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Cadeias e Teias

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ECOLOGIA BÁSICA E CONSERVACIONISMO | Fundamentos da ecologia, cadeias e teias alimentares 
Fundamentos da Ecologia 
Histórico 
A ecologia apresenta seus primeiros passos na história com base em relatos gregos, a partir 
de Teofrasto, discípulo de Aristóteles, que iniciou as primeiras descrições sobre as relações dos 
organismos vivos entre si e com o ambiente. 
As bases fundamentais da ecologia moderna foram iniciadas a partir dos primeiros trabalhos 
descritos por fisiologistas sobre a estrutura e determinadas funções em plantas e animais. 
No início do século XIX, Thomas Malthus (1766 – 1834) chamou atenção da comunidade científica 
para o conflito entre as populações em expansão e a capacidade da Terra de fornecer alimento a 
essas populações. Thomas Malthus verificou que o crescimento populacional entre 1785 e 1790 
havia dobrado, em função do aumento da produção de alimentos , de melhores condições 
sanitárias e do aperfeiçoamento no combate às doenças causadas pela Revolução Industrial. Em 
1798, ele publicou a obra "An Essay on the Principle of Population", na qual alertava que a 
população contemporânea à época crescia em escala geométrica, ao passo que a produção de 
alimentos crescia em escala aritmética, podendo causar escassez e fome. Assim, ele propunha 
que o crescimento populacional humano deveria ser controlado. 
Raymond Pearl (1879-1940), Alfred James Lotka (1880-1949) e Vito Volterra (1860-1940) 
desenvolveram as bases matemáticas a serem utilizadas no estudo das populações, que auxiliaram 
na compreensão das interações entre predadores e presas, das relações competitivas entre as 
diferentes espécies e do controle populacional feito pela natureza. 
O estudo da influência do comportamento instintivo e agressivo sobre a dinâmica das 
populações foi incentivado pelo reconhecimento da existência e a aceitação da territorialidade pelos 
pássaros em 1920. Konrad Lorenz (1903-1989) e Nikolaas Tinbergen (1907-1988) criaram os 
conceitos de comportamento instintivo e agressivo através do estudo de pássaros, ao passo que 
Vero Copner Wynne-Edwards (1906-1977) estudou o papel do comportamento social no controle 
das populações em seu livro "Animal Dispersion in Relation to Social Behavior", de 1962. 
Durante o início e meados do século XX, dois grupos botânicos – um europeu e outro 
americano – estudaram comunidades vegetais. 
Os cientistas europeus estudaram a composição, a estrutura e a distribuição das 
comunidades vegetais, ao passo que os americanos estudaram o desenvolvimento e a sucessão 
de determinadas comunidades vegetais. 
Em 1920, o biólogo August Thienemann (1882-1960) introduziu o conceito de níveis tróficos, 
no qual a energia dos alimentos é transferida a partir dos produtores (plantas verdes) aos diferentes 
tipos e níveis de consumidores (animais). 
Em 1927, Charles Sutherland Elton (1900-1991) publicou os conceitos de nichos ecológicos 
e pirâmides de números no livro "Animal Ecology". 
Na década de 1930, Edward Asahel Birge (1851-1950) e Chancey Juday (1871-1944) 
desenvolveram o conceito da produção primária ou proporção, na qual a energia é gerada por meio 
da fotossíntese. 
Em 1942, Raymond Laurel Lindeman (1915-1942) criou o conceito trófico-dinâmico de 
ecologia, que detalha como é distribuído o fluxo da energia por meio do ecossistema. Assim, a 
ecologia moderna passou a se concentrar no conceito de ecossistema, composto por organismos 
integrados (biótico) e que envolve todos os aspectos do ambiente (abiótico) em qualquer área 
específica. 
Os ecossistemas possuem inter-relações estruturadas entre solo, água, nutrientes, 
produtores, consumidores e decomponentes. Eles funcionam graças à manutenção do fluxo de 
energia e ciclagem de materiais em processos e relações energéticas, chamada cadeia alimentar. 
ECOLOGIA BÁSICA E CONSERVACIONISMO | Fundamentos da ecologia, cadeias e teias alimentares 
Com o passar do tempo, os ecossistemas tendem à estabilidade, passando de um estado 
menos complexo para um mais complexo, chamado de sucessão. A principal unidade funcional do 
ecossistema é sua população, que ocupa um determinado nicho funcional, associada a um 
determinado papel no fluxo de energia e ciclagem de nutrientes. 
 
