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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ
PÓS-GRADUAÇÃO DOCÊNCIA
Professor Dr. Flavio Bortolozzi
Professora Me. Ludhiana Bertoncello
Professora Esp. Fabiane Carniel
Professora Esp. Marcia Maria Previato de Souza
METODOLOGIAS
METODOLOGIA DE PESQUISA
METODOLOGIA DE ENSINO
CONTEúDO PROGRAMÁTICO
MARINGÁ-PR
2010
 
 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
 a distância:
C397 Metodologias/ Flavio Bortolozzi, Ludhiana Bertoncello, Fabi- 
 ane Carniel Marcia Maria Previato. - Maringá - PR, 2010.
 65 p.
 “Curso de Pós-graduação em Docência no ensino superior 
 - EaD”.
 Conteúdo: Metodologia de pesquisa. Metodologia de 
 ensino.
 1. Metodologia. 2.Pesquisa. 3. Ensino. 4.EaD. I. Título. 
 II. Carniel, Fabiane. III. Souza, Marcia Maria Previato de. 
 
 CDD - 22 ed. 378.17
 CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR
Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Coordenação de Ensino: Viviane Marques Goi
Coordenação Geral de Cursos: Edmundo Pozes da Silva
Coordenação de Curso: Marcia Maria Previato de Souza
NAP – Núcleo de Apoio Pedagógico: Dulcelene Pinatti Almeida
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação Comercial: Juliano Mario da Silva
Capa e Editoração: Aleksander Pereira Dias, Luiz Fernando Rokubuiti e Ronei Guilherme Neves Chiarandi
Supervisão de Material: Nalva Aparecida da Rosa Moura 
Revisão Textual e Normas: Erica Coimbra, Hérica Pichur e Thays Pretti
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Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão: Flávio Bortolozzi
“As imagens utilizadas nesta apostila foram obtidas a partir dos sites contratados através da empresa LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ.
Animation Factory; Purestockx; Photoobjects; Clipart e Ablestock”.
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
METODOLOGIA DE PESQUISA
Professor Dr. Flávio Bortolozzi
Professora Me. Ludhiana Bertoncello
SUMÁRIO
UNIDADE I
A CIÊNCIA, A ABORDAGEM CIENTÍFICA E A EPISTEMOLOGIA
1.1 - A evolução histórica da abordagem científica ............................................................................................... 10
1.1.1 - A - A origem do processo científico: o amor da razão ................................................................................ 10
1.2 - O nascimento da abordagem experimental e das ciências modernas ...........................................................12
1.2.1 - O nascimento da ciência moderna ..............................................................................................................12
1.2.2 - Ascensão e diferenciação das Ciências ......................................................................................................14
1.3 - O pensar da abordagem científica: uma aproximação filosófica – epistemológica ....................................... 15
1.3.1 - Filosofia normativa para pensar a abordagem científica ............................................................................ 15
1.3.2 – As epistemologias descritivas.................................................................................................................... 18
1.4 - O contexto da pesquisa científica .................................................................................................................. 20
1.4.1 - O Estatuto da Ciência ................................................................................................................................. 21
UNIDADE ll
METODOLOGIAS DO TRABALHO CIENTÍFICO
2.1 – A CIÊNCIA, SUA EVOLUçãO E SUA CLASSIFICAçãO ............................................................................ 25
2.2 – CONHECIMENTOS: FILOSóFICO – SENSO COMUM OU EMPÍRICO – RELIGIOSO OU TEOLóGICO E 
CIENTÍFICO .......................................................................................................................................................... 28
2.3 – CONCEITOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS............................................................................................ 31
2.4 – A PESQUISA ................................................................................................................................................ 34
2.4.1 – Metodologia, Método e Técnica ................................................................................................................. 35
2.4.2 – Pesquisa Científica. .................................................................................................................................. 40
2.4.3 – Tipos de Pesquisa Científica ..................................................................................................................... 40
UNIDADE III
PROJETO DE PESQUISA, ETAPAS DA PESQUISA E ELABORAçãO DE MONOGRAFIA
3.1 – PROJETO DE PESQUISA ............................................................................................................................ 53
3.2 – ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA .......................................................................................................... 54
3.2.1 – Escolha do Tema ....................................................................................................................................... 54
3.2.2 – Revisão de Literatura ou Fundamentação Teórica .................................................................................... 55
3.2.3 – Justificativa ................................................................................................................................................ 56
3.2.4 – Formulação do Problema .......................................................................................................................... 57
3.2.5 – Determinação de Objetivos ....................................................................................................................... 58
3.2.6 – Metodologia ............................................................................................................................................... 59
3.2.7 – Coleta de Dados ........................................................................................................................................ 62
3.2.8 – Tabulação de dados .................................................................................................................................. 64
3.2.9 – Analise e Discussão dos Dados/Resultados ............................................................................................. 64
3.2.10 – Conclusão ................................................................................................................................................ 65
3.2.11 – Redação e Apresentação do Trabalho Científico ..................................................................................... 65
3.2.12 – Divulgação ............................................................................................................................................... 66
3.3 – NORMAS E ESTRUTURA DE UMA MONOGRAFIA .................................................................................. 68
3.4 – NORMAS PARA A REDAçãO DE UMA MONOGRAFIA ............................................................................ 70
3.4.1 – Normas para a apresentação Gráfica ........................................................................................................ 70
3.4.2 – Normas para Citações ................................................................................................................................71
3.4.3 – Normas para Notas de Rodapé .................................................................................................................75
3.4.4 – Normas para Notas Explicativas ............................................................................................................... 75
3.4.5 – Normas para Referência ........................................................................................................................... 76
3.4.6 – Diferenças entre Normalizar e Normatizar ................................................................................................ 78
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 80
UNIDADE I
A CIÊNCIA, A ABORDAGEM CIENTÍFICA E A EPISTEMOLOGIA
Professor Dr. Flávio Bortolozzi
Professora Me. Ludhiana Bertoncello
Objetivos de Aprendizagem 
•	 Conhecer	a	evolução	histórica	da	abordagem	científica.
•	 Conhecer	o	nascimento	da	abordagem	experimental	e	das	ciências	modernas.
•	 Entender	o	pensar	da	abordagem	científica	sob	o	ponto	de	vista	epistemológico.
•	 Entender	o	contexto	da	pesquisa	científica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•	 O	conceito	de	epistemologia.
•	 O	conceito	de	abordagem	científica.
•	 A	evolução	das	ciências.
•	 A	abordagem	científica	e	sua	evolução.
•	 O	nascimento	da	abordagem	experimental.
•	 O	nascimento	da	ciência	moderna.
•	 O	contexto	da	pesquisa	científica.
9METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
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RJ INTRODUÇÃO
Este capítulo trata de aspectos fundamentais da ciência acerca do conceito de epistemologia, da abordagem 
científica e sua evolução, do nascimento da abordagem experimental, do nascimento da ciência moderna e 
do contexto da pesquisa ao longo do tempo. Ele foi baseado e traduzido parcialmente do artigo “La démarche 
scientifique” de Hélène Hagège da Universidade de Montpellier II – Institut de Recherche sur l'Enseignement des 
Mathématiques – IREM, de fevereiro de 2.007 (Hagège, 2007).
As ciências ditas duras (Matemática, Física, Química, Biologia etc.) 
beneficiam-se de um status privilegiado nas sociedades ocidentais. 
Elas produzem conhecimento aos quais é atribuído um valor especial. 
De onde vem esta particularidade? Em que estes conhecimentos são 
diferentes dos outros conhecimentos provenientes das atividades 
humana (Ciências Humanas, Sociais, Religião, Culinária etc.)? Como 
são elas elaboradas?
Alguns pensam que a ciência é caracterizada pela aplicação de uma 
abordagem específica, a “a abordagem científica". 
De acordo com a imagem popular, tal abordagem teria como objetivo descobrir, entender e explicar o mundo tal 
qual ele é. Ela seria constituída por etapas bem determinadas e respeitadas de maneira rigorosa. Ela consistiria 
no exercício de uma razão pura, de confrontação com experiências e de observações neutras, que conduziriam 
à elaboração de teorias em estrita correspondência com a realidade. Assim, os conhecimentos objetivos que 
emanam seriam adicionados progressivamente de maneira a tender assintoticamente na direção da verdade, 
ou seja, uma descrição do mundo tal qual ele é (mesmo que a história nos tem mostrado que a ciência avança 
às vezes por tentativa e erro, os erros seriam eliminados pouco a pouco, de maneira que os conhecimentos 
preservados finalmente responderiam a esse padrão).
O que é epistemologia? 
O termo "epistemologia" aparece pela primeira vez em 1854. É composto de Raízes gregas que, juntas, significam 
"discurso racional (logos) de conhecimento (episteme)”. Hoje, "epistemologia" e "filosofia da ciência" se distinguem. 
A primeira corresponde à ciência que estuda como funciona a ciência. Portanto, ela consiste na análise rigorosa 
dos discursos científicos e suas modalidades de produção. Contrariamente ao que é chamada de “filosofia das 
ciências”, a epistemologia exclui frequentemente uma reflexão sobre os significados dos conceitos (ela se concentra 
sobre o seu papel). Ela tenta responder às seguintes questões: "De onde vêm os saberes científicos? O que existe 
de particular em relação aos outros saberes? Como são eles validados? Qual é o seu alcance explicativo?"
Nosso objetivo neste capítulo é de questionar esta visão espontânea da abordagem científica (particularmente 
os termos em itálico e sublinhado), confrontando-os para fornecer uma visão crítica que sob o ponto de vista 
dos epistemólogos. Faremos o possível para alcançar, passo a passo, os pontos comuns e as divergências 
concernentes aos processos de elaboração dos conhecimentos.
10 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
1.1 - A EVOLUÇÃO hISTÓRICA DA ABORDAGEM CIENTÍFICA
Para entender como é constituída uma abordagem particular nas ciências, é necessário considerar como, 
historicamente, uma abordagem foi individualizada. Assim, nós convidamos você a revisitar o passado, e imaginar 
o que se desenvolveu nas sociedades que eram muito diferentes da nossa de hoje em dia. 
