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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ PÓS-GRADUAÇÃO DOCÊNCIA Professor Dr. Flavio Bortolozzi Professora Me. Ludhiana Bertoncello Professora Esp. Fabiane Carniel Professora Esp. Marcia Maria Previato de Souza METODOLOGIAS METODOLOGIA DE PESQUISA METODOLOGIA DE ENSINO CONTEúDO PROGRAMÁTICO MARINGÁ-PR 2010 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Metodologias/ Flavio Bortolozzi, Ludhiana Bertoncello, Fabi- ane Carniel Marcia Maria Previato. - Maringá - PR, 2010. 65 p. “Curso de Pós-graduação em Docência no ensino superior - EaD”. Conteúdo: Metodologia de pesquisa. Metodologia de ensino. 1. Metodologia. 2.Pesquisa. 3. Ensino. 4.EaD. I. Título. II. Carniel, Fabiane. III. Souza, Marcia Maria Previato de. CDD - 22 ed. 378.17 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva Coordenação de Ensino: Viviane Marques Goi Coordenação Geral de Cursos: Edmundo Pozes da Silva Coordenação de Curso: Marcia Maria Previato de Souza NAP – Núcleo de Apoio Pedagógico: Dulcelene Pinatti Almeida Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha Coordenação Comercial: Juliano Mario da Silva Capa e Editoração: Aleksander Pereira Dias, Luiz Fernando Rokubuiti e Ronei Guilherme Neves Chiarandi Supervisão de Material: Nalva Aparecida da Rosa Moura Revisão Textual e Normas: Erica Coimbra, Hérica Pichur e Thays Pretti Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br Reitor: Wilson de Matos Silva Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão: Flávio Bortolozzi “As imagens utilizadas nesta apostila foram obtidas a partir dos sites contratados através da empresa LEVENDULA IMAGEM DIGITAL LTDA - Rio de Janeiro - RJ. Animation Factory; Purestockx; Photoobjects; Clipart e Ablestock”. NEAD - Núcleo de Educação a Distância METODOLOGIA DE PESQUISA Professor Dr. Flávio Bortolozzi Professora Me. Ludhiana Bertoncello SUMÁRIO UNIDADE I A CIÊNCIA, A ABORDAGEM CIENTÍFICA E A EPISTEMOLOGIA 1.1 - A evolução histórica da abordagem científica ............................................................................................... 10 1.1.1 - A - A origem do processo científico: o amor da razão ................................................................................ 10 1.2 - O nascimento da abordagem experimental e das ciências modernas ...........................................................12 1.2.1 - O nascimento da ciência moderna ..............................................................................................................12 1.2.2 - Ascensão e diferenciação das Ciências ......................................................................................................14 1.3 - O pensar da abordagem científica: uma aproximação filosófica – epistemológica ....................................... 15 1.3.1 - Filosofia normativa para pensar a abordagem científica ............................................................................ 15 1.3.2 – As epistemologias descritivas.................................................................................................................... 18 1.4 - O contexto da pesquisa científica .................................................................................................................. 20 1.4.1 - O Estatuto da Ciência ................................................................................................................................. 21 UNIDADE ll METODOLOGIAS DO TRABALHO CIENTÍFICO 2.1 – A CIÊNCIA, SUA EVOLUçãO E SUA CLASSIFICAçãO ............................................................................ 25 2.2 – CONHECIMENTOS: FILOSóFICO – SENSO COMUM OU EMPÍRICO – RELIGIOSO OU TEOLóGICO E CIENTÍFICO .......................................................................................................................................................... 28 2.3 – CONCEITOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS............................................................................................ 31 2.4 – A PESQUISA ................................................................................................................................................ 34 2.4.1 – Metodologia, Método e Técnica ................................................................................................................. 35 2.4.2 – Pesquisa Científica. .................................................................................................................................. 40 2.4.3 – Tipos de Pesquisa Científica ..................................................................................................................... 40 UNIDADE III PROJETO DE PESQUISA, ETAPAS DA PESQUISA E ELABORAçãO DE MONOGRAFIA 3.1 – PROJETO DE PESQUISA ............................................................................................................................ 53 3.2 – ETAPAS DA PESQUISA CIENTÍFICA .......................................................................................................... 54 3.2.1 – Escolha do Tema ....................................................................................................................................... 54 3.2.2 – Revisão de Literatura ou Fundamentação Teórica .................................................................................... 55 3.2.3 – Justificativa ................................................................................................................................................ 56 3.2.4 – Formulação do Problema .......................................................................................................................... 57 3.2.5 – Determinação de Objetivos ....................................................................................................................... 58 3.2.6 – Metodologia ............................................................................................................................................... 59 3.2.7 – Coleta de Dados ........................................................................................................................................ 62 3.2.8 – Tabulação de dados .................................................................................................................................. 64 3.2.9 – Analise e Discussão dos Dados/Resultados ............................................................................................. 64 3.2.10 – Conclusão ................................................................................................................................................ 65 3.2.11 – Redação e Apresentação do Trabalho Científico ..................................................................................... 65 3.2.12 – Divulgação ............................................................................................................................................... 66 3.3 – NORMAS E ESTRUTURA DE UMA MONOGRAFIA .................................................................................. 68 3.4 – NORMAS PARA A REDAçãO DE UMA MONOGRAFIA ............................................................................ 70 3.4.1 – Normas para a apresentação Gráfica ........................................................................................................ 70 3.4.2 – Normas para Citações ................................................................................................................................71 3.4.3 – Normas para Notas de Rodapé .................................................................................................................75 3.4.4 – Normas para Notas Explicativas ............................................................................................................... 75 3.4.5 – Normas para Referência ........................................................................................................................... 76 3.4.6 – Diferenças entre Normalizar e Normatizar ................................................................................................ 78 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................... 80 UNIDADE I A CIÊNCIA, A ABORDAGEM CIENTÍFICA E A EPISTEMOLOGIA Professor Dr. Flávio Bortolozzi Professora Me. Ludhiana Bertoncello Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a evolução histórica da abordagem científica. • Conhecer o nascimento da abordagem experimental e das ciências modernas. • Entender o pensar da abordagem científica sob o ponto de vista epistemológico. • Entender o contexto da pesquisa científica. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O conceito de epistemologia. • O conceito de abordagem científica. • A evolução das ciências. • A abordagem científica e sua evolução. • O nascimento da abordagem experimental. • O nascimento da ciência moderna. • O contexto da pesquisa científica. 9METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância Fo nte : L EV EN DU LA IM AG EM D IG ITA L L TD A - R io de Ja ne iro - RJ INTRODUÇÃO Este capítulo trata de aspectos fundamentais da ciência acerca do conceito de epistemologia, da abordagem científica e sua evolução, do nascimento da abordagem experimental, do nascimento da ciência moderna e do contexto da pesquisa ao longo do tempo. Ele foi baseado e traduzido parcialmente do artigo “La démarche scientifique” de Hélène Hagège da Universidade de Montpellier II – Institut de Recherche sur l'Enseignement des Mathématiques – IREM, de fevereiro de 2.007 (Hagège, 2007). As ciências ditas duras (Matemática, Física, Química, Biologia etc.) beneficiam-se de um status privilegiado nas sociedades ocidentais. Elas produzem conhecimento aos quais é atribuído um valor especial. De onde vem esta particularidade? Em que estes conhecimentos são diferentes dos outros conhecimentos provenientes das atividades humana (Ciências Humanas, Sociais, Religião, Culinária etc.)