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Estrutura e Análise das Demonstrações Contábeis NOME DO PROFESSOR LIVRO DIGITAL ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PEDRO CLÁUDIO DA SILVA 22 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .................................................... 5 AULA 1 ................................................................... 7 Visão geral sobre o objetivo da administração financeira empresarial AULA 2 ................................................................. 14 Planejamento Empresarial AULA 3 ................................................................. 21 Visão geral sobre o processo e tipos de análise e interpretação de indicadores AULA 4 ................................................................. 28 Indicadores de Liquidez AULA 5 ................................................................. 41 Indicadores de Endividamento / Estrutura de Capital – Parte 1 AULA 6 ................................................................. 51 Indicadores de Endividamento/ Estrutura de Capital – Parte 2 AULA 7 ................................................................. 58 Indicadores de Lucratividade/Rentabilidade AULA 8 ................................................................. 67 Outros Indicadores Importantes AULA 9 ................................................................. 74 Modelos de Avaliação de Empresas AULA 10 ................................................................ 85 Sistema de Análise Dupont AULA 11 ................................................................ 90 Modelos de Insolvência – Parte 1 AULA 12 ...............................................................102 Modelos de Insolvência – Parte 2 AULA 13 ...............................................................112 Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais – Parte 1 AULA 14 ...............................................................125 Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise do fluxo das variáveis empresariais – Parte 2 AULA 15 ...............................................................128 Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG) – Parte 1 AULA 16 ...............................................................135 Análise Dinâmica do Capital de Giro: análise das variações da Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG) – Parte 2 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS ...........................142 5 APRESENTAÇÃO As empresas brasileiras, sobretudo as sociedades anônimas e empresas de grande porte, consolidam suas informações operacionais, econômicas e financeiras e elaboram suas demonstrações financeiras num padrão internacionalmente reconhecido (International Financial Reporting Standards – IFRS), objetivando fornecer aos interessados informações sobre seu desempenho num dado período comparativamente ao período imediatamente anterior. O desempenho das empresas está diretamente relacionado ao ambiente econômico em que as mesmas estão inseridas e ao setor de atuação. Assim, a análise de desempenho deve partir da compreensão de como o ambiente macroeconômico e setorial impacta os diversos aspectos e quesitos abordados no processo de análise. As demonstrações financeiras divulgadas pelas companhias de capital aberto são compostas pelo relatório da administração, balanço patrimonial, demonstração de resultado, demonstração dos fluxos de caixa, demonstração das mutações do patrimônio líquido e demonstração do valor adicionado, acompanhadas pelas notas explicativas, parecer do conselho fiscal e relatório dos auditores independentes. Esta disciplina discorre sobre as diferentes metodologias fundamentalistas de análise das demonstrações financeiras. As ferramentas que serão estudadas estão relacionadas aos indicadores de liquidez, lucratividade, rentabilidade, endividamento, estrutura de capital, modelo Dupont, modelos de previsão de falência e modelo dinâmico. As referidas ferramentas possibilitam uma análise ampla e abrangente das demonstrações financeiras, possibilitando ao analista obter informações, por meio de indicadores, para subsidiar a tomada de decisão conforme suas necessidades. AULA 1 Visão geral sobre o objetivo da administração financeira empresarial 8 Toda empresa que atua no mercado possui um propósito e, para que seu propósito seja alcançado, é preciso planejar. Contudo, para que o planejamento possa ser plenamente realizado, é necessário um ciclo de realização, acompanhamento e controle. Nessa diretriz, a análise das demonstrações financeiras contribui para fornecer informações sobre o desempenho realizado em um determinado período, 9 contribuindo para a tomada de decisão, seja ela de continuidade, seja de ajustes. Para que se possa entender a importância das diferentes metodologias de análise das demonstrações financeiras, é necessário, primeiramente, compreender o conceito de finanças e sua aplicabilidade. Para Gitman (2001, p. 34), As finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de gerenciamento de fundos. Virtualmente, todos os indivíduos e organizações ganham ou captam e gastam ou investem dinheiro. As finanças lidam com o processo, as instituições, os mercados e os instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre indivíduos, negócios e governos. Bodie e Merton complementam o conceito definido por Gitman afirmando (2002, p. 32): Finanças é o estudo de como as pessoas alocam recursos escassos ao longo do tempo. As duas características que 10 distinguem as decisões financeiras de outras decisões de alocação de recursos, que são os custos e benefícios das decisões financeiras, são (1) a distribuição ao longo do tempo e (2) o fato de geralmente serem desconhecidas de antemão, ou por quem vai tomar as decisões ou por qualquer outra pessoa. Lemes Júnior, Rigo e Cherobin (2002, p. 5) sintetizam o conceito afirmando que finanças é o estudo da arte e a ciência de administrar recursos financeiros para maximizar a riqueza. Se finanças segue essa consideração, Damodaran (2004) enfatiza que o objetivo das finanças aplicadas às empresas é maximizar seu o valor. 11 De acordo com Assaf Neto (2014, p. 4), [...] as finanças das empresas, em seus primórdios, consideradas como parte do estudo das Ciências Econômicas, vêm descrevendo ao longo do tempo um processo consistente de evolução conceitual e técnica. Principalmente a partir dos anos 20 do século XX, já entendidas como uma área independente de estudo, as finanças das empresas são motivadas a evoluir de maneira a atender à crescente complexidade assumida pelos negócios e operações de mercado. Nos dias atuais, a área financeira passou de uma postura mais questionadora e reveladora dos fenômenos financeiros. São fundamentais no contexto moderno a identificação e o entendimento das causas de determinado comportamento operacional, e não somente a mensuração dos valores registrados e dos efeitos produzidos pelos fatos financeiros. SAIBA MAIS 12 Ainda segundo Assaf Neto (2003, p. 29), no ambiente empresarial, a administração financeira volta-se basicamente para as funções descritas a seguir. ● PLANEJAMENTO FINANCEIRO: procura evidenciar as necessidades de expansão da empresa, assim como identificar eventuais desajustes futuros. Por meio do planejamento, ainda, é possível ao administrador financeiro selecionar, com maior margem de segurança, os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios da empresa, de forma a estabelecer rentabilidade mais satisfatória sobre os investimentos. ● CONTROLE FINANCEIRO: dedica-se a acompanhar e avaliar todo o desempenho financeiro da empresa. Análises de desvios que venham a ocorrer entre os resultados previstos e realizados, assim como propostas de medidas corretivas necessárias, são algumas das funções básicas da controladoria financeira. ● ADMINISTRAÇÃO DE ATIVOS: deve perseguir a melhor estrutura,em termos de risco e retorno, dos investimentos empresariais e proceder a um gerenciamento eficiente de seus valores. A 13 administração dos ativos acompanha também as defasagens que podem ocorrer entre entradas e saídas de dinheiro de caixa, o que é geralmente associado à gestão do capital de giro. ● ADMINISTRAÇÃO DE PASSIVOS: volta-se para a aquisição de fundos (financiamento) e o gerenciamento de sua composição, procurando definir a estrutura mais adequada em termos de liquidez, redução de seus custos e risco financeiro. GEN Atlas. Alexandre Assaf Neto – Evolução das finanças corporativas, 1o mar. 2012. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=Yt_MYmfryis. Acesso em: 16 set. 2020. LINK https://www.youtube.com/watch?v=Yt_MYmfryis https://www.youtube.com/watch?v=Yt_MYmfryis AULA 2 Planejamento Empresarial 15 Toda etapa de criação de valor para a empresa inicia-se com um processo de planejamento. É comum empresas encerrarem suas atividades por falta de planejamento. A realização de um planejamento não é garantia absoluta de sucesso, mas a falta de planejamento, invariavelmente, contribui para uma situação de insolvência. Nesse contexto, um planejamento econômico- financeiro deve ser resultado de um planejamento mais amplo, conhecido por planejamento estratégico. De acordo com Kluyver e Pearce II (2007, p. XI – 2): O sucesso corporativo depende, em um grau considerável, da habilidade da alta administração em elaborar e implantar estratégias eficazes. [...] Formular uma estratégia sólida requer tanto análise como síntese, é uma atividade ao mesmo tempo racional e criativa. Saber aonde quer chegar e descobrir maneiras criativas e cuidadosamente analisadas para atingir tal 16 objetivo são as marcas inconfundíveis de um desenvolvimento estratégico bem-sucedido. [...] Estratégia diz respeito a posicionar uma organização para a obtenção de vantagem competitiva. Envolve escolhas a respeito de que setores participar, quais produtos e serviços oferecer e como alocar recursos corporativos. Seu objetivo principal é criar valor para acionistas e outros stakeholders ao proporcionar valor para o cliente. Todo planejamento deve ser iniciado com o estabelecimento da missão, visão e princípios/ valores. Posteriormente, é necessária a realização de uma análise ambiental e setorial profunda e de longo prazo. O objetivo da realização de análise setorial e ambiental pelas empresas é conhecer suas forças e fraquezas, as ameaças e as oportunidades. A partir da análise setorial e ambiental, são estabelecidas estratégias de longo, médio e curto prazo. As referidas estratégias são implementadas definindo, para cada uma delas, objetivos e metas de desempenho. Para Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 3), “o planejamento envolve estabelecer objetivos e especificar de que forma alcançá-los”. 17 Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 7-8), [...] globalização é a interdependência econômica cada vez maior entre os países e suas organizações, de acordo com o refletido no fluxo de bens e serviços, capital financeiro e conhecimento através das fronteiras dos países. A globalização é o produto de uma quantidade maior de empresas competindo uma com as outras em um número cada vez maior de economias globalizadas. Uma economia globalizada é aquela na qual bens, serviços, pessoas, habilidades e ideias cruzam livremente as fronteiras geográficas. Relativamente liberada das restrições artificiais tais como tarifas, a economia globalizada amplia e complica significativamente o ambiente competitivo de uma empresa. SAIBA MAIS 18 De acordo com Damodaran (2004), o processo de maximização na geração de valor para a empresa só é possível mediante a realização de investimentos que ofereçam retornos superiores ao retorno mínimo esperado. Para que isso aconteça, é imperativo escolher um mix de financiamentos que possibilite a maximização do valor da empresa e case com os ativos financiados. Segundo Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 3), “a tomada de decisões envolve selecionar uma ação dentre alternativas concorrentes”. De acordo com Weston e Brigham (2000, p. 33): Para que a administração maximize o valor de uma empresa, ela deve aproveitar suas forças e corrigir suas fraquezas. A análise das demonstrações financeiras envolve a comparação do desempenho da empresa com o de outras empresas no mesmo setor. Isso a ajuda a identificar deficiências e a tomar medidas que melhorem o desempenho. Os autores Brigham, Gapenski e Ehrhardt (2001, p. 97) possuem mesmo entendimento. 19 Para que os objetivos de longo prazo possam ser alcançados, é preciso que eles sejam desdobrados em objetivos de curto prazo. Estes, por sua vez, são consolidados na elaboração do orçamento empresarial, cujas metas devem ser continuamente acompanhadas, objetivando corrigir tempestivamente eventuais desvios. Ao final de cada trimestre ou exercício, as demonstrações financeiras representam a realização desse planejamento de curto prazo. Para Garrison, Noreen e Brewer (2013, p. 3), “o controle envolve feedback para garantir que o planejamento seja adequadamente executado ou modificado à medida que as circunstâncias mudem”. GEN Atlas. Alexandre Assaf Neto – Análise de balanços: limitações e conflitos – Parte 1, 14 fev. 2013. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=zJmVhD1CISw. Acesso em: 16 set. 2020. LINK https://www.youtube.com/watch?v=zJmVhD1CISw https://www.youtube.com/watch?v=zJmVhD1CISw 20 As demonstrações financeiras de uma empresa e suas notas explicativas são revestidas de termos técnicos, o que dificulta a tomada de decisões pelos gestores não contadores. O papel do analista de balanços é justamente traduzir as demonstrações financeiras em relatórios com linguagem mais simples, de forma que qualquer usuário tenha condições de entender de forma rápida a situação econômico-financeira da empresa. AULA 3 Visão geral sobre o processo e tipos de análise e interpretação de indicadores 22 As informações contidas nas demonstrações financeiras são extremamente importantes para diversos grupos (stakeholders) que regularmente necessitam construir medidas relativas à eficiência operacional da empresa. As análises de índices envolvem métodos de cálculo e interpretação visando analisar e acompanhar o desempenho da empresa. A análise não inclui somente o cálculo do índice; o mais importante é a interpretação do valor desse índice. Basicamente, existem três tipos de análises dos índices, os quais seguem. ● Análise de corte transversal: a análise de corte transversal envolve a comparação de índices financeiros de diferentes empresas na mesma data. A comparação de médias setoriais também é um procedimento comum. ● Análise de séries temporais: a análise de séries temporais avalia o desempenho com o passar do tempo. Compara o desempenho corrente com o desempenho passado. 23 ● Análise combinada: a visão combinada analisa, ao mesmo tempo, o desempenho corrente e passado da empresa (análise de séries temporais), com o desempenho de outras empresas e/ou setor (análise em corte transversal). A visão combinada permite avaliar a tendência de comportamento de um índice em relação à tendência observada em outras empresas e/ou setor. É importante destacar também que é bastante usual a análise vertical de horizontal, tanto da DRE quanto do balanço patrimonial. Na análise vertical, cada elemento de um conjunto é comparado em relação ao total do conjunto, demonstrando a participação percentual de cada elemento no total. Já a análise horizontal tem o objetivo de demonstrar a evolução das contas das demonstrações financeiras ao longo do tempo. 24 De acordo com Assaf Neto (2003, p. 98) [...] apesar da existência de alguns critérios sofisticados, o uso de índices constitui-se na técnica mais comumente empregada [na análise de demonstrações financeiras]. No entanto, algumasprecauções devem ser tomadas. Inicialmente, aponta-se que um simples índice, isolado de outros complementares ou que ilustram a causa de seu comportamento, não fornece elementos suficientes para uma conclusão satisfatória. [...] Ressalta- se também que, mesmo que se tenha mensurado um conjunto de índices complementares, é necessário efetuar uma comparação temporal e setorial. PARA SABER MAIS 25 Toda decisão econômico-financeira é tomada levando em consideração três situações, conhecidas pelo chamado tripé decisorial. São elas: situação de liquidez, situação de endividamento/ estrutura de capital e situação econômica. O objetivo da análise de liquidez é compreender a situação sobre a capacidade que a empresa tem, num dado período, de honrar seus compromissos, sejam eles de curto e/ou longo prazos. A meta de analisar a estrutura de capital é compreender, num dado período, qual a estrutura de capital que a empresa possui naquele momento, bem como seu grau de endividamento. Quando se analisa a situação econômica, o propósito é compreender qual a capacidade da empresa naquele momento de geração de riqueza, ou seja, qual a lucratividade e a rentabilidade que ela está gerando. Companhia Exemplo A Companhia Exemplo apresentou as seguintes informações referentes aos exercícios de 20X0, 20X1 e 20X2. 26 TABELA 1 – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA COMPANHIA EXEMPLO (R$ X MIL) 3 4 5 20X2 20X1 20X0 20X2 20X1 20X0 Circulante 2.988.919 2.668.065 2.524.847 Circulante 1.592.174 1.029.729 1.055.218 Disponibilidades 1.317.831 885.489 769.397 Empréstimos e Financiamentos966.060 421.676 367.612 Créditos 1.032.600 1.150.598 1.166.496 Fornecedores 249.138 286.709 308.165 Estoques 437.774 467.522 447.456 Outros 376.976 321.344 379.441 Outros 200.714 164.456 141.498 Realizável a Longo Prazo 661.878 667.862 615.027 Passivo não Circulante 1.584.506 1.737.825 1.528.631 Permanente 1.388.066 1.102.638 977.966 Patrimônio Líquido 1.862.183 1.671.011 1.533.991 Total do Ativo 5.038.863 4.438.565 4.117.840 Total do Passivo 5.038.863 4.438.565 4.117.840 2.739.132 3.400.194 3.659.309 Lucro (Prejuízo) Líquido 89.083 224.070 292.117 Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO Receita Líquida das Vendas Fonte: Elaborada pelo autor. A rubrica disponibilidades é a consolidação das contas caixa e equivalentes de caixa mais aplicações financeiras. A rubrica ativo permanente foi segregada da rubrica ativo realizável a longo prazo e representa a consolidação das contas investimento, imobilizado, intangível e diferido. Referidas informações serão usadas posteriormente, nos exemplos que serão desenvolvidos nas próximas aulas. 