1.1.1	-	A	origem	do	processo	científico
O nascimento da atividade científica situa-se na Grécia, no século VI a.C. A matemática nasceu muito antes, 
com as trocas comerciais e as necessidades de contar objetos, assim como de calcular superfícies cultiváveis 
("cálculo" vem do latim calculus, que significa “pedra". Nesta época, os pastores possuíam um pote na entrada 
dos celeiros no qual jogavam tantas pedras quantas fossem equivalentes às ovelhas que entravam). Portanto, 
eram	ferramentas	que	permitiam	resolver	problemas	pragmáticos.	Utilizamos,	por	exemplo,	""	aproximativo	para	
calcular a área dos círculos. 
Foram os gregos que lançaram os primeiros fundamentos sólidos da Matemática que a fizeram uma verdadeira 
disciplina teórica, com enunciados gerais e não relativos a casos particulares, adotando um estilo que ainda hoje 
é viável. 
Esta nova abordagem foi colocada em prática graças à sociedade de cidadãos relativamente livres e soberanos: 
ela deu um lugar privilegiado a discussão e debate público, favorecendo assim o desenvolvimento dos 
pensamentos abstratos e argumentados - a filosofia -, e considerações matemáticas com base em fundamentos 
rigorosos e convincentes. Assim, os historiadores consideram que nesta sociedade se originaram as verdadeiras 
demonstrações matemáticas. 
A Pitágoras (570-480) devemos o termo filosofia: “amor da sabedoria" e mathèma 
(matemática): “o que é aprendido”. Foi ele e sua escola, que retiraram os matemáticos de 
preocupações utilitárias. Seu lema, "tudo é número" significa que os números inteiros são 
a essência do mundo e de seu conhecimento. Assim, associa-se a cada número inteiro 
um princípio metafísico que lhe confere um significado místico. 
Com o seu antecessor e mestre Thales (625-547), eles foram os primeiros a serem reconhecidos por praticarem 
um discurso racional sobre a natureza. Ou seja, eles procuram explicar os fenômenos naturais pelas causas 
naturais (e não pela ação dos Deuses). Por exemplo, de acordo com Thales, um só princípio ativo - a água - pode 
explicar os movimentos e as transformações que o mundo sofre. Por outro lado, seu discípulo Anaxímenes (585-
525), afirma que é o ar. Eles procedem por confrontação de argumentos. Seu objetivo é elaborar um conhecimento 
verdadeiro. Esta atitude é chamada de racionalismo: o conhecimento vem do exercício da razão. 
Ao contrário dos Pitagóricos, Platão (428-348) pensa que o mundo em si não é conhecível; é idealista. Ele quer 
dizer que o conhecimento não está no mundo real, mas em um mundo ideal, onde os objetos são perfeitos - 
o mundo das ideias. Por exemplo, o conhecimento que consiste em pensar sobre o círculo e as propriedades 
matemáticas que resultam sobre ele não concernem com o que se passa o mundo real. Exemplificando, o círculo 
11METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
do mundo real, que seria uma infinidade de entidades unidimensionais, os pontos, perfeitamente equidistantes de 
um centro – no mundo ideal não existe. 
Aristóteles(384-322), discípulo de Platão, se opõe ao idealismo de seu mestre, ele é realista. Para ele, o mundo "de 
baixo" é conhecível, ele tem uma lógica própria que é acessível à nossa razão. Assim, é o primeiro a propor a ideia 
de uma física, que ele denomina igualmente "segunda filosofia" (a filosofia primeira correspondente à metafísica). 
Segundo ele, a verdade só pode vir da argumentação lógica e observação do mundo. Assim, a faculdade suprema 
do homem, a razão (nós), nos permite a contemplação (teoria) do mundo tal como ele é. 
Aristóteles chamava episteme à natureza do conhecimento, que ele acreditava vir 
da lógica, modalidade de raciocínio que vinha do geral ao específico, do abstrato 
ao concreto. Esta é a abordagem científica que ele defende. Ele analisou as 
condições para o estabelecimento de uma prova pela argumentação dedutiva. A 
abordagem dedutiva vai do geral para o específico: partindo de princípios gerais, 
podemos fazer inferências ou deduções sobre casos particulares (ela se opõe a 
abordagem indutiva, que consiste em identificar os princípios gerais a partir do 
estudo de casos particulares). 
Assim, Aristóteles elabora uma metafísica segundo a qual a variedade e as transformações dos objetos reais 
devem-se a uma combinação de quatro elementos: terra, ar, fogo e água. O mundo celeste é cada vez mais regido 
por uma substância mais nobre: o éter. As proporções dos quatro ou cinco elementos determinam as qualidades 
dos objetos segundo uma série de escalas; do quente ao frio, do seco ao úmido, do alto ao baixo etc. Portanto, ele 
propõe um sistema teórico mais amplo e mais rico do que seus antecessores. 
Assim, praticando a observação, pesquisando as causas e classificando os fenômenos, ele se lança na empreitada 
de atualizar a ordem inerente à natureza. Seu princípio de classificação foi retomado, ele dissecou os seres vivos 
e classificou segundo dois critérios: a morfologia e fecundidade intraespecífica. 
CONCLUSõES
A partir desse esboço do nascimento da ciência, tiremos algumas conclusões.
- O nascimento da ciência permitiu, em um contexto sócio-político particular, a democracia. Veremos que as 
abordagens	científicas	estão	sempre	em	interação	com	as	evoluções	do	resto	da	sociedade.	
-	 O	nascimento	de	um	método	científico	depende	de	escolhas	humanas	que	definem	as	regras	da	demonstra-
ção (dedução versus indução, por exemplo), os questionamentos legítimos, assim como as bases metafísicas 
sobre as quais repousa tudo o resto. 
-	 Originalmente,	a	matemática,	a	filosofia,	a	astronomia	(que	nós	não	mencionamos,	mas	que	foi	igualmente	de-
senvolvida pelos antigos Gregos), depois a física com Aristóteles, participavam todos de uma mesma atividade: 
o pensamento sobre o mundo. Em meio a constante mudança das coisas e dos seres, o pensamento pode ter 
selecionado	algo	estável?	Esta	atividade	resultou	necessariamente	em	uma	reflexão	(e	divergências)	sobre	o	
objeto (real ou ideal) sobre o qual se faz o conhecimento. 
12 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
- Para os gregos, um papel é dado à razão, a qual Aristóteles tenta atribuir regras intangíveis. No entanto, a 
argumentação	-	e	sua	linguagem	de	persuasão	-	é	essencial	na	progressão	científica.	
-	 Na	mesma	ordem	de	ideias,	a	definição	da	abordagem	científica	compreende	a	designação	de	objetos	legíti-
mos de estudo (por exemplo, a física aristotélica) e a invenção dos termos (isto é, o enriquecimento da lingua-
gem) para descrevê-los. 
-	 Finalmente,	a	tentativa	de	estabelecer	uma	"abordagem	científica"	é	indissociável	do	projeto	humano	que	a	
subentende: generalizar as explicações, abstrair de uma diversidade aparente dando uma unidade de funcio-
namento subjacente. 
Devemos as contribuições maiores a Aristóteles, que, ainda hoje, são importantes. Séculos depois dele, Thomas 
d´Aquino (1225-1274) começou a transferir ao cristianismo a ciência aristotélica tentando conciliar às teses da 
igreja. Assim, ele introduz uma física finalista e uma cosmologia geocêntrica. Ele conseguiu uma síntese entre a 
"verdade revelada" e ciência aristotéliciana, dando ao estudo da natureza uma legitimidade nova. Esta síntese - a 
escolástica - torna-se sutilmente a posição oficial a igreja. Portanto, a escolástica é tanto um método baseado 
no estudo e revisão de textos religiosos e seculares e os direitos permitidos e, em segundo lugar, uma filosofia 
desenvolvida e ensinada nas universidades Idade Média para conciliar a filosofia antiga, especialmente o ensino 
de Aristóteles com a teologia cristã.
A lógica formal ou aristotélica foi preservada até o final da Idade Média. Ela perdura na matemática, onde ainda 
tem suas limitações. Ela é divorciada da realidade. Ela será criticada na época em que o silogismo: "Um cavalo 
barato é raro”, ou “tudo o que é raro é caro”, portanto, “um cavalo barato é caro" vem ser famoso.
1.2 - O NASCIMENTO DA ABORDAGEM ExPERIMENTAL E DAS CIÊNCIAS MODERNAS: 
DO AMOR à RAzÃO PARA A PRIMAzIA DA ExPERIÊNCIA.
Com a Renascença, uma volta à natureza abraça a sociedade (na arte como na ciência). Agora, entendemos que 
a razão não tem valor científico a não ser que ela seja confrontada pela experiência. Aqui, surge Galileu como 
protagonista.
1.2.1	-	O	nascimento	da	ciência	moderna.
Galileo Galilei (1564-1642), dito Galileu, foi um matemático e físico. Ele chega 
a um mundo onde a escolástica é necessária e a Inquisição é uma autoridade 
jurídica e forte. Depois de vários séculos, a escolástica impõe uma visão de 
mundo que conforta nossos sentidos (e nossa moral), como vemos todos os 
dias, o sol gira em torno da Terra - ele dorme a noite - e as estrelas são fixas no 
céu, penduradas na cúpula celeste. Nicolau Copérnico (1473-1543), cientista 
polonês, autor da teoria heliocêntrica morre. 
Ele publicou sua teoria no dia da sua morte, para evitar represálias da igreja 
e apresentando como uma hipótese acomodante para os seus cálculos, não 
como uma asserção verdadeira (ele se apresentava, portanto, como um idealista). 
13METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Galileu estudou a cicloide e formulou as leis da queda dos corpos, mostrando que a trajetória de um projétil é uma 
parábola. Ele construiu um dos primeiros microscópios e efetuou as primeiras observações do céu ao telescópio/
luneta. Ele submete suas hipóteses ao veredicto da experiência e os escolhe de acordo com sua capacidade de 
prever (e não segundo a evidência). Ele introduz notadamente o conceito de gravidade (aceleração constante) 
e o conceito de velocidade instantânea para explicar a queda de corpos pesados. Sua originalidade consiste 
em substituir a mistura de considerações qualitativas de seus predecessores por conceitos claros, uníquívocos 
- posição, inércia, velocidade instantânea e aceleração - e depois confrontar os resultados com o raciocínio, 
explicitados sob a forma matemática, com dados experimentais bem definidos, e não as pretendidas evidências 
lógicas. 
Galileu é considerado o inventor da ciência moderna por que: 
I.	 Aplicou	a	matemática	aos	problemas	físicos	“a	filosofia	está	escrita	neste	livro	imenso	(...),	o	universo(...).	Este	
livro é escrito em linguagem matemática "GG”, considerando que o papel da técnica é de levar em conta as 
provas	refutantes	ou	de	confirmar	as	teorias;	e	que	o	papel	da	teoria	não	é	somente	o	de	explicar,	mas	igual-
mente de fornecer elementos de prova e de previsão. 
Galileia contra a teoria aristotélica: uma luta histórica contra um obstáculo epistemológico.
•	 Obstáculo	epistemológico	é	um	conhecimento,	uma	representação	mental,	que	se	faz	obstáculo	a	outro	conhe-
cimento. Aqui o geocentrismo se opõe à teoria heliocêntrica.
•	 Em	1600,	o	teólogo	e	filósofo	italiano	Giordano	Bruno	(1548-1600)	foi	queimado	vivo	após	oito	anos	de	julga-
mento pela Inquisição. Teorizou com base no trabalho de Nicolau Copérnico e Nicolau de Cusa para mostrar, 
de	um	ponto	de	vista	filosófico,	a	pertinência	de	um	universo	infinito,	povoado	por	incontáveis	mundos	idênticos	
ao nosso.•	 Em	1604,	Galileu	iniciou	a	observação	uma	nova	estrela	com	sua	potente	luneta/telescópio	astronômica	que	
ele desenvolveu, embora o surgimento de uma nova estrela, e sua morte súbita, entre em total contradição com 
a teoria estabelecida da inalterabilidade dos céus, Galileu continua aristotélico em público, mas internamente 
ele já é Copernicano. Ele espera a prova irrefutável sobre a qual se apoiará para denunciar o aristotelismo. 
•	 Durante	o	outono	de	1609,	Galileu	continua	a	desenvolver	a	sua	luneta.	Em	novembro,	ele	faz	cria	um	instru-
mento que faz um zoom de 20 vezes. Ele vira a sua luneta para o céu. Rapidamente, observando as fases da 
Lua, ele descobre que este astro não é perfeito como queria a teoria aristotélica.
A Física aristotélica, que era uma autoridade na época, apresentava dois mundos distintos:
- O mundo "sublunar", incluindo a Terra e tudo que está entre a Terra e a Lua, neste mundo tudo está mudando 
e é imperfeito; 
- O mundo “supralunar”, que começa a partir da Lua e se estende para além. Nesta zona, havia somente formas 
geométricas perfeitas (das esferas) e movimentos regulares imutáveis (circulares).
Em 7 de janeiro de 1610, Galileu fez uma descoberta importante: ele notou três pequenas estrelas na periferia de 
Júpiter. Depois de várias noites de observação, ele descobriu que eles eram quatro e giravam ao redor do planeta. 
Estes são os quatro satélites de Júpiter, hoje apelidados de "Luas de Galileu". Para ele, Júpiter e seus satélites são 
um modelo do sistema solar. Através deles, ele pena em demonstrar que as orbitas de cristal de Aristóteles não 
existem e que todos os corpos celestes não giram em torno de Terra. É um duro golpe para o tratado aristotélico. 
14 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Ele também corrige alguns Copernicanos que afirmavam que todos os corpos celestes giram em torno do Sol. 
•	 O	Cardeal	Belarmino,	que	queimou	Giordano	Bruno,	ordenou	uma	investigação	discreta	ser	realizado	sobre	
Galileu pela Inquisição, em Junho de 1611. Na verdade, o heliocêntrico contraria a duas passagens da Bíblia: 
-	 Salmo	93	(92)	"Tu	fixou	a	terra	fechada	e	imóvel."
- Josué 10, 12-14, na qual Josué para o curso do Sol e da Lua. 
•	 O	papa	Urbano	VIII,	que	protege	a	Galileu,	pede	um	livro	onde	os	dois	sistemas,	Ptolomeano	(Ptolomeu	(90-
168), cientista grego, escreveu um tratado astronômico conhecido como o Almagesto. Neste trabalho, propôs 
um modelo geocêntrico do sistema solar, que foi aceito como um modelo no Ocidente e no mundo árabe por 
mais de mil e trezentos anos.) e Copernicano, seriam confrontados e apresentados em pé de igualdade. Em 
21 de fevereiro de 1632, Galileu publicou em Florença seu Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo 
(Dialogo sopra i due massimi Sistemi del mondo), onde zomba implicitamente o geocentrismo de Ptolomeu. O 
Diálogo é, às vezes, uma revolução e, ao mesmo tempo, um verdadeiro escândalo. O livro é, de fato, aberta-
mente pró-copernicano, corajosamente desrespeitando a proibição de 1616 (que valeu até 1757). 
•	 Em	22	de	junho	de	1633,	no	convento	dominicano	de	Santa	Maria,	é	dada	a	sentença:	Galileu	foi	condenado	à	
prisão perpétua (pena imediatamente comutada por Urbano VIII em prisão domiciliar) e que a obra de Galileu 
fosse proibida. 
1.2.2	-	Ascensão	e	diferenciação	das	Ciências
As mudanças consecutivas na obra de Galileu e a intervenção no século 17 foram chamadas de “A revolução 
científica”. Essa revolução é caracterizada pelo desenvolvimento da abordagem experimental, a matematização da 
física e astronomia, e o desenvolvimento da matemática. Ela anunciou uma transformação dos modos de trabalho 
dos cientistas (especialmente em relação à divulgação dos trabalhos). 
A partir da segunda metade do século 17, as primeiras academias e sociedades científicas são criadas (por 
exemplo, a Royal Society de Londres em 1660 e a Academia Francesa de Ciências, em 1666). 
Ao esclarecer sua abordagem e delimitando os objetos de estudo aos quais uma determinada abordagem se 
aplica, os cientistas irão se especializar cada vez mais no estudo de domínios específicos do mundo. Assim, vão 
surgir: a Física, no século XVII, com Galileu; a Química, no XVIII, com Lavoisier; e a Biologia, no século XIX.
CONSIDERAÇõES FINAIS
- A ciência moderna e os novos métodos são criados com o Galileu, em oposição com o senso comum. Assim, 
um	novo	elemento	 importante	da	abordagem	científica	é	que	propõe	novos	valores	de	 referência:	eles	são	
mais consistentes com as teorias do imediatismo dos nossos sentidos, ou teorias de consistência interna, mas 
a coerência entre a teoria, as observações e previsões, validado por aplicações matemáticas. Estamos teste-
munhando	uma	característica	do	projeto	subjacente	à	abordagem	científica:	romper	com	a	subjetividade	hu-
mana para aspirar a uma objetividade, isto é, o enunciado do discurso que teria um valor, independentemente 
da nossa condição humana e poderiam representar propriedades intrínsecas dos objetos - a realidade tal como 
ela é (Galileu foi realista).
- Outra novidade introduzida por Galileu é o advento da abordagem experimental, que produz a criação de instru-
mentos	a	serviço	da	teoria,	permitindo	confirmar	ou	desmentir	as	previsões	que	esta	teoria	permite.	Assim,	o	
que	parece	fundamental	para	a	abordagem	científica	não	é	mais	somente	a	razão,	mas	o	relacionamento	entre	
15METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
os seus produtos (as teorias) e a observação do mundo (resultantes da experimentação). 
-	 Novamente,	a	definição	de	uma	abordagem	científica	depende	de	escolhas	humanas	definindo	as	regras	se-
gundo as quais deve se fazer ciência. Estas escolhas são uma questão de convicção, e mais tarde nós iremos 
desenvolver a ideia de que a natureza não pode ser colocada como árbitro, trata-se da adesão de crenças.
-	 Novamente,	 a	 precisão	 de	 uma	 abordagem	 científica	 é	 acompanhada	 de	 uma	 criação	 da	 linguagem	e	 da	
invenção de objetos de estudos abstratos, de ferramentas intelectuais, de conceitos (por exemplo, o conceito 
de velocidade instantânea). Esses objetos não são dados pela natureza, mas inventados para responder às 
necessidades (aqui notadamente de matematização). 
- Ainda uma vez a abordagem é permitida por um contexto sócio-cultural particular, aqui o retorno à natureza 
característica da renascença.
- Finalmente, o nascimento deste novo método individualiza a Matemática, que se tornam ferramentas para 
outros campos da ciência. As ciências experimentais diferem da Matemática pela natureza fundamentalmente 
diferente	de	seus	objetos	de	estudo.	Os	primeiros	os	definem	e	recorta	em	um	mundo	tal	qual	ele	é	percebido.	
Os segundos estudam os objetos inteiramente criados pelo Homem. 
1.3 - O PENSAR DA ABORDAGEM CIENTÍFICA: UMA APROxIMAÇÃO FILOSÓFICA – EPIS-
TEMOLÓGICA
Temos descrito como a "abordagem científica" nasceu e proposta de interpretações concernentes às suas 
características. Vamos agora mostrar como algumas grandes figuras, filósofos, cientistas e epistemólogos 
pensaram nesta abordagem. Podem-se distinguir dois tipos, em função da questão a qual eles procuram responder, 
que são apresentadas em ordem cronológica. Na verdade, para analisar a ciência, poderíamos perguntar: 
-	 Como	a	ciência	deve	funcionar?	A	resposta	a	esta	questão	pertence	à	filosofia	normativa,	que	define	as	normas	
que	devem	ser	adotadas	na	abordagem	científica.	
