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17/06/2022 08:55 Leitura e Produção Textual
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12342 1/28
LEITURA E PRODUÇÃO
TEXTUAL
CAPÍTULO 1 - A AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM ORAL E DA ESCRITA, BEM
COMO SUAS PRÁTICAS DISCURSIVAS,
OCORREM DE MANEIRAS DISTINTAS?
Izaura da Silva Cabral/Marlise Buchweitz Klug
INICIAR 
Introdução
Olá estudante! Seja bem-vindo(a) à disciplina Leitura e Produção Textual.
Cada modalidade de uso da língua, seja oral ou escrita, apresenta suas
peculiaridades. Isso não significa que sejam duas formas totalmente distintas, mas
pode-se dizer que há uma variação, um contínuo que varia da conversação
espontânea à escrita formal. Você já pensou que tanto a fala quanto a escrita são
atividades produzidas de acordo com o contexto em que há uma necessidade de
comunicação?
17/06/2022 08:55 Leitura e Produção Textual
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12342 2/28
Nesse sentido, você reconhece a importância de saber produzir textos orais e
escritos tanto na linguagem formal quanto na coloquial?Sabia que, da mesma
forma que é importante conhecer os mecanismos de uma fala proficiente, é
necessário reconhecer os tipos textuais e suas marcas para também produzir uma
escrita com proficiência?
O domínio da linguagem verbal contribui para a formação de leitores proficientes,
ativos e críticos.Por isso, neste capítulo, você descobrirá, primeiramente, como
distinguir a fala da escrita. Como futuro profissional de Letras, você precisa saber
esses conceitosa fim de reconhecer qual é o mais adequado para determinado
contexto de produção. No exercício da docência, por exemplo, essas duas formas de
linguagem – oral e escrita – devem receber a mesma atenção na sala de aula, com o
incentivo para a convivência com os mais variados gêneros textuais. Assim, o
docente ampliará suas vivências, inserindo-se no universo letrado, interagindo com
proficiência.
Bom estudo!
1.1 Fala e escrita
A língua é um sistema de signos convencionais que permite que uma comunidade
de falantes estabeleça possibilidade(s) de comunicação. Esse caráter social da
língua permite não somente que um grupo de pessoas se comunique, mas também
que cada integrante de uma mesma comunidade escolha uma forma de se
expressar. Cada indivíduo de uma determinada sociedade apresenta uma maneira
de falar. No entanto, não é possível criar cada um sua própria língua e ser
compreendido pelos outros. Assim, cada indivíduo, ao utilizar a língua de maneira
própria na comunidade, cria sua fala particular, e esta é condicionada por normas
socialmente estabelecidas, porém é ampla o suficiente e permite exercitar o ato
criativo de comunicação.
Além disso, tanto a forma escrita quanto a forma falada seguem algumas normas
para que a comunicação se efetive. Por exemplo, enquanto um sujeito pode
dizer/escrever “Aquela menina era paupérrima”,outro pode usar “Aquela menina era
muito pobre”. As variações encontradas ocorrem porque cada um se manifesta de
maneira própria, de acordo com seu repertório de palavras.
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Contudo,é sempre necessário observaras estruturas da língua, nesse caso, a
portuguesa. Não se pode correr o risco de que os enunciados produzidos se tornem
incompreensíveis, conforme o exemplo: “pobre aquela muito era menina”.
É importante ressaltar que, embora façam parte de um mesmo sistema linguístico, a
linguagem oral e escrita apresentam características e usos distintos. A seguir, você
poderá comparar as diferenças e aprender mais sobre cada uma delas.
1.1.1 Características distintas
Uma pessoa, ao falar, utiliza-se de um vocabulário, ou seja, utiliza-se das palavras
que conhece. Porém, pode utilizar também outros códigos linguísticos, como voz
baixa e alta, gestos, e pode apresentar reações variadas como expressões faciais –
caretas, sorrisos, caras de desconfiança –, entre outras. Inclusive, ao falar, o
indivíduo tem a tendência de repetir as ideias ou conceitos, na tentativa de reforçar
o ponto de vista adotado e convencer o ouvinte. E, nesse caso, não existe a
necessidade em acentuar e pontuar as frases, pois a entonação e as pausas na fala
cumprem esta função. Além disso, não se preocupa com que letra irá representar
aquele som – ao contrário do que ocorre na escrita.
Já no texto escrito, o ato é baseado no vocabulário que irá estabelecer a
comunicação entre o texto e o receptor. E, distintamente da fala, a escrita exige
preocupação e atenção maiores, uma vez quea informação passada não se
extinguirá com o tempo. De acordo com Burke (2003), a escrita fixar-se-á por tempo
indeterminado, tendo apenas o suporte como contexto. Como exemplos têm-se os
documentos históricos e os livros clássicos, os quais permanecem sendo lidos
durante centenas de anos. Assim, pode-se dizer que, no texto escrito, o autor é
obrigado a fazer referências mais precisas sobre a situação, apontar mais detalhes e
informações sobre a mensagem que quer transmitir, o que requer um trabalho de
elaboração mais detalhado.
Os sumérios e os egípcios foram os primeiros povos a desenvolverem, por volta de 4000 a. C., um sistema
de escrita próprios. Porém, não há possibilidade de atribuir o início da escrita a uma única sociedade.
Para conhecer melhor a história destes povos, acesse o link (SOUZA,    [s/ d]):
<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/origem-escrita.htm
(http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/origem-escrita.htm)>.  
VOCÊ O CONHECE?
