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Noções de Direito Processual Penal 1 Inquérito policial. 1.1 Histórico, natureza, conceito, finalidade, características, fundamento, titularidade, grau de cognição, valor probatório, formas de instauração, notitia criminis, delatio criminis, procedimentos investigativos, indiciamento, garantias do investigado. 1.2 Conclusão, prazos. 2 Prova. 2.1 Exame do corpo de delito e perícias em geral. 2.2 Interrogatório do acusado. 2.3 Confissão. 2.4 Qualificação e oitiva do ofendido. 2.5 Testemunhas. 2.6 Reconhecimento de pessoas e coisas. 2.7 Acareação. 2.8 Documentos de prova. 2.9 Indícios. 2.10 Busca e apreensão para Agente da PCDF. Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 2 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Sumário SUMÁRIO..................................................................................................................................2 DIREITO PROCESSUAL PENAL.................................................................................................3 SÚMULAS ACERCA DO TEMA....................................................................................................33 QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR..........................................................................35 LISTA DE QUESTÕES.................................................................................................................70 GABARITO .................................................................................................................... ..............85 RESUMO DIRECIONADO............................................................................................................ 86 Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 3 de 94| www.direcaoconcursos.com.br DIREITO PROCESSUAL PENAL SISTEMAS PROCESSUAIS. Sistemas processuais a) Sistema Inquisitivo: adotado pelo direito canônico a partir do século XIII, esse sistema posteriormente se propagou por toda a Europa, sendo empregada até pelos tribunais civis até o século XVIII. Tem como principal característica o fato de as funções de acusar, defender e julgar encontrarem-se concentradas em uma única pessoa, assumindo as vestes, assim, de um juiz acusador, chamado de juiz inquisidor. Essa concentração de poderes nas mãos o juiz compromete, invariavelmente, a sua imparcialidade. De fato, há uma nítida incompatibilidade entre as funções de julgar e acusar. Afinal, o juiz que atua como acusador fica ligado psicologicamente ao resultado da demanda, perdendo a objetividade e a imparcialidade no julgamento. Em virtude dessa concentração de poderes nas mãos do juiz, não há falar em contraditório, o qual sequer é concebido em virtude da falta de contraposição entre acusação e defesa. Ademais, o acusado permanecia encarcerado preventivamente, sendo mantido incomunicável. Assim, é típico de sistemas ditatoriais, com processo judicial sigiloso, sem contraditório, reunindo na mesma pessoa as funções de acusar, defender e julgar. Observação: o inquérito policial é inquisitivo, mas não é imprescindível ao ajuizamento da ação penal (conteúdo informativo), aliás, não integra o processo penal propriamente dito (que só começa com o recebimento da ação penal), portanto não é exceção ao sistema acusatório. O juiz é dotado de ampla iniciativa probatória, tendo liberdade para determinar de ofício a colheita da prova, seja no curso das investigações, seja no curso do processo penal, independente de sua proposição pela acusação ou pelo acusado. A gestão das provas, assim, estava concentrada nas mãos do juiz que, a partir da prova do fato e tomando como parâmetro a lei, podia chegar à conclusão que quisesse. No sistema inquisitorial, o acusado é mero objeto do processo, não sendo considerado sujeito de direitos. b) Sistema Misto ou Francês: duas fases processuais distintas: a primeira fase é nitidamente inquisitiva, com instrução secreta e escrita, sem acusação e, por isso, sem contraditório. Nessa objetiva-se verificar a materialidade e autoria do fato. Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende e o juiz julga, vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 4 de 94| www.direcaoconcursos.com.br c) Sistema Acusatório (Brasil): Elementos que compõem o Sistema Acusatório: 1. Elemento único: onde há a separação entre acusador e julgador. 2. Tipos ideais (ou seja, onde só há elementos positivos): sistema formado pela imparcialidade judicial, igualdade entre as partes, princípios da oralidade, publicidade, contraditório, ampla defesa, etc. 3. Teoria da Gestão da Prova: sistema acusatório é aquele em que há a inércia judicial na fase probatória Esta é a teoria adota pela PUCRS e IBCCRIM. 4. Teoria dos Elementos Fixos: sistema acusatório é aquele em que há a imprescindibilidade de um acusador diferente do juiz (= princípio acusatório), e onde o processo só se inicia com o ajuizamento da acusação. Segundo o Doutor Mauro Fonseca Andrade, no Livro: Sistemas Processuais Penais e seus Princípios Reitores. 2ª ed. Curitiba: Juruá, 2013. O STF ora se refere ao primeiro conceito, ora se refere ao segundo conceito. Ele também afirma que o sistema acusatório é o vigente no Brasil, embora não haja qualquer disposição expressa nesse sentido. É por isso que ele se posiciona pelo sistema acusatório a partir de uma visão global de nosso ordenamento constitucional e infraconstitucional. Entretanto, o STF se contradiz algumas vezes, ao admitir a investigação criminal presidida por juízes, que somente existe nos sistemas misto e inquisitivo. Exemplos de investigação presidida por juízes: artigo 307, parte final do CPP (juiz lavrando auto de prisão em flagrante), Presidente do STF presidindo investigação relacionada aos crimes praticados nas dependências do STF, Poder Judiciário presidindo crimes praticados por magistrados. INQUÉRITO POLICIAL: NATUREZA, INÍCIO E DINÂMICA. - Investigação Preliminar: Qual o conceito de inquérito policial? É o procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, com o objetivo de identificar fontes de prova e colher elementos de informação quanto à autoria e a materialidade da infração penal, a fim de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 5 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Qual a natureza jurídica do inquérito policial? - É um procedimento administrativo, pois dele não resulta, ao menos diretamente, nenhuma sanção, ou seja, não é um processo judicial nem um processo administrativo. - É inquisitório, ou seja, não está sujeito ao contraditório e à ampla defesa. Não é obrigatória a observância. Mas e o art. 7º, inciso XXI,”a”, Lei 8906? Mesmo após o advento da Lei 13245/16, pode-se dizer que não se sujeita ao contraditório e à ampla defesa, pois a CF é muito clara no inciso LV do art. 5º quando fala em “acusados em geral”, referindo-se, portanto, ao processo judicial (torna-se acusado quando é denunciado e a denúncia é recebida), e “processo judicial e administrativo”. “Art. 7º São direitos do advogado: XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo,inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)” - É presidido pela autoridade policial - art. 2º da lei 12830/13. “Art. 2º, CPP: As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. § 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais. § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. § 3º (VETADO). § 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. § 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado. § 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.” - Natureza do Crime e Atribuição para as Investigações: - Crime militar da competência da Justiça Militar da União: Forças Armadas, por meio de um Inquérito Policial Militar. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 6 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Crime militar da competência da Justiça Militar Estadual: Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros. - Crime eleitoral: Polícia Federal, em regra. Se não houver delegacia da PF na cidade, não tem problema, pois, segundo o TSE não há óbice a que as investigações sejam levadas a efeito pela Polícia Civil. - Crime “federal” (CF, art. 109, IV e ss.): Polícia Federal. - Crime comum da competência da Justiça Estadual: em regra, é a Polícia Civil. Obs.: a PF também pode investigar, desde que o crime seja dotado de repercussão interestadual ou internacional, de acordo com a CF (art. 144, § 1º) e a Lei 10446/02 (além de todos os crimes citados na lei, a PF também pode investigar o crime de terrorismo, de acordo com o art. 11 da Lei 13260/16). - Objetiva identificar fontes de prova e colher elementos de informação acerca da materialidade e da autoria da infração penal, com o objetivo de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. Isso é o que chamamos de justa causa, que significa a existência de lastro probatório mínimo indispensável para o início de um processo. Além disso, o inquérito policial tem a função de fundamentar eventuais medidas cautelares, como buscas e apreensões, prisões, medidas cautelares pessoais e patrimoniais, etc. - Quais as características do inquérito policial? – CAI MUITO EM PROVA!!! 