27 Com o advento da Lei no 11.638/2007, as terminologias disponibilidades e ativo permanente deixaram de ser utilizadas. As referidas terminologias estão sendo mantidas para facilitar o processo de cálculo dos indicadores. É importante enfatizar, também, que as contas que foram consolidadas na rubrica ativo permanente foram segregadas da rubrica ativo realizável a longo prazo. PARA SABER MAIS AULA 4 Indicadores de Liquidez 29 Das três situações que compõem o tripé decisorial, a situação de liquidez é a mais sensível, pois uma situação de liquidez desfavorável pode levar as empresas a um processo de liquidação e ao consequente encerramento de suas atividades. Os indicadores de liquidez evidenciam o grau de solvência da empresa em decorrência da existência ou não de solidez financeira que garanta o pagamento dos compromissos assumidos com terceiros. Esses quocientes mostram a proporção existente entre as aplicações efetuadas no ativo circulante e no ativo realizável a longo prazo (LP) em relação aos capitais de terceiros (passivo circulante e passivo não circulante). 30 Liquidez é a capacidade de transformar ativos em dinheiro. Quanto mais rápido isso acontecer, melhor será o retorno. PARA SABER MAIS A Figura 1 destaca quais são os indicadores que compõem os índices de liquidez, cuja capacidade de pagamento pode ser avaliada considerando o longo prazo, o curto prazo ou o prazo imediato. FIGURA 1 – INDICADORES DE LIQUIDEZ LIQUIDEZ GERAL CORRENTE CORRENTE IMEDIATA Longo Prazo Curto Prazo Prazo Imediato Fonte: Elaborada pelo autor. 31 CONTABILIDADE TV. Questão 30 – Exame de suficiência 2016.1. Liquidez corrente, geral, imediata e seca, 3 set. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=HHAere5p6nQ. Acesso: 16 set. 2020. LINK ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL (ILG) O Índice de Liquidez Geral (ILG) evidencia se os recursos financeiros aplicados no ativo circulante e no ativo realizável a longo prazo são suficientes para cobrir as obrigações totais, isto é, quanto a empresa tem de ativo circulante mais realizável a longo prazo para cada real de obrigação total. https://www.youtube.com/watch?v=HHAere5p6nQ https://www.youtube.com/watch?v=HHAere5p6nQ 32 FIGURA 2 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE LIQUIDEZ GERAL (ILG) Fórmula = Ativo Circulante + Realizável LP Passivo Circulante + Passivo Não Circulante Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do ILG de cada exercício foi: – 20X0 = 1,22, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto e longo prazo em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,22 de direitos de curto e longo prazo; – 20X1 = 1,21, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto e longo prazo em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,21 de direitos de curto e longo prazo; – 20X2 = 1,15, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto e longo prazo em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,15 de direitos de curto e longo prazo. 33 ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma pequena redução. Contudo, apesar da redução, o ILG da Companhia continua muito bom. Mesmo tendo uma característica de longo prazo, o indicador é maior que 1. ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE OU COMUM (ILC) O Índice de Liquidez Corrente (ILC), ou comum, revela a capacidade financeira da empresa para cumprir seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto a empresa tem de ativo circulante para cada real de passivo circulante. FIGURA 3 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE (ILC) Fórmula = Ativo Circulante Passivo Circulante Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. 34 ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado ILC de cada exercício foi: – 20X0 = 2,39, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 2,39 de direitos de curto prazo; – 20X1 = 2,59, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 2,59 de direitos de curto prazo; – 20X2 = 1,88, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,88 de direitos de curto prazo. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma melhora de 20X0 para 20X1 e uma redução de 20X1 para 20X2. Contudo, apesar da redução, ILC da Companhia continua muito bom, pois é maior que 1. 35 ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA (ILS) O Índice de Liquidez Seca (ILS) revela a capacidade financeira líquida da empresa para cumprir os compromissos de curto prazo, excluindo os estoques do ativo circulante, por tratar-se de uma fonte de incerteza. FIGURA 4 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE LIQUIDEZ SECA (ILS) Fórmula = Ativo Circulante - Estoques Passivo Circulante Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do ILS de cada exercício foi: – 20X0 = 1,97, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,97 de direitos de curto prazo, excluindo estoques; 36 – 20X1 = 2,14, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 2,14 de direitos de curto prazo, excluindo estoques; – 20X2 = 1,60, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,60 de direitos de curto prazo, excluindo estoques. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma melhora de 20X0 para 20X1 e uma redução de 20X1 para 20X2. Contudo, apesar da redução, o ILS da Companhia continua muito bom, pois é maior que 1, apesar da exclusão dos estoques. ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA (ILI) O Índice de Liquidez Imediata (ILI) revela a capacidade de liquidez imediata da empresa para saldar seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto a empresa possui de dinheiro em caixa e equivalentes de caixa mais aplicações financeiras para cada real do passivo circulante. 37 FIGURA 5 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE LIQUIDEZ IMEDIATA (ILI) Fórmula = Disponibilidades Passivo Circulante Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do ILI de cada exercício foi: – 20X0 = 0,73, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,73 de disponibilidades; – 20X1 = 0,86, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,86 de disponibilidades; – 20X2 = 0,83, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações de curto prazo em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,83 de disponibilidades. 38 ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma melhora de 20X0 para 20X1 e uma redução de 20X1 para 20X2. Contudo, o valor de 20X2 foi superior ao registrado em 20X0. Apesar de o ILI ser inferior a 1, o índice da Companhia é muito bom, pois esse indicador tende a ser baixo mesmo. NEIVA, João José Ribas. Tipificação financeira de empresas inadimplentes: financiamentos de projetos de investimento concedidos pelo BRDE. 2008. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-graduação em Contabilidade, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2008. Disponível em: https:// acervodigital.ufpr.br/handle/1884/14703. Acesso em: 16 set. 2020. LINK https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/14703 https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/14703 39 Esses índices de liquidez evidenciam a situação financeira da empresa, portanto, a capacidade de a empresa pagar suas dívidas. Verifique a reportagem indicada a seguir. MACHADO, Juliana. Moody’s: Petrobras e Oi têm maior isco de liquidez de empresa no país. Valor Econômico, São Paulo, 2 maio 2016. Disponível em: <http://www.valor. com.br/empresas/4546333/moody%253Fs- petrobras-e-oi-tem-maior-risco-de-liquidez- de-empresa-no-pais>. Acesso em: 16 set. 2020. PARA SABER MAIS As demonstrações financeiras das companhias abertas encontram-se disponíveis nos sites das próprias companhias ou no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) (http://www.cvm. gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/ http://www.valor.com.br/empresas/4546333/moody%253Fs-petrobras-e-oi-tem-maior-risco-de-liquidez-de-empresa-no-pais http://www.valor.com.br/empresas/4546333/moody%253Fs-petrobras-e-oi-tem-maior-risco-de-liquidez-de-empresa-no-pais http://www.valor.com.br/empresas/4546333/moody%253Fs-petrobras-e-oi-tem-maior-risco-de-liquidez-de-empresa-no-pais http://www.valor.com.br/empresas/4546333/moody%253Fs-petrobras-e-oi-tem-maior-risco-de-liquidez-de-empresa-no-pais http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html 40 consulta-a-informacoes-de-companhias.html) e, para as companhias que negociam ações na Bolsa de Valores de São Paulo, no site da Bovespa (http:// www.b3.com.br/pt_br/). Os indicadores de liquidez evidenciam o grau de solvência da empresa em decorrência da existência ou não de solidez financeira que garanta o pagamento dos compromissos assumidos com terceiros. Esses quocientes mostram a proporção existente entre as aplicações efetuadas no ativo circulante e no ativo realizável a longo prazo em relação aos capitais de terceiros (passivo circulante e passivo não circulante). http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html http://www.b3.com.br/pt_br/ http://www.b3.com.br/pt_br/ AULA 5 Indicadores de Endividamento /Estrutura de Capital – Parte 1 42 Na aula anterior, foram estudados os índices de liquidez, cujo objetivo foi compreender a situação sobre a capacidade que a empresa tem, num dado período, de honrar seus compromissos, sejam eles de curto e/ou de longo prazos. Nesta aula e na próxima, vamos estudar a situação de endividamento/estrutura de capital das empresas. O propósito de analisar a estrutura de capital é compreender, em um período específico, qual a estrutura de capital que a empresa possui naquele momento, bem como seu grau de endividamento. Os indicadores de endividamento/estrutura de capital servem para evidenciar o grau de endividamento da empresa em decorrência das origens dos capitais investidos. 