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/origem-escrita.htm
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De acordo com Antunes (2007), na escrita, pode-se pensar e repensar a produção,
planejar para depois partir para o registro. Além disso, há a possibilidade de voltar
ao que já foi produzido, corrigindo, acrescentando palavras e termos,
reorganizando-os, o que faz com que a escrita seja mais demorada do que a fala, e
requeira maior trabalho. Nesse sentido, a escrita passa a ser um processo, no qual
os três elementos – autor-texto-leitor – correlacionam-se para que haja produção de
significados.
Nesse sentido, veja o que afirma Koch (2003, p. 34):
[...] a escrita não é compreendida em relação apenas à apropriação das regras da
língua [...] mas, sim, em relação à interação escritor-leitor, levando em conta, é
verdade, as intenções daquele que faz uso da língua para atingir o seu intente sem,
contudo, ignorar que o leitor com seus conhecimentos é parte constitutiva desse
processo.  
Ainda, há que se considerar que a fala é ensinada, corrigida com base na gramática
da língua escrita. Este fato permite considerar que a fala não apresenta
características só dela. Sendo assim, torna-se necessária a distinção entre ambas as
linguagens. Uma não deve se fundir à outra, na maioria das produções, a não ser
com a finalidade de produzir a fala, no discurso direto, de uma personagem
narrativa.
Dessa maneira, pode-se dizer que a modalidade oral e a modalidade escrita
constituem universos distintos dalinguagem e, portanto, apresentam suas próprias
peculiaridades. De acordo com Martins (1982), a modalidade escrita, muitas vezes,
dá a sensação de que se caminha para a totalidade, a partir do momento em que há
o distanciamento grandioso entre quem produz a escrita e quem recebe; por sua
vez, a oralidade é limitada à presença do interlocutor e, além disso, pressupõe um
envolvimento maior entre os falantes (MARTINS, 1982). No entanto, essa
organização nem sempre se concretiza, uma vez que há outros fatores que
interferem.
No momento da escrita, ainda conforme Martins (1982, p. 34), o autor pode buscar
impedir que o “leitor interfira diretamente no universo textual”. Indiretamente,
porém, essa intervenção acaba por acontecer, visto que, continuamente, ajustamos
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a escrita à imagem que fazemos daquele quereceberá o texto, prevendo possíveis
perguntas que ele poderia fazer, buscando sempre respondê-las. Por isso, a
presença do leitor imaginário requer do autor um grandeesforço de elaboração e
precisão, para que possa elevar o texto escrito a um grau de completude e
preenchimento, que se refletem no uso dos vocábulos, no uso das normas
gramaticais, sempre obedecendo à norma culta, criando um texto objetivo e claro,
eliminando as ambiguidades.
De outra forma se dá a produção oral, haja vista que a relação estabelecida como
falante é direta, reproduzida em um processo de diálogo, que conta ainda com uma
série de recursos extralinguísticos, os quais facilitam a emissão da mensagem pelo
falante.A interação face a face tem por princípio o tempo real e, portanto, a
espontaneidade ao se elaborar o texto, produto do ato comunicativo. Dessa forma, é
comum encontrarem-se hesitações, truncamentos, correções, repetições, inserções,
paráfrases, falsos começos, enfim, tudo o que se considera defeito na elaboração
textual.
Em razão do exposto, pode-se dizer que tanto naprodução oral quanto na escrita,
espera-se a eficiência e o sucesso da comunicação, de modo a se concretizar pelo
contínuo ajustamento de linguagem que o emissor da mensagem faz com relação ao
seu destinatário.
Para entender melhor as distinções entre as duas modalidades, a oral e a escrita,
observe o quadro a seguir.
Figura 1 - Diferenças entre a fala e a escrita. Fonte: Elaborado pela autora, adaptado de MARCHUSCHI;
DIONISIO, 2007, p. 28.
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O livro Escrever melhor: guia para passar os textos a limpo, de Dad Squarisi e Arlete Salvador (2008), traz
dicas de como melhorar o seu texto. De maneira bem-humorada, as autoras trabalham a reescrita e
afirmam que, sim, é possível transformar um texto comum numa escrita sedutora, gostosa de ler. E,
ainda, indicam como escapar das ciladas da língua portuguesa.
Enfim, sempre é importante considerar que, mesmo tendo suas particularidades, a
escrita e a oralidade se intercomunicam e, muitas vezes, em alguns textos escritos, a
oralidade insiste em deixar suas marcas; no entanto, é necessário identificar quando
não se deve deixar as marcas da oralidade permearem o texto. 
1.1.2 Marcas de oralidade na escrita
A produção oral, pela criança, se inicia desde muito cedo; o contato com a fala se dá
desde o ventre da mãe, assim o falante já está exposto a essa linguagem muito antes
de conhecer a escrita. Geralmente, pelo menos nos primeiros seis anos de vida,
mesmo que veja letras e palavras, a criança ainda não sabe para que servem, nem 
como usá-las. Portanto, a chegada da escrita na vida do ser humano se dá mais
tarde do que a expressão oral, mas os mecanismos próprios do discurso escrito
devem ser trabalhados aos poucos, a fim de que o aluno não pense que uma
modalidade deva se sobressair à outra.
O uso da oralidade, na escola, e suas marcas próprias devem ser analisados. Para
Cajal (2001), ela será mais bem compreendida quando inserida no mundo da escrita.
Para tanto, deve-se considerar os seguintes aspectos:
o oral é principalmente trabalhado como percurso de passagem para a
aprendizagem da escrita;
os professores ensinam o oral a partir da escrita;
a forma oral está bastante presente em sala de aula, mas nas variantes e
normas escolares, a serviço somente da estrutura formal escrita da língua;
a leitura em voz alta, isto é, a leitura oralizada, representa a atividade oral
mais frequente na prática escolar.
