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NOÇÕES SOBRE SISTEMANOÇÕES SOBRE SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇAÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICAPÚBLICA Esp. Tiago Ferreira Santos IN IC IAR Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 1 of 43 16/06/2022 15:22 https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade_1/ebook/index.html#intro https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade_1/ebook/index.html#intro introdução Introdução Nesta unidade, estudaremos sobre o segundo processo de redemocratização do Brasil, aquele iniciado na década de 1980, perdurando até os dias atuais. Para atingir adequadamente essa �nalidade, as principais características do regime militar, que vigorou a partir do ano de 1964, serão explicadas. A seguir, destacaremos os traços da sociedade contemporânea para compreendermos os fatos e valores que impactam na política criminal. Além disso, veremos a diferença entre dois tipos complementares de políticas públicas, a saber: políticas públicas de segurança e políticas de segurança pública. Por �m, serão analisadas as diferentes formas de concepção de segurança pública. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 2 of 43 16/06/2022 15:22 Iniciamos este conteúdo, destacando que o último período autocrático no Brasil se iniciou em 1964, com a instituição de um regime militar, sendo certo que, em 1967, foi aprovada e promulgada pelo congresso uma Constituição que continha os direitos e garantias individuais no art. 150 e os direitos sociais trabalhistas no art. 158. Ocorre que essas normas jurídicas da Constituição de 1967 exerciam “funções simbólicas” (NEVES, 2011, p. 177), pois as declarações de direitos individuais e sociais não “estavam respaldadas na realidade constitucional” (NEVES, 2011, p. 177). Os Atos Institucionais suspendiam-lhe a vigência no quesito, principalmente, dos direitos fundamentais de primeira dimensão, possibilitando que as instituições do sistema de segurança pública praticassem os mais diversos atos violadores dos direitos humanos. RedemocratizaçãoRedemocratização BrasileiraBrasileira Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 3 of 43 16/06/2022 15:22 O Ato Institucional n. 5/1968, por exemplo, autorizou o Presidente da República a “suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais” (BRASIL, 1968). Além disso, suspendeu também garantias de ordem processual penal, a exemplo da “vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade” (BRASIL, 1968, Art. 6º), como também do “habeas corpus, nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular” (BRASIL, 1968, Art. 10). Fora esse demérito de impor restrições aos direitos fundamentais de primeira dimensão, o que signi�ca uma atuação arbitrária, por meio das instituições de segurança pública, a Constituição de 1967 previu expressamente a polícia federal assumindo as tarefas que, até então, incumbiam ao Departamento Federal de Segurança Pública, além de outras compatíveis com a centralização de poderes na União promovida pelo regime militar e, também, a censura de diversões públicas. A Constituição, assim, estabeleceu a competência da União para organizar e manter a polícia federal com a �nalidade de prover: a) os serviços de política marítima, aérea e de fronteiras; b) a repressão ao trá�co de entorpecentes; c) a apuração de infrações penais contra a segurança nacional, a ordem política e social, ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União, assim como de outras infrações cujas práticas tenham repercussão interestadual e exijam repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; d) a censura de diversões públicas (BRASIL, 1967, Art. 8º, inciso VI). Essa tendência centrípeta do poder, portanto, é perceptível mesmo na atuação das instituições do sistema de segurança pública. A�nal, na Constituição de 1967, instituiu-se a Polícia Federal com uma ampla atuação, demonstrando a Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 4 of 43 16/06/2022 15:22 concentração de poderes na União. Além disso, enquanto as polícias dos estados são separadas em Polícia Civil, que é uma polícia judiciária com um viés investigativo; e Polícia Militar, a qual faz um policiamento ostensivo em regra, a Polícia Federal acumula as duas atividades, incidindo a sua atuação apenas em razão da matéria. Há de se ressaltar, para evitar confusões, que a Polícia Rodoviária Federal, diferentemente da Polícia Federal, realiza apenas o policiamento ostensivo das rodovias federais. Não é, portanto, uma polícia investigativa. O seu surgimento remonta à polícia das estradas de rodagem prevista no Decreto n. 18.323/28, ainda que sua estrutura fosse diminuta. O próximo período da história constitucional brasileira foi a fase da atual redemocratização. A transformação político-cultural começou no início da década de 1980, pois a crise econômica acentuou-se. Enquanto a década de 1970 foi marcada por um forte crescimento econômico, no qual o regime militar logrou êxito tamanho, que �cou conhecido como o período do milagre econômico, a década de 1980 foi o período de resultados pí�os ou negativos, sendo chamada de a década perdida por economistas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE), entre os anos de 1971 a 1980, a menor taxa de crescimento foi de 4,9% em 1977, tendo atingido o ápice de 14% em 1973. Por outro lado, de 1981 a 1990, houve quatro anos com resultados negativos, a saber: • - 4,3 em 1981; • - 2,9 em 1983; • - 0,1 em 1988; • - 4,3 em 1990. Embora possa a crise econômica, que tornou a década de 1980 perdida, ter sido uma das concausas da insatisfação popular crescente que passou a reivindicar a Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 5 of 43 16/06/2022 15:22 instauração de um regime democrático, o fato é que esse período deixou um enorme legado de ganhos do ponto de vista político-jurídico. Nesse sentido, segue lição de Marangoni (2012, p. 58): Os anos 1980, na América Latina, �caram conhecidos como “a década perdida”, no âmbito da economia. Das taxas de crescimento do PIB à aceleração da in�ação, passando pela produção industrial, poder de compra dos salários, nível de emprego, balanço de pagamentos e inúmeros outros indicadores, o resultado do período é medíocre. No Brasil, a desaceleração representou uma queda vertiginosa nas médias históricas de crescimento dos cinqüenta anos anteriores. Mas, sob o ponto de vista político, aquela foi literalmente uma década ganha. Não apenas se formaram e se �rmaram inúmeras entidades e partidos populares – fruto das maiores mobilizações sociais de toda a história brasileira -, como se abriu uma nova fase