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Processo Penal - Principios. Aplicacao da Lei. Sistemas. Inquerito Policial

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Canal Carreiras Policiais – Instituto de Ensino das Carreiras Policiais Ltda. 
Todos os direitos reservados. www.canalcarreiraspoliciais.com.br 
 
 
PROCESSO PENAL 
 
 
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ORIENTAÇÕES PRELIMINARES 
 
 
1. Este material foi desenvolvido pelo editorial do Instituto de Ensino 
das Carreiras Policiais e é protegido por Direitos Autorais, sendo 
completamente vedada a reprodução parcial ou integral sem que 
haja a devida autorização, sob pena de responsabilização cível e 
criminal. 
2. Nosso material é de uso exclusivo e interno aos nossos 
alunos/coachees, sendo atualizado semanalmente por nossa 
coordenação de materiais didáticos. 
3. Nossos materiais possuem a profundidade específica para o 
concurso-meta de cada aluno, com o foco para o que 
efetivamente é exigido pela banca examinadora do certame. 
4. Havendo dúvidas sobre o conteúdo ou dificuldade de 
assimilação, o aluno deve se utilizar do livro para potencializar a 
compreensão e informar ao coach através do relatório semanal. 
 
 
Nosso site: www.canalcarreiraspoliciais.com.br 
E-mail: coach@canalcarreiraspoliciais.com.br 
Instagram: @canalcarreiraspoliciais 
 
 
“A vida vai testar 
você. A vida vai 
testar a sua força de 
vontade e você terá 
que mostrar a ela 
que é isso mesmo o 
que você quer e que 
você merecedor 
disso! Levante a 
cabeça, aceito os 
desafios e mostre 
que você merece 
conquistar os seus 
sonhos!” 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Para chegar aonde 
poucos chegam é 
preciso fazer o que 
poucos fazem.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.canalcarreiraspoliciais.com.br/
 2 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
PRINCÍPIOS, SISTEMAS, FONTES DO PROCESSO PENAL E 
INQUÉRITO POLICIAL 
 
 
 
 
Leitura obrigatória dos artigos: 1 ao 23 do CPP. 
 
CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
“É o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do 
direito penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a 
estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares”. (José 
Frederico Marques) 
 
O Processo Penal não pode mais ser visto como um simples instrumento a 
serviço do poder punitivo (Direito Penal), senão que desempenha o papel de 
limitador do poder e garantidos do indivíduo a ele submetido. Há que se 
compreender que o respeito às garantias fundamentais não se confunde com 
impunidade, e jamais se defendeu isso. O processo penal é um caminho 
necessário para se chegar, legitimamente, à pena. Daí porque somente se 
admite sua existência quando ao longo desse caminho forem rigorosamente 
 
 
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observadas as regras e garantias constitucionalmente asseguradas, conforme 
assinala Aury Lopes Jr. 
 
A função do PROCESSO PENAL é servir como instrumento do Estado para a 
imposição de sanção penal ao possível autor do fato delituoso. A partir do 
momento em que alguém pratica ato considerado crime nasce o jus puniendi 
in concreto por parte do Estado. Perceba que o ente público, até então tinha 
um poder abstrato, genérico e impessoal, passando a ter a pretensão 
concreta de punir o suposto autor do fato delituoso. E, como podemos 
constatar, é através do processo penal que é exercida a pretensão do Estado 
em punir o transgressor da norma, sem que seja possível a imposição de 
sanção penal sem que haja um devido e regular processo. 
 
PODEMOS DESTACAR AS SEGUINTES FINALIDADES DO PROCESSO PENAL: 
1- Conferir efetividade ao Direito Penal; 
2- Fornecer meios e caminhos para a aplicação da pena ou garantir a 
absolvição; 
3- Pacificação social com a solução de conflitos. 
CARACTERÍSTICAS: 
1- Autonomia: O direito processual não é submisso ao direito material, tem 
princípios e regras próprias (ex: prazos) 
2- Instrumentalidade: faz a atuação do direito material penal, 
consubstanciando o caminho a ser seguido para obtenção de um 
provimento. 
3- Normatividade: disciplina de caráter dogmático possui codificação 
própria. 
A trilogia de Norberto Avena: 
 Poder Direito Processo 
4- 
5- 
 
 
 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL: 
Princípios são postulados que se irradiam por todo o sistema de normas, 
fornecendo um padrão de interpretação, integração, conhecimento e 
aplicação do direito positivo, estabelecendo uma meta maior a ser seguida. 
(Nucci). 
 
O Estado é 
titular do Jus 
Puniendi 
O exercício do Jus 
Puniendi pelo Estado é 
limitado pelo Direito 
Processual 
O direito Processual institui o 
Processo Criminal como 
instrumento por meio do qual o 
Estado exerce o jus puniendi. 
(regido por conjunto de normas, 
preceitos e princípios) 
kenna
Realce
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1. DEVIDO PROCESSO LEGAL: Consagrado no art. 5, LIV CF. É o estabelecido na 
lei, devendo traduzir-se em sinônimo de garantia, atendendo assim aos 
ditames constitucionais. O devido processo legal guarda raízes no principio da 
legalidade. 
O processo deve ser instrumento de garantia contra os excessos do Estado, 
visto como ferramenta de implementação da Constituição Federal, como 
garantia suprema do “jus libertatis”. 
 
2. AMPLA DEFESA: Fundamentada no art. 5, LV da CF. Amplos e extensos 
métodos para se defender a imputação feita pela acusação. A parte é 
hipossuficiente em relação ao Estado, pois, este é sempre mais forte. 
Subdivide-se em: 
1- Defesa técnica: efetuada por profissional habilitado. 
1.1- Sempre obrigatória. Súmula n. 523 do STF, art. 396, §2º do CPP e art. 55, §3º da 
Lei. 11.343/06. 
 
2- Autodefesa: realizada pelo próprio imputado. 
2.1- Direito de audiência: oportunidade de influir na defesa por meio de 
interrogatório. 
2.2- Direito de presença: possibilidade do réu tomar posição, a todo momento, 
sobre o material produzido, sendo-lhe garantida a imediação com o defensor, o 
juiz e as provas. 
 
3. PLENITUDE DE DEFESA: Utilizada no Tribunal do Júri, art. 5, XXXVIII, “a” da CF. 
Busca-se garantir ao réu uma defesa plena e completa. 
 
Diferenças: 
 
Ampla Defesa Plenitude de Defesa 
Processo Criminal (qualquer 
acusado) 
Procedimento do Júri 
A parte oferece provas e 
argumentos técnicos, pois, o Juiz 
decide de acordo com o livre 
convencimento motivado 
A defesa atua de forma completa, 
utiliza argumentos técnicos, de 
natureza sentimental, social e política 
criminal. O Jurado decide de acordo 
com a intima convicção. 
Alegações finais sem previsão de 
réplica e tréplica. (art. 403 do CPP) 
Possibilidade de réplica e tréplica. 
(art. 477 do CPP). 
 
4. CONTRADITÓRIO: Previsto no art. 5, LV da CF. Está ligado à relação 
processual tanto à acusação quanto a defesa. 
 
 
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Direito assegurado às partes de serem cientificadas de todos os atos e fatos 
ávidos no curso do processo, podendo manifestar-se a respeito e produzir as 
provas necessárias antes de ser proferida a decisão judicial. É mais 
abrangente que a ampla defesa (atinge os dois polos). Em algumas situações 
será utilizado em momento posterior (contraditório diferido). 
Ex: 1- Decretação da prisão preventiva (art. 282, §3º do CPP) 2- Sequestro de 
bens (art. 125 do CPP), 3- Interceptação de comunicação telefônica (Lei. 
9.296/96). 
 
5. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU NÃO-CULPABILIDADE: Previsto no art. 5, LVII 
da CF. Antes da sentença condenatória transitado em julgado, todos são 
presumidamente inocentes. Prevalece este status mesmo se houver recurso 
pendente. 
Desdobramentos: 
A parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado, e 
não este demonstrar a sua inocência. Para ser considerado culpado é 
necessário o trânsito em julgado. 
 
Sobre o tema, importante relembrarmos que é PROIBIDA A EXECUÇÃO 
PROVISÓRIA DA PENA. Segundo o STF, em 07/11/2019, ao julgar as ADCs 43, 44 
e 54 (Rel. Min. Marco Aurélio), retornou para a sua posição anterior e afirmou 
que o cumprimento da pena somente pode ter início com o esgotamento de 
todos os recursos.Uma coisa é o agente estar preso cautelarmente, outra é 
estar cumprindo efetivamente pena, em caráter provisório. Nesse sentido, é 
possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do 
esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, devem estar 
presentes os requisitos exigidos pela norma processual penal para fins de 
aplicação da medida cautelar pessoal. 
 
ATENÇÃO 1: Apesar de o cumprimento da cautelar prisional não caracterizar 
cumprimento provisório de pena, importante consignar que a vedação à 
execução provisória da pena, decorrente do princípio da presunção de não 
culpabilidade, não impede a antecipação cautelar dos benefícios da 
execução penal definitiva ao preso processual. Assim, na antecipação dos 
benefícios, seria possível a incidência de institutos como a progressão de 
regime e outros incidentes da execução – já que a LEP estende seus benefícios 
aos presos provisórios (Lei 7.210/84, art. 2o, § único). 
 