VOCÊ QUER LER?
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Dessa maneira, uma prática em sala de aula deve abordar o desenvolvimento da
oralidade, não apenas sob a perspectiva da fala como reprodução da escrita, mas
antes fazer com que o aluno conheça e possa produzir diversas práticas orais de
linguagem, contextualizadas, e que ele também possa reconhecer as relações muito
variáveis que estas mantêm com a escrita.
De acordo com Azeredo (2005, p. 40): “[...] os gêneros textuais são, portanto, as
formas relativamente estáveis pelas quais a comunicação verbal se materializa nas
diferentes práticas sociais”. A partir dessa ideia, eis a importância de se colocar em
sala de aula esse tipo de trabalho. É essencial destacar que o ato de comunicar é
muito mais que falar; o que importa desenvolver na oralidade do aluno é a sua
eficiência comunicativa, e para tanto ela deve ser desenvolvida assim como a
escrita.
Quando se escreve um texto, dependendo do gênero textual específico, há a
exigência do uso da norma culta da língua.Esse fato limita a forma de expressão. Por
exemplo, no gênero dissertativo, devem-se evitar palavras e expressões que passem
ao leitor a impressão de que há um diálogo com ele. Lembre-se de que uma das
características da oralidade é a interação entre os sujeitos. A partir disso,
numa dissertação, devem-se evitar expressões como “você”, “né”, “tá”, e verbos no
imperativo, gerúndio e particípio – e/ou quaisquer outros tipos de interação com o
receptor.
Já no texto narrativo, podem-se utilizar marcas da oralidade – como travessão,
vocativo, entre outras – para reproduzir as falas de personagens a partir do discurso
direto. A oralidade aparece de maneira mais frequente, e busca, na escrita, uma
aproximação com a fala.
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Imagine que você foi solicitado a escrever um texto. A primeira coisa a fazer é
observar o gênero textual, e as possibilidades que tal gênero permite: uso de marcas
da oralidade ou não, permissão do autor colocar-se no texto ou não, necessidade de
manter a impessoalidade ou não, enfim, devem ser consideradas todas as
características do gênero textual em questão. O mais importante ao identificar
adiferença entre a oralidade e a escrita é perceber os contextos nos quais você deve
utilizar a linguagem cotidiana – conhecida como coloquial – ou a linguagem formal
de acordo com a norma culta, aspecto que exige o conhecimento prévio das normas
da língua.
Desse modo, você precisa saber que, no caso de um texto dissertativo, as marcas de
oralidade tidas como aceitáveis em determinados textos, tais como gírias, vícios de
linguagem, abreviaturas, trocas de letras, erros de concordância, não devem ser
Figura 2 - No momento da leitura, o interlocutor não está presente, portanto, o texto precisa ser
produzido com mais cuidado. Fonte: Lisa S., Shutterstock, 2018.
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aplicadas. Por isso, há a necessidade de saber discernir uma linguagem da outra.
Nesse sentido, é possível que você esteja se perguntando: e quanto à linguagem da
internet e das redes sociais? Conforme Diniz (2014), com o advento da tecnologia de
informação e com tantos dispositivos e aplicativos disponíveis para facilitar a
comunicação, estar conectado com o mundo tornou-se uma necessidade. O autor
aponta para as diferentes relações possibilitadas pela internet, como negócios,
compras, ou simplesmente o contato com outras pessoas.
 Assim, cada um dos objetivos da comunicação exige que se sigam regras, da mesma
forma que para os textos escritos fora do ambiente virtual. Nessa “era das redes
sociais”, as quais reproduzem na escrita o discurso oral, “observa-se a criação de
uma linguagem particular” (DINIZ, 2014, p. 4), ou seja, a criatividade entra em cena
através de inúmeros recursos, por exemplo, os emoticons (ícones e/ou sinais gráficos
que representam as emoções ou o estado de espírito dos internautas). Além disso,
de acordo com Diniz (2014, p. 6): 
[...] outra vantagem, além de facilitar a autoexpressão, é a rapidez. Falar é mais rápido
do que escrever, por isso são comuns as abreviaturas: vc (você), blz (beleza), abc
(abraço), tdb (tudo de bom), bj (beijo), t+ (até mais) e assim por diante, com o objetivo
de agilizar a escrita.Estes recursos são bastante utilizados em conversas online e
constituem parte do conjunto de expressões que um usuário frequente precisa
aprender para facilitar sua comunicação. 
Destaca-se que o uso da comunicação na internet é, afinal, o grande desafio do
futuro profissional da área de Letras no exercício da docência. Por isso, a
necessidade de conhecer cada especificidade dos diferentes gêneros textuais reflete
tanto na fala quanto na escrita do sujeito que faz uso da língua.
A escrita é a representação da oralidade que exige regras próprias. Por exemplo,ao
escrever, usam-seos sinais de pontuação, que marcam as pausas e dão sentido às
frases. Estes recursos não se aplicam à fala, pois essas pausas ficam claras pela
entonação e pelas outras linguagens utilizadas para a comunicação, como a
corporal e expressões faciaisdo falante, permitindo aointerlocutor identificarse o
tom corresponde a uma afirmação, exclamação ou pergunta.
Contudo, a linguagem escrita permite o uso intencional da informalidade ao
representar, por exemplo, a regionalidade nas falas dos personagens de um texto,
escrevendo as palavras de acordo com as pronúncias peculiares de cada região. Da
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mesma maneira, é possível fazer um jogo com a linguagem formal e a informal,
principalmente se houver finalidade de produzir humor.