-	 Como	a	ciência	 funciona	efetivamente?	A	 resposta	a	esta	questão	pertence	à	filosofia	descritiva	que	 tenta	
descrever	a	abordagem	científica	tal	como	ela	é.	
Aqui seria impróprio falar de "epistemologia", porque i) seria um anacronismo e ii) por essência, a epistemologia é 
individualizada como uma disciplina com objetivo descritivo do que mais normativo. Assim "epistemologia descritiva" 
é redundante. No entanto, às vezes é pertinente mencionar aqui os movimentos da filosofia normativa, porque eles 
são a origem da epistemologia. Sua invocação é, portanto, necessária para a compreensãoda especificidade e do 
sentido das respostas trazidas pela epistemologia. 
1.3.1	-	Filosofia	normativa	para	pensar	a	abordagem	científica.
Como mencionado anteriormente, a determinação de Galileu e sua luta contra a 
escolástica bagunçaram a sociedade da época. Assim, alguns se inspiraram para 
repensar a maneira de como fazer ciência. 
Francis Bacon (1561-1621), estadista e filósofo Inglês, assinala o nascimento do 
empirismo, ele propõe a primeira regra da pesquisa. Isso quer dizer que não se 
deve afastar muito das experiências e observações, construindo teorias com muito 
16 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
cuidado e estando sempre pronto para desafio. É realista (“veracitas naturae") e pensa então que para revelar esta 
verdade escondida na natureza, não é preciso construir teorias prematuras, efetuando um vai-e-vem constante 
entre a observação/experimento e a teoria. É conhecido como o filósofo que rompeu com a escolástica. 
Ele se rebela contra o ensino próprio da Idade Média e funda sobre a tradição aristotélica interpretada pelos 
teólogos. Defende um ensino centrado em torno da exploração e do estudo da natureza. Além disso, mostra-se 
favorável à separação entre ciência e religião, contribuindo para a organização do espaço das ciências, que ele 
dotou de uma juridição autônoma.
Sob a impulsão dos mesmos movimentos, René Descartes (1596-
1650), filósofo, matemático e físico francês, defende um novo método 
científico em seu "Discurso do Método" (1637). Como Francis Bacon, 
ele defende um método que se livra dos obstáculos constituídos por um 
conhecimento anterior que pode ser falso. No entanto, ele insiste sobre 
a necessidade de dotar do que é considerado como adquirido, de todas 
as crenças anteriores, fazendo esquecer tudo (tábua rasa), de maneira 
a construir um saber sobre bases inteiramente novas. 
Em seu entusiasmo de questionar tudo o que ele pensava estar certo, 
ele começa a se perguntar se ele deve duvidar de sua própria existência, 
concluindo pela negativa: cogito, ergo sum ("Penso, logo existo"). Descartes é considerado o inventor da filosofia 
moderna.
Claude Bernard (1813-1878), médico e fisiologista francês, é 
considerado o fundador da fisiologia moderna. Ele insiste sobre os 
dois aspectos desenvolvidos por Descartes e Bacon: duvidar das 
teorias anteriores e considerar os fatos (a partir de observações ou 
experimentos) como os árbitros finais. Sua fisiologia experimental 
entra em ruptura com a medicina do seu tempo que era antes 
de tudo essencialmente descritiva. Em "Introdução ao Estudo da 
Medicina Experimental" (1865), ele anuncia querer fazer desta 
disciplina "uma ciência independente, com seus métodos e 
propósitos.". 
Ele propõe etapas que devem que devem constituir toda a 
abordagem experimental (a famosa “OhERIC”): 
- Observação, sem prejulgamento.
- Elaboração de uma hipótese	realista	e	verificável.
- Experiência com uma testemunha (por exemplo, caso normal versus patológico) e uma contraprova (se retirar-
mos "A" e "B" for excluído, podemos deduzir que "A" é a causa de “B”. 
- O Resultado	produzido	consiste	no	árbitro	supremo	das	teorias:	eles	são	retificados	em	função,	e	de	maneira	
17METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
a ter teorias as mais gerais possíveis. Assim, a Interpretação leva à Conclusão "que se impõe". 
Mas ele admitiu-se privilegiado por ter a sua teoria com os fatos em determinadas circunstâncias. Suas ideias são 
baseadas em uma interpretação determinista, tal que cada fenômeno encontra na sua origem um conjunto finito 
de causas. Isolando todos os casos, o fenômeno deve ser totalmente acessível à razão. 
O filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) é o propagador do 
movimento chamado positivismo. Ele entra em ruptura com as teses de 
Claude Bernard, defendendo que é preciso pesquisar leis e não as causas, 
baseando sobre a avaliação de quantidade e não de qualidade. A distinção 
entre as leis e as causas é que as primeiras respondem a um "como", 
enquanto que as segundas respondem a um "porquê". Assim, é idealista 
e não realista (os idealistas argumentam que a ciência só pode propor 
mecanismos para explicar os fenômenos (resposta a um “como”). 
Ao contrário do realistas (que acreditavam que fornecia acesso à natureza 
íntima da realidade, para identificar as causas respondendo a um porquê) 
ele defende o método indutivista: as teorias não devem ser feitas a priori, 
só devemos interpretar a posteriori. Onde, Comte defendia: precisamos de uma teoria qualquer para abordar os 
fatos. Comte descreve os passos progressivos do espírito humano (cada ramo de nossos conhecimentos passa 
invariavelmente por três estados): 
- Estado teológico (perfeição atingida com Deus);
-	 A	metafísica	(forças	abstratas:	a	natureza	íntima	e	a	finalidade	do	universo);
-	 Estado	científico	ou	positivo:	a	pesquisa	das	relações	invariáveis,	de	sucessões	e	similitudes	a	partir	de	fatos	
observados. 
Em Comte, temos a origem da máxima “Ordem e Progresso” encontrado na bandeira brasileira. O termo 
"positivismo" é impregnado de valores, porque Comte tinha confiança no progresso da humanidade através da 
ciência e acredita nos benefícios da racionalidade científica. 
O positivismo de Auguste Comte inspirou um grupo de cientistas e filósofos europeus conhecido como o "Círculo 
de Viena" (criado em torno de 1929, na Áustria). Este grupo é considerado hoje como uma derivação dos idealistas 
guiados pela quimera de poder estabelecer de novo um método científico que seria capaz de unificar todas as 
ciências que conduziria à verdade universal. Ele afirma que o positivismo lógico ou empirismo lógico seja baseado 
em um critério de verificação / significação. Para que um enunciado tenha um sentido, é preciso que ele o tenha 
sobre um dado empírico observável. Se não há nenhum meio de dizer se verdadeiro ou falso, então não tem 
nenhum sentido (e não é científico: cabe à metafísica ou à pseudociência). Haviam enunciados de base, primitivos, 
que não deviam ser submetidos à verificação, chamando diretamente aos nossos sentidos. Os enunciados que 
nos dizem algo sobre o real devem ser colocados em relação com um dado empírico imediatamente. Todos os 
enunciados devem ser formulados em uma linguagem universal. 
18 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
De fato, o método de verificação, em alguns casos, tem como base a indução (que vai de específico para geral). 
Na lógica, a indução é uma abordagem intelectual familiar que consiste em proceder, por inferência provável, quer 
dizer, são dedutíveis das leis por generalizações das observações. Quanto mais um é fenômeno observado de 
maneira repetida, mais sua generalização vem a ser provavelmente verdadeira. O positivismo lógico representa 
um estilo de pensamento filosófico que pretende eliminar todos enunciados metafísico do linguajar cientifico, 
baseando-se sobre a lógica matemática fundada por Bertrand Russell, Alfred North Whitehead, Gottlob Frege 
e Ludwig Wittgenstein. Este método científico conduziria à construção, sobre uma base lógica, de um “idioma 
formal”, a vocação universal, que será a base da unidade da ciência. O dia em que os filósofos empregarem todo 
este idioma, as divergências doutrinais cessarão, e a partir deste ponto se desenvolverá o entendimento mútuo 
entre as nações (segundo um espírito análogo ao do movimento esperantista).
1.3.2 – As Epistemologias Descritivas
Karl Raymund Popper (1902-1994) escreveu "The Logic of Scientific Discovery" 
(1934) ou “Lógica da descoberta científica” em plena crise da física. Ele se opõe 
a teorias do Círculo de Viena e suas noções de conhecimento provável. Ele 
mostra que a indução não é uma heurística (heurística significa "que serve para 
descobrir") e que ela não é praticada pelos cientistas. Ele propõe que uma lei 
é uma construção intelectual, portanto, não é objetiva. Somente a refutação é 
objetiva. 
Propõe-se o critério de cientificidade (a propriedade é algo que é considerado científico),também conhecido critério 
de demarcação entre ciência e pseudociência, como a falseabilidade (e não a verificação como uma significação).
Um enunciado não contestado é sem interesse (e não pode ser qualificado de "científico") porque não é preditivo 
e nem explicativo. Por conseguinte, não há conhecimento definitivo, uma vez que deve ser refutável. É, portanto, 
o primeiro a avançar a ideia fundamental de que não podemos provar que qualquer coisa é verdadeira, podemos 
somente provar que é falsa. A ciência não produzirá, desta forma, verdades, mas ela terá um progresso: definindo, 
restringindo os domínios de validade dos seus modelos e teorias, ou até mesmo alterando a mais adequada. A 
ciência se organizada em torno de conjecturas e de refutações. Assim, subscrevemos uma refutação a especular 
quando as tentativas forem infrutíferas. Ele aporta, assim, o princípio fundamental de nascimento objetividade 
intersubjetiva: a objetividade surge das confrontações feitas dentro da comunidade científica. Assim, a objetividade 
aparece como sendo o consenso social em torno de uma proposição inicialmente subjetiva. Contrariamente 
ao impulso que foi anunciado após Galileu, a noção de objetividade não seria o oposto da subjetividade e não 
corresponderia mais a uma propriedade que poderia ser dissociada da atividade humana.