? Como são elas elaboradas? Alguns pensam que a ciência é caracterizada pela aplicação de uma abordagem específica, a “a abordagem científica". De acordo com a imagem popular, tal abordagem teria como objetivo descobrir, entender e explicar o mundo tal qual ele é. Ela seria constituída por etapas bem determinadas e respeitadas de maneira rigorosa. Ela consistiria no exercício de uma razão pura, de confrontação com experiências e de observações neutras, que conduziriam à elaboração de teorias em estrita correspondência com a realidade. Assim, os conhecimentos objetivos que emanam seriam adicionados progressivamente de maneira a tender assintoticamente na direção da verdade, ou seja, uma descrição do mundo tal qual ele é (mesmo que a história nos tem mostrado que a ciência avança às vezes por tentativa e erro, os erros seriam eliminados pouco a pouco, de maneira que os conhecimentos preservados finalmente responderiam a esse padrão). O que é epistemologia? O termo "epistemologia" aparece pela primeira vez em 1854. É composto de Raízes gregas que, juntas, significam "discurso racional (logos) de conhecimento (episteme)”. Hoje, "epistemologia" e "filosofia da ciência" se distinguem. A primeira corresponde à ciência que estuda como funciona a ciência. Portanto, ela consiste na análise rigorosa dos discursos científicos e suas modalidades de produção. Contrariamente ao que é chamada de “filosofia das ciências”, a epistemologia exclui frequentemente uma reflexão sobre os significados dos conceitos (ela se concentra sobre o seu papel). Ela tenta responder às seguintes questões: "De onde vêm os saberes científicos? O que existe de particular em relação aos outros saberes? Como são eles validados? Qual é o seu alcance explicativo?" Nosso objetivo neste capítulo é de questionar esta visão espontânea da abordagem científica (particularmente os termos em itálico e sublinhado), confrontando-os para fornecer uma visão crítica que sob o ponto de vista dos epistemólogos. Faremos o possível para alcançar, passo a passo, os pontos comuns e as divergências concernentes aos processos de elaboração dos conhecimentos. 10 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância 1.1 - A EVOLUÇÃO hISTÓRICA DA ABORDAGEM CIENTÍFICA Para entender como é constituída uma abordagem particular nas ciências, é necessário considerar como, historicamente, uma abordagem foi individualizada. Assim, nós convidamos você a revisitar o passado, e imaginar o que se desenvolveu nas sociedades que eram muito diferentes da nossa de hoje em dia. 1.1.1 - A origem do processo científico O nascimento da atividade científica situa-se na Grécia, no século VI a.C. A matemática nasceu muito antes, com as trocas comerciais e as necessidades de contar objetos, assim como de calcular superfícies cultiváveis ("cálculo" vem do latim calculus, que significa “pedra". Nesta época, os pastores possuíam um pote na entrada dos celeiros no qual jogavam tantas pedras quantas fossem equivalentes às ovelhas que entravam). Portanto, eram ferramentas que permitiam resolver problemas pragmáticos. Utilizamos, por exemplo, "" aproximativo para calcular a área dos círculos. Foram os gregos que lançaram os primeiros fundamentos sólidos da Matemática que a fizeram uma verdadeira disciplina teórica, com enunciados gerais e não relativos a casos particulares, adotando um estilo que ainda hoje é viável. Esta nova abordagem foi colocada em prática graças à sociedade de cidadãos relativamente livres e soberanos: ela deu um lugar privilegiado a discussão e debate público, favorecendo assim o desenvolvimento dos pensamentos abstratos e argumentados - a filosofia -, e considerações matemáticas com base em fundamentos rigorosos e convincentes. Assim, os historiadores consideram que nesta sociedade se originaram as verdadeiras demonstrações matemáticas. A Pitágoras (570-480) devemos o termo filosofia: “amor da sabedoria" e mathèma (matemática): “o que é aprendido”. Foi ele e sua escola, que retiraram os matemáticos de preocupações utilitárias. Seu lema, "tudo é número" significa que os números inteiros são a essência do mundo e de seu conhecimento. Assim, associa-se a cada número inteiro um princípio metafísico que lhe confere um significado místico. Com o seu antecessor e mestre Thales (625-547), eles foram os primeiros a serem reconhecidos por praticarem um discurso racional sobre a natureza. Ou seja, eles procuram explicar os fenômenos naturais pelas causas naturais (e não pela ação dos Deuses). Por exemplo, de acordo com Thales, um só princípio ativo - a água - pode explicar os movimentos e as transformações que o mundo sofre. Por outro lado, seu discípulo Anaxímenes (585- 525), afirma que é o ar. Eles procedem por confrontação de argumentos. Seu objetivo é elaborar um conhecimento verdadeiro. Esta atitude é chamada de racionalismo: o conhecimento vem do exercício da razão. Ao contrário dos Pitagóricos, Platão (428-348) pensa que o mundo em si não é conhecível; é idealista. Ele quer dizer que o conhecimento não está no mundo real, mas em um mundo ideal, onde os objetos são perfeitos - o mundo das ideias. Por exemplo, o conhecimento que consiste em pensar sobre o círculo e as propriedades matemáticas que resultam sobre ele não concernem com o que se passa o mundo real. Exemplificando, o círculo 11METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância do mundo real, que seria uma infinidade de entidades unidimensionais, os pontos, perfeitamente equidistantes de um centro – no mundo ideal não existe. Aristóteles(384-322), discípulo de Platão, se opõe ao idealismo de seu mestre, ele é realista. Para ele, o mundo "de baixo" é conhecível, ele tem uma lógica própria que é acessível à nossa razão. Assim, é o primeiro a propor a ideia de uma física, que ele denomina igualmente "segunda filosofia" (a filosofia primeira correspondente à metafísica). Segundo ele, a verdade só pode vir da argumentação lógica e observação do mundo. Assim, a faculdade suprema do homem, a razão (nós), nos permite a contemplação (teoria) do mundo tal como ele é. Aristóteles chamava episteme à natureza do conhecimento, que ele acreditava vir da lógica, modalidade de raciocínio que vinha do geral ao específico, do abstrato ao concreto. Esta é a abordagem científica que ele defende. Ele analisou as condições para o estabelecimento de uma prova pela argumentação dedutiva. A abordagem dedutiva vai do geral para o específico: partindo de princípios gerais, podemos fazer inferências ou deduções sobre casos particulares (ela se opõe a abordagem indutiva, que consiste em identificar os princípios gerais a partir do estudo de casos particulares). Assim, Aristóteles elabora uma metafísica segundo a qual a variedade e as transformações dos objetos reais devem-se a uma combinação de quatro elementos: terra, ar, fogo e água. O mundo celeste é cada vez mais regido por uma substância mais nobre: o éter. As proporções dos quatro ou cinco elementos determinam as qualidades dos objetos segundo uma série de escalas; do quente ao frio, do seco ao úmido, do alto ao baixo etc. Portanto, ele propõe um sistema teórico mais amplo e mais rico do que seus antecessores. Assim, praticando a observação, pesquisando as causas e classificando os fenômenos, ele se lança na empreitada de atualizar a ordem inerente à natureza. Seu princípio de classificação foi retomado, ele dissecou os seres vivos e classificou segundo dois critérios: a morfologia e fecundidade intraespecífica. CONCLUSõES A partir desse esboço do nascimento da ciência, tiremos algumas conclusões. - O nascimento da ciência permitiu, em um contexto sócio-político particular, a democracia. Veremos que as abordagens científicas estão sempre em interação com as evoluções do resto da sociedade. - O nascimento de um método científico depende de escolhas humanas que definem as regras da demonstra- ção (dedução versus indução, por exemplo), os questionamentos legítimos, assim como as bases metafísicas sobre as quais repousa tudo o resto. - Originalmente, a matemática, a filosofia, a astronomia (que nós não mencionamos, mas que foi igualmente de- senvolvida pelos antigos Gregos), depois a física com Aristóteles, participavam todos de uma mesma atividade: o pensamento sobre o mundo. Em meio a constante mudança das coisas e dos seres, o pensamento pode ter selecionado algo estável? Esta atividade resultou necessariamente em uma reflexão (e divergências) sobre o objeto (real ou ideal) sobre o qual se faz o conhecimento. 12 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância - Para os gregos, um papel é dado à razão, a qual Aristóteles tenta atribuir regras intangíveis. No entanto, a argumentação - e sua linguagem de persuasão - é essencial na progressão científica. - Na mesma ordem de ideias, a definição da abordagem científica compreende a designação de objetos legíti- mos de estudo (por exemplo, a física aristotélica) e a invenção dos termos (isto é, o enriquecimento da lingua- gem) para descrevê-los. - Finalmente, a tentativa de estabelecer uma "abordagem científica" é indissociável do projeto humano que a subentende: generalizar as explicações, abstrair de uma diversidade aparente dando uma unidade de funcio- namento subjacente. Devemos as contribuições maiores a Aristóteles, que, ainda hoje, são importantes. Séculos depois dele, Thomas d´Aquino (1225-1274) começou a transferir ao cristianismo a ciência aristotélica tentando conciliar às teses da igreja. Assim, ele introduz uma física finalista e uma cosmologia geocêntrica. Ele conseguiu uma síntese entre a "verdade revelada" e ciência aristotéliciana, dando ao estudo da natureza uma legitimidade nova. Esta síntese - a escolástica - torna-se sutilmente a posição oficial a igreja. Portanto, a escolástica é tanto um método baseado no estudo e revisão de textos religiosos e seculares e os direitos permitidos e, em segundo lugar, uma filosofia desenvolvida e ensinada nas universidades Idade Média para conciliar a filosofia antiga, especialmente o ensino de Aristóteles com a teologia cristã. A lógica formal ou aristotélica foi preservada até o final da Idade Média. Ela perdura na matemática, onde ainda tem suas limitações. Ela é divorciada da realidade. Ela será criticada na época em que o silogismo: "Um cavalo barato é raro”, ou “tudo o que é raro é caro”, portanto, “um cavalo barato é caro" vem ser famoso. 