1) Procedimento escrito: art. 9º, do CPP. O inquérito policial pode ser gravado? Art. 405, § 1º, CPP: “Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações”. 2) Procedimento dispensável: art. 39, § 5º, CPP - O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. 3) Procedimento sigiloso: art. 2º, CPP. E o Princípio da Publicidade (art. 93, IX, CF = “todos os atos PROCESSUAIS serão públicos”)? Como já foi dito, IP não é processo. É procedimento, por isso que não há falar em absoluta aplicação do princípio da publicidade às investigações. A publicidade prejudica o trabalho investigatório, colocando em risco a coleta das fontes de prova. - Em regra, o sigilo deve valer para o inquérito policial. Exceção: em algumas hipóteses, a publicidade pode ser útil para as investigações. Ex.: retrato falado. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 7 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Quem tem acesso ao procedimento investigatório? Juiz, MP. E o advogado? A CF assegura a todos nós a assistência de advogado (art. 5º, LXIII, CF = fala em preso, mas deve-se ler “imputado”, preso ou solto = máxima eficácia). Além disso, o EOAB prevê no inciso XIV do art. 7º: “XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital”. Ademais, a Súmula Vinculante nº 14 do STF dispõe que “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. - Qual a amplitude do acesso do advogado aos autos da investigação preliminar? Processo penal precisa ter equilíbrio. O acesso do advogado diz respeito às diligências já documentadas em procedimento investigatório, mas esse acesso não poderá abranger diligências ainda em andamento. - EOAB, § 11º do art. 7º: “§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)”. - Da necessidade de procuração: § 10º do EOAB = em regra, não precisa. Exceção: autos sujeitos sigilo. Ex.: art. 234-B (crimes sexuais); interceptações telefônicas. - Consequências da negativa de acesso aos autos da investigação preliminar e instrumentos processuais a serem utilizados pelo defensor: se o delegado ou se o promotor se negarem a franquear o acesso, poderá caracterizar abuso de autoridade. O EOAB reforça isso. Assim, o advogado pode ingressar com uma petição dirigida ao juiz. Se ele também negar o acesso, pode-se imaginar em uma Reclamação Constitucional ao STF. O ideal seria impetrar um MS perante o TJ (o juiz como autoridade coatora). Não se descarta a possibilidade de HC, desde que a investigação verse sobre infração penal a qual tenha sido prevista a aplicação de pena privativa de liberdade. EOAB, art. 7º, § 12. § 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) - Des(necessidade) de autorização judicial para o acesso do advogado aos autos da investigação preliminar: em regra, não é necessária autorização. Exceção: Lei das Organizações Criminosas = o sigilo será decretado pelo próprio juiz. Art. 23 da Lei 12850/13. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 8 de 94| www.direcaoconcursos.com.br 4) Procedimento inquisitorial: o que significa não haver devido processo legal, cujos desdobramentos são ampla defesa e contraditório. 5) Procedimentodiscricionário: discricionariedade significa liberdade de atuação dentro dos limites legais. O delegado tem discricionariedade para ouvir testemunhas, para deixar o interrogatório no começo ou no final, etc. Isso não significa arbitrariedade, que é agir ao arrepio da lei. - As pessoas podem pedir diligências? Sim. Art. 14 do CPP. Serão realizadas ou não a juízo da autoridade. - As diligências podem ser requisitadas pelo investigado? Não. A alínea "b" do inciso XXI do art. 7º do EOAB foi vetada. - Discricionariedade do delegado não afasta eventuais requisições ministeriais. Esse poder do MP deriva da própria CF, art. 129, inciso VIII. O delegado é obrigado a atendê-las, desde que sejam pertinentes (não há hierarquia entre MP e Polícia. O delegado as atende por conta do Princípio da Obrigatoriedade = crime de ação penal pública = o aparato estatal é obrigado a agir). Ele não é obrigado quando forem ilegais. - O art. 2º, § 3º, da Lei 12830/13, que dizia que o delegado conduziria a investigação de acordo com o seu livre convencimento técnico jurídico, com isenção e imparcialidade, foi VETADO. A redação dava a impressão de que o delegado não seria obrigado a atender as requisições ministeriais e de que apenas a polícia poderia investigar. 6) Procedimento indisponível: o inquérito não pode ser arquivado pelo próprio delegado de polícia. Só pode ser arquivado por meio de promoção do MP e posterior homologação pela autoridade judiciária. Art. 17 do CPP. 7) Procedimento temporário: não pode durar para sempre. - Quando se trata de investigado preso, o prazo para conclusão do inquérito é de 10 dias. Improrrogável. - Quando se trata de investigado solto, o prazo para conclusão é de 30 dias. Prorrogável de maneira sucessiva. - A jurisprudência moderna vem dizendo que ao inquérito também se aplica a Garantia da Razoável Duração do Processo (STJ, HC 96666/MA) - pergunta já feita em prova objetiva. - O que é “notitia criminis”? É o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato delituoso. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 9 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Espécies: 1) De cognição imediata (espontânea): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de suas atividades rotineiras. 2) De cognição mediata (provocada): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de um expediente escrito (que pode ser, inclusive, uma requisição ministerial). Cuidado: o CPP diz, no art. 5º, que o juiz poderia requisitar a instauração = incompatível com o Sistema Acusatório e com a garantia da imparcialidade. O ideal é concluir que, como juiz, deve dar vista ao MP, deixando nas mãos do MP a requisição do inquérito policial. 3) De cognição coercitiva: a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação de indivíduo preso em flagrante. 4) A doutrina também faz referência à “Notitia Criminis” inqualificada (o que significa denúncia anônima): posso instaurar um IP com base em uma denúncia anônima? A CF dispõe que é vedado o anonimato. A doutrina e a jurisprudência entendem que a denúncia anônima, por si só, não pode dar ensejo à instauração de um IP. No entanto, será efetuada uma averiguação preliminar. Se houver procedência, o IP poderá ser instaurado (HC 95244, STF). - Identificação criminal. Abrange pelo menos três espécies de identificação. É gênero, do qual são espécies: 1) Identificação Fotográfica: feita por meio de fotografias de frente, tamanho 3x4. Não é um método seguro, pois a fisionomia vai mudando com o tempo, além disso as fotografias podem ser manipuladas. 2) Identificação Datiloscópica: coleta de impressões digitais. É segura, pois a digital é imutável. Mário Sérgio Sobrinho diz que as impressões digitais começam a ser formadas no terceiro mês de gestação e vão com o ser humano até depois de sua morte (até o cadáver entrar em estado de putrefação). 3) Identificação do Perfil Genético: introduzida recentemente pela Lei 12654/12. Por meio da coleta e realização de exames de DNA, é praticamente impossível que uma pessoa seja confundida com outra. A coleta deve ser feita à luz do Princípio da Não-Autoincriminação (não se pode amarrar a pessoa para coletar sangue, por ex.). - Pode ser feita a identificação de todo e qualquer indivíduo? Art. 5º, LVIII: “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. Conclusão 1: se o indivíduo não se identificar civilmente pode ser submetido à identificação criminal. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 10 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Conclusão 2: ainda que identificado civilmente, pode ser submetido à identificação criminal nas hipóteses previstas em lei. Trata-se da Lei 12037/09. - Hipóteses em que pode ocorrer identificação criminal independentemente de anterior identificação civil: Documento com rasura ou indício de falsificação; Documento insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; O indivíduo portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes; A identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho de autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa. - Obs.: o inciso IV é o único que exige autorização judicial! O ideal é defender que o juiz não pode agir de ofício nas investigações preliminares. Constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; O estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade de expedição do documento impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. - Identificação do Perfil Genético: a Lei 12.654/12 alterou a Lei 12.037/09 e a Lei de Execuções Penais. O art. 5º, parágrafo único, foi incluído pela Lei. Dispõe que, na hipótese do inciso IV (“a identificação criminal for essencial às investigações”), a identificação criminal poderá incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético. Assim, a coleta de material biológico necessita de autorização judicial. Pode ser feita em relação a todo e qualquer delito, desde que se encaixe ao que dispõe o inciso IV. - Não confundir a identificação do perfil genético, que foi incluída na lei 12037, com a que foi introduzida na Lei de Execução Penal (art. 9º-A). 1) na LEP a identificação do perfil genético NÃO depende de autorização judicial, é compulsória; 2) na LEP o indivíduo deverá ter sido condenado, o crime deverá ser doloso, deverá ter havido violência de natureza grave contra a pessoa ou o crime deverá ter sido hediondo (= rol taxativo de delitos). - Existe incomunicabilidade? Prevalece na doutrina o entendimento de que o art. 21 do CPP não foi recepcionado pela ordem constitucional vigente. Forte argumento nesse sentido é encontrado no art. 136, § 3°, inc. IV, da Constituição Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 11 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Federal, que veda a incomunicabilidade do preso até mesmo na vigência do estado de defesa, que importa uma situação excepcional, cuja decretação é cabível quando a ordem pública ou a paz social estiverem ameaçadas “por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza”, segundo o texto constitucional. Além disso, o art. 5°, inc. LXII da Carta assegura que “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”. Como seria possível coexistirem a restriçãoà comunicação externa e o direito de comunicação, do preso, com a família e com o advogado? Isso explica o fato de o instituto da incomunicabilidade, nos dias de hoje, ter caído no mais absoluto esquecimento (Rogério Sanches). - O que é indiciamento? Consiste em atribuir a alguém a autoria ou a participação em determinada infração penal. A partir do momento em que se é indiciado, ganha-se um status de indiciado (suspeito -> investigado -> indiciado) e uma estigmatização perante a sociedade. - Momento para o indiciamento. Pode ser feito apenas na fase investigatória. Em tese, já se pode indiciar na própria lavratura do auto de prisão em flagrante até o momento da elaboração do relatório. Recebida a denúncia, não é mais possível fazer o indiciamento (STJ, HC 182455). - Quais os pressupostos? Prova da existência do delito; Indícios de autoria ou de participação. - De quem é a atribuição? É privativa do delegado de polícia. Não pode ser objeto de requisição do juiz ou do Ministério Público (Lei 12.830/13, art. 2º, § 6º). - Sujeito Passivo: quem pode ser indiciado? Em regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. - Exceções: 1) Membros do MP e Magistratura = existe vedação legal expressa. Se houver indícios da prática de delitos por parte de tais autoridades, os autos da investigação, de imediato, deverão ser Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 12 de 94| www.direcaoconcursos.com.br encaminhados ao Presidente do Tribunal ou ao Procurador-Geral para que as investigações tenham prosseguimento. 2) Autoridades dotadas de foro por prerrogativa de função: STF entendeu que eventual indiciamento (e até mesmo as investigações) depende de prévia autorização Ministro-Relator do tribunal competente. Portanto, se a investigação contra titular de foro por prerrogativa de função for levada adiante sem a supervisão do Tribunal competente, os elementos de informação obtidos pela autoridade policial devem ser considerados ilícitos. Nesse contexto: STF, Pleno, Inq. 2842/DF. Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) - Conclusão do inquérito policial. Prazo para a conclusão do IP: art. 10, do CPP. Se preso: 10 dias, improrrogáveis, Obs.: qual a consequência se ultrapassar o prazo de 10 dias? Segundo a jurisprudência, a contagem do prazo é feita de maneira global. Não se conta um prazo de maneira individualizada. Os dias de excesso podem ser compensados ao longo da instrução processual. Se solto: 30 dias, prorrogáveis. - Natureza Jurídica do Prazo: penal ou processual? Se for penal, o dia de início é incluído no cômputo e é fatal e improrrogável. Se for processual, exclui-se o dia de início e é prorrogável até o próximo dia útil. Alguns doutrinadores defendem que, quando o indivíduo está preso, o prazo é de natureza penal (Nucci). Renato Brasileiro não concorda. Segundo ele, não se pode confundir o prazo de prisão com o prazo do inquérito. Para ele, o ideal é entender que o prazo de prisão é de natureza penal, mas o prazo para a conclusão do inquérito é de natureza processual penal, ainda que o indivíduo esteja preso. - Relatório da autoridade policial. Peça de caráter descritivo, em que o Delegado de Polícia descreve as principais diligências realizadas na fase investigatória. Não é uma peça obrigatória. A denúncia poderá ser oferecida independentemente dele. Em tese, o delegado não deve fazer um juízo de valor. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 13 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Exceção: Lei de Drogas – Lei 11.343/06 “Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou II - requererá sua devolução para a realização de diligências necessárias (...)” - Quem são os destinatários dos autos do inquérito policial? - De acordo com o CPP, concluído o IP, deverão os autos ser encaminhados ao juiz competente (art. 10, § 1º). Por essa razão, nos últimos anos, resoluções, portarias e provimentos dos próprios tribunais têm retirado a tramitação polícia -> poder judiciário, estabelecendo uma tramitação direta entre polícia -> MP, salvo se houver necessidade de intervenção do judiciário. Ex.: se o réu estiver preso, tem que passar pelo juiz para marcar a audiência de custódia; se tem necessidade de uma medida de busca domiciliar, tem que passar pelo juiz. Problema: o assunto começou a chegar nos tribunais superiores e cada um entende de uma forma. - Quais as providências a serem adotadas pelo Ministério Público ao ter vista dos autos do Inquérito Policial? - Pode ser que o crime investigado seja de ação penal privada = promotor deverá encaminhar os autos ao juiz, para que se aguarde iniciativa do ofendido. - Se o crime for de ação penal pública, o promotor poderá agir nos seguintes sentidos: 1) Oferecimento de denúncia; 2) Promoção de arquivamento; 3) Requisição de diligências (as requisições de diligências deverão ser feitas diretamente ao Delegado de Polícia, salvo quando houver necessidade de intervenção judicial); 4) Declinação da competência = o promotor pode entender que o juízo perante o qual atua não tem competência para o julgamento daquela demanda. Pedirá, então, para que o juiz decline da competência. Ex.: crime de moeda falsa = competência da Justiça Federal = pedido de declinação da competência dirigido ao juiz. Obs.: não confundir a declinação da competência (que é a primeira manifestação no sentido da incompetência do juízo) com o conflito de Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 14 de 94| www.direcaoconcursos.com.br competência (outra autoridade jurisdicional já terá se manifestado no sentido da incompetência), que será analisado no próximo item. 5) Suscitação de Conflito de Competência = ex.: seguindo o exemplo anterior, o procurador da república recebe os autos e entende que não é crime de moeda falsa, pois se trata de falsificação grosseira e, segundo a Súmula 73 do STJ, pode tipificar o crime de estelionato, de competência da Justiça Estadual. O Juiz Federal, no entanto, não poderá declinar de novo da competência, pois o Juiz Estadual já havia se pronunciado no sentido da sua incompetência. Agora, como já houve prévia manifestação da JE, o Juiz Federal deverá, provavelmente a pedido do MPF, suscitar conflito de