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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3 1 A PRODUÇÃO DE TEXTOS NO CONTEXTO ESCOLAR .................................. 4 1.1 A concepção de linguagem e a produção de textos ..................................... 6 1.2 O que é produção de texto na escola? ......................................................... 8 2 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL: O DESAFIO DE ENSINAR A LER E ESCREVER TEXTOS NA ESCOLA .................................................................................. 11 3 PRODUÇÃO DE TEXTO: COMO INCENTIVAR OS ALUNOS A ESCREVER MELHOR? ......................................................................................................................... 17 4 POR QUE APRENDER TÉCNICAS PARA A PRODUÇÃO DE TEXTO? ......... 19 4.1 Escrever um texto é verdadeiramente uma ciência! ................................... 20 5 A PRODUÇÃO TEXTUAL - UMA ANÁLISE DISCURSIVA ............................... 20 6 O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL ...................................................... 21 7 O QUE É UM TEXTO? ...................................................................................... 25 8 GÊNEROS TEXTUAIS ...................................................................................... 29 8.1 Textos literários e textos não literários ........................................................ 30 9 COMO ENSINAR OS ALUNOS A ESCREVER DE FORMA CLARA? .............. 32 10 ELABORAR BONS TEXTOS EXIGE, ENTRE OUTRAS COISAS, TÉCNICA, COERÊNCIA E CRIATIVIDADE ........................................................................................ 35 10.1 Leitura e produção de textos ................................................................... 35 10.2 Dicas para facilitar a produção de textos ................................................. 37 11 A PRODUÇÃO DE TEXTO COMO PRÁTICA SOCIAL ..................................... 38 11.1 O processo de escrever........................................................................... 38 11.2 Estratégias para produzir textos .............................................................. 41 11.3 Produção textual na escola ..................................................................... 42 12 PROGRESSÃO TEXTUAL: ELEMENTO FUNDAMENTAL PARA UM BOM TEXTO 45 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 47 14 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 48 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 A PRODUÇÃO DE TEXTOS NO CONTEXTO ESCOLAR Fonte: saskiapsicodrama.com.br Compreende-se que uma das finalidades da escola é ensinar a ler e escrever. E estas, não são habilidades isoladas, ambas se completam e promovem a aquisição do conhecimento. São práticas sociais essenciais para o desenvolvimento da cognição humana. É através da leitura e escrita que o aluno tem a oportunidade de expor suas ideias, pensamentos, sentimentos e opiniões através da produção de textos orais e escritos adequados à situação e ao contexto. Para se produzir um texto de forma clara, objetiva, estruturada e com argumentos consistentes, o aluno precisa dominar estratégias de organização e planejamento desse texto. Assim, antes de iniciar a escrita, faz-se necessário levar o aluno a questionar: o que se quer escrever? Como escrever? Para quem escrever? Visto que, a escrita tem sempre um sentido e uma função e, portanto, as atividades de produção de textos precisam cumprir a finalidade e aos diferentes usos sociais da escrita. Segundo Antunes (2003, p.54) o ato de escrever supõe etapas interdependentes e Inter complementares, e a primeira delas implica o planejamento, para, em seguida, ser executada a escrita propriamente dita e, então, a revisão e a reescrita. E, tratando exatamente de produções textuais, a atividade de escrita requer um contato diário com a leitura, é um exercício contínuo. A palavra de ordem é LER. É através 5 da leitura que o aluno poderá encontrar os elementos básicos do material que é apreciado, compreendido e explicado para reproduzir o que é lido. Reproduzimos aquilo que somos e o que experienciamos. Sabe-se que são diversas contribuições do hábito de leitura para a prática da produção de texto no contexto escolar, por permitir ao aluno, ampliar seu conhecimento, construir um embasamento mais denso e abrangente sobre o assunto a ser exposto, aguçar sua imaginação, ampliar sua criatividade, enriquecer o vocabulário e acessar culturas. Por isso, a atividade de leitura não pode ser uma atividade secundária em sala de aula. Diante do afirmado, a escola assume uma grande responsabilidade de promover uma aprendizagem sólida e significativa, através de ações e estratégias de ensino que contribuam para amenizar as barreiras enfrentadas pelos alunos quando produzem seus textos. É despertar no aluno que a produção de textos é o resultado da interação entre o sujeito e o uso da linguagem, de quem escreve para quem lê. É enfatizar a importância de se planejar e compreender todo o processo que permeia a construção de um texto; é dar condições de autonomia da escrita, posicionar esse aluno diante do texto que se queira produzir, interpretando a qual finalidade de comunicação se destina a escrita assumida por ele e qual é o gênero textual que melhor exprime essas ideias. Assim, estar em contato com os mais variados gêneros textuais, possibilita a esse aluno ampliar sua leitura de mundo além de seu conhecimento linguístico e textual. Nesse sentido, é primordial nas salas de aulas o trabalho com a diversidade textual, através dos contos, poemas, poesias, notícias, crônicas dentre outros; é reconhecer que a escrita demanda uma certa habilidade criativa da qual a leitura traz e que a utilização dos mais variados textos/gêneros textuais, auxiliam no aprimoramento da capacidade de leitura/interpretação, produção textual e oralidade dos alunos, formando-os escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Desse modo, os alunos são considerados cidadãos que desenvolvem sua capacidade de compreender