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Noções de Direito Processual Penal 
 
 
1 Inquérito policial. 1.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, 
fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de 
instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, 
indiciamento, garantias do investigado. 1.2 Conclusão, prazos. 2 Prova. 2.1 Exame 
do corpo de delito e perícias em geral. 2.2 Interrogatório do acusado. 2.3 
Confissão. 2.4 Qualificação e oitiva do ofendido. 2.5 Testemunhas. 2.6 
Reconhecimento de pessoas e coisas. 2.7 Acareação. 2.8 Documentos de prova. 
2.9 Indícios. 2.10 Busca e apreensão para Agente da PCDF. 
 
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Sumário 
SUMÁRIO..................................................................................................................................2 
DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................3 
SÚMULAS ACERCA DO TEMA....................................................................................................33 
QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR..........................................................................35 
LISTA DE QUESTÕES.................................................................................................................70 
GABARITO .................................................................................................................... ..............85 
RESUMO DIRECIONADO............................................................................................................ 86 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS. 
Sistemas processuais 
a) Sistema Inquisitivo: adotado pelo direito canônico a partir do século XIII, esse sistema 
posteriormente se propagou por toda a Europa, sendo empregada até pelos tribunais civis até 
o século XVIII. Tem como principal característica o fato de as funções de acusar, defender e 
julgar encontrarem-se concentradas em uma única pessoa, assumindo as vestes, assim, de um 
juiz acusador, chamado de juiz inquisidor. 
Essa concentração de poderes nas mãos o juiz compromete, invariavelmente, a sua 
imparcialidade. De fato, há uma nítida incompatibilidade entre as funções de julgar e acusar. 
Afinal, o juiz que atua como acusador fica ligado psicologicamente ao resultado da demanda, 
perdendo a objetividade e a imparcialidade no julgamento. 
Em virtude dessa concentração de poderes nas mãos do juiz, não há falar em contraditório, o 
qual sequer é concebido em virtude da falta de contraposição entre acusação e defesa. 
Ademais, o acusado permanecia encarcerado preventivamente, sendo mantido incomunicável. 
Assim, é típico de sistemas ditatoriais, com processo judicial sigiloso, sem contraditório, 
reunindo na mesma pessoa as funções de acusar, defender e julgar. Observação: o inquérito 
policial é inquisitivo, mas não é imprescindível ao ajuizamento da ação penal (conteúdo 
informativo), aliás, não integra o processo penal propriamente dito (que só começa com o 
recebimento da ação penal), portanto não é exceção ao sistema acusatório. 
O juiz é dotado de ampla iniciativa probatória, tendo liberdade para determinar de ofício a 
colheita da prova, seja no curso das investigações, seja no curso do processo penal, 
independente de sua proposição pela acusação ou pelo acusado. 
A gestão das provas, assim, estava concentrada nas mãos do juiz que, a partir da prova do fato 
e tomando como parâmetro a lei, podia chegar à conclusão que quisesse. 
No sistema inquisitorial, o acusado é mero objeto do processo, não sendo considerado sujeito 
de direitos. 
 
b) Sistema Misto ou Francês: duas fases processuais distintas: a primeira fase é nitidamente 
inquisitiva, com instrução secreta e escrita, sem acusação e, por isso, sem contraditório. Nessa 
objetiva-se verificar a materialidade e autoria do fato. 
Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se 
defende e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade. 
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c) Sistema Acusatório (Brasil): 
Elementos que compõem o Sistema Acusatório: 
1. Elemento único: onde há a separação entre acusador e julgador. 
2. Tipos ideais (ou seja, onde só há elementos positivos): sistema formado pela imparcialidade 
judicial, igualdade entre as partes, princípios da oralidade, publicidade, contraditório, ampla 
defesa, etc. 
3. Teoria da Gestão da Prova: sistema acusatório é aquele em que há a inércia judicial na fase 
probatória 
Esta é a teoria adota pela PUCRS e IBCCRIM. 
4. Teoria dos Elementos Fixos: sistema acusatório é aquele em que há a imprescindibilidade de 
um acusador diferente do juiz (= princípio acusatório), e onde o processo só se inicia com o 
ajuizamento da acusação. 
Segundo o Doutor Mauro Fonseca Andrade, no Livro: Sistemas Processuais Penais e seus 
Princípios Reitores. 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2013. 
O STF ora se refere ao primeiro conceito, ora se refere ao segundo conceito. 
Ele também afirma que o sistema acusatório é o vigente no Brasil, embora não haja qualquer 
disposição expressa nesse sentido. É por isso que ele se posiciona pelo sistema acusatório a 
partir de uma visão global de nosso ordenamento constitucional e infraconstitucional. 
Entretanto, o STF se contradiz algumas vezes, ao admitir a investigação criminal presidida por 
juízes, que somente existe nos sistemas misto e inquisitivo. 
Exemplos de investigação presidida por juízes: artigo 307, parte final do CPP (juiz lavrando auto 
de prisão em flagrante), Presidente do STF presidindo investigação relacionada aos crimes 
praticados nas dependências do STF, Poder Judiciário presidindo crimes praticados por 
magistrados. 
 
INQUÉRITO POLICIAL: NATUREZA, INÍCIO E DINÂMICA. 
- Investigação Preliminar: 
Qual o conceito de inquérito policial? 
É o procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, com o 
objetivo de identificar fontes de prova e colher elementos de informação quanto à autoria e a materialidade da 
infração penal, a fim de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
 
 
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- Qual a natureza jurídica do inquérito policial? 
- É um procedimento administrativo, pois dele não resulta, ao menos diretamente, nenhuma sanção, ou 
seja, não é um processo judicial nem um processo administrativo. 
- É inquisitório, ou seja, não está sujeito ao contraditório e à ampla defesa. Não é obrigatória a 
observância. Mas e o art. 7º, inciso XXI,”a”, Lei 8906? Mesmo após o advento da Lei 13245/16, pode-se dizer 
que não se sujeita ao contraditório e à ampla defesa, pois a CF é muito clara no inciso LV do art. 5º quando fala 
em “acusados em geral”, referindo-se, portanto, ao processo judicial (torna-se acusado quando é denunciado 
e a denúncia é recebida), e “processo judicial e administrativo”. 
“Art. 7º São direitos do advogado: 
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade 
absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos 
investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,inclusive, 
no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)” 
 
- É presidido pela autoridade policial - art. 2º da lei 12830/13. 
“Art. 2º, CPP: As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo 
delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. 
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação 
criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a 
apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais. 
§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, 
documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. 
§ 3º (VETADO). 
§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado 
ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse 
público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação 
que prejudique a eficácia da investigação. 
§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado. 
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante 
análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.” 
- Natureza do Crime e Atribuição para as Investigações: 
- Crime militar da competência da Justiça Militar da União: Forças Armadas, por meio de um 
Inquérito Policial Militar. 
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- Crime militar da competência da Justiça Militar Estadual: Polícia Militar ou Corpo de 
Bombeiros. 
- Crime eleitoral: Polícia Federal, em regra. Se não houver delegacia da PF na cidade, não tem 
problema, pois, segundo o TSE não há óbice a que as investigações sejam levadas a efeito pela 
Polícia Civil. 
- Crime “federal” (CF, art. 109, IV e ss.): Polícia Federal. 
- Crime comum da competência da Justiça Estadual: em regra, é a Polícia Civil. Obs.: a PF 
também pode investigar, desde que o crime seja dotado de repercussão interestadual ou 
internacional, de acordo com a CF (art. 144, § 1º) e a Lei 10446/02 (além de todos os crimes 
citados na lei, a PF também pode investigar o crime de terrorismo, de acordo com o art. 11 da 
Lei 13260/16). 
- Objetiva identificar fontes de prova e colher elementos de informação acerca da materialidade e da 
autoria da infração penal, com o objetivo de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. Isso 
é o que chamamos de justa causa, que significa a existência de lastro probatório mínimo indispensável para o 
início de um processo. Além disso, o inquérito policial tem a função de fundamentar eventuais medidas 
cautelares, como buscas e apreensões, prisões, medidas cautelares pessoais e patrimoniais, etc. 
 