Inúmeras são as diferenças e as formas de aplicação de cada uma das linguagens.
Como estudante de Letras, você precisa estar ciente disso e saber transitar entre os
diferentes gêneros textuais nos mais variados contextos de comunicação.
1.2 Escrita e interação
A escrita está indubitavelmente presente no cotidiano, e ela é uma ferramenta da
qual nos utilizamos para o envio de recados bem simples – como aqueles deixados
na porta da geladeira –, de mensagens postadas nas redes sociais, ou de orientações
para a equipe de trabalho em uma empresa; os registros da vida cotidiana de uma
sociedade são feitos, em sua maior parte, de forma escrita.
Dessa maneira, considerando que a linguagem é um sistema pronto, de acordo com
Koch e Elias (2010), pode-se dizer que o sujeito torna-se apenas o receptor de dada
informação, não tendo a permissão de intervir de maneira alguma na fala de quem
escreve, por se tratar de uma voz pronta e preconcebida. Inclusive, para que a
escrita cumpra seu papel de interação é preciso observar determinados
fatores,como os elementos da gramática da língua, que são considerados essenciais
na interpretação, cabendo ao leitor simplesmente a decodificação dos códigos
trazidos pela escrita.
“Influência da linguagem oral na escrita”, trabalho desenvolvido por Lucélia Lopes Nobre (2011) para o
curso de Especialização em Gramática e Ensino da Língua Portuguesa, abordaos processos de leitura e
escrita, aliados ao desenvolvimento da fala. O objeto de estudo da autora foram as atividades com os
gêneros textuais realizadas por alunos do quinto ano do Ensino Fundamental. Para conferir o trabalho e
seus resultados, acesse o endereço: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/60697
(http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/60697)>.
VOCÊ QUER LER?
http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/60697
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Quando o foco é o escritor, a língua é vista “[...] como representação do pensamento
e de sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer.” (KOCH; ELIAS, 2010,
p. 9). Para o escritor, a escrita passa a ser um mecanismo de expressão de seus
pensamentos, sem considerar o leitor. Koch (2003) também acrescenta a presença
de um ego que emite a representação mental, a partir do qual o autor pretende que
o leitor absorva aquilo que imaginou. Porém, cabe ao autor direcionar a
interpretação que o leitor deve ter do texto. 
Quando o foco textual se baseia na interatividade, a imagem e a presença do sujeito
considerado agente do processo representam papel relevante. Isso se deve por sua
inserção ocorrer no sentido de ampliar a discussão, destacando ou diminuindo a
fala do autor, introduzindo as falas dos interlocutores, ou outras vozes. Portanto, a
partir da observação desses aspectos, se consegue extrair das entrelinhas inúmeras
ideias jamais imaginadas por aquele que lhes deu origem.
Figura 3 - Quando escreve, o autor espera que o receptor compreenda facilmente a sua mensagem.
Fonte: Shutterstock, 2018.
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De maneira geral, conforme Koch e Elias (2010), considera-se que a escrita é
representativa de um universo constantemente ampliado, podendo assim dizer que
à proporção que os implícitos forem requeridos, a compreensão dos fatos, do
pensamento do escritor, maiores são as possibilidades de serem extraídas outras
informações, podendo até ocorrer um processo de rotatividade. Sendo assim,
oportuniza-se um espaço para os diversos tipos de implícitos, permitindo, tantoao
autor quanto ao leitor,a possibilidade de teremoutros olhares, outras
interpretações, outras vivências, a partir da leitura.
Koch e Elias (2010) destacam que o ser humano sente-se à vontade para expor seu
ponto de vista, interagindo cognitivamente enquanto ser social, no momento em
que se insere e passa a ser parte integrante do ato de interpretação textual. O leitor
passa, então, a ser um interlocutor do texto escrito.  O texto, escrito ou lido, deixa de
pertencer ao seu escritor. Passa a ser de todos os leitores/autores que construirão os
sentidos, as reflexões por meio das inferências, dos cortes, vazios e acréscimos.
Nesta concepção, torna-se evidente um elemento fundamental para toda e qualquer
produção textual: as variadas possibilidades de ampliar os horizontes de leitura, a
capacidade de mobilizar no leitor a expansão de suas vivências. 
1.2.1 O que é escrita?
Para iniciarmos a discussão sobre o que é escrita, recorremos a Sobral (2008), para
quem o termo scriptura, escritura, sinônimo de escrita, é a ação ou efeito de escrever
(representar as palavras ou as ideias com letras ou outros sinais traçados em papel
ou noutra superfície). Trata-se, por outro lado, do sistema de sinais convencionais
utilizado para escrever (por exemplo, a escrita alfabética).
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A escrita, quanto está presente em um documento legal, assinado, validado na
presença ou não de testemunhas, reconhecido pelo cartório, geralmente serve para
validar oficialmente uma transação ou um negócio, além de dar garantias para
ambas as partes. De acordo com Sobral (2008, p. 33), em outros termos, “[...] a
escrita é um modelo da comunicação humana, que se realiza através de sinais
visuais que constituem um sistema”.
As primeiras representações da escrita datam dos 4000 anos antes de Cristo. Desde
então, essa linguagem se desenvolveu de duas formas: a ideográfica, símbolos que
representam ideias, conceitos e ações; e a fonética, sinais que representam os sons
da fala.