Outros autores, na sequência, vão esclarecer as proposições de Popper. Thomas 
Kuhn (1922-1994) opõe-se a Popper sobre: i) a concepção linear e continuísta das 
ideias científicas e ii) a ideia de que uma "contraprova" necessariamente conduz 
à refutação da teoria em questão. Ele se baseia sobre uma análise sociológica e 
histórica das ciências. Ele propõe que no âmbito da ciência normal, os pesquisadores 
devem aderir às normas e regras da prática científica e é isso que fará a diferença 
19METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
com uma pseudociência. Sua pesquisa é enquadrada por um paradigma, que fornece um molde para interpretar a 
realidade e os métodos e questões legítimas que orientam a pesquisa. 
O paradigma é também baseado em imperativos metafísicos (assim ele não se baseia unicamente sobre 
proposições refutáveis). Os cientistas têm a ilusão de saber como o mundo é constituído. Assim, os resultados 
esperados pertencem a uma gama estreita do trabalho do pesquisador, que consiste em saber como chegar lá. Se 
o resultado não está no intervalo esperado, ele é ignorado em vez de refutar a teoria de base. 
Na ciência normal, as publicações são curtas, pontuais e endereçadas a especialistas. Elas começam onde 
os livros param. Antes do primeiro período da ciência normal, o período pré-paradigmático (ou pré-científico) é 
caracterizado pela ausência de conhecimentos adquiridos. Este é o caso da física antes de Newton, da química 
antes de Lavoisier ou da biologia antes da teoria celular. As teorias são, então, elaboradas a partir da metafísica e 
as publicações são livros gerais endereçados a todos. Durante um período de ciência normal, o paradigma cresce, 
acumulando gradualmente conhecimentos, mas também anomalias. Estas anomalias são feitas seja para cair 
contradição com o paradigma ou é a explicação que resiste à metodologia paradigmática. Elas são colocadas de 
lado, mas em algum momento, eles se tornam muito importantes, podemos entrar em um período de crise (que se 
opõe à ciência normal). Aqui, as bases do paradigma são questionadas. A crise pode ser resolvida com a adesão 
de um novo paradigma, o que assinala uma revolução científica. Isso aconteceu durante a transição do paradigma 
newtoniano para o paradigma einsteiniano.
Imre Lakatos (1922-1974), recrutados por Popper, não concorda com Kuhn, 
que deixa de acreditar que a escolha de um paradigma novo é arbitrária, 
ou relativa às preferências culturais extras científicas. Na verdade, ele 
defende uma epistemologia racionalista, isto é, uma aproximação que 
estuda a ciência apenas do ponto de vista racional e não sociológica. Ele 
tenta aplicar as teses de Popper (criadas para a física) na matemática, 
depois ele a critica. Ele acha que não existe de fato experiência crucial que 
refutem uma teoria. 
De fato, existiam programas de pesquisa em competição. A cada programa, 
sua heurística (um conjunto de técnicas aceitas para a resolução de 
problemas).
A restrição negativa que caracterizou a "heurística negativa" é que nós não podemos alterar as hipóteses de base 
da teoria. Estas hipóteses não modificáveis que, subjacentes ao programa de pesquisa, constituem o núcleo duro 
da teoria. Este núcleo duro é cercado por um cinturão protetor, nos quais se encontram as hipóteses auxiliares e 
condições iniciais, que elas podem ser modificadas para melhor se adequar com as observações e, assim, manter 
a integridade do núcleo duro. A restrição positiva é a direção dada pelo programa de pesquisa com o objetivo de 
complementar o núcleo duro. Esta heurística indica como enriquecer o núcleo duro a fim de ser capaz de explicar 
e predizer fenômenos. Um programa progressivo permite previsões inéditas e a descoberta de acontecimentos 
inesperados, em vez de um programa que se degenera fazendo apena suposições ad hoc para salvar seu núcleo 
duro face às anomalias. 
20 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Finalmente, Paul Feyerabend (1924-1994) que foi um aluno de 
Popper na década de 1950. Ele se vê "anarquista", "dadaísta" 
epistemológico. Ele escreveu "Against method" (1975). Ele 
acreditava que as categorias tratadas pela metodologia em 
uso (fatos, observações, experiências...) tinham mudado 
de significado no curso da história e que o acenar de uma 
metodologia é um instrumento de opressão que vai ao 
encontro das liberdades, especialmente porque a descoberta 
científica não obedece a nenhuma lei ("Anything Goes": "tudo 
é bom"). 
Ao analisar a história particular da física, ele pode mostrar 
que ninguém utiliza um método que será utilizado como uma 
receita culinária e que nós não podemos reconstruir receitas 
a posteriori. 
Os cientistas utilizam todos os meios e todos os tipos de teorias para atingir seus objetivos. Assumindo que não 
existe um método científico universal, Feyerabend afirmou que a ciência não merece o seu status privilegiado nas 
sociedades ocidentais. Como os cientistas são incapazes de adotar um ponto de vista universal que garanta a 
qualidade de suas observações, não há razão para suas afirmações de que a ciência é privilegiada em relação 
a outras ideologias como as religiões. Portanto, nós não podemos julgar as outras ideologias a partir de pré-
julgamentos da ciência. Com base neste argumento, Feyerabend, em seguida, defendeu a separação da ciência 
e do Estado, da mesma forma que a religião e a sociedade são separadas nas sociedades modernas seculares. 
Segundo Feyerabend, a ciência também deveria igualmente ser submetida a um controle democrático: não 
somente os domínios de pesquisa deveriam ser determinados por eleições populares, mas as suposições e as 
conclusões da ciência deveriam igualmente ser supervisionadas por comitês populares. 
1.4 - O CONTExTO DA PESQUISA CIENTÍFICA
Na pesquisa científica, primeiramente os pesquisadores definem proposições lógicas ou suposições (hipóteses) 
para explicar certos fenômenos e observações, e então desenvolvem experimentos que testam essas hipóteses. 
Se confirmadas, as hipóteses podem gerar leis e teorias. Integrando-se hipóteses de certa área em uma estrutura 
coerente de conhecimento, contribuí-se desta forma na formulação de novas hipóteses, bem como coloca as 
hipóteses em um conjunto de conhecimento maior que são as leis e teorias reconhecidas consensualmente pela 
comunidade científica e/ou o paradigma de seu tempo.
Outro ponto importante está relacionado à condução do método(s) científico(s), pois o processo de investigação 
precisa ser objetivo, e o cientista deve ser imparcial na interpretação dos resultados. Sobre a objetividade, significa 
dar atenção às propriedades do objeto e não do sujeito (subjetividade).Vale a pena lembrar a afirmação de Hans 
Selye de: "Quem não sabe o que procura não entende o que encontra", referindo-se à necessidade de formulação 
de definições precisas (a essência dos conceitos) e que possam ser respondidas com o simples sim ou não. Neste 
21METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
sentido, tanto a imparcialidade (evidência) como a objetividade foram incluídas por René Descartes (1596 – 1649) 
nas regras lógicas que caracterizam o método científico.
Desta forma, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la científica, deve seguir determinados passos. Em 
primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma determinada situação-problema que, normalmente, 
é seguida, por algumas hipóteses. Usando sua criatividade, o pesquisador deve observar os fatos, coletar dados e 
então testar suas hipóteses, que poderão se transformar em leis e, posteriormente ser incorporadas às teorias que 
possam explicar e prever os fenômenos. 
1.4.1	-	O	Estatuto	da	Ciência
O valor da ciência tem variado bastante ao longo da história. O seu estatuto atual tem origem no século XVI, 
quando surgiu a ciência moderna. A epistemologia (episteme + logos = discurso sobre a ciência) é a disciplina 
filosófica que se ocupa da análise e crítica do conhecimento científico.
O	Estatuto	da	Ciência
A - Época Clássica e Idade Média: até o século xVI.
A ciência é uma atividade essencialmente contemplativa.
-	 O	conhecimento	científico	apoia-se	em	procedimentos	dedutivos.
-	 A	ciência	não	está	separada	da	filosofia.	A	filosofia	é	entendida	como	a	ciência	das	ciências.
- Na antiguidade clássica, Platão e Aristóteles concebem o universo como estático e hierarquizado.
-	 Durante	a	Idade	Média,	na	Europa,	predomina	a	religião	cristã.	A	ciência	está	subordinada	à	filosofia,	e	esta	à	
teologia. Deus é o criador de tudo o que existe. Para além de Platão e Aristóteles, na ciência, destaca-se agora 
a	influência	de	Santo	Agostinho	e	São	Tomás	Aquino.	A	partir	do	século	XIII,	desenvolve-se	uma	cultura	livresca	
(a escolástica). 
B - Época Moderna: séculos xV e xVI
A ciência moderna. Critica-se o saber livresco, valoriza-se a observação direta e rigorosa, a experimentação e a 
técnica. 
-	 Nos	séculos	XVI	e	XVII,	revoluções	científicas	corporizadas	nas	grandes	descobertas	geográficas,	mas	tam-
bém nas de Copérnico, Galileu, Pascal, Kleper, Descartes, Leibniz e Newton.
-	 A	ciência	separa-se	da	filosofia.	
-	 Difunde-se	a	crença	na	verdade	absoluta	do	conhecimento	científico,	o	qual	caminhava	para	a	resolução	de	to-
dos	os	enigmas	do	universo.	No	século	XIX,	o	positivismo	será,	neste	aspecto,	a	consagração	filosófica	destas	
teses mecanicistas e deterministas.
- Galileu. Atribui à observação, à experiência e à matematização do real uma função essencial na compreensão 
da natureza. 
