidades. No Quadro 1, é possível analisar em qual nível nos encaixamos melhor, e, para avançarmos de um para outro, é importante sempre fazermos cursos e estudos de atualização. É preciso também aprimorar competências e habilidades técnicas e tecnológicas, de mediação e gerenciais, nos termos do Quadro 2. 58 Quadro 2 – Competências e habilidades gerais para a atuação dos profissionais da educação em ambientes intermediados por tecnologias Competências e Habilidades Capacidades Técnicas e Tecnológicas Criar e gerir e-mails, com listas de distribuição; criar fóruns de discussão, incluindo a postagem de comentários, respostas às mensagens dos alunos e a criação de novos tópicos de conversação; utilizar programas de chat, que permitam a comunicação em tempo real (síncrona); utilizar websites, adaptando ferramentas de desenvolvimento de sites, blogs, redes sociais; utilizar ferramentas de vídeo e audioconferência; utilizar Wikis; personalizar a página da disciplina e os conteúdos; inserir imagens, áudio, vídeo, equações e outros elementos multimídia em uma página; utilizar repositórios para a disponibilização de conteúdos; criar lições de sequência adaptável ao processo de aprendizagem dos alunos; elaborar testes interativos; disponibilizar um enunciado e uma área para os alunos submeterem um trabalho e consultarem a avaliação e o feedback; utilizar a atividade glossário de forma criativa, adaptando-a a outras finalidades; dinamizar workshops que promovam a motivação, o trabalho colaborativo e a avaliação entre pares; organizar os alunos em grupos e agrupamentos para dividir a disciplina e as atividades em turmas e/ou grupos de trabalho etc.; configurar outras funcionalidades como o acesso condicional a atividades, às condições para a conclusão das atividades e da disciplina, aos inquéritos de avaliação, às sondagens de opinião e à aprendizagem baseada em competências e em projetos. 59 Competências e Habilidades Capacidades De mediação Comunicação interpessoal para apoiar, orientar e incentivar o aluno on-line por meio da sua experiência de aprendizagem; facilitação e envolvimento do aluno no processo de aprendizagem, especialmente no início; questionamento adequado; ouvir e dar feedback; fornecer orientação e apoio aos alunos; gestão de discussões on-line; construção de equipes on-line; construção de relacionamento, principalmente de um para um nas relações professor/aluno; motivação; assumir atitude positiva para o ensino on-line; ser inovador e experimental; ser proativo; identificação da capacidade de autoaprendizagem do aluno e de estar disponível para a mudança. Gerenciais De gestão do tempo; criar e manter diretrizes para o processo de aprendizagem, como o tipo e frequência de comunicação com o aluno; planejamento: estabelecer parâmetros para o professor e os alunos trabalharem em conjunto, olhando para o curso/módulo on-line; controlar eficazmente o processo de aprendizagem e tomar medidas, quando necessário; rever o processo de ensino e aprendizagem para identificar alterações e melhorias; adaptar-se e mudar o ensino e os cursos para atender às necessidades específicas dos alunos; promover a diversidade on-line. Fonte: Gontijo (2020). O Quadro 2 aponta a necessidade de desenvolver/aprimorar competências e habilidades técnicas e tecnológicas, de mediação e gerenciais, pois o trabalho com as TDICs em sala de aula presencial ou virtual engloba essas dimensões de atuação. Ao lado disso, há 60 a importância cada vez mais acentuada do desenvolvimento de competências socioemocionais, as chamadas soft skills. Primeiramente vamos saber o que são as hard skills, para então diferenciar as expressões e o que elas englobam. As hard skills são as competências e habilidades técnicas, tecnológicas e teóricas construídas ao longo da nossa formação, em cursos de graduação, pós- graduação, extensão etc. Essas competências e habilidades construídas são chanceladas por uma instituição por meio de um diploma ou um certificado, os quais apresentamos em nossos currículos Vitae, Lattes e em nosso perfil no LinkedIn, para recrutadores em processos seletivos. Já as soft skills são o conjunto de competências e habilidades que direcionam, ou mesmo sustentam, o nosso comportamento. Entre as inúmeras existentes no mundo do trabalho, e da vida, pelo menos dez delas têm se destacado: comunicação, resiliência, liderança, empatia, colaboração, criatividade, proatividade, ética, pensamento crítico e positivo. Quais você ainda acrescentaria? Quais dessas você tem mais bem desenvolvidas? É sempre importante aprimorá-las. Como há muitas exigências e requisitos para o trabalho dos profissionais da educação, muitas vezes nos assustamos? Como você se sente diante disso? Muitas vezes nos sentimos frágeis, com medo e até mesmo incapacitados diante de tantas demandas. Contudo, este é um caminho que nos parece sem volta e, portanto, precisamos continuar caminhando. Para tanto, além do desenvolvimento de competências e habilidades, temos que nos fortalecer como profissionais da educação, nas categorias das quais fazemos parte e como sociedade em geral. Afinal, não estamos aqui à toa, e estamos juntos. Os avanços tecnológicos e seus processos nos desafiam cada vez mais, pois agregam novas exigências às nossas pedagogias. Dessa forma, devemos transformar paradigmas educativos circunscritos à ideia de que a educação é mera transmissão da informação e assumir o nosso 61 papel histórico na educação. Com isso, podemos contribuir com um outro mundo possível por meio do uso crítico e criativo das tecnologias. 1.2 Ferramentas para mediação e avaliação na internet Tendo em vista as diversas competências e habilidades que temos que desenvolver e aprimorar para intermediar um processo pedagógico significativo e efetivo, aqui propomos a apropriação de determinadas ferramentas para mediação e avaliação do ensino-aprendizagem. Com o intuito de didatizar as ferramentas escolhidas nesta aula – fórum, glossário, Wiki, portfólio virtual (webfólio), autoavaliação, mapa conceitual e questionário –1, elas foram dispostas da seguinte forma: o que é, exemplo de uso e como avaliar. Fórum • O que é: tipo de ferramenta de comunicação assíncrona, ou seja, diálogo entre os participantes sobre um determinado tema, não dependendo de estarem conectados ao ambiente ao mesmo tempo. • Exemplo: Fórum – Discussão sobre Metodologias Ativas no processo de ensino-aprendizagem (apresentação da definição do período que o fórum estará ativo e permitirá postagens) Bem-vindo ao nosso fórum! As Metodologias Ativas no processo de ensino-aprendizagem estão sendo cada vez mais tratadas por profissionais da educação, tendo em vista suas importantes contribuições com a formação 1 Existem diversos programas, muitos deles gratuitos, para criar e utilizar as ferramentas aqui propostas. Não deixe de pesquisá-los na internet. Aproveite e comece a testá-los, principalmente aqueles que você não conhece. 62 dos estudantes, especialmente pelo fato de contribuírem com o protagonismo destes. Assim, convido você a participar da nossa discussão. Para tanto, você deve pesquisar sobre a temática aqui proposta em ambientes na internet, consultar em bibliotecas, conversar com professores, entre outras possibilidades.
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