1.2 - O NASCIMENTO DA ABORDAGEM ExPERIMENTAL E DAS CIÊNCIAS MODERNAS: DO AMOR à RAzÃO PARA A PRIMAzIA DA ExPERIÊNCIA. Com a Renascença, uma volta à natureza abraça a sociedade (na arte como na ciência). Agora, entendemos que a razão não tem valor científico a não ser que ela seja confrontada pela experiência. Aqui, surge Galileu como protagonista. 1.2.1 - O nascimento da ciência moderna. Galileo Galilei (1564-1642), dito Galileu, foi um matemático e físico. Ele chega a um mundo onde a escolástica é necessária e a Inquisição é uma autoridade jurídica e forte. Depois de vários séculos, a escolástica impõe uma visão de mundo que conforta nossos sentidos (e nossa moral), como vemos todos os dias, o sol gira em torno da Terra - ele dorme a noite - e as estrelas são fixas no céu, penduradas na cúpula celeste. Nicolau Copérnico (1473-1543), cientista polonês, autor da teoria heliocêntrica morre. Ele publicou sua teoria no dia da sua morte, para evitar represálias da igreja e apresentando como uma hipótese acomodante para os seus cálculos, não como uma asserção verdadeira (ele se apresentava, portanto, como um idealista). 13METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância Galileu estudou a cicloide e formulou as leis da queda dos corpos, mostrando que a trajetória de um projétil é uma parábola. Ele construiu um dos primeiros microscópios e efetuou as primeiras observações do céu ao telescópio/ luneta. Ele submete suas hipóteses ao veredicto da experiência e os escolhe de acordo com sua capacidade de prever (e não segundo a evidência). Ele introduz notadamente o conceito de gravidade (aceleração constante) e o conceito de velocidade instantânea para explicar a queda de corpos pesados. Sua originalidade consiste em substituir a mistura de considerações qualitativas de seus predecessores por conceitos claros, uníquívocos - posição, inércia, velocidade instantânea e aceleração - e depois confrontar os resultados com o raciocínio, explicitados sob a forma matemática, com dados experimentais bem definidos, e não as pretendidas evidências lógicas. Galileu é considerado o inventor da ciência moderna por que: I. Aplicou a matemática aos problemas físicos “a filosofia está escrita neste livro imenso (...), o universo(...). Este livro é escrito em linguagem matemática "GG”, considerando que o papel da técnica é de levar em conta as provas refutantes ou de confirmar as teorias; e que o papel da teoria não é somente o de explicar, mas igual- mente de fornecer elementos de prova e de previsão. Galileia contra a teoria aristotélica: uma luta histórica contra um obstáculo epistemológico. • Obstáculo epistemológico é um conhecimento, uma representação mental, que se faz obstáculo a outro conhe- cimento. Aqui o geocentrismo se opõe à teoria heliocêntrica. • Em 1600, o teólogo e filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600) foi queimado vivo após oito anos de julga- mento pela Inquisição. Teorizou com base no trabalho de Nicolau Copérnico e Nicolau de Cusa para mostrar, de um ponto de vista filosófico, a pertinência de um universo infinito, povoado por incontáveis mundos idênticos ao nosso.• Em 1604, Galileu iniciou a observação uma nova estrela com sua potente luneta/telescópio astronômica que ele desenvolveu, embora o surgimento de uma nova estrela, e sua morte súbita, entre em total contradição com a teoria estabelecida da inalterabilidade dos céus, Galileu continua aristotélico em público, mas internamente ele já é Copernicano. Ele espera a prova irrefutável sobre a qual se apoiará para denunciar o aristotelismo. • Durante o outono de 1609, Galileu continua a desenvolver a sua luneta. Em novembro, ele faz cria um instru- mento que faz um zoom de 20 vezes. Ele vira a sua luneta para o céu. Rapidamente, observando as fases da Lua, ele descobre que este astro não é perfeito como queria a teoria aristotélica. A Física aristotélica, que era uma autoridade na época, apresentava dois mundos distintos: - O mundo "sublunar", incluindo a Terra e tudo que está entre a Terra e a Lua, neste mundo tudo está mudando e é imperfeito; - O mundo “supralunar”, que começa a partir da Lua e se estende para além. Nesta zona, havia somente formas geométricas perfeitas (das esferas) e movimentos regulares imutáveis (circulares). Em 7 de janeiro de 1610, Galileu fez uma descoberta importante: ele notou três pequenas estrelas na periferia de Júpiter. Depois de várias noites de observação, ele descobriu que eles eram quatro e giravam ao redor do planeta. Estes são os quatro satélites de Júpiter, hoje apelidados de "Luas de Galileu". Para ele, Júpiter e seus satélites são um modelo do sistema solar. Através deles, ele pena em demonstrar que as orbitas de cristal de Aristóteles não existem e que todos os corpos celestes não giram em torno de Terra. É um duro golpe para o tratado aristotélico. 14 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância Ele também corrige alguns Copernicanos que afirmavam que todos os corpos celestes giram em torno do Sol. • O Cardeal Belarmino, que queimou Giordano Bruno, ordenou uma investigação discreta ser realizado sobre Galileu pela Inquisição, em Junho de 1611. Na verdade, o heliocêntrico contraria a duas passagens da Bíblia: - Salmo 93 (92) "Tu fixou a terra fechada e imóvel." - Josué 10, 12-14, na qual Josué para o curso do Sol e da Lua. • O papa Urbano VIII, que protege a Galileu, pede um livro onde os dois sistemas, Ptolomeano (Ptolomeu (90- 168), cientista grego, escreveu um tratado astronômico conhecido como o Almagesto. Neste trabalho, propôs um modelo geocêntrico do sistema solar, que foi aceito como um modelo no Ocidente e no mundo árabe por mais de mil e trezentos anos.) e Copernicano, seriam confrontados e apresentados em pé de igualdade. Em 21 de fevereiro de 1632, Galileu publicou em Florença seu Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo (Dialogo sopra i due massimi Sistemi del mondo), onde zomba implicitamente o geocentrismo de Ptolomeu. O Diálogo é, às vezes, uma revolução e, ao mesmo tempo, um verdadeiro escândalo. O livro é, de fato, aberta- mente pró-copernicano, corajosamente desrespeitando a proibição de 1616 (que valeu até 1757). • Em 22 de junho de 1633, no convento dominicano de Santa Maria, é dada a sentença: Galileu foi condenado à prisão perpétua (pena imediatamente comutada por Urbano VIII em prisão domiciliar) e que a obra de Galileu fosse proibida. 1.2.2 - Ascensão e diferenciação das Ciências As mudanças consecutivas na obra de Galileu e a intervenção no século 17 foram chamadas de “A revolução científica”. Essa revolução é caracterizada pelo desenvolvimento da abordagem experimental, a matematização da física e astronomia, e o desenvolvimento da matemática. Ela anunciou uma transformação dos modos de trabalho dos cientistas (especialmente em relação à divulgação dos trabalhos). A partir da segunda metade do século 17, as primeiras academias e sociedades científicas são criadas (por exemplo, a Royal Society de Londres em 1660 e a Academia Francesa de Ciências, em 1666). Ao esclarecer sua abordagem e delimitando os objetos de estudo aos quais uma determinada abordagem se aplica, os cientistas irão se especializar cada vez mais no estudo de domínios específicos do mundo. Assim, vão surgir: a Física, no século XVII, com Galileu; a Química, no XVIII, com Lavoisier; e a Biologia, no século XIX. CONSIDERAÇõES FINAIS - A ciência moderna e os novos métodos são criados com o Galileu, em oposição com o senso comum. Assim, um novo elemento importante da abordagem científica é que propõe novos valores de referência: eles são mais consistentes com as teorias do imediatismo dos nossos sentidos, ou teorias de consistência interna, mas a coerência entre a teoria, as observações e previsões, validado por aplicações matemáticas. Estamos teste- munhando uma característica do projeto subjacente à abordagem científica: romper com a subjetividade hu- mana para aspirar a uma objetividade, isto é, o enunciado do discurso que teria um valor, independentemente da nossa condição humana e poderiam representar propriedades intrínsecas dos objetos - a realidade tal como ela é (Galileu foi realista). - Outra novidade introduzida por Galileu é o advento da abordagem experimental, que produz a criação de instru- mentos a serviço da teoria, permitindo confirmar ou desmentir as previsões que esta teoria permite. Assim, o que parece fundamental para a abordagem científica não é mais somente a razão, mas o relacionamento entre 15METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância os seus produtos (as teorias) e a observação do mundo (resultantes da experimentação). - Novamente, a definição de uma abordagem científica depende de escolhas humanas definindo as regras se- gundo as quais deve se fazer ciência. Estas escolhas são uma questão de convicção, e mais tarde nós iremos desenvolver a ideia de que a natureza não pode ser colocada como árbitro, trata-se da adesão de crenças. - Novamente, a precisão de uma abordagem científica é acompanhada de uma criação da linguagem e da invenção de objetos de estudos abstratos, de ferramentas intelectuais, de conceitos (por exemplo, o conceito de velocidade instantânea). Esses objetos não são dados pela natureza, mas inventados para responder às necessidades (aqui notadamente de matematização). - Ainda uma vez a abordagem é permitida por um contexto sócio-cultural particular, aqui o retorno à natureza característica da renascença. - Finalmente, o nascimento deste novo método individualiza a Matemática, que se tornam ferramentas para outros campos da ciência. As ciências experimentais diferem da Matemática pela natureza fundamentalmente diferente de seus objetos de estudo. Os primeiros os definem e recorta em um mundo tal qual ele é percebido. Os segundos estudam os objetos inteiramente criados pelo Homem. 