- Newton. Procurou unir a Matemática e a Física, fortalecendo o método empírico. Estabeleceu a presença da 
lei e da ordem na natureza mediante suas descobertas sobre o movimento dos corpos celestes. Mostrou que a 
22 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
natureza age racionalmente e não por acaso, estabelecendo o princípio-base do determinismo: se pudéssemos 
conhecer as posições e os impulsos das partículas materiais num dado momento, poderíamos deduzir pelo 
cálculo toda a evolução posterior do mundo. 
- Positivismo - século XIX. Defende que o único conhecimento genuíno é o da ciência e o baseado em observa-
ções de fatos. Rejeitou qualquer explicação sobre as coisas que ultrapassam a sua dimensão física.
-	 O	positivismo	contribuiu	para	a	criação	e	a	difusão	de	grandes	mitos	sobre	o	conhecimento	científico:	
a.	 Mito	da	cientificidade:	o	conhecimento	científico	é	o	único	que	é	verdadeiro;
b. Mito do progresso: o desenvolvimento da ciência e da técnica são os únicos que poderão conduzir a hu-
manidade a um estado superior de perfeição. 
c. Mito da tecnocracia: A	resolução	dos	problemas	da	humanidade	passa	por	confiar	o	poder	a	especialistas,	
nas	diversas	áreas	do	conhecimento	técnico	e	científico.
C - Época Contemporânea: século xx.
Crise das concepções deterministas herdadas do período anterior. O conhecimento científico deixa de ser visto 
como absoluto. Muitos dos mitos desenvolvidos em torno da ciência são abandonados.
D	-	Novas	Concepções	sobre	a	Ciência.
Século XX. Entre os teóricos da nova concepção da ciência destacam-se Einstein (1879-1955), Heisenberg (1901-
1976), Pierre Duhen (1861-1916), Gaston Bachelard (1884-1962), Karl Popper (1902-1994), Lakatos, Thomas Kuhn 
(1922) e Feyerabend (1924-1994). Os fundamentos da ciência e da sua evolução são radicalmente alterados.
E	-	Conhecimento	Científico	–	Século	XX.
-	 Einstein	(1879-1955),	destrói	a	concepção	determinista	do	conhecimento	científico	(Teoria	da	Relatividade).
- Heisenberg (1901-1976) introduziu o princípio da incerteza, concluindo a destruição do determinismo da física 
newtoniana. 
- Popper (1902-1994) demonstrou que toda a ciência é baseada em conjecturas, hipóteses que tentamos con-
firmar,	mas	 também	refutar.	A	ciência	não	é	verdadeira,	mas	conjecturável.	Uma	 teoria	só	é	científica	se	a	
pudermos refutar. 
- Feyerabend (1924-1994) demonstrou que a ciência era avessa a métodos rígidos e universais. As grandes 
descobertas foram realizadas por aqueles que tiveram a ousadia de romper com os métodos correntes. Nada 
na	ciência	é	uniforme.	As	diferentes	teorias	científicas	não	passam	de	diferentes	visões	do	mundo.
F	-	O	desenvolvimento	das	Ciências.
-	 Duhem	 (1861-1916)	 sustentou	 que	 na	 ciência	 não	 existem	 começos	 absolutos.	O	 conhecimento	 científico	
progride por acumulação e alargamento de horizontes.
- Bachelard (1884-1962), concebeu a evolução da ciência como um processo dinâmico interação entre a razão 
e	a	experiência.	O	progresso	científico	faz-se	através	de	rupturas	epistemológicas	com	o	senso	comum,	as	
tradições, os erros e os preconceitos. A ciência avança através da superação destes obstáculos.
- Khun (1922-1994) concebe a evolução da ciência, à semelhança de uma história política, como uma sucessão 
de revoluções, de rupturas, de alterações mais ou menos rápidas e de substituições dos diferentes paradigmas. 
UNIDADE II
METODOLOGIAS DO TRABALhO CIENTÍFICO
Professor Dr. Flávio Bortolozzi
Professora Me. Ludhiana Bertoncello
Objetivos de Aprendizagem 
•	 Conhecer	a	ciência,	sua	evolução	e	sua	classificação.
•	 Estabelecer	diferenças	entre	o	conhecimento	empírico	e	conhecimento	científico.
•	 Conceituar	pesquisa
•	 Definir	os	objetivos	da	pesquisa.
•	 Diferenciar	e	entender	Metodologias,	Métodos	e	Técnicas.
•	 Refletir	sobre	o	ato	de	pesquisar.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•	 A	ciência	e	sua	evolução	e	sua	classificação.
•	 Os	diversos	conhecimentos.
•	 O	que	é	pesquisa?
•	 Metodologias,	Métodos	e	Técnicas	referentes	à	pesquisa.
•	 Tipos	de	pesquisa.
•	 O	Método	científico.
25METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
INTRODUÇÃO
Na Unidade I, apresentamos uma retrospectiva filosófico-epistemológica sobre as abordagens científicas 
desenvolvidas pelo homem e ao final da unidade contextualizamos a pesquisa científica. Neste capítulo, o objetivo 
é tratar de aspectos fundamentais acerca das Metodologias do Trabalho Científico. Grande parte deste conteúdo 
foi retirada do trabalho Pesquisa e Prática Pedagógica no Ensino Superior da Professora Me. Taiz de Farias Lara, 
a qual gentilmente autorizou a utilização deste precioso material, muito bem redigido e de forma coerente e atual. 
Essa produção se deu face à necessidade de oferecer a você um material mais compatível, no sentido de pensar 
essa temática em contexto de Pós Graduação.
A pretensão em relação à disciplina é de que possamos desmistificar a ideia de que pesquisa científica é coisa 
destinada aos deuses. Só assim, entenderemos que nós, simples mortais, também podemos fazer pesquisa, 
desde que consigamos detectar um problema e queiramos de fato pensarsobre o mesmo, no sentido de, após os 
resultados divulgados, propor interferência em determinada situação que se faça necessária.
Acreditamos que assuntos como esse sejam de extrema relevância a todos os cidadãos. Queremos que essa 
disciplina possa, de fato, aproximá-lo um pouco, ou um pouco mais, do mundo da pesquisa. Estamos abertos a 
críticas e sugestões, pois temos certeza que é no processo de fazer e refazer que construímos uma educação 
melhor.
Nossa intenção, caro aluno (a), é de que, no decorrer desse material, as respostas ou dúvidas sobre questões 
relevantes em relação a essa temática possam ser ratificadas ou quem sabe instigá-lo no sentido de quebrar 
alguns paradigmas e estabelecer outros.
2.1 A CIÊNCIA, SUA EVOLUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO
A Ciência hoje tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida intelectual e material. Por outro lado, sabemos 
não ser o objetivo da ciência responder a todas as questões. Além disso, temos consciência de que são as 
perguntas que movem o mundo e não as respostas, de modo que para responder a estas perguntas com certo grau 
de certeza necessitamos do conhecimento científico. As funções principais da Ciência são as novas descobertas, 
os novos produtos e a melhoria da qualidade de vida. A ciência tem como princípios básicos:
-	 Um	dos	princípios	marcantes	do	conhecimento	científico	é	nunca	pensá-lo	como	absoluto	ou	final,	pois	a	Ciên-
cia	pode	ser	sempre	modificada	ou	substituída.
- Temos que considerar que o conhecimento é válido até que novas observações e experimentações o substi-
tuam.
Costumávamos dizer, até muito pouco tempo atrás, que o conhecimento fornecido pela Ciência é irrefutável, por 
isso sempre foi colocada em grau de certeza alto. Por meio da Ciência, o Homem fez grandes descobertas. 
Descobriu a cura e tratamento para muitas doenças; fez hibridações nas plantas, nas frutas...
Porém, com a mesma Ciência, o homem criou doenças, vírus, guerra...
26 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
Na Unidade I, acompanhamos uma evolução significativa na Ciência, passamos pela Ciência Antiga que se pautava 
na autoridade e no uso da lógica. Já a Ciência moderna teve sua base na observação e experimentação: Física, 
Astronomia, Química. Quando pensamos em Ciência, hoje, visualizamos uma atividade que propõe aquisição 
sistemática de conhecimentos sobre a natureza biológica, social e tecnológica com a finalidade de melhoria da 
qualidade de vida intelectual e material.
Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa: “Ciência é o conjunto de conhecimentos relativos a 
um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método 
próprio”.
Podemos dizer que a qualidade do conhecimento científico é dependente da forma de aquisição que é utilizada. 
Utilizam-se três formas no processo de pesquisa:
Intuição + empirismo + racionalismo
- Intuição: criatividade e ideias sobre um novo produto ou processo.
- Experimentação: projetar, experimentar, montar, testar, construir.
- Racionalização:	descrever	matematicamente,	explicar	porque	funciona	fisicamente.
Segundo Neves (2002), a ciência (física), na visão dos livros didáticos, é considerada cumulativa, linear, desprovida 
de preconceitos e neutra. Para o autor, a ciência (física) deve ser construída como atividade humana que envolve 
desafios de natureza prática e intelectual, mas que se encontra presa a uma visão de mundo que caracteriza 
determinadas épocas da história humana. O mesmo considera que é necessário dessacralizar a ciência, tornando 
acessível, democrática, tangível. E é justamente nos bancos escolares que os mecanismos da exclusão dos 
sujeitos, na construção do conhecimento, se multiplicam e se perpetuam, afastando, em muitas das vezes, o 
sujeito comum do mundo da pesquisa.
De acordo com o que apresentamos na unidade I, a evolução do conceito de ciência esta relacionado à história 
do método científico e se mistura com a história da ciência. Documentos do Antigo Egito já descrevem métodos de 
diagnósticos médicos. Na cultura da Grécia Antiga, os primeiros indícios do método científico começam a aparecer. 
Grande avanço no método foi feito no começo da filosofia islâmica, principalmente, no uso de experimentos para 
decidir entre duas hipóteses. Os princípios fundamentais do método científico se consolidaram com o surgimento 
da Física, nos séculos XVII e XVIII. Francis Bacon, em seu trabalho Novum Organum (1620), uma referência ao 
Organum, de Aristóteles, específica um novo sistema lógico para melhorar o velho processo filosófico do silogismo.