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SÚMULA 716, STF: Admite-se a progressão do regime de cumprimento da pena ou a 
aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em 
julgado da sentença condenatória. 
SÚMULA 717, STF: Não impede a progressão do regime de execução da pena, fixada 
em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão 
especial. 
 
ATENÇÃO 2: Também não é possível a execução da pena RESTRITIVA DE 
DIREITOS antes do trânsito em julgado da condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 
1.619.087-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. 
Jorge Mussi, julgado em 14/6/2017 (Info 609). 
 
6. INEXIGIBILIDADE DE AUTOINCRIMINAÇÃO OU AUTODEFESA (NEMO TENETUR 
SE DETEGERE): Ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo, 
permite ao acusado ocultar e mentir sobre as acusações que são feitas em 
relação a ele. 
 
O réu pode optar em manter o silêncio e a testemunha apenas nos fatos que 
possam imputar algum crime. Porém, se quiser pode dizer toda a verdade. 
 
Cuidado: Quem se atribui identidade falsa perante a autoridade comete o 
crime do art. 307 do CP. Artigos: 339, 340, 341, 342 do CP. 
 
7. JUIZ NATURAL: Art. 5, LIII e XXXVII da CF. O juiz deve ser anteriormente 
designado pela lei, não pode ser criados tribunais ou determinar juízes 
específicos para julgar um caso pós-fato. 
 
8. JUIZ IMPARCIAL: As decisões não podem ser parciais, corruptas e 
dissociadas do equilíbrio que as partes esperam do magistrado, não pode ter 
vínculo subjetivo com o processo. Caso ocorra parcialidade o juiz será 
declarado impedido (art.252 do CPP) ou suspeito (art. 254 do CPP) previstas 
no Código de Processo Penal. A declaração pode ser de ofício ou alegada 
pelas partes. 
 
9. PUBLICIDADE: Determinada nos artigos 5º, LX, XXXIII, 93, IX da CF, art. 201, §6º 
do CPP. A regra é que os atos processuais sejam públicos, com exceção as 
determinações legais quanto ao sigilo. (preservação da intimidade e interesse 
social). 
 
 
 
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10. AÇÃO, DEMANDA, INICIATIVA DAS PARTES, “NE PROCEDAT JUDEX EX 
OFFICIO”: a jurisdição é inerte, cabe as partes a provocação do Poder 
Judiciário. (art. 129, I da CF) 
 
Importante destacar a não recepção do art. 26 do CPP- processo 
judicialiforme. 
 
Exceção: Habeas corpus de ofício, art. 654, § 2º do CPP. 
 
11. VERDADE REAL, MATERIAL, SUBSTANCIAL (ART. 566 DO CPP): O princípio da 
verdade real, também conhecido princípio da verdade material ou da 
verdade substancial (art. 566 do CPP), significa que, no processo penal, 
devem ser realizadas as diligências necessárias e adotadas todas as 
providências cabíveis para tentar descobrir como os fatos realmente se 
passaram, de forma que o jus puniendi seja exercido com efetividade em 
relação àquele que praticou ou concorreu para a infração penal. 
 
O magistrado pauta seu trabalho na reconstrução dos fatos com objetivo de 
aproximar-se ao máximo da verdade plena, apurando os fatos até onde for 
possível elucidá-los para proferir sentença que esteja de acordo com 
elementos concretos e não ficções ou presunções. Ex: art. 156, 201, 209, 234, 
242 e 404 do CPP. 
 
Alguns desses dispositivos legais, que permitem a iniciativa probatório por 
parte do juiz vem sofrendo aumento das críticas por parte da doutrina, em 
razão da adoção de um sistema acusatório no Brasil. Para grande parte da 
doutrina, o juiz deveria formar sua convicção com base nos elementos 
probatórios que lhe forem apresentados e não atuar na busca de provas, que 
seria incumbência das partes envolvidas na lide. Segundo boa parte da 
doutrina, por exemplo, o art. 156, I, do CPP, estaria tacitamente revogado pelo 
Pacote Anticrime, que adotou expressamente o sistema acusatório. 
 
Não pode violar direitos e garantias estabelecidos, como por exemplo a 
realização de provas ilícitas. 
 
12. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DA PROVA ILÍCITA: 
A exposição de motivos do CPP traz um rol exemplificativo de 9 provas 
admitidas em processo penal, admitindo-se também as inominadas. Porém, 
há exceções à liberdade dos meios de prova: 
 
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1. Ilícitas → contrárias às normas materiais. Deve-se averiguar não 
somente se a prática caracteriza crime, mas também se a prática 
infringe alguma das garantias constitucionais. 
2. Ilegítimas → contrárias às normas processuais. 
Obs.:A prova ilícita agride mais a justiça do que as provas ilegítimas. 
 
Em regra, a prova ilícita é produzida em momento anterior ou concomitante 
ao processo, mas sempre externamente a este (a prova ilícita é produzida 
extraprocessualmente). Geralmente a prova ilícita é produzida por aqueles 
que estão atuando fora do processo polícia, MP, etc. Já a ilegítima, em regra, 
é produzida no curso do processo, sendo uma prova endoprocessual. 
 
A L. 11690/08 alterou o art. 157 do CPP, porém não diferenciou bem o que 
seria prova ilícita das provas ilegítimas. Nucci, dentre outros, afirma que, a 
partir da referida alteração não existe mais diferença entre prova ilícita de 
prova ilegítima, acarretando, assim, a mitigação da distinção. Porém, há 
quem argumente que a diferenciação de prova ilícita e ilegítima encontra-se 
albergada na exegese da própria constituição brasileira, conforme art. 5.º, LVI. 
 
ATENÇÃO 1.: Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela 
polícia por meio da extração de dados e de conversas registradas no 
whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que 
o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. Assim, 
é ilícita a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp, obtidos 
diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem prévia 
autorização judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, julgado em 19/4/2016 (Info 
583). 
 
ATENÇÃO 2.: A obtenção do conteúdo de conversas e mensagens 
armazenadas em aparelho de telefone celular ou smartphones não se 
subordina aos ditames da Lei nº 9.296/96. O acesso ao conteúdo armazenado 
em telefone celular ou smartphone, quando determinada judicialmente a 
busca e apreensão destes aparelhos, não ofende o art. 5º, XII, da CF/88, 
considerando que o sigilo a que se refere esse dispositivo constitucional é em 
relação à interceptação telefônica ou telemática propriamente dita, ou seja, 
é da comunicação de dados, e não dos dados em si mesmos. Assim, se o juiz 
determinou a busca e apreensão de telefone celular ou smartphone do 
investigado, é lícito que as autoridades tenham acesso aos dados 
armazenados no aparelho apreendido, especialmente quando a referida 
decisão tenha expressamente autorizado o acesso a esse conteúdo. STJ. 5ª 
Turma. RHC 75.800-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 15/9/2016 (Info 590). 
 
 
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ATENÇÃO 3: Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita 
a prova, colhida de forma coercitiva pelapolícia, de conversa travada pelo 
investigado com terceira pessoa em telefone celular, por meio do recurso 
"viva-voz", que conduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito de 
entorpecentes. STJ. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 
julgado em 18/4/2017 (Info 603). 
 
ATENÇÃO 4: Não é possível a interposição de recurso por e-mail: O art. 1º da 
Lei nº 9.800/99 prevê que "é permitida às partes a utilização de sistema de 
transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática 
de atos processuais que dependam de petição escrita." É possível a 
interposição de recurso por e-mail, aplicando-se as regras da Lei nº 9.800/99? 
NÃO. A ordem jurídica não contempla a interposição de recurso via e-mail. O 
e-mail não configura meio eletrônico equiparado ao fax, para fins da 
aplicação do disposto no art. 1º da Lei nº 9.800/99, porquanto não guarda a 
mesma segurança de transmissão e registro de dados. STJ. 6ª Turma. AgRg no 
AREsp 919.403/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/09/2016. STF. 
1ª Turma. HC 121225/MG, , julgado em 14/3/2017 (Info 857). 
 
Descontaminação do julgado – O juiz que conhecer do conteúdo da prova 
declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. (art. 157, 
parágrafo 5º, do CPP. 
 
CONSEQUÊNCIAS DA PROVA ILÍCITA: As provas ilícitas devem ser 
desentranhadas e inutilizadas, conforme art. 157 da CF. Contudo, esse artigo 
deve ser analisado com temperamentos, pois a prova ilícita pode ser utilizada 
em favor do réu. Sendo assim, surgem três correntes: 
 
1ª CORRENTE: A disciplina do art. 157, obriga o desentranhamento da prova 
declarada inadmissível e impõe a sua inutilização, obrigatoriamente, 
afastando a possibilidade do juiz utilizá-la futuramente contra o réu. 
2ª CORRENTE: Essa corrente permite que o juiz decida sobre o 
desentranhamento ou não das provas ilícitas do autos e também, 
posteriormente, de sua inutilização ou não. 
3ª CORRENTE: A prova reconhecida como ilícita por decisão transitada em 
julgado deverá ser obrigatoriamente desentranhada (art. 157, caput), 
facultando-se ao juiz decidir por sua inutilização ou não (art. 157, § 3.º). Essa 
corrente parece ser a mais aceitável, pois o caput obriga o 
desentranhamento da prova ilícita, resguardando a decisão do juiz apenas 
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quanto à inutilização, sendo guarnecida em apartado para posterior 
utilização, caso seja favorável ao réu. 
 