ECOLOGIA 
Conceitos básicos 
A palavra ecologia vem do prefixo grego oikos, que significa “casa”, e do sufixo logos, que 
significa “estudo”. Assim, a ecologia corresponde ao estudo da casa ou do ambiente e das 
interrelações dos organismos vivos no meio físico. 
A ecologia é considerada uma das ciências mais complexas e amplas, pois, ao compreender 
o funcionamento da natureza, ela estuda diferentes campos da ciência, como evolução, genética, 
citologia, anatomia e fisiologia. 
A ecologia é uma ciência voltada para a natureza, com a função de investigar as relações 
entre os seres vivos e o ambiente, abordando onde e como estes seres vivem e o que os faz viver 
em um determinado local. 
A ecologia possibilita compreender como certas espécies são capazes de influenciar uma 
determinada população e os impactos desta sobre o ambiente. 
Em função de seu nível de organização, autoecologia pode ser subdividida em autoecologia 
e sinecologia. Autoecologia corresponde ao estudo de uma determinada espécie, seu 
comportamento e os mecanismos adaptativos que garantem a sobrevivência dela em determinado 
ambiente. Realiza-se, na sinecologia, a análise dos diferentes grupos de organismos que interagem 
entre si e também com o ambiente em que se encontram e vivem. 
 
Áreas de Estudo da Ecologia 
A ecologia é uma ciência que se preocupa em estudar biologias vegetal e animal, taxonomia, 
fisiologia, genética, comportamento animal, meteorologia, pedologia, geologia, sociologia, 
antropologia, física, química e matemática. 
Esta ciência se desenvolveu ao longo do estudo das plantas e dos animais, sendo que a 
ecologia vegetal se preocupa em estudar as relações entre as plantas e o seu ambiente. Já a 
ecologia animal foca a dinâmica, a distribuição e o comportamento das populações animais e suas 
inter-relações com o ambiente. 
Tanto a ecologia vegetal quanto a animal podem ser avaliadas a partir do estudo das 
interrelações entre um animal ou vegetal e seu ambiente (autoecologia) ou pelo estudo de 
comunidades (sinecologia). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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• Autoecologia: a autoecologia, ou estudo clássico da ecologia, é experimental e indutiva, uma 
vez que está interessada no relacionamento de um animal ou vegetal com uma ou mais 
variáveis. Além disso, a autoecologia contribui com dois importantes conceitos. O primeiro 
consiste na constância da interação entre um animal ou vegetal e seu ambiente, o segundo, 
na adaptabilidade genética das populações animais ou vegetais às condições ambientais 
em que vivem 
 
• Sinecologia: a sinecologia tem caráter filosófico dedutivo e descritivo, sendo constituída por 
conceitos que estão ligados ao ciclo dos nutrientes, das reservas energéticas e da formação 
e do desenvolvimento de ecossistemas. A sinecologia pode ser subdividida de acordo com 
o tipo de ambiente, ouseja, como terrestre ou aquático. 
 
• Ecologia terrestre: a ecologia terrestre pode ser subdividida de acordo com o foco da análise 
dentro do estudo de florestas e desertos, abrangendo aspectos como microclimas, ciclos 
hidrológicos, química e fauna dos solos, ecogenética e produtividade. Vale destacar que os 
ecossistemas terrestres são influenciados por animais e vegetais e estão sujeitos a 
flutuações ambientais, enquanto os ecossistemas aquáticos são mais afetados pelas 
condições da água, de correntes e da composição química. 
 
• Ecologia aquática: a ecologia aquática, ou limnologia, propõe-se a estudar a ecologia de 
cursos d’água, águas correntes e lagos. Já a ecologia marinha foca o estudo da vida em mar 
aberto e estários. 
 
• Geografiaecológica animal e vegetal: a geografia ecológica animal e vegetal é o estudo da 
distribuição geográfica das plantas e dos animais. 
 
• Ecologia populacional: a aecologia populacional se preocupa em estudar o crescimento 
populacional, a mortalidade, a natalidade, a competição e a relação predador-presa. 
 
• Ecologia genética: a ecologia genética tem como foco o estudo de genética, ecologia das 
raças e espécies. 
 
• Ecologia comportamental: a ecologia comportamental aborda as relações comportamentais 
entre os animais e o ambiente, e as interações que afetam a dinâmica das populações 
animais. 
 
• Ecoclimatologia: a ecoclimatologia tem como foco as interações entre o ambiente físico e os 
animais e vegetais. 
 