competência = conflito entre dois ou mais órgãos jurisdicionais quanto à competência. Até quando o conflito de competência pode ser suscitado? Atenção para o limite temporal previsto na Súmula 59 do STJ = não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado proferida por um dos juízos conflitantes. Quem é competente para decidir o conflito de competência? Basta subir na hierarquia do Poder Judiciário e encontrar um órgão jurisdicional superior que seja comum aos dois juízos conflitantes. Exemplos: Juiz da Comarca de Cabo Frio/RJ x TJ/RJ: não há conflito, pois aquele está subordinado a este. Juiz Federal do MS x Juiz Federal de SP: TRF da 3ª Região. Juiz de Direito do JECRIM/BH x Juiz de Direito da Vara Criminal/BH: TJ/MG (Súmula 428/STJ - “Competeao Tribunal Regional Federal decidir os conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da mesma seção judiciária”). Juiz de Direito da Vara Criminal/RS x Juiz de Direito do Juízo Militar/RS: STJ, pois aquele está subordinado ao TJ/RS; este, ao TJM/RS (obs.: TJM só tem em MG, SP e RS. Se o exemplo trouxesse um estado que não tem tribunal militar, a resposta seria diferente. Ex.: Juiz de Direito da Vara Criminal do ES x Juiz de Direito do Juízo Militar/ES: quem apreciará o conflito será o TJ/ES). - Não confundir conflito de competência (envolve autoridades judiciárias) e conflito de atribuições (envolve autoridades administrativas, como Polícia e MP. É o que se estabelece entre dois ou mais órgãos do MP que possuem responsabilidade ativa para a persecução penal. Há quem chame de “conflito virtual de competência” = todo promotor acaba atuando perante determinado juízo. Se há promotores em conflito, significa que virtualmente há um conflito de competência). Quem decide o conflito de atribuições? Exemplos: MP/RR x MP/RR: Procurador-Geral de Justiça de Roraima. MPF/BA x MPF/PE: Câmara de Coordenação e Revisão do MPF. MPM x MPF: Procurador-Geral da República (como chefe do MPU). Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 15 de 94| www.direcaoconcursos.com.br MPF/RS x MP/SC: Procurador-Geral da República (STF, ACO 924). Obs.: Renato Brasileiro não concorda, pois o PGR não é superior hierárquico em relação aos MP dos Estados, pois é chefe do MP da União. - Arquivamento do inquérito policial. - Apesar de haver Súmula do STF dizendo que se trata de mero despacho, a doutrina entende que se trata de DECISÃO JUDICIAL (é capaz de produzir coisa julgada, seja formal, seja material) CONSENSUAL (pois, num primeiro momento, haverá um pedido do MP, denominado de “promoção de arquivamento”, que será levado à apreciação do juiz). - O arquivamento do IP é uma decisão judicial, muito embora ainda não haja um processo judicial em curso. Ele depende de pedido de promoção de arquivamento feito pelo MP, que será apreciado pelo juiz. - Não pode ser determinado de ofício pela autoridade judiciária. (é necessária a promoção de arquivamento), nem mesmo em se tratando de processo de competência originária dos tribunais. STF, Pleno, Inq. 2913 AgR/MT. INQUÉRITO. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. PARLAMENTAR. NOMEAÇÃO DE FUNCIONÁRIO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÕES INCOMPATÍVEIS COM O CARGO EM COMISSÃO OCUPADO. POSSIBILIDADE, EM TESE, DE CONFIGURAÇÃO DO CRIME DE PECULATO DESVIO (ART. 312, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO DE OFÍCIO, SEM OITIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE. PRINCÍPIO ACUSATÓRIO. DOUTRINA. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO E PROVIDO. 1. O sistema processual penal acusatório, mormente na fase pré-processual, reclama deva ser o juiz apenas um “magistrado de garantias”, mercê da inércia que se exige do Judiciário enquanto ainda não formada a opinio delicti do Ministério Público. 2. A doutrina do tema é uníssona no sentido de que, verbis: “Um processo penal justo (ou seja, um due process of law processual penal), instrumento garantístico que é, deve promover a separação entre as funções de acusar, defender e julgar, como forma de respeito à condição humana do sujeito passivo, e este mandado de otimização é não só o fator que dá unidade aos princípios hierarquicamente inferiores do microssistema (contraditório, isonomia, imparcialidade, inércia), como também informa e vincula a interpretação das regras infraconstitucionais.” (BODART, Bruno Vinícius Da Rós. Inquérito Policial, Democracia e Constituição: Modificando Paradigmas. Revista eletrônica de direito processual, v. 3, p. 125-136, 2009). 3. Deveras, mesmo nos inquéritos relativos a autoridades com foro por prerrogativa de função, é do Ministério Público o mister de conduzir o procedimento preliminar, de modo a formar adequadamente o seu convencimento a respeito da autoria e materialidade do delito, atuando o Judiciário apenas quando provocado e limitando-se a coibir ilegalidades manifestas. 4. In casu: (i) inquérito destinado a apurar a conduta de parlamentar, supostamente delituosa, foi arquivado de ofício pelo i. Relator, sem prévia audiência do Ministério Público; (ii) não se afigura atípica, em tese, a conduta de Deputado Federal que nomeia funcionário para cargo em comissão de natureza absolutamente distinta das funções efetivamente exercidas, havendo juízo de possibilidade da configuração do crime de peculato-desvio (art. 312, caput, do Código Penal). 5. O trancamento do inquérito policial deve ser reservado apenas para situações excepcionalíssimas, nas quais não seja possível, sequer em tese, vislumbrar a ocorrência de delito a partir dos fatos investigados. Precedentes (RHC 96713, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 07/12/2010; HC 103725, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 14/12/2010; HC 106314, Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 16 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 21/06/2011; RHC 100961, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 06/04/2010). 6. Agravo Regimental conhecido e provido. - Fundamentos para o arquivamento: a lei não fala de forma expressa, mas sim de maneira implícita, pois, segundo a doutrina, os fundamentos podem ser extraídos de dois dispositivos do CPP: arts. 395, incisos II e III, e 397. “Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). = JUSTA CAUSA = LASTRO PROBATÓRIO.” “Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; = O INIMPUTÁVEL DEVE SER DENUNCIADO E AO FINAL SER ABSOLVIDO DE FORMA IMPRÓPRIA. III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou = ATIPICIDADE FORMAL OU MATERIAL (ex.: Princípio da Insignificância) IV- extinta a punibilidade do agente. - Coisa Julgada na Decisão de Arquivamento: Haverá coisa julgada formal quando visualizarmos que a decisão de arquivamento apresentou fundamento de natureza processual (art. 395). Em tese, é possível o desarquivamento. Ex.: estupro = vítima representou e se retratou = arquivamento do IP por ausência de condição. Vítima volta atrás e resolve apresentar representar. A condição que estava ausente, passou a se fazer presente = desarquivamento. Haverá coisa julgada material quando visualizarmos que a decisão de arquivamento apresentou fundamento de mérito (art. 397). Não será mais possível o desarquivamento. - Desarquivamento do IP e Oferecimento de Denúncia: Desarquivamento nada mais é do que a reabertura das investigações. Pressuposto básico: notícia de provas novas. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 17 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Oferecimento da Denúncia: precisará, efetivamente, de provas novas = capazes de alterar o contexto probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento. Súmula 524 do STF (“Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas”). Podem ser: Formalmente Novas (já eram conhecidas, mas agora ganharão uma nova versão.Ex.: testemunha que havia prestado depoimento resolve mudar a versão) e Substancialmente Novas (eram desconhecidas pelo Estado, mas agora foram encontradas). - Como é o procedimento de arquivamento na Justiça Estadual? Art. 28 do CPP: O promotor apresenta uma promoção de arquivamento ao juiz. Se o juiz não concordar, manda para p Procurador-Geral de Justiça que poderá: 1) Requisitar diligências; 2) Oferecer denúncia (ele mesmo ou designa outro órgão do MP para oferecer = não pode ser o mesmo promotor que fez a promoção, sob pena de violação à independência funcional. Há duas correntes quanto à obrigatoriedade de o outro órgão oferecer: uma sustenta que o promotor não é obrigado, valendo- se da independência funcional; outra, que prevalece, defende que ele é obrigado, pois atua por delegação, como “longa manus” do PGJ); 3) Insistir no arquivamento do IP (caso em que o juiz está obrigado a arquivar). - O que é Arquivamento Implícito? Ocorre quando o MP deixa de incluir na denúncia algum fato delituoso ou algum investigado, sem se manifestar expressamente sobre o arquivamento. Assim, o promotor oferece denúncia e deixa de fazer uma promoção de arquivamento em relação a um fato (arquivamento implícito objetivo) ou um investigado (arquivamento implícito subjetivo) não incluído na denúncia. Não é admitido pela doutrina e pela jurisprudência, pois todas as manifestações ministeriais devem ser fundamentadas. Se o MP não se manifestar sobre algum fato ou algum investigado, o juiz deve devolver os autos para que o promotor se pronuncie quanto a isso. Se ele não fizer nada, deverá aplicar o art. 28, remetendo os autos ao PGJ (STF, RHC 95141). - O que é Arquivamento Indireto? Ocorre quando o promotor de justiça deixa de oferecer denúncia por entender que o órgão jurisdicional perante o qual atua não tem competência para o julgamento do feito. Ex.: promotor recebe os autos do IP e se manifesta no sentido da declinação da competência. A declinação da competência vai para as mãos do juiz, que não concorda e considera improcedentes as razões invocadas. O juiz não pode obrigar o promotor a oferecer a denúncia, razão pela qual deverá aplicar o art. 28 do CPP (STJ, CAT 225/MG). Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 18 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Cabe recurso da decisão de arquivamento? Em regra, a decisão judicial de arquivamento é irrecorrível. NÃO cabe ação penal privada subsidiária da pública. - Arquivamento Determinado por Juízo Absolutamente Incompetente. Produz coisa julgada, formal e/ou material, a depender de seu fundamento. STF, HC 83346. - Trancamento (ou encerramento anômalo) do inquérito policial. Trata-se de medida de força que acarreta a extinção prematura das investigações quando a mera tramitação do inquérito configurar constrangimento ilegal. Hipóteses autorizadoras: 1) Atipicidade, seja formal, seja material; 2) Causas extintivas da punibilidade; 3) Instauração de inquérito em crime de ação penal privada ou pública condicionada sem a manifestação do ofendido. - Qual o instrumento adequado? O HC só pode ser manejado quando houver risco ou ameaça à liberdade de locomoção. Se à infração penal não for cominada pena privativa de liberdade, não haverá risco à liberdade de locomoção, será cabível Mandado de Segurança (ex.: art. 28 da Lei de Drogas). - O Procedimento Policial nos Juizados Especiais Criminais. Termo Circunstanciado (de Ocorrência): é uma novidade trazida pela Lei 9099/95. Ideia de celeridade e economia também na fase investigatória. Em regra, deixa-se de lado o inquérito policial, que é substituído por algo mais simples, o TC. Pode instaurar o IP se o caso for de maior complexidade. Não há óbice à instauração do IP. Conceito: trata-se de um relatório sumário da Infração de Menor Potencial Ofensivo (IMPO), contendo a identificação das partes envolvidas, a menção à infração praticada, bem como todos os dados básicos e fundamentais que possibilitem a perfeita individualização dos fatos, a indicação das provas, visando à formação da “opinio delicti” pelo titular da ação penal. Previsão legal: art. 69 da Lei. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 19 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Situação de Flagrante e IMPO (parágrafo único do art. 69, Lei 9.099/95): 1) A pessoa será capturada; 2) Depois vai haver a condução coercitiva; 3) Caso se tratasse de crime comum, em tese, deveria haver a lavratura de auto de prisão em flagrante (APF). Todavia, em se tratando de IMPO, ao invés de lavrar o APF, lavra-se o TC e a pessoa vai embora; 4) A lavratura do TC está condicionada ao fato de o indivíduo ser imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer. E se a pessoa não quiser assumir o compromisso de comparecer? Lavrar-se-á o APF = e, provavelmente, pagará fiança arbitrada pelo próprio delegado. - Fase Preliminar dos Juizados Especiais Criminais. 1) Composição Civil dos Danos: art. 74 da Lei 9099. O parágrafo único fala somente da ação penal privada e a ação pública condicionada à representação (renúncia ao direito de queixa ou representação = com a homologação do acordo pelo juiz, e não com o pagamento). E se o acordo foi homologado e não houver pagamento? Como houve renúncia ao direito, houve extinção da punibilidade. O máximo que poderá ser feito é buscar a execução do título. E nos casos de ação pública incondicionada? Também admitem a composição dos danos civis. A Lei 9099 não prevê nenhum benefício, mas podemos pensar na figura do arrependimento posterior do CP (art. 16 = até o recebimento da denúncia). 2) Oferecimento da representação: art. 75 da Lei. Oferecida em uma audiência preliminar, caso não obtida a composição dos danos civis. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica decadência do direito. O fato de a vítima não ter comparecido para oferecer representação não implica decadência. Isso só ocorrerá no prazo previsto em lei = qual seria? Há quem diga que o prazo seria de 30 dias (pois é o previsto no art. 91 da Lei). Não é a melhor orientação, pois tal prazo foi criado exclusivamente para os processos que já estavam em andamento. A maioria da doutrina diz que é o prazo do art. 38 do CPP = prazo decadencial de 06 meses, a partir do conhecimento da autoria. 3) Transação Penal: art. 76 da Lei. Aplicação imediata de Pena Restritiva de Direitos (PRD) ou MULTA (não importará em reincidência, sendo registrada para impedir novo benefício no prazo de 05 anos). Conceito: é um acordo celebrado entre o titular da ação penal e o autor do delito de menor potencial ofensivo, sempre assistido por seu defensor, objetivando a aplicação imediata de PRD OU MULTA, evitando- se, assim, a instauração do processo. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 20 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Não gera reincidência. Não gera efeitos civis = não estamos diante de sentença condenatória transitada em julgado como requer o CPP. Espécie de mitigação ao Princípio da Obrigatoriedade (art. 24 do CPP): quando o indivíduo preencher os requisitos, o MP não estaria obrigado a oferecer denúncia. - Quais os requisitos? Ser um infração de menor potencial ofensivo (IMPO); não ser caso de arquivamento do termo circunstanciado; não ter sido o autor da infração condenado pela prática de CRIME à PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE por SENTENÇA DEFINITIVA (transitada em julgado); não ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de 05 anos, pela transação penal; antecedentes, conduta social, personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias do delito favoráveisao agente. - Legitimidade para oferecimento da proposta de transação: quem pode propor a transação penal? A proposta de transação penal não pode ser concedida “ex officio” pelo juiz. O art. 76, “caput”, fala em “havendo representação (ação penal pública condicionada) ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada” = só faz referência à ação penal pública e Ministério Público. - Recusa injustificada por parte do titular da ação penal em oferecer proposta de transação penal. conforme já referido, o juiz não pode “ex officio”. Se a recusa for por parte do ofendido nos crimes de ação penal privada, não há nada a fazer (Princípios da Disponibilidade e Oportunidade). Se a recusa for por parte do MP nos crimes de ação penal pública, aplica-se o art. 28 do CPP (Princípio da Devolução. Aplicação da Súmula 696 do STF também à transação penal: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se recusando o promotor de justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”). - Qual o momento para oferecimento da proposta de transação penal? Em regra, a transação penal é apresentada para o autor do delito antes do oferecimento da peça acusatória. Em situações excepcionais, a transação (e a suspensão condicional do processo) pode ser oferecida durante o processo. Ex.: casos de desclassificação; casos de procedência parcial da pretensão punitiva (denunciado por furto qualificado por emprego de chave falsa = na instrução, todos os ouvidos falam que não houve chave falsa = o promotor pede para excluir a qualificadora e oferece suspensão condicional do processo). A Súmula 337 do STJ também se aplica à transação penal: “É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva”. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 21 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Descumprimento injustificado do acordo homologado de transação penal: Súmula Vinculante 35 do STF: “A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público (ou querelante) a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia (ou queixa) ou requisição de inquérito policial (termo circunstanciado)”. - O Procedimento Policial Aplicável ao Ato Infracional. Divide-se em Fase Investigatória e Fase Judicial (ação socioeducativa). Fase Investigatória: - Flagrante de Ato Infracional (artigos 172 a 176 do ECA): O adolescente em flagrante é apresentado à autoridade policial (ele é APREENDIDO). A autoridade policial formaliza a apreensão, necessariamente, por meio de: - AUTO DE APREENSÃO DE ADOLESCENTE, se for ato infracional cometido com violência ou grave ameaça à pessoa; - BOLETIM DE OCORRÊNCIA CIRCUNSTANCIADO, se for ato infracional cometido sem violência ou grave ameaça. Em regra, libera-se o adolescente aos pais ou responsáveis sob termo de compromisso de apresentar-se ao MP no mesmo dia ou no primeiro dia útil seguinte. Excepcionalmente, mantém-se o adolescente apreendido se, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer internado para garantia da ordem pública ou para a sua segurança pessoal. Se mantiver o adolescente apreendido, o delegado o apresentará imediatamente ao membro do MP. Não sendo possível essa apresentação imediata, o delegado o encaminhará a uma entidade de atendimento, que fará a apresentação ao MP em até 24h. E se não existir entidade de atendimento? O adolescente será mantido na repartição policial, necessariamente separado dos maiores, e será apresentado em até 24h ao MP. PROVAS NO PROCESSO PENAL. - Conceitos. Prova: é todo elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador. Elemento de prova: todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz. Ex.: depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento. Meio de prova: instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no processo. Ex.: testemunha, documento, perícia. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 22 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Fonte de prova: pessoas ou coisas das quais possa se conseguir a prova. Ex.: denúncia. Meio de investigação da prova: procedimento que tem o objetivo de conseguir provas materiais. Ex.: busca e apreensão; interceptação telefônica. Objeto de prova: fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação. - Princípios. Contraditório: prova, tecnicamente é aquela colhida sob o crivo do contraditório, com a atuação das partes; Imediatidade do juiz: a prova deve ser colhida perante o juiz e, como regra, esse juiz irá julgar (identidade física do juiz); Concentração: em regra as provas devem ser produzidas em uma única audiência; Comunhão das provas: uma vez produzida, a prova pode ser utilizada por ambas as partes; não há “dono” da prova. Fatos que independem de prova. Fatos axiomáticos ou intuitivos: são os fatos evidentes. Exemplo: em um desastre de avião, encontra-se o corpo de uma das vítimas completamente carbonizado. Desnecessário provar que estava morta; Fatos notórios: são os de conhecimento geral em determinado meio. Exemplo: não é necessário provar que o Brasil foi um Império; Presunções legais: verdades que a lei estabelece. Podem ser absolutas (juris et de iure), que não admitem prova em contrário, ou relativas (juris tantum), que admite prova em contrário. Exemplo: menor de 18 anos é inimputável. * o fato incontroverso não dispensa a prova – busca da verdade real * não é preciso provar o Direito, pois, se seu conhecimento é presumido por todos, principalmente do juiz, aplicador da Lei. Como exceção à regra, será necessário provar: a) leis estaduais e municipais; b) leis estrangeiras; c) normas administrativas; d) costumes. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 23 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Ônus da prova. É o encargo que as partes têm de provar os fatos que alegam. Nos termos do art. 156 do Código de Processo Penal, o ônus da prova incumbe a quem fizer a alegação. De acordo com a doutrina tradicional: cabe à acusação provar a existência do fato criminoso e de causas que implicar aumento de pena, a autoria e também a prova dos elementos subjetivos do crime (dolo ou culpa). Ao réu, por sua vez, cabe provar excludentes de ilicitude, de culpabilidade e circunstâncias que diminuam a pena. Os poderes instrutórios do juiz também estão no art. 156 do CPP. O juiz pode, de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. - Sistemas de apreciação da prova. Prova legal ou tarifado: as provas têm valor preestabelecido. Aparece em nosso ordenamento como exceção, no art. 158 do CPP. Convicção íntima do juiz ou certeza moral: juiz é livre para apreciar a prova e não precisa fundamentar sua decisão. Vigora em nosso ordenamento, como exceção, no julgamento pelo Tribunal do Júri. Livre convencimento motivado do juiz ou persuasão racional: é o sistema adotado como regra pelo nosso Direito,conforme art. 155, caput, do Código de Processo Penal, conjugado com o art. 93, IX, da Constituição da República. Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação Art. 155, caput, do CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Prova emprestada. A maior parte da doutrina aponta para a necessidade de essa prova, quando encartada nos autos, passar pelo crivo do contraditório, sob pena de perder sua validade. Aponta-se ainda que ela não deve ser admitida em processo cujas partes não tenham figurado no processo do qual ela é oriunda. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 24 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Liberdade de prova. No processo penal, somente no que diz respeito ao estado de pessoa é que se observará a restrição à prova, imposta pela lei civil (art. 155, parágrafo único, do CPP); isso quer dizer que um casamento se prova, também na esfera penal, pela certidão de casamento extraída dos assentos do Registro Civil das Pessoas Naturais. No mais, o processo penal brasileiro admite todo e qualquer meio de prova, ainda que não expressamente previsto em nosso Código. - Prova proibida. a) prova ilegítima: obtida com violação de regras de ordem processual. Exemplo: utilização de prova nova no plenário do júri, sem ter sido juntada aos autos com antecedência mínima de três dias, violando a regra contida no art. 479 do Código de Processo Penal. b) prova ilícita: obtida com violação a regras de direito material ou normas constitucionais. Notadamente, as garantias da pessoa, elencadas na Constituição da República, se violadas, gerarão prova ilícita, conforme preceitua o art. 5º, LVI, da própria Constituição. Exemplos: provas obtidas com violação do domicílio, mediante tortura, por meio de interceptação ilegal de comunicação. - Boa parte da doutrina admite a prova ilícita se for o único meio de provar a inocência do acusado no processo, pois estar-se-ia privilegiando bem maior do que o protegido pela norma, qual seja, a liberdade de um inocente. * Princípio da proporcionalidade, oriundo do Direito alemão, que busca estabelecer o equilíbrio entre garantias em conflito por meio da verificação de como um deles pode ser limitado no caso concreto, tendo em vista, basicamente, a menor lesividade. * Prova ilícita por derivação: aquela que é lícita se tida isoladamente, mas que por se originar de uma prova ilícita, contamina-se também de ilicitude (art. 157, § 1º, do CPP). É a aplicação da teoria fruits of poisonous tree, do Direito norte-americano, ou, “frutos da árvore envenenada”, cuja imagem traduz com bastante propriedade a idéia da prova ilícita: se a árvore é envenenada, seus frutos serão contaminados. Exceções: se não evidenciado o nexo de causalidade entre ela e a tida como ilícita, bem como se ela puder ser obtida por fonte independente da ilícita (art. 157, § 1º, do CPP). Considera-se fonte independente aquela que por si só, segundos os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou da instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto de prova (art. 157, § 2º, do CPP). Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 25 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Meios de prova. - Perícia (arts. 158 a 184, do CPP) É o exame realizado por profissional com conhecimentos técnicos, a fim de auxiliar o julgador na formação de sua convicção. O laudo pericial é o documento elaborado pelos peritos, resultante do que foi examinado na perícia. A perícia pode ser realizada na fase de inquérito policial ou do processo, a qualquer dia e horário (art. 161 do CPP), observando os peritos o prazo de dez dias para a elaboração do laudo, prorrogável em casos excepcionais (art. 160, parágrafo único, do CPP). A autoridade que determinar a perícia e as partes poderão oferecer quesitos até o ato. Deve ser realizada a perícia por perito oficial, portador de diploma de curso superior. Poderão ser designados dois peritos, contudo, se a perícia for complexa, abrangendo mais de uma área de conhecimento especializado, nos termos do art. 159, § 7º, do CPP. Nota-se que tal designação é excepcional; a regra é a realização do exame por apenas um perito. Se não houver perito oficial, será elaborada a perícia por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior e, de preferência, com habilitação na área em que for realizado o exame (art. 159, § 1º, do CPP), as quais deverão prestar compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo (art. 159, § 2º, do CPP). É facultado ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado de indicar assistente técnico, bem como oferecer quesitos (art. 159, § 4º, do CPP). Este deve ser admitido pelo juiz e atuará após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelo perito oficial, sendo as partes intimadas desta decisão (art. 159, § 4º, do CPP). Prevê ainda o Código, quanto às perícias, que as partes podem, durante o curso do processo judicial, conforme art. 159, § 5º, I. do CPP, requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar. Se houver requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação (art. 159, § 6º, do CPP). Em caso de divergência entre dois peritos, o juiz nomeará um terceiro. Se este divergir também de ambos, determinará a realização de nova perícia (art. 180 do CPP). Se houver omissão ou falha, o juiz poderá determinar a realização de exame complementar (art. 181 do CPP). Se for necessária a realização de perícia por carta precatória, quem nomeia os peritos é o Juízo deprecado. Se for crime de ação penal privada e houver acordo entre as partes, a nomeação pode ser feita pelo Juízo deprecante (art. 177 do CPP). O juiz não está vinculado ao laudo elaborado pelos peritos, podendo julgar contrariamente às suas conclusões, desde que o faça fundamentadamente (art. 182 do CPP). Nosso Direito adotou, portanto, o sistema liberatório quanto à apreciação do laudo, em oposição ao sistema vinculatório, existente em outras legislações. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 26 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Exame de corpo de delito. Corpo de delito é o conjunto de vestígios deixados pelo crime. O exame de corpo de delito, direto ou indireto, é indispensável nas infrações que deixam vestígios, não podendo supri-lo nem mesmo a confissão do acusado, nos termos do art. 158 do Código de Processo Penal. Se não for possível o exame direto, isto é, no próprio corpo do delito, admite-se a realização pela via indireta, por meio de elementos periféricos, como a análise de ficha clínica de paciente que foi atendido em hospital. Exceção: nos termos do art. 167 do Código de Processo Penal, se não for possívela realização do exame, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. - Interrogatório (arts. 185 a 196 do CPP). Ato em que o acusado é ouvido sobre a imputação a ele dirigida. Tem dupla natureza jurídica ao interrogatório: é meio de prova, pois assim inserido no Código de Processo Penal e porque leva elemento de convicção ao julgador; é também meio de defesa, pois o interrogatório é o momento primordial para que o acusado possa exercer sua autodefesa, dizendo o que quiser e o que entender que lhe seja favorável, em relação à imputação que lhe pesa. O interrogatório é ato não preclusivo, isto é, pode ser realizado a qualquer tempo. É permitida também a renovação do ato a todo tempo, de ofício pelo juiz ou a pedido das partes (art. 196 do CPP). O acusado será interrogado sempre na presença de seu defensor. Se não tiver um, deve ser-lhe nomeado um defensor público ou um defensor dativo, nem que seja apenas para acompanhar o ato (ad hoc). Antes do interrogatório, o juiz deve assegurar o direito de entrevista reservada com seu defensor. Antes ainda de se iniciar o ato, o acusado deve ser alertado do seu direito ao silêncio, podendo se recusar a responder às perguntas que lhe forem formuladas, sem que isso seja utilizado em seu prejuízo (art. 5º, LXIII, da CF e art. 186 do CPP). A regra para o interrogatório do réu preso é ser ele realizado no estabelecimento prisional onde o acusado estiver recolhido, em sala própria, desde que seja garantida a segurança para os profissionais que ali estarão presentes e a publicidade do ato. Excepcionalmente, poderá o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou por requerimento das partes, realizar o interrogatório do réu preso por videoconferência ou sistema similar, desde que seja necessário para atender a uma das seguintes finalidades: a) prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; b) viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; c) impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 do mesmo CPP; d) responder à gravíssima questão de ordem pública. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 27 de 94| www.direcaoconcursos.com.br As partes devem ser intimadas da decisão que determina a realização do ato por videoconferência com antecedência de 10 dias. O acusado poderá assistir a todos os atos da audiência que antecedem seu interrogatório, devendo o juiz assegurar a comunicação entre ele e seu defensor através de canais telefônicos reservados. É prevista a participação de defensor dentro do presídio, ao lado do acusado, para zelar por seus interesses, estando assegurada, também, a comunicação entre este e o defensor do acusado que esteja na sala de audiências. Se não for possível a realização do interrogatório nas hipóteses anteriores, o réu preso será requisitado para ser interrogado em juízo. A participação do réu preso em outros atos processuais, como acareações, reconhecimento de pessoas e coisas, inquirição de testemunhas e oitiva da vítima dar-se-á com a observância das mesmas regras expostas para a realização do interrogatório por videoconferência. O interrogatório será dividido em duas partes. Na primeira, o juiz deverá inquirir o acusado a respeito de sua vida pessoal. Na segunda parte, o acusado será indagado sobre: a) ser verdadeira a acusação; b) não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se esteve com elas antes da prática da infração ou depois dela; c) onde estava quando foi cometida a infração e se teve notícia desta; d) as provas já apuradas; e) se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas, ou por inquirir, desde quando e se tem o que alegar contra elas; f) se conhece o instrumento com que a infração foi praticada ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido; g) todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; h) se tem algo mais a alegar em sua defesa. Se o acusado negar a acusação, poderá prestar esclarecimentos e indicar provas (art. 188 do CPP). Se, por outro lado, confessar a prática do crime, será indagado sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração e quem são elas (art. 189 do CPP). As partes poderão, após a inquirição do juiz, pedir esclarecimentos. Se houver mais de um acusado, eles serão interrogados separadamente. Quanto ao interrogatório dos surdos-mudos, deve-se observar a seguinte forma (art. 192 do CPP): a) ao surdo serão apresentadas perguntas por escrito e as respostas serão orais; b) ao mudo, serão feitas perguntas orais e as respostas serão oferecidas por escrito; Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 28 de 94| www.direcaoconcursos.com.br c) ao surdo-mudo as perguntas e respostas serão por escrito. Se o interrogando não souber ler ou escrever, bem como se não falar a língua portuguesa, o interrogatório contará com a presença de intérprete. - Confissão (arts. 197 a 200 do CPP). Em termos genéricos, no campo do direito processual, a confissão é o reconhecimento realizado em Juízo, por uma das partes, a respeito da veracidade dos fatos que lhe são atribuídos e capazes de ocasionar-lhe consequências jurídicas desfavoráveis. No processo penal, pode ser conceituada, sinteticamente, como a expressão designativa da aceitação, pelo autor da prática criminosa, da realidade da imputação que lhe é feita. A confissão não é tida como prova de valor absoluto, de acordo com o art. 197 do Código de Processo Penal, a confissão deve ser avaliada em conjunto com os demais elementos de prova do