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não 
devem ser desentranhadas do processo? NÃO! Se determinada prova é 
considerada ilícita, ela deverá ser desentranhada do processo. Por outro lado, 
as peças do processo que fazem referência a essa prova (exs: denúncia, 
pronúncia etc.) não devem ser desentranhadas e substituídas. A denúncia, a 
sentença de pronúncia e as demais peças judiciais não são "provas" do crime 
e, por essa razão, estão fora da regra que determina a exclusão das provas 
obtidas por meios ilícitos prevista art. 157 do CPP. Assim, a legislação, ao tratar 
das provas ilícitas e derivadas, não determina a exclusão de "peças 
processuais" que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC 137368/PR, Rel. 
Min. Gilmar Mendes, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
CONSEQUÊNCIAS DA PROVA ILEGÍTIMA: As conseqüências das provas 
ilegítimas se distinguem da prova ilícita, não estando relacionadas à 
possibilidade ou não de utilização em benefício ao réu ou pró-sociedade. 
Com efeito, na medida em que importam em violação de normas de direito 
eminentemente processual, tais provas geram nulidade por vício de 
procedimento. E a verificação da natureza da nulidade é que definirá as 
situações em que a prova, ainda que obtida ou produzida mediante 
afrontamento a normas legais, poderá ser usada no âmbito do processo 
penal. 
 
Assim, se a violação da norma processual importar em nulidade de caráter 
absoluto, não poderá a prova ser utilizada nem contra o réu, nem a seu favor, 
visto que nulidades absolutas são sempre insanáveis. Todavia, se a nulidade 
decorrente da prova produzida com violação à lei for de caráter relativo, será 
preciso verificar o caso concreto. 
 
TEORIAS DA PROVA ILÍCITA 
 
A) Teoria da Prova Ilícita por Derivação – Fruits of Poisonous Tree. 
Trata-se de teoria norte-americana atualmente expressa no código de 
processo penal no art. 157. Não são admissíveis as provas produzidas por meios 
ilícitos e as que dela derivarem. Cumpre destacar que a ilicitude que 
contamina a prova não necessariamente deve ser perpetrada pela 
autoridade policial, podendo ser caracterizada em caso de qualquer 
comportamento ilícito que a derive. Ex. roubo em que se encontra a 
 
 
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materialidade do crime do investigado - dono da residência - é prova ilícita 
por derivação em relação à vitima do roubo. 
 
A Narcoanálise é prova ilícita, pois é um processo de sondagem do 
inconsciente pelo qual, mediante certos entorpecentes, se consegue o 
relaxamento da censura, induzindo o paciente a revelar os fatores e episódios 
do complexo que o aflige, coisas que, em estado normal de consciência, se 
obstina em negar e esconder. 
 
EXAME. RAIOS X. TRÁFICO. ENTORPECENTES. Segundo entendimento do STJ é 
prova lícita, ressaltando que os exames de raio x não exigem qualquer agir ou 
fazer por parte dos pacientes, tampouco constituem procedimentos invasivos 
ou até mesmo degradantes que pudessem violar seus direitos fundamentais, 
acrescentando, ainda, que a postura adotada pelos policiais não apenas 
acelera a colheita da prova, como também visa à salvaguarda do bem 
jurídico vida, já que o transporte de droga de tamanha nocividade no 
organismo pode ocasionar a morte. HC 149.146-SP, 2011 
 
B) Teoria da Proporcionalidade 
A teoria da proporcionalidade deve ser vista sob duas óticas: pro reo e pro 
societate. No Brasil, a doutrina e a jurisprudência majoritárias há longo tempo 
têm considerado possível a utilização das provas ilícitas em favor do réu 
quando se tratar da única forma de absolvê-lo ou de comprovar um fato 
importante à sua defesa. Para tanto, é aplicado o princípio da 
proporcionalidade, também chamado de princípio do sopesamento, sob a 
alegação de que o bem jurídico de maior relevância é a liberdade e não seria 
possível garantir os direitos da sociedade sem preservar o direito individual de 
cada um de seus membros. 
 
Ao revés, a maioria doutrinária e jurisprudencial tende a não aceitar o 
princípio da proporcionalidade como fator capaz de justificar a utilização da 
prova ilícita em favor da sociedade, ainda que se trate do único elemento 
probatório carreado aos autos passível de conduzir à condenação do réu. 
Contudo, há doutrinadores que admitem a aplicação da proporcionalidade 
pro societate, afirmando que o processo penal é acromático e tem como 
maior objetivo a descoberta da verdade, podendo ser utilizada a prova ilícita 
também a favor do Estado, quando o interesse público exigir, pois deve 
prevalecer a segurança da sociedade - AVENA. 
 
C) Teoria das Excludentes: 
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Ocorre quando a prova ilícita produzida pela própria vítima na salvaguarda 
de direitos próprios. Neste caso, há forte posição, adotada, inclusive, no 
âmbito dos Tribunais Superiores (STF e STJ) no sentido de que poderá a prova 
ser utilizada desde que se caracterize hipótese de evidente legítima defesa ou 
estado de necessidade. Não se estaria, enfim, diante de uma prova ilícita, mas 
sim de prova lícita, visto que tanto a legítima defesa como o estado de 
necessidade caracterizam-se como excludentes de ilicitude, afastando, 
portanto, eventual ilicitude da prova obtida com violação a regras de direito 
material. 
 
D) Teoria da Boa-fé: 
Objetiva evitar o reconhecimento da ilicitude da prova caso os agentes de 
policia ou da persecução penal como um todo tenham atuado destituídos 
do dolode infringir a lei, pautados verdadeiramente em situação de erro. A 
boa-fé, como se abstrai, não pode sozinha retirar a ilicitude da prova que foi 
produzida. A ausência de dolo por parte do agente não elide a 
contaminação, posto que se exige não só a boa-fé subjetiva, mas também a 
objetiva, que é o atendimento à lei na produção do conjunto probatório. O 
Brasil não adota a teoria da boa-fé. 
TEORIAS QUE MITIGAM A DERIVAÇÃO DA PROVA 
ILÍCITA: 
 
A)Prova absolutamente independente (Independent Source): 
Está relacionada à exclusão do nexo de causalidade que justificaria a 
contaminação da prova ilicita por derivação. Trata-se da teoria que mitiga a 
exclusão da prova derivada por ausência do nexo de causalidade, ou 
seja, a prova é absolutamente independente. Ex. Confissão em juízo 
espontânea e voluntária de questão que corrobora com a prova 
anteriormente colhida em interceptação ilícita. Assim, como as fontes são 
independentes, há quebra do vinculo de derivação e, como tal, a prova – 
confissão – será considerada lícita. 
 
B) Inevitabilidade do encontro da provas (Inevitable Discovery): 
Está relacionada à exclusão da contaminação das provas ilícitas em virtude 
da alegação de que a prova seria, inevitavelmente, obtida pelos 
trâmites típicos e de praxe da investigação ou instrução. Ex. Réu é 
suspeito de matar uma criança e está sendo realizada a busca e apreensão 
do corpo na casa do suspeito. O réu, por coação da autoridade policial, 
confessa o crime e indica o local onde escondeu o corpo. Nesse sentido, os 
 
 
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policiais vão até o local e constatam o corpo. No entanto, já estava sendo 
realizada a busca e apreensão no local e certamente o corpo da criança 
seria encontrado nesta busca, descaracterizando, assim, a contaminação 
desta prova. 
 
Há doutrinadores que são contra a teoria da descoberta inevitável, alegando 
que ela viola a CF e que abre um espaço muito grande para a validade de 
provas que deveriam ser ilícitas - NICOLITT. Mas essa não é a posição da 
maioria da doutrina. 
 
Art. 157, §2º, CPP - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites 
típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao 
fato objeto da prova. 
 
Reitere-se que apesar de esse dispositivo utilizar a expressão “fonte 
independente”, o conceito aqui expresso não é o da fonte independente, e 
sim o da Teoria da Descoberta inevitável. A prova disso é que o artigo fala em 
“seria capaz de conduzir”, trabalhando no plano hipotético, assim como a 
teoria da descoberta inevitável. Na teoria da fonte independente, a prova já 
foi encontrada, não se trabalhando no plano hipotético. 
 
C) Contaminação Expurgada / Mancha Purgada / Conexão Atenuada: 
Essa teoria também surgiu no Direito norte americano, lá ganhando o nome 
de Purged Taint Doctrine, no caso Wong Sun v. U.S. (1963). Nesse caso, um 
criminoso foi preso de modo ilegal, porque a polícia ingressou no seu domicílio 
sem causa. Na mesma ocasião de violação de domicílio, foram encontradas 
provas levaram a prisão de um terceiro acusado. Se a prisão do primeiro 
acusado foi ilícita, ela envenenou, manchou, contaminou as demais prisões. 
Contudo, algumas semanas depois de ser preso, o terceiro acusado, de 
maneira voluntária, confessou à polícia o seu envolvimento no crime. 
 
Pela teoria da Limitação da Mancha Purgada não se aplica a teoria da prova 
ilícita por derivação se o 
nexo causal entre a prova primária e a secundária for atenuado em virtude 
do decurso do tempo, de 
circunstâncias supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância da 
ilegalidade ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a 
persecução penal. 
 