• Ecologia dos sistemas e ecologia aplicada: a ecologia dos sistemas analisa a estrutura e a 
função dos ecossistemas, utilizando a matemática aplicada e os seus modelos. A análise de 
dados e resultados incentivou o desenvolvimento da ecologia aplicada, que estuda a 
aplicação dos princípios ecológicos no manejo dos recursos naturais na produção agrícola 
e na poluição ambiental. 
 
 
 
 
 
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NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA ECOLOGIA 
A ecologia tem como base níveis hierárquicos de organização que vão desde os sistemas mais 
simples até os mais complexos. Essa hierarquia de organização é definida a partir dos conceitos 
de população, comunidade, ecossistema e biosfera. 
• População: corresponde aos conjuntos de organismos de uma mesma espécie que vivem 
juntos em uma determinada área e que apresentam maiores probabilidades de se 
reproduzirem entre si, em vez de se reproduzirem com indivíduos de outras populações. 
 
• Comunidade: corresponde ao conjunto de populações de uma determinada região ou área 
geográfica. - Ecossistema: corresponde ao conjunto formado pela comunidade e os fatores 
abióticos. 
 
• Biosfera: corresponde ao conjunto formado por todos os seres vivos do planeta e suas 
relações em geral. 
Outro fator importante na ecologia é o estudo do habitat e o papel de certa espécie em determinada comunidade, 
e de como os indivíduos de uma população específica se comportam em comunidade. 
 
Figura: Representação de população, comunidade, ecossistema e biosfera. A população 
corresponde ao conjunto de organismos de uma mesma espécie; e, a comunidade, ao conjunto 
de populações de uma determinada região ou área geográfica. O ecossistema corresponde ao 
conjunto formado pela comunidade e fatores abióticos; e a biosfera, ao conjunto de todos os 
seres vivos do planeta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AMBIENTE ABIOTICO vs AMBIENTE BIÓTICO 
O ambiente onde os organismos vivem é constituído por um ambiente abiótico e um 
ambiente biótico. Veja a diferença entre esses componentes! 
• Ambiente abiótico: O ambiente abiótico ou físico é formado por fatores estáveis (como 
geomorfologia, geologia, pedologia, topografia) que levam à formação dos mais distintos 
relevos e paisagens e fatores variáveis, como o clima e a disponibilidade de nutrientes; ou 
seja, é formado pelo ambiente físico propriamente dito e o clima, que são estudados pela 
geomorfologia e pela climatologia. 
A geomorfologia foca os fatores que compõem a formação das diferentes formas de 
relevo e paisagens em suas resistências e fragilidades. Assim, a geologia oferece as 
características dos diversos tipos de rochas; a pedologia, as características dos diversos 
tipos de solos; e a topografia, as diversas altitudes de cada paisagem. 
A climatologia estuda o que é relacionado aos diferentes tipos de micro, meso e 
macroclimas existentes no planeta Terra. 
 
• Ambiente biótico: O ambiente biótico é aquele que envolve as interações entre os 
organismos, em que são incluídos aspectos de competição, predação, herbivoria, 
reprodução e dispersão, também denominadas interações intraespecíficas e 
interespecíficas, que levam à formação do padrão de distribuição das diferentes espécies, 
sua abundância ou paucidade. A espécie humana, embora não seja a mais abundante, é a 
que mais interfere na manutenção dos ambientes biótico e abiótico. 
Em outras palavras, o ambiente biótico envolve as interações entre os organismos em 
que estão incluídas as ações antrópicas (alterações provocadas pelo homem no ambiente) 
causadas pelas modificações na biodiversidade animal, vegetal e mineral. 
 