- Quais as características do inquérito policial? – CAI MUITO EM PROVA!!! 
1) Procedimento escrito: art. 9º, do CPP. 
O inquérito policial pode ser gravado? 
Art. 405, § 1º, CPP: “Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, 
indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação 
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter 
maior fidelidade das informações”. 
2) Procedimento dispensável: art. 39, § 5º, CPP - O órgão do Ministério Público dispensará o 
inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a 
ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 
3) Procedimento sigiloso: art. 2º, CPP. 
E o Princípio da Publicidade (art. 93, IX, CF = “todos os atos PROCESSUAIS serão públicos”)? 
Como já foi dito, IP não é processo. É procedimento, por isso que não há falar em absoluta 
aplicação do princípio da publicidade às investigações. A publicidade prejudica o trabalho 
investigatório, colocando em risco a coleta das fontes de prova. 
- Em regra, o sigilo deve valer para o inquérito policial. Exceção: em algumas hipóteses, a 
publicidade pode ser útil para as investigações. Ex.: retrato falado. 
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- Quem tem acesso ao procedimento investigatório? Juiz, MP. E o advogado? A CF assegura a 
todos nós a assistência de advogado (art. 5º, LXIII, CF = fala em preso, mas deve-se ler 
“imputado”, preso ou solto = máxima eficácia). Além disso, o EOAB prevê no inciso XIV do art. 
7º: “XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem 
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em 
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, 
em meio físico ou digital”. Ademais, a Súmula Vinculante nº 14 do STF dispõe que “É direito do 
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de 
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. 
- Qual a amplitude do acesso do advogado aos autos da investigação preliminar? Processo 
penal precisa ter equilíbrio. O acesso do advogado diz respeito às diligências já documentadas 
em procedimento investigatório, mas esse acesso não poderá abranger diligências ainda em 
andamento. 
- EOAB, § 11º do art. 7º: “§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá 
delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em 
andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento 
da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)”. 
- Da necessidade de procuração: § 10º do EOAB = em regra, não precisa. Exceção: autos sujeitos 
sigilo. Ex.: art. 234-B (crimes sexuais); interceptações telefônicas. 
- Consequências da negativa de acesso aos autos da investigação preliminar e instrumentos 
processuais a serem utilizados pelo defensor: se o delegado ou se o promotor se negarem a 
franquear o acesso, poderá caracterizar abuso de autoridade. O EOAB reforça isso. Assim, o 
advogado pode ingressar com uma petição dirigida ao juiz. Se ele também negar o acesso, 
pode-se imaginar em uma Reclamação Constitucional ao STF. O ideal seria impetrar um MS 
perante o TJ (o juiz como autoridade coatora). Não se descarta a possibilidade de HC, desde 
que a investigação verse sobre infração penal a qual tenha sido prevista a aplicação de pena 
privativa de liberdade. EOAB, art. 7º, § 12. 
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de 
autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno 
investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do 
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da 
defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz 
competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) 
- Des(necessidade) de autorização judicial para o acesso do advogado aos autos da investigação 
preliminar: em regra, não é necessária autorização. Exceção: Lei das Organizações Criminosas 
= o sigilo será decretado pelo próprio juiz. Art. 23 da Lei 12850/13. 
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4) Procedimento inquisitorial: o que significa não haver devido processo legal, cujos 
desdobramentos são ampla defesa e contraditório. 
5) Procedimentodiscricionário: discricionariedade significa liberdade de atuação dentro dos 
limites legais. O delegado tem discricionariedade para ouvir testemunhas, para deixar o 
interrogatório no começo ou no final, etc. Isso não significa arbitrariedade, que é agir ao arrepio 
da lei. 
- As pessoas podem pedir diligências? Sim. Art. 14 do CPP. Serão realizadas ou não a juízo da 
autoridade. 
- As diligências podem ser requisitadas pelo investigado? Não. A alínea "b" do inciso XXI do art. 
7º do EOAB foi vetada. 
- Discricionariedade do delegado não afasta eventuais requisições ministeriais. Esse poder do 
MP deriva da própria CF, art. 129, inciso VIII. O delegado é obrigado a atendê-las, desde que 
sejam pertinentes (não há hierarquia entre MP e Polícia. O delegado as atende por conta do 
Princípio da Obrigatoriedade = crime de ação penal pública = o aparato estatal é obrigado a 
agir). Ele não é obrigado quando forem ilegais. 
- O art. 2º, § 3º, da Lei 12830/13, que dizia que o delegado conduziria a investigação de acordo 
com o seu livre convencimento técnico jurídico, com isenção e imparcialidade, foi VETADO. A 
redação dava a impressão de que o delegado não seria obrigado a atender as requisições 
ministeriais e de que apenas a polícia poderia investigar. 
6) Procedimento indisponível: o inquérito não pode ser arquivado pelo próprio delegado de 
polícia. Só pode ser arquivado por meio de promoção do MP e posterior homologação pela 
autoridade judiciária. Art. 17 do CPP. 
7) Procedimento temporário: não pode durar para sempre. 
- Quando se trata de investigado preso, o prazo para conclusão do inquérito é de 10 dias. 
Improrrogável. 
- Quando se trata de investigado solto, o prazo para conclusão é de 30 dias. Prorrogável de 
maneira sucessiva. 
- A jurisprudência moderna vem dizendo que ao inquérito também se aplica a Garantia da 
Razoável Duração do Processo (STJ, HC 96666/MA) - pergunta já feita em prova objetiva. 
 
- O que é “notitia criminis”? 
É o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato 
delituoso. 
 
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Espécies: 
1) De cognição imediata (espontânea): a autoridade policial toma conhecimento do crime 
através de suas atividades rotineiras. 
2) De cognição mediata (provocada): a autoridade policial toma conhecimento do crime através 
de um expediente escrito (que pode ser, inclusive, uma requisição ministerial). 
Cuidado: o CPP diz, no art. 5º, que o juiz poderia requisitar a instauração = incompatível com o 
Sistema Acusatório e com a garantia da imparcialidade. O ideal é concluir que, como juiz, deve 
dar vista ao MP, deixando nas mãos do MP a requisição do inquérito policial. 
3) De cognição coercitiva: a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através 
da apresentação de indivíduo preso em flagrante. 
4) A doutrina também faz referência à “Notitia Criminis” inqualificada (o que significa denúncia 
anônima): posso instaurar um IP com base em uma denúncia anônima? A CF dispõe que é 
vedado o anonimato. A doutrina e a jurisprudência entendem que a denúncia anônima, por si 
só, não pode dar ensejo à instauração de um IP. No entanto, será efetuada uma averiguação 
preliminar. Se houver procedência, o IP poderá ser instaurado (HC 95244, STF). 
 
- Identificação criminal. 
Abrange pelo menos três espécies de identificação. É gênero, do qual são espécies: 
1) Identificação Fotográfica: feita por meio de fotografias de frente, tamanho 3x4. Não é um 
método seguro, pois a fisionomia vai mudando com o tempo, além disso as fotografias podem 
ser manipuladas. 
2) Identificação Datiloscópica: coleta de impressões digitais. É segura, pois a digital é imutável. 
Mário Sérgio Sobrinho diz que as impressões digitais começam a ser formadas no terceiro mês 
de gestação e vão com o ser humano até depois de sua morte (até o cadáver entrar em estado 
de putrefação). 
3) Identificação do Perfil Genético: introduzida recentemente pela Lei 12654/12. Por meio da 
coleta e realização de exames de DNA, é praticamente impossível que uma pessoa seja 
confundida com outra. A coleta deve ser feita à luz do Princípio da Não-Autoincriminação (não 
se pode amarrar a pessoa para coletar sangue, por ex.). 
- Pode ser feita a identificação de todo e qualquer indivíduo? Art. 5º, LVIII: “o civilmente 
identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em 
lei”. 
Conclusão 1: se o indivíduo não se identificar civilmente pode ser submetido à identificação 
criminal. 
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Conclusão 2: ainda que identificado civilmente, pode ser submetido à identificação criminal nas 
hipóteses previstas em lei. Trata-se da Lei 12037/09. 
 
- Hipóteses em que pode ocorrer identificação criminal independentemente de anterior 
identificação civil: 
Documento com rasura ou indício de falsificação; 
Documento insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; 
O indivíduo portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes; 
A identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho de 
autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da 
autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa. 
- Obs.: o inciso IV é o único que exige autorização judicial! O ideal é defender que o juiz não 
pode agir de ofício nas investigações preliminares. 
Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; 
O estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade de expedição do documento 
impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. 
 
