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ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Carolina Aparecida Lenzi Radel SUMÁRIO Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU- PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for- ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETOR DE ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) Rafael Giovanella Desenvolvido pela equipe de Criações para o Ensino a Distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Igor Zattera, Julia Oliveira, Thaís Munhoz Revisora Camila Portela CONTEXTUALIZAÇÃO: ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE HORIZONTAL 5 RELEMBRANDO AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 8 ANÁLISE VERTICAL 13 ANÁLISE HORIZONTAL 16 RELAÇÃO ENTRE ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE HORIZONTAL 19 SÍNTESE 22 TÉCNICAS DAS ANÁLISES ATRAVÉS DOS CÁLCULOS DE ÍNDICES 27 ÍNDICES DE LIQUIDEZ 28 INDICADORES DE AVALIAÇÃO E ESTRUTURA DE CAPITAL 32 ÍNDICES DE RENTABILIDADE 36 QUADRANTE COMPARATIVO 38 SÍNTESE 39 MÉTODO DUPONT, TERMÔMETRO DE INSOLVÊNCIA E CICLOS FINANCEIROS 42 ANÁLISE DE RENTABILIDADE PELO GIRO E MARGEM 43 CICLO OPERACIONAL E CICLO FINANCEIRO 48 ARTIGO – O MODELO DE FLEURIET 55 SÍNTESE 58 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DAS DEMAIS PEÇAS CONTÁBEIS 62 ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) 63 ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) 70 ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES DO VALOR AGREGADO OU ADICIONADO E DAS DEMONSTRAÇÕES DO RESULTADO ABRANGENTE 74 RELATÓRIOS DE ANÁLISE 77 SÍNTESE 78 3ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APRESENTAÇÃO Olá, alunas e alunos, sejam todos bem-vindos! Neste material, trabalharemos com a disciplina de Estrutura e Análise das De- monstrações Contábeis. Lembrando que Demonstrações Contábeis, também conhe- cidas como Demonstrações Financeiras, são levantadas por toda e qualquer empresa, independentemente do seu porte e atividade, refletindo as informações a respeito de sua posição econômica e financeira no período findo na data a ser determinada. Segundo Iudícibus e Marion (2011) relatam que, frequentemente, estamos to- mando decisões: a hora que levantaremos, que roupa vestiremos, qual programa ire- mos assistir etc. Algumas vezes, são decisões importantíssimas: o casamento, a es- colha da profissão, a aquisição de um imóvel, entre tantas outras decisões. É certo que estas decisões mais importantes requerem uma atenção maior, uma análise mais profunda sobre os dados disponíveis, sobre os critérios racionais, pois uma decisão importante, mal tomada, pode prejudicar toda uma vida. Dentro de uma empresa, a situação não é diferente. Diariamente, decisões são tomadas nas empresas e quase todas importantes, vitais para o sucesso do negócio. Por isso, há necessidade de dados, de informações corretas, subsídios que contribu- am para uma tomada de decisão assertiva. São muitas as decisões possíveis de serem tomadas: contrair uma dívida, comprar ou alugar uma máquina, o preço de um pro- duto, reduzir custos, produzir mais, entre outras. Através deste conteúdo será possível você identificar a estrutura patrimonial das organizações através dos demonstrativos contábeis, conhecer e utilizar os indicadores econômicos e financeiros para fins de análise das organizações e avaliar os indicadores traduzindo-os de forma analítica. Nesta disciplina, será possível conquistar habilidades como: montar demonstrações contá- beis simplificadas para fins de análise; localizar informações econômicas e financeiras relevan- tes nas demonstrações contábeis; efetuar o cálculo referente à relação percentual dos demons- trativos contábeis e financeiros para fins de análise vertical e horizontal; calcular os indicadores econômicos e financeiros; analisar a empresa sob os aspetos econômicos e financeiros através de uma análise descritiva dos indicadores e das análises vertical e horizontal e avaliar financeira e economicamente os impactos sócio-ambientais nos resultados das organizações. Para iniciar a análise de demonstrações contábeis, é preciso “saber ler” os números. Não é uma prática fácil, pois há muitas coisas que estão somente nas entrelinhar e é preciso captar entender o que está lá, captar o que não foi dito. Ter o conhecimento mínimo sobre a empresa, o negócio e contabilidade, são fundamentais. Uma boa análise visa relatar, com base na leitura das informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a evolução apre- sentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise das demonstrações contábeis, é possível extrair informações sobre a posição passada, presente e futura de uma empresa e ainda, é possível comparar esta empresa ou outras do mesmo ramo de atividade. 4ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS APRESENTAÇÃO Este material foi desenvolvido com o principal objetivo de auxiliar você, aluno, a adquirir as competên- cias e habilidades necessárias, tornando-se um profissional diferenciado com o foco no mundo do trabalho. Atualmente, há uma cobrança maior para que os gestores do patrimônio sejam transparentes na prestação de contas. Para isso, quanto mais informações a companhia oferecer, melhor avaliação terá do mercado. Com o desenvolvimento econômico da sociedade, a contabilidade se reveste de grande im- portância. A utilização da análise dessas peças contábeis torna-se ainda mais necessária, pois são os resultados que mostrarão os caminhos a serem seguidos por investidores. A análise dos demonstrativos contábeis é o exame da saúde financeira, econômica e patrimonial da sociedade. É um diagnóstico estruturado da situação do patrimônio. É uma maneira de transformar os dados em peças contábeis em valores relativos, tornando-se possível comparar com outras empresas ou mesmo com o mercado. Mas dizer que a empresa teve um lucro de X é fácil. Porém, para agregar valor é muito melhor dizer que o lucro representa 12% do PL, que é superior ao rendimento da poupança, por exemplo. A informa- ção se torna mais útil quando falamos que a empresa tem a capacidade de pagamento 2,5, por exemplo, cada 1 real de dívida, você tem 2,5 para pagar. Para isso, vamos estudar os indicadores da situação patri- monial: índices de estrutura, endividamentos, capacidade do índice de liquidez a curto e longo prazos, com ou sem estoques, rentabilidade do investimento dos sócios. Vamos falar do método Dupont e ter- mômetro de insolvência: métodos que associam vários indicadores para um mesmo resultado, ou seja, análises conjuntas. E então, vamos aos estudos? 5 CONTEXTUALIZAÇÃO: ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE HORIZONTAL As demonstrações contábeis refletem o panorama da posição financeira da empresa em um período específico? 6ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Avaliar e comparar essa “fotografia” entre períodos distintos e entre em- presas de um mesmo setor é uma forma de interpretar os números e identificar o rumo a ser seguido no mundo corporativo. Uma das mais utilizadas técnicas são as análises vertical e horizontal. A contabilidade sempre avançou e evoluiu diante das necessidades da so- ciedade, tornando-se o principal elo de informações da empresa com o mundo externo. Seu principal objetivo é o de informar a seus usuários toda modificação no patrimônio das entidades. Na sociedade moderna, vivendo em um mundo globalizado, em que os merca- dos se confundem e entrelaçam, a contabilidade se torna mais importante ainda. Na busca em conhecer a atividadedas empresas desconhecidas ou mesmo conhecidas, os investidores utilizam os dados dos balanços patrimoniais das empresas que es- peram investimentos. A contabilidade se torna o principal termômetro para mos- trar a saúde financeira das companhias. Tanto que para empresas de capital aberto, as exigências são maiores e as informações contábeis melhores. Além de fornecer dados aos usuários externos, é o balizamento na gestão dos recursos internos da empresa. É um grande controle gerencial da empresa, pois todos os fatos são registrados na contabilidade e isso é muito além de mostrar o mês a mês do lucro ou prejuízo obtido pela empresa. EX: quanto de crédito pode ser ofertado, empréstimos, venda da empresa, conquista de um grande cliente ou fornecedor etc. A característica mais relevante na análise das demonstrações contábeis é a comparação, ou seja, a análise de uma empresa só é possível ser realizada comparando os valores de determinada conta, com os valores do período anterior, além disso, temos o relacionamento desses valores com outros afins. De acordo com o professor Assaf Neto (2008) “o montante de uma conta ou de um grupo patrimonial quando tratado isoladamente não retrata adequadamente a importância do valor apresentado e muito menos seu comportamento ao longo do tempo”. Acompanhem um simples exemplo para entenderem o que isso significa: Você foi convidado por um investidor, que deseja comprar ações da Companhia Internacional S.A., para fornecer uma opinião com relação à conta contábil de “empréstimo não circulante” (longo prazo) dessa empresa. O inves- tidor te passa a seguinte informação e questionamento: “o total dos empréstimos de longo prazo é de R$6.000.000,00 no final de 2017, isso é bom ou a empresa está muito endividada?” Simplesmente com essa informação, você conseguiria desenvolver alguma análise? Seria bem difícil, não acha? Mas, e se ele passar uma segunda informação: “o total dos empréstimos de longo prazo em 2016, ou seja, no ano an- terior, era R$16.000.000,00”. Opa! Agora já é possível fazer alguma análise (comparação), vamos tentar? • Primeiro momento: total dos empréstimos de longo prazo em 2016 era R$16.000.000,00 • Segundo momento: total dos empréstimos de longo prazo em 2017 era R$6.000.000,00 Vamos identificar a variação de um período para o outro? • Variação: Período Final – Período inicial => 6.000.000,00 – 16.000.000,00 = (10.000.000,00) ou (-62,50%). 7ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO O que esse resultado de 62,50% pode representar? Você já poderia afirmar que esse resultado é excelente? E garantir que a empresa não está endividada?? Vamos seguir... E, se o investidor te disser que o total do passivo da empresa, isso é, das obrigações totais era de R$300.000.000,00 em 2017 e em 2016 ele representava R$289.000.000,00? Bom, agora já possuímos mais informações. Vamos ver quanto significava a conta de empréstimos de longo prazo no total de passivo da empresa em 2017 e em 2016: • Representação em 2017 = 6.000.000,00/300.000.000,00 = 2% • Representação em 2018 = 16.000.000,00/289.000.000,00 = 5,5% Bom, agora já possuímos boas informações e conseguimos apresentar um ra- ciocínio e uma boa argumentação, como por exemplo: O que temos é a seguinte situação: uma redução de 62,5% nos empréstimos da Companhia Internacional S.A, o que pode ser considerada bom, mas a conta emprés- timo de longo prazo, é pouco expressiva no total do passivo, ela só representava 2% em 2017. Ou seja, tivemos uma excelente redução entre o ano de 2016 e 2017 (em tor- no de 62,5%), mas essa conta tem pouca representatividade em relação ao passivo. Sendo assim, quando comparamos os valores entre si e com outros de diferentes períodos teremos um aspecto mais dinâmico e elucidativo da posição estática das demonstrações contábeis. Inicialmente é importante reforçar sobre a obrigatoriedade da escrituração contábil em to- das as empresas. Segundo o Novo Código Civil, Lei 10.406 de 2002, art. 1179: “o empresário e a so- ciedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respecti- va, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.” E essa obrigatoriedade não se limita somente às empresas de grande porte, uma vez que a Lei Complementar 123 de 2006, em seu art. 27 menciona que: “as microempresas e as empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e controles das operações realizadas”, ou seja, não se eximem sobre a obrigação de ter uma contabilidade sobre suas operações. 8ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO RELEMBRANDO AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As operações de qualquer empresa refletem em informações e dados que são compilados através das demonstrações contábeis. Há uma padronização no for- mato de apresentação dessas demonstrações a fim de que qualquer usuário, em qualquer lugar do mundo, consiga interpretar os números das empresas, indepen- dentemente do porte ou atividade da empresa. Saber compreender as estruturas das demonstrações e analisá-las é fundamental para quem quer entender sobre a saúde financeira das empresas. Então, antes de adiantarmos nas modalidades de análises e interpretações sobre os números de uma empresa, faz-se importante relembrarmos quais são as demonstrações contábeis usuais e para o que elas servem. Ressalto aqui que este subitem do material é apenas uma recordação, não se atenha somente neste mate- rial caso identifique muita dificuldade em recordar as peças (demonstrações) con- tábeis, pois estas são como um norte de toda a compreensão para o restante da ma- téria. Mas vamos ao que interessa... relembrar sobre as demonstrações contábeis. O objetivo principal da contabilidade é coletar, registrar, resumir, analisar e demonstrar, em termos monetários (valores), informações do negócio da empresa. A importância de registrar as transações (vendas, compras de estoque, aquisição de maquinário, obtenção de financiamentos e empréstimos, dentre outras) de uma empresa é proveniente de uma série de fatores, como, por exemplo: • Dinamismo das companhias, já que as empresas estão sempre se adaptando para se tornarem competitivas e sobreviverem; • Necessidade de comprovar, com registros e documentos, a veracidade das transações ocorridas (acionistas, autoridades fiscais etc.) e; • Necessidade de se conhecer a performance da empresa ao longo dos anos: se as empresas estão crescendo ou valorizando, se está com lucro ou prejuízo. 9ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Agora que relembramos alguns pontos primordiais da importância da contabilidade, precisamos discorrer sobre o Pronunciamento Técnico - CPC 26 que estabeleceu o conjunto completo das demons- trações financeiras para as entidades que atuam no Brasil. As peças contábeis são os produtos da con- tabilidade e algumas são obrigatórias e outras facultativas. A fim de recordar quais são as demonstrações contábeis (destaco novamente que você, caro alu- no, precisa já ter o conhecimento sobre as demonstrações contábeis para avançar na disciplina. Este conhecimento deve ter sido adquirido em outras disciplinas já cursadas, eu, como professora, farei apenas menção para introduzir de fato a disciplina): a. Balanço patrimonial: Relata os bens e direitos da companhia, bem como as obrigações com terceiros e os recursos inves- tidos pelos proprietários. O Balanço Patrimonial é considerado a principal demonstração contábil, em que é quantificada a situação patrimonial e financeira da empresa em um determinado momento, geralmente elas ocorrem no final do ano ou em um período prefixado (como por exemplo: final de cada trimestre). Podemos dizer que o Balanço Patrimonial pode ser relacionado a umafotografia em um deter- minado momento, em que, através dessa foto seria possível visualizar de uma só vez os bens, direitos, obrigações e o capital dos sócios na entidade. Sempre devemos ter em mente que o Balanço Patrimonial é estático, ou seja, retrata a empresa naquele momento. Demonstra a situação estática do patrimônio: bens, direitos e obrigações da sociedade em um determinado período. Obrigatoriamente, para fins de comparabilidade, deve ser publicado o balanço do ano corrente e do exercício imediatamente anterior. Fica mais claro demonstrar a Equação Contábil básica que é ativo total é igual a soma do passivo total com o patrimônio líquido. A figura ilustra: Relacionando a imagem acima com as principais definições de cada grupo contábil que faz parte do Balanço Patrimonial: ATIVO PASSIVO Circulante: Dinheiro e aquilo que será transformado em dinheiro rapidamente. Circulante: Obrigações que serão pagas rapidamente, no curto prazo. Não Circulante: Representado por bens e diretos. Espera-se muito tempo para receber. E normalmente não se vende, pois é para uso próprio ou para renda. Não Circulante: Demora-se muito tempo para pagar as obrigações. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Normalmente não precisa pagar, enquanto a empresa estiver em continuidade. (Fonte: Iudícibus e Marion, 2011) 10ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO b. Demonstração do resultado do exercício: Demonstra o lucro ou prejuízo do exercício publicado, bem como a estrutura para apuração. Obedece ao mesmo critério de publicação do BP: comparando dois exercícios, o atual e o anterior. Informa o resultado apurado pela companhia du- rante o seu exercício social, seja lucro ou prejuí- zo. Trata-se de um resumo ordenado das receitas e despesas da empresa em determinado período. De maneira bastante sintética: Caso as re- ceitas de uma companhia sejam maiores que as suas despesas e custos, a entidade terá tido lu- cro no período. Em sendo suas despesas e custos maiores que suas receitas, a empresa incorrerá em prejuízo. Lembrem-se que as receitas, despe- sas e custos devem ser reconhecidas pelo Regime de Competência, ou seja, todo o reconhecimento deve ser contabilizado independentemente do seu pagamento ou recebimento. Mas, o que diz a Lei 6.404 de 1976 (Lei das S.A) sobre a DRE? Vamos dar uma olhada no art. 187. Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II - A receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - As despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV – O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009); V - O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009); VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 11ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Leram o artigo? Agora vamos à apresentação de uma estrutura básica de DRE: c. Demonstração do resultado abrangente: Informa o resultado líquido (lucro ou prejuízo) e inclui os outros resultados abran- gentes, ou seja, valores que foram registrados provisoriamente no patrimônio líquido. d. Demonstração das mutações do patrimônio líquido: Apresenta as modificações ocorridas nas contas dos acionistas da companhia e de- monstra as modificações do PL, incluindo a formação do lucro e o seu destino. e. Demonstração dos fluxos de caixa: Demonstra as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalen- tes de caixa. Torna-se evidente nesta demonstração de onde vieram os recursos da compa- nhia no exercício e onde foram aplicados, é mais explicativo e detalhado. f. Demonstração do valor adicionado: Nesta demonstração consta a evidência clara do valor das riquezas criadas pela socieda- de durante o seu processo produtivo, bem como os procedimentos utilizados para a sua dis- tribuição. Evidenciar em que lugares foram distribuídos os valores adicionados ou agregados. Essa demonstração é de obrigação somente às companhias abertas (ou seja, empresas que possuem suas ações negociadas