histórica para o país, através do �m da ditadura e da promulgação da Constituição de 1988 (MARANGONI, 2012, p. 58). Essa vinculação entre a crise econômica no �nal do regime militar e os movimentos políticos e sociais que reivindicavam a democracia no Brasil está expressa, inclusive, na justi�cativa da Proposta de Emenda à Constituição n. 5, de 1983, aquela que pretendia promover eleições diretas para Presidente e Vice- Presidente da República e impulsionou o movimento Diretas Já. Vejamos o trecho de sua motivação: A presente Proposta de Emenda à Constituição deve ser vista, também, como a única solução à crise econômica, política e social porque passa o país. A nós basta um mínimo de patriotismo, de honestidade e de sentimento humano, para entendermos que é hora de mudar (BRASIL, 1983) Embora com uma ampla aprovação do povo brasileiro, que foi nas ruas pedir as Diretas Já, a citada Proposta de Emenda à Constituição foi rejeitada por não Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 6 of 43 16/06/2022 15:22 atingir o quórum necessário diante, inclusive, da ausência de muitos congressistas. De qualquer modo,era realmente a hora de mudar. O regime militar justi�cava- se, ainda, em uma sociedade moderna, em que os anseios pela segurança são maiores do que os da liberdade e do prazer. Seus con�itos, em geral, são decorrentes da necessidade de puri�car a sociedade, normalizando ou excluindo o diferente, como bem trouxe Bauman (1998, p. 13): "A Solução Final Alemã", observou a escritora americana Cynthia Ozick, "era uma solução estética; era uma tarefa de preparar um texto, era o dedo do artista eliminando uma mancha; ela simplesmente aniquilava o que era considerado não-harmonioso. [...] Nos primeiros anos da idade moderna, como Michel Foucault nos lembrou, os loucos eram arrebanhados pelas autoridades citadinas, amontoados dentro de Narrenschi�en ("naus dos loucos") e jogados ao mar [...] (BAUMAN, 1998, p.13). Na sociedade pós-moderna (BAUMAN, 1998, p. 26) ou da modernidade líquida (BAUMAN, 2007, p. 7), os valores da liberdade, da pluralidade e do prazer são proeminentes. Os seus con�itos principais, portanto, envolvem como resolver a questão dos consumidores falhos incapazes de vivenciar essa sociedade ou momento. Nesse sentido, Bauman (1998, p. 24): Uma vez que o critério da pureza é a aptidão de participar do jogo consumista, os deixados fora como um "problema", como a "sujeira" que precisa ser removida, são consumidores falhos [...] (BAUMAN, 1998, p. 24). Não seria possível, portanto, manter-se essa incompatibilidade entre um regime autoritário e os ensaios da sociedade na contemporaneidade. Não apenas a crise econômica, mas também os novos valores exigidos de liberdade e pluralidade da modernidade líquida demonstram a inevitabilidade da aprovação, Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 7 of 43 16/06/2022 15:22 no ano de 1985, da Emenda Constitucional n. 26, convocando a Assembleia Nacional Constituinte compostas pelos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (BRASIL, 1985). A concepção político-jurídica que permeou os trabalhos foi clara, não à toa, ela é chamada de Constituição-Cidadã. Ainda que se possa reconhecer a in�uência do direito alemão nas Constituições brasileiras de 1934, 1946 e 1967, que a�rmaram que a ordem econômica e social possui �nalidade de realizar a dignidade humana, apenas com a Constituição de 1988, a dignidade da pessoa humana é elevada à condição de princípio fundamental da República Federativa do Brasil, já no Art. 1º, inciso III. Isso signi�ca que no direito atual não apenas as normas constitucionais relativas à ordem econômica e social devem ser interpretadas à luz da dignidade da pessoa humana, mas sim todo o ordenamento jurídico brasileiro. Como bem trazido por Soares (2010, p. 68), essa perspectiva está também relacionada à necessidade de um direito pós-moderno, adequado à sociedade de então. As disposições constitucionais do Capítulo III, da Segurança Pública, inserido no Título V, da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, devem ser interpretadas sob essa perspectiva trazida no Art. 1º, inciso III. Os órgãos da Segurança Pública, portanto, elencados no Art. 144 da Constituição, a saber, polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares (BRASIL, 1988, Art. 144, incisos I a V) não são um �m em si mesmos, mas destinam-se à “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” (BRASIL, 1988, Art. 144, caput). Além disso, vê-se que a segurança pública, embora seja um “dever do Estado” (BRASIL, 1988, Art. 144, caput), consiste em um “direito e responsabilidade de todos” (BRASIL, 1988, Art. 144, caput). Como não poderia ser diferente em uma Constituição democrática que empreendeu uma antítese a um regime autoritário, destacando o princípio da dignidade da pessoa humana como fundamento da República, ela trouxe um Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 8 of 43 16/06/2022 15:22 extenso rol de direitos e garantias individuais incidentes em matéria de direito penal e processual penal. Não só isso, a Constituição de 1988 inova a história constitucional brasileira. Inverte a ordem dos títulos. Traz os direitos e as garantias individuais e coletivos para antes dos títulos destinados à organização dos poderes. Ainda que essa reorganização seja principalmente simbólica, há de se admitir que é um re�exo da preocupação dos membros da Assembleia Nacional Constituinte. saiba mais Saiba mais A Constituição contempla as três gerações ou dimensões de direitos apontadas pela doutrina moderna: direitos de primeira, segunda e terceira geração. Essa classi�cação realizada pela doutrina baseia-se na ordem cronológica em que esses direitos foram recepcionados em nível constitucional, e são cumulativos. Para saber mais, acesse: ACESSAR Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 9 of 43 16/06/2022 15:22 https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/176526/000842780.pdf https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/176526/000842780.pdf atividadeatividade “Os anos 1980 foram perdidos do ponto de vista econômico. O país passou, então, por uma grande crise �nanceira – a grande crise da dívida externa dos anos 1980 – que desencadeou a alta in�ação inercial. O Brasil, que vinha crescendo a taxas extraordinárias até 1980, parou; a economia brasileira estagnou. E, depois, nunca mais voltou às altas taxas de 1950 a 1980”. BRESSER-PEREIRA, L. C. Pontos de vista. In: MARANGONI. Anos 1980, década perdida ou ganha? . Desa�os do desenvolvimento, ano 9, ed. 72. 2012. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/desa�os/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28& Itemid=23 . Acesso em: 17 mar. 2019. A partir dessa perspectiva, assinale a alternativa correta sobre o processo de redemocratização brasileira: a) A década de 1980 foi perdida sob os aspectos políticos, econômicos e sociais. b) Do ponto de vista social, diferente do aspecto econômico, a década de 1980 foi considerada positiva, já que houve a redução da desigualdade e o aumento do poder de compra da população dos estratos sociais inferiores. c) Do ponto de vista político, a década de 1980 foi considerada ganha, pois em seu contexto aconteceu o restabelecimento dos direitos fundamentais de primeira dimensão ligados à ideia de liberdade, a saber: os direitos civis e políticos. d) Entre os direitos estabelecidos pela Constituição no processo de redemocratização, não está previsto que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. e) A década de 1980 foi perdida apenas sob o aspecto político. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 10 of 43 16/06/2022 15:22 http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28&Itemid=23 http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28&Itemid=23 http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28&Itemid=23 http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2759:catid=28&Itemid=23 Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 11 of 43 16/06/2022 15:22 Entre os estudos sobre a contemporaneidade, entendida como o período atual da história, que possui alguns traços marcantes em relação à modernidade tradicional, Zygmunt Bauman (1998) possui algumas interessantes considerações, especialmente, nos seus estudos sobre o mal-estar da pós- modernidade. Ele considerou que, na verdade, a pós-modernidade consiste em uma fase da modernidade, possuindo características que a diferenciam da modernidade tradicional, mas não são su�cientes para iniciar realmente um novo período, chamado também de modernidade líquida, nomenclatura preferida nos estudos mais recentes por não conferir a falsa impressão de um rompimento com o período antecedente. A modernidade seria aquela em que se valoriza a beleza, a pureza, a ordem, a limpeza, a segurança. A construçãoda civilização, nos seus termos, propõe a negação à liberdade e aos instintos de sexualidade e de agressividade. Contemporaneidade eContemporaneidade e Política Criminal:Política Criminal: ComplexidadeComplexidade Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 12 of 43 16/06/2022 15:22 Na modernidade tradicional, portanto, na “estrutura de uma civilização concentrada na segurança, mais liberdade signi�ca menos mal-estar. Dentro da estrutura de uma civilização que escolheu limitar a liberdade em nome da segurança, mais ordem signi�ca mais mal-estar” (BAUMAN, 1998, p. 10). Ocorre que, no período a que se pode chamar também de modernidade tardia (GIDDENS, 2002, p. 11/12), houve uma mudança de ótica. Diante do mal-estar da civilização moderna, resultado de um excesso de controle e de limitação da liberdade, passou-se a defender uma desregulamentação, com a �nalidade de ampliar a liberdade e permitir maior quantidade de prazeres. Assim, nossa “hora [...] é a da desregulamentação” (BAUMAN, 1998, p. 10). Nesse sentido, estabelece o referido sociólogo uma distinção interessante entre os homens e mulheres modernos para os pós-modernos. Curiosamente, não são a democracia e a república regimes que expressam a máxima radicalização dos ideais modernos consoante ao entendimento de Zygmunt Bauman, mas sim o nazismo e o comunismo, os quais “primaram por impelir a tendência totalitária a seu extremo radical - o primeiro condensando a complexidade do problema da pureza, em sua forma moderna, no da pureza da raça, o segundo no da pureza da classe” (BAUMAN, 1998, p. 24). Diante disso, é perfeitamente possível a�rmar, nesse sentido, que o regime militar brasileiro traduziu similar ideia, mas com o viés da pureza ideológica, atribuindo à Polícia Federal a censura das diversões públicas, por exemplo. Noutro giro, na pós-modernidade ou modernidade líquida, ao invés de centralizar e coletivizar, está-se a desregulamentar e privatizar. Entretanto, há ainda um teste de pureza consistente na análise de ser capaz de usufruir de “estilos e padrões de vida inteiramente livremente concorrentes” (BAUMAN, 1998, p. 26), ou seja, “tem de mostrar-se capaz de ser seduzido pela in�nita possibilidade e constante renovação promovida pelo mercado consumidor” (BAUMAN, 1998, p. 26). Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 13 of 43 16/06/2022 15:22 Ao mesmo tempo em que se permite maior pluralidade de identidade e de aventuras, possibilitando experiências antes não vividas, multiplicando o seu fornecimento ao mercado consumidor, segrega-se o não-consumidor. Pode-se dizer que a pureza e a ordem giram, em torno do consumismo no ambiente pós- moderno desregulamentado e privatizado. Nesse sentido, vejamos a transcrição de lição de Zygmunt Bauman: O serviço de separar e eliminar esse refugo do consumismo é, como tudo o mais no mundo pós-moderno, desregulamentado e privatizado. Os centros comerciais e os supermercados, tempos do novo credo consumista, e os estádios, em que se disputa o jogo do consumismo, impedem a entrada dos consumidores falhos a suas próprias custas, cercando-se de câmeras de vigilância, alarmes eletrônicos e guardas fortemente armados; assim fazem as comunidades onde os consumidores afortunados e felizes vivem e desfrutam de suas novas liberdades; assim fazem os consumidores individuais, encarando suas casas e seus carros como muralhas de fortalezas permanentemente sitiadas (BAUMAN, 1998, p. 26-27). Duas são as formas de o pós-moderno lidar com o consumidor falho ou o não- consumidor. A primeira consiste na remoção dele, a qual acontece pela exclusão e encarceramento, sendo certo que - mesmo as prisões - devem se submeter à lógica do suposto custo-benefício na contemporaneidade. Noutro giro, a reciclagem seria a segunda modalidade, na qual se inserem programas de capacitação e mecanismos de assistência social. Assim, ao mesmo tempo em que se proclama a liberdade, redimensionada, exerce-se controle, �scalização, exclusão e recuperação, segundo novos moldes. Surgem, assim, novas preocupações para as instituições de segurança pública, sendo certo que outras desaparecem, a exemplo da censura de diversões públicas. Para demonstrar essa perspectiva pós-moderna de remoção e reciclagem dos consumidores falhos, vejamos a transcrição de lição de Zygmunt Bauman (1998, p. 27): Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 14 of 43 16/06/2022 15:22 Se a remoção do refugo se mostra menos dispendiosa do que a reciclagem do refugo, deve ser-lhe