- Identificação do Perfil Genético: a Lei 12.654/12 alterou a Lei 12.037/09 e a Lei de Execuções 
Penais. 
O art. 5º, parágrafo único, foi incluído pela Lei. Dispõe que, na hipótese do inciso IV (“a 
identificação criminal for essencial às investigações”), a identificação criminal poderá incluir a 
coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético. Assim, a coleta de material 
biológico necessita de autorização judicial. Pode ser feita em relação a todo e qualquer delito, 
desde que se encaixe ao que dispõe o inciso IV. 
- Não confundir a identificação do perfil genético, que foi incluída na lei 12037, com a que 
foi introduzida na Lei de Execução Penal (art. 9º-A). 
1) na LEP a identificação do perfil genético NÃO depende de autorização judicial, é 
compulsória; 2) na LEP o indivíduo deverá ter sido condenado, o crime deverá ser doloso, 
deverá ter havido violência de natureza grave contra a pessoa ou o crime deverá ter sido 
hediondo (= rol taxativo de delitos). 
 
- Existe incomunicabilidade? 
Prevalece na doutrina o entendimento de que o art. 21 do CPP não foi recepcionado pela ordem 
constitucional vigente. Forte argumento nesse sentido é encontrado no art. 136, § 3°, inc. IV, da Constituição 
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Federal, que veda a incomunicabilidade do preso até mesmo na vigência do estado de defesa, que importa uma 
situação excepcional, cuja decretação é cabível quando a ordem pública ou a paz social estiverem ameaçadas 
“por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na 
natureza”, segundo o texto constitucional. Além disso, o art. 5°, inc. LXII da Carta assegura que “a prisão de 
qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família 
do preso ou à pessoa por ele indicada”. Como seria possível coexistirem a restriçãoà comunicação externa e o 
direito de comunicação, do preso, com a família e com o advogado? Isso explica o fato de o instituto da 
incomunicabilidade, nos dias de hoje, ter caído no mais absoluto esquecimento (Rogério Sanches). 
 
- O que é indiciamento? 
Consiste em atribuir a alguém a autoria ou a participação em determinada infração penal. A partir do 
momento em que se é indiciado, ganha-se um status de indiciado (suspeito -> investigado -> indiciado) e uma 
estigmatização perante a sociedade. 
 
- Momento para o indiciamento. 
Pode ser feito apenas na fase investigatória. Em tese, já se pode indiciar na própria lavratura do auto de 
prisão em flagrante até o momento da elaboração do relatório. Recebida a denúncia, não é mais possível fazer 
o indiciamento (STJ, HC 182455). 
 
- Quais os pressupostos? 
Prova da existência do delito; Indícios de autoria ou de participação. 
 
- De quem é a atribuição? 
É privativa do delegado de polícia. Não pode ser objeto de requisição do juiz ou do Ministério Público (Lei 
12.830/13, art. 2º, § 6º). 
 
- Sujeito Passivo: quem pode ser indiciado? 
Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. 
 
- Exceções: 
1) Membros do MP e Magistratura = existe vedação legal expressa. Se houver indícios da prática 
de delitos por parte de tais autoridades, os autos da investigação, de imediato, deverão ser 
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encaminhados ao Presidente do Tribunal ou ao Procurador-Geral para que as investigações 
tenham prosseguimento. 
2) Autoridades dotadas de foro por prerrogativa de função: STF entendeu que eventual 
indiciamento (e até mesmo as investigações) depende de prévia autorização Ministro-Relator 
do tribunal competente. Portanto, se a investigação contra titular de foro por prerrogativa de 
função for levada adiante sem a supervisão do Tribunal competente, os elementos de 
informação obtidos pela autoridade policial devem ser considerados ilícitos. Nesse contexto: 
STF, Pleno, Inq. 2842/DF. 
Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de 
remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão 
fundamentada, o seu retorno. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) 
 
- Conclusão do inquérito policial. 
Prazo para a conclusão do IP: art. 10, do CPP. 
Se preso: 10 dias, improrrogáveis, 
Obs.: qual a consequência se ultrapassar o prazo de 10 dias? Segundo a jurisprudência, a contagem do 
prazo é feita de maneira global. Não se conta um prazo de maneira individualizada. Os dias de excesso podem 
ser compensados ao longo da instrução processual. 
Se solto: 30 dias, prorrogáveis. 
 
- Natureza Jurídica do Prazo: penal ou processual? 
Se for penal, o dia de início é incluído no cômputo e é fatal e improrrogável. Se for processual, exclui-se o 
dia de início e é prorrogável até o próximo dia útil. Alguns doutrinadores defendem que, quando o indivíduo 
está preso, o prazo é de natureza penal (Nucci). Renato Brasileiro não concorda. Segundo ele, não se pode 
confundir o prazo de prisão com o prazo do inquérito. Para ele, o ideal é entender que o prazo de prisão é de 
natureza penal, mas o prazo para a conclusão do inquérito é de natureza processual penal, ainda que o indivíduo 
esteja preso. 
 
- Relatório da autoridade policial. 
Peça de caráter descritivo, em que o Delegado de Polícia descreve as principais diligências realizadas na 
fase investigatória. Não é uma peça obrigatória. A denúncia poderá ser oferecida independentemente dele. Em 
tese, o delegado não deve fazer um juízo de valor. 
 
 
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Exceção: Lei de Drogas – Lei 11.343/06 
“Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia 
judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: 
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à 
classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto 
apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as 
circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou 
II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias (...)” 
 
- Quem são os destinatários dos autos do inquérito policial? 
- De acordo com o CPP, concluído o IP, deverão os autos ser encaminhados ao juiz competente (art. 10, 
§ 1º). 
Por essa razão, nos últimos anos, resoluções, portarias e provimentos dos próprios tribunais têm retirado 
a tramitação polícia -> poder judiciário, estabelecendo uma tramitação direta entre polícia -> MP, salvo se 
houver necessidade de intervenção do judiciário. 
Ex.: se o réu estiver preso, tem que passar pelo juiz para marcar a audiência de custódia; se tem 
necessidade de uma medida de busca domiciliar, tem que passar pelo juiz. Problema: o assunto começou a 
chegar nos tribunais superiores e cada um entende de uma forma. 
 