Dizer que a escrita representa a fala não é tarefa simples, porque, além disso, é
preciso entender a fala também como produção essencialmente humana, que não
se pode tomá-la como dote especial concedido por divindades ou por fatores
biológicos. A oralidade deve ser entendida e concebida como um instrumento
criado pelo ser humano para se comunicar, uma vez que, ao longo da história, havia
a necessidade de se viver em comunidades para garantir a sobrevivência da espécie.
Figura 4 - Uma escritura pode estar em uma carta,documento, bilhete, ou em qualquer suporte que
conserve a escrita. Fonte: Dreamstime, Shutterstock, 2018.
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Dessa maneira, o ser humano criou símbolos e seus significados, atos que
possibilitaram a comunicação entre seus pares, e concedeu-lhe a liberdade de poderpensar e agir mesmo sem ser na presença daquele objeto a que se referia. Nessa
mesma linha, criaram-se as ideias, as abstrações, ou seja, para cada ser concreto há
também um som (grito, gesto ou ação) que o simboliza.
Nesse sentido, pode-se dizer que a fala é uma maneira de representar diretamente
as ideias porque ela não é planejada ou refeita como a escrita. Em razão disso, se diz
que a escrita é uma representação de segunda ordem.
Enquanto professor, você precisa dar atenção ao aspecto descrito, o qual precisa ser
amplamente trabalhado com o aluno em fase de aquisição da escrita, segundo Koch
e Elias (2010), pois, só assim, ele conferirá à língua escrita a importância e a função
que ela deve ocupar no contexto social em que estamos inseridos. Da mesma forma,
apontar simplesmente que a escrita seja  sistema de representação,  apesar de
verdadeiro, em nada auxilia. 
1.2.2 Escrita e ativação de conhecimento
A produção escrita, para ativar o conhecimento, deve proporcionar a interação com
o leitor, uma vez que o texto produzido é direcionado a ele, e não se resume apenas
a um conjunto de regras. A respeito da interação escritor-texto-leitor, Koch (2003) faz
uma abordagem sobre a escrita e a ativação dos conhecimentos, considerando que,
ao produzir o texto escrito, o autor recorre ao repertório deconhecimentos que
estão armazenados em sua memória, a fim de desenvolver a escrita: conhecimento
linguístico, enciclopédico, de textos e interacionais. Esses saberes não são estáticos,
mudam conforme as experiências e convenções sociais.  
De acordo com Koch e Elias (2010), a atividade de escrever exige que o
autor/produtor do texto tenha conhecimento das regras gramaticais, do emprego
correto das vírgulas e das demais pontuações. 
17/06/2022 08:55 Leitura e Produção Textual
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O conhecimento enciclopédico mostra-se presente quando o autor, ao produzir
músicas, tirinhas etc., recorre a tais conhecimentos que tem na memória, sejam eles
culturais, literários, históricos ou científicos. Muitos textos de humor (tirinhas)
utilizam-se desse conhecimento enciclopédico para tornar os textos engraçados,
mas o leitor só entenderá se também for conhecedor do assunto. De acordo com
Koch (2003, p. 41), no exercício de escrever recorre-se  
[...] constantemente a conhecimentos sobre coisas do mundo que se encontram
armazenados em nossa memória, como se tivéssemos uma enciclopédia em nossa
mente, constituída de forma personalizada, com base em conhecimentos de que
ouvimos falar ou que lemos, ou adquirimos em vivências e experiências variadas. 
Esses conhecimentos são fundamentais para que se compreendam certos textos
como tirinhas, músicas, pois podemos recorrer a eles quando houver a necessidade. 
Figura 5 - Ao escrever, ativa-se o repertório de leituras e de conhecimento prévio de cada sujeito. Fonte:
Kinga, Shutterstock, 2018.
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Falando em “interação”, fica claro que o escritor, com base em seus conhecimentos
interacionais, organiza o texto de acordo com a intenção de ambos: do produtor,
que deseja transmitir a informação, e do leitor que busca uma compreensão do
texto. O autor, ao desenvolver certos textos, pensa no leitor e na quantidade de
informação necessária numa situação comunicativa.  
Figura 6 - O autor deve produzir o seu texto de acordo com a situação de interação a ser estabelecida,
ou seja, adequar o gênero textual à situação comunicativa. Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018.
1.3 Escrita e práticas comunicativas
Uma das maneiras de estabelecer a comunicação humana se dá por meio de textos,
e estes aparecem sob diversos formatos, preenchendo funções em variadas
situações cotidianas. Por sua vez, o texto só se realiza por intermédio de gêneros
que, na verdade, ordenam as bases da estrutura social.  Sendo assim, na aquisição
da língua, se faz muito mais do que simplesmente dominar formas. Domina-se,
inclusive, a comunicação nas práticas sociais cotidianas, uma vez que é inconcebível
que a comunicação verbal não esteja permeada por algum gênero. 
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1.3.1 Para que servem os gêneros textuais?
Você acredita que nos damos conta da infinidade de situações comunicacionais
cotidianas? Em um único dia, as relações sociais se desenvolvem em distintos
contextos e cenários que exigem determinado comportamento linguístico.
Considerando, de acordo com Marchuschi (2001), que a linguagem é o mais eficiente
meio de comunicação, pode-se dizer que ela permite a interação com o outro, além
de oportunizar a alteração do discurso utilizado de acordo com as necessidades de
determinado contexto.