Sobre essa teoria, no STF e no STJ não há precedentes. Mas é importante 
mencionar essa teoria, porque, segundo alguns doutrinadores (Andrei Borges 
 14 
 
 
 
 
de Mendonça, Guilherme Madeira), a lei 11.690/08 a teria positivado no art. 
157, §1º, CPP – Teoria cobrada na prova discursiva de Delegado de GO em 2009. 
 
SERENDIPIDADE: Conexão e Encontro Fortuito de Provas 
O termo vem do inglês “serendipidy”, que significa “descobrir coisas por 
acaso”. A Teoria do Encontro Fortuito de Provas deve ser utilizada nos casos 
em que, no cumprimento de uma diligência relacionada a um delito, a 
autoridade casualmente encontra provas ou elementos informativos 
relacionados a outra infração penal, que não estava na linha de 
desdobramento normal da investigação. Ex. mandado de busca e apreensão 
minucioso e ao ingressar na residência é encontrado objeto que não se 
encontra descrito no mandado, mas que tem vínculo com o crime objeto da 
persecução penal. Segundo a doutrina, sendo conexo, é possível que o 
objeto seja considerado para fins probatórios. O que não se permite é que 
seja colhido material probatório que tenha relação com outro tipo de delito, 
que não aquele objeto da investigação. Caso não haja conexão entre os 
delitos, as informações obtidas através da interceptação podem funcionar 
como notícia criminis para o início de novas: 
 
1. Serendipidade de 1 grau: Trata-se do encontro fortuito de fatos CONEXOS 
com os inicialmente investigados; Apenas nesta modalidade é possível 
reconhecer a validade das provas obtidas. 
 
2. Serendipidade de 2 grau: Encontro fortuito de fatos NÃO CONEXOS com os 
inicialmente investigados; Aqui a prova não pode ser utilizada, devendo servir 
como notícia crime para instauração de outra investigação para apurar o 
novo crime, já que não tem relação com o anterior. 
 
MUITO IMPORTANTE: No entanto, o STF, analisando o caso abaixo, assim se 
manifestou sobre o assunto: 
O réu estava sendo investigado pela prática do crime de tráfico de drogas. 
Presentes os requisitos constitucionais e legais, o juiz autorizou a interceptação 
telefônica para apurar o tráfico. Por meio dos diálogos, descobriu-se que o 
acusado foi o autor de um homicídio. A prova obtida a respeito da prática do 
homicídio é LÍCITA, mesmo a interceptação telefônica tendo sido decretada 
para investigar outro delito que não tinha relação com o crime contra a vida. 
Na presente situação, tem-se aquilo que o Min. Alexandre de Moraes chamou 
de “crime achado”, ou seja, uma infração penal desconhecida e não 
investigada até o momento em que, apurando-se outro fato, descobriu-se 
esse novo delito. Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é considerada 
lícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação (não seja conexo) 
 
 
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com o delito que estava sendo investigado, desde que tenham sido 
respeitados os requisitos constitucionais e legais e desde que não tenha 
havido desvio de finalidade ou fraude. STF. 1ª Turma. HC 129678/SP, rel. orig. 
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 
13/6/2017 (Info 869). 
 
ATENÇÃO: É lícita a apreensão, em escritório de advocacia, de drogas e de 
arma de fogo, em tese pertencentes a advogado, na hipótese em que 
outro advogado tenha presenciado o cumprimento da diligência por 
solicitação dos policiais, ainda que o mandado de busca e apreensão 
tenha sido expedido para apreender arma de fogo supostamente 
pertencente a estagiário do escritório – e não ao advogado – e mesmo que 
no referido mandado não haja expressa indicação de representante da 
OAB local para o acompanhamento da diligência. STJ. 5ª Turma. RHC 
39.412-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 3/3/2015 (Info 557). 
 
FONTES DO PROCESSO PENAL: 
 
Agora, passaremos a estudar as fontes do Direito processual penal... 
 
Conceito: Trata-se da forma pela qual o direito se exterioriza. Essas fontes 
podem ser formais e materiais. 
 
FONTE MATERIAL: são aquelas que criam o direito. Tal papel fica a cargo do 
Estado. Por se tratar de normas de direito processual penal, a competência é 
privativa da União, nos termosdo art. 22, I, da Constituição Federal. Registre-
se, entretanto, que a União, os Estados e o Distrito Federal têm competência 
concorrente para legislar sobre a criação, o funcionamento e o processo dos 
juizados de pequenas causas (art. 24, X, CF/88); o direito penitenciário (art. 24, 
I, CF/88) e sobre procedimentos em matéria processual (art. 24, XI, CF/88). 
 
FONTE FORMAL: são aquelas responsáveis pela exteriorização do direito. Elas 
se subdividem em: 
 
A) Fonte Formal Imediata ou Direta: são as leis no sentido amplo: 
Constituição Federal (art. 5, X, XI, XII, LV, LVI, LXI), Leis infraconstitucionais 
(CPP, Lei. 11.343/06, 11.340/06), Tratados, convenções e regras de direito 
internacional (art. 5, §§ 2º e 3º da CF): 
 
B) Forte Formal Mediata ou Indireta: 
 16 
 
 
 
 
1-Doutrina (opinião dos estudiosos do Direito); 
2- Princípios Gerais do Direito, postulados éticos que inspiram a formação 
de normas e aplicação da legislação ao caso concreto, sem expressa 
previsão legal (Ex: direito não socorre os que dormem); 
3-Direito comparado: normas jurídicas existentes em outros Estados. (ex 
teoria da tinta diluída ou mancha purgada EUA) 
4- Costumes: regras de conduta reiterada, praxe forense. (Ex: art. 793 do 
CPP, não exigir que a parte na audiência só se dirija ao magistrado se estiver 
de pé). 
5- Analogia: É forma de autointegração da lei (art. 3 CPP e 4º LINDB). “udi 
eadem ratio, udi idem ius”. Onde existe a mesma razão deve ser aplicado o 
mesmo direito. Ocorre a lacuna da lei, com a consequente aplicação de 
outra norma positivada que rege caso semelhante. Diferente do CP, que não 
admite analogia in malam partem, no CPP pode ser aplicada de forma 
ampla. 
 
Sobre as Súmulas Vinculantes editadas pelo STF, há divergência na doutrina 
sobre serem fontes mediatas ou imediatas: 
1. CORRENTE MAJORITÁRIA: Defende que a súmula vinculante não possui 
força de lei, motivo pelo qual seria ela uma fonte formal mediata (ou 
indireta) do direito processual penal. 
2. CORRENTE MINORITÁRIA: Defende que a SV vincula os demais órgãos do 
poder judiciário e a administração direta e indireta. Neste caso, seria 
considerada fonte formal imediata. 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS: 
Caros concurseiros, no exato instante em que há a prática concreta do delito, 
surge para o Estado o direito de punir (jus puniendi). Este, entretanto, não pode 
impor imediata e arbitrariamente uma pena, sem conferir ao acusado as 
devidas oportunidades de defesa. Ao contrário, é necessário que os órgãos 
estatais incumbidos da persecução penal obtenham provas da prática do 
crime e de sua autoria e que as demonstrem perante o Poder Judiciário, que, 
só ao final, poderá declarar o réu culpado e condená--lo a determinada 
espécie de pena. 
 
E, sobre a relação jurídica que se consubstancia no deslinde do processo, há 
regras. Essas regras, contudo, variam de sistema para sistema. 
 
Existem três espécies de sistemas processuais penais: a) o inquisitivo; b) o 
acusatório; c) o misto. Sobre o tema, aproveitamos a Lição do ilustre Norberto 
 
 
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Avena, e disponibilizamos um importante quadro sinóptico que lhe auxiliará a 
entender a distinção entre os sistemas: 
 
Característica Acusatório Inquisitivo Misto 
Divisão de 
Função 
Distinção absoluta 
entre as funções de 
acusar, defender e 
julgar (devem ser feitos 
por pessoas distintas). 
Ninguém pode ir a juízo 
se não houver 
acusação. 
 
O Juiz pode acusar, 
defender e julgar 
(concentração de 
poder). 
 
Há distinção entre 
a função das 
partes, porém o juiz 
pode substituí-las, 
ora pratica atos de 
acusação e oras 
de defesa. 
Garantia de 
Defesa 
O acusado tem direito 
ao contraditório e 
ampla defesa; 
 
O réu não tem 
garantias de ampla 
defesa e 
contraditório. 
Existe contraditório 
e ampla defesa, 
com intensidade 
diversificada. 
Isonomia 
processual 
As partes possuem 
equilíbrio processual; 
Não há paridade 
de armas, 
prepondera o 
interesse da 
acusação. 
 
Equilíbrio 
processual 
relativizado em 
relação à 
acusação/ defesa 
Publicidade 
do processo 
Atos processuais são 
públicos, o segredo de 
justiça é exceção e 
deve obedecer a lei; 
 
Atos processuais em 
regra sigilosos, não 
precisa da 
fundamentação do 
juiz. 
Públicos em regra, 
podem ser 
submetidos ao 
sigilo, por ato 
motivado do juiz, 
mesmo sem 
previsão na lei. 
Manifestação 
das partes 
Defesa se manifesta 
após a acusação. 
 