Interações entre ambientes abióticos e bióticos: 
Tanto os fatores bióticos quanto os abióticos afetam a distribuição e a sobrevivência dos 
seres vivos; em dado momento, favorecem uma determinada espécie e, em outro, podem 
desfavorecê-la. As interações abióticas também interferem no componente biótico, em virtude da 
alteração de fatores como geologia, topografia, disposição e estrutura dos solos e clima, conforme 
você pode observar na figura a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONTRIBUIÇÃO DA GEOLOGIA E DA PEDOLOGIA PARA OS SERES VIVOS: 
Os compostos inorgânicos do solo são formados a partir do intemperismo das rochas 
(decomposição por processos físicos sem alteração das propriedades químicas) . As grandes 
variações das temperaturas proporcionam a quebra das rochas em pedaços menores, o que facilita 
a ação da água. 
As rochas também podem sofrer ação do intemperismo químico. Isso acontece quando o 
dióxido de carbono, ao ser dissolvido pelas águas da chuva, forma um meio ácido que reage com 
as rochas – como o calcário, resultando em carbonato de cálcio, ou com o feldspato de rochas 
ígneas, formando argila e carbonato de potássio. O carbonato de potássio, ao se acumular na 
matéria orgânica, pode ser utilizado pelas plantas. 
As rochas ígneas são formadas a partir do resfriamento do magma derretido ou parcialmente 
derretido, com ou sem cristalização, abaixo ou próximo à superfície. O magma é produzido a partir 
do derretimento parcial de rochas existentes na crosta terrestre 
Outros minerais também podem ser produzidos através do intemperismo físico, como ferro, 
magnésio e alumínio. 
Também contribuem para a formação dos solos o processo de erosão (desgaste, transporte 
e sedimentação do solo, substratos e rochas pela ação da água, ventos e seres vivos) e o processo 
de sedimentação (desgaste das rochas e do solo a partir de agentes externos, que levam à 
formação das rochas sedimentares). 
 
CONTRIBUIÇÃO DA TOPOGRAFIA PARA OS SERES VIVOS: 
A altitude e a forma do relevo têm papel muito importante na distribuição e na abundância 
dos organismos, uma vez que a temperatura diminui com o aumento da altitude, selecionando as 
espécies capazes de sobreviver nesse ambiente. 
A presença de escarpas (forma de relevo em transição entre diferentes províncias 
geográficas, que envolve uma elevação aguda superior a 49º que forma um penhasco ou encosta 
íngreme) requer, das espécies animais e vegetais, habilidades específicas para viver nesse 
ambiente, além da disponibilidade de água local. 
A topografia dos oceanos, mares, rios e lagos é importante para os organismos aquáticos, 
pois a luz solar vermelha pode ser absorvida por até 30 metros, ao passo que a luz verde e a luz 
azul penetram por até 140 metros, onde se encontram algas verdes. 
Nos oceanos e mares, a camada superficial da coluna de água (zona fótica) é iluminada pela 
luz solar, que pode atingir até 100 metros de profundidade e, em águas tropicais, pode chegar a 
até 600 metros. 
A zona fótica é fundamental, pois lá ocorre a produção primária através da fotossíntese 
realizada pelo fitoplâncton ou por vegetais bentônicos (vivem no substrato dos fundos dos cursos 
de água, lagos, rios, mares e oceanos) em áreasnas quais a luz atinge o fundo do ecossistema 
aquático. Na zona fótica, há uma alta concentração da quantidade de vida nos oceanos e mares; 
tal zona pode ser subdividida em camadas eufótica e distrófica 
• Zona eufótica: na zona eufótica, localizada próxima à superfície, a intensidade de luz é maior 
e suficiente para a produção primária de energia por fotossíntese realizada pelo fitoplâncton, 
responsável por 90% da produção. 
 
• Zona diastrófica: na zona diastrófica, que apresenta pouca iluminação, é possível encontrar 
fitoplâncton, assim como peixes e seres invertebrados. 
 
• Zona afótica: abaixo da zona diastrófica, está a zona afótica, na qual a luz solar não é 
detectada e, por isso, há a seleção de seres vivos com habilidade de sobreviver nesse 
ambiente. 
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CONTRIBUIÇÃO DA LATITUDE PARA OS SERES VIVOS 
O Sol é a principal fonte de luz e de calor para a Terra, e o comprimento dos dias e a 
intensidade luminosa diária são fatores decisivos para a sobrevivência dos seres vivos em 
determinados locais. 
A rotação da Terra em torno do seu eixo cria o dia e a noite. Já a inclinação do seu eixo, 
juntamente com a translação, faz parte do fato de o nosso planeta se voltar para o Sol ao longo do 
ano, criando as estações. 
Na linha do Equador, em função da rotação e da translação da Terra em seu eixo, os 
comprimentos do dia e da noite são praticamente idênticos. 
Contudo, nas altas latitudes e nos polos da Terra, isso pode levar ao surgimento de dias e 
de noites com 24 horas no verão e inverno, respectivamente. 
Nas latitudes médias, localizadas próximas aos trópicos, os dias se tornam mais longos no 
verão e mais curtos no inverno. 
 