na Bolsa de Valores Bm&fBovespa) e demonstra o valor da riqueza gerado pela companhia e sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração desta riqueza. Faturamento Bruto (Venda bruta + IPI sobre o faturamento) ( - ) IPI sobre o Faturamento bruto Receita Bruta de Vendas/Vendas Brutas/ Receita Operacional Bruta ( - ) Deduções da Receita Bruta Abatimentos sobre Vendas Devoluções e cancelamento de vendas Descontos comerciais ou descontos concedidos Impostos e contribuições sobre vendas e serviços (ICMS, ISS, PIS e COFINS) Ajustes a valor presente sobre clientes Receita líquida de vendas/Vendas líquidas/Receita Operacional líquida ( - ) Custo da Mercadoria Vendida Resultado Operacional Bruto/ Lucro Bruto/Resultado com mercadorias ( - ) Despesas Operacionais (De vendas e/ou Administrativas) ( + ) ou ( - ) Resultado Financeiro Líquido Resultado Operacional Líquido/Lucro ou prejuízo operacional Líquido ( - ) Outras Despesas + Outras Receitas Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição sobre Lucro Líquido ( - ) Despesa com Provisão para Imposto de Renda e CSLL Lucro Líquido ou Prejuízo do Exercício 12ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO g. Notas explicativas: É a explicação dos métodos utilizados para a contabilização, bem como eventuais mudanças nos critérios e o detalhamento de algumas contas. São de fato notas explicando os critérios utilizados pela companhia para a elaboração das demonstrações financeiras e outras informações necessárias para o entendimento das demons- trações financeiras pelos seus usuários. Todas as demonstrações contábeis mencionadas acima possuem seus objetivos e atendem às demandas específicas, a depender do usuário e o objetivo das análises. De qualquer forma, a padronização e uniformidade das informações é fundamental para que se possa comparar as evoluções entre os anos. Maior ênfase será dada às demonstrações contábeis: Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, uma vez que, delas é evidenciada de forma objetiva a situação financeira. No entanto, isso não diminui a importância e relevância das demais demonstrações mencionadas acima. As duas principais características de análise de uma empresa são a comparação dos valo- res obtidos em determinado com aqueles levantados em períodos anteriores e o relacionamen- to desses valores com outros afins. Dessa maneira, podemos afirmar que o critério básico que norteia a análise das demonstrações contábeis é a comparação. Esse processo de comparação, indispensável ao conhecimento da empresa, são conhecidos por análise vertical e por análise horizontal. (ASSAF NETO, 2008). Antes de iniciarmos no aprofundamento dos índices e indicadores, é importante ter um entendimento prévio para uma das técnicas de análises. Marion (2012) descre- verde forma bastante elucidativa: os indicadores (ou índices ou quocientes) signifi- cam o resultado obtido da divisão de duas grandezas. Por exemplo, se a empresa tiver $1.500 a receber e $1.000 a pagar, obteremos um índice igual a 1,50. (Numerador) = Contas a receber = 1,50 => índice/quociente (Denominador) Contas a pagar Essa é apenas uma etapa de cálculo com base na fórmula. A segunda etapa é a in- terpretação, ou seja, como podemos explicar o 1,50. A terceira etapa é conceituar o índice obtido, pois queremos saber se é um resultado bom, razoável ou ruim... Em outras pala- vras, não basta saber calcular e utilizar das fórmulas, é preciso saber “ler os números”. 13ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO ANÁLISE VERTICAL De acordo com Assaf Neto (2008), a análise vertical (AV) é um processo comparativo, ex- presso em porcentagem, que se aplica ao se relacionar uma conta ou grupo de contas com um valor afim ou relacionável, identificado no mesmo demonstrativo. Dessa forma, dispondo-se dos valores absolutos em forma vertical, pode-se apurar facilmente a participação relativa de cada item contábil no ativo, no passivo ou na demonstração de resultados e sua evolução no tempo. A AV demonstra o percentual de cada conta, sua real importância no conjunto, ou seja, calcu- la-se o percentual de cada conta em relação a um valor-base. Por exemplo, no caso da demonstração de resultado do exercício, calcula-se o percentual de cada conta em relação ao valor da receita bruta. O objetivo é demonstrar a importância dentro da demonstração financeira a que ela pertence e, por meio de comparações com outros empresas do ramo ou com percentuais da própria de anos anteriores, nos possibilitando diagnosticar se há contas contábeis fora dos padrões dos setores. Vamos fazer um simples exemplo: Balanço Patrimonial da Empresa Uruguai Ltda em 2017 • Passivo Circulante: R$100.000,00 • Passivo não-circulante: R$30.000,00 • Patrimônio Líquido: R$20.000,00 • Total Passivo + PL (Obrigações com terceiros e sócios): R$150.000,00 Realizando a análise vertical de cada conta, lembrando-se que esse exemplo é simplificado, para seu melhor entendimento, utilizaremos contas reduzidas: a. Passivo Circulante O que isso significa esse percentual? Significa que 66,67% do total do passivo, são de curto prazo, ou seja, a obrigação deve ser paga dentro de 12 meses do exercício. b. Passivo não-circulante Em palavras, 20% do total do passivo da empresa tem vencimento no longo prazo. c. Patrimônio Líquido Esse número representa que 13,33% é financiado com capital próprio, já que o patrimônio líquido representa os recursos próprios, logo, podemos inferir que 13,33% dos recursos dessa empresa são de origem própria. Passivo circulante ÷ Passivo total => 100.000,00/150.000,00 => 0,6666 ou 66,67% Passivo não circulante ÷ Passivo total => 30.000,00/150.000,00 => 0,20 ou 20% Patrimônio líquido ÷ Passivo total => 20.000,00/150.000,00 => 0,1333 ou 13,33% 14ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Esses três valores trazidos para você: do passivo circulante, passivo não circulante e patri- mônio líquido que são, respectivamente, 66,67%, 20% e 13,33%, o que eles significam ou repre- sentam em sua opinião? Resposta: NADA! É o seguinte: o objetivo dessa disciplina é auxiliar vocês a se tornarem profissionais críticos, competentes e capazes de trazer soluções no seu dia a dia de trabalho. Aceitar estes números e acredi- tar que eles representam algo de forma tão simplória, pode tornar seu trabalho uma coisa superficial. Vou te apresentar como utilizar estes números e transformar a análise de maneira mais robusta: supomos que a empresa Uruguai Ltda atue no setor têxtil e que uma análise da Confederação Nacional das Indústrias menciona que, para o setor, a análise vertical da média das empresas sejam a seguinte: • Passivo Circulante.......... AV: 23% (média do setor) • Passivo Não-circulante...AV: 50% (média do setor) Agora vamos comparar nossa empresa em seu setor: a. Passivo circulante: a análise vertical da empresa Uruguai Ltda demonstrou que o passivo circu- lante representa 67,67% do total do passivo, enquanto em seu setor a média de representatividade é de 23%. O que isso quer dizer? Que nossa empresa pode ter problemas com seu capital de giro. Já que a maioria de suas dívidas vencem no curto prazo. Isso é um ponto de atenção, pois a empresa está mais endividada no curto prazo do que a média das empresas no mesmo setor. b. Passivo não-circulante: na análise vertical do balanço obtivemos de nossa empresa exemplo, que essa conta representava 20% do total do total do pas- sivo, enquanto a média de seu setor era de R$ 50%. Seguindo o raciocínio do item anterior, temos que que o endividamento da empresa, está na contramão de outras do setor. Possivelmente, ela terá problemas para cumprir com suas obrigações de curto prazo. A análise vertical é a análise da estrutura, avaliação da representatividade (valores percentuais) de cada conta em relação ao total do ativo e passivo e da par- ticipação de cada conta na formação do lucro ou prejuízo do período. Vamos a mais uma breve exemplificação de AV: Ano X1 AV Ano X2 AV Ativo Circulante 154.500 46,20% 208.000 51,72% Disponibilidade 35.000 10,47% 54.000 13,43% Contas a Receber 119.500 35,73% 154.000 38,29% Ativo Não Circulante 179.900 53,80% 194.200 48,28% Investimentos 34.500 10,32% 49.500 12,31% Imobilizado 115.400 34,51% 122.700 30,51% Intangível 30.000 8,97% 22.000 5,46% Total 334.400 100,00% 402.200 100,00% 15ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO O Ativo Circulante aumentou a representatividade de um ano para o outro e as demais aná- lises para cada conta contábil pode ser realizada neste formato. Para a análise vertical em uma Demonstração do Resultado do Exercício, o cálculo do per- centual % das contas do resultado é usualmente realizando dividindo cada conta ou grupo de conta pelo valor da receita líquida. Segue um exemplo do autor Assaf Neto (2008): Analisando a DRE acima: • Confirma-se a necessidade de um volume maior de receitas de vendas para cobrir os custos. Em X1, 63,2% das vendas eram destinados a reporem os custos incorri- dos, elevando-se para 66,7% em X2 e 77,8% em X3. Como consequência, reduz-se a parte das vendas que representa o lucro bruto. Observa-se que a relação lucro bruto/ receita de vendas atingia 36.8% em X1, decaindo para 33,3% em X2 e 22,2% em X3. • É de se notar que apesar de haver ocorrido uma redução proporcional das despesas operacionais e financeiras na estrutura de resultados, a empresa teve de assumir um prejuízo de R$8.100,00 em X3 equivalente a 0,4% de suas vendas. Nos exercí- cios X1 e X2, apesar de ter apresentado um lucro líquido crescente em valores abso- lutos, houve uma redução proporcional às vendas. Assim, em X1, 5,6% das vendas eram transformados em lucro líquido, despendendo-se 94,4% das receitas para cobertura dos custos e despesas. No exercício seguinte, no entanto, a companhia teve de usar um percentual maior das receitas de vendas para os custos e despesas, restante somente 4,3% como lucro líquido. Essas análises podem representar diversos significados a depender do usuário que está obtendo essa informação e qual o objetivo dele. Entenderam a necessidade de sempre comparar? Um número-índice ou porcentagem, por si só, não representa nada. Devemos sempre comparar, seja com o setor, seja sua evolução anual para ter uma no- ção do todo e podermos oferecer propostas e respostas as dificuldades da empresa. Ano X1 AV% Ano X2 AV% Ano X3 AV% Receita de Vendas 830.000 100% 1.260.000 100% 2.050.000 100% - CMV (524.167) 63,2% (840.500) 66,7% (1.594.600) 77,8% = Lucro Bruto 305.833 36,8% 419.500 33,3% 455.400 22,2% - Desp. Operac. (139.500) 16,8% (190.000) 15,1% (277.500) 13,5% - Desp. Financ.