43 Verifique a relação entre os indicadores de estrutura de capital e o EBITDA de empresas na Bovespa. Disponível em: https://congressousp. fipecafi.org/anais/artigos152015/65.pdf. Acesso em: 16 set. 2020. PARA SABER MAIS INDICADOR DE PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS (IPCT) Revela qual a proporção existente entre capital de terceiros e capital próprio, isto é, quanto a empresa utiliza de capital de terceiros para cada real de capital próprio. https://congressousp.fipecafi.org/anais/artigos152015/65.pdf https://congressousp.fipecafi.org/anais/artigos152015/65.pdf 44 FIGURA 6 – FÓRMULA DO INDICADOR DE PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS (IPCT) Fórmula = Capital de Terceiros Patrimônio Líquido Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto menor este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do IPCT de cada exercício foi: – 20X0 = 1,68, ou seja, para cada R$ 1,00 de capital próprio em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,68 de capital de terceiros; – 20X1 = 1,66, ou seja, para cada R$ 1,00 de capital próprio em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,66 de capital de terceiros; – 20X2 = 1,71, ou seja, para cada R$ 1,00 de capital próprio em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 1,71 de capital de terceiros. ● Interpretação: analisando a evolução do IPCT nos três exercícios, percebe-se que houve uma pequena redução de 20X0 para 20X1, mas voltando a aumentar em 20X2. 45 ÍNDICE DE COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO (ICE) Este indicador mostra qual a proporção existente entre as obrigações de curto prazo e as obrigações totais, isto é, quanto a empresa terá de pagar a curto prazo para cada real do total de obrigações existentes. FIGURA 7 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO (ICE) Fórmula = Passivo Circulante Capital de Terceiros Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto menor este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do ICE de cada exercício foi: – 20X0 = 0,41, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações totais em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,41 de obrigações com vencimento no curto prazo; 46 – 20X1 = 0,37, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações totais em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,37 de obrigações com vencimento no curto prazo; – 20X2 = 0,50, ou seja, para cada R$ 1,00 de obrigações totais em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,50 de obrigações com vencimento no curto prazo. ● Interpretação: analisando aevolução do ICE nos três exercícios, percebe-se que houve uma melhora de 20X0 para 20X1, mas voltando a subir novamente em 20X2. ÍNDICE DE IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (IIPL) Este indicador revela qual parcela do patrimônio líquido foi utilizada para financiar a compra do ativo permanente, isto é, quanto a empresa imobilizou no ativo permanente para cada real do patrimônio líquido. 47 FIGURA 8 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (IIPL) Fórmula = Ativo Permanente Patrimônio Líquido Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto menor esse quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do IIPL de cada exercício foi: – 20X0 = 0,64. Para cada R$ 1,00 de capital próprio em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,64 de ativo permanente, ou seja, cerca de 64% do ativo permanente é financiado pelo capital próprio da companhia; – 20X1 = 0,66. Para cada R$ 1,00 de capital próprio em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,66 de ativo permanente, ou seja, cerca de 66% do ativo permanente é financiado pelo capital próprio da companhia; – 20X2 = 0,75. Para cada R$ 1,00 de capital 48 próprio em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,75 de ativo permanente, ou seja, cerca de 75% do ativo permanente é financiado pelo capital próprio da companhia. ● Interpretação: analisando o progresso do IIPL nos três exercícios, percebe-se que houve uma evolução no indicador, saindo de 0,64 em 20X0 para 0,75 em 20X2. ÍNDICE DE IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES (IIRNC) Revela qual a proporção existente entre o ativo permanente e os recursos não correntes, isto é, quanto a empresa investiu no ativo permanente para cada 1 real de patrimônio líquido mais exigível a longo prazo. 49 FIGURA 9 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE IMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS NÃO CORRENTES (IIRNC) Fórmula = Ativo Permanente +Patrimônio Líquido Passivo não Circulante Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto menor este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do IIRNC de cada exercício foi: – 20X0 = 0,32. Para cada R$ 1,00 de recursos não correntes em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,32 ativo permanente, ou seja, cerca de 32% dos ativos permanentes são financiados pelos recursos não correntes da companhia; – 20X1 = 0,32. Para cada R$ 1,00 de recursos não correntes em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,32 ativo permanente, ou seja, cerca de 32% dos ativos permanente são financiados pelos recursos não correntes da companhia; 50 – 20X2 = 0,40. Para cada R$ 1,00 de recursos não correntes em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,40 ativo permanente, ou seja, cerca de 40% dos ativos permanente são financiados pelos recursos não correntes da companhia. ● Interpretação: analisando o desenvolvimento do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma evolução no indicador, saindo de 0,32 em 20X0 para 0,40 em 20X2. AULA 6 Indicadores de Endividamento/ Estrutura de Capital – Parte 2 52 Continuando os estudos sobre os índices de endividamento/estrutura de capital, vamos aprender nesta aula os indicadores de endividamento de curto prazo, de longo prazo e total. ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO A CURTO PRAZO (IECP) Medida que mostra a parcela dos ativos totais financiada com os passivos circulantes. A finalidade deste indicador é medir a estrutura de financiamento da empresa. FIGURA 10 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO A CURTO PRAZO (IECP) Fórmula = Passivo Circulante Total do Ativo Fonte: Elaborada pelo autor. 53 ● Interpretação: quanto menor este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do IECP de cada exercício foi: – 20X0 = 0,26, ou seja, para cada R$ 1,00 de ativo total em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,26 de obrigações de curto prazo; – 20X1 = 0,23, ou seja, para cada R$ 1,00 de ativo total em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,23 de obrigações de curto prazo; – 20X2 = 0,32, ou seja, para cada R$ 1,00 de ativo total em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,32 de obrigações de curto prazo. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma melhora de 20X0 para 20X1, mas voltou a aumentar em 20X2. ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO A LONGO PRAZO (IELP) Indica a parcela dos ativos totais financiado com recursos de terceiros a longo prazo. 54 FIGURA 11 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE ENDIVIDAMENTO A LONGO PRAZO (IELP) Fórmula = Passivo não Circulante Total de ativos Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do IELP de cada exercício foi: – 20X0 = 0,37, ou seja, para cada R$ 1,00 de ativos totais em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,37 de exigibilidades de longo prazo; – 20X1 = 0,39, ou seja, para cada R$ 1,00 de ativos totais em 20X1, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,39 de exigibilidades de longo prazo; – 20X2 = 0,31, ou seja, para cada R$ 1,00 de ativos totais em 20X2, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,31 de exigibilidades de longo prazo. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve um crescimento de 20X0 para 20X1, mas reduzindo 55 de 20X1 para 20X2. INDICADOR DE ENDIVIDAMENTO TOTAL (IET) Indica a parcela do ativo total financiado com capitais de terceiros a curto e longo prazos. FIGURA 12 – FÓRMULA DO INDICADOR DE ENDIVIDAMENTO TOTAL (IET) Fórmula = Capital de Terceiros Total do Ativo Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto menor este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do índice de endividamento total (IET) de cada exercício foi: – 20X0 = 0,63. Para cada R$ 1,00 de ativo total em 20X0, a Companhia Exemplo tinha R$ 0,63 de capital de terceiros, ou seja, cerca de 63% do ativo total era financiado por recursos de terceiros; 56 – 20X1 = 0,62. Para cada R$1,00 de ativo total em 20X1 a Companhia Exemplo tinha R$0,62 de capital de terceiros, ou seja, cerca de 62% do ativo total era financiado por recursos de terceiros; – 20X2 = 0,63. Para cada R$1,00 de ativo total em 20X0 a Companhia Exemplo tinha R$0,63 de capital de terceiros, ou seja, cerca de 63% do ativo total era financiado por recursos de terceiros. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que praticamente não houve variação no período analisado. O Índice de Endividamento Total (IET) é um dos três índices mais requeridos em processos licitatórios para aferir a situação financeira das empresas licitantes. PARA SABER MAIS 57 Índices de liquidez ou endividamento para fins de análise do balanço. Disponível em: https://portaldelicitacao.com.br/2019/artigos/ indices-economicos-exigidos-em-licitacao/. Acesso em: 16 set. 2020. Índices de endividamento financeiro: endividamento financeiro sobre ativo total, participação de instituições de crédito no endividamento da empresa, endividamento bancário. ALBRECHT, Conrad. Análise avançada da classificação de indicadores contábeis- financeiros e de mercado aplicados para avaliação de ações. 