1.3 - O PENSAR DA ABORDAGEM CIENTÍFICA: UMA APROxIMAÇÃO FILOSÓFICA – EPIS- TEMOLÓGICA Temos descrito como a "abordagem científica" nasceu e proposta de interpretações concernentes às suas características. Vamos agora mostrar como algumas grandes figuras, filósofos, cientistas e epistemólogos pensaram nesta abordagem. Podem-se distinguir dois tipos, em função da questão a qual eles procuram responder, que são apresentadas em ordem cronológica. Na verdade, para analisar a ciência, poderíamos perguntar: - Como a ciência deve funcionar? A resposta a esta questão pertence à filosofia normativa, que define as normas que devem ser adotadas na abordagem científica. - Como a ciência funciona efetivamente? A resposta a esta questão pertence à filosofia descritiva que tenta descrever a abordagem científica tal como ela é. Aqui seria impróprio falar de "epistemologia", porque i) seria um anacronismo e ii) por essência, a epistemologia é individualizada como uma disciplina com objetivo descritivo do que mais normativo. Assim "epistemologia descritiva" é redundante. No entanto, às vezes é pertinente mencionar aqui os movimentos da filosofia normativa, porque eles são a origem da epistemologia. Sua invocação é, portanto, necessária para a compreensãoda especificidade e do sentido das respostas trazidas pela epistemologia. 1.3.1 - Filosofia normativa para pensar a abordagem científica. Como mencionado anteriormente, a determinação de Galileu e sua luta contra a escolástica bagunçaram a sociedade da época. Assim, alguns se inspiraram para repensar a maneira de como fazer ciência. Francis Bacon (1561-1621), estadista e filósofo Inglês, assinala o nascimento do empirismo, ele propõe a primeira regra da pesquisa. Isso quer dizer que não se deve afastar muito das experiências e observações, construindo teorias com muito 16 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância cuidado e estando sempre pronto para desafio. É realista (“veracitas naturae") e pensa então que para revelar esta verdade escondida na natureza, não é preciso construir teorias prematuras, efetuando um vai-e-vem constante entre a observação/experimento e a teoria. É conhecido como o filósofo que rompeu com a escolástica. Ele se rebela contra o ensino próprio da Idade Média e funda sobre a tradição aristotélica interpretada pelos teólogos. Defende um ensino centrado em torno da exploração e do estudo da natureza. Além disso, mostra-se favorável à separação entre ciência e religião, contribuindo para a organização do espaço das ciências, que ele dotou de uma juridição autônoma. Sob a impulsão dos mesmos movimentos, René Descartes (1596- 1650), filósofo, matemático e físico francês, defende um novo método científico em seu "Discurso do Método" (1637). Como Francis Bacon, ele defende um método que se livra dos obstáculos constituídos por um conhecimento anterior que pode ser falso. No entanto, ele insiste sobre a necessidade de dotar do que é considerado como adquirido, de todas as crenças anteriores, fazendo esquecer tudo (tábua rasa), de maneira a construir um saber sobre bases inteiramente novas. Em seu entusiasmo de questionar tudo o que ele pensava estar certo, ele começa a se perguntar se ele deve duvidar de sua própria existência, concluindo pela negativa: cogito, ergo sum ("Penso, logo existo"). Descartes é considerado o inventor da filosofia moderna. Claude Bernard (1813-1878), médico e fisiologista francês, é considerado o fundador da fisiologia moderna. Ele insiste sobre os dois aspectos desenvolvidos por Descartes e Bacon: duvidar das teorias anteriores e considerar os fatos (a partir de observações ou experimentos) como os árbitros finais. Sua fisiologia experimental entra em ruptura com a medicina do seu tempo que era antes de tudo essencialmente descritiva. Em "Introdução ao Estudo da Medicina Experimental" (1865), ele anuncia querer fazer desta disciplina "uma ciência independente, com seus métodos e propósitos.". Ele propõe etapas que devem que devem constituir toda a abordagem experimental (a famosa “OhERIC”): - Observação, sem prejulgamento. - Elaboração de uma hipótese realista e verificável. - Experiência com uma testemunha (por exemplo, caso normal versus patológico) e uma contraprova (se retirar- mos "A" e "B" for excluído, podemos deduzir que "A" é a causa de “B”. - O Resultado produzido consiste no árbitro supremo das teorias: eles são retificados em função, e de maneira 17METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância a ter teorias as mais gerais possíveis. Assim, a Interpretação leva à Conclusão "que se impõe". Mas ele admitiu-se privilegiado por ter a sua teoria com os fatos em determinadas circunstâncias. Suas ideias são baseadas em uma interpretação determinista, tal que cada fenômeno encontra na sua origem um conjunto finito de causas. Isolando todos os casos, o fenômeno deve ser totalmente acessível à razão. O filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) é o propagador do movimento chamado positivismo. Ele entra em ruptura com as teses de Claude Bernard, defendendo que é preciso pesquisar leis e não as causas, baseando sobre a avaliação de quantidade e não de qualidade. A distinção entre as leis e as causas é que as primeiras respondem a um "como", enquanto que as segundas respondem a um "porquê". Assim, é idealista e não realista (os idealistas argumentam que a ciência só pode propor mecanismos para explicar os fenômenos (resposta a um “como”). Ao contrário do realistas (que acreditavam que fornecia acesso à natureza íntima da realidade, para identificar as causas respondendo a um porquê) ele defende o método indutivista: as teorias não devem ser feitas a priori, só devemos interpretar a posteriori. Onde, Comte defendia: precisamos de uma teoria qualquer para abordar os fatos. Comte descreve os passos progressivos do espírito humano (cada ramo de nossos conhecimentos passa invariavelmente por três estados): - Estado teológico (perfeição atingida com Deus); - A metafísica (forças abstratas: a natureza íntima e a finalidade do universo); - Estado científico ou positivo: a pesquisa das relações invariáveis, de sucessões e similitudes a partir de fatos observados. Em Comte, temos a origem da máxima “Ordem e Progresso” encontrado na bandeira brasileira. O termo "positivismo" é impregnado de valores, porque Comte tinha confiança no progresso da humanidade através da ciência e acredita nos benefícios da racionalidade científica. O positivismo de Auguste Comte inspirou um grupo de cientistas e filósofos europeus conhecido como o "Círculo de Viena" (criado em torno de 1929, na Áustria). Este grupo é considerado hoje como uma derivação dos idealistas guiados pela quimera de poder estabelecer de novo um método científico que seria capaz de unificar todas as ciências que conduziria à verdade universal. Ele afirma que o positivismo lógico ou empirismo lógico seja baseado em um critério de verificação / significação. Para que um enunciado tenha um sentido, é preciso que ele o tenha sobre um dado empírico observável. Se não há nenhum meio de dizer se verdadeiro ou falso, então não tem nenhum sentido (e não é científico: cabe à metafísica ou à pseudociência). Haviam enunciados de base, primitivos, que não deviam ser submetidos à verificação, chamando diretamente aos nossos sentidos. Os enunciados que nos dizem algo sobre o real devem ser colocados em relação com um dado empírico imediatamente. Todos os enunciados devem ser formulados em uma linguagem universal. 18 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância De fato, o método de verificação, em alguns casos, tem como base a indução (que vai de específico para geral). Na lógica, a indução é uma abordagem intelectual familiar que consiste em proceder, por inferência provável, quer dizer, são dedutíveis das leis por generalizações das observações. Quanto mais um é fenômeno observado de maneira repetida, mais sua generalização vem a ser provavelmente verdadeira. O positivismo lógico representa um estilo de pensamento filosófico que pretende eliminar todos enunciados metafísico do linguajar cientifico, baseando-se sobre a lógica matemática fundada por Bertrand Russell, Alfred North Whitehead, Gottlob Frege e Ludwig Wittgenstein. Este método científico conduziria à construção, sobre uma base lógica, de um “idioma formal”, a vocação universal, que será a base da unidade da ciência. O dia em que os filósofos empregarem todo este idioma, as divergências doutrinais cessarão, e a partir deste ponto se desenvolverá o entendimento mútuo entre as nações (segundo um espírito análogo ao do movimento esperantista). 