CONTRIBUIÇÃO DO CLIMA E DAS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS PARA OS SERES VIVOS: 
Em diferentes condições topográficas, de relevo e de latitude, são encontrados climas com 
variações anuais (estações do ano) que influenciam os ciclos abióticos e bióticos, como a fenologia 
(estudo dos fenômenos periódicos dos seres vivos e suas relações com as condições ambientais, 
tais como migração das aves, floração e frutificação) e ritmos circadianos (período de 24 horas no 
qual se baseia o ciclo biológico dos seres vivos, influenciado pela quantidade de luz, temperatura, 
marés e ventos entre o dia e a noite). 
 
As variações nas estações do ano são observadas, com maior facilidade, nos seguintes 
casos: 
• Nos animais, que apresentam mudanças do comportamento (hibernação e migração); 
• Nas plantas que apresentam características fenológicas (senescência, floração e 
brotamento) 
 
DISTRIBUIÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS: 
A distribuição do regime de chuvas é importante não apenas para a existência de 
determinados tipos taxonômicos, constituindo a formação de territórios similares e territórios 
antagônicos, mas também para a distribuição de alguns grupos de seres vivos que necessitam de 
grande quantidade de água para sobreviver. 
A distribuição das precipitações pluviométricas é um condicionante climático em que as 
atividades pluviométricas são determinadas através do ambiente climático. 
• Zona equatorial, as precipitações pluviométricas podem ser abundantes e apresentar 
quantidades moderadas, médias e altas. 
 
• Zonas subtropicais e áreas circunvizinhas aos polos são relativamente secas. 
 
• Zonas litorâneas ocidentais nos subtrópicos tendem a ser secas; já as litorâneas orientais, 
úmidas. 
 
• Altas latitudes, as costas ocidentais são mais úmidas que as orientais. 
 
• Vertentes a barlavento (lado em que sopra o vento) das montanhas, as atividades 
pluviométricas são abundantes, mas nos lados do solavento (lado oposto de onde sopra o 
vento) são esparsas. 
 
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• Áreas próximas dos grandes corpos hídricos recebem mais precipitação que o interior dos 
continentes, que se localizam distantes das fontes oceânicas e do suprimento de umidade. 
 
CONTRIBUIÇÃO DAS CATÁSTROFES PARA OS SERES VIVOS: 
Existem diversos fenômenos naturais gerados pela movimentação da terra, do ar ou da água 
e que são capazes de interferir na estrutura essencial para a vida. Eles são chamados de desastres 
naturais, como incêndios, deslizamentos, erupções vulcânicas, terremotos e furacões, e são 
capazes de modificar os ambientes biótico e abiótico, alterando a capacidade de adaptação das 
espécies animais e vegetais em determinados locais. 
Os desastres naturais são classificados em tempestades, terremotos, maremotos, furações, 
ciclones e tufões, secas, erupções vulcânicas e inundações. Confira, a seguir, a definição de cada 
um desses fenômenos. 
• Tempestades são constituídas por chuvas intensas de granizo, neve, areia ou raios e podem 
ser destrutivas conforme a quantidade precipitada e a força, podendo levar a deslizamento 
de terras e de gelo e a quedas de árvores. 
 
• Terremotos são chamados de abalos sísmicos e representam fenômenos de vibração brusca 
e passageira da superfície da Terra. São provocados pela movimentação das placas 
tectônicas, pela atividade vulcânica e pelos deslocamentos de gases no interior da Terra. 
• Maremotos são os terremotos que acontecem no interior dos mares, provocando grandes 
deslocamentos de água. 
 
• Furacões, ciclones e tufões são fenômenos causados pelo deslocamento abrupto de 
grandes massas de ar, que, dependendo da força, podem destruir um ecossistema. 
• Seca intensa das últimas décadas é uma consequência do aquecimento global, gerando a 
expansão do processo de desertificação de diversas áreas. 
 
• Erupções vulcânicas levam à expulsão de lava pelos vulcões e têm a capacidade de destruir 
as comunidades, a flora e a fauna 
 
• Inundações e enchentes são fenômenos da natureza que podem ser intensificados pela 
ação humana. São causadas pelo aumento de quantidade das chuvas e provocam 
desabamentos que podem alterar determinado ecossistema. 
O Brasil, por sua localização e pela distância que se encontra das divisões das placas 
tectônicas, não é alvo de muitas ocorrências naturais, porém sua topografia faz com que sejam 
comuns problemas causados por situações extremas de chuvas e de secas. 
 