2011. Trabalho de Conclusão de Especialização – Escola de Administração (EA), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), Porto Alegre, 2011. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/ handle/10183/60715. Acesso em: 16 set. 2020. LINK https://portaldelicitacao.com.br/2019/artigos/indices-economicos-exigidos-em-licitacao/.%20 https://portaldelicitacao.com.br/2019/artigos/indices-economicos-exigidos-em-licitacao/.%20 http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/60715 http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/60715 AULA 7 Indicadores de Lucratividade/ Rentabilidade 59 Nas aulas 5 e 6, foi estudada a situação de endividamento/estrutura de capital das empresas. O objetivode analisar a estrutura de capital foi compreender, num dado período, qual a estrutura de capital que a empresa possui naquele momento, bem como seu grau de endividamento. Nesta aula, vamos estudar a situação de lucratividade/rentabilidade das empresas, cujo propósito é compreender, em uma determinada época, qual a capacidade da empresa naquele momento de geração de riqueza, ou seja, qual a lucratividade e a rentabilidade que ela está gerando. Os indicadores de lucratividade/rentabilidade servem para medir a capacidade econômica da empresa, isto é, evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo capital investido na empresa. A rentabilidade do capital aplicado na empresa é conhecida por meio do confronto entre as contas ou grupos de contas da demonstração do resultado do exercício ou conjugando-as com grupos de contas do balanço patrimonial. 60 FIGURA 13 – INDICADORES DE LUCRATIVIDADE/RENTABILIDADE Lucratividade e rentabilidade Lucratividade das vendas (margem líquida) Rentabilidade do ativo (ROA ou ROI) Rentabilidade do patrimônio líquido (ROE) Fonte: Elaborada pelo autor. INDICADOR DE LUCRATIVIDADE DAS VENDAS (ILV) OU MARGEM LÍQUIDA Revela a margem de lucratividade obtida pela empresa em função do seu faturamento, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real vendido. A interpretação desse quociente deve ser direcionada a verificar a margem de lucro da empresa em relação às vendas. 61 FIGURA 14 – FÓRMULA DO INDICADOR DE LUCRATIVIDADE DAS VENDAS (ILV) OU MARGEM LÍQUIDA Fórmula 100= x Lucro Líquido Receita Líquida de Vendas Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do ILV de cada exercício foi: – 20X0 = 7,98%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 7,98% quando comparado à sua receita líquida; – 20X1 = 6,59%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 6,59% quando comparado à sua receita líquida; – 20X2 = 3,25%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 3,25% quando comparado à sua receita líquida. ● Interpretação: analisando a evolução do 62 indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma redução de sua lucratividade de 20X0 para 20X1 e de 20X1 para 20X2. A terminologia usada atualmente na estrutura da demonstração de resultado para a receita líquida de vendas é receita de venda de bens e/ou serviços (conta 3.01 da estrutura usada pela CVM, primeira linha da DRE analítica). Disponível em: http://www.cvm.gov.br/menu/ regulados/companhias/consultas/consulta-a- informacoes-de-companhias.html. Acesso em: 16 set. 2020. PARA SABER MAIS http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html 63 RENTABILIDADE DO ATIVO (ROA OU ROI) Rentabilidade do ativo (Return On Investment – ROI, ou Return On Asset – ROA) evidencia o potencial de geração de lucros por parte da empresa, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real de investimentos totais. Sua interpretação deve ser direcionada para verificar o tempo necessário para que haja retorno dos capitais totais (próprios e de terceiros) investidos na empresa. FIGURA 15 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE RETORNO DO ATIVO Fórmula 100= x Lucro Líquido Ativo Total Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior esse quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do índice de retorno do ativo de cada exercício foi: – 20X0 = 7,09%, ou seja, nesse ano, o lucro 64 líquido da companhia foi de 7,09% quando comparado ao ativo total; – 20X1 = 5,05%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 5,05% quando comparado ao ativo total; – 20X2 = 1,77%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 1,77% quando comparado ao ativo total. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma redução de 20X0 para 20X1 e de 20X1 para 20X2. A terminologia usada atualmente na estrutura da demonstração de resultado para lucro líquido é lucro/prejuízo do período (conta 3.11 da DRE analítica – estrutura usada pela CVM). Disponível em: http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/ companhias/consultas/consulta-a-informacoes- de-companhias.html. Acesso em: 16 set. 2020. PARA SABER MAIS http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html http://www.cvm.gov.br/menu/regulados/companhias/consultas/consulta-a-informacoes-de-companhias.html 65 RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE) A rentabilidade do patrimônio líquido (Return On Equity – ROE) revela qual foi a taxa de rentabilidade obtida pelo capital próprio investido na empresa, isto é, quanto a empresa ganhou de lucro líquido para cada real de capital próprio investido. FIGURA 16 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Fórmula 100= x Lucro Líquido Patrimônio Líquido Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do índice de rentabilidade do patrimônio líquido de cada exercício foi: – 20X0 = 19,04%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 19,04% quando comparado ao patrimônio líquido; 66 – 20X1 = 13,41%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 13,41% quando comparado ao patrimônio líquido; – 20X2 = 4,78%, ou seja, nesse ano, o lucro líquido da companhia foi de 4,78% quando comparado ao patrimônio líquido. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma redução de 20X0 para 20X1 e de 20X1 para 20X2. Aplicação dos indicadores até então estudados. AMORIM, D. P. L. Análise financeira de hospitais: O caso da Santa Casa de Misericórdia de Itaguara. Disponível em: http://www.fucamp.edu.br/editora/index. php/ragc/article/viewFile/743/551. Acesso em: 16 set. 2020. LINK http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/viewFile/743/551 http://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/ragc/article/viewFile/743/551 AULA 8 Outros Indicadores Importantes 68 Além dos três indicadores estudados, é importante também conhecer outros três, quais sejam: payback, margem EBITDA e giro do ativo. PAYBACK (TEMPO DE RETORNO DO INVESTIMENTO) O indicador payback mede tempo. A interpretação do indicador de rentabilidade do patrimônio líquido deve ser direcionada para verificar qual o tempo necessário para se obter o retorno do capital próprio investido na empresa, ou seja, quantos anos serão necessários para que os proprietários obtenham de volta o valor do capital que investiram na empresa. 69 FIGURA 17 – FÓRMULA DO ÍNDICE PAYBACK Fórmula = 100 Rentabilidade do Patrimônio Líquido Fonte: Elaborada pelo autor. ● Interpretação: quanto menor este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do índice payback de cada exercício foi: – 20X0 = 5,25, ou seja, nesse ano, o tempo de retorno do capital próprio foi de 5,25 anos; – 20X1 = 7,46, ou seja, nesse ano, o tempo de retorno do capital próprio foi de 7,46 anos; – 20X2 = 20,92, ou seja, nesse ano, o tempo de retorno do capital próprio foi de 20,92 anos. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve um aumento significativo no tempo de retorno do capital próprio de 20X0 para 20X2. 70 Payback simples e descontado. MONTEIRO, Rodrigo Bastos. Payback, IL, VPL e TIR com Excel. 26 jul. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iOqlFHAWIys. Acesso em: 16 set. 2020. LINK MARGEM EBITDA O termo EBITDA vem do inglês, Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization, ficando em nosso idioma algo como lucro antes dos juros, impostos (sobre lucros), depreciações/exaustões e amortizações (Lajida). O EBITDA representa o lucro especificamente gerado pelos ativos operacionais, portanto, excluindo-se as despesas e as receitas financeiras e antes de considerar as despesas de depreciação, https://www.youtube.com/watch?v=iOqlFHAWIys https://www.youtube.com/watch?v=iOqlFHAWIys 71 amortização e exaustão, bem como a incidência dos impostos sobre o lucro (Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ – e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, no caso do Brasil). Em essência, o EBITDA revela a genuína capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa, ou seja, sua eficiência financeira determinada pelas estratégias operacionais adotadas. Quanto MAIOR esse índice, mais eficiente se apresenta a formação de caixa proveniente das operações (ativos), e melhor ainda a capacidade de pagamento aos proprietários de capital e investimentos demonstrada pela empresa. FIGURA 18 – FÓRMULA DO EBITDA EBITDA = + +Resultado Operacional Resultado Financeiro Depreciações/ Amortizações Fonte: Elaborada pelo autor. 