- Quais as providências a serem adotadas pelo Ministério Público ao ter vista dos autos do Inquérito 
Policial? 
- Pode ser que o crime investigado seja de ação penal privada = promotor deverá encaminhar os autos ao 
juiz, para que se aguarde iniciativa do ofendido. 
- Se o crime for de ação penal pública, o promotor poderá agir nos seguintes sentidos: 
1) Oferecimento de denúncia; 
2) Promoção de arquivamento; 
3) Requisição de diligências (as requisições de diligências deverão ser feitas diretamente ao 
Delegado de Polícia, salvo quando houver necessidade de intervenção judicial); 
4) Declinação da competência = o promotor pode entender que o juízo perante o qual atua não 
tem competência para o julgamento daquela demanda. Pedirá, então, para que o juiz decline 
da competência. Ex.: crime de moeda falsa = competência da Justiça Federal = pedido de 
declinação da competência dirigido ao juiz. Obs.: não confundir a declinação da competência 
(que é a primeira manifestação no sentido da incompetência do juízo) com o conflito de 
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competência (outra autoridade jurisdicional já terá se manifestado no sentido da 
incompetência), que será analisado no próximo item. 
5) Suscitação de Conflito de Competência = ex.: seguindo o exemplo anterior, o procurador da 
república recebe os autos e entende que não é crime de moeda falsa, pois se trata de falsificação 
grosseira e, segundo a Súmula 73 do STJ, pode tipificar o crime de estelionato, de competência 
da Justiça Estadual. O Juiz Federal, no entanto, não poderá declinar de novo da competência, 
pois o Juiz Estadual já havia se pronunciado no sentido da sua incompetência. Agora, como já 
houve prévia manifestação da JE, o Juiz Federal deverá, provavelmente a pedido do MPF, 
suscitar conflito de competência = conflito entre dois ou mais órgãos jurisdicionais quanto à 
competência. 
Até quando o conflito de competência pode ser suscitado? Atenção para o limite temporal 
previsto na Súmula 59 do STJ = não há conflito de competência se já existe sentença com 
trânsito em julgado proferida por um dos juízos conflitantes. 
Quem é competente para decidir o conflito de competência? Basta subir na hierarquia do Poder 
Judiciário e encontrar um órgão jurisdicional superior que seja comum aos dois juízos 
conflitantes. Exemplos: 
Juiz da Comarca de Cabo Frio/RJ x TJ/RJ: não há conflito, pois aquele está subordinado a este. 
Juiz Federal do MS x Juiz Federal de SP: TRF da 3ª Região. 
Juiz de Direito do JECRIM/BH x Juiz de Direito da Vara Criminal/BH: TJ/MG (Súmula 428/STJ - 
“Competeao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado 
especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária”). 
Juiz de Direito da Vara Criminal/RS x Juiz de Direito do Juízo Militar/RS: STJ, pois aquele está 
subordinado ao TJ/RS; este, ao TJM/RS (obs.: TJM só tem em MG, SP e RS. Se o exemplo 
trouxesse um estado que não tem tribunal militar, a resposta seria diferente. Ex.: Juiz de Direito 
da Vara Criminal do ES x Juiz de Direito do Juízo Militar/ES: quem apreciará o conflito será o 
TJ/ES). 
- Não confundir conflito de competência (envolve autoridades judiciárias) e conflito de 
atribuições (envolve autoridades administrativas, como Polícia e MP. É o que se estabelece 
entre dois ou mais órgãos do MP que possuem responsabilidade ativa para a persecução penal. 
Há quem chame de “conflito virtual de competência” = todo promotor acaba atuando perante 
determinado juízo. Se há promotores em conflito, significa que virtualmente há um conflito de 
competência). Quem decide o conflito de atribuições? Exemplos: 
 MP/RR x MP/RR: Procurador-Geral de Justiça de Roraima. MPF/BA x MPF/PE: Câmara de 
Coordenação e Revisão do MPF. 
MPM x MPF: Procurador-Geral da República (como chefe do MPU). 
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MPF/RS x MP/SC: Procurador-Geral da República (STF, ACO 924). Obs.: Renato Brasileiro não 
concorda, pois o PGR não é superior hierárquico em relação aos MP dos Estados, pois é chefe 
do MP da União. 
 
- Arquivamento do inquérito policial. 
- Apesar de haver Súmula do STF dizendo que se trata de mero despacho, a doutrina entende que se 
trata de DECISÃO JUDICIAL (é capaz de produzir coisa julgada, seja formal, seja material) CONSENSUAL (pois, 
num primeiro momento, haverá um pedido do MP, denominado de “promoção de arquivamento”, que será 
levado à apreciação do juiz). 
- O arquivamento do IP é uma decisão judicial, muito embora ainda não haja um processo judicial em 
curso. Ele depende de pedido de promoção de arquivamento feito pelo MP, que será apreciado pelo juiz. 
- Não pode ser determinado de ofício pela autoridade judiciária. (é necessária a promoção de 
arquivamento), nem mesmo em se tratando de processo de competência originária dos tribunais. STF, Pleno, 
Inq. 2913 AgR/MT. 
INQUÉRITO. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. PARLAMENTAR. NOMEAÇÃO DE FUNCIONÁRIO 
PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÕES INCOMPATÍVEIS COM O CARGO EM COMISSÃO OCUPADO. POSSIBILIDADE, EM 
TESE, DE CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE PECULATO DESVIO (ART. 312, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). 
ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO DE OFÍCIO, SEM OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. 
PRINCÍPIO ACUSATÓRIO. DOUTRINA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. O 
sistema processual penal acusatório, mormente na fase pré-processual, reclama deva ser o juiz apenas um 
“magistrado de garantias”, mercê da inércia que se exige do Judiciário enquanto ainda não formada a opinio delicti 
do Ministério Público. 2. A doutrina do tema é uníssona no sentido de que, verbis: “Um processo penal justo (ou seja, 
um due process of law processual penal), instrumento garantístico que é, deve promover a separação entre as funções 
de acusar, defender e julgar, como forma de respeito à condição humana do sujeito passivo, e este mandado de 
otimização é não só o fator que dá unidade aos princípios hierarquicamente inferiores do microssistema 
(contraditório, isonomia, imparcialidade, inércia), como também informa e vincula a interpretação das regras 
infraconstitucionais.” (BODART, Bruno Vinícius Da Rós. Inquérito Policial, Democracia e Constituição: Modificando 
Paradigmas. Revista eletrônica de direito processual, v. 3, p. 125-136, 2009). 3. Deveras, mesmo nos inquéritos 
relativos a autoridades com foro por prerrogativa de função, é do Ministério Público o mister de conduzir o 
procedimento preliminar, de modo a formar adequadamente o seu convencimento a respeito da autoria e 
materialidade do delito, atuando o Judiciário apenas quando provocado e limitando-se a coibir ilegalidades 
manifestas. 4. In casu: (i) inquérito destinado a apurar a conduta de parlamentar, supostamente delituosa, foi 
arquivado de ofício pelo i. Relator, sem prévia audiência do Ministério Público; (ii) não se afigura atípica, em tese, a 
conduta de Deputado Federal que nomeia funcionário para cargo em comissão de natureza absolutamente distinta 
das funções efetivamente exercidas, havendo juízo de possibilidade da configuração do crime de peculato-desvio 
(art. 312, caput, do Código Penal). 5. O trancamento do inquérito policial deve ser reservado apenas para situações 
excepcionalíssimas, nas quais não seja possível, sequer em tese, vislumbrar a ocorrência de delito a partir dos fatos 
investigados. Precedentes (RHC 96713, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 
07/12/2010; HC 103725, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 14/12/2010; HC 106314, 
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Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 21/06/2011; RHC 100961, Relator(a): Min. CÁRMEN 
LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 06/04/2010). 6. Agravo Regimental conhecido e provido. 
 
- Fundamentos para o arquivamento: a lei não fala de forma expressa, mas sim de maneira implícita, 
pois, segundo a doutrina, os fundamentos podem ser extraídos de dois dispositivos do CPP: arts. 395, incisos II 
e III, e 397. 
“Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). = JUSTA 
CAUSA = LASTRO PROBATÓRIO.” 
“Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá 
absolver sumariamente o acusado quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; 
= O INIMPUTÁVEL DEVE SER DENUNCIADO E AO FINAL SER ABSOLVIDO DE FORMA IMPRÓPRIA. 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou = ATIPICIDADE FORMAL OU 
MATERIAL (ex.: Princípio da Insignificância) 
IV- extinta a punibilidade do agente. 
 
- Coisa Julgada na Decisão de Arquivamento: 
Haverá coisa julgada formal quando visualizarmos que a decisão de arquivamento apresentou 
fundamento de natureza processual (art. 395). Em tese, é possível o desarquivamento. Ex.: estupro = vítima 
representou e se retratou = arquivamento do IP por ausência de condição. Vítima volta atrás e resolve 
apresentar representar. A condição que estava ausente, passou a se fazer presente = desarquivamento. 
Haverá coisa julgada material quando visualizarmos que a decisão de arquivamento apresentou 
fundamento de mérito (art. 397). Não será mais possível o desarquivamento. 
 
- Desarquivamento do IP e Oferecimento de Denúncia: 
Desarquivamento nada mais é do que a reabertura das investigações. Pressuposto básico: notícia de 
provas novas. 
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Oferecimento da Denúncia: precisará, efetivamente, de provas novas = capazes de alterar o contexto 
probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento. Súmula 524 do STF (“Arquivado o inquérito 
policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem 
novas provas”). Podem ser: Formalmente Novas (já eram conhecidas, mas agora ganharão uma nova versão.Ex.: testemunha que havia prestado depoimento resolve mudar a versão) e Substancialmente Novas (eram 
desconhecidas pelo Estado, mas agora foram encontradas). 
 
- Como é o procedimento de arquivamento na Justiça Estadual? 
Art. 28 do CPP: O promotor apresenta uma promoção de arquivamento ao juiz. Se o juiz não concordar, 
manda para p Procurador-Geral de Justiça que poderá: 
1) Requisitar diligências; 
2) Oferecer denúncia (ele mesmo ou designa outro órgão do MP para oferecer = não pode ser o 
mesmo promotor que fez a promoção, sob pena de violação à independência funcional. Há duas 
correntes quanto à obrigatoriedade de o outro órgão oferecer: uma sustenta que o promotor 
não é obrigado, valendo- se da independência funcional; outra, que prevalece, defende que ele 
é obrigado, pois atua por delegação, como “longa manus” do PGJ); 
3) Insistir no arquivamento do IP (caso em que o juiz está obrigado a arquivar). 
 