1.3.2 – As Epistemologias Descritivas Karl Raymund Popper (1902-1994) escreveu "The Logic of Scientific Discovery" (1934) ou “Lógica da descoberta científica” em plena crise da física. Ele se opõe a teorias do Círculo de Viena e suas noções de conhecimento provável. Ele mostra que a indução não é uma heurística (heurística significa "que serve para descobrir") e que ela não é praticada pelos cientistas. Ele propõe que uma lei é uma construção intelectual, portanto, não é objetiva. Somente a refutação é objetiva. Propõe-se o critério de cientificidade (a propriedade é algo que é considerado científico),também conhecido critério de demarcação entre ciência e pseudociência, como a falseabilidade (e não a verificação como uma significação). Um enunciado não contestado é sem interesse (e não pode ser qualificado de "científico") porque não é preditivo e nem explicativo. Por conseguinte, não há conhecimento definitivo, uma vez que deve ser refutável. É, portanto, o primeiro a avançar a ideia fundamental de que não podemos provar que qualquer coisa é verdadeira, podemos somente provar que é falsa. A ciência não produzirá, desta forma, verdades, mas ela terá um progresso: definindo, restringindo os domínios de validade dos seus modelos e teorias, ou até mesmo alterando a mais adequada. A ciência se organizada em torno de conjecturas e de refutações. Assim, subscrevemos uma refutação a especular quando as tentativas forem infrutíferas. Ele aporta, assim, o princípio fundamental de nascimento objetividade intersubjetiva: a objetividade surge das confrontações feitas dentro da comunidade científica. Assim, a objetividade aparece como sendo o consenso social em torno de uma proposição inicialmente subjetiva. Contrariamente ao impulso que foi anunciado após Galileu, a noção de objetividade não seria o oposto da subjetividade e não corresponderia mais a uma propriedade que poderia ser dissociada da atividade humana. Outros autores, na sequência, vão esclarecer as proposições de Popper. Thomas Kuhn (1922-1994) opõe-se a Popper sobre: i) a concepção linear e continuísta das ideias científicas e ii) a ideia de que uma "contraprova" necessariamente conduz à refutação da teoria em questão. Ele se baseia sobre uma análise sociológica e histórica das ciências. Ele propõe que no âmbito da ciência normal, os pesquisadores devem aderir às normas e regras da prática científica e é isso que fará a diferença 19METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância com uma pseudociência. Sua pesquisa é enquadrada por um paradigma, que fornece um molde para interpretar a realidade e os métodos e questões legítimas que orientam a pesquisa. O paradigma é também baseado em imperativos metafísicos (assim ele não se baseia unicamente sobre proposições refutáveis). Os cientistas têm a ilusão de saber como o mundo é constituído. Assim, os resultados esperados pertencem a uma gama estreita do trabalho do pesquisador, que consiste em saber como chegar lá. Se o resultado não está no intervalo esperado, ele é ignorado em vez de refutar a teoria de base. Na ciência normal, as publicações são curtas, pontuais e endereçadas a especialistas. Elas começam onde os livros param. Antes do primeiro período da ciência normal, o período pré-paradigmático (ou pré-científico) é caracterizado pela ausência de conhecimentos adquiridos. Este é o caso da física antes de Newton, da química antes de Lavoisier ou da biologia antes da teoria celular. As teorias são, então, elaboradas a partir da metafísica e as publicações são livros gerais endereçados a todos. Durante um período de ciência normal, o paradigma cresce, acumulando gradualmente conhecimentos, mas também anomalias. Estas anomalias são feitas seja para cair contradição com o paradigma ou é a explicação que resiste à metodologia paradigmática. Elas são colocadas de lado, mas em algum momento, eles se tornam muito importantes, podemos entrar em um período de crise (que se opõe à ciência normal). Aqui, as bases do paradigma são questionadas. A crise pode ser resolvida com a adesão de um novo paradigma, o que assinala uma revolução científica. Isso aconteceu durante a transição do paradigma newtoniano para o paradigma einsteiniano. Imre Lakatos (1922-1974), recrutados por Popper, não concorda com Kuhn, que deixa de acreditar que a escolha de um paradigma novo é arbitrária, ou relativa às preferências culturais extras científicas. Na verdade, ele defende uma epistemologia racionalista, isto é, uma aproximação que estuda a ciência apenas do ponto de vista racional e não sociológica. Ele tenta aplicar as teses de Popper (criadas para a física) na matemática, depois ele a critica. Ele acha que não existe de fato experiência crucial que refutem uma teoria. De fato, existiam programas de pesquisa em competição. A cada programa, sua heurística (um conjunto de técnicas aceitas para a resolução de problemas). A restrição negativa que caracterizou a "heurística negativa" é que nós não podemos alterar as hipóteses de base da teoria. Estas hipóteses não modificáveis que, subjacentes ao programa de pesquisa, constituem o núcleo duro da teoria. Este núcleo duro é cercado por um cinturão protetor, nos quais se encontram as hipóteses auxiliares e condições iniciais, que elas podem ser modificadas para melhor se adequar com as observações e, assim, manter a integridade do núcleo duro. A restrição positiva é a direção dada pelo programa de pesquisa com o objetivo de complementar o núcleo duro. Esta heurística indica como enriquecer o núcleo duro a fim de ser capaz de explicar e predizer fenômenos. Um programa progressivo permite previsões inéditas e a descoberta de acontecimentos inesperados, em vez de um programa que se degenera fazendo apena suposições ad hoc para salvar seu núcleo duro face às anomalias. 20 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância Finalmente, Paul Feyerabend (1924-1994) que foi um aluno de Popper na década de 1950. Ele se vê "anarquista", "dadaísta" epistemológico. Ele escreveu "Against method" (1975). Ele acreditava que as categorias tratadas pela metodologia em uso (fatos, observações, experiências...) tinham mudado de significado no curso da história e que o acenar de uma metodologia é um instrumento de opressão que vai ao encontro das liberdades, especialmente porque a descoberta científica não obedece a nenhuma lei ("Anything Goes": "tudo é bom"). Ao analisar a história particular da física, ele pode mostrar que ninguém utiliza um método que será utilizado como uma receita culinária e que nós não podemos reconstruir receitas a posteriori. Os cientistas utilizam todos os meios e todos os tipos de teorias para atingir seus objetivos. Assumindo que não existe um método científico universal, Feyerabend afirmou que a ciência não merece o seu status privilegiado nas sociedades ocidentais. Como os cientistas são incapazes de adotar um ponto de vista universal que garanta a qualidade de suas observações, não há razão para suas afirmações de que a ciência é privilegiada em relação a outras ideologias como as religiões. Portanto, nós não podemos julgar as outras ideologias a partir de pré- julgamentos da ciência. Com base neste argumento, Feyerabend, em seguida, defendeu a separação da ciência e do Estado, da mesma forma que a religião e a sociedade são separadas nas sociedades modernas seculares. Segundo Feyerabend, a ciência também deveria igualmente ser submetida a um controle democrático: não somente os domínios de pesquisa deveriam ser determinados por eleições populares, mas as suposições e as conclusões da ciência deveriam igualmente ser supervisionadas por comitês populares. 1.4 - O CONTExTO DA PESQUISA CIENTÍFICA Na pesquisa científica, primeiramente os pesquisadores definem proposições lógicas ou suposições (hipóteses) para explicar certos fenômenos e observações, e então desenvolvem experimentos que testam essas hipóteses. Se confirmadas, as hipóteses podem gerar leis e teorias. Integrando-se hipóteses de certa área em uma estrutura coerente de conhecimento, contribuí-se desta forma na formulação de novas hipóteses, bem como coloca as hipóteses em um conjunto de conhecimento maior que são as leis e teorias reconhecidas consensualmente pela comunidade científica e/ou o paradigma de seu tempo. Outro ponto importante está relacionado à condução do método(s) científico(s), pois o processo de investigação precisa ser objetivo, e o cientista deve ser imparcial na interpretação dos resultados. Sobre a objetividade, significa dar atenção às propriedades do objeto e não do sujeito (subjetividade).Vale a pena lembrar a afirmação de Hans Selye de: "Quem não sabe o que procura não entende o que encontra", referindo-se à necessidade de formulação de definições precisas (a essência dos conceitos) e que possam ser respondidas com o simples sim ou não. Neste 21METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância sentido, tanto a imparcialidade (evidência) como a objetividade foram incluídas por René Descartes (1596 – 1649) nas regras lógicas que caracterizam o método científico. Desta forma, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la científica, deve seguir determinados passos. Em primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma determinada situação-problema que, normalmente, é seguida, por algumas hipóteses. Usando sua criatividade, o pesquisador deve observar os fatos, coletar dados e então testar suas hipóteses, que poderão se transformar em leis e, posteriormente ser incorporadas às teorias que possam explicar e prever os fenômenos. 