CONTRIBUIÇÃO DA AÇÃO ANTRÓPICA PARA OS SERES VIVOS E O AMBIENTE: 
 Os fatores antrópicos são decorrentes da ação do homem sobre o ambiente, podendo ser 
causados por construções de cidades, barragens e diques; assoreamento de corpos d’água; 
mudança do curso de rios; exploração do subsolo; e alteração dos componentes do solo, da água 
e da atmosfera. 
Ao formar novos ambientes urbanos, o homem modifica a biodiversidade local; a cobertura 
vegetal natural; a composição química do solo e subsolo; os cursos e a composição da água; além 
de promover a introdução de espécies exóticas. Barragem hidrelétrica, um dos fatores antrópicos. 
O homem, ao realizar esses feitos por onde passa, deixa marcas conhecidas como pegadas 
ecológicas, modificações na natureza ou impactos ambientais. 
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Conforme o tamanho do aglomerado urbano, os efeitos podem ser individuais (microescala) 
ou regionais (macroescala). Em ambientes urbanos com menos de 20 mil habitantes, os efeitos 
ambientais são locais. Naqueles com milhões de habitantes, são regionais. 
Contudo existem casos de ações individuais com capacidade de causar danos regionais, 
como a poluição marinha derivada do derramamento de óleo no mar em função do vazamento de 
petróleo de navios ou plataformas e do lançamento no mar de água utilizada na lavagem de tanques 
(reservatórios) de petróleo dos navios petroleiros. 
O petróleo pode atingir diretamente as aves e os animais marinhos, causando a morte 
dessas espécies, e pode ficar na superfície da água marinha, impossibilitando a penetração dos 
raios solares e a fotossíntesepor várias espécies de algas. Quando atinge os mangues, o petróleo 
polui e contamina o ambiente, provocando a morte de várias espécies vegetais e animais. 
Vazamento de petróleo, exemplo de fator antrópico. O petróleo pode atingir as praias, que se 
tornam impróprias para os banhistas, afetando o setor turístico da região e trazendo prejuízos 
econômicos. 
 
SEQUÊNCIA DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS 
• Organismo: corresponde à forma individual de vida, cujo corpo é constituído por órgãos, 
organelas ou outras estruturas que interagem fisiologicamente, executando os diferentes 
processos fisiológicos e bioquímicos necessários à vida 
 
• População: conjunto de indivíduos de uma mesma espécie 
 
• Comunidade: é formada por grupos populacionais integrados que coexistem em um 
determinado habitat ou ambiente. 
 
• Ecossistema: corresponde ao conjunto de comunidades vivendo em diferentes 
compartimentos de um mesmo ambiente, partilhando características físicas, químicas e 
biológicas que influenciam a existência de determinadas espécies animais ou vegetais. O 
ecossistema pode ser dividido em terrestre e aquático. 
 
• Bioma: corresponde ao conjunto de seres vivos em uma determinada área ou conjunto de 
ecossistemas. O Brasil apresenta seis tipos de biomas: 
1. A Amazônia ocupa cerca de 50% do país (região Noroeste). 
2. O cerrado representa 24% do país (região Centro-Oeste). 
3. A Mata Atlântica abrange 13% do país (regiões Sul e Sudeste). 
4. A caatinga representa 10% do país (região Nordeste). 
5. Os pampas ocupam 2% do país (região Sul). 
6. O Pantanal possui a extensão de 2% do país (região Centro-Oeste). 
 
CONCEITOS BÁSICOS EM ECOLOGIA 
GLOSSÁRIO ECOLÓGICO: 
• Biodiversidade ou diversidade biológica: Conjunto de espécies de seres vivos (animais e 
vegetais) que compõem a vida na Terra ou que estão presentes em determinada região, 
compondo a diversidade genética e a variedade dos ecossistemas em determinada área ou 
bioma do planeta. 
 
• Biótopo: Área física na qual determinada comunidade vive 
 
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• Ciclo biogeoquímico: Processo que envolve a energia e a matéria, que se movimentam pelo 
ambiente de forma cíclica, fazendo a ciclagem dos nutrientes essenciais à manutenção da 
vida. 
 
• Comunidade ou biocenese: Conjunto de populações de diversas espécies animais e/ou 
vegetais que habitam uma mesma região em um determinado período. 
 
• Consumidores: Seres vivos que se alimentam dos seres vivos produtores (consumidores 
primários) ou de outros consumidores (consumidores secundários ou terciários). Aqui estão 
inclusos os detritívoros ou seres vivos que se alimentam de restos orgânicos. 
 