A partir dessa constante necessidade humana de interagir e comunicar-se com o
outro, nasceram o que conhecemos como gêneros textuais. Eles não podem ser
numerados, em virtude de que variam muito e são constantemente adaptados às
necessidades dos falantes. Portanto, mesmo que seja impossível contá-los, é
possível observar que apresentam peculiaridades que permitem identificá-los e
reconhecê-los entre tantos outros gêneros. Pode-se dizer que,das características dos
gêneros textuais, ou marcas textuais, fazem parte a apresentação de tipos estáveis
de enunciados, além de estruturas e conteúdos temáticos que facilitam sua
definição (MARCUSCHI, 2001).
Para Bakhtin (1997), os gêneros são enunciados, orais e escritos, mais ou menos
estáveis e circulam em esferas específicas. Não se deve considerar o gênero apenas
como uma reunião dos três elementos centrais – tema, construção composicional e
estilo – que formam os enunciados, mas também observar outros elementos da
situação de produção, de recepção e de circulação desses gêneros, como o papel
dos interlocutores, a finalidade do uso do gênero, as relações dialógicas entre
gêneros da mesma esfera ou com outras esferas.
Dessa maneira, é importante destacar a estabilidade relativa dos gêneros: eles são
muito mais do que uma lista de características fixas que, atendidas, darão origem a
textos de determinados gêneros. Estes podem variar, dentro de algumas situações
da própria prática social, conforme variarem as especificidades dos projetos
desenvolvidos por cada professor na sua prática pedagógica. 
VOCÊ QUER VER?
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No vídeo Redação, o professor Pasquale Cipro Neto ([2011] 2016) ensina como estruturar e desenvolver os
diferentes tipos de redação. Aos 33 minutos e 10 segundos, a aula apresenta, de maneira clara, a
aplicação do conhecimento sobre gêneros textuais, suas marcas e função social, para que sejam
utilizados a fim de estabelecer comunicação com seus interlocutores. Confira em
<https://www.youtube.com/watch?v=chEwA_PBC9c (https://www.youtube.com/watch?
v=chEwA_PBC9c)>.
Tendo em vista o grande número de gêneros que circulam socialmente e a
necessidade de focar naqueles compatíveis com o interesse do estudante e com sua
necessidade de alcançar uma atuação discursiva autônoma e cidadã na vida social,
os gêneros poderão ser selecionados a partir de vários critérios, como a relação
entre a produção escrita ou oral, e as partes da literatura e gramática que o
professor venha a trabalhar. 
1.3.2 Quais são as estratégias para orientar a produção textual?
Para tratar de estratégias textuais, destacamos em primeiro lugar que as atitudes
para a produção, tanto escritas quanto faladas, devem passar pelo planejamento do
professor, afim de que tal atividade tenha como finalidade aprimorar novos
métodos qualitativos de ensino, colocando o aluno em uma situação de sujeito ativo
da aprendizagem. Essa assertiva refere-se ao fato de que dominar a escrita, por
exemplo, não é pré-requisito de que o educando possaconstruir o sentido do texto,
compreendendo, interpretando e produzindo textos escritosde forma autônoma e
eficiente, já nos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Visando à concretização deste aprendizado, o trabalho do professor deve ser
sistemático e constantemente avaliado, aliado às diversas ferramentas de ensino, as
quaispossam considerar a realidade social e a bagagem cultural que a criança leva
para sala de aula, com suas vivências de mundo, seu repertório sociocultural. 
VOCÊ SABIA?
Quanto mais gêneros textuais forem apresentados aos alunos, mais eles se tornarão leitores
eficientes, a partir da prática da oralidade e da produção textual. Estes são processos que os
estudantes devem dominar, em primeira instância, como autores na hora do registro, a fim de,
depois, serem compreendidos pelos outros. 
https://www.youtube.com/watch?v=chEwA_PBC9c
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Conforme Koch e Elias (2010), usar as mais diversas linguagens escritas ou orais,
durante a aprendizagem e produção textual, enriquece este trabalho e pode fazer
com que o aluno se desenvolva como ser pensante e dinâmico diante do que lhe foi
proposto. Uma das principais estratégias de produção textual éa presença de textos
utilizados pelos estudantesno seu cotidiano, visando maior identificação com o
gênero. Além disso, pode-se adotar também a organização de um ambiente capaz
de ser um espaço físico, social e cultural, para que haja a possível utilização do
gênero em destaque. Isso poderia reproduzir uma situação de comunicação, para
que então este trabalho instigue e desperte novos conhecimentos, valores, atitudes,
desejos e capacidade de reflexão sobre a própria produção, para se formar leitores
de diferentes gêneros escritos ou visuaisque saibam utilizá-los de acordo com a
situação comunicativa.
Inclusive, para o trabalho de produção, um critério que não pode ficar de fora no
momento da escolha do gênero a ser utilizado, são as esferas de circulação desses
gêneros nos quais o estudante pode já estar atuando ou ainda vai atuar, seja em sua
vida pessoal, profissional ou acadêmica, seja em sua situação político-cidadã.
1.4 Escrita e contextualização
Quando se tratada abordagem sobre escrita e contextualização,é preciso considerar
que o estudante deve intervir em todo o processo de aprendizagem, sempre fazendo
conexões entre os conhecimentos. Nessa perspectiva, o educando não é um mero
espectador (como no ensino tradicional); ele passa a ser o centro, o protagonista.
Dessa forma, age como alguém que pode resolver problemas e mudar a si mesmo e
o mundo ao seu redor, ou seja, ampliar de forma considerável os seus horizontes.
Para tanto, é fundamental que o docenteorganize situações comunicativas,
conforme Koch e Elias (2010), comuns ao cotidiano do aluno, e o faça interagir
ativamente de modo intelectual e afetivo, trazendo o dia a dia para a sala de aula e
aproximando-o do conhecimento científico. Essa é uma estratégia sempre possível
de ser utilizada, uma vez que são inúmeros, e praticamente inesgotáveis, os campos
e os contextos de experiências vivenciadas pelos alunos e pela escola, e que no
momento de sua utilização em sala de aula, podem dar vida e significado ao
conhecimento.