1.4.1 - O Estatuto da Ciência O valor da ciência tem variado bastante ao longo da história. O seu estatuto atual tem origem no século XVI, quando surgiu a ciência moderna. A epistemologia (episteme + logos = discurso sobre a ciência) é a disciplina filosófica que se ocupa da análise e crítica do conhecimento científico. O Estatuto da Ciência A - Época Clássica e Idade Média: até o século xVI. A ciência é uma atividade essencialmente contemplativa. - O conhecimento científico apoia-se em procedimentos dedutivos. - A ciência não está separada da filosofia. A filosofia é entendida como a ciência das ciências. - Na antiguidade clássica, Platão e Aristóteles concebem o universo como estático e hierarquizado. - Durante a Idade Média, na Europa, predomina a religião cristã. A ciência está subordinada à filosofia, e esta à teologia. Deus é o criador de tudo o que existe. Para além de Platão e Aristóteles, na ciência, destaca-se agora a influência de Santo Agostinho e São Tomás Aquino. A partir do século XIII, desenvolve-se uma cultura livresca (a escolástica). B - Época Moderna: séculos xV e xVI A ciência moderna. Critica-se o saber livresco, valoriza-se a observação direta e rigorosa, a experimentação e a técnica. - Nos séculos XVI e XVII, revoluções científicas corporizadas nas grandes descobertas geográficas, mas tam- bém nas de Copérnico, Galileu, Pascal, Kleper, Descartes, Leibniz e Newton. - A ciência separa-se da filosofia. - Difunde-se a crença na verdade absoluta do conhecimento científico, o qual caminhava para a resolução de to- dos os enigmas do universo. No século XIX, o positivismo será, neste aspecto, a consagração filosófica destas teses mecanicistas e deterministas. - Galileu. Atribui à observação, à experiência e à matematização do real uma função essencial na compreensão da natureza. - Newton. Procurou unir a Matemática e a Física, fortalecendo o método empírico. Estabeleceu a presença da lei e da ordem na natureza mediante suas descobertas sobre o movimento dos corpos celestes. Mostrou que a 22 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância natureza age racionalmente e não por acaso, estabelecendo o princípio-base do determinismo: se pudéssemos conhecer as posições e os impulsos das partículas materiais num dado momento, poderíamos deduzir pelo cálculo toda a evolução posterior do mundo. - Positivismo - século XIX. Defende que o único conhecimento genuíno é o da ciência e o baseado em observa- ções de fatos. Rejeitou qualquer explicação sobre as coisas que ultrapassam a sua dimensão física. - O positivismo contribuiu para a criação e a difusão de grandes mitos sobre o conhecimento científico: a. Mito da cientificidade: o conhecimento científico é o único que é verdadeiro; b. Mito do progresso: o desenvolvimento da ciência e da técnica são os únicos que poderão conduzir a hu- manidade a um estado superior de perfeição. c. Mito da tecnocracia: A resolução dos problemas da humanidade passa por confiar o poder a especialistas, nas diversas áreas do conhecimento técnico e científico. C - Época Contemporânea: século xx. Crise das concepções deterministas herdadas do período anterior. O conhecimento científico deixa de ser visto como absoluto. Muitos dos mitos desenvolvidos em torno da ciência são abandonados. D - Novas Concepções sobre a Ciência. Século XX. Entre os teóricos da nova concepção da ciência destacam-se Einstein (1879-1955), Heisenberg (1901- 1976), Pierre Duhen (1861-1916), Gaston Bachelard (1884-1962), Karl Popper (1902-1994), Lakatos, Thomas Kuhn (1922) e Feyerabend (1924-1994). Os fundamentos da ciência e da sua evolução são radicalmente alterados. E - Conhecimento Científico – Século XX. - Einstein (1879-1955), destrói a concepção determinista do conhecimento científico (Teoria da Relatividade). - Heisenberg (1901-1976) introduziu o princípio da incerteza, concluindo a destruição do determinismo da física newtoniana. - Popper (1902-1994) demonstrou que toda a ciência é baseada em conjecturas, hipóteses que tentamos con- firmar, mas também refutar. A ciência não é verdadeira, mas conjecturável. Uma teoria só é científica se a pudermos refutar. - Feyerabend (1924-1994) demonstrou que a ciência era avessa a métodos rígidos e universais. As grandes descobertas foram realizadas por aqueles que tiveram a ousadia de romper com os métodos correntes. Nada na ciência é uniforme. As diferentes teorias científicas não passam de diferentes visões do mundo. F - O desenvolvimento das Ciências. - Duhem (1861-1916) sustentou que na ciência não existem começos absolutos. O conhecimento científico progride por acumulação e alargamento de horizontes. - Bachelard (1884-1962), concebeu a evolução da ciência como um processo dinâmico interação entre a razão e a experiência. O progresso científico faz-se através de rupturas epistemológicas com o senso comum, as tradições, os erros e os preconceitos. A ciência avança através da superação destes obstáculos. - Khun (1922-1994) concebe a evolução da ciência, à semelhança de uma história política, como uma sucessão de revoluções, de rupturas, de alterações mais ou menos rápidas e de substituições dos diferentes paradigmas. UNIDADE II METODOLOGIAS DO TRABALhO CIENTÍFICO Professor Dr. Flávio Bortolozzi Professora Me. Ludhiana Bertoncello Objetivos de Aprendizagem • Conhecer a ciência, sua evolução e sua classificação. • Estabelecer diferenças entre o conhecimento empírico e conhecimento científico. • Conceituar pesquisa • Definir os objetivos da pesquisa. • Diferenciar e entender Metodologias, Métodos e Técnicas. • Refletir sobre o ato de pesquisar. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A ciência e sua evolução e sua classificação. • Os diversos conhecimentos. • O que é pesquisa? • Metodologias, Métodos e Técnicas referentes à pesquisa. • Tipos de pesquisa. • O Método científico. 25METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância INTRODUÇÃO Na Unidade I, apresentamos uma retrospectiva filosófico-epistemológica sobre as abordagens científicas desenvolvidas pelo homem e ao final da unidade contextualizamos a pesquisa científica. Neste capítulo, o objetivo é tratar de aspectos fundamentais acerca das Metodologias do Trabalho Científico. Grande parte deste conteúdo foi retirada do trabalho Pesquisa e Prática Pedagógica no Ensino Superior da Professora Me. Taiz de Farias Lara, a qual gentilmente autorizou a utilização deste precioso material, muito bem redigido e de forma coerente e atual. Essa produção se deu face à necessidade de oferecer a você um material mais compatível, no sentido de pensar essa temática em contexto de Pós Graduação. A pretensão em relação à disciplina é de que possamos desmistificar a ideia de que pesquisa científica é coisa destinada aos deuses. Só assim, entenderemos que nós, simples mortais, também podemos fazer pesquisa, desde que consigamos detectar um problema e queiramos de fato pensarsobre o mesmo, no sentido de, após os resultados divulgados, propor interferência em determinada situação que se faça necessária. Acreditamos que assuntos como esse sejam de extrema relevância a todos os cidadãos. Queremos que essa disciplina possa, de fato, aproximá-lo um pouco, ou um pouco mais, do mundo da pesquisa. Estamos abertos a críticas e sugestões, pois temos certeza que é no processo de fazer e refazer que construímos uma educação melhor. Nossa intenção, caro aluno (a), é de que, no decorrer desse material, as respostas ou dúvidas sobre questões relevantes em relação a essa temática possam ser ratificadas ou quem sabe instigá-lo no sentido de quebrar alguns paradigmas e estabelecer outros. 2.1 A CIÊNCIA, SUA EVOLUÇÃO E SUA CLASSIFICAÇÃO A Ciência hoje tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida intelectual e material. Por outro lado, sabemos não ser o objetivo da ciência responder a todas as questões. Além disso, temos consciência de que são as perguntas que movem o mundo e não as respostas, de modo que para responder a estas perguntas com certo grau de certeza necessitamos do conhecimento científico. As funções principais da Ciência são as novas descobertas, os novos produtos e a melhoria da qualidade de vida. A ciência tem como princípios básicos: - Um dos princípios marcantes do conhecimento científico é nunca pensá-lo como absoluto ou final, pois a Ciên- cia pode ser sempre modificada ou substituída. - Temos que considerar que o conhecimento é válido até que novas observações e experimentações o substi- tuam. Costumávamos dizer, até muito pouco tempo atrás, que o conhecimento fornecido pela Ciência é irrefutável, por isso sempre foi colocada em grau de certeza alto. Por meio da Ciência, o Homem fez grandes descobertas. Descobriu a cura e tratamento para muitas doenças; fez hibridações nas plantas, nas frutas... Porém, com a mesma Ciência, o homem criou doenças, vírus, guerra... 26 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância Na Unidade I, acompanhamos uma evolução significativa na Ciência, passamos pela Ciência Antiga que se pautava na autoridade e no uso da lógica. Já a Ciência moderna teve sua base na observação e experimentação: Física, Astronomia, Química. Quando pensamos em Ciência, hoje, visualizamos uma atividade que propõe aquisição sistemática de conhecimentos sobre a natureza biológica, social e tecnológica com a finalidade de melhoria da qualidade de vida intelectual e material. Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa: “Ciência é o conjunto de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio”. Podemos dizer que a qualidade do conhecimento científico é dependente da forma de aquisição que é utilizada. Utilizam-se três formas no processo de pesquisa: Intuição + empirismo + racionalismo - Intuição: criatividade e ideias sobre um novo produto ou processo. - Experimentação: projetar, experimentar, montar, testar, construir. - Racionalização: descrever matematicamente, explicar porque funciona fisicamente. Segundo Neves (2002), a ciência (física), na visão dos livros didáticos, é considerada cumulativa, linear, desprovida de preconceitos e neutra. Para o autor, a ciência (física) deve ser construída como atividade humana que envolve desafios de natureza prática e intelectual, mas que se encontra presa a uma visão de mundo que caracteriza determinadas épocas da história humana. O mesmo considera que é necessário dessacralizar a ciência, tornando acessível, democrática, tangível. E é justamente nos bancos escolares que os mecanismos da exclusão dos sujeitos, na construção do conhecimento, se multiplicam e se perpetuam, afastando, em muitas das vezes, o sujeito comum do mundo da pesquisa. De acordo com o que apresentamos na unidade I, a evolução do conceito de ciência esta relacionado à história do método científico e se mistura com a história da ciência. Documentos do Antigo Egito já descrevem métodos de diagnósticos médicos. Na cultura da Grécia Antiga, os primeiros indícios do método científico começam a aparecer. Grande avanço no