dada prioridade. Se é mais barato excluir e encarcerar os consumidores falhos para evitar-lhe o mal, isso é preferível ao restabelecimento de seu status de consumidores através de uma previdente política de emprego conjugada com provisões rami�cadas de previdência (BAUMAN, 1998, p. 27). Há, assim, um complexo empecilho aparentemente insuperável na pós- modernidade, sendo difícil de imaginar uma solução para ele. A liberdade proclamada, a desregulamentação e a privatização atingem especialmente os consumidores, possibilitando-lhes amplos acessos aos meios de prazer, especialmente, pagos. Entretanto, essa lógica é inversa diante daqueles que não tem condição de se colocar numa situação de consumismo. Esse entendimento encontra respaldo, inclusive, nas análises realizadas por Loïc Wacquant. Segue transcrição: A substituição progressiva de um (semi) Estado-providência por um Estado penal e policial, no seio do qual a criminalização da marginalidade e a contenção punitiva das categorias deserdadas faz as vezes de política social. [...] o Estado penal que substitui peça por peça o embrião de Estado social é, ele mesmo, incompleto, incoerente e muitas vezes incompetente [...] Este Estado-centauro, guiado por uma cabeça liberal montada sobre um corpo autoritarista, aplica a doutrina "laissez faire, laissez passer" a montante em relação às desigualdades sociais, mas mostra-se brutalmente paternalista a jusante no momento em que se trata suas consequências. (WACQUANT, 2003, p. 19-21) Assim, a “preocupação dos nossos dias com a pureza do deleite pós-moderno expressa-se na tendência cada vez mais acentuada a incriminar seus problemas socialmente produzidos” (BAUMAN, 1998, p. 28). Em outros termos, a própria pós-modernidade possui suas incoerências; incentiva-se a liberdade consumista, exclui-se e encarcera-se o consumidor falho, sempre que se mostrar Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 15 of 43 16/06/2022 15:22 economicamente mais viável para atingir a pureza pós-moderna, instituída com base justamente nas críticas à modernidade, marcada pela ausência de liberdade e pela perseguição à ordem e à pureza, ainda que de outra natureza. Para não restar dúvidas sobre quais são os alvos da punição e dos crimes, o que demonstra, incomparavelmente, a incoerência pós-moderna em defender liberdade e a desregulamentação, vejamos o que diz Zygmunt Bauman (1998, p. 29): A busca da pureza moderna expressou-se diariamente com a ação punitiva contra as classes perigosas; a busca da pureza pós-moderna expressa-se diariamente com a ação punitiva contra os moradores das ruas pobres e das áreas urbanas proibidas, os vagabundos e indolentes (BAUMAN, 1998, p. 29). Constata-se, assim, que a pós-modernidade ou a modernidade líquida intensi�cam de um lado a liberdade, os prazeres, reduzindo a ordem e a segurança. Entretanto, do outro lado, aumenta-se a punição, reduzindo a liberdade. O critério distintivo, no pensamento de Zygmunt Bauman, é justamente o fato de ser consumidor. Inclusive, há uma distensão entre a proclamada liberdade pós-moderna tão normatizada nos direitos e garantias individuais da Constituição de 1988 e a necessidade de encarceramento crescente dos consumidores falhos. A�nal, há um extenso rol de direitos fundamentais incidentes na relação jurídica penal e processual penal, afetando, portanto, a atuação das instituições de segurança pública.Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo (2009, p. 97) constata o problema nos termos que a seguir: Desde o retorno à democracia, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, tem se tornado cada vez mais explícita a di�culdade do sistema de justiça penal e segurança pública para lidar, dentro da legalidade, com a crescente taxa de criminalidade, acarretando a Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 16 of 43 16/06/2022 15:22 perda de legitimidade do Estado e a falta de con�ança nas instituições de justiça e segurança (AZEVEDO, 2009, p. 27). Diversos pontos são atacados pelos adeptos de uma criminologia conservadora, menoridade penal aos 18 anos, normas instituidoras de um direito penal especial para adolescentes em con�ito com a lei, presunção de não- culpabilidade até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, quantidade de recursos, ausência de proteção jurídica para atuação dos agentes das instituições de segurança pública, incluindo atuação de atirador de elite com �ns de abater a pessoa que esteja em via pública com arma de uso restrito no Brasil. Fato é que a elaboração da política criminal na contemporaneidade é complexa. Por um lado, encontra limites constitucionais, legais e nos próprios ideais da sociedade pós-moderna impõe um amplo respeito à liberdade, à pluralidade de identidades e à diversidade das formas de prazer. Por outro, há de resolver a questão dos elevados índices de criminalidade violenta e da sensação de insegurança, além de coexistir com os mecanismos de segurança privada e aos anseios de exclusão ou reabilitação dos consumidores falhos. Nessa perspectiva complexa, analisaremos o modo em que o Poder Judiciário tem decidido sobre as proposições de políticas públicas formuladas pelo Ministério Público, o qual argumentava que o ente público obrigatoriamente as deveria adotar, já que a segurança pública é “dever do Estado” (BRASIL, 1988, Art. 144). Para iniciar a série de casos estudados, o Ministério Público do Estado do Amapá ajuizou uma ação civil pública e obteve decisão judicial favorável determinando o que o Estado do Amapá “procedesse à inauguração de nova Delegacia de Polícia Civil no município de Vitória do Jari, bem como nomeasse, no mínimo, 01 (um) escrivão e 07 (sete) agentes de Polícia Civil” (AMAPÁ, 2017). Ocorre que, naquele julgado, em sede de recurso ao Tribunal de Justiça do Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 17 of 43 16/06/2022 15:22 Estado da Amapá, foi entendido que não havia comprovação da inércia do Poder Executivo em tentar resolver as demandas de segurança pública do estado, ainda que houvesse uma constatação de que a situação em geral estava preocupante nessa área. Nesse sentido, ele reformou a decisão do primeiro grau, pois precisava considerar o princípio da separação dos poderes, nos termos da ementa a seguir: PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TUTELA DE URGÊNCIA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. SEGURANÇA PÚBLICA. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. 1) Inobstante a impositiva regra constitucional insculpida no art. 144 da Constituição Federal de que é dever do Estado promover a segurança pública, mediante o aparelhamento da polícia civil, resguarda-se, todavia, a discricionariedade da Administração em casos onde não se mostre evidenciada a sua inércia, sob pena de quebra do princípio da separação entre os poderes. 