De acordo com estatuto da ciência, a metodologia científica tem sua origem no pensamento que foi, posteriormente, 
desenvolvido empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. Na sequência, René Descartes propôs chegar à 
verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes, características que 
definiram a base da pesquisa científica.
É comum considerar alguns dos mais importantes avanços da ciência, tais como as descobertas da radioatividade, 
por Henri Becquerel ou da penicilina, por Alexander Fleming, como tendo ocorrido por acidente. No entanto, o que é 
possível afirmar, à luz da observação científica, é que terão sido parcialmente acidentais, uma vez que as pessoas 
27METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
envolvidas haviam aprendido a “pensar cientificamente”, estando, portanto, conscientes de que observavam algo 
novo e interessante.
LEITURA COMPLEMENTAR.
FRITJOF CAPRA - “A Terra é, pois, um sistema vivo; ela funciona não apenas como um organismo Gaia, um ser 
planetário vivo. Suas propriedades e atividades não podem ser previstas com base na soma de suas partes; cada 
um de seus tecidos está ligado aos demais, todos eles interdependentes; suas muitas vias de comunicação são 
altamente complexas e não lineares; sua forma evoluiu durante bilhões de anos e continua evoluindo.”
PAUL FEYERABEND - “A ciência reclama pessoas flexíveis e inventivas e não rígidos imitadores de padrões de 
comportamento estabelecidos”. O objetivo básico da atividade científica não é o de descobrir verdades ou ser uma 
compreensão plena da realidade, mas sim o de fornecer um conhecimento que, ao menos provisoriamente, facilite 
a interação com o mundo, permitindo previsões confiáveis sobre eventos futuros e indicando mecanismos de 
controle para que se possa intervir favoravelmente sobre os mesmos. A verdade em ciência nunca é absoluta ou 
final, pode sempre ser modificada ou substituída. Um conhecimento é válido apenas até que novas observações 
ou experimentações o contradigam.
hENRI POINCARÉ - “Para fazer aritmética, assim como para fazer geometria, ou para fazer qualquer ciência, 
é preciso algo mais que a lógica pura. Para designar essa outra coisa, não temos outra palavra senão intuição”.
Os progressos da ciência são acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso, que segue um caminho 
mais ou menos sistemático na busca de respostas às questões científicas. É este o caminho denominado Método 
Científico, que abriu portas à criação de novas ciências. 
Atualmente, as áreas da Ciência podem ser classificadas de diversas formas. Uma forma usual desta classificação 
é:
- Pura - O desenvolvimento de teorias.
- Aplicada - A aplicação de teorias às necessidades humanas.
- Natural - O estudo da natureza ou mundo natural, como por exemplo: a Biologia, a Física, a Geologia, a 
Química, etc. 
- Sociais - O estudo do comportamento humano e da sociedade, como por exemplo: a História, a Sociologia, as 
Ciências Políticas, etc.
- Biológicas - Estudo do ser humano e dos fenômenos da natureza, como por exemplo: a Biologia, a Medicina, 
a Odontologia, etc.
- Exatas - Têm origem na física, como por exemplo, a Física, a Matemática, a Computação, etc.
- humanas - Estudo	social	e	comportamental	do	ser	humano,	como	por	exemplo:	o	Direito,	a	Filosofia,	as	Letras,	
etc. 
28 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
2.2 - CONhECIMENTOS:FILOSÓFICO - SENSO COMUM OU EMPÍRICO - RELIGIOSO OU 
TEOLÓGICO E CIENTÍFICO.
Provavelmente, você já ouviu dizer que “fulano de tal” tem sempre suas colocações fundamentadas no senso 
comum. Podemos dizer que transitamos com vários tipos de conhecimentos. Entre eles, o que chamamos de 
senso comum. Quando pensamos em senso comum, imaginamos algo superficial. Nesse sentido, podemos dizer 
que não há sistematização, muito menos um método estabelecido no sentido de força argumentativa. Importante 
pensar, que grande parte da nossa organização do conhecimento tem base em questões do senso comum.
Mas, na escola, o conhecimento deverá ir além do senso comum. O conhecimento escolar não pode se dar na 
espontaneidade.
A figura 01 apresenta uma forma de classificar o conhecimento.
Figura 01: Conhecimentos
Fonte: Metodologia do Trabalho Acadêmico - Cecília M. Villas Boas de Almeida.
Segundo Tafner e Silva (2007) o Conhecimento Filosófico, Senso Comum ou Conhecimento Empírico, Conhecimento 
Religioso ou Teológico e Conhecimento Científico podem ser abordados como:
Conhecimento Filosófico, a palavra Filosofia surgiu com Pitágoras através da união dos vocábulos PHILOS 
(amigo) + SOPHIA (sabedoria) (RUIZ, 1996, p.111). Os primeiros relatos do pensamento filosófico datam do século 
VI A.C., na Ásia e no Sul da Itália (Grécia Antiga).
A filosofia não é uma ciência propriamente dita, mas um tipo de saber que procura desenvolver no indivíduo a 
capacidade de raciocínio lógico e de reflexão crítica, sem delimitar com exatidão o objeto de estudo. Dessa forma, 
o conhecimento filosófico não pode ser verificável, o que o torna sob certo ponto de vista, infalível e exato. Apesar 
da filosofia não ter aplicação direta à realidade, existe uma profunda interdependência entre ela e os demais níveis 
de conhecimento. Essa relação deriva do fato que o conhecimento filosófico conduz à elaboração de princípios 
universais, que fundamentam os demais, enquanto se vale das informações empíricas, teológicas ou científicas 
para prosseguir na sua evolução.
O	Senso	Comum	ou	 conhecimento	 empírico é também chamado de conhecimento popular ou comum. É 
aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios de análise. Foi o primeiro nível de contato 
do homem com o mundo, acontecendo através de experiências casuais e de erros e acertos. É um conhecimento 
29METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
superficial, segundo o qual o indivíduo, por exemplo, sabe que nuvens escuras é sinal de mau tempo, contudo não 
tem ideia da dinâmica das massas de ar, da umidade atmosférica ou de qualquer outro princípio da climatologia. 
Enfim, ele não tem a intenção de ser profundo, mas sim, básico.
O Conhecimento teológico ou religioso é o conhecimento relacionado ao misticismo, à fé, ao divino, ou seja, 
à existência de um Deus, seja ele o Sol, a Lua, Jesus, Maomé, Buda, ou qualquer outro que represente uma 
autoridade suprema. O Conhecimento teológico, de forma geral, encontra seu ápice respondendo aquilo que a 
ciência não consegue responder, visto que ele é incontestável, já que se baseia na certeza da existência de um ser 
supremo (Fé). Os Conhecimentos ou verdades teológicas estão registrados em livros sagrados, que não seguem 
critérios científicos de verificação e são revelados por seres iluminados como profetas ou santos, que estão acima 
de qualquer contestação por receberem tais ensinamentos diretamente de um Deus.
O	Conhecimento	científico	está relacionado à ciência, pois a ciência é uma necessidade do ser humano que se 
manifesta desde a infância. É através dela que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a compreensão 
do mundo que o rodeia por meio de ações sistemáticas, analíticas e críticas. Ao contrário do empirismo, que 
fornece um entendimento superficial, o conhecimento científico busca a explicação profunda do fenômeno e suas 
inter-relações com o meio. Diferentemente do filosófico, o conhecimento científico procura delimitar o objeto alvo, 
buscando o rigor da exatidão, que pode ser temporária, porém comprovada. Deve ser provado com clareza e 
precisão, levando à elaboração de leis universalmente válidas para todos os fenômenos da mesma natureza. 
Ainda assim, ele está sempre sob júdice, podendo ser revisado ou reformulado a qualquer tempo, desde que se 
possa provar sua ineficácia.
Resumidamente podemos dizer.
Conhecimento Filosófico - Podemos dizer que o conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão 
humana. Neste sentido, acaba ultrapassando os limites formais da Ciência.
O	Senso	Comum	ou	Conhecimento	 Empírico	 - também chamado de conhecimento popular ou comum. É 
aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios de análise.
Conhecimento Teológico ou Religioso - revela-se na fé divina e nas crenças de diferentes credos. Esse tipo de 
conhecimento depende da formação moral de cada indivíduo.
Conhecimento	 Científico	 - é um produto resultante da investigação ou da pesquisa científica e surge da 
necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária (senso comum) e do desejo 
de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas por meio de provas empíricas e da 
discussão intersubjetiva. Faz uso de ferramentas lógicas e metodológicas para que se tornem padronizados e 
possam ser reproduzidos. Os pressupostos para validade científica são:
-	 Necessidade	de	um	Método	Científico.
-	 Clareza	da	Contribuição	Científica.
-	 Importância	de	um	resultado	passível	de	verificação.
30 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
SAIBA MAIS SOBRE O ASSUNTO:
O que é o senso comum?
Na nossa vida cotidiana, necessitamos de um conjunto muito vasto de conhecimentos relacionados com a forma como a 
realidade em que vivemos funciona: temos que saber como tratar as pessoas com as quais nos relacionamos, temos que 
saber como devemos nos comportar em cada uma das circunstâncias em que nos situamos no nosso dia a dia: a forma 
como nos comportamos em nossa casa é diferente da forma como nos comportamos numa repartição pública, numa dis-
coteca, num cinema, na escola etc. Estamos também rodeados de sistemas de transporte, de informação, de aparelhos 
muito diversos, com os quais temos que saber lidar. De fato, para apanharmos o comboio, por exemplo, temos que saber 
muitas coisas: o que é um comboio e a sua função, como se entra numa estação, como se compra o bilhete, como devemos 
esperar o comboio etc.
Estes conhecimentos, no seu conjunto, formam um tipo de saber a que se chama senso comum.