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Conforme Marcuschi (2002, p. 35): “[...] o trabalho com os gêneros textuais é uma
extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos
autênticos do dia-a-dia.” Este teórico ressalta que, no ensino, pode-se trabalhar com
gêneros para incentivar os alunos a produzirem ou analisarem eventos
linguísticos,    tanto orais quanto escritos  existentes no seu contexto de atividade
discursiva. Além disso, nessas situações de produção, orais ou escritas, podem ser
abordados os mais variados temas inseridos em determinados gêneros textuais,
como, por exemplo, problemas ou fenômenos psíquicos, físicos, econômicos,
sociais, ambientais, culturais e políticos do país ou do mundo. Estes temas não
precisam estar diretamente ligados aos alunos, mas podem fazer referência a seus
familiares, amigos ou conhecidos, desde que os discentes estejam, de alguma
forma, envolvidos com a situação apresentada. 
1.4.1 Considerações sobre contexto sociocognitivo
A pragmática estuda a descrição dos atos da fala, isto é, ela dá destaque para as
ações que os usuários da língua, em situações de comunicação entre seus
interlocutores, realizam por meio da linguagem, considerada uma atividade
intencional e social, que visa a determinados fins – e, para tanto, exige determinado
tipo de texto.Para compreender o que seja o contexto sociocognitivo, segundo Koch
(2003, p. 24), em primeiro lugar, ele se insere na compreensão de que o contexto
“[...] abrange o contexto linguístico inserido no texto; [...] a situação de interação
mediata (entorno sociopolítico-cultural) e, também, o contexto sociocognitivo dos
interlocutores que, na verdade, subsume os demais”.
No entanto, a presença dos interlocutores, também representada no estudo dos
enunciados, ainda não é suficiente. Isso porque os sujeitos agem como se se
movessem no interior de um tabuleiro de xadrez, em que cada um desempenha um
papel social, regido por algumas convenções, as quais trazem normas de conduta e
impõem condições, estabelecendo deveres, valores que, portanto, também limitam
a liberdade. E ao se pensar em um trabalho textual é importante “[...] propiciar
acesso às ferramentas de expressão e compreensão de processos discursivos,
proporcionando ao aluno condições para adequar a linguagem aos diferentes
contextos sociais” (PARANÁ, 2008, p. 54). Nesse sentido, para interpretar um texto, o
aluno deve considerar o contexto no qual está inserido e, assim, também saberá
como produzir textos adequados à comunicação que o emissor necessita fazer.
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Em razão do que foi dito, viu-se que tipo de contexto  passou a ser levado em conta:
o sociocognitivo. Diante disso, para que duas ou mais pessoas possam
compreender-se mutuamente, e para que a comunicação se efetue com sucesso, é
necessário que as respectivas conjunturas sociocognitivas sejam, pelo menos,
parcialmente semelhantes, ou seja, o conhecimento de mundo de ambas deve
apresentar aspectos comuns. Dessa forma, esse contexto constitui um conjunto de
suposições, baseadas nos saberes dos interlocutores, mobilizadas para a
interpretação de um texto e fundamentais para o sucesso da comunicação.  
1.4.2 Fatores de contextualização
Chamam-se fatores de contextualização aqueles que “ancoram” o texto, ou seja,
aqueles que o seguram e mantêm sua coerência. Sem os elementos
contextualizadores, ficaria difícil decodificar a mensagem. Não são fatores
pertencentes ao texto, mas “[...] elementos que contribuem para equacionar
alternativas de compreensão” (MARCUSCHI, 1983, p. 16).
Figura 7 - As manifestações de linguagem de uma determinada cultura têm a função, na maioria das
vezes, de perpetuar tradições, usos, costumes e rotinas a serem obedecidas. Fonte: stroblowski,
Shutterstock, 2018.
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Entre os exemplos, podemos observar que em documentos, correspondências
oficiais e outros textos deste gênero, o timbre, o carimbo, a data e a assinatura são
de extrema importância, servindo, inclusive, para dar fé ao texto. Entre os fatores
gráficos, temos: disposição na página, ilustrações, fotos, localizações no jornal ou
revista (caderno, página), que contribuem para a interpretação do texto.
Também é necessário destacar os fatores perspectivos ou prospectivos,
considerados como aqueles que avançam expectativas e apontam pistas ao leitor
sobre o conteúdo ao longo do texto. Além disso, o título, o autor e o início do texto
também desempenham essa função.
Leia mais sobre os fatores de contextualização textuais na obra de Luis Antônio Marcushi(1983),
Linguística do texto: o que é e como se faz. De acordo com o autor, existem os contextualizadores
propriamente ditos e os perspectivos ou prospectivos. 
Figura 8 - Os textos de legislações, por exemplo, apresentam determinadas características comuns que
podem ser observadas em todas as leis. Fonte: rawf8, Shutterstock, 2018.
VOCÊ QUER LER?
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Pode-se dizer que ler e compreender um texto é uma atividade semelhante à de
solucionar problemas. Ao descobrir a resposta final, teremos estabelecido uma
relação mútua com a coerência do texto. 
VOCÊ SABIA?
Ao escrever o texto, o autor verifica adequações como o grau de formalidade, a variedade do
vocabulário, como o tema vai ser tratado, o lugar e o contexto da comunicação, considerando as
imagens recíprocas que os interlocutores fazem uns do outros. 