método foi feito no começo da filosofia islâmica, principalmente, no uso de experimentos para decidir entre duas hipóteses. Os princípios fundamentais do método científico se consolidaram com o surgimento da Física, nos séculos XVII e XVIII. Francis Bacon, em seu trabalho Novum Organum (1620), uma referência ao Organum, de Aristóteles, específica um novo sistema lógico para melhorar o velho processo filosófico do silogismo. De acordo com estatuto da ciência, a metodologia científica tem sua origem no pensamento que foi, posteriormente, desenvolvido empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton. Na sequência, René Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da decomposição do problema em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa científica. É comum considerar alguns dos mais importantes avanços da ciência, tais como as descobertas da radioatividade, por Henri Becquerel ou da penicilina, por Alexander Fleming, como tendo ocorrido por acidente. No entanto, o que é possível afirmar, à luz da observação científica, é que terão sido parcialmente acidentais, uma vez que as pessoas 27METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância envolvidas haviam aprendido a “pensar cientificamente”, estando, portanto, conscientes de que observavam algo novo e interessante. LEITURA COMPLEMENTAR. FRITJOF CAPRA - “A Terra é, pois, um sistema vivo; ela funciona não apenas como um organismo Gaia, um ser planetário vivo. Suas propriedades e atividades não podem ser previstas com base na soma de suas partes; cada um de seus tecidos está ligado aos demais, todos eles interdependentes; suas muitas vias de comunicação são altamente complexas e não lineares; sua forma evoluiu durante bilhões de anos e continua evoluindo.” PAUL FEYERABEND - “A ciência reclama pessoas flexíveis e inventivas e não rígidos imitadores de padrões de comportamento estabelecidos”. O objetivo básico da atividade científica não é o de descobrir verdades ou ser uma compreensão plena da realidade, mas sim o de fornecer um conhecimento que, ao menos provisoriamente, facilite a interação com o mundo, permitindo previsões confiáveis sobre eventos futuros e indicando mecanismos de controle para que se possa intervir favoravelmente sobre os mesmos. A verdade em ciência nunca é absoluta ou final, pode sempre ser modificada ou substituída. Um conhecimento é válido apenas até que novas observações ou experimentações o contradigam. hENRI POINCARÉ - “Para fazer aritmética, assim como para fazer geometria, ou para fazer qualquer ciência, é preciso algo mais que a lógica pura. Para designar essa outra coisa, não temos outra palavra senão intuição”. Os progressos da ciência são acompanhados de muitas horas de trabalho cuidadoso, que segue um caminho mais ou menos sistemático na busca de respostas às questões científicas. É este o caminho denominado Método Científico, que abriu portas à criação de novas ciências. Atualmente, as áreas da Ciência podem ser classificadas de diversas formas. Uma forma usual desta classificação é: - Pura - O desenvolvimento de teorias. - Aplicada - A aplicação de teorias às necessidades humanas. - Natural - O estudo da natureza ou mundo natural, como por exemplo: a Biologia, a Física, a Geologia, a Química, etc. - Sociais - O estudo do comportamento humano e da sociedade, como por exemplo: a História, a Sociologia, as Ciências Políticas, etc. - Biológicas - Estudo do ser humano e dos fenômenos da natureza, como por exemplo: a Biologia, a Medicina, a Odontologia, etc. - Exatas - Têm origem na física, como por exemplo, a Física, a Matemática, a Computação, etc. - humanas - Estudo social e comportamental do ser humano, como por exemplo: o Direito, a Filosofia, as Letras, etc. 28 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância 2.2 - CONhECIMENTOS:FILOSÓFICO - SENSO COMUM OU EMPÍRICO - RELIGIOSO OU TEOLÓGICO E CIENTÍFICO. Provavelmente, você já ouviu dizer que “fulano de tal” tem sempre suas colocações fundamentadas no senso comum. Podemos dizer que transitamos com vários tipos de conhecimentos. Entre eles, o que chamamos de senso comum. Quando pensamos em senso comum, imaginamos algo superficial. Nesse sentido, podemos dizer que não há sistematização, muito menos um método estabelecido no sentido de força argumentativa. Importante pensar, que grande parte da nossa organização do conhecimento tem base em questões do senso comum. Mas, na escola, o conhecimento deverá ir além do senso comum. O conhecimento escolar não pode se dar na espontaneidade. A figura 01 apresenta uma forma de classificar o conhecimento. Figura 01: Conhecimentos Fonte: Metodologia do Trabalho Acadêmico - Cecília M. Villas Boas de Almeida. Segundo Tafner e Silva (2007) o Conhecimento Filosófico, Senso Comum ou Conhecimento Empírico, Conhecimento Religioso ou Teológico e Conhecimento Científico podem ser abordados como: Conhecimento Filosófico, a palavra Filosofia surgiu com Pitágoras através da união dos vocábulos PHILOS (amigo) + SOPHIA (sabedoria) (RUIZ, 1996, p.111). Os primeiros relatos do pensamento filosófico datam do século VI A.C., na Ásia e no Sul da Itália (Grécia Antiga). A filosofia não é uma ciência propriamente dita, mas um tipo de saber que procura desenvolver no indivíduo a capacidade de raciocínio lógico e de reflexão crítica, sem delimitar com exatidão o objeto de estudo. Dessa forma, o conhecimento filosófico não pode ser verificável, o que o torna sob certo ponto de vista, infalível e exato. Apesar da filosofia não ter aplicação direta à realidade, existe uma profunda interdependência entre ela e os demais níveis de conhecimento. Essa relação deriva do fato que o conhecimento filosófico conduz à elaboração de princípios universais, que fundamentam os demais, enquanto se vale das informações empíricas, teológicas ou científicas para prosseguir na sua evolução. O Senso Comum ou conhecimento empírico é também chamado de conhecimento popular ou comum. É aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios de análise. Foi o primeiro nível de contato do homem com o mundo, acontecendo através de experiências casuais e de erros e acertos. É um conhecimento 29METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância superficial, segundo o qual o indivíduo, por exemplo, sabe que nuvens escuras é sinal de mau tempo, contudo não tem ideia da dinâmica das massas de ar, da umidade atmosférica ou de qualquer outro princípio da climatologia. Enfim, ele não tem a intenção de ser profundo, mas sim, básico. O Conhecimento teológico ou religioso é o conhecimento relacionado ao misticismo, à fé, ao divino, ou seja, à existência de um Deus, seja ele o Sol, a Lua, Jesus, Maomé, Buda, ou qualquer outro que represente uma autoridade suprema. O Conhecimento teológico, de forma geral, encontra seu ápice respondendo aquilo que a ciência não consegue responder, visto que ele é incontestável, já que se baseia na certeza da existência de um ser supremo (Fé). Os Conhecimentos ou verdades teológicas estão registrados em livros sagrados, que não seguem critérios científicos de verificação e são revelados por seres iluminados como profetas ou santos, que estão acima de qualquer contestação por receberem tais ensinamentos diretamente de um Deus. O Conhecimento científico está relacionado à ciência, pois a ciência é uma necessidade do ser humano que se manifesta desde a infância. É através dela que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a compreensão do mundo que o rodeia por meio de ações sistemáticas, analíticas e críticas. Ao contrário do empirismo, que fornece um entendimento superficial, o conhecimento científico busca a explicação profunda do fenômeno e suas inter-relações com o meio. Diferentemente do filosófico, o conhecimento científico procura delimitar o objeto alvo, buscando o rigor da exatidão, que pode ser temporária, porém comprovada. Deve ser provado com clareza e precisão, levando à elaboração de leis universalmente válidas para todos os fenômenos da mesma natureza. Ainda assim, ele está sempre sob júdice, podendo ser revisado ou reformulado a qualquer tempo, desde que se possa provar sua ineficácia. Resumidamente podemos dizer. Conhecimento Filosófico - Podemos dizer que o conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana. Neste sentido, acaba ultrapassando os limites formais da Ciência. O Senso Comum ou Conhecimento Empírico - também chamado de conhecimento popular ou comum. É aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios de análise. Conhecimento Teológico ou Religioso - revela-se na fé divina e nas crenças de diferentes credos. Esse tipo de conhecimento depende da formação moral de cada indivíduo. Conhecimento Científico - é um produto resultante da investigação ou da pesquisa científica e surge da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária (senso comum) e do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas por meio de provas empíricas e da discussão intersubjetiva. Faz uso de ferramentas lógicas e metodológicas para que se tornem padronizados e possam ser reproduzidos. Os pressupostos para validade científica são: - Necessidade de um Método Científico. - Clareza da Contribuição Científica. - Importância de um resultado passível de verificação. 