A defesa não se 
manifesta, 
necessariamente, 
em relação as 
provas da 
acusação. 
 
Defesa se 
manifesta após 
acusação, 
contrapões-se a 
argumentos e 
elementos da 
acusação 
Produção 
das provas 
Cabe à acusação e a 
defesa a produção das 
provas que alegam, o 
juiz pode buscar provas 
de forma 
complementar; 
 
O juiz tem ampla 
liberdade para 
produzir provas. 
 
Cabe à acusação 
e a defesa a 
produção das 
provas que 
alegam. O juiz 
possui a mesma 
liberdade 
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Prisão e 
liberdade 
provisória 
Presume-se a inocência 
do réu, a prisão é 
exceção. 
 
Presume-se a culpa 
do réu, a liberdade 
provisória é 
exceção. 
 
Não se presume 
culpa nem 
inocência. 
 
IMPORTANTE: O novel pacote anticrime trouxe a previsão expressa (art. 3º-A, 
CPP) de que o processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa 
do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do 
órgão de acusação. 
 
O que define, essencialmente, o sistema processual é a divisão expressa e 
clara das funções exercidas pelos atores processuais, ou seja, a limitação das 
funções de julgar, acusar e defender, incluindo a análise da gestão da prova 
pelo juiz. Apesar da divisão expressa de tarefas, o Código de Processo Penal 
permite ao juiz, em alguns momentos e sob determinadas condições 
específicas, a iniciativa probatória de ofício, conforme se observa no art. 156, 
incisos I e II, nos casos produção antecipada de provas e determinação de 
diligências para dirimir dúvidas cruciais sobre ponto relevante para o deslinde 
da causa e também na inquirição das testemunhas, quando realiza perguntas 
após as partes nos termos do art. 212, parágrafo único, o que, a nosso ver, não 
afeta a estrutura acusatória, apesar de haver críticas doutrinárias nesse 
sentido. 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL: 
O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando 
determinado modo, chega a um resultado. São três as formas de 
interpretação da lei penal: quanto ao sujeito que a interpreta; quanto ao 
modo de interpretação; e quanto ao resultado. Vejamos: 
 
I) Interpretação quanto ao SUJEITO (ORIGEM): 
a) Interpretação autêntica ou legislativa → é a interpretação dada pela 
própria lei. É a lei interpretando-se a si mesma. 
b) Interpretação doutrinária ou científica → é a interpretação feita pelos 
estudiosos. Ex. Livro de doutrina. 
c) interpretação jurisprudencial → é a interpretação fruto das decisões 
reiteradas dos tribunais. Hoje, essa interpretação pode ter caráter vinculante. 
Ex. Súmula Vinculante. 
 
CUIDADO: A exposição de motivos do Código Penal não é lei. Ela é um 
esclarecimento dos doutores que trabalharam na elaboração do Código. É uma 
 
 
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interpretação doutrinária ou científica. Mas, cuidado! A a exposição de motivos do 
CPP é realizada por lei e, como tal, classificada como autêntica. 
 
II) Interpretação quanto ao MODO (FORMA): 
a) Interpretação gramatical ou filológica–leva em conta o sentido literal das palavras; 
b) Interpretação teleológica–indaga-se a vontade/intenção objetivada na lei(Para 
o STF, nessa interpretação, abrange os acessórios); 
c) Interpretação histórica–procura-se a origem da lei; 
d) Interpretação sistemática–a lei é interpretada com o conjunto da legislação, 
inclusive com os princípios geraisde direito. 
e) Interpretação progressiva(também chamada de adaptativa ou evolutiva) – 
interpretar de acordo com a realidade e o avanço da ciência em geral(ex. Ciência 
médica, ciência informática). 
 
III) Quanto ao RESULTADO 
a) Interpretação declarativa ou declaratória → a letra da lei corresponde a 
exatamente aquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada adicionando. 
b) Interpretação restritiva → reduz o alcance das palavras para que corresponda à 
vontade do texto. 
c) Interpretação extensiva → amplia-se o alcance das palavras da lei para que 
corresponda à vontade do texto. 
 
INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA NORMA 
PROCESSUAL PENAL 
 
O artigo 3º do CPP estabelece que a lei processual admite interpretação 
extensiva e analógica. 
 
Na interpretação analógica ou intra legem, a norma, após uma enumeração 
casuística, traz uma formulação genérica que deve ser interpretada de 
acordo com os casos anteriormente elencados. A norma regula o caso de 
modo expresso, embora genericamente. Ex.: o art. 80 do CPP. 
 
Já na interpretação extensiva, o intérprete conclui que o legislador adotou 
redação cujo alcance fica aquém de sua real intenção e, por isso, a 
interpretação será no sentido de que a regra seja também aplicada a outras 
situações que guardem semelhança. Ex.: o art. 260 do CPP 
 
Quanto à integração da lei, utiliza-se a analogia, que é instrumentalizada para 
suprir suas lacunas em casos de omissão. 
 
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Como se vê, a interpretação analógica não se confunde com analogia. 
Ademais, interpretação analógica e extensiva, como o próprio nome traduz, 
são meios de interpretação da norma; enquanto a analogia é um meio de 
integração. 
 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO 
TEMPO: 
 
A Lei processual penal aplica-se imediatamente, adotando o Princípio do 
Tempus Regit Actum (aplicação imediata), ou seja, a partir do período de 
vacatio legis adota-se imediatamente a nova norma aos atos processuais 
futuros, no que tange aos processos em curso, sem prejuízo dos atos anteriores 
realizados sob a égide da antiga lei. 
 
Existem três sistemas na doutrina: 
1º Sistema da Unidade Processual: A lei que começou no processo termina 
este processo. 
2º Sistema das Fases Processuais: A lei acompanha o processo até o final de 
sua fase (postulatória, instrutória, decisória). 
3º Sistema do isolamento dos atos processuais: a lei nova não atinge os atos 
processuais praticados sob a vigência da lei anterior, porém será aplicável aos 
atos processuais que ainda não foram praticados, pouco importando a fase 
em que o feito se encontrar. Adotado por nosso ordenamento jurídico: Tempus 
Regit Actum. STJ HC 123.492. 
 
O que é uma norma PROCESSUAL PENAL MISTA? É aquela prevista em diploma 
processual penal, porém de conteúdo misto, ou seja, de cunho de direito 
material e processual. Segundo corrente majoritária, quando diante de LEI 
PROCESSUAL MISTA, não devemos adotar o Princípio Tempus Regit Actum, mas 
sim a extratividade da norma penal, aplicando-se a retroação, se diante de 
norma mais benigna ao réu. (EXEMPLOS: Art. 366, CPP, art. 89 da L.9099/95 e art. 225 
do CP) Há, contudo, quem diga, a exemplo do Nicolitt e Nestor Távora, que 
esta norma mista deve ser fragmentada, aplicando-se o conteúdo processual 
dali pra frente e a norma material, se benéfica, para trás. 
 
O que é uma norma PROCESSUAL PENAL HETEROTÓPICA? Existem 
determinadas regras que, apesar de inseridas em diplomas processuais penais 
(v.g., o Código de Processo Penal), possuem um conteúdo material, 
retroagindo para beneficiar o réu. Outras, ao revés, incorporadas a leis 
materiais (v.g., a Constituição Federal), apresentam um conteúdo processual, 
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regendo-se pelo critério tempus regit actum. Ex. art. 186 do CPP (natureza 
material) e art. 109 da CF (natureza processual). Diante de lei processual 
heterotópica, a solução é observar a natureza do dispositivo para definir a 
regra aplicável. 
 
DIFERENÇA ENTRE NORMA PROCESSUAL MISTA E HETEROTÓPICA: Não há como 
se confundirem as hipóteses de heterotopia com as situações em que a norma 
possui conteúdo misto ou híbrido. Nas primeiras, a norma possui uma 
determinada natureza (material ou processual), em que pese se encontre 
incorporada a diploma de caráter distinto. Já a norma mista possui dupla 
natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em 
outra. 
 
- EXCEÇÃO DOUTRINÁRIA ACEITA PELA MINORIA: Em regra, a norma processual 
não retroage, mesmo que mais benéfica ao réu. Contudo, se a norma 
processual estiver relacionada a direitos e garantias individuais –prisão e 
liberdade-, ela seguirá as regras de retroatividade do Direito Penal, ainda que 
seja processual. (Alberto Binder (ARG) – Giovani Conso (ITA) – Guilherme 
Madeira – Aury Lopes Jr. – Norberto Avena). Ex.: Tício comete o furto hoje e 
amanhã vem nova lei que admite Prisão Temporária no Furto. Pelo sistema do 
CPP poderia ser aplicada a temporária no caso, porém pela doutrina 
representada por Aury Lopes Jr, não seria possível a prisão temporária do 
indivíduo nesse caso, pois estamos diante de norma de garantia. 
 
LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO: 
Em linhas gerais, deve-se afirmar que o processo penal obedece ao PRINCÍPIO 
DA ABSOLUTA TERRITORIALIDADE, ou seja, o processo deve ser regulado pelas 
normas do lugar onde se desenvolve, ou seja, normas brasileiras. Não se 
admite a intraterritorialidade. Ademais, não têm nossas leis processuais penais 
extraterritorialidade, para regrar os atos praticados fora do território nacional. 
 