(88.000) 10,6% (140.000) 11,1% (186.000) 9,1% = Resultado Operacional 78.333 9,4% 89.500 7,1% (8.100) (0,4) - Provisão p/ IR (31.333) 3,8% (35.800) 2,8% - - = Resultado Líquido 47.000 5,6% 53.700 4,3% (8.100) (0,4) 16ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO ANÁLISE HORIZONTAL A evolução de cada conta demonstra os caminhos trilhados pela empresa e as pos- síveis tendências. Ela orienta-se na evolução de cada conta contábil em uma série de de- monstrações financeiras básicas, geralmente a mais antiga da série (Matarazzo, 2003). O objetivo da análise horizontal (AH) é demonstrar o comportamento das contas das demonstrações financeiras através do tempo. Infere-se que a AH é um processo de análise temporal, desenvolvido por meio de números índices. Define-se como a comparação que se faz entre os valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em períodos (exercícios) distintos, ou seja, quando escutamos que as vendas em determinada indústria cresceu 8% em relação ao anterior, está sendo apli- cado nada mais, nada menos, que o conceito de análise horizontal, sendo processados da seguinte maneira: Consideramos o primeiro ano como base 100, e apuramos o percentual de evolu- ção do ano seguinte. Esse número-índice seria a relação existente entre o valor obtido de uma das contas (ou grupo de contas) em determinada data (valor da conta no perío- do analisado) e o seu valor obtido na data base. Número-índice: Valor da Conta no período analisado x 100 Valor da Conta no período base 17ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Vamos realizar uma breve análise horizontal da receita de vendas e do custo da merca- doria vendida (CMV) de uma companhia entre os anos de 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017: O nosso ano base será 2013, os números índices das Vendas e do CMV entre os anos se- rão obtidos na seguinte maneira: a. Competência 2013: • Vendas: ano base: valor 100 • CMV: ano base 2013: valor 100 b. Evolução da Competência 2013-2014: • Vendas: R$ 116.000,00/120.000,00 *100 = 96,66% • CMV: 48.000,00/50.000,00 * 100 = 96,00% c. Evolução da Competência 2013-2015: • Vendas: R$ 119.000,00/120.000,00 * 100 = 99,16% • CMV: 49.500,00/50.000,00 * 100 = 99,00% ANO 2013 2014 2015 2016 2017 Vendas 120.000,00 116.000,00 119.000,00 123.000,00 140.000,00 CMV 50.000,00 48.000,00 49.500,00 54.000,00 60.000,00 d. Evolução da Competência 2013-2016: • Vendas: R$ 123.000,00/120.000,00 * 100 = 102,5% • CMV: R$ 54.000,00/50.000,00 * 100 = 108% e. Evolução da Competência 2013-2017: • Vendas: R$ 140.000,00/120.000,00 *100 = 116,66% • CMV: R$ 60.000,00/50.000,00 * 100 = 120% A tabela a seguir resume a análise horizontal através de números-índices dos valores das vendas e do custo da mercadoria vendida: Restou alguma dúvida em relação a montagem do quadro? Caso tenha, volte e faça uma leitura novamente para que possa evoluir na análise sem dúvidas. Se compreendeu, vamos interpretar a tabela: a. Competência 2013: só temos duas informações, que são: vendas no valor total de R$120.000,00 e Custo da Mercadoria Vendida R$50.000,00. Elas são as bases para aná- lise e será sobre elas que iremos acompanhar e comparar a evolução ao longo do tempo: ANO 2013 AH 2014 AH 2015 AH 2016 AH 2017 AH Vendas 120.000 100% 116.000 97% 119.000 99% 123.000 103% 140.000 117% CMV 50.000 100% 48.000 96% 49.500 99% 54.000 108% 60.000 120% 18ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO • Competência 2013-2014: apresentou como número-índice o valor de aproxi- madamente 97% para as vendas. O que isso significa? Isso significa que as ven- das de 2014 tiveram uma queda 3,34% em relação ao ano anterior. Mas como cheguei a essa diferença?? Isso é bem simples, é só fazer a diferença entre o número-índice do ano base (100%) com o número-índice (96,66%) = -3,34%. O sinal negativo significa redução, logo, o valor obtido significa que as vendas reduziram em 3,34%. E, como podemos interpretar o valor do CMV, o número-índice em 2014 foi de 96%. Isso quer dizer que os custos tiveram uma redução de 4%. É possível chegar a esse valor da seguinte maneira: 96,00% – 100,00% = -4,00%. O valor negativo indica uma redução. • Competência 2013-2015: o número-índice do ano de 2015 é de 99,16%, ele re- presenta uma queda de 0,84% nas vendas em relação a 2013 (ano base). Já em relação ao CMV, em 2015 representou 99,00%, ou seja, uma queda de 1% em relação ao anterior. E assim por diante. Entenderam bem o conceito de número-índice? Vamos tornar nossa análise um pouco mais interessante. Qual seria sua resposta se lhe pedissem que informas- sem a variação das vendas entre os anos de 2015 a 2017? Você obteria facilmente essa resposta, por meio da razão entre os número-índices de 2015 e 2017, como assim? As variações dos números índices ocorrem sempre em relação ao ano base 2013. Para obter a variação entre períodos que não constituem o ano base, devemos dividir um ano base pelo outro. • Variação entre 2015 e 2017 116,66/99,16 = 1,1764, o que esse número significa? Um aumento de 17,64% entre os anos de 2015 e 2017. Vamos confirmar: (140.000,00 – 119.000,00) /119.000,00 = 17,64 A análise horizontal é um processo de estudo que permite avaliar a evolução verificada nos di- versos elementos das demonstrações contábeis ao longo de determinado intervalo de tempo. É atra- vés desta análise que é possível avaliar a tendência passada e futura de cada valor contábil. Como a análise horizontal é quando comparamos valores ou índices de dois ou mais anos, nossos olhos fi- xam um sentido horizontal nas demonstrações contábeis. É importante ter em mente que a análise horizontal e a vertical se complementam. Por exem- plo: o imobilizado de certa empresa analisada pode ter aumentado significativamente de um pe- ríodo para outro, em valores absolutos. Entretanto, sua participação percentual sobre o ativo total da empresa, ou mesmo sobre o ativo não circulante, pode ter diminuído, no mesmo período ou em certo ano da série. Este assunto de atenção deve ser considerado também a depender do objetivo da empresa, pois nem sempre ter um valor relevante de imobilizado significa que a empresa é sólida. Nesse e em outros casos, as análises horizontal e vertical devem ser utilizadas em conjunto para uma melhor definição do assunto. 19ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO RELAÇÃO ENTRE ANÁLISE VERTICAL E ANÁLISE HORIZONTAL É recomendável que a análise vertical e análise horizontal sejam realizadas de forma conjun- ta. Como já mencionado anteriormente, não é correto tirar suas conclusões exclusivamente em um item da análise horizontal, mesmo este item apresentando uma variação expressiva. Por exemplo: pelo olhar de análise horizontal a conta de despesas financeiras apresenta uma variação de 3.000% entre os anos de 2016 e 2017. No entanto, essa conta continuará a ser irrele- vante dentro da demonstração financeira a que ela pertence, pela visão da análise vertical, caso ela represente 0,6% do total das receitas brutas em 2016 e em 2017 represente 1,2%. Percebam que mesmo tendo uma variação expressiva, ela não tem grande representatividade na Demons- tração de Resultado de Exercício. É importante que as conclusões obtidas com a análise vertical sejam complementadas com as conclusões alcançadas pela análise horizontal. De acordo com Matarazzo (2003), “na DRE pequenos percentuais podem ser significativos, visto que o lucro líquido costuma repre- sentar também percentual muito pequeno em relação as vendas. Assim podem ocorrer, por exemplo, que determinada despesa administrativa, que representa no primeiro ano 12% das vendas, passe para 18%. A variação de 12% para 18% não chama atenção do analista, porém uma análise horizontal po- deria revelar uma variação de 50% (além do crescimento das vendas). Se as vendas tiverem cresci- mento de 140% no período, as despesas administrativas terão crescidoem 190%. Ao chamar atenção do analista para um item que está fora de controle, a análise horizontal cumprirá o seu papel. Em suma, ambas análises (vertical e horizontal) devem ser usadas como uma só técnica de análise.” OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL NO BALANÇO PATRIMONIAL O BP demonstra quais as origens dos recursos da empresa (Passivo + Patri- mônio Líquido) e a forma como a empresa aplica esses recursos (Ativo). Por sua vez, a análise vertical demonstra a composição dos recursos tomados pela entidade (empréstimos ou financiamento), qual o percentual de capitais de terceiros a curto e longo prazo (passivo circulante e não circulante), como é composto, por exemplo, os itens do capital de terceiros (empréstimo, financiamento). Em relação ao ativo, a análise vertical nos monstra quanto dos recursos a empresa destinou ao imobi- lizado, ao passivo circulante, aos investimentos. Por exemplo, dentro da conta do ativo circulante, temos a conta caixa, a conta clientes a receber ou a conta estoque. Fazendo a comparação da análise vertical da empresa com a de seus con- correntes, é possível saber se aplicação dos recursos ou a sua captação está de acordo ou não para aquele determinado ramo de atividade. Isso já foi citado e exemplificado anteriormente. Com a análise do percentual de cada conta do ativo, é possível detectar a po- lítica de aplicação da empresa em relação ao seu imobilizado, investimento, gestão de caixa, duplicatas. Quando analisamos as contas do passivo, é possível a compre- ensão da política de captação dos recursos da entidade, ou seja, recursos próprios, financiamentos, empréstimos de curso ou longo prazo ou fornecedores. 20ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Já através da análise horizontal, conseguimos determinar quais itens a entidade está priori- zando alocação de recursos e, paralelamente, de quais recursos adicionais ela tem se valido para financiar as suas atividades. Por exemplo, por meio da análise horizontal, podemos verificar que a empresa tem priorizado seus investimentos no imobilizado, comparativamente, tem se verifi- cado, que no passivo não circulante, na conta financiamento, a um expressivo dessa conta. Deste modo, infere-se que os investimentos no imobilizado da companhia, tiverem origem em opera- ções de financiamento junto às instituições financeiras. Ao longo da análise, é interessante analisar comparativamente as seguintes contas: 1. As contas do imobilizado, investimentos, intangível e do circulante e de cada um dos seus principais componentes; 2. O crescimento do Patrimônio Líquido comparativamente ao exigível total; 3. Crescimento do Patrimônio líquido mais Passivo não Circulante comparativamente ao cres- cimento das contas do imobilizado, investimentos, intangível; 4. Crescimento do Ativo circulante em comparação com o crescimento do Passivo circulante; 5. Verificação de quanto cada balanço da série contribuiu para a variação final obtida entre o pri- meiro e o último balanço. OS OBJETIVOS ESPECÍFICOS DA ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL NA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO A análise vertical é extremamente útil quando aplicada na DRE. As empresas existem com um intuito principal de gerar receitas e, consequentemente, lucros aos seus sócios. São suas vendas ou modalidades de receitas que irão determinar o que a entidade irá consumir em cada item da despesa. Deste modo, na AV da Demonstração de Resultado do Exercício, as vendas são nosso valor base, e todos os demais itens são obtidos atrás da razão entre o valor da conta e o valor base. Utilizando como exemplo as contas das despesas, cada item da despesa poderá ser analisado em relação as vendas totais. APRESENTAÇÃO DE UM CASO PRÁTICO Apresentarei para vocês um exemplo prático de como as combinações entre as análises vertical e horizontal de uma empresa possibilita a identificação da política de aplicação de recursos da entidade, bem como sua política de captação de recur- sos. Por meio desta análise conjunta é possível entender o passado da empresa e traçar diretrizes e soluções. A seguir, o BP e a DRE dos períodos de 2015, 2016 e 2017 da empresa Uruguai Ltda., bem como uma sugestão de análise vertical e horizontal relacionadas entre si. 21ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Agora apresento a vocês um parecer com base nas análises verticais e horizontais: O total do ativo da empresa apresentou um crescimento quando comparado os períodos entre 2015 e 2017 de 46% em valores absolutos, a crise financeira nacional não impactou negativamente o crescimento dos ativos da entidade. É possível identificar que este crescimento ocorreu substancialmente no imobilizado da empresa, que apresentou um crescimento de 80% no período analisado, devendo-se levar em consideração que essa conta contábil representa 30% do total das aplicações dos recursos da empresa. Esse crescimento já estava previsto, devido aos anúncios da direção da empresa em 2015, na aquisição de novos maquinários para expansão da unidade fabril, além da substituição da frota de caminhões que já estavam obsoletos. Houve uma pequena alteração na estrutura dos ativos da empresa, em 2015 a aplicação de recursos no ativo circulante representava 73%, em 2017 representa 65% do total dos recursos aplicados no ativo. O ativo circulante cresceu 30% nos últimos 2 anos, enquanto o não circulante cresceu 89%. Das obrigações com terceiros, o principal grupo de contas que teve alteração expressiva nos últimos três anos foi a conta “financiamento”, que apresentou um crescimento expressivo. Cabe salientar, que esses financiamentos são de longo prazo, o que não afetará a liquidez da empresa no curto prazo. O Patrimônio Líquido foi perdendo espaço ao longo dos anos e passou a representar cerca de 26% do total do ativo. No período analisado tivemos um crescimento de 46% no total do passivo (passivo + patrimônio líquido). 22ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO O que você achou aluno deste breve exemplo de análise vertical e horizontal do Balanço Pa- trimonial? O que você faria diferente? Que tal testar suas novas habilidades elaborando uma aná- lise conjunta, vertical e horizontal, da DRE? SÍNTESE Nessa unidade, nós relembramos as principais demonstrações contábeis e foi apresentado as definições e objetivos da análise vertical e análise horizontal, referem-se a duas técnicas bá- sicas de análises das demonstrações contábeis. As principais características das análises são as comparações de valores de um determinado período com os valores apresentados em períodos anteriores e o relacionamento entre eles: com- paração entre períodos. Não há uma regra para utilizar e apurar essas análises, mas são metodologias conhecidas, es- tudadas e aprovadas pelo mercado financeiro mundial. É recomendado a utilização em conjunto das análises, pois elas se completam. Isso porque, por exemplo, pode ser obtido um aumento expressi- vo de um ano para o outro, porém sem grande representatividade na relação geral na empresa. É fundamental entendê-las, pois completam as análises feitas em índices financeiros (serão vistos no decorrer desta disciplina) e fornecem uma visão detalhada das contas facilitando a identi- ficação de fragilidades, ao passo que índices financeiros fornecem dados genéricos sobre a empresa. 23ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EXERCÍCIOS SUMÁRIO Alguns exercícios de fixação do conteúdo aplicado até o momento. Substancialmente essas questões foram realizadas em concursos públicos, o que evidencia a importância e relevância deste assunto no mercado dos negócios. 1. Considere as afirmativas abaixo, acerca da situação patrimonial e do desempenho econômico e financeiro da Companhia Curitiba para os períodos encerrados em 31/12/X1 e 31/12/X0: • Em 31/12/X1 os ativos imobilizados representavam 60% dos ativos totaisda Companhia Curitiba. • Houve uma redução de 30% no montante de empréstimos a pagar entre 31/12/X1 e 31/12/X0. • O resultado do período X1 cresceu 28% em relação ao resultado do período X0. • As receitas financeiras representaram 8% das receitas totais do período X1. • Houve uma redução de 18% no valor das despesas gerais administrativas em X1 quando com- paradas a X0. Com base nos conceitos de Análise Horizontal e Vertical da Análise de Demonstrações Contá- beis, assinale a alternativa com a sequência correta do tipo de análise efetuada, de cima para baixo. a. Vertical – Vertical – Horizontal – Vertical – Vertical. b. Horizontal – Vertical – Vertical – Horizontal – Vertical. c. Horizontal – Horizontal – Vertical – Vertical – Horizontal. d. Vertical – Horizontal – Horizontal – Vertical – Horizontal. e. Vertical – Horizontal – Horizontal – Horizontal – Vertical. 2. As Demonstrações do Resultado do Exercício da Companhia V&H S.A., relativas aos três últimos exercícios sociais, apresentaram os seguintes valores: • Receita total no exercício social de 2017: R$160.000,00. • Receita total no exercício social de 2016: R$120.000,00. • Receita total no exercício social de 2015: R$100.000,00. • Custo das mercadorias vendidas no exercício social de 2017: R$40.000,00. • Custo das mercadorias vendidas no exercício social de 2016: R$40.000,00. • Custo das mercadorias vendidas no exercício social de 2015: R$40.000,00. Com base nas informações acima, é correto afirmar que a análise: a. vertical permite concluir que a receita total apresentou diminuição ao longo dos três exercícios sociais objetos de análise. b. horizontal permite concluir que a receita total apresentou diminuição ao longo dos três exercícios sociais objetos de análise. c. vertical permite concluir que o custo das mercadorias vendidas, em termos relati- vos, manteve-se constante ao longo dos três exercícios sociais objetos de análise. d. horizontal permite concluir que o custo das mercadorias vendidas, em termos abso- lutos, manteve-se constante ao longo dos três exercícios sociais objetos de análise. 24ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EXERCÍCIOS SUMÁRIO 3. Qual é a análise que facilita a avaliação da estrutura do ativo, passivo, bem como a participação de cada item da demonstração de resultado na formação do lucro ou prejuízo? a. Capital. b. Vertical. c. Horizontal. d. Estrutural. 