• Decompositores: Seres vivos que reciclam a matéria orgânica, decompondo-a e 
degradando-a até a formação da matéria inorgânica, que é reaproveitada pelos produtores, 
continuando o ciclo. 
 
• Ecossistema ou sistema ecológico: Conjunto formado pelo ambiente físico e pela 
comunidade que se relaciona com ele. 
 
• Ecótono: Região de transição entre duas comunidades ou dois ecossistemas. Na área de 
transição ou ecótono, encontra-se um grande número de espécies animais e vegetais e, 
portanto, um grande número de nichos ecológicos. 
 
• Equilíbrio ecológico: Interações entre os seres vivos; é mantido através da cadeia alimentar. 
- Espécie: Conjunto de seres vivos semelhantes estrutural, funcional e bioquimicamente, que 
se reproduzem de forma natural e originam descendentes férteis. 
 
• Habitat: Lugar específico em que uma espécie animal ou vegetal pode ser encontrada dentro 
do ecossistema. 
 
• Nicho ecológico: Papel que o organismo animal ou vegetal desempenha no ecossistema. 
 
• População: Conjunto de seres vivos de uma mesma espécie que vivem em uma mesma 
área, em um determinado período. 
 
• Produtores: Todos os seres vivos autotróficos clorofilados; estão presentes em todas as 
cadeias alimentares. Os produtores transformam a energia luminosa em energia química, o 
único processo de entrada de energia em um ecossistema. 
 
• Relações ecológicas: Interações que ocorrem entre os seres vivos dentro dos ecossistemas; 
podem ser entre indivíduos da mesma espécie (intraespecífica) ou de espécies diferentes 
(interespecíficas). As relações ecológicas podem ser benéficas (positivas) ou prejudiciais 
(negativas). 
 
• Teias alimentares: Várias cadeias alimentares que se relacionam, representando o que 
ocorre na natureza. 
 
 
 
 
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CADEIAS ALIMENTARES 
CADEIA ALIMENTAR: CONCEITO E COMPONENTES 
A cadeia alimentar pode ser compreendida como as relações alimentares entre os seres 
vivos que constituem uma biota, na qual se realiza o fluxo contínuo de energia e matéria entre eles. 
Essa cadeia tem seu início com os produtores e termina com os decompositores, que promovem a 
absorção final de nutrientes e energia entre os seres vivos. 
No que diz respeito aos seres vivos que compõem a cadeia alimentar, eles são classificados 
em produtores, consumidores e decompositores, os quais se encontram em nível trófico distinto. 
Vamos conhecer melhor esses três componentes? 
Os produtores são os seres vivos capazes de produzir ou fabricar o seu próprio alimento a 
partir da realização da fotossíntese e, por isso, são chamados de seres vivos autótrofos. Estes 
representam o primeiro nível trófico da cadeia alimentar e não têm a necessidade de se alimentar 
de outros organismos, por exemplo, as plantas e o fitoplâncton. 
Os consumidores são os seres heterótrofos, ou seja, não produzem o seu próprio alimento 
e, por isso, necessitam de outros seres para obter a energia necessária para sobreviver. Os 
consumidores são classificados em: 
• Primários (herbívoros que se alimentam dos seres produtores) 
• Secundários (carnívoros que se alimentam dos consumidores primários) 
• Terciários (carnívoros de grande porte e outros predadores que se alimentam dos 
consumidores secundários) 
 
Também neste nível trófico estão os detritívoros ou animais que se alimentam de restos orgânicos. 
Os decompositores são seres vivos que se alimentam da matéria orgânica em decomposição 
(obtendo nutrientes e energia), transformando-a em matéria inorgânica a ser utilizada pelos 
produtores. A partir disso, ocorre o recomeço do ciclo de energia e matéria orgânica na cadeia 
alimentar. 
O nível trófico representa a ordem em que a energia flui em uma determinada cadeia 
alimentar. As pirâmides ecológicas representam as interações tróficas entre as diferentes espécies 
em uma comunidade localizada em um determinado ambiente. 
 