INQUÉRITO POLICIAL 
Nesse momento, iniciaremos o estudo do pilar básico do estudo para o nosso 
concurso-meta. Certamente você já deve possuir uma base sobre o tema. 
Aqui trabalharemos o que realmente cai! 
 
Conceito: Trata-se de procedimento administrativo inquisitório e preparatório, 
presidido pela autoridade policial, que consiste em um conjunto de diligências 
realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de 
prova e a colheita de elementos de informação quanto à autoria e 
kenna
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materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação 
penal possa ingressar em juízo. Precisamos, no entanto, nos atentar que sua 
função é esclarecer os fatos delituosos relatados na notícia de crime, 
fornecendo subsídios para o prosseguimento ou o arquivamento da 
persecução penal. 
 
Nesse sentido, podemos afirmar que o inquérito policial é bidirecional, 
atuando com as funções de: 
 
a) preservação: a existência prévia de um inquérito policial inibe a 
instauração de um processo penal infundado, temerário, resguardando a 
liberdade do inocente e evitando custos desnecessários para o Estado; 
 
b) preparação: fornece elementos de informação para que o titular da 
ação penal ingresse em juízo, além de acautelar meios de prova que 
poderiam desaparecer com o decurso do tempo. 
 
Como podemos verificar, o inquérito é bidirecional, visto que o 
procedimento policial é destinado a esclarecer a verdade acerca dos fatos 
delituosos relatados na notícia de crime, fornecendo subsídios para o 
ajuizamento da ação penal ou o arquivamento da persecução penal. Logo, 
o inquérito policial não é unidirecional, mas sim bidirecional. Sua missão não 
se resume a angariar substrato probatório mínimo para a acusação, mas 
também visa fornecer elementos para o arquivamento, apresentando-se 
como um procedimento bidirecional. 
 
Nas palavras do ilustre Delegado Henrique Hoffmann: “não há entre a 
investigação policial e a acusação ministerial relação de meio e fim, mas de 
progressividade funcional. A polícia judiciária, por ser órgão imparcial (e não 
parte acusadora, como o Ministério Público), não tem compromisso com a 
acusação ou tampouco com a defesa. Além da função preparatória, deamparar eventual denúncia com elementos que constituam justa causa, 
existe a função preservadora, de garantia de direitos fundamentais não 
somente de vítimas e testemunhas, mas do próprio investigado, evitando 
acusações temerárias ao possibilitar o arquivamento de imputações 
infundadas. Assim, além de a função preparatória não ser a única, ela sequer 
é a mais importante.” 
 
 
 
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Natureza Jurídica: Segundo entendimento majoritário, trata-se de 
procedimento administrativo voltado para a apuração do fato criminoso e de 
sua autoria. Essa é a posição que deve ser adotada em prova objetiva. 
 
Qual a relevância dessa natureza jurídica? Eventuais vícios constantes do 
inquérito, não afetam a ação penal a que deu origem. Portanto, do IP não 
resulta a imposição de sanções. Veja que a Lei 12.830/2013, que trata sobre 
a investigação feita pelo delegado, não alterou a natureza jurídica do IP. 
 
Posições minoritárias: Há quem diga, por seu turno, que o inquérito policial é 
processo, não procedimento. Há também quem diga que não é processo 
nem procedimento. Somente mencionar as minoritárias em prova subjetiva. 
 
- QUEM É CONSIDERADO “AUTORIDADE POLICIAL”? HÁ DIVERGÊNCIA: 
1) Para uma primeira posição, autoridade policial é o Delegado de Polícia 
(Civil ou Federal). 
 
2) Em um segundo entendimento, autoridade policial não seria 
necessariamente o Delegado de Polícia, mas sim o agente público estatal 
designado para exercer as funções de autoridade policial, podendo ser um 
policial civil ou militar, por exemplo. É a tese defendida por alguns para que os 
policiais militares possam lavrar termo circunstanciado de ocorrência no caso 
de infrações de menor potencial ofensivo (art. 69 da Lei n.° 9.099/95). Feita a 
ressalva quanto à existência desta discussão, deve-se deixar claro que a 
posição amplamente majoritária é no sentido de que a autoridade policial é, 
realmente, apenas o Delegado de Polícia, sendo importante que assim o seja, 
pois as atividades por ele desempenhadas exigem conhecimentos jurídicos e 
responsabilidade proporcional a este cargo. 
 
FINALIDADE: A finalidade do IP é a colheita de elementos de informação 
quanto à autoria e materialidade do delito. Então, o IP não busca a colheita 
de provas, mas sim de elementos de informação. “Elementos de informação” 
é uma expressão que o CPP passou a usar recentemente. Por exemplo, pelo 
artigo 155, do CPP, verifica-se que a denominação “prova” é só aquilo 
produzido em contraditório judicial. Contudo, vale frisar que existem 
determinadas hipóteses em que a lei ou a jurisprudência estabelecem 
ressalvas, a exemplo: 
 
a) Provas periciais: provas de caráter técnico realizadas no decorrer da 
investigação policial (ex: perícias destinadas à comprovação do vestígio 
 24 
 
 
 
 
deixado pela infração penal). Nesses casos, tem-se o contraditório postergado 
ou diferido, pois será apenas em momento posterior, por ocasião da fase 
judicial, que se garantirá ao acusado o direito de manifestação. 
 
b) Provas cautelares, não sujeitas à repetição e produzidas 
antecipadamente: ex: interceptações telefônicas realizadas no curso do 
inquérito policial. Nesse caso, também haverá o contraditório ulterior 
(postergado ou diferido), facultando-se a ele, por ocasião do processo, o 
direito de impugnar a prova realizada sem a sua participação. 
 
ATRIBUIÇÕES: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a 
autoridade policial deverá: 
 I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
 II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados 
pelos peritos criminais; 
 III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e 
suas circunstâncias; 
 IV - ouvir o ofendido; 
 V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, devendo o 
respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a 
leitura; 
 VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
 VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito 
e a quaisquer outras perícias; 
 VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se 
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; 
 IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista 
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de 
ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos 
que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
 X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e 
se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual 
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. 
 
QUAL DELEGACIA CABE A INVESTIGAÇÃO DE DETERMINADO FATO DELITUOSO? 
Segundo Renato Brasileiro, a determinação da delegacia com atribuição 
para investigação do fato segue os mesmos moldes do CPP, ou seja, devendo 
 
 
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ser observado o local de consumação do delito. De todo modo, ainda que as 
investigações tenham sido realizadas por autoridade que não detinha 
atribuição para fazê-la, quer nos casos de um crime federal investigado pela 
Polícia Civil, como o IP é considerado mera peça informativa, a mera 
irregularidade não tem o condão de contaminar o processo. 
 
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: 
1) INQUISITORIALIDADE; 
2) OFICIOSIDADE (INCIATIVA EX OFFICIO); 
3) INDISPONIBILIDADE 
4) OFICIALIDADE: 
5) ESCRITO: 
6) DISCRICIONARIEDADE: 
7) DISPENSABILIDADE: 
8) SIGILOSO: 
 
Trabalharemos característica por característica ao longo de nosso estudo. 
 
O inquérito policial é presidido pela autoridade policial. O delegado de policia 
é um agente administrativo do Estado e, como tal, pratica atos administrativos 
sob a égide dos princípios da impessoalidade, discricionariedade, 
moralidade, legalidade e eficiência. Nesse sentido, não se pode alegar a 
suspeição e impedimento face ao DELEGADO, em virtude da característica da 
impessoalidade na condução do inquérito policial. Contudo, se enquadrados 
nas hipóteses de suspeição, os Delegados devem, espontaneamente, 
declarar-se suspeitos ou impedidos – art. 107. 
 
No inquérito não temos a descrição de atos pré-ordenados para serem 
seguidos pelo Delegado, tratando-se, assim, o inquérito, não de um processo, 
mas sim de um PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DISCRICIONÁRIO. O inquérito 
não é formal. 
 
Em sede de inquérito, não há contraditório. Doutrina majoritária afirma que o 
Inquérito Policial tem força probatória relativa, pois os elementos de 
informação produzidos não foram submetidos ao contraditório e ampla 
defesa. Numa prova objetiva dever-se-á marcar como verdadeira a 
alternativa de que no inquérito não há contraditório e ampla defesa. No 
entanto, é importante saber que a partir da Lei 13.245/2016, há quem defenda 
que o IP deixou de ser inquisitorial, pois ao prever que é direito do advogado assistir a 
seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade 
absoluta, está garantindo o contraditório e a ampla defesa (porém ainda é 
minoritário). 
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 Dizem que esse direito de defesa pode se dar de forma exógena e 
endógena: 
 
1. Exercício exógeno da ampla defesa → É aquele efetivado fora dos autos 
do IP, por meio de algum remédio constitucional ou mediante requerimentos 
endereçados ao juiz ou ao MP. Ex. HC, MS, etc. 
2. Exercício endógeno da ampla defesa → E aquele praticado nos autos do 
IP, por meio da oitiva do investigado ou de diligências solicitadas à autoridade 
policial. 
 