4. As técnicas de análise vertical e de análise horizontal permitem informar, por exemplo, quais são os prin- cipais tipos de ativos e como a participação/relevância de cada ativo se alterou nos últimos exercícios. Esse mesmo raciocínio pode ser estendido para os itens do Passivo mais o Patrimônio Líquido e, também, para as contas de Resultado. Portanto, é CORRETO afirmar: a. A análise vertical compara os valores de uma demonstração em determinado exercício social com as de- monstrações em exercícios anteriores. b. As análises vertical e horizontal devem ser empregadas de forma complementar, a fim de obter uma visão mais completa da situação da empresa. c. As análises vertical e horizontal da demonstração do resultado permitem avaliar a participação de cada elemento na formação do lucro ou prejuízo do período. d. O objetivo da análise horizontal concentra-se na verificação da estrutura de composição de itens dos de- monstrativos, bem como a sua evolução no tempo. 5. Considere as seguintes afirmativas: I. A análise vertical mostra a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e por meio da comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em anos anteriores. II. A análise horizontal mostra a evolução de cada conta das demons- trações financeiras e, pela comparação entre si, permite tirar con- clusões sobre a evolução da empresa. III. A análise horizontal do balanço mostra a que itens do Ativo a empresa vem dando ênfase na alocação de seus recursos e, comparativamente, de que recursos adicionais se vem valendo. Marque a alternativa correta. a. Somente as afirmativas l e ll são verdadeiras. b. Somente as afirmativas l e lll são verdadeiras. c. Somente as afirmativas ll e lll são verdadeiras. d. Todas as afirmativas são verdadeiras. 25ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EXERCÍCIOS SUMÁRIO 6. A análise das demonstrações financeiras representa um dos ramos da Con- tabilidade. Nesse sentido, assinale alternativa que apresenta a função da análise das demonstrações financeiras. a. Consistem em verificar se os saldos das demonstrações contábeis estão corretos. b. Consiste em verificar a escrituração do livro diário e demais livros obri- gatórios. c. Consiste em utilizar métodos, conjunto de procedimentos, técnica, siste- ma, arte, para verificar as demonstrações contábeis. d. Consiste em fornecer informações sobre a evolução do patrimônio para os seus parceiros de negócios. e. Consiste em verificações, comparações, cálculos e estatísticas a partir de demonstrações, pelo menos, de dois exercícios. 7. Com referência a análise econômico-financeira e seus indicadores típicos, julgue o item a seguir: “Um percentual de 4% associado ao saldo da conta estoques de determinado exercício, em uma análise horizontal, significa que os estoques em questão representam dos ativos totais 1/25 do exercício”. a. Errado b. Certo 8. Tendo em vista que, na avaliação de uma empresa, além dos dados econômicos e financeiros que in- tegram as demonstrações contábeis, outras informações de mercado e informações não financeiras devem ser levadas em conta, julgue o item seguinte: “A análise vertical efetua comparativos entre os períodos de tempo, ao passo que a análise horizontal se preocupa com o comparativo de itens no mesmo período de análise”. a. Certo b. Errado 9. As análises vertical e horizontal são importantes técnicas de análise de demonstrações financeiras, como, por exemplo, do Balanço Patrimonial. Por meio dessas técnicas, pode -se verificar quais são os principais tipos de ativos e como a relevância de cada ativo alterou-se nos últimos períodos. Sobre essas técnicas de análise, é correto afirmar: a. a análise horizontal verifica a estrutura de composição de itens das demonstrações financeiras e a sua evolução ao longo do tempo. b. a análise vertical permite detectar os motivos pelos quais o resultado de uma organização melhora ou piora de um período para outro. c. a análise horizontal aponta como um componente de uma demonstração financeira alterou-se ao longo do tempo, comparando os valores de um período para o outro. d. a análise vertical compara os valores de uma demonstração de um determinado período com os va- lores dessa mesma demonstração em períodos anteriores. 26ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS EXERCÍCIOS SUMÁRIO 10. Em relação à análise econômico-financeira de empresas, julgue o item a seguir: “No balanço patrimonial, a análise horizontal procu- ra identificar, prioritariamente, a evolução dos custos e das despe- sas em relação ao volume de vendas, e seus reflexos sobre o lucro”. a. Certo b. Errado 11. Em relação à análise econômico-financeira de empresas, julgue o item a seguir: “As duas principais características de análise de uma empresa são a comparação dos valores obtidos em determinado pe- ríodo com aqueles levantados em períodos anteriores e o relacio- namento desses valores com outros afins. Dessa maneira, é correto afirmar que o critério básico que norteia a análise de balanços é a comparação”. a. Certo b. Errado 12. As técnicas de análise vertical e de análise horizontal permitem informar, por exemplo, quais são os prin- cipais tipos de ativos e como a participação/relevância de cada ativo se alterou nos últimos exercícios. Esse mesmo raciocínio pode ser estendido para os itens do Passivo + Patrimônio Líquido e para as contas de Re- sultado. Neste contexto, marque a opção que contém o conjunto de respostas corretas.a. Através da análise vertical, é possível detectar os motivos pelos quais o resultado de uma empresa melhora ou piora de um período para outro. b. As análises vertical e horizontal devem ser empregadas de forma complementar, a fim de obter uma visão mais completa da situação da empresa. c. A análise vertical compara os valores de uma demonstração em determinado exercício social comas de- monstrações em exercícios anteriores. d. O objetivo da análise horizontal concentra-se na verificação da estrutura de composição de itens dos de- monstrativos e a sua evolução no tempo. e. As análises vertical e horizontal da demonstração do resultado permitem avaliar a participação de cada ele- mento na formação do lucro ou prejuízo do período. 27 TÉCNICAS DAS ANÁLISES ATRAVÉS DOS CÁLCULOS DE ÍNDICES Para um mapeamento preciso da saúde financeira e econômica de toda empresa, é preciso ter o domínio da função dos índices financeiros e econômicos, bem como saber calcular através das fórmulas e interpretar os resultados obtidos. 28ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Lembrando que não há legislação especial para definir sua utiliza- ção, mas metodologias estudadas e aprovadas pelo mercado financeiro mundial. A utilização dos índices fornece parâmetros para que se possa analisar, avaliar e elaborar um diagnóstico preciso da situação em que se encontra a empresa ou o setor. Pegue sua calculadora, pois daqui em diante será bastante utilizada. Iudícibus (2010) menciona que a análise das demonstrações contá- beis encontra seu ponto mais importante no cálculo e avaliação do signi- ficado de quocientes, relacionando itens e grupos do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício. A técnica de análise finan- ceira por quocientes tem como finalidade principal permitir ao usuário extrair tendências e comparar os quocientes com padrões preestabele- cidos. A finalidade da análise é, mais do que retratar o que aconteceu no passado, fornecer bases para inferir o que poderá ocorrer no futuro. A periodicidade das análises depende dos objetivos que se preten- de alcançar com a obtenção dessas informações. Basicamente cálculos anuais ou semestrais são suficientes. No entanto, para análise geren- cial interna nas empresas, alguns índices merecerão acompanhamento mensal, outros até de intervalos mais curtos. Essa decisão dependerá de quão crítico seja o índice como um dos sinais de alarme do sistema de informação contábil-financeiro. ÍNDICES DE LIQUIDEZ Segundo Assaf Neto (2012), os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira de uma empresa frente a seus diversos compromissos financeiros. Os índices de liquidez são utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, consti- tuem uma apreciação se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de paga- mento pode ser avaliada, considerando: longo prazo (liquidez geral), curto prazo (liquidez corrente) ou prazo imediato (liquidez seca). (MARION, 2012) Estes índices são bons indicadores para eventuais problemas no fluxo de caixa, sinalizando possíveis pressões de falta de caixa. A interpretação destes índices resumidamente é de que quanto mais alto o índice, mais folga a empresa possuirá para gerenciar o fluxo de caixa ou, em outras palavras, mais dinheiro possui para pagar suas obrigações com terceiros. Trata-se de uma relação direta entre os ativos da empresa e o passivo. São os índices que evidenciam a capacidade financeira da empresa frente a seus compromissos com cre- dores. O quociente de liquidez demonstra o grau de solvência da empresa e atesta a existência ou não de soli- dez financeira para pagamentos a terceiros. (Ribeiro, 2014). Neto (2012) complementa que os indicadores de liquidez evidenciam a situação financeira da empresa frente aos diversos compromissos financeiros assumidos pela empresa. Ribeiro (2014) indica vários aspectos a serem seguidos para obter um diagnóstico mais completo acerca da solidez financeira da empresa: 29ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO a. alto grau de solvência nem sempre é sinônimo de insolvência, ou seja, a empresa pode estar endividada, porém pagará as suas contas no