30 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância SAIBA MAIS SOBRE O ASSUNTO: O que é o senso comum? Na nossa vida cotidiana, necessitamos de um conjunto muito vasto de conhecimentos relacionados com a forma como a realidade em que vivemos funciona: temos que saber como tratar as pessoas com as quais nos relacionamos, temos que saber como devemos nos comportar em cada uma das circunstâncias em que nos situamos no nosso dia a dia: a forma como nos comportamos em nossa casa é diferente da forma como nos comportamos numa repartição pública, numa dis- coteca, num cinema, na escola etc. Estamos também rodeados de sistemas de transporte, de informação, de aparelhos muito diversos, com os quais temos que saber lidar. De fato, para apanharmos o comboio, por exemplo, temos que saber muitas coisas: o que é um comboio e a sua função, como se entra numa estação, como se compra o bilhete, como devemos esperar o comboio etc. Estes conhecimentos, no seu conjunto, formam um tipo de saber a que se chama senso comum. O senso comum é um saber que nasce da experiência cotidiana, da vida que os homens levam em sociedade. É, assim, um saber acerca dos elementos da realidade em que vivemos; um saber sobre os hábitos, os costumes, as práticas, as tradições, as regras de conduta, enfim, sobre tudo o que necessitamos para podermos nos orientar em nosso dia a dia: como comer à mesa, acender a luz de uma sala, acender a televisão, como fazer uma chamada telefônica, apanhar o carro, o nome das ruas da localidade em que vivemos etc. É, por isso, um saber informal, que se adquire de uma forma natural (espontâneo), através do nosso contato com os outros, com as situações e com os objetos que nos rodeiam. É um saber muito simples e superficial, que não exige grandes esfor- ços, ao contrário dos saberes formais (tais como as ciências) que requerem um longo processo de aprendizagem escolar. O senso comum adquire-se quase sem se dar conta, desde a mais tenra infância e, apesar das suas limitações, é um saber fundamental, sem o qual não conseguiríamos nos orientar em nossa vida cotidiana. Sendo assim, torna-se facilmente compreensível que todos os homens possuam senso comum, mas que este varie de sociedade para sociedade e, mesmo dentro duma mesma sociedade, varia de grupo social para grupo social ou, também, por exemplo, de grupo profissional para grupo profissional. Mas, sendo imprescindível, o senso comum não é suficiente para nos compreendermos a nós própriose ao mundo em que vivemos, pois se na nossa reflexão sobre a nossa situação no mundo, nos ficarmos pelos dados do senso comum, por assim dizer os dados mais básicos da nossa consciência natural, facilmente caímos na ilusão de que as coisas são exatamente aquilo que parecem, nunca chegando a perceber que existe uma radical diferença entre a aparência e a realidade. Somos imperceptivelmente levados a consolidar um conjunto solidário de certezas, das quais, como é óbvio, achamos ser absurdo duvidar (o texto da ficha 3 chama-lhes “crenças silenciosas”): temos a certeza de que existimos, de que as coisas que nos rodeiam existem, que aquilo que nos acontece é irrefutável etc. Contudo, essas certezas são questionáveis, pois se baseiam em aparências. E há muitas aparências que se nos impõem com uma força quase irresistível, por exemplo: aparentemente, o Sol move-se no céu (não é verdade que esta foi uma convicção aceita, durante muitos séculos, pela comunidade científica?). Podemos mesmo aprender a medir o tempo a partir desse movimento aparente. Mas, na realidade, esse movimento aparente do Sol é gerado pelo movimento de rotação da terra. Mas, essa distinção entre aparência e realidade, da qual não nos podemos libertar por causa da nossa natureza (ou melhor, da constituição dos nossos órgãos sensoriais e do nosso sistema nervoso), está dependente da diferença que existe entre o conhecimento sensível e o conhecimento racional. O conhecimento que temos por meio dos sentidos é forçosamente incompleto e filtrado, pois os nossos órgãos receptores só são estimulados por determinados fenômenos físicos, deixando de lado um campo quase infinito de possíveis estímulos (por exemplo, os nossos olhos não captam quer a radiação infravermelha quer a radiação ultravioleta, ao passo que há seres vivos que o podem fazer, o mesmo se passando com os ultrasons). É, portanto, inquestionável que não conhecemos, sensorialmente, a realidade tal como ela é. Sendo assim, os sentidos parecem que nos enganam, pois os dados que nos fornecem acerca da realidade são insuficientes para alcançarmos um conhecimento verdadeiro, ou objetivo da mesma. Por isso, a Razão permite-nos alcançar conhecimentos que nunca poderíamos alcançar através dos sentidos. As principais características do senso comum Caráter empírico – o senso comum é um saber que deriva diretamente da experiência cotidiana, não necessitando, por isso, de uma elaboração racional dos dados recolhidos através dessa experiência. Caráter acrítico – não necessitando de uma elaboração racional, o senso comum não procede a uma crítica dos seus ele- 31METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância mentos, é um conhecimento passivo, em que o indivíduo não se interroga sobre os dados da experiência, nem se preocupa com a possibilidade de existirem erros no seu conhecimento da realidade. Caráter assistemático – o senso comum não é estruturado racionalmente, tanto ao nível da sua aquisição, como ao nível da sua construção, não existe um plano ou um projeto racional que lhe dê coerência. Caráter ametódico – o senso comum não tem método, ou seja, é um saber que não segue nenhum conjunto de regras formais. Os indivíduos adquirem-no sem esforço e sem estudo. O senso comum é um saber que nasce da sedimentação casual da experiência captada ao nível da experiência cotidiana (por isso se diz que o senso comum é sincrético). Caráter aparente ou ilusório – como não há a preocupação de procurar erros, o senso comum é um conhecimento que se contenta com as aparências, formando, por isso, uma representação ilusória, deturpada e falsa, da realidade. Caráter coletivo – o senso comum é um saber partilhado pelos membros de uma comunidade, permitindo que os indivíduos possam cooperar nas tarefas essenciais à vida social. Caráter subjetivo – o senso comum é subjetivo, porque não é objetivo: cada indivíduo vê o mundo à sua maneira, formando as suas opiniões, sem a preocupação de testá-las ou de fundamentá-las num exame isento e crítico da realidade. Caráter superficial – o senso comum não aprofunda o seu conhecimento da realidade, fica-se pela superfície, não procu- rando descobrir as causas dos acontecimentos, ou seja, a sua razão de ser que, por sua vez, permitiria explicá-los racio- nalmente. Caráter particular – o senso comum não é um saber universal, uma vez que se fica pela aquisição de informações muito incompletas sobre a realidade (por isso, também se diz que ele é fragmentário), não podendo, assim, fazer generalizações fundamentadas. Caráter prático e utilitário – o senso comum nasce da prática cotidiana e está totalmente orientado para o desempenho das tarefas da vida cotidiana, por isso as informações que o compõem são o mais simples e diretas possíveis. Texto complementar O senso comum é um saber que está presente em todas as sociedades e em todos os indivíduos (todos são dotados de senso comum). Mas o senso comum é plural, variando de sociedade para sociedade e modificando-se com o decorrer dos tempos. O senso comum, enquanto princípio de sociabilidade constitui o acordo mínimo exigível para que qualquer sociedade fun- cione como tal; ele assegura a coesão indispensável para que se possa falar de comunidade e de vida coletiva. Ele é princípio de equilibração, essencial a toda a sociedade, entre a dimensão do indivíduo e a dimensão do coletivo ou, dito de outra forma, da sujeição do indivíduo às normas da vida coletiva. O senso comum é também o senso tradicional. Costumamos dizer: “sempre foi assim” para justificar um procedimento que nos criticam. O senso comum transporta e naturaliza um conjunto de convenções implícitas ou intrínsecas ao agir humano coletivamente dimensionado. Nesse sentido, ele é conducente ou solidário de uma aceitação que assinala uma passividade inerente e indispensável face às exigências práticas e pragmáticas da vida. Como se adquire o senso comum? Ele é fruto da aprendizagem e educação que espontânea e/ou institucionalmente recebemos enquanto membros de uma comunidade. José Manuel Girão e Rui Alexandre Grácio © www.espanto.info. 2.3 - Conceitos de Trabalhos Científicos. Todo Conhecimento Científico novo gerado deve ter como essência que os resultados provenientes das suas pesquisas científicas trarão a melhoria da qualidade de vida intelectual e material da sociedade. A forma usual de encontrarmos os resultados das pesquisas científicas são as publicações dos trabalhos científicos por elas gerados. Portanto, os trabalhos científicos são documentos que expressam o resultado de uma reflexão, agregando valor à área de conhecimento. Os principais tipos de trabalhos científicos são apresentados a seguir. - Relatórios. - Resenhas Bibliográficas. 32 METODOLOGIA DE ENSINO | Educação a Distância - Trabalhos Didáticos. - Comunicações Científicas. - Artigos Científicos. - Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). - Monografia (especialização / MBA). - Dissertação de mestrado. - Tese de Doutorado. - Livre Docência. É importante salientar que segundo Tafner e Silva (2007), apesar de haver essa classificação, aceita inclusive internacionalmente, é comum encontrar certos equívocos em torno da palavra monografia com respeito a dissertações, teses e trabalhos de fim de curso de graduação. Etimologicamente, monografia é um estudo sobre um único assunto, realizado com profundidade. No entanto, essa nomenclatura, monografia, parece destinada aos Cursos de Especialização, e teria como fim primeiro levar o autor a se debruçar sobre um assunto em profundidade com o intuito de transmiti-lo a outrem ou de aplicá-lo imediatamente. Adiante, veremos outros conceitos acerca da monografia. Esses relatórios científicos possuem características próprias, como a sistemática, a investigação, a fundamentação, a profundidade e a metodologia. E, dependendo do caso, a originalidade e a contribuição da pesquisa para a ciência, como é o caso das teses e dissertações. Em todo o caso, destaca-se que a estrutura dos trabalhos científicos é quase
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