A Lei nº 13.245/16, ao afirmar que o advogado tem o direito de assistir a seusclientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de 
nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, 
subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele 
decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no 
curso da respectiva apuração apresentar razões e quesitos, trouxe o 
contraditório e ampla defesa para o inquérito policial? Doutores, apesar de 
ser um tema extremamente recente e não podermos dimensionar ainda o 
que é majoritário, os senhores devem defender que a nova lei NÃO trouxe o 
contraditório e ampla defesa para o IP, pois em nenhum momento afirmou 
ser obrigatória a presença do advogado, tão somente trouxe um novo 
direito, uma nova prerrogativa de que, se constituído, o advogado poderá 
presenciar o interrogatório ou depoimento. O que não é admitido é realizar 
a oitiva do suposto autor do delito na ausência daquele que possui 
advogado e não negou o interesse em participar do depoimento ou 
interrogatório, o que geraria nulidade do feito. 
 
(...) É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de 
que o inquérito policial é procedimento inquisitivo e não sujeito ao 
contraditório, razão pela qual a realização de interrogatório sem a presença 
de advogado não é causa de nulidade. (...) 
STJ. 6ª Turma. HC 139.412/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado 
em 09/02/2010. 
 
APÓS ESSAS CONSIDERAÇÕES, IMPORTANTE SALIENTAR QUE: 
1. O novo dispositivo legal não trouxe a obrigatoriedade da presença do 
advogado em sede de investigação criminal. 
2. Se o investigado estiver desacompanhado de advogado ou defesor 
público, não é obrigatório ao Delegado designar um defensor dativo. A 
presença da defesa técnica no interrogatório e nos demais atos da 
investigação criminal continua sendo facultativa. Trata-se de um direito do 
investigado, mas, ao contrário do interrogatório judicial, este pode optar por 
não estar acompanhado de um advogado no ato, sem que isso acarrete 
nulidade. O que mudou é que agora a legislação é expressa ao reconhecer 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2013.245-2016?OpenDocument
 
 
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o direito do advogado de, se quiser, participar do ato, não podendo haver 
embaraço da autoridade que conduz a investigação. 
3. O advogado deve apresentar procuração para participar da 
investigação, postulando, conforme o art. 5 do EOAB. 
4. O advogado poderá fazer perguntas ao investigado e demais pessoas 
envolvidas nos depoimentos e requerer diligências. No entanto, o Delegado 
poderá indeferir determinadas perguntas e diligências. Desta forma, à 
semelhança do que ocorre no processo penal, o Delegado ou a autoridade 
que conduz a investigação (ex: Promotor de Justiça) também poderão 
indeferir perguntas do advogado nas seguintes hipóteses extraídas, por 
analogia, do art. 212 do CPP: 
• quando a pergunta formulada puder induzir a resposta (“perguntas 
sugestivas”); 
• quando o questionamento não tiver relação com a causa; ou 
• quando a perguntar importar na repetição de outra já respondida. 
Como sabemos, o inquérito policial possui como característica o fato de ser 
um procedimento discricionário, ou seja, o Delegado de Polícia tem 
liberdade de atuação para definir qual é a melhor estratégia para a 
apuração do delito. Justamente por conta disso, a legislação previu que a 
autoridade policial pode indeferir diligências requeridas pelo indiciado ou 
pela vítima (art. 14 do CPP). 
 
Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) 
ANTES AGORA 
 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XIV - examinar em qualquer repartição 
policial, mesmo sem procuração, autos 
de flagrante e de inquérito, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos; 
 
Art. 7º São direitos do advogado: 
(...) 
XIV - examinar, em qualquer instituição 
responsável por conduzir investigação, 
mesmo sem procuração, autos de 
flagrante e de investigações de 
qualquer natureza, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e 
tomar apontamentos, em meio físico 
ou digital; 
 
O inquérito é uma modalidade de peça de informação e tem a finalidade de 
subsidiar o mínimo probatório (justa causa) para oferecimento da denúncia 
por parte do MP. Nesse sentido, pode-se afirmar que o inquérito é dispensável, 
podendo o MP adotar outras peças de informação. Quando o MP dispensar 
o IP, o prazo para oferecimento da denúncia conta-se a partir do momento 
em que tiver recebido as peças de informação. (art. 46) 
 
 
 28 
 
 
 
 
Ao verticalizarmos o estudo do tema, aprofundando o nosso estudo, temos 
que segundo a doutrina pró-Delegado de Polícia, denominada como 
doutrina moderna, que afirma que o inquérito policial é INDISPENSÁVEL. 
Cuidado, essa posição somente deve ser citada em prova objetiva se 
claramente o comando das questões solicitar uma crítica ao conceito 
tradicional ou em provas subjetivas, oportunidade em que o candidato terá 
espaço para expor ambos os entendimentos, tanto pela dispensabilidade 
(majoritário), quanto pela indispensabilidade (minoritário). Como 
mencionado, majoritariamente, a doutrina entende que o inquérito policial é 
dispensável, porém, o entendimento pró-Delegado/Polícia, manifesta-se no 
sentido de sua Indispensabilidade, visto que o inquérito se afigura como uma 
verdadeira garantia de direitos fundamentais do cidadão em não se ver 
processado por fato que não cometeu. Nas palavras do ilustre Delegado 
Henrique Hoffmann: “muito embora seja possível o oferecimento de denúncia 
desacompanhada de inquérito, a esmagadora maioria dos processos penais 
é antecedida da investigação policial. Afinal, trata-se de garantia do 
cidadão, no sentido de que não será processado temerariamente. A própria 
Exposição de Motivos do CPP destaca que o inquérito policial traduz uma 
salvaguarda contra apressados e errôneos juízos, formados antes que seja 
possível uma precisa visão de conjunto dos fatos, nas suas circunstâncias 
objetivas e subjetivas. A instrução preliminar é a ponte que liga a notitia criminis 
ao processo penal, retratando a transição do juízo de possibilidade para 
probabilidade pela via mais segura. E, justamente por esse motivo, mesmo 
quando o Ministério Público já dispõe dos elementos mínimos para propor a 
ação penal sem o inquérito policial, na maior parte das vezes prefere requisitar 
a sua instauração, não abrindo mão desse filtro processual. De mais a mais, 
não se deve perder de vista que, nos crimes de ação penal pública 
incondicionada (que são a maioria), a regra é a obrigatoriedade de 
instauração do inquérito policial, e esse procedimento deve acompanhar a 
peça acusatória sempre que servir de suporte à acusação. Compreendido? 
 
Como o inquérito é peça informativa, eventuais vícios nele constantes não 
têm o condão de contaminar o processo penal a que der origem. 
Logicamente, se a prova no inquérito tiver sido colhida sob violação das 
normas de direito material, há de ser reconhecida a sua nulidade durante a 
fase processual, com o seu consequente desentranhamento dos autos, além 
das que foram derivadas dessas provas ilícitas. Isso, todavia, não significa dizer 
que todo inquérito será considerado nulo, pois é possível que existam 
elementos informativos colhidos no IP que não estejam contaminados. 
 
 
 
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Como se vê, estes vícios são na realidade questões de mérito com 
repercussão na procedência ou improcedência do pedido, ou seja, o 
processo em si não será nulo, ao contrário, em muitos casos será encerrado 
inclusive com resolução do mérito, absolvendo o réu. 
 
Vale ressaltar que o inquérito policial não pode ser o único elemento na 
formação de convicção do JUIZ para fins condenatórios. No entanto, as 
provasnão-repetíveis poderão ser elementos formadores de convicção do 
magistrado, o que chamamos de prova diferida. 
 
Diferença entre atos de prova e atos de investigação: 
Somente os atos de prova permitem o juízo de certeza, pois são aqueles atos 
produzidos em fase processual, sob o crivo do contraditório e ampla defesa. 
Os atos de investigação (colhidos em fase pré-processual), como defendido 
por Aury Lopes Jr. e André Nicolitt, não são suficientes para lastrear uma 
condenação, pois são meros indícios colhidos pela autoridade policial. 
 
MUITA ATENÇÃO: O Código de Processo Penal FAZ DISTINÇÃO entre provas 
e elementos informativos. 
 
VEJA: Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova 
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão 
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, 
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
Finalidade dos elementos de informação: 
Há duas finalidades precípuas dos elementos de informação, são elas: 
a) Decretação de medidas cautelares: As medidas cautelares só podem ser 
decretadas com o mínimo de elementos de informação, a fim de que o juiz 
possa fundamentar suas decisões. 
b) Auxiliar na formação da opinio delicti : Significa formar a convicção do 
titular da ação penal. 
 
AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA COMO INVESTIGADOS: Nos casos em que 
servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Constituição 
Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos 
policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a 
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no 
exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações 
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. 
 
Nesses casos, o investigado deverá ser citado da instauração do 
procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art23
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art23
 30 
 
 
 
 
(quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação. Esgotado o 
referido prazo com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a 
autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que 
estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que 
essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a 
representação do investigado. 
 
 IMPORTANTE: As disposições constantes acima se aplicam aos servidores 
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição 
Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a 
Garantia da Lei e da Ordem.” 
 
O pacote anticrime promoveu a necessidade de assistência jurídica aos 
agentes de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição, já 
incluindo a polícia penal, no âmbito da investigação preliminar (inquérito 
policial, inquérito policial militar e demais procedimentos extrajudiciais). 
preciso atentar que o dispositivo se refere exclusivamente à fase preliminar. 
Outro ponto importante é a delimitação do objeto da investigação 
extrajudicial (fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício 
profissional – consumados ou tentados), incluindo as hipóteses de excludentes 
de ilicitude prevista no art. 23 do Código Penal. 
 