72 FIGURA 19 – FÓRMULA DA MARGEM EBITDA Fórmula 100= x EBITDA Receita Líquida de Vendas Fonte: Elaborada pelo autor. GIRO DO ATIVO O giro do ativo demonstra quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total, ou seja, quantas vezes o ativo total da empresa girou ou se renovou (transformou-se em dinheiro), em determinado período, em função das vendas realizadas. FIGURA 20 – FÓRMULA DO ÍNDICE DE GIRO DO ATIVO Fórmula = Receita Líquida de Vendas Ativo Total Fonte: Elaborada pelo autor. 73 ● Interpretação: quanto maior este quociente, melhor. ● Exemplo: com base nas informações da Companhia Exemplo, o resultado do índice de giro do ativo de cada exercício foi: – 20X0 = 0,89, ou seja, nesse ano, para cada R$ 1,00 de ativo total, a empresa obteve R$ 0,89 de receita; – 20X1 = 0,77, ou seja, nesse ano, para cada R$ 1,00 de ativo total, a empresa obteve R$ 0,77 de receita; – 20X2 = 0,54, ou seja, nesse ano, para cada R$ 1,00 de ativo total, a empresa obteve R$ 0,54 de receita. ● Interpretação: analisando a evolução do indicador nos três exercícios, percebe-se que houve uma redução de 20X0 para 20X1 e de 20X1 para 20X2. AULA 9 Modelos de Avaliação de Empresas 75 Nas aulas anteriores, foi visto que toda decisão econômico-financeira é tomada levando em consideração três situações, conhecidas como tripé decisorial: situação de liquidez, situação de endividamento/estrutura de capital e situação econômica. O objetivo da análise de liquidez é compreender a situação sobre a capacidade que a empresa tem, num dado período, de honrar seus compromissos, sejam estes de curto e/ou de longo prazos. O propósito de analisar a estrutura de capital é compreender, em um determinado intervalo, qual a estrutura de capital que a empresa possui naquele momento, bem como seu grau de endividamento. O intuito de avaliar a situação de lucratividade/rentabilidade é compreender, em um tempo definido, qual a capacidade da empresa naquele período de geração de riqueza, ou seja, qual a lucratividade e a rentabilidade que ela está gerando. 76 Contudo, a análise individualizada dos indicadores, apesar de relevante, traz uma dificuldade maior quando se pretende fazer uma análise global da empresa considerando, simultaneamente, a situação de liquidez, de endividamento/estrutura de capital e de lucratividade/rentabilidade. Para resolver esse problema, foram desenvolvidos modelos de avaliação. De acordo com Matarazzo (2007, p. 187), “a análise de balanços através de índices só adquire consistência e objetividade quando os índices são comparados com padrões, pois, do contrário, as conclusões se sujeitam à opinião e, não raro, ao humor do analista de balanços”. Por meio de técnicas estatísticas (medida separatriz), é possível a construção de indicadores padrão que servem de parâmetro de comparação do desempenho econômico-financeiro da empresa objeto da análise com a performance de um grande número de empresas do mesmo segmento. Esses padrões são importantes para toda avaliação que se venha a fazer das empresas, permitindo que se estabeleçam qualificações (favorável, insuficiente etc.), nos vários índices extraídos das demonstrações financeiras. 77 As medidas separatrizes são números reais que dividem a sequência ordenada de dados em partes que contêm a mesma quantidade de elementos da série. São medidas separatrizes: a mediana, os quartis, os quintis, os decis e os percentis. Os elementos que separam a sequência ordenada em 4 partes, cada uma contendo 25% dos elementos, são os quartis. O primeiro quartil, indicado por Q1, separa a sequência ordenada, deixando 25% de seus valores à esquerda e 75% à direita. O segundo quartil, Q2, corresponde à mediana. O terceiro quartil, Q3, separa a sequência ordenada, deixando 75% de seus valores à esquerda e 25% de seus valores à direita. A mesma lógica se aplica aos quintis, decis e percentis. PARA SABER MAIS 78 Vídeoaula: Quartil como medida separatriz. ETHUR, Suzana Zeido. Estatística – Aula 7: Quartil como medida separatriz. 16 fev. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=C4kn26gYwI0. Acesso em: 30 nov. 2016. LINK MODELO DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS DE MATARAZZO Matarazzo (2007) propõe uma forma de atribuir notas a cada um dos indicadores e, posteriormente, ponderar essas notas para que seja possível extrair uma única que represente a situação global da empresa. Nesse procedimento, Matarazzo atribui notas aos indicadores de endividamento, liquidez e rentabilidade/lucratividade, conforme apresentado na Tabela 2. https://www.youtube.com/watch?v=C4kn26gYwI0 https://www.youtube.com/watch?v=C4kn26gYwI0 79 TABELA 2 – INDICADORES E RESPECTIVOS PESOS/GRUPOS Indicador Peso Índices Grupo Endividamento Participação de capitais de terceiros 0,6 0,4 Composição do endividamento 0,1 Imobilização do patrimônio líquido 0,2 Imobilização de recursos não correntes 0,1 Liquidez Liquidez geral 0,3 0,2 Liquidez corrente 0,5 Liquidez seca 0,2 Rentabilidade/ Lucratividade Giro do ativo 0,2 0,4Margem líquida 0,1 Rentabilidade do ativo 0,1 Rentabilidade do patrimônio líquido 0,6 Fonte: Elaborada pelo autor. Como exemplo, supondo-se que a empresa MF tenha obtido os seguintes resultados para os índices de endividamento, liquidez e rentabilidade/ lucratividade para o exercício de 20X9, demonstrados na Tabela 3. 80 TABELA 3 – ÍNDICES NO EXERCÍCIO DE 20X9 Indicador 20X9 Endividamento Participação de capitais de terceiros 1,83 Composição do endividamento 0,54 Imobilização do patrimônio líquido 1,21 Imobilização de recursos não correntes 0,66 Liquidez Liquidez geral 0,88 Liquidez corrente 1,61 Liquidez seca 0,87 Rentabilidade/ Lucratividade Giro do ativo 1,11 Margem líquida 3,77% Rentabilidade do ativo 4,19% Rentabilidade do patrimônio líquido 13,48% Fonte: Elaborada pelo autor. A partir dos valores dos índices da empresa MF da Tabela 3, atribuíram-se notas de 0 a 10 com base numa tabela de índices padrão, e multiplica- se o peso pela nota de cada índice. O mesmo procedimento deve ser feito para o grupo de índices, como consta na Tabela 4. 81 TABELA 4 – APLICAÇÕES SOBRE ÍNDICES E GRUPOS Indicador Índices Grupo Peso Valor 20X9 Nota Peso × Nota Nota Peso Nota × Peso En di vi da m en to Part. cap. terceiros 0,6 1,83 4 2,4 4,2 0,4 1,68 Comp. endividamento 0,1 0,54 10 1 Imobilização patr. líquido 0,2 1,21 2 0,4 Imob. rec. não correntes 0,1 0,66 4 0,4 Li qu id ez Liquidez geral 0,3 0,88 2 0,6 5,1 0,2 1,02Liquidez corrente 0,5 1,61 7 3,5 Liquidez seca 0,2 0,87 5 1 Re ntab ili da de / Lu cr at iv id ad e Giro do ativo 0,2 1,11 5 1 5,7 0,4 2,28 Margem líquida 0,1 3,77% 6 0,6 Rentabilidade ativo 0,1 4,19% 5 0,5 Rentabilidade patr. líquido 0,6 13,48% 6 3,6 Nota global – – – – – – 4,98 Fonte: Elaborada pelo autor. 82 As notas de cada indicador da tabela anterior foram obtidas a partir da tabela de índices padrão de 556 empresas do ramo de produtos elétricos e eletrônicos, como demonstrado na Tabela 5. TABELA 5 – INDICADORES: DECIS Indicador Decis 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º En di vi da m en to Participação de Capitrais de Terceiros 0,43 0,66 0,85 1,09 1,36 1,66 2,18 2,76 4,20 Composição do Endividamento 0,71 0,82 0,92 0,96 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Imobilização do Patrimônio Líquido 0,25 0,34 0,43 0,55 0,62 0,73 0,86 1,01 1,35 Imobilização dos Recursos não Correntes 0,21 0,28 0,37 0,43 0,54 0,61 0,70 0,83 1,14 Li qu id ez Liquidez Geral 0,84 0,98 1,06 1,14 1,24 1,34 1,47 1,76 2,24 Liquidez Corrente 0,95 1,06 1,16 1,25 1,34 1,45 1,62 1,87 2,35 Liquidez Seca 0,47 0,60 0,70 0,79 0,88 0,96 1,05 1,22 1,60 Re nt ab ili da de Lu cr at iv id ad e Giro do ativo 0,64 0,86 0,92 1,06 1,26 1,35 1,48 1,69 2,10 Margem Líquida -5,3% 0,0% 1,1% 2,1% 3,2% 4,5% 6,6% 9,5% 14,5% Rentabilidade do Ativo -5,6% 0,0% 1,3% 2,7% 4,2% 6,1% 8,5% 11,4% 17,7% Rentabilidade do Patrimônio Líquido -17% 1,0% 5,0% 9,0% 13,0% 17,8% 24,6% 35,0% 56,2% Fonte: Elaborada pelo autor. 83 Assim, uma liquidez geral de 0,88 deve ser avaliada com nota 1, pois está mais próxima do 1º decil. Por outro lado, um índice de participação de capitais de terceiros de 1,83 deve ser avaliado com nota 4, pois está mais próximo do 6º decil da Tabela 5. Como os índices de endividamento são do tipo quanto menor, melhor, o procedimento de atribuição de notas deve ser invertido. O último procedimento do modelo de avaliação de Matarazzo consiste em atribuir conceitos às notas, conforme escala a seguir. TABELA 6 – ESCALA DE AVALIAÇÃO CONCEITUAL Nota 0 ├┤1 1 ┤2 2 ┤4 4 ┤6 6 ┤8 8 ┤9 9 ┤10 Conceito Péssimo Deficiente Fraco Razoável Satisfatório Bom Ótimo Fonte: Elaborada pelo autor. De acordo com essa escala, a empresa MF obteve as notas apresentadas na Tabela 7. 84 TABELA 7 – NOTAS DA EMPRESA MF Categoria Nota Conceito Endividamento 4,2 Razoável Liquidez 5,1 Razoável Rentabilidade 5,7 Razoável Global 4,98 Razoável Fonte: Elaborada pelo autor. Verifique o artigo referente à aplicação da proposta de Matarazzo (2003). TEIXEIRA, A. J. C.; DALMACIO, F. Z.; RANGEL, L. L. Estudo empírico no setor de metalurgia e siderurgia sobre a relevância dos indicadores contábeis para estimativa de retorno das ações negociadas na Bovespa. 