- O que é Arquivamento Implícito? 
Ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato delituoso ou algum investigado, sem se 
manifestar expressamente sobre o arquivamento. Assim, o promotor oferece denúncia e deixa de fazer uma 
promoção de arquivamento em relação a um fato (arquivamento implícito objetivo) ou um investigado 
(arquivamento implícito subjetivo) não incluído na denúncia. Não é admitido pela doutrina e pela 
jurisprudência, pois todas as manifestações ministeriais devem ser fundamentadas. Se o MP não se manifestar 
sobre algum fato ou algum investigado, o juiz deve devolver os autos para que o promotor se pronuncie quanto 
a isso. Se ele não fizer nada, deverá aplicar o art. 28, remetendo os autos ao PGJ (STF, RHC 95141). 
 
- O que é Arquivamento Indireto? 
Ocorre quando o promotor de justiça deixa de oferecer denúncia por entender que o órgão jurisdicional 
perante o qual atua não tem competência para o julgamento do feito. Ex.: promotor recebe os autos do IP e se 
manifesta no sentido da declinação da competência. A declinação da competência vai para as mãos do juiz, que 
não concorda e considera improcedentes as razões invocadas. O juiz não pode obrigar o promotor a oferecer a 
denúncia, razão pela qual deverá aplicar o art. 28 do CPP (STJ, CAT 225/MG). 
 
 
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- Cabe recurso da decisão de arquivamento? 
 Em regra, a decisão judicial de arquivamento é irrecorrível. NÃO cabe ação penal privada subsidiária da 
pública. 
 
- Arquivamento Determinado por Juízo Absolutamente Incompetente. 
Produz coisa julgada, formal e/ou material, a depender de seu fundamento. STF, HC 83346. 
 
- Trancamento (ou encerramento anômalo) do inquérito policial. 
Trata-se de medida de força que acarreta a extinção prematura das investigações quando a mera 
tramitação do inquérito configurar constrangimento ilegal. 
Hipóteses autorizadoras: 
1) Atipicidade, seja formal, seja material; 
2) Causas extintivas da punibilidade; 
3) Instauração de inquérito em crime de ação penal privada ou pública condicionada sem a 
manifestação do ofendido. 
 
- Qual o instrumento adequado? 
 O HC só pode ser manejado quando houver risco ou ameaça à liberdade de locomoção. Se à infração 
penal não for cominada pena privativa de liberdade, não haverá risco à liberdade de locomoção, será cabível 
Mandado de Segurança (ex.: art. 28 da Lei de Drogas). 
 
- O Procedimento Policial nos Juizados Especiais Criminais. 
Termo Circunstanciado (de Ocorrência): é uma novidade trazida pela Lei 9099/95. Ideia de celeridade e 
economia também na fase investigatória. Em regra, deixa-se de lado o inquérito policial, que é substituído por 
algo mais simples, o TC. Pode instaurar o IP se o caso for de maior complexidade. Não há óbice à instauração 
do IP. 
Conceito: trata-se de um relatório sumário da Infração de Menor Potencial Ofensivo (IMPO), contendo a 
identificação das partes envolvidas, a menção à infração praticada, bem como todos os dados básicos e 
fundamentais que possibilitem a perfeita individualização dos fatos, a indicação das provas, visando à formação 
da “opinio delicti” pelo titular da ação penal. Previsão legal: art. 69 da Lei. 
 
 
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- Situação de Flagrante e IMPO (parágrafo único do art. 69, Lei 9.099/95): 
1) A pessoa será capturada; 
2) Depois vai haver a condução coercitiva; 
3) Caso se tratasse de crime comum, em tese, deveria haver a lavratura de auto de prisão em 
flagrante (APF). Todavia, em se tratando de IMPO, ao invés de lavrar o APF, lavra-se o TC e a 
pessoa vai embora; 
4) A lavratura do TC está condicionada ao fato de o indivíduo ser imediatamente encaminhado 
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer. E se a pessoa não quiser assumir o 
compromisso de comparecer? Lavrar-se-á o APF = e, provavelmente, pagará fiança arbitrada 
pelo próprio delegado. 
 
- Fase Preliminar dos Juizados Especiais Criminais. 
 1) Composição Civil dos Danos: art. 74 da Lei 9099. O parágrafo único fala somente da ação 
penal privada e a ação pública condicionada à representação (renúncia ao direito de queixa ou 
representação = com a homologação do acordo pelo juiz, e não com o pagamento). 
E se o acordo foi homologado e não houver pagamento? Como houve renúncia ao direito, 
houve extinção da punibilidade. O máximo que poderá ser feito é buscar a execução do título. 
E nos casos de ação pública incondicionada? Também admitem a composição dos danos civis. 
A Lei 9099 não prevê nenhum benefício, mas podemos pensar na figura do arrependimento 
posterior do CP (art. 16 = até o recebimento da denúncia). 
2) Oferecimento da representação: art. 75 da Lei. Oferecida em uma audiência preliminar, caso 
não obtida a composição dos danos civis. O não oferecimento da representação na audiência 
preliminar não implica decadência do direito. 
O fato de a vítima não ter comparecido para oferecer representação não implica decadência. 
Isso só ocorrerá no prazo previsto em lei = qual seria? Há quem diga que o prazo seria de 30 dias 
(pois é o previsto no art. 91 da Lei). Não é a melhor orientação, pois tal prazo foi criado 
exclusivamente para os processos que já estavam em andamento. A maioria da doutrina diz 
que é o prazo do art. 38 do CPP = prazo decadencial de 06 meses, a partir do conhecimento da 
autoria. 
3) Transação Penal: art. 76 da Lei. Aplicação imediata de Pena Restritiva de Direitos (PRD) ou 
MULTA (não importará em reincidência, sendo registrada para impedir novo benefício no prazo 
de 05 anos). 
Conceito: é um acordo celebrado entre o titular da ação penal e o autor do delito de menor 
potencial ofensivo, sempre assistido por seu defensor, objetivando a aplicação imediata de PRD 
OU MULTA, evitando- se, assim, a instauração do processo. 
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Não gera reincidência. 
Não gera efeitos civis = não estamos diante de sentença condenatória transitada em julgado 
como requer o CPP. 
Espécie de mitigação ao Princípio da Obrigatoriedade (art. 24 do CPP): quando o indivíduo 
preencher os requisitos, o MP não estaria obrigado a oferecer denúncia. 
 
- Quais os requisitos? 
Ser um infração de menor potencial ofensivo (IMPO); não ser caso de arquivamento do termo 
circunstanciado; não ter sido o autor da infração condenado pela prática de CRIME à PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE por SENTENÇA DEFINITIVA (transitada em julgado); não ter sido o agente beneficiado 
anteriormente, no prazo de 05 anos, pela transação penal; antecedentes, conduta social, personalidade do 
agente, bem como os motivos e circunstâncias do delito favoráveisao agente. 
 
- Legitimidade para oferecimento da proposta de transação: quem pode propor a transação penal? 
 A proposta de transação penal não pode ser concedida “ex officio” pelo juiz. O art. 76, “caput”, fala em 
“havendo representação (ação penal pública condicionada) ou tratando-se de crime de ação penal pública 
incondicionada” = só faz referência à ação penal pública e Ministério Público. 
 
- Recusa injustificada por parte do titular da ação penal em oferecer proposta de transação penal. 
conforme já referido, o juiz não pode “ex officio”. Se a recusa for por parte do ofendido nos crimes de ação 
penal privada, não há nada a fazer (Princípios da Disponibilidade e Oportunidade). Se a recusa for por parte do 
MP nos crimes de ação penal pública, aplica-se o art. 28 do CPP (Princípio da Devolução. Aplicação da Súmula 
696 do STF também à transação penal: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional 
do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao 
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”). 
 