textos orais e escritos, de assumir a palavra e produzir textos, em situação de participação social. (PCNs, 1997:46). Frente a isso, sabe-se que, para formar cidadãos leitores é uma tarefa desafiadora, faz-se necessário que toda a escola esteja engajada nesse processo, na busca por estratégias efetivas de leitura associadas à novas práticas de ensino sobre escrita e reescrita dos textos, adequando as temáticas trabalhadas à realidadedos alunos. E que, o 6 professor, seja ele, o primeiro a assumir uma postura de leitor, de ser agente provocador e estimulador para que a atividade de produção textual no ambiente escolar seja eficiente e venha a atingir uma dimensão muito maior, deixando de ser apenas uma questão mecânica e cumprimento de currículo e assumindo a função social da escrita. E, neste sentido, Guedes (2009) aponta que a tarefa do professor de redação (ou produção textual) começa a partir do texto escrito pelo aluno, na orientação da reescrita deste texto para ajudá-lo (o aluno) a descobrir o que ele queria dizer e a reescrever a primeira versão para fazê-lo dizer isso. Nessa perspectiva, é importante ressaltar a importância da redefinição das atividades de produção de textos em sala de aula. Não há dúvida de que a prática da produção de textos se tornará mais importante se puder ser bem direcionada para uma finalidade específica e combinada com o ambiente real. 1.1 A concepção de linguagem e a produção de textos No Brasil, muitos estudantes possuem dificuldades na utilização da língua seja de forma oral ou escrita. No entanto, essa dificuldade não deve ser classificada como uma incapacidade de expressão desses estudantes, mas sim como uma incapacidade de sintetizar informações e juízos para transformá-los em sentenças linguísticas. A linguagem é a forma ou instrumento que os falantes de uma determinada língua utilizam para expressar ou comunicar algo a alguém. Segundo Koch (2012), a linguagem é a capacidade que o ser humano tem de interagir com o meio social através de uma língua, das mais variadas formas e variados propósitos e resultados. Em outras palavras, a linguagem, seja na modalidade oral ou escrita, pode se manifestar de diferentes formas, levando em conta os propósitos e resultados daquilo que é dito ou escrito. A linguagem pode ser concebida de formas diferentes que norteiam como ela é apresentada, seja oralmente ou em forma de escrita. As concepções de linguagem podem ser divididas em três modalidades. A primeira é a linguagem como expressão de pensamento. O autor João Wanderley Geraldi (2006) aponta-a como tradicionalista. Para ele, se essa concepção de linguagem é adotada, é como se afirmasse que as pessoas não conseguem se expressar por não pensarem. Em síntese, essa concepção admite a 7 expressão puramente como produto do pensamento, sem levar em conta o contexto e o receptor da mensagem que envolve essa expressão linguística. Em comparação a Geraldi, Koch (2012) apresenta essa concepção que, por sinal, é a mais antiga das concepções linguísticas, como uma forma de representação do pensamento e conhecimento de mundo do homem por meio da língua, isto é, a língua tem a finalidade somente de representar o pensamento humano. Essa concepção valoriza a gramática pura no processo comunicativo. Quando se leva em conta essa concepção na escrita de um texto, aquele que o escreve expõe no papel as suas ideias, valendo-se da gramática normativa, sem pensar se aquele texto atingirá seus objetivos e poderá ser compreendido por outras pessoas no ato da leitura. A segunda concepção apresenta a linguagem como instrumento de comunicação. Nela, leva-se em consideração a interação entre o emissor e o receptor da mensagem. Os autores Geraldi e Koch apontam essa concepção da língua como um código que somente transmite a mensagem ao receptor, que, por sinal, recebe-a de forma passiva. Geraldi ainda diz que geralmente essa concepção é a mais vista em livros didáticos, instruções ou propostas de produção de textos. Ao se valer dessa concepção nas propostas de produção de textos, o professor somente delimita aquele para quem será escrito o texto, porém, o emissor da mensagem não recebe o papel comunicativo que deve representar no ato da escrita, nem mesmo o contexto que se deve levar em conta no processo da escrita. A terceira e última concepção, é a linguagem como forma de interação. Nesse sentido, ela assume um papel diferenciado das concepções anteriores. Em oposição à linguagem como expressão do pensamento e como forma de comunicação, essa terceira envolve a interação entre o emissor e receptor da mensagem, ambos participam de forma ativa no processo comunicativo. A linguagem se torna a ponte entre o locutor e o interlocutor no processo da fala e da escrita. Geraldi (2006) afirma que nessa concepção interacionista. (...) mais do que possibilitar uma transmissão de informações de um emissor a um receptor, a linguagem é vista como um lugar de interação humana. Por meio dela, o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria levar a cabo, ao não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não preexistiam à fala. (GERALDI, 2006, p. 41, Apud BATISTA W. 2018) 8 Por meio das palavras de Geraldi, pode-se compreender que a linguagem como forma de interação vai além do ato de ler e escrever. Essa envolve a interação entre atores comunicativos e contexto social ou cultural em que o locutor e interlocutor vivem. As propostas de produção textual elaboradas pelo professor, quando assumem a concepção interacionista, permitem ao aluno saber qual papel ele deve exercer e de que forma ele pode permitir a participação do receptor da mensagem ou leitor do seu texto. Dessa forma, os alunos têm consciência de perguntas essenciais para a escrita de um bom texto, tais como: Quem é o enunciador? (Aquele que escreve o texto); quem é o enunciatário? (Aquele que recebe a mensagem ou leitor do texto); qual é o propósito do texto e em qual gênero deve ser escrito? Quando essas perguntas são usadas nas construções de textos, os alunos se sentem mais seguros na sua elaboração e, ao