3o Simpósio Fucape de Produção Científica. Disponível em: http:// www.fucape.br/simposio/3/artigos/flavia%20 dalmacio,%20aridelmo%20teixera%20e%20 luciene%20rangel.pdf. Acesso: 16 set. 2020. PARA SABER MAIS http://www.fucape.br/simposio/3/artigos/flavia%20dalmacio,%20aridelmo%20teixera%20e%20luciene%20rangel.pdf http://www.fucape.br/simposio/3/artigos/flavia%20dalmacio,%20aridelmo%20teixera%20e%20luciene%20rangel.pdf http://www.fucape.br/simposio/3/artigos/flavia%20dalmacio,%20aridelmo%20teixera%20e%20luciene%20rangel.pdf http://www.fucape.br/simposio/3/artigos/flavia%20dalmacio,%20aridelmo%20teixera%20e%20luciene%20rangel.pdf AULA 10 Sistema de Análise Dupont 86 O sistema de análise DuPont é assim chamado devido à DuPont Corporation, que originalmente popularizou seu uso. Ele é usado por administradores financeiros para dissecar as demonstrações financeiras da empresa e avaliar sua condição financeira. O sistema Dupont funde a demonstração financeira e o balanço patrimonial em duas medidas de resumo de lucratividade: Return On Asset (ROA) e Return On Equity (ROE). A vantagem considerável do sistema DuPont é que ele permite à empresa dividir sua taxa de retorno sobre o patrimônio líquido em três componentes: um componente de lucro sobre vendas (margem líquida), um componente de eficiência de uso dos ativos (giro do ativo total) e um componente de uso da alavancagem (multiplicador de alavancagem financeira). O rendimento total para os proprietários pode, por conseguinte, ser analisado nessas três dimensões. A primeira parte da fórmula do modelo DuPont 87 leva em consideração os indicadores de margem líquida e do giro do ativo para a determinação da rentabilidade do ativo (ROA), considerados elementos-chave para o sucesso de qualquer empreendimento. FIGURA 21 – FÓRMULA DO MODELO DUPONT: PRIMEIRA PARTE ROA (DuPont) = xMargem Líquida Giro do Ativo Fonte: Elaborada pelo autor. A margem líquida mede a lucratividade sobre as vendas enquanto o giro do ativo mostra o quão eficientemente a empresa utilizou seus ativos na geração de receitas (produtividade). A relação entre margem líquida e giro do ativo é determinante na rentabilidade do ativo, ou seja, quanto mais eficiente for a empresa em termos de produtividade (medida pelo giro do ativo), maior será o retorno do ativo. 88 FIGURA 22 – MULTIPLICADOR DE ALAVANCAGEM FINANCEIRA Multiplicador de Alavancagem Financeira (MAF) = Total do Ativo Patrimônio Líquido Fonte: Elaborada pelo autor. A segunda parte da fórmula do modelo DuPont leva em consideração os indicadores rentabilidade do ativo e multiplicador de alavancagem financeira para determinação da rentabilidade do patrimônio líquido. FIGURA 23 – RETORNO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO ROE (DuPont) = ROA x MAF Fonte: Elaborada pelo autor. Desse modo, o modelo estabelece uma correlação entre eficiência operacional, estrutura de capital e rentabilidade, com o objetivo maior de maximizar o retorno para o acionista. 89 ANGOTTI, Marcello. Análise DuPont como ferramenta de apoio às decisões de investimento em ações. Research Gate, maio 2015. Disponível em: https://www. researchgate.net/publication/276206723_ Analise_DuPont_como_ferramenta_de_ apoio_as_decisoes_de_investimento_em_ acoes. Acesso em: 16 set. 2020. LINK https://www.researchgate.net/publication/276206723_Analise_DuPont_como_ferramenta_de_apoio_as_decisoes_de_investimento_em_acoes https://www.researchgate.net/publication/276206723_Analise_DuPont_como_ferramenta_de_apoio_as_decisoes_de_investimento_em_acoes https://www.researchgate.net/publication/276206723_Analise_DuPont_como_ferramenta_de_apoio_as_decisoes_de_investimento_em_acoes https://www.researchgate.net/publication/276206723_Analise_DuPont_como_ferramenta_de_apoio_as_decisoes_de_investimento_em_acoes https://www.researchgate.net/publication/276206723_Analise_DuPont_como_ferramenta_de_apoio_as_decisoes_de_investimento_em_acoes AULA 11 Modelos de Insolvência – Parte 1 91 Nas aulas anteriores, foi visto que a análise individualizada dos indicadores, apesar de relevante, traz uma dificuldade maior quando se pretende fazer uma análise global da empresa considerando, simultaneamente, a situação de liquidez, de endividamento/estrutura de capital e de lucratividade/rentabilidade. Para resolver esse problema, foram desenvolvidos modelos de avaliação. Por meio de técnicas estatísticas, é possível a construção de indicadores padrão, que servem de parâmetro de comparação do desempenho econômico-financeiro da empresa objeto da análise com o desempenho de um grande número de empresas do mesmo segmento. Esses padrões são importantes para toda a análise que se venha a fazer das empresas, permitindo que se estabeleçam qualificações (favorável, insuficiente etc.) nos vários índices extraídos das demonstrações financeiras. 92 MODELO DE KANITZ De acordo com Matias (2009, p. 277), um dos primeiros trabalhos desenvolvidos no Brasil relacionados a modelos de previsão de falência de empresas foi o de Stephen Charles Kanitz. Utilizando a técnica estatística de análise discriminante, Kanitz construiu o chamado termômetro de insolvência, composto por cinco variáveis. Nesse modelo, Kanitz utilizou 21 empresassolventes e, comparativamente, 21 empresas insolventes entre 1972 e 1974. As referidas empresas foram escolhidas aleatoriamente de um rol de cerca de 5 mil demonstrações contábeis de empresas brasileiras que tinham sido previamente analisadas pelo autor. À variável X1, calculada pela divisão entre lucro líquido e patrimônio líquido, ou seja, rentabilidade do patrimônio líquido, foi dado um peso de 0,05. À variável X2, calculada pela divisão entre a somatória do ativo circulante mais ativo realizável a longo prazo e a somatória do passivo circulante mais passivo não circulante, ou seja, índice de liquidez geral, foi atribuído o peso de 1,65. À variável X3, 93 calculada pela divisão entre ativo circulante menos estoques e passivo circulante, isto é, índice de liquidez seca, foi dado um peso de 3,55. À variável X4, calculada pela divisão entre ativo circulante e passivo circulante, em outras palavras, índice de liquidez comum, foi dado um peso de 1,06. À variável X5, calculada pela divisão entre exigível total e patrimônio líquido, ou seja, índice de participação de capital de terceiros, foi dado um peso de 0,33. A Figura 24 sintetiza a consolidação do modelo desenvolvido por Kanitz. FIGURA 24 – MODELO DESENVOLVIDO POR KANITZ Fonte: Elaborado pelo autor 94 O resultado da variável X1 vezes 0,05, mais o resultado da variável X2 vezes 1,65, mais o resultado da variável X3 vezes 3,55, menos o resultado da variável X4 vezes 1,06, menos o resultado da variável X5 vezes 0,33 foi chamado pelo autor de fator de insolvência. O fator de insolvência positivo indica que a empresa está solvente. Valores entre zero e −3 (três negativo) representam uma área de indefinição, denominada penumbra. Um resultado abaixo de −3 (três negativo) representa uma situação de insolvência. Para Kanitz (1974, p. 96), “os primeiros sintomas de uma insolvência surgem muito antes que ela se concretize”. O desafio dos analistas é identificar esses sintomas nos balanços das companhias tempestivamente, ou seja, “descobrir com antecedência e um razoável grau de segurança qual a situação financeira de uma empresa”. O modelo desenvolvido pelo autor traz essa possibilidade aos analistas. Enfatiza o autor que a análise do índice de solvência permite: 95 ● descobrir empresas em estado de pré-insolvência; ● hierarquizar as empresas numa escala de solvência/insolvência, a fim de selecionar clientes prioritários; e ● determinar previsões para a conta “devedores duvidosos”, segundo a probabilidade de insolvência de cada cliente. Kanitz ressalta, ainda, que nem toda empresa vai obrigatoriamente à falência por estar enfrentando dificuldades em determinado momento. Qualquer empresa bem administrada pode se recuperar de uma situação difícil. Portanto, o fator de insolvência é um indicador daquilo que pode acontecer em um futuro próximo, caso a empresa não corrija os rumos que está seguindo. 96 MÁRIO, Poueri do Carmo. Contribuição ao estudo da solvência empresarial: uma análise de modelos de previsão: estudo exploratório aplicado em empresas mineiras. 2002. 227 f. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Departamento de Contabilidade e Atuária, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. PARA SABER MAIS MODELO DE ALTMAN De acordo com Matias (2009, p. 277) Altman, em conjunto com alguns professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), desenvolveu um modelo quantitativo utilizando a técnica de análise discriminante e a regressão 97 múltipla com 58 empresas brasileiras, sendo 35 em boa condição financeira e 23 consideradas insolventes. A partir do modelo original desenvolvido por Altman, nos Estados Unidos, os autores utilizaram cinco variáveis (reclassificadas e com a modificação de duas delas para adequá-las ao padrão contábil brasileiro da época) para o cálculo de dois fatores, Z1 e Z2. Para cada fator, foram usadas cinco variáveis descritas a seguir. ● A variável X1 é calculada pela divisão entre ativo circulante menos passivo circulante e ativo total. ● A variável X2 é calculada pela divisão entre reservas de lucro e ativo total. ● A variável X3 é calculada pela divisão entre o resultado antes do resultado financeiro e dos tributos (ou Earning Before Interest and Taxes – EBIT) e ativo total. ● A variável X4 é calculada pela divisão entre patrimônio líquido e exigível total (passivo circulante mais passivo não circulante ou passivo exigível a longo prazo). ● A variável X5 é calculada pela divisão entre receita líquida de vendas e ativo total, ou seja, giro do ativo. 