Ainda a respeito dos fatores de contextualização, destaca-se a presença da
situacionalidade, outro fator responsável pela coerência do texto e que atua em
duas direções: da situação para o texto e do texto à situação. Conforme Travaglia e
Koch (2007): “[...] a aceitabilidade acontece quando duas pessoas estão
conversando, ou seja, há um emissor e um receptor”, e nesse diálogo eles procuram
compreender um ao outro, ativando seus conhecimentos e relacionando-os com o
que lhes foi transmitido, para, assim, entender o sentido do texto.
Ao falarmos da situação para o texto, dizemos que a mesma ocorre quando há a
possibilidade de determinar a proporção pela qual a situação comunicativa interfere
na produção e na recepção do texto e, consequentemente, no estabelecimento da
coerência, ao observarmos o contexto imediato da interação: o sociopolítico-
cultural, no qual a interação se insere (KOCH, 2003). 
CASO
O texto tem reflexos importantes da situação comunicativa, por exemplo, o mundo textual
(produzido pelo autor) não é jamais igual, alguns teóricos chamam de verossímil, ou semelhante ao
mundo real. Assim, mesmo que uma narrativa conte um fato real, ela está repleta de elementos
ficcionais, como o ponto de vista do autor. Considerando que um dos significados do termo
verossímil é “provável”, dessa maneira, ao atentarmos para o texto narrativo, podemos dizer que
este precisa ser constituído de um mundo possível, a fim de que provoque no leitor a sensação de
que o enredo possa realmente existir, ou vir a ocorrer. Mesmo assim, as ações na narrativa não
precisam corresponder de forma exata ao universo exterior, porém devem apresentar características
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semelhantes à realidade. Com base no que foi dito, o texto narrativo ficcional apresenta duas
características básicas de verossimilhança: a externa, que diz respeito ao que é aceito pelo senso
comum, tido como possível, provável; e a interna, caracterizada pela coerência narrativa, que é a
sequência temporal dos fatos, sendo que os mesmos devem apresentar certa sequência
temporalmente, como nessa ordem: uma causa (um fato) desencadeia uma consequência e essa,
por sua vez, dá origem a novos fatos, assim sucessivamente. Quando essa sucessão, por um motivo
ou outro, se torna contraditória, pode-se dizer que então a narrativa adquiriu um aspecto
inverossímil (KOCH, 2003).
Quanto à recriação do mundo real, dizemos que o autor utiliza-se de sua visão de
mundo e escreve de acordo com seus objetivos, propósitos, princípio, convicções,
crenças, seu repertório. Mesmo que os referentes do texto não sejam idênticos aos
do mundo real, eles são reconstruídos no interior do texto. Sendo assim, o indivíduo
que recebe o texto também o interpreta conforme a sua visão de mundo, os seus
propósitos, as suas convicções e o seu conhecimento prévio, de maneira que na
escrita há sempre uma mediação entre o mundo real e o textual. Isso se relaciona
com o aspecto discutido anteriormente sobre o repertório de cada leitor e sua
memória textual e de mundo.
No tocante à coerência, podemos dizer que a situacionalidade desempenha um
papel relevante, ou seja, um texto que é coerente em determinada situação pode
não sê-lo em outra. Tem-se então a necessidade da adequação do texto à situação
comunicativa. Por exemplo, uma carta aberta para um monge budista pode ter
sentido dentro da comunidade budista e para as pessoas que a escreveram, mas
não terá sentido para quem não conhece tal filosofia de vida.
Já a respeito da informatividade, dizemos que um texto faz referência ao grau de
previsibilidade ou expectativas das informações contidas nele. O texto será menos
informativo se contiver apenas informações previsíveis ou redundantes. Dessa
forma, pode-se dizer que seu grau de informatividade será baixo. Por outro lado, se
apresentar informações inéditas – inesperadas ou imprevisíveis –, ele terá um grau
de informatividade alto. Por exemplo, quando escrevemos uma dissertação e nossa
argumentação for embasada no senso comum, o texto terá um grau de
informatividade baixo, mas, se trouxermos diferentes exemplos, dados de pesquisas
e outros autores para dialogar com aquilo que pensamos, apresentaremos um texto
mais informativo. Contudo, à primeira vista do leitor, o entendimento deste texto
pode parecer difícil, uma vez que exige do receptor um maior esforço no sentido da
decodificação.
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VOCÊ SABIA?
É a informatividade que determina a seleção e o arranjo da informação no texto, de maneira que o
receptor possa calcular o sentido da escrita com maior ou menor facilidade, dependendo da
intenção do produtor de construir um texto mais – ou menos – hermético, polissêmico e conforme o
contexto da produção.
Em razão do que foi visto, você poderá concluir que os textos que apresentam o
maior grau de informatividade são mais comuns na literatura e na linguagem
figurada em geral. No entanto, aparecem com frequência também em textos
publicitários e jornalísticos.
Síntese
Você concluiu os estudos referentes à distinção entre a linguagem escrita e a fala, a
partir de suas características e elementos peculiares.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
distinguir as características da oralidade e da escrita;
reconhecer marcas de oralidade na escrita;
identificar o uso de reguladores textuais continuadores típicos da fala;
definir escrita e interação;
identificar os focos da escrita: língua, escritor, interação;
reconhecer os tipos de conhecimento provindos da escrita;
compreender o que são gêneros textuais;
reconhecer conteúdos e estilos;
compreender a função do contexto;
reconhecer fatores de contextualização;
identificar situações de contexto sociocognitivo.
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