2) Precedente deste Eg. TJAP. 3) Agravo de instrumento provido (AMAPÁ, 2017). Sem dúvidas, ampliar o quantitativo de pro�ssionais das instituições de segurança pública, inclusive a Polícia Civil, que lida com a investigação da criminalidade comum, é uma importante medida de política de segurança pública, ainda que se reconheça di�culdades inúmeras para empreendê-la por meio judicial. Por exemplo, há limitação de orçamento, que deve ser distribuído para todo o estado. Outra ação civil pública no mesmo estado merece análise, pois o Ministério Público do Estado do Amapá obteve determinação judicial contra o Poder Executivo, no que se refere ao quadro de pessoal, consistente em “aumentar o efetivo de policiais militares do Distrito de Lourenço para 20 (vinte) policiais [...] e se abster de reduzir o destacamento de policiais já existentes naquela localidade” (AMAPÁ, 2018). Na mesma sentença, conseguiu, ainda, determinação para “fornecer os Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 18 of 43 16/06/2022 15:22 instrumentos necessários ao trabalho de policiamento [...]” (AMAPÁ, 2018), além de “providenciar viaturas com tração para propiciar o patrulhamento nas áreas rurais” (AMAPÁ, 2018). Após a apelação da sentença julgada procedente, o Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, diferentemente do caso anterior, decidiu pela manutenção, nos termos que ementa, conforme apresentado: PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SEGURANÇA PÚBLICA. DEFICIÊNCIA. PEQUENO EFETIVO POLICIAL E FALTA DE RECURSOS MATERIAIS. DISTRITO DE LOURENÇO. RESERVA DO POSSÍVEL E CUSTOS DOS DIREITOS. LEGÍTIMA ATUAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. COMPATIBILIDADE COM A SEPARAÇÃO DE PODERES. 1) Segundo a Constituição Federal, a segurança pública é direito de todos e a ele corresponde o dever estatal de prestá-lo (art. 144), situação que a insere no programa de políticas públicas a ser desempenhado pelos entes estatais. Nada obstante, ordinariamente, caiba aos Poderes Legislativo e Executivo formular e executar as políticas de segurança pública, exsurge dessa compreensão ser possível ao Poder Judiciário, excepcionalmente, determinar ao órgão estatal inadimplente a implementação da referida política, a qual se insere dentre os encargos político-jurídicos impostos aos entes públicos em caráter mandatório (STF, RE 410.715/SP, Segunda Turma, Min. Celso de Mello, j. 03/02/2006). 2) Não existe, portanto, interferência indevida no Executivo quando o Poder Judiciário, provocado para prestar a jurisdição, constata a ine�ciência na implementação de política pública a que o demandado encontra-se constitucionalmente obrigado e determina a adoção de medidas para corrigir a de�ciência do serviço ofertado, sobretudo por se tratar de encargo de prestação obrigatória. Precedentes. 3) Para invocar a denominada cláusula do �nanceiramente possível, o ente público deve comprovar objetivamente a insu�ciência de recursos públicos ou a falta de previsão orçamentária da despesa ou, ainda, que o cumprimento da ordem judicial imporá gravame excessivo às contas públicas. À invocação da fórmula da reserva do possível deve ser contraposta a teoria dos custos dos direitos para impedir a legitimação do “injusto inadimplemento de deveres estatais de prestação Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 19 of 43 16/06/2022 15:22 constitucionalmente impostos ao poder público” (STF, STA 223 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 14/04/2008, P, DJE de 09/04/2014). 4) Apelo não provido (AMAPÁ, 2018). Portanto, não só entendeu pela oportunidade e conveniência da manutenção de um quadro de pessoal mínimo da Polícia Militar com uma quantidade mínima de equipamentos para que os agentes públicos tivessem as condições como identi�cou que a Constituição impõe o dever ao Estado de realizar aquelas medidas acima analisadas, já que é seu dever fornecer a segurança pública. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 20 of 43 16/06/2022 15:22 atividadeatividade “O serviço de separar e eliminar esse refugo do consumismo é como tudo o mais no mundo pós-moderno, desregulamentado e privatizado. Os centros comerciais e os supermercados, templos do novo credo consumista, e os estádios, em que se disputa o jogo do consumismo, impedem a entrada dos consumidores falhos a suas próprias custas" BAUMAN, Z. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução de Mauro Gama e Cláudia Martinelli Gama. Revisão técnica: Luís Carlos Fridman. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, p. 24. Acerca da política criminal na contemporaneidade,assinale a alternativa correta: a) A contemporaneidade é sinônimo de modernidade, não possuindo relação com o signi�cado de pós-modernidade. Portanto, as políticas públicas contemporâneas são as modernas. b) A maioria dos casos de ações civis públicas instaurada pelo Ministério Público com �ns a obrigar o Estado a realizar investimentos em políticas de segurança pública na contemporaneidade refere-se à ampliação de lotação de pessoal e ao fornecimento de equipamentos. c) A pós-modernidade corresponde ao período em que se buscou, principalmente, a pureza, a ordem, a limpeza e a segurança, motivos pelos quais os moldes da segurança pública do regime militar lhe correspondem. d) Na sociedade contemporânea, o Estado-providência, aquele que busca intervir na ordem econômica e social para promover o bem-estar social, cede espaço ao Estado mínimo, que reduz o papel das políticas públicas na sociedade, inclusive, pela redução do Estado penal e do policial. e) As ditaduras nazistas, fascistas e comunistas correspondem e estão relacionadas à sociedade pós-moderna. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 21 of 43 16/06/2022 15:22 Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 22 of 43 16/06/2022 15:22 Como bem ressaltado por Ana So�a Schmidt de Oliveira (2002, p. 47), “um bom começo é estabelecer a distinção entre políticas de segurança pública e políticas públicas de segurança”. Há diversas políticas públicas capazes de impactar a segurança pública, reduzindo a criminalidade. São as chamadas políticas públicas de segurança. Elas não se opõem às políticas de segurança públicas destinadas às atividades policiais, como complementam sua atuação. Vejamos o trecho a seguir de Ana So�a Schmidt de Oliveira (2002, p. 47): Políticas de segurança pública é expressão referente às atividades tipicamente policiais, é a atuação policial “strictu sensu”. Políticas públicas de segurança é expressão que engloba as diversas ações, governamentais e não governamentais, que sofrem impacto ou causam impacto no problema da criminalidade e da violência (OLIVEIRA, 2002, p. 47). Políticas Públicas dePolíticas Públicas de Segurança e Políticas deSegurança e Políticas de Segurança PúblicaSegurança Pública Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 23 of 43 16/06/2022 15:22 Um dos exemplos de políticas públicas de segurança, em que o Poder Judiciário foi acionado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro para decidir, foi sobre a necessidade de implantação da iluminação pública, nos termos da ementa a seguir: AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AUSÊNCIA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. AUMENTO DA CRIMINALIDADE. SEGURANÇA PÚBLICA. Ação civil pública proposta pelo MP contra o Município em razão das representações feitas pelos moradores do 4º Distrito de Maricá quanto à ausência de iluminação pública. 1- -A quantidade de reclamações encaminhadas ao MP demonstra que a Urbe não vem prestando o serviço a contento. 2-Indubitável a precariedade da prestação do serviço de iluminação pública, que é essencial, eis que se relaciona com a segurança pública. Além disso, é uma atribuição da Municipalidade, nos termos do art. 149-A, da CRFB, o qual, inclusive, permite a instituição da contribuição para o custeio do serviço. 3- Não há violação ao princípio da separação dos poderes quando o Judiciário determina o cumprimento da Lei. 4-A tese de que deve ser observada a reserva do possível também não prospera. A jurisprudência entende que não se pode invocar tal princípio para justi�car o inadimplemento de direito fundamental, que, no caso dos autos, é a segurança pública. 5-Quanto ao montante �xado a título de verba compensatória coletiva, assiste razão ao apelante, pois tem por objetivo compensar o dano sofrido, sem, contudo, servir de fonte de enriquecimento sem causa, sob pena de causar novo dano. 6-No que tange aos juros, merece guarida o inconformismo, eis que devem incidir a partir da citação, nos termos do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a alteração dada pela Lei nº 11.960/2009. Recurso parcialmente provido (RIO DE JANEIRO, 2014). Além desse caso julgado pelo Poder Judiciário, são exemplos de políticas públicas de segurança também todas as medidas destinadas a melhorar os aspectos sociais, mas que as ciências apontam que podem reduzir os índices de Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 24 of 43 16/06/2022 15:22 criminalidade. Esse é, portanto, um conceito que se comunica com o de políticas públicas em geral. Não se trata, desse modo, “de optar por programas sociais versus programas repressivos, mas simplesmente ressaltar a possibilidade de se fazer uma combinação ótima de estratégias [...]” (BEATO FILHO, 1999, p. 23). Nesse sentido, algumas políticas públicas podem ser destacadas. Uma das primeiras perspectivas trazidas por Cláudio C. Beato Filho consiste no custo relativamente baixo do investimento em tratamento dos dependentes químicos de cocaína em relação aos gastos com repressão. Ele diz que: Para diminuir em 1% o consumo anual de cocaína nos EUA são necessários 783 milhões de dólares gastos em controle nos países produtores, 366 milhões na interdição em fronteiras, 246 milhões em repressão doméstica e 34 milhões em tratamento! São números bastante eloqüentes e que convidam à re�exão (BEATO FILHO, 1999, p. 22). Portanto, ao se tratar de pessoas, há uma inegável redução na prática do crime de trá�co de drogas, a�nal, o mercado consumidor reduz. A novidade desses estudos, assim, “está em não tratar o problema das drogas do ângulo exclusivo do trá�co, mas do consumo também” (BEATO FILHO, 1999, p. 22). São evitadas, desse modo, “formulações de programas de controle da criminalidade assentadas em oposições falsas, como repressão versus assistencialismo social” (BEATO FILHO, 1999, p. 22), pois “a e�cácia dos resultados está justamente em combinarem-se programas distintos de controle” (BEATO FILHO, 1999, p. 23). Uma outra medida que vir a consistir uma política pública de segurança é a instituição de um Gabinete de Gestão Integrada, especialmente, aquele articulado no âmbito municipal, pois buscará promover uma articulação entre as instituições de segurança pública e as demais, inclusive, as de proteção social. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 25 of 43 16/06/2022 15:22 Podemos ver que são exemplos de políticas públicas de segurança: 1. fornecimento ou ampliação da iluminação pública; 2. tratamento de dependentes químicos, ou seja, potenciais consumidores de drogas ilícitas; 3. instituição de Gabinete de Gestão Integrada Municipal. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 26 of 43 16/06/2022 15:22 atividadeatividade “A idéia não é reformar indivíduos, o que é extremamente difícil, mas di�cultar as condições de ocorrência de crimes. Isto é feito mediante a contratação de desempregados para atuar como guardas civis uniformizados, mas sem autoridade policial". BEATO FILHO, C. C. Políticas públicas de segurança e a questão policial. São Paulo Perspec ., São Paulo, v. 13, n. 4, p. 13-27, Dec. 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88391999000400003& lng=en&nrm=iso . Acesso em: 23 mar. 2019. Acerca da diferença entre políticas públicas de segurança e políticas de segurança pública, assinale a alternativa correta: a) A contratação de desempregados puramente pode ser considerada uma política de segurança pública. b) A ampliação da quantidade de policiais em uma determinada localidade pode ser considerada uma política pública de segurança. c) Políticas públicas de segurança e políticas de segurança pública são sinônimos. d) Instalar a adequada iluminação pública de uma localidade, tecnicamente, é uma política pública de segurança. e) Realizar treinamentos das polícias pode ser considerada uma política pública de segurança. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade...27 of 43 16/06/2022 15:22 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88391999000400003&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88391999000400003&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88391999000400003&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88391999000400003&lng=en&nrm=iso Neste tópico você conhecerá algumas formas de expor as diferentes concepções de segurança pública. Diferenciará, inicialmente, o modelo da polícia legal ( law- o�cer ) da polícia de paz ( peace o�cer ). Em seguida, analisará sinteticamente as teorias culturalistas e racionalistas, sabendo distingui-las. Conhecerá, por �m, as características pertinentes à teoria da dissuasão e à teoria da legitimidade. Polícia Legal (Law-Of�icer) vs Polícia de Paz (Peace Of�icer) Há basicamente dois modelos em que a atuação policial pode estar fundamentada. Primeiro, a polícia da lei ou legal, também chamada de modelo “law-o�cer”, consistente no modelo tradicional. Em outras palavras, os “policiais orientam suas ações no sentido de apreender e identi�car culpados, coibir comportamentos desviantes e impor a ordem, de acordo com a lei” (AZEVEDO, Concepções de SegurançaConcepções de Segurança PúblicaPública Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 28 of 43 16/06/2022 15:22 2003, p. 20). Quando lida de forma equivocada, a Constituição pode conduzir o intérprete à a�rmação de que esse é o modelo preponderantemente adotado. Isso porque, ao atribuir às atividades de cada uma das entidades do sistema de segurança pública, estabeleceu incumbir à polícia federal “apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas” (BRASIL, 1988, Art. 144, §1º, I), além de “outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei” (BRASIL, 1988, Art. 144, §1º, I). Incumbiu, ainda, a polícia federal de “prevenir e reprimir o trá�co ilícito de entorpecentes e drogas a�ns, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência” (BRASIL, 1988, Art. 144, §1º, II), assim como o dever de “exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras” (BRASIL, 1988, Art. 144, §1º, III) e de “exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União” (BRASIL, 1988, Art. 144, §1º, IV). A discriminação das atividades da Polícia Federal ainda é aquela em que se está mais propícia pela literalidade a uma abertura a ambos modelos. Podemos perceber a diferença, por exemplo, à polícia rodoviária federal incumbe o “patrulhamento ostensivo das rodovias federais” (BRASIL, 1988, Art. 144, §2º), similarmente ao que acontece com a polícia ferroviária federal, que tem o dever de realizar o “patrulhamento ostensivo das ferrovias federais” (BRASIL, 1988, Art. 144, §3º). No âmbito dos estados, as polícias militares possuem a tarefa de realizar a “polícia ostensiva e a preservação da ordem pública” (BRASIL, 1988, Art. 144, §5º), ao passo que às polícias civis incumbe, “ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares” (BRASIL, 1988, Art. 144, §4º). Também ao dispor sobre os corpos de bombeiros militares, não trouxe uma perspectiva diferenciada, a�rmando a Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 29 of 43 16/06/2022 15:22 Constituição apenas que, “além das atribuições de�nidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil” (BRASIL, 1988, Art. 144, §5º). No que se refere à guarda municipal, também não houve grandes avanços na discriminação de suas atividades, limitando-se a estabelecer que os “municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei” (BRASIL, 1988, Art. 144, §8º). Sua regulação, portanto, incumbiu à legislação, especi�camente, a Lei n. 13.022/14 dispôs sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais. Há de se destacar que os agentes de trânsito integram o Sistema Único de Segurança Pública na condição de integrantes operacionais, ao lado da polícia federal, polícia rodoviária federal, polícias civis, polícias militares, corpos de bombeiros militares, guardas municipais, órgãos do sistema penitenciário, institutos o�ciais de criminalística, medicina legal e identi�cação, Secretaria Nacional de Segurança Pública, secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres, Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas; guarda portuária (BRASIL, 2018, Art. 9º, §2º). Esse comentário destacado sobre os guardas de trânsito decorre de a segurança viária ter sido, expressamente, incluída no capítulo da Segurança Pública na Constituição no ano de 2014 por meio da Emenda Constitucional n. 82/2014, dispondo uma perspectiva mais ampla de sua atuação, ou seja, não compreendia apenas a engenharia e a �scalização de trânsito, mas também educação (BRASIL, 1988, Art. 144, §10º), demonstrando a preocupação em integrar as diversas formas de atuação. Nessa linha, outro modelo trazido por Marco Antônio de Azevedo (2003, p. 20) foi o intitulado “peace o�cer” ou polícia de paz, no qual “o lado social da atividade policial é valorizado” (AZEVEDO, 2003, p. 20). Podemos veri�car, em outros termos, o seguinte resumo de sua atuação: A atividade não é mais voltada para a tipi�cação de pessoas suspeitas e criminosos e, o que é mais importante, preventivamente Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 30 of 43 16/06/2022 15:22 torna-se atenta aos riscos e ameaças à manutenção da ordem pública, partam essas ameaças do indivíduo, de grupos ou de situações (AZEVEDO, 2003, p. 20). Embora não haja uma relação necessária entre os modelos de atuação policial e as teorias da concepção de segurança pública, há um relativo consenso de que a teoria da intimidação prefere a polícia da lei ou legal, ao passo que a polícia de paz está mais relacionada com a teoria da legitimidade. Nesse sentido, temos a observação de Marco Antônio de Azevedo (2003, p. 21): Uma polícia descentralizada e comunitariamente orientada, ao estabelecer um contato mais estreito e intenso com a população, legitima seu trabalho e, além disso, reduz o “temor da criminalidade”, fator muito importante para a qualidade de vida de uma população (AZEVEDO, 2003, p. 21). Teorias Culturalistas Versus Racionalistas Antes de adentrar de forma mais profunda na diferença entre as teorias da dissuasão e da legitimidade, é interessante analisar ainda “duas grandes perspectivas teóricas básicas na sociologia da criminalidade” (AZEVEDO, 2003, p. 22), a saber: as chamadas teorias culturalistas e racionalistas. Os adeptos da primeira “concebem a criminalidade como produto do sistema social e, portanto, como uma disfunção social” (AZEVEDO, 2003, p. 22). Diferentemente, aqueles que acreditam na teoria racionalista “veem o crime como uma atividade rotineira e normal, necessária e produzida pela própria sociedade” (AZEVEDO, 2003, p. 22). Em geral, derivam das teorias culturalistas, como bem destacado por Marco Antônio de Azevedo (2003, p. 22), “políticas públicas destinadas a reduzir a criminalidade atacando suas possíveis causas, ou seja, a pobreza, o desemprego, a falta de escolas e de oportunidades etc.” (AZEVEDO, 2003, p. 22). Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 31 of 43 16/06/2022 15:22 No sentido oposto, as teorias racionalistas resultam em “uma outra estratégia de combate à criminalidade, segundo a qual o principal papel do Estado consiste em dissuadir o criminoso, um tomador racional de decisões, da prática de delitos” (AZEVEDO, 2003, p. 22). Se há uma série de políticas públicasde segurança capazes de reduzir a criminalidade, há de se reconhecer também que diversas pesquisas mostraram que “redução de desemprego, crescimento econômico e aumento da escolaridade não têm efeito redutor sobre as taxas de criminalidade nas grandes cidades” (AZEVEDO, 2003, p. 22), embora não haja um consenso nessa conclusão. A visão adequada, portanto, não pode ser a a�rmação de que a mera adoção de uma teoria e de um modelo são aptos a resolver as questões das políticas de segurança pública. A�nal, um exame atento “mostra que tais modelos e teorias não são necessariamente excludentes, mas complementares” (BEATO FILHO, 1999, p. 25). Teoria da Dissuasão Versus Teoria da Legitimidade Especi�camente sobre a teoria da dissuasão, ele fundamenta-se na crença de que “se tivermos uma polícia preparada e e�ciente, uma legislação adequada e um complexo de prisões com vagas su�cientes para receber os delinquentes, provavelmente as taxas de criminalidade cairão” (BEATO FILHO, 1999, p. 21). Embora não seja uma perspectiva que se possa desprezar, não tem parecido funcionar no modelo brasileiro, pois aqui “a ação da polícia e do Judiciário parece não afetar o comportamento das taxas de criminalidade, como indicam algumas observações empíricas” (BEATO FILHO, 1999, p. 21). Mesmo em estudos de comparação entre a realidade de diversos países. De um lado, o “Canadá, por exemplo, tem uma taxa de um policial para 353 habitantes e um número reduzido de 5,9 homicídios por 100 mil habitantes”. Do outro, a Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 32 of 43 16/06/2022 15:22 “China tem um policial para 1.382 habitantes, e no entanto registra um número muito menor de homicídios (dois por 100 mil habitantes)” (BEATO FILHO, 1999, p. 22). Em uma análise de comparação da realidade em regiões de um mesmo estado brasileiro, a tese da teoria da dissuasão também não se con�rma. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 33 of 43 16/06/2022 15:22 atividadeatividade “Ao questionarem a e�cácia das estratégias de controle do crime alicerçadas centralmente nas práticas de coerção e punição, os trabalhos desenvolvidos no âmbito da justeza procedimental proporcionaram como consequência a construção de novas abordagens de referência para as ações institucionais desenvolvidas pelas polícias, e a intenção em transformar esse conhecimento em atividades práticas e de impacto no campo policial”. ZANETIC et al. Legitimidade da polícia: segurança pública para além da dissuasão. Civitas : revista de ciências sociais, v. 16, n. 4. 2016. Disponível em: < http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/24183 >. Acesso em: 23 mar. 2019, p. 163. Nesse contexto das diversas concepções de segurança pública, assinale a alternativa correta. a) A polícia de paz corresponde a um modelo tradicional, no qual eles têm sua atuação com objetivo de apreender e identi�car culpados, coibir comportamentos desviantes e impor a ordem, nos termos da lei. b) A polícia legal signi�ca que o lado social da atividade policial é valorizado. c) A teoria da dissuasão, adotada pelos órgãos formuladores das políticas de segurança pública, demonstrou-se bem-sucedida, pois o Brasil se tornou um dos países com polícias que apresentam baixas taxas de letalidade. d) A teoria da dissuasão não é capaz de explicar sozinha as melhores formas de reprimir e de prevenir a criminalidade. e) Os modelos de polícia de paz e polícia legal são sinônimos. Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 34 of 43 16/06/2022 15:22 http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/24183 http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/24183 Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 35 of 43 16/06/2022 15:22 indicações Material Complementar Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 36 of 43 16/06/2022 15:22 L IVRO Sobre a violência Hannah Arendt. Editora: Civilização Brasileira ISBN: 978-85-200-0789-1 Comentário: a autora analisa no livro, entre outros temas, a distinção entre poder, vigor, força, autoridade e violência. É muito relevante para os pesquisadores de segurança pública conhecerem cada um desses institutos, principalmente, para evitar equívocos entre eles. F ILME Onde fazer a próxima invasão Ano: 2016 Comentário: O �lme consiste em uma viagem realizadas por Michael Moore em diversos países do mundo, nos quais ele compara a forma de resolução dos problemas sociais com o modelo adotado nos Estados Unidos da América. Os temas conexos à presente Unidade foram tratados na parte em Portugal, em que ele aborda a política de drogas e a abolição da pena de Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 37 of 43 16/06/2022 15:22 morte e, na Noruega, com seu modelo de sistema prisional fundamentado na dignidade humana. Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o trailer disponível: Acesso em: 8 abr. 2019. TRA ILER Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 38 of 43 16/06/2022 15:22 https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade_1/ebook/index.html# https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade_1/ebook/index.html# https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade_1/ebook/index.html# conclusão Conclusão Nesta unidade, aprendemos que as concepções de segurança pública e de suas principais normas incidentes divergem bastante, conforme o sistema político adotado em um país. Vimos ainda que a redemocratização, a�nal, implicou o restabelecimento dos direitos fundamentais de primeira dimensão reconhecidos antes do regime militar de 1964, além de algumas inovações nessa matéria, a exemplo da presunção de não-culpabilidade até o trânsito em julgado. Essa redemocratização, inclusive, aconteceu em um contexto de uma sociedade pós-moderna, a qual possui entre suas características a desregulamentação, a privatização, a liberdade, a proteção ao consumidor, a pluralidade. Por �m, compreendemos a distinção entre polícia da lei, no qual a principal atividade é o controle do crime, e polícia de paz, em que o lado social da atividade policial é valorizado. Vimos, ainda, que há duas teorias que moldam a adequada concepção de segurança pública, a saber: a intimidatória e a da legitimidade e justeza procedimental. referências Ead.br https://catalogcdns3.ulife.com.br/content-cli/DIR_NCCUSP_19/unidade... 39 of 43 16/06/2022 15:22 Referências Bibliográ�cas AMAPÁ. Tribunal de Justiça do Estado do Amapá. Agravo de Instrumento n. 00022542920168030000 . Relator: Juiz de Direito Convocado Eduardo Freire Contreras. Data de Julgamento: 14 nov. 2017. 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