- Qual o momento para oferecimento da proposta de transação penal? 
Em regra, a transação penal é apresentada para o autor do delito antes do oferecimento da peça 
acusatória. Em situações excepcionais, a transação (e a suspensão condicional do processo) pode ser oferecida 
durante o processo. Ex.: casos de desclassificação; casos de procedência parcial da pretensão punitiva 
(denunciado por furto qualificado por emprego de chave falsa = na instrução, todos os ouvidos falam que não 
houve chave falsa = o promotor pede para excluir a qualificadora e oferece suspensão condicional do processo). 
A Súmula 337 do STJ também se aplica à transação penal: “É cabível a suspensão condicional do processo na 
desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva”. 
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Descumprimento injustificado do acordo homologado de transação penal: Súmula Vinculante 35 do STF: 
“A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, 
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público (ou 
querelante) a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia (ou queixa) ou requisição 
de inquérito policial (termo circunstanciado)”. 
 
- O Procedimento Policial Aplicável ao Ato Infracional. 
Divide-se em Fase Investigatória e Fase Judicial (ação socioeducativa). 
Fase Investigatória: 
- Flagrante de Ato Infracional (artigos 172 a 176 do ECA): 
O adolescente em flagrante é apresentado à autoridade policial (ele é APREENDIDO). 
A autoridade policial formaliza a apreensão, necessariamente, por meio de: 
- AUTO DE APREENSÃO DE ADOLESCENTE, se for ato infracional cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa; 
- BOLETIM DE OCORRÊNCIA CIRCUNSTANCIADO, se for ato infracional cometido sem violência ou 
grave ameaça. 
Em regra, libera-se o adolescente aos pais ou responsáveis sob termo de compromisso de apresentar-se 
ao MP no mesmo dia ou no primeiro dia útil seguinte. Excepcionalmente, mantém-se o adolescente apreendido 
se, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer internado para 
garantia da ordem pública ou para a sua segurança pessoal. 
Se mantiver o adolescente apreendido, o delegado o apresentará imediatamente ao membro do MP. Não 
sendo possível essa apresentação imediata, o delegado o encaminhará a uma entidade de atendimento, que 
fará a apresentação ao MP em até 24h. E se não existir entidade de atendimento? O adolescente será mantido 
na repartição policial, necessariamente separado dos maiores, e será apresentado em até 24h ao MP. 
 
PROVAS NO PROCESSO PENAL. 
- Conceitos. 
Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. 
Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. 
Elemento de prova: todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz. Ex.: 
depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento. 
Meio de prova: instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos 
no processo. Ex.: testemunha, documento, perícia. 
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Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova. Ex.: denúncia. 
Meio de investigação da prova: procedimento que tem o objetivo de conseguir provas 
materiais. Ex.: busca e apreensão; interceptação telefônica. 
Objeto de prova: fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e 
exijam uma comprovação. 
 
- Princípios. 
Contraditório: prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a atuação das 
partes; 
Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar (identidade 
física do juiz); 
Concentração: em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência; 
Comunhão das provas: uma vez produzida, a prova pode ser utilizada por ambas as partes; não há “dono” 
da prova. 
 
Fatos que independem de prova. 
Fatos axiomáticos ou intuitivos: são os fatos evidentes. Exemplo: em um desastre de avião, encontra-se 
o corpo de uma das vítimas completamente carbonizado. Desnecessário provar que estava morta; 
Fatos notórios: são os de conhecimento geral em determinado meio. Exemplo: não é necessário provar 
que o Brasil foi um Império; 
Presunções legais: verdades que a lei estabelece. Podem ser absolutas (juris et de iure), que não admitem 
prova em contrário, ou relativas (juris tantum), que admite prova em contrário. Exemplo: menor de 18 anos é 
inimputável. 
* o fato incontroverso não dispensa a prova – busca da verdade real 
* não é preciso provar o Direito, pois, se seu conhecimento é presumido por todos, principalmente do 
juiz, aplicador da Lei. 
Como exceção à regra, será necessário provar: 
a) leis estaduais e municipais; 
b) leis estrangeiras; 
c) normas administrativas; 
d) costumes. 
 
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Ônus da prova. 
É o encargo que as partes têm de provar os fatos que alegam. Nos termos do art. 156 do Código de 
Processo Penal, o ônus da prova incumbe a quem fizer a alegação. 
De acordo com a doutrina tradicional: cabe à acusação provar a existência do fato criminoso e de causas 
que implicar aumento de pena, a autoria e também a prova dos elementos subjetivos do crime (dolo ou culpa). 
Ao réu, por sua vez, cabe provar excludentes de ilicitude, de culpabilidade e circunstâncias que diminuam 
a pena. 
Os poderes instrutórios do juiz também estão no art. 156 do CPP. O juiz pode, de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas 
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para 
dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
 
- Sistemas de apreciação da prova. 
Prova legal ou tarifado: as provas têm valor preestabelecido. Aparece em nosso ordenamento como 
exceção, no art. 158 do CPP. 
Convicção íntima do juiz ou certeza moral: juiz é livre para apreciar a prova e não precisa fundamentar sua 
decisão. Vigora em nosso ordenamento, como exceção, no julgamento pelo Tribunal do Júri. 
Livre convencimento motivado do juiz ou persuasão racional: é o sistema adotado como regra pelo nosso 
Direito,conforme art. 155, caput, do Código de Processo Penal, conjugado com o art. 93, IX, da Constituição da 
República. 
Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias 
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação 
Art. 155, caput, do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em 
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos 
colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 
Prova emprestada. 
A maior parte da doutrina aponta para a necessidade de essa prova, quando encartada nos autos, passar 
pelo crivo do contraditório, sob pena de perder sua validade. Aponta-se ainda que ela não deve ser admitida 
em processo cujas partes não tenham figurado no processo do qual ela é oriunda. 
 
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- Liberdade de prova. 
No processo penal, somente no que diz respeito ao estado de pessoa é que se observará a restrição à 
prova, imposta pela lei civil (art. 155, parágrafo único, do CPP); isso quer dizer que um casamento se prova, 
também na esfera penal, pela certidão de casamento extraída dos assentos do Registro Civil das Pessoas 
Naturais. 
No mais, o processo penal brasileiro admite todo e qualquer meio de prova, ainda que não expressamente 
previsto em nosso Código. 
 
- Prova proibida. 
a) prova ilegítima: obtida com violação de regras de ordem processual. Exemplo: utilização de prova nova 
no plenário do júri, sem ter sido juntada aos autos com antecedência mínima de três dias, violando a regra 
contida no art. 479 do Código de Processo Penal. 
b) prova ilícita: obtida com violação a regras de direito material ou normas constitucionais. Notadamente, 
as garantias da pessoa, elencadas na Constituição da República, se violadas, gerarão prova ilícita, conforme 
preceitua o art. 5º, LVI, da própria Constituição. Exemplos: provas obtidas com violação do domicílio, mediante 
tortura, por meio de interceptação ilegal de comunicação. 
- Boa parte da doutrina admite a prova ilícita se for o único meio de provar a inocência do acusado no 
processo, pois estar-se-ia privilegiando bem maior do que o protegido pela norma, qual seja, a liberdade de um 
inocente. 
* Princípio da proporcionalidade, oriundo do Direito alemão, que busca estabelecer o equilíbrio entre 
garantias em conflito por meio da verificação de como um deles pode ser limitado no caso concreto, tendo em 
vista, basicamente, a menor lesividade. 
* Prova ilícita por derivação: aquela que é lícita se tida isoladamente, mas que por se originar de uma 
prova ilícita, contamina-se também de ilicitude (art. 157, § 1º, do CPP). É a aplicação da teoria fruits of poisonous 
tree, do Direito norte-americano, ou, “frutos da árvore envenenada”, cuja imagem traduz com bastante 
propriedade a idéia da prova ilícita: se a árvore é envenenada, seus frutos serão contaminados. 
Exceções: se não evidenciado o nexo de causalidade entre ela e a tida como ilícita, bem como se ela puder 
ser obtida por fonte independente da ilícita (art. 157, § 1º, do CPP). Considera-se fonte independente aquela 
que por si só, segundos os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou da instrução criminal, seria 
capaz de conduzir ao fato objeto de prova (art. 157, § 2º, do CPP). 
 