Como sabemos, a presença de defensor durante a fase de investigação 
preliminar é um direito do investigado, mas não uma obrigação a ser 
garantida. No entanto, no caso de agentes de segurança pública (art. 144, 
CF) atuando nas circunstâncias expressamente previstas no art. 14-A, a 
participação do defensor no acompanhamento da investigação é 
obrigatória, já que o agente de segurança pública será citado da instauração 
do procedimento, podendo indicar, em 48 horas, a contar do recebimento 
da citação, um defensor. Em caso de inércia do investigado, a autoridade 
intimará a instituição a qual o mesmo está vinculado para que, no prazo de 
48 horas, indique um defensor para representação do investigado. 
 
Destaque-se que a inobservância da nomeação do defensor poderá gerar a 
imprestabilidade dos atos praticados durante a investigação preliminar tendo 
consequências sérias e diretas na decisão de recebimento da denúncia 
tomada pelo juiz de garantias. 
 
Continuando o estudo acerca das características do inquérito policial... 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
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O inquérito policial é procedimento INQUISITIVO, haja vista que não obedece 
aos princípios da ampla defesa e do contraditório. Em face disso, eventual 
sentença condenatória NÃO poderá se basear EXCLUSIVAMENTE em 
elementos de informação colhidos durante a fase investigatória, 
RESSALVADAS as provas cautelares, não repetíveis e as antecipadas. 
 
Mas, ATENÇÃO: Apesar da redação legal impedir o juiz de DECIDIR com base, 
exclusivamente, em elementos colhidos na fase investigativa para 
condenação, jurisprudência e doutrina majoritárias entendem que tal 
vedação NÃO se aplica à sentença ABSOLUTÓRIA. 
 
O inquérito é indisponível ao Delegado, ou seja, ele NÃO pode mandar 
arquivar os autos de inquérito. Art. 17 CPP. Mas é dispensável ao MP, visto que 
ele pode arquivá-lo ou ainda oferecer a denúncia com base em outras peças 
de informação, dispensando-o. 
 
O inquérito é escrito, devendo o delegado rubricar cada folha. Dessa 
afirmativa, nasce a seguinte pergunta: é possível gravar as investigações/ atos 
do inquérito, tendo em vista que o art.9º fala somente em “peça escrita”? 
Segundo a doutrina, o art. 405 §1º, CPP, que se destina ao processo, pode ser 
aplicado analogicamente ao inquérito, de modo a ser possível sim que se 
grave peças do inquérito. Porém, ATENÇÃO! Não há IP oral! Essa questão caiu 
no concurso de Delegado de Polícia do Estado de Santa Catarina/2014. 
 
Sobre o caráter sigiloso do inquérito (SV 14 do STF): É direito do defensor, no 
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova já 
documentados em procedimento investigatório realizado quanto aos assuntos 
que digam respeito ao exercício do direito de defesa (Sigilo Interno). Nesse 
sentido, o art. 7ª do Estatuto da OAB garante ao advogado o acesso ao 
inquérito, mesmo sem a procuração, desde que seja no interesse do 
investigado. Ademais, o sigilo do inquérito visa proteger o indiciado da 
sociedade, a fim de não ter a sua vida exposta, sob o fundamento da 
presunção de inocência (Sigilo Externo). O sigilo do inquérito não é absoluto, 
ou seja, não alcança o advogado, visando proteger o próprio acusado, salvo 
quando houver medida cautelar em curso apensada ao inquérito policial 
(interceptação telefônica, infiltração de policial em organização criminosa). 
 
ATENÇÃO: Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça 
será possível que o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual 
relatório de inteligência financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que 
se negue o acesso a peças que digam respeito a dados de terceiros 
 32 
 
 
 
 
protegidos pelo segredo de justiça. Essa restrição parcial não viola a súmula 
vinculante 14. Isso porque é excessivo o acesso de um dos investigados a 
informações, de caráter privado de diversas pessoas, que não dizem respeito 
ao direito de defesa dele. STF. 1ª Turma. Rcl 25872 AgR-AgR/SP, Rel. Min. Rosa 
Weber, julgado em 17/12/2019 (Info 964). 
 
Nesse sentido, destaque-se que, mesmosem procuração, o advogado tem 
acesso aos autos do IP. Contudo, se no IP houver quebra de sigilo de dados, 
somente terá acesso o advogado com procuração nos autos a fim de 
proteger a intimidade do acusado. E se, ainda assim, for negado à defesa, 
pelo delegado, o acesso ao procedimento policial? Faculta-se ao 
prejudicado deduzir reclamação diretamente ao STF (art. 103-A, §3º, CF). 
Contudo, independentemente dessa previsão, é possível ao interessado valer-
se do mandado de segurança a ser impetrado perante o juiz para efetivação 
desse direito aos autos de inquérito e HC, se presente prejuízo à liberdade de 
locomoção do suspeito no caso concreto. Isso porque, o art. 7º, da Lei 
11.417/06, que regulamenta a súmula vinculante, dispõe que da decisão 
judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula 
vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá 
reclamação ao STF, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de 
impugnação. 
 
A incomunicabilidade do preso, presente no art. 21, não foi recepcionada 
pela nova constituição frente ao Estado Democrático de Direito (Posição 
Majoritária). O raciocínio é que o Estado de defesa é um estado de exceção, 
um estado de crise. Então, se num estado de crise não se pode manter o preso 
incomunicável, muito menos num estado de normalidade. Afranio Silva Jardim 
– em sentido contrário - sustenta a recepção constitucional do art. 21 do CPP 
porque se o constituinte expressamente vetou a incomunicabilidade na vigência 
do Estado de defesa é porque subliminarmente a admitiu em caráter 
excepcional na vigência regular de um Estado Democrático de Direito. (citar a 
segunda corrente apenas em subjetiva e oral). 
 
ATRIBUIÇÕES DO DELEGADO DURANTE O INQUÉRITO POLICIAL: Devemos ter muita 
atenção ao estudar este tópico, pois sofreu alteração recente e será objeto de 
questionamento nos próximos certames. Nesse sentido, cabe à autoridade 
policial – art. 13: 
 I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução 
e julgamento dos processos; 
 II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público; 
 III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; 
 
 
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 IV - representar acerca da prisão preventiva. 
O artigo a seguir foi acrescentado pela Lei 13.344/2016, exigindo grande 
atenção por parte do candidato: 
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e 
no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), 
e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia 
poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da 
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de 
suspeitos. 
 Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e 
quatro) horas, conterá: 
I - o nome da autoridade requisitante; 
II - o número do inquérito policial; e 
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela 
investigação. 
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados 
ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de 
polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas 
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que 
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, 
informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos 
do delito em curso. 
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de 
cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência. 
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: 
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, 
que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em lei; 
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por 
período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual 
período; 
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a 
apresentação de ordem judicial. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art148
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art149
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art149a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art158§3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm#art159
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art239
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art239
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§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser 
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro 
da respectiva ocorrência policial. 
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a 
autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço de 
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os 
meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que 
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com 
imediata comunicação ao juiz. 
Como podemos verificar, a referida Lei acresce ao Código de Processo Penal 
os arts. 13-A e 13-B, que permitem, em linhas gerais, que o Ministério Público e 
o delegado de polícia requisitem dados e informações cadastrais da vítima 
ou de suspeitos. Também nessa linha, o art. 13-B do CPP, inovação desta Lei, 
possibilita que o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia 
requisitem, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço 
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os 
meios técnicos adequados que permitam a localização da vítima ou dos 
suspeitos do delito em curso. 
DESTINATÁRIO DO INQUÉRITO POLICIAL: O CPP é um dispositivo normativo 
antigo e, como tal, traz o juiz como destinatário do inquérito policial. Porém, 
com o advento da CF/88, o juiz tem que saber qual é a opinio delicti do MP 
quanto ao que fora apurado pela policia judiciária. 
 
Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar 
o arquivamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de 
segurança com o objetivo de impedir que isso ocorra? NÃO. A vítima de 
crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo de impedir o 
arquivamento do inquérito ou das peças de informação. STJ. Corte Especial. 
MS 21.081-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565). 
 
INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO DIANTE DE DENÚNCIA ANÔNIMA: 
As autoridades públicas não podem iniciar inquérito policial (penal ou 
disciplinar) apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou em 
escritos anônimos- art. 5º IV da CF. Nada impede que a autoridade policial, 
diante de denúncia anônima, adote medidas informais destinadas a apurar, 
previamente, em averiguação sumária, “com prudência e discrição”, a 
possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça 
com o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em 
ordem a promover, então, em caso positivo, a formal instauração do inquérito 
policial. (STF, HC – 97197) 
 
 
 
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DENÚNCIA FORMULADA COM BASE EM INQUÉRITO CIVIL - É possível o 
oferecimento de ação penal (denúncia) com base em provas colhidas no 
âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público - STF. 
Plenário. AP 565/RO - (Info 714). 
 
VERIFICAÇÕES PRELIMINARES DE INQUÉRITO – VPI’S 
Geralmente, o inquérito só será instaurado após a VPI (procedimento

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