98 É importante ressaltar que a variável X3 foi reclassificada para ajustá-la ao padrão contábil usado atualmente, assim como foi feito na época pelos autores com as variáveis X2 e X4. O fator Z1 do modelo é calculado da seguinte forma: Z1 = −1,44 + 4,03X2 + 2,25X3 + 0,14X4 + 0,42X5 Ou seja, o fator Z1 é dado pelo resultado −1,44 (menos um vírgula quarenta e quatro), mais o resultado da variável X2 vezes o seu peso 4,03 (quatro vírgula zero três), mais o resultado da variável X3 vezes o seu peso 2,25 (dois vírgula vinte e cinco), mais o resultado da variável X4 vezes o seu peso 0,14 (zero vírgula quatorze), mais o resultado da variável X5 vezes o seu peso 0,42 (zero vírgula quarenta e dois). O fator Z2 do modelo é calculado da seguinte forma: Z2 = −1,84 − 0,51X1 + 6,32X3 + 0,71X4 + 0,53X5. 99 Ou seja, o fator Z2 é dado pelo resultado −1,84 (menos um vírgula oitenta e quatro), menos o resultado da variável X1 vezes o seu peso 0,51 (zero vírgula cinquenta e um), mais o resultado da variável X3 vezes o seu peso 6,32 (seis vírgula trinta e dois), mais o resultado da variável X4 vezes o seu peso 0,71 (zero vírgula setenta e um), mais o resultado da variável X5 vezes o seu peso 0,53 (zero vírgula cinquenta e três). Tanto Z1 como Z2, se o resultado for positivo, ou seja, maior que ZERO, significa que a empresa se encontra numa situação de solvência. Se o resultado for igual ou menor que ZERO, a situação da empresa é de insolvência. A Figura 25 sintetiza a consolidação do modelo de Altman. 100 FIGURA 25 – CONSOLIDAÇÃO DO MODELO DE ALTMAN Fonte: Elaborada pelo autor. De acordo com os autores Altman, Baidya e Dias (1979, p. 23), Z1 e Z2 são fatores distintos, mas muito semelhantes, isto é, essencialmente idênticos. O fator Z1 não inclui a variável X1 “porque o programa discriminante, aplicado passo a passo, mostrou que X1 não contribuía para o poder explicativo do modelo e que o sinal do coeficiente de X1 era contrário à lógica e à instituição”. Da mesma forma, Z2 não inclui a variável X2 porque, em primeiro lugar, é muito difícil quantificar os lucros 101 retidos com base apenas em balanços recentes e, em segundo lugar, com as modificações conceituais introduzidas no modelo original, as variáveis X2 e X4 resultaram muito semelhantes. ALTMAN, E. I.; BAIDYA, T. K. N.; DIAS, L. M. R. Previsão de problemas financeiros em empresas. Revista de administração de empresa, Rio de Janeiro, 19(1), p. 17-28, jan./ mar. 1979. Disponível em: http://www.scielo. br/pdf/rae/v19n1/v19n1a02.pdf. Acesso em: 16 set. 2020. LINK http://www.scielo.br/pdf/rae/v19n1/v19n1a02.pdf/ http://www.scielo.br/pdf/rae/v19n1/v19n1a02.pdf/ AULA 12 Modelos de Insolvência – Parte 2 103 MODELO DE ELIZABETSKY De acordo com Matias (2009, p. 277), em 1976, Roberto Elizabetsky desenvolveu o seu modelo de previsão de insolvência analisando 373 empresas do setor de confecção, sendo 274 solventes e 99 insolventes. A Figura 26 sintetiza a consolidação do modelo de Elizabetsky. FIGURA 26 – CONSOLIDAÇÃO DO MODELO DE ELIZABETSKY Fonte: Elaborada pelo autor. 104 Para o desenvolvimento do modelo, o autor também utilizou cinco variáveis, conforme segue. À variável X32, calculada pela divisão entre lucro líquido e a receita líquidade vendas, ou seja, lucratividade das vendas, foi dado um peso de 1,93. ● Para a variável X33, calculada pela divisão entre as disponibilidades (somatória das contas caixa e equivalentes de caixa mais aplicações financeiras) e o ativo permanente (somatória das contas investimentos, imobilizado, intangível e diferido), foi atribuído o peso de 0,20. ● À variável X35, calculada pela divisão entre contas a receber e ativo total, foi dado um peso de 1,02. ● Para a variável X36, calculada pela divisão entre estoques e ativo total, foi atribuído peso de 1,33; ● À variável X37, calculada pela divisão entre passivo circulante e ativo total, foi dado o peso de 1,12. O fator Z do modelo é calculado da seguinte forma: Z = 1,93X32 − 0,20X33 + 1,02X35 + 1,33X36 − 1,12X37 Ou seja, o fator Z é dado pelo resultado da variável X32 vezes o seu peso (1,93), menos o resultado da variável X33 vezes o seu peso (0,20), mais o 105 resultado da variável X35 vezes o seu peso (1,02), mais o resultado da variável X36 vezes o seu peso (1,33), menos o resultado da variável X37 vezes o seu peso (1,12). De acordo com o modelo, o ponto crítico do fator Z é 0,5 (meio). Se o resultado do fator Z for maior que 0,5 (meio), a situação da empresa é de solvência. Se o resultado do fator Z for igual ou menor que 0,5 (meio), a situação da empresa é de insolvência. REZENDE, Isabelle Carlos Campos; FARIAS, Thalista Xismy Tavares de; OLIVEIRA, Alan Santos de. Aplicação dos modelos de Elizabetsky e Kanitz na previsão de falência: um estudo descritivo das melhores e maiores empresas por setor listadas na Revista Exame em 2010. Revista Mineira de Contabilidade, Belo Horizonte, v. 51, n. 14, p. 35-42, out. 2013. LINK 106 MODELO DE MATIAS De acordo com Matias (2009, p. 277), em 1978, Alberto Borges Matias desenvolveu o seu modelo de previsão de insolvência, analisando 100 empresas de capital aberto de diferentes ramos de atividades, sendo 50 solventes e 50 insolventes. A Figura 27 sintetiza a consolidação do modelo de Matias. FIGURA 27 – CONSOLIDAÇÃO DO MODELO DE MATIAS Fonte: Elaborada pelo autor. 107 Para o desenvolvimento do modelo, o autor utilizou seis variáveis, descritas a seguir. ● Para a variável X1, calculada pela divisão entre patrimônio líquido e ativo total, foi dado um peso de 23,792. ● À variável X2, calculada pela divisão entre financiamentos e empréstimos bancários e ativo circulante, foi atribuído peso de 8,26. ● Para a variável X3, calculada pela divisão entre fornecedores e ativo total, foi dado o peso de 9,868. ● À variável X4, calculada pela divisão entre ativo circulante e passivo circulante, foi atribuído peso de 0,764. ● Para a variável X5, calculada pela divisão entre lucro operacional e lucro bruto, foi dado um peso de 0,535. ● À variável X6, calculada pela divisão entre disponibilidades (somatória das contas caixa e equivalentes de caixa mais aplicações financeiras) e ativo total, foi atribuído o peso de 9,912. O fator Z do modelo é calculado da seguinte forma: 108 Z = 23,792X1 – 8,26X2 – 9,868X3 – 0,764X4 – 0,535X5 + 9,912X6. Ou seja, o fator Z é dado pelo resultado da variável X1 vezes o seu peso (23,792), menos o resultado da variável X2 vezes o seu peso (8,26), menos o resultado da variável X3 vezes o seu peso (9,868), menos o resultado da variável X4 vezes o seu peso (0,764), menos o resultado da variável X5 vezes o seu peso (0,535), mais o resultado da variável X6 vezes o seu peso (9,912). De acordo com o modelo, o ponto crítico do fator Z é 0 (zero). Se o resultado do fator Z for maior que 0,0 (zero), a situação da empresa é de solvência. Se o resultado do fator Z for igual ou menor que 0 (zero), a situação da empresa é de insolvência. MODELO DE PEREIRA De acordo com Matias (2009, p. 278), Pereira desenvolveu o seu modelo de previsão de insolvência no início da década de 1980. A Figura 28 sintetiza a consolidação do modelo de Pereira. 109 FIGURA 28 – CONSOLIDAÇÃO DO MODELO DE PEREIRA Fonte: Elaborada pelo autor. O fator Z do modelo é calculado da seguinte forma: Z = 0,722 – 5,124X1 + 11,016X2 – 0,342X3 – 0,048X4 + 8,605X5 – 0,004X6 110 Assim como nos modelos apresentados por Matias e Altman, o ponto crítico do fator Z é 0 (zero). Se o resultado do fator Z for maior que 0 (zero), a situação da empresa é de solvência. Se o resultado do fator Z for igual ou menor que 0 (zero), a situação da empresa é de insolvência. Diversos artigos já foram escritos aplicando os cinco modelos de previsão de falência. Um trabalho que se destaca é o artigo de José Roberto Kassai e Silvia Pereira de Castro Casa Nova, em 1998. Nesse trabalho, os autores afirmam que todos esses modelos de previsão de insolvência foram desenvolvidos a partir de uma determinada amostra colhida em suas respectivas épocas. Com o passar dos anos, o grau de precisão dos modelos diminui. SAIBA MAIS 111 KASSAI, José Roberto; CASA NOVA, Silvia Pereira de Castro. Desvendando o termômetro de insolvência de Kanitz. Anais.. Ribeirão Preto: FEA-USP, 1999. Disponível em: https:// repositorio.usp.br/item/001077916. Acesso em: 16 set. 2020. PEREIRA, R. C. C. et. al. Análise financeira empresarial sob a luz dos 5 modelos de previsão de insolvência: um estudo comparativo de empresas de capital aberto. Convibra, 2013. Disponível em: https:// docplayer.com.br/19355148-Analise- financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5- modelos-de-previsao-de-insolvencia-um- estudo-comparativo-de-empresas-de- capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20 objetivo%20desta%20pesquisa,a%20 mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20 solv%C3%AAncia. Acesso em: 16 set. 2020. LINK https://repositorio.usp.br/item/001077916 https://repositorio.usp.br/item/001077916 https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia https://docplayer.com.br/19355148-Analise-financeira-empresarial-sob-a-luz-dos-5-modelos-de-previsao-de-insolvencia-um-estudo-comparativo-de-empresas-de-capital-aberto.html#:~:text=E%20o%20objetivo%20desta%20pesquisa,a%20mesma%20situa%C3%A7%C3%A3o%20de%20solv%C3%AAncia
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