 
 
 
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- Meios de prova. 
- Perícia (arts. 158 a 184, do CPP) 
É o exame realizado por profissional com conhecimentos técnicos, a fim de auxiliar o julgador na 
formação de sua convicção. O laudo pericial é o documento elaborado pelos peritos, resultante do que foi 
examinado na perícia. 
A perícia pode ser realizada na fase de inquérito policial ou do processo, a qualquer dia e horário (art. 161 
do CPP), observando os peritos o prazo de dez dias para a elaboração do laudo, prorrogável em casos 
excepcionais (art. 160, parágrafo único, do CPP). A autoridade que determinar a perícia e as partes poderão 
oferecer quesitos até o ato. 
Deve ser realizada a perícia por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Poderão ser 
designados dois peritos, contudo, se a perícia for complexa, abrangendo mais de uma área de conhecimento 
especializado, nos termos do art. 159, § 7º, do CPP. Nota-se que tal designação é excepcional; a regra é a 
realização do exame por apenas um perito. 
Se não houver perito oficial, será elaborada a perícia por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de 
curso superior e, de preferência, com habilitação na área em que for realizado o exame (art. 159, § 1º, do CPP), 
as quais deverão prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo (art. 159, § 2º, do CPP). 
É facultado ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado de 
indicar assistente técnico, bem como oferecer quesitos (art. 159, § 4º, do CPP). Este deve ser admitido pelo juiz 
e atuará após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelo perito oficial, sendo as partes intimadas desta 
decisão (art. 159, § 4º, do CPP). 
Prevê ainda o Código, quanto às perícias, que as partes podem, durante o curso do processo judicial, 
conforme art. 159, § 5º, I. do CPP, requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem 
a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam 
encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo 
complementar. 
Se houver requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado 
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos 
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação (art. 159, § 6º, do CPP). 
Em caso de divergência entre dois peritos, o juiz nomeará um terceiro. Se este divergir também de ambos, 
determinará a realização de nova perícia (art. 180 do CPP). Se houver omissão ou falha, o juiz poderá 
determinar a realização de exame complementar (art. 181 do CPP). Se for necessária a realização de perícia por 
carta precatória, quem nomeia os peritos é o Juízo deprecado. Se for crime de ação penal privada e houver 
acordo entre as partes, a nomeação pode ser feita pelo Juízo deprecante (art. 177 do CPP). 
O juiz não está vinculado ao laudo elaborado pelos peritos, podendo julgar contrariamente às suas 
conclusões, desde que o faça fundamentadamente (art. 182 do CPP). Nosso Direito adotou, portanto, o sistema 
liberatório quanto à apreciação do laudo, em oposição ao sistema vinculatório, existente em outras legislações. 
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- Exame de corpo de delito. 
Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados pelo crime. 
O exame de corpo de delito, direto ou indireto, é indispensável nas infrações que deixam vestígios, não 
podendo supri-lo nem mesmo a confissão do acusado, nos termos do art. 158 do Código de Processo Penal. Se 
não for possível o exame direto, isto é, no próprio corpo do delito, admite-se a realização pela via indireta, por 
meio de elementos periféricos, como a análise de ficha clínica de paciente que foi atendido em hospital. 
Exceção: nos termos do art. 167 do Código de Processo Penal, se não for possívela realização do exame, 
por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
 
- Interrogatório (arts. 185 a 196 do CPP). 
Ato em que o acusado é ouvido sobre a imputação a ele dirigida. Tem dupla natureza jurídica ao 
interrogatório: é meio de prova, pois assim inserido no Código de Processo Penal e porque leva elemento de 
convicção ao julgador; é também meio de defesa, pois o interrogatório é o momento primordial para que o 
acusado possa exercer sua autodefesa, dizendo o que quiser e o que entender que lhe seja favorável, em relação 
à imputação que lhe pesa. 
O interrogatório é ato não preclusivo, isto é, pode ser realizado a qualquer tempo. É permitida também a 
renovação do ato a todo tempo, de ofício pelo juiz ou a pedido das partes (art. 196 do CPP). 
O acusado será interrogado sempre na presença de seu defensor. Se não tiver um, deve ser-lhe nomeado 
um defensor público ou um defensor dativo, nem que seja apenas para acompanhar o ato (ad hoc). Antes do 
interrogatório, o juiz deve assegurar o direito de entrevista reservada com seu defensor. Antes ainda de se 
iniciar o ato, o acusado deve ser alertado do seu direito ao silêncio, podendo se recusar a responder às perguntas 
que lhe forem formuladas, sem que isso seja utilizado em seu prejuízo (art. 5º, LXIII, da CF e art. 186 do CPP). 
A regra para o interrogatório do réu preso é ser ele realizado no estabelecimento prisional onde o acusado 
estiver recolhido, em sala própria, desde que seja garantida a segurança para os profissionais que ali estarão 
presentes e a publicidade do ato. 
Excepcionalmente, poderá o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou por requerimento das partes, 
realizar o interrogatório do réu preso por videoconferência ou sistema similar, desde que seja necessário para 
atender a uma das seguintes finalidades: 
a) prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização 
criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
b) viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu 
comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
c) impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o 
depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 do mesmo CPP; 
d) responder à gravíssima questão de ordem pública. 
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As partes devem ser intimadas da decisão que determina a realização do ato por videoconferência com 
antecedência de 10 dias. O acusado poderá assistir a todos os atos da audiência que antecedem seu 
interrogatório, devendo o juiz assegurar a comunicação entre ele e seu defensor através de canais telefônicos 
reservados. É prevista a participação de defensor dentro do presídio, ao lado do acusado, para zelar por seus 
interesses, estando assegurada, também, a comunicação entre este e o defensor do acusado que esteja na sala 
de audiências. 
Se não for possível a realização do interrogatório nas hipóteses anteriores, o réu preso será requisitado 
para ser interrogado em juízo. 
A participação do réu preso em outros atos processuais, como acareações, reconhecimento de pessoas e 
coisas, inquirição de testemunhas e oitiva da vítima dar-se-á com a observância das mesmas regras expostas 
para a realização do interrogatório por videoconferência. 
O interrogatório será dividido em duas partes. Na primeira, o juiz deverá inquirir o acusado a respeito de 
sua vida pessoal. Na segunda parte, o acusado será indagado sobre: 
a) ser verdadeira a acusação; 
b) não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa 
ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se esteve com elas antes da prática 
da infração ou depois dela; 
c) onde estava quando foi cometida a infração e se teve notícia desta; 
d) as provas já apuradas; 
e) se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas, ou por inquirir, desde quando e se tem o que alegar 
contra elas; 
f) se conhece o instrumento com que a infração foi praticada ou qualquer objeto que com esta se relacione 
e tenha sido apreendido; 
g) todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da 
infração; 
h) se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
Se o acusado negar a acusação, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas (art. 188 do CPP). Se, por 
outro lado, confessar a prática do crime, será indagado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras 
pessoas concorreram para a infração e quem são elas (art. 189 do CPP). 
As partes poderão, após a inquirição do juiz, pedir esclarecimentos. Se houver mais de um acusado, eles 
serão interrogados separadamente. 
Quanto ao interrogatório dos surdos-mudos, deve-se observar a seguinte forma (art. 192 do CPP): 
a) ao surdo serão apresentadas perguntas por escrito e as respostas serão orais; 
b) ao mudo, serão feitas perguntas orais e as respostas serão oferecidas por escrito; 
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c) ao surdo-mudo as perguntas e respostas serão por escrito. 
Se o interrogando não souber ler ou escrever, bem como se não falar a língua portuguesa, o interrogatório 
contará com a presença de intérprete. 
 
- Confissão (arts. 197 a 200 do CPP). 
Em termos genéricos, no campo do direito processual, a confissão é o reconhecimento realizado em 
Juízo, por uma das partes, a respeito da veracidade dos fatos que lhe são atribuídos e capazes de ocasionar-lhe 
consequências jurídicas desfavoráveis. No processo penal, pode ser conceituada, sinteticamente, como a 
expressão designativa da aceitação, pelo autor da prática criminosa, da realidade da imputação que lhe é feita. 
A confissão não é tida como prova de valor absoluto, de acordo com o art. 197 do Código de Processo 
Penal, a confissão deve ser avaliada em conjunto com os demais elementos de prova do processo, verificando-
se sua compatibilidade ou concordância com eles. 
A confissão ocorre costumeiramente no ato do interrogatório, mas nada impede que seja realizada em 
outro momento no curso do processo. Neste caso, deverá ser tomada por termo nos autos, conforme dispõe o 
art. 198 do Código de Processo Penal. Não existe confissão ficta no processo penal, ou seja, mesmo que o 
acusado não exerça a sua autodefesa, não se presumem verdadeiros os fatos a ele imputados. 
Estipula ainda o Código que a confissão será divisível, ou seja, o juiz pode aceitá-la apenas em parte, e 
será também retratável, isto é, o acusado pode voltar atrás na sua admissão de culpa. 
Costuma-se apontar duas espécies de confissão: 
a) simples, na qual o réu apenas reconhece a prática delituosa, sem qualquer elemento novo; 
b) qualificada, em que o réu reconhece que praticou o crime, mas alega algo em seu favor, como alguma 
causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade. 
 