processo, verificando- se sua compatibilidade ou concordância com eles. A confissão ocorre costumeiramente no ato do interrogatório, mas nada impede que seja realizada em outro momento no curso do processo. Neste caso, deverá ser tomada por termo nos autos, conforme dispõe o art. 198 do Código de Processo Penal. Não existe confissão ficta no processo penal, ou seja, mesmo que o acusado não exerça a sua autodefesa, não se presumem verdadeiros os fatos a ele imputados. Estipula ainda o Código que a confissão será divisível, ou seja, o juiz pode aceitá-la apenas em parte, e será também retratável, isto é, o acusado pode voltar atrás na sua admissão de culpa. Costuma-se apontar duas espécies de confissão: a) simples, na qual o réu apenas reconhece a prática delituosa, sem qualquer elemento novo; b) qualificada, em que o réu reconhece que praticou o crime, mas alega algo em seu favor, como alguma causa excludente de ilicitude ou de culpabilidade. - Declarações do ofendido (art. 201 do CPP). Sempre que possível o juiz deverá proceder à oitiva do ofendido, por ser ele pessoa apta, em muitos casos, a fornecer informações essenciais em relação ao fato criminoso. Regularmente intimado, se não comparecer poderá ser conduzido coercitivamente. Será ele indagado sobre as circunstâncias da infração, se sabe quem é o autor e quais as provas que pode indicar. Nos termos do Código, o ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem (art. 201, § 2º, do CPP). Referida comunicação será feita no endereço por eleindicado, ou, se for sua opção, por meio eletrônico (art. 201, § 3º, do CPP). Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 29 de 94| www.direcaoconcursos.com.br Cuida também o Código da proteção do ofendido, dispondo que antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para ele (art. 201, § 4º, do CPP), determinando, ainda, que o juiz tome as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação (art. 201, § 6º, do CPP). Caso o juiz entenda necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, às custas do ofensor ou do Estado (art. 201, § 5º, do CPP). - Testemunhas (arts. 202 a 225 do CPP). São as pessoas estranhas à relação jurídica processual, que narram fatos de que tenham conhecimento, acerca do objeto da causa. São características da prova testemunhal: a) oralidade: o depoimento é oral, não pode ser trazido por escrito, muito embora a lei permita a consulta a apontamentos, conforme o art. 204 do CPP; b) objetividade: a testemunha deve responder o que sabe a respeito dos fatos, sendo-lhe vedado emitir sua opinião a respeito da causa; c) retrospectividade: a testemunha depõe sobre fatos já ocorridos e não faz previsões. Estabelece o art. 202 do Código de Processo Penal que toda pessoa poderá ser testemunha. A essa regra geral, porém, correspondem algumas exceções. Estão dispensados de depor, o cônjuge, o ascendente, o descendente e os afins em linha reta do réu. Eles só serão obrigados a depor caso não seja possível, por outro modo, obter-se a prova (art. 206 do CPP). Neste caso, não se tomará deles o compromisso de dizer a verdade; eles serão ouvidos como informantes do Juízo. Também não se tomará o compromisso dos doentes mentais e das pessoas menores de 14 anos, conforme disposto no art. 208 do Código de Processo Penal. Estão proibidas de depor as pessoas que devam guardar sigilo em razão de função, ministério, ofício ou profissão, salvo se, desobrigadas pelo interessado, quiserem dar seu depoimento (art. 207 do CPP). Tecnicamente, testemunha é aquela pessoa que faz a promessa, sob o comando do juiz, de dizer a verdade sobre aquilo que lhe for perguntado, ou seja, a que assume o compromisso de dizer a verdade, sob pena de ser processada pelo crime de falso testemunho. As demais pessoas que venham a depor, sem prestar referido compromisso, conforme já adiantado anteriormente, são denominadas informantes do Juízo ou ainda declarantes. Na audiência, as testemunhas deverão ser ouvidas de per si, de modo que uma não ouça o depoimento da outra, para que não exista a possibilidade de influência. Fará ela a promessa de dizer a verdade sobre o que Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 30 de 94| www.direcaoconcursos.com.br lhe for perguntado, sob pena de ser processada por crime de falso testemunho. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente se não for possível, determinará a retirada do réu da sala de audiências, permanecendo seu defensor. Tudo deverá constar do termo. A testemunha suspeita de parcialidade ou indigna de fé poderá ser contraditada, devendo o juiz, se for o caso, dispensar a testemunha ou ouvi-la como informante. As testemunhas que por doença ou idade não puderem locomover-se serão ouvidas onde estiverem (art. 220, do CPP). É permitida a oitiva de testemunha por carta precatória, de cuja expedição devem as partes ser intimadas. Tal expedição não suspende o andamento do processo, mesmo que ela seja devolvida depois do julgamento será juntada aos autos (art. 222 do CPP). Admite-se a inquirição de testemunhas que residam fora da área do juízo processante por videoconferência ou sistema similar, permitida a presença de defensor, podendo ocorrer, inclusive, durante a audiência de instrução e julgamento. O sistema anteriormente adotado pela lei processual para inquirição de testemunhas era o denominado presidencialista, onde a parte não pergunta diretamente à testemunha, mas formula a indagação ao magistrado, que repete a quem estiver depondo. Com a alteração promovida pela Lei n. 11.690/2008, a inquirição passou a ser feita de forma direta pelas partes, devendo o juiz interferir e não admitir as indagações que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. O juiz poderá complementar a inquirição se verificar que existem pontos não esclarecidos (art. 212 do CPP). - Reconhecimento de pessoas e coisas (arts. 226 a 228). Procedimento: primeiro, a pessoa que vai fazer o reconhecimento deve descrever a pessoa que será reconhecida. Esta será, então, se possível, colocada ao lado de outras que, com ela, tenham semelhança, para que o reconhecedor possa apontá-la, tomando-se cuidado, se houver receio, para que uma não veja a outra. Entende-se que a semelhança deve ser física, não exatamente de fisionomia, o que poderia tornar impossível a realização do ato. Se forem várias as pessoas que irão fazer o reconhecimento, cada uma o fará em separado. Dispõe ainda a lei processual que, em Juízo ou em plenário de julgamento, não se aplica a providência de impedir que uma pessoa veja a outra no ato do reconhecimento. De tudo o que se passou, lavrar-se-á termo, assinado pela autoridade, pela pessoa chamada para efetuar o reconhecimento e por duas testemunhas. O mesmo procedimento deve ser observado no que diz respeito e no que couber ao reconhecimento de coisas que tiverem relação com o delito. Agente da PCDF Prof. Pietro Chidichimo e Prof. Alexandre Salim Aula 00 31 de 94| www.direcaoconcursos.com.br - Acareação (arts. 229 e 230 do CPP). É o ato processual em que se colocam frente a frente duas ou mais pessoas que fizeram declarações divergentes sobre o mesmo fato. Pode ser realizada entre acusados, entre acusado e testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e vítima, ou entre vítimas. É pressuposto essencial que as declarações já tenham sido prestadas, caso contrário não haveria possibilidade de se verificar ponto conflitante entre elas. O art. 230 do Código de Processo Penal dispõe sobre a acareação por carta precatória, na hipótese de um dos acareados residir fora da Comarca processante. - Documentos (arts. 231 a 238 do CPP). Nos termos do Código de Processo Penal, consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares (art. 232). Instrumento é o documento constituído especificamente para servir de prova para o ato ali representado, por exemplo, a procuração, que tem a finalidade de demonstrar a outorga de poderes. Os documentos podem ser: a) públicos: aqueles formados por agente público no exercício da função. Possuem presunção juris tantum (relativa) de autenticidade e veracidade; b) particulares: aqueles formados por particular. Em regra, os documentos podem ser juntados em qualquer fase do processo (art. 231 do CPP). Dispõe a lei processual, contudo, que não será permitida a juntada de documentos no Plenário do Júri, sem comunicar à outra parte com antecedência mínima de três dias úteis (art. 479 do CPP). Se o juiz tiver notícia da existência de documento referente a ponto relevante do processo, providenciará a sua juntada
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