O senso comum é um saber que nasce da experiência cotidiana, da vida que os homens levam em sociedade. É, assim, 
um saber acerca dos elementos da realidade em que vivemos; um saber sobre os hábitos, os costumes, as práticas, as 
tradições,	as	regras	de	conduta,	enfim,	sobre	tudo	o	que	necessitamos	para	podermos	nos	orientar	em	nosso	dia	a	dia:	
como comer à mesa, acender a luz de uma sala, acender a televisão, como fazer uma chamada telefônica, apanhar o carro, 
o nome das ruas da localidade em que vivemos etc.
É, por isso, um saber informal, que se adquire de uma forma natural (espontâneo), através do nosso contato com os outros, 
com	as	situações	e	com	os	objetos	que	nos	rodeiam.	É	um	saber	muito	simples	e	superficial,	que	não	exige	grandes	esfor-
ços, ao contrário dos saberes formais (tais como as ciências) que requerem um longo processo de aprendizagem escolar.
O senso comum adquire-se quase sem se dar conta, desde a mais tenra infância e, apesar das suas limitações, é um saber 
fundamental, sem o qual não conseguiríamos nos orientar em nossa vida cotidiana.
Sendo assim, torna-se facilmente compreensível que todos os homens possuam senso comum, mas que este varie de 
sociedade para sociedade e, mesmo dentro duma mesma sociedade, varia de grupo social para grupo social ou, também, 
por	exemplo,	de	grupo	profissional	para	grupo	profissional.
Mas,	sendo	imprescindível,	o	senso	comum	não	é	suficiente	para	nos	compreendermos	a	nós	própriose	ao	mundo	em	que	
vivemos,	pois	se	na	nossa	reflexão	sobre	a	nossa	situação	no	mundo,	nos	ficarmos	pelos	dados	do	senso	comum,	por	assim	
dizer os dados mais básicos da nossa consciência natural, facilmente caímos na ilusão de que as coisas são exatamente 
aquilo que parecem, nunca chegando a perceber que existe uma radical diferença entre a aparência e a realidade. Somos 
imperceptivelmente levados a consolidar um conjunto solidário de certezas, das quais, como é óbvio, achamos ser absurdo 
duvidar	(o	texto	da	ficha	3	chama-lhes	“crenças	silenciosas”):	temos	a	certeza	de	que	existimos,	de	que	as	coisas	que	nos	
rodeiam existem, que aquilo que nos acontece é irrefutável etc.
Contudo, essas certezas são questionáveis, pois se baseiam em aparências. E há muitas aparências que se nos impõem 
com uma força quase irresistível, por exemplo: aparentemente, o Sol move-se no céu (não é verdade que esta foi uma 
convicção	aceita,	durante	muitos	séculos,	pela	comunidade	científica?).	Podemos	mesmo	aprender	a	medir	o	tempo	a	partir	
desse movimento aparente. Mas, na realidade, esse movimento aparente do Sol é gerado pelo movimento de rotação da 
terra.
Mas, essa distinção entre aparência e realidade, da qual não nos podemos libertar por causa da nossa natureza (ou melhor, 
da constituição dos nossos órgãos sensoriais e do nosso sistema nervoso), está dependente da diferença que existe entre 
o conhecimento sensível e o conhecimento racional.
O	conhecimento	que	temos	por	meio	dos	sentidos	é	forçosamente	incompleto	e	filtrado,	pois	os	nossos	órgãos	receptores	
só	são	estimulados	por	determinados	fenômenos	físicos,	deixando	de	lado	um	campo	quase	infinito	de	possíveis	estímulos	
(por exemplo, os nossos olhos não captam quer a radiação infravermelha quer a radiação ultravioleta, ao passo que há seres 
vivos que o podem fazer, o mesmo se passando com os ultrasons).
É, portanto, inquestionável que não conhecemos, sensorialmente, a realidade tal como ela é.
Sendo	assim,	os	sentidos	parecem	que	nos	enganam,	pois	os	dados	que	nos	fornecem	acerca	da	realidade	são	insuficientes	
para alcançarmos um conhecimento verdadeiro, ou objetivo da mesma.
Por isso, a Razão permite-nos alcançar conhecimentos que nunca poderíamos alcançar através dos sentidos.
As principais características do senso comum
Caráter empírico – o senso comum é um saber que deriva diretamente da experiência cotidiana, não necessitando, por isso, 
de uma elaboração racional dos dados recolhidos através dessa experiência.
Caráter acrítico – não necessitando de uma elaboração racional, o senso comum não procede a uma crítica dos seus ele-
31METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
mentos, é um conhecimento passivo, em que o indivíduo não se interroga sobre os dados da experiência, nem se preocupa 
com a possibilidade de existirem erros no seu conhecimento da realidade.
Caráter assistemático – o senso comum não é estruturado racionalmente, tanto ao nível da sua aquisição, como ao nível da 
sua construção, não existe um plano ou um projeto racional que lhe dê coerência.
Caráter ametódico – o senso comum não tem método, ou seja, é um saber que não segue nenhum conjunto de regras 
formais. Os indivíduos adquirem-no sem esforço e sem estudo. O senso comum é um saber que nasce da sedimentação 
casual da experiência captada ao nível da experiência cotidiana (por isso se diz que o senso comum é sincrético).
Caráter aparente ou ilusório – como não há a preocupação de procurar erros, o senso comum é um conhecimento que se 
contenta com as aparências, formando, por isso, uma representação ilusória, deturpada e falsa, da realidade.
Caráter coletivo – o senso comum é um saber partilhado pelos membros de uma comunidade, permitindo que os indivíduos 
possam cooperar nas tarefas essenciais à vida social.
Caráter subjetivo – o senso comum é subjetivo, porque não é objetivo: cada indivíduo vê o mundo à sua maneira, formando 
as suas opiniões, sem a preocupação de testá-las ou de fundamentá-las num exame isento e crítico da realidade.
Caráter	superficial	–	o	senso	comum	não	aprofunda	o	seu	conhecimento	da	realidade,	fica-se	pela	superfície,	não	procu-
rando descobrir as causas dos acontecimentos, ou seja, a sua razão de ser que, por sua vez, permitiria explicá-los racio-
nalmente.
Caráter	particular	–	o	senso	comum	não	é	um	saber	universal,	uma	vez	que	se	fica	pela	aquisição	de	informações	muito	
incompletas sobre a realidade (por isso, também se diz que ele é fragmentário), não podendo, assim, fazer generalizações 
fundamentadas.
Caráter prático e utilitário – o senso comum nasce da prática cotidiana e está totalmente orientado para o desempenho das 
tarefas da vida cotidiana, por isso as informações que o compõem são o mais simples e diretas possíveis.
Texto complementar
O senso comum é um saber que está presente em todas as sociedades e em todos os indivíduos (todos são dotados de 
senso	comum).	Mas	o	senso	comum	é	plural,	variando	de	sociedade	para	sociedade	e	modificando-se	com	o	decorrer	dos	
tempos.
O senso comum, enquanto princípio de sociabilidade constitui o acordo mínimo exigível para que qualquer sociedade fun-
cione como tal; ele assegura a coesão indispensável para que se possa falar de comunidade e de vida coletiva.
Ele é princípio de equilibração, essencial a toda a sociedade, entre a dimensão do indivíduo e a dimensão do coletivo ou, 
dito de outra forma, da sujeição do indivíduo às normas da vida coletiva.
O	senso	comum	é	também	o	senso	tradicional.	Costumamos	dizer:	“sempre	foi	assim”	para	justificar	um	procedimento	que	
nos criticam.
O senso comum transporta e naturaliza um conjunto de convenções implícitas ou intrínsecas ao agir humano coletivamente 
dimensionado.
Nesse sentido, ele é conducente ou solidário de uma aceitação que assinala uma passividade inerente e indispensável face 
às exigências práticas e pragmáticas da vida. Como se adquire o senso comum? Ele é fruto da aprendizagem e educação 
que espontânea e/ou institucionalmente recebemos enquanto membros de uma comunidade.
José Manuel Girão e Rui Alexandre Grácio © www.espanto.info.
2.3	-	Conceitos	de	Trabalhos	Científicos.
Todo Conhecimento Científico novo gerado deve ter como essência que os resultados provenientes das suas 
pesquisas científicas trarão a melhoria da qualidade de vida intelectual e material da sociedade. A forma usual de 
encontrarmos os resultados das pesquisas científicas são as publicações dos trabalhos científicos por elas gerados. 
Portanto, os trabalhos científicos são documentos que expressam o resultado de uma reflexão, agregando valor à 
área de conhecimento. Os principais tipos de trabalhos científicos são apresentados a seguir. 
- Relatórios.
-	 Resenhas	Bibliográficas.
32 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância
- Trabalhos Didáticos.
-	 Comunicações	Científicas.
-	 Artigos	Científicos.
- Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
-	 Monografia	(especialização	/	MBA).
- Dissertação de mestrado.
- Tese de Doutorado.
- Livre Docência.
É importante salientar que segundo Tafner e Silva (2007), apesar de haver essa classificação, aceita inclusive 
internacionalmente, é comum encontrar certos equívocos em torno da palavra monografia com respeito a 
dissertações, teses e trabalhos de fim de curso de graduação.
Etimologicamente, monografia é um estudo sobre um único assunto, realizado com profundidade. No entanto, 
essa nomenclatura, monografia, parece destinada aos Cursos de Especialização, e teria como fim primeiro levar 
o autor a se debruçar sobre um assunto em profundidade com o intuito de transmiti-lo a outrem ou de aplicá-lo 
imediatamente. Adiante, veremos outros conceitos acerca da monografia.
Esses relatórios científicos possuem características próprias, como a sistemática, a investigação, a fundamentação, 
a profundidade e a metodologia. E, dependendo do caso, a originalidade e a contribuição da pesquisa para a 
ciência, como é o caso das teses e dissertações.
Em todo o caso, destaca-se que a estrutura dos trabalhos científicos é quase

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