- Declarações do ofendido (art. 201 do CPP). 
Sempre que possível o juiz deverá proceder à oitiva do ofendido, por ser ele pessoa apta, em muitos casos, 
a fornecer informações essenciais em relação ao fato criminoso. Regularmente intimado, se não comparecer 
poderá ser conduzido coercitivamente. 
Será ele indagado sobre as circunstâncias da infração, se sabe quem é o autor e quais as provas que pode 
indicar. 
Nos termos do Código, o ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída 
do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a 
mantenham ou modifiquem (art. 201, § 2º, do CPP). Referida comunicação será feita no endereço por eleindicado, ou, se for sua opção, por meio eletrônico (art. 201, § 3º, do CPP). 
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Cuida também o Código da proteção do ofendido, dispondo que antes do início da audiência e durante a 
sua realização, será reservado espaço separado para ele (art. 201, § 4º, do CPP), determinando, ainda, que o 
juiz tome as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, 
podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações 
constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação (art. 201, § 6º, do 
CPP). 
Caso o juiz entenda necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, 
especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, às custas do ofensor ou do Estado (art. 
201, § 5º, do CPP). 
 
- Testemunhas (arts. 202 a 225 do CPP). 
São as pessoas estranhas à relação jurídica processual, que narram fatos de que tenham conhecimento, 
acerca do objeto da causa. 
São características da prova testemunhal: 
a) oralidade: o depoimento é oral, não pode ser trazido por escrito, muito embora a lei permita a consulta 
a apontamentos, conforme o art. 204 do CPP; 
b) objetividade: a testemunha deve responder o que sabe a respeito dos fatos, sendo-lhe vedado emitir 
sua opinião a respeito da causa; 
c) retrospectividade: a testemunha depõe sobre fatos já ocorridos e não faz previsões. 
Estabelece o art. 202 do Código de Processo Penal que toda pessoa poderá ser testemunha. A essa regra 
geral, porém, correspondem algumas exceções. 
Estão dispensados de depor, o cônjuge, o ascendente, o descendente e os afins em linha reta do réu. Eles 
só serão obrigados a depor caso não seja possível, por outro modo, obter-se a prova (art. 206 do CPP). Neste 
caso, não se tomará deles o compromisso de dizer a verdade; eles serão ouvidos como informantes do Juízo. 
Também não se tomará o compromisso dos doentes mentais e das pessoas menores de 14 anos, conforme 
disposto no art. 208 do Código de Processo Penal. 
Estão proibidas de depor as pessoas que devam guardar sigilo em razão de função, ministério, ofício ou 
profissão, salvo se, desobrigadas pelo interessado, quiserem dar seu depoimento (art. 207 do CPP). 
Tecnicamente, testemunha é aquela pessoa que faz a promessa, sob o comando do juiz, de dizer a 
verdade sobre aquilo que lhe for perguntado, ou seja, a que assume o compromisso de dizer a verdade, sob 
pena de ser processada pelo crime de falso testemunho. As demais pessoas que venham a depor, sem prestar 
referido compromisso, conforme já adiantado anteriormente, são denominadas informantes do Juízo ou ainda 
declarantes. 
Na audiência, as testemunhas deverão ser ouvidas de per si, de modo que uma não ouça o depoimento 
da outra, para que não exista a possibilidade de influência. Fará ela a promessa de dizer a verdade sobre o que 
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lhe for perguntado, sob pena de ser processada por crime de falso testemunho. Se o juiz verificar que a presença 
do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo 
que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente se não for possível, 
determinará a retirada do réu da sala de audiências, permanecendo seu defensor. Tudo deverá constar do 
termo. 
A testemunha suspeita de parcialidade ou indigna de fé poderá ser contraditada, devendo o juiz, se for o 
caso, dispensar a testemunha ou ouvi-la como informante. As testemunhas que por doença ou idade não 
puderem locomover-se serão ouvidas onde estiverem (art. 220, do CPP). 
É permitida a oitiva de testemunha por carta precatória, de cuja expedição devem as partes ser intimadas. 
Tal expedição não suspende o andamento do processo, mesmo que ela seja devolvida depois do julgamento 
será juntada aos autos (art. 222 do CPP). 
Admite-se a inquirição de testemunhas que residam fora da área do juízo processante por 
videoconferência ou sistema similar, permitida a presença de defensor, podendo ocorrer, inclusive, durante a 
audiência de instrução e julgamento. 
O sistema anteriormente adotado pela lei processual para inquirição de testemunhas era o denominado 
presidencialista, onde a parte não pergunta diretamente à testemunha, mas formula a indagação ao 
magistrado, que repete a quem estiver depondo. Com a alteração promovida pela Lei n. 11.690/2008, a 
inquirição passou a ser feita de forma direta pelas partes, devendo o juiz interferir e não admitir as indagações 
que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já 
respondida. O juiz poderá complementar a inquirição se verificar que existem pontos não esclarecidos (art. 212 
do CPP). 
 
- Reconhecimento de pessoas e coisas (arts. 226 a 228). 
Procedimento: primeiro, a pessoa que vai fazer o reconhecimento deve descrever a pessoa que será 
reconhecida. Esta será, então, se possível, colocada ao lado de outras que, com ela, tenham semelhança, para 
que o reconhecedor possa apontá-la, tomando-se cuidado, se houver receio, para que uma não veja a outra. 
Entende-se que a semelhança deve ser física, não exatamente de fisionomia, o que poderia tornar impossível a 
realização do ato. Se forem várias as pessoas que irão fazer o reconhecimento, cada uma o fará em separado. 
Dispõe ainda a lei processual que, em Juízo ou em plenário de julgamento, não se aplica a providência de 
impedir que uma pessoa veja a outra no ato do reconhecimento. 
De tudo o que se passou, lavrar-se-á termo, assinado pela autoridade, pela pessoa chamada para efetuar 
o reconhecimento e por duas testemunhas. O mesmo procedimento deve ser observado no que diz respeito e 
no que couber ao reconhecimento de coisas que tiverem relação com o delito. 
 
 
 
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- Acareação (arts. 229 e 230 do CPP). 
É o ato processual em que se colocam frente a frente duas ou mais pessoas que fizeram declarações 
divergentes sobre o mesmo fato. Pode ser realizada entre acusados, entre acusado e testemunha, entre 
testemunhas, entre acusado ou testemunha e vítima, ou entre vítimas. 
É pressuposto essencial que as declarações já tenham sido prestadas, caso contrário não haveria 
possibilidade de se verificar ponto conflitante entre elas. O art. 230 do Código de Processo Penal dispõe sobre 
a acareação por carta precatória, na hipótese de um dos acareados residir fora da Comarca processante. 
 
- Documentos (arts. 231 a 238 do CPP). 
Nos termos do Código de Processo Penal, consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos 
ou papéis, públicos ou particulares (art. 232). Instrumento é o documento constituído especificamente para 
servir de prova para o ato ali representado, por exemplo, a procuração, que tem a finalidade de demonstrar a 
outorga de poderes. 
Os documentos podem ser: 
a) públicos: aqueles formados por agente público no exercício da função. Possuem presunção 
juris tantum (relativa) de autenticidade e veracidade; 
b) particulares: aqueles formados por particular. 
Em regra, os documentos podem ser juntados em qualquer fase do processo (art. 231 do CPP). Dispõe a 
lei processual, contudo, que não será permitida a juntada de documentos no Plenário do Júri, sem comunicar à 
outra parte com antecedência mínima de três dias úteis (art. 479 do CPP). Se o juiz tiver notícia da existência 
de documento referente a ponto relevante do processo, providenciará a sua juntada

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