CADEIA ALIMENTAR: CLASSIFICAÇÕES: 
• Cadeia alimentar terrestre: A cadeia alimentar terrestre pode ser demostrada pela figura a 
seguir, em que as plantas correspondem aos produtores, que são consumidos pelos 
consumidores primários (insetos), que, por sua vez, são consumidos pelos consumidores 
secundários (anfíbios). Em seguida, estes são consumidos pelos consumidores terciários 
(répteis). Finalmente estes, pelos consumidores finais (aves de rapina). 
Depois de mortos, os restos orgânicos de todos estes seres serão utilizados como fonte de 
energia e para os organismos decompositores que, depois de realizarem o processo de 
mineralização (transformação de substâncias orgânicas em inorgânicas), levam ao início de 
um novo ciclo, no qual as substâncias inorgânicas serão utilizadas pelos consumidores 
primários (plantas). 
ECOLOGIA BÁSICA E CONSERVACIONISMO | Fundamentos da ecologia, cadeias e teias alimentares 
 
 
 
 Figura: Cadeia alimentar 
terrestre. Na cadeia alimentar 
terrestre, o Sol fornece energia 
solar para que os produtores 
realizem fotossíntese. A seguir, os 
produtores são consumidos pelos 
consumidores primários, estes são 
consumidos pelos consumidores 
secundários e depoispelos 
consumidores terciários e 
consumidor final. O processo 
termina com a ação dos 
organismos decompositores. 
 
 
 
 
• Cadeia alimentar aquática: A cadeia alimentar aquática, representada na figura a 
seguir, demonstra que os produtores (fitoplâncton) são consumidos pelos 
consumidores primários (zooplâncton) que, por sua vez, são ingeridos pelos 
consumidores secundários (peixes de pequeno porte). Estes são consumidores 
pelos consumidores terciários (peixes de médio porte), que finalmente serão 
ingeridos pelos consumidores quaternários (superordem Selachimorpha). Todos 
estes, ao morrerem, serão fonte de energia e matéria para os organismos 
decompositores presentes no fundo do mar. Depois de realizarem o processo de 
mineralização (transformação de substâncias orgânicas em inorgânicas), tem início 
um novo ciclo. 
Figura: Cadeia alimentar aquática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECOLOGIA BÁSICA E CONSERVACIONISMO | Fundamentos da ecologia, cadeias e teias alimentares 
TEIAS ALIMENTARES 
 Na natureza, alguns seres vivos podem ocupar vários papéis em diversas cadeias 
alimentares, uma vez que diferentes espécies animais podem buscar um cardápio variado, 
alimentando-se de diferentes consumidores na cadeia, ou servindo de alimento para outros 
consumidores na mesma ou em outra cadeia alimentar. Isso leva a um cruzamento de 
cadeias alimentares chamado teia alimentar. 
Na teia alimentar, uma mesma espécie animal pode ocupar diferentes papéis, 
dependendo de qual cadeia está envolvida. A teia representa o que ocorre na natureza, 
pois demonstra as diversas relações que existem entre os seres vivos. 
Em uma cadeia alimentar, o fluxo das setas é unidirecional, ao passo que, na teia 
alimentar, existem várias setas pelo maior número de interações alimentares e fluxo de 
energia entre os organismos envolvidos. 
Veja a figura a seguir. Nela é possível observar um exemplo de teia alimentar em 
que os vegetais são os produtores e são consumidos tanto por herbívoros quanto por 
insetos. Os insetos podem ser consumidos pelos roedores e aves, e estes são consumidos 
por raposas e aves predadoras. Os lobos podem tanto consumir os herbívoros quanto as 
raposas. 
Figura: Cadeia alimentar terrestre. Na teia alimentar terrestre, os produtores podem ser 
consumidos por diferentes espécies animais, ocorrendo o mesmo com os consumidores primários, 
secundários e terciários, em que o processo termina com o envolvimento dos predadores de topo 
da cadeia alimentar. 
 
 
 
 
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Um exemplo de teia alimentar mais complexa é representado nesta outra figura, a 
seguir, em que ocorre o fluxo de energia e matéria envolvendo seres vivos aquáticos e 
terrestres 
Os produtores são representados pelo plâncton vegetal, consumido por plâncton 
animal, moluscos de água doce e camarões de água doce. O plâncton animal é ingerido 
por larvas de insetos; as plantas aquáticas, por castores e pássaros; e os moluscos de água 
doce, por pássaros e peixes. Os besouros são consumidos por rãs e peixes, e os peixes 
menores são consumidos por peixes maiores, e estes, por ursos e lontras 
Figura: Teia alimentar envolvendo seres vivos terrestres e aquáticos. Na teia alimentar aquática, o 
plâncton vegetal e as plantas aquáticas atuam como produtores, que são consumidos por 
diferentes consumidores primários, e assim sucessivamente, de modo que o ciclo alimentar 
termina com a participação dos predadores de topo. 
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QUADRO RESUMO

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