prazo; b. a empresa poderá ter um alto grau de liquidez, porém pode não dispor de dinheiro para cumprir seus compromissos em dia; c. a empresa poderá apresentar alto grau de liquidez a curto prazo e baixo grau de liquidez a longo prazo e vice-versa. Os índices de liquidez têm as seguintes divisões e definições: • Liquidez Imediata: Revela a porcentagem das dívidas a curto prazo (circulante) em condi- ções de serem liquidadas imediatamente. Esse quociente representa o valor de quanto dispomos imediatamente para saldar as dívidas no curto prazo. É o cálculo que mostra a porcentagem das dívidas em curto prazo que podem ser pagas imediatamente. Seu cálculo é dado pela divisão das disponi- bilidades pelo passivo circulante. Cabe ressaltar que este índice já teve sua importância maior, isso porque se entende que disponível ocioso (exemplo um montante financeiro relevante em conta corrente e não aplicado em algum Fundo de Investimentos) não é bem quisto no mundo dos negócios. Esse quociente é normalmente baixo pelo pouco interesse das empresas em manter recursos mone- tários em caixa, como se estivesse “parado e sem utilização”. Exemplo: A empresa Exemplo S/A possui as seguintes informações em seu balanço patrimonial em 20x1. Para esse cálculo utilizamos os seguintes valores: 500.000 / 300.000 = 1,67, entende-se através dessa análise que a empresa possui quase 2 vezes mais capacidade de quitar as suas obrigações de curto prazo. Para Padoveze (2010), o índice de liquidez imediata é o que realmente apresenta a liquidez da em- presa, pois considera os valores que podem ser disponibilizados imediata ou quase imediatamente para pagamento das suas obrigações. Neto (2012) complementa que, para as empresas, esse índice é normal- mente baixo, visto que há pouco interesse em manter recursos monetários em caixa, pois é considerado um ativo operacional de pouca rentabilidade. Ativo R$ Passivo R$ Caixa e equivalentes de caixa 500.000 Circulante 300.000 Estoques 200.000 Exigível a longo prazo 200.000 Realizável a longo prazo 203.000 Patrimônio líquido 403.000 Total do Ativo 903.000 Total Passivo + PL 903.000 30ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO • Liquidez Corrente: Considerado como o melhor indicador da capacidade de pagamento da empresa, evidencia a capacidade de satisfazer suas obrigações a mé- dio prazo de vencimento. Este cálculo indica quanto a empresa possui em dinheiro e bens disponíveis, para pagar suas dívidas no curto prazo (de acordo com a Lei 6.404/1976, é o período que vai até o fim do exercício seguinte, ao qual se refere o balanço analisado). Quanto maior o valor en- contrado, melhor. Este índice é encontrado pelo quociente do Ativo Circu- lante pelo Passivo Circulante: É um índice frequentemente considerado como o ideal indicador da situação de liquidez da empresa. É preciso considerar que no Ativo Cir- culante, da fórmula mencionada anteriormente, estão contemplados os itens como: disponibilidades, valores a receber no curto prazo, estoques e entre outros bens e direitos do curto prazo. No denominador da mesma fórmula são consideradas as dívidas e obrigações vencíveis no curto prazo. Exemplo: A empresa Exemplo S/A possui as seguintes informações em seu balanço patrimonial em 20x1. Ativo R$ Passivo R$ Caixa e equivalentes de caixa 500.000 Circulante 300.000 Estoques 200.000 Exigível a longo prazo 200.000 Realizável a longo prazo 203.000 Patrimônio líquido 403.000 Total do Ativo 903.000 Total Passivo + PL 903.000 Se a empresa contabilizou um AC de 500.000 e um PC de 300.000, a LC será de 500.000/300.000 = 1,67. Portanto, é aproximadamente uma capacidade 2 vezes maior de arcar como pagamento das dívidas. Para um melhor entendimento deste índice, algumas informações deverão ser consideradas: a. o resultado encontrado poderá ser denominado medida de solvência, visto que revela de uma forma real a liquidez da empresa; b. deve-se direcionar a interpretação deste índice a existência ou não do Capital Circulante Líquido (CCL): A liquidez corrente indica o quanto existe de ativo circulante para cada R$1 de dívida a curto prazo. Se: • Liquidez Corrente > 1,0: CCL positivo • Liquidez Corrente = 1,0: CCL nulo • Liquidez Corrente < 1,0: CCL negativo 31ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO • Liquidez Seca: É o mesmo conceito da liquidez corrente só que descontando o valor dos Es- toques do Ativo Circulante. Todas as contas que podem ser convertidas em dinhei- ro com relativa facilidade antes do prazo normal. Deve-se excluir os estoques, pois são itens que comprometem a análise. Em resumo se deve ter em mente a prudência levando em consideração que se a empresa sofresse uma total paralisação de suas vendas, ou se seu estoque se tornasse obsoleto, quais seriam as chances de pagar as dívidas com saldo Disponível e Duplicatas a Receber? Em resumo, a fórmula é semelhante à liquidez corrente e se exclui os Estoques: Esta é uma análise bastante conservadora para se apreciar a situação financeira da empresa. Quem aprecia este índice geralmente são os emprestadores de capitais, por exemplo, um banqueiro compreende que o estoque é um item manipulável no ba- lanço e pode tornar-se obsoleto a qualquer momento. Exemplo: A empresa Exemplo S/A possui as seguintes informações em seu ba- lanço patrimonial em 20x1. Ativo R$ Passivo R$ Caixa e equivalentes de caixa 500.000 Circulante 300.000 Estoques 200.000 Exigível a longo prazo 200.000 Realizável a longo prazo 203.000 Patrimônio líquido 403.000 Total do Ativo 903.000 Total Passivo + PL 903.000 Para o cálculo desse índice, é utilizado (500.000 – 200.000) / 300.000 = 1. Nesse cálculo é excluído o valor de estoques porque se supõem que eles não serão liquidados tão facilmente numa situação de emergência. • Liquidez Geral: É a capacidade de pagamento dos financiamentos e dívidas a longo prazo. Quanto a empresa tem de bens e direitos para cada R$1,00 de dívida. Ou seja, quanto maior o índice, melhor. Este quociente serve para detectar a saúde financeira (no que se refere à liquidez) de longo prazo do empreendimento. Ressalta-se que estes índices de liquidez não podem ser considerados isoladamente, é importante associar os índices entre si. Quando possível, apreciar o indicador em uma série de períodos (anos, meses) e comparar os índices com índices-padrão, ou seja, índices das empresas concorrentes ou do mesmo ramo de atividade. 32ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Exemplo: A empresa Exemplo S/A possui as seguintes informações em seu balanço patrimonial em 20x1. Para o cálculo desse índice é utilizado os seguintes valores: 903.000 / (300.000 + 200.000) = 1,81. Através do valor encontrado pode-se dizer que a empresa teria condições de arcar com as suas obrigações em ambos os pra- zos, curto ou longo. INDICADORES DE AVALIAÇÃO E ESTRUTURA DE CAPITAL Diversos indicadores podem ser utilizados para a análise das fontes permanentes de capital de uma empresa. São através destes indicadores que é possível avaliar o nível de endividamento da empresa e o grau de depen- dência da empresa em relação ao capital de terceiros e o grau de imobiliza- ção. Quanto menor ele for, melhor. Ativo R$ Passivo R$ Caixa e equivalen- tes de caixa 500.000 Circulante 300.000 Estoques 200.000 Exigível a longo prazo 200.000 Realizável a longo prazo 203.000 Patrimônio líquido 403.000 Total do Ativo 903.000 Total Passivo + PL 903.000 NÃO SE ESQUEÇA: Para compreensão total destes indicadores é importante lembrar do conceito definido por Marion (2012) “sabemos que o Ativo (aplicação de recursos) é financiado por Capitais de Terceiros (Passivo Circulante e Não Circulante) e por Capitais Próprios (Patrimônio Líquido). Portanto, Capitais de Terceiros e Capitais Próprios são fontes (origens) de recursos”. 33ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO • Participação de Capitais de Terceiros (Endividamento): Determina o grau de dependência da empresa em relação aos capitais de terceiros. É obtido pela relação entre o capital de terceiros (circulante e não circulante) e o capital próprio: Neste indicador, é possível identificar quanto a empresa tomou de empréstimos para cada $1 de capital próprio aplicado na empresa. Por exemplo, se o quociente da divisão da fórmula for igual a 0,85, significa que, para cada $1.000 dos acionistas, a empresa assumiu de obrigações com terceiros R$850 de dívidas. Ou, se aplicarmos a multiplicação mencionada (x 100), podemos identificar que 85% do capital próprio encontra-se representado por dívidas. Uma observação cabe aqui: nem sempre é ruim utilizar do capital de terceiros, por exemplo quando a empresa obtém juros pagos por esse capital menor que os juros recebidos pelas aplicações financeiras. • Composição do endividamento: Resumidamente, apresenta do total que a empresa tomou de capital de terceiros, qual o percen- tual de dívidas que vencerá em curto prazo. Quanto menor, melhor. Quando o % é alto, a empresa deve tomar cuidado e avaliar se conseguirá honrar com as dívidas dentro no prazo acordado. Endividamento = Capital de terceiros X 100 Patrimônio Líquido Passivo circulante X 100 Capital de terceiros 34ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Dependência bancária: Revela o grau de participação das instituições de créditos nos re- cursos investidos. Estes indicadores fornecem uma visão do risco fi- nanceiro da empresa. • Financiamento de ativo: percentual dos recursos da empresa que está sendo financiado por bancos e instituições financeiras. • Participação de instituições de créditos no endividamento: percentual de participação das instituições no total dos re- cursos tomados junto a terceiros. Quanto menor, melhor. • Financiamento do ativo circulante por instituições finan- ceiras: quanto os financiamentos no curto prazo representam se comparados aos recursos correntes da empresa. É interessante verificar, do endividamento total, qual a parcela que vende dentro do curto prazo. Esse quociente pode fornecer indicações sobre como a empresa está sendo financia- da. A evolução desse quociente no tempo é mais importante de analisar do que o nível atingido em determinado exercício es- pecífico. Fundamental também é a comparação com as médias do setor em que a empresa se situa. • Dependência financeira: Assaf Neto (2008) menciona que este indicador revela a dependência da empresa com relação a suas exigibilidades to- tais, ou seja, do montante investido nos ativos, qual a partici- pação dos recursos de terceiros. Exemplificando, se o índice for igual a 0,70, é possível interpretar que 70% do ativo são financiados por dívidas (com recursos de terceiros) e 30% por capital próprio (acionistas). Quanto maior este índice, mais elevada é a dependência finan- ceira da empresa pela utilização de capitais de terceiros. Passivo total X 100 Ativo total Empréstimos e Financiamentos X 100 Ativo total Financiamento X 100 Capital de terceiros Financiamento a curto prazo X 100 Ativo circulante 35ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO • Imobilização do Patrimônio Líquido: É possível obter através desta fórmula o percentual de comprometimento do capital próprio no Ativo Não Circulante (denominado por Investimento, Imobilizado e Intangível). Quanto menor o indicador, melhor. Quando na empresa utiliza-se grande parte dos recursos do Patrimônio Líquido em investimento, imobilizado e intangível, aconsequência é a necessidade de capital de tercei- ros para financiar o ativo circulante. O ideal são valores balanceados, evitando que a empresa tenha necessidade de recorrer a bancos para ser financiada no curto prazo. • Imobilização dos Capitais Permanentes (recursos não recorrentes): Quando é apurada a relação entre o Ativo de Investimento, Imobilizado e Intangível (classificados como Ativo Não Circulante) e o passivo permanente (considerado por Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido). É a utilização dos recursos não correntes na aquisição do Investimento, Imobilizado e Intangível. Em outras palavras: Investimento + Imobilizado + Intangível X 100 Patrimônio Líquido Investimento + Imobilizado + Intangível X 100 Patrimônio Líquido + Passivo não Circulante No caso de, por exemplo, o resultado do índice for de 0,95, significa que 95% do capi- tal de longo prazo estão alocados no Ativo Não Circulante, restando a parcela restante de 5% para financiar o capital de giro (Ativo Circulante). Quanto menor, melhor. Na eventualidade deste índice apresentar um resultado acima de 1,0 (> que 100%), é interpretado que o Patrimônio Líquido e obrigações de longo prazo não são suficientes para cobrir os investimentos do Ativo Não Circulante. Em outras palavras, conclui-se que o Passivo Circulante está financiando parte do Ativo Não Circulante, o que revela um dese- quilíbrio financeiro na empresa entre o prazo de financiamento e o prazo necessário para a geração de recursos para o pagamento do financiamento. Até o momento, foi relacionado e apresentado dois pontos fundamentais do tripé da análise: Liquidez (situação financeira) e Endividamento (estrutura de capital). O “terceiro pé” se trata da Situação Econômica (Rentabilidade): 36ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Marion (2012) menciona que este tripé na empresa representa o equilíbrio ideal. Pense no sustento de uma filmadora (câmera fotográfica), ou nos três po- deres (Executivo, Legislativo e Judiciário), ou nas forças armadas (exército – ter- ra, aeronáutica – ar e marinha – mar). O número três nos remete a equidade. Os índices de Liquidez, Endividamento e Rentabilidade são suficientes para ter uma visão considerável da empresa a ser analisada. Se já tratamos da Liquidez e Endividamento, nos resta falar sobre... ÍNDICES DE RENTABILIDADE Sabemos que o objetivo de toda organização é a obtenção de lucro. Portanto, o objetivo destes índices são o de evidenciar a rentabilidade sobre o capital inves- tido e verificar se a empresa está obtendo sucesso econômico com isso. Os quocientes de Rentabilidade servem para medir a capacidade econômi- ca da empresa, isto é, evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo Capital investido na empresa. São calculados com base em valores extraídos da Demons- tração do Resultado do Exercício e do Balanço Patrimonial. (Ribeiro, 2014) A rentabilidade evidencia os resultados empresariais: sucesso ou insucesso e é calculada com base na receita líquida através de cálculos dos capitais que fo- ram investidos na empresa. • Giro do Ativo: Mede a eficiência com a qual a empresa usa seus ativos para gerar vendas. Quantas vezes o ativo total de renovou por meio destas, pelas vendas, e se a empresa está gerando um volume su- ficiente de atividade. Quanto maior o resultado obtido com esse indicador, mais eficientemente os ativos da em- presa têm sido usados. • Margem líquida: Quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação à receita, indicando a capacidade da em- presa em gerar lucro. Quanto maior, melhor. • Rentabilidade do Ativo / Retorno sobre Investimento (ROI): Também conhecido como taxa de retorno, esse índice apresenta a relação entre a quantidade de dinheiro investido em uma empresa e o montante de dinheiro que retornou como ganho. Portanto, é a relação do Lucro Líquido do exercício com os ativos. O resultado desse índice é obtido pela divisão do Lucro Líquido com o total do Ativo. Vendas líquidas X 100 Ativo total Lucro líquido X 100 Vendas líquidas 37ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO Esse índice mostra quanto de lucro a empresa gera em relação ao capital investi- do por sócios e acionistas. Portanto, mede a capacidade da rentabilidade da empresa. Indica a Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido, do ponto de vista dos pro- prietários, a exemplo da Empresa Alegria Ltda.: A interpretação deste índice é para cada $1,00 investido pelos proprietários há um ganho de $0,25. Isso significa, em média, que demorará quatro anos para que os proprietários recuperem seus investimentos (payback dos proprietários). • Rentabilidade da Empresa x Rentabilidade do Empresário: Em inglês, ROI (Return on Investiment = Retorno sobre Investimento) e ROE (Return on Equity = Retorno sobre o Capital Investido pelos Proprietários). A ren- tabilidade é medida em função dos investimentos. As fontes de financiamento do Ativo são Capital Próprio e Capital de Terceiros. A administração adequada do Ati- vo proporciona maior retorno para a empresa. Por outro lado, os donos da empresa querem saber quanto esse retorno (Lucro Líquido) representa em relação ao capital que os donos investiram. Indica qual foi o lucro líquido em relação ao ativo total. É um indicador de desempenho que mostra o quanto a empresa foi rentável em relação ao total dos seus recursos. Quanto maior, melhor. É a Taxa de Retorno sobre Investimentos (TRI ou ROI), do ponto de vista da empresa, vamos admitir os dados da Empresa Alegria Ltda. Isso quer dizer que, em média, demorará cinco anos para que a empresa obtenha de volta seu investimento (100% / 20%), ou seja, o retorno do investimento total (payback como mencio- nado no mundo dos negócios = tempo médio do retorno) é calculado dividindo-se 100% pelo TRI. Indica qual foi o lucro líquido em relação ao ativo total. É um indicador de desempenho que mostra o quanto a empresa foi rentável em relação ao total dos seus recursos. Quanto maior, melhor. • Rentabilidade do Patrimônio Líquido / Retorno sobre Patrimônio (ROE): Rentabilidade do capital aplicado na empresa pelos sócios e a taxa de rendimento do capital próprio. Rentabilidade do capital e não lucratividade. Quanto maior for o retorno, melhor. Quanto o capital está sendo remunerado pelo lucro, o quanto se ganha sobre ele. Lucratividade é o quanto a empresa está tendo de lucro sobre suas operações de venda. Lucro líquido X 100 Ativo total Lucro líquido X 100 Patrimônio líquido médio TRI ou ROI = 185.162 = 0,20 ou 20% 925.744 TRPL = 185.162 = 0,25 ou 25% 740.644 38ESTRUTURA E ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS SUMÁRIO QUADRANTE COMPARATIVO Este quadrante foi criado com o intuito de facilitar a comparação de eficiência entre empresas de ativida- des diferentes ou mesmo semelhantes. É abordado dois pontos principais da visão dos acionistas: rentabilida- de e lucratividade. É utilizado dois indicadores: Margem líquida e Rentabilidade do Patrimônio Líquido médio. Algumas características importantes deste quadrante: • Quadrante 1: baixa lucratividade e rentabilidade, não conseguem rentabilizar adequadamente o capital do acionista com o lucro obtido no período. • Quadrante 2: empresa possui boa rentabilidade, mas têm baixa lucratividade sobre as operações das vendas. • Quadrante 3: lucros sobre as vendas, mas pelo alto valor dos ativos, sua rentabilidade está comprometida. • Quadrante 4: está sendo feita lição de casa corretamente. Quadrante 1 - Rever gestão Quadrante 2 - Aumentar pro- dutividade Quadrante 3 - Reduzir ativos Quadrante 4 - Manter posição Exemplo: Vamos relacionar o que aprendemos aqui sobre o Quadrante Compa- rativo e o exemplo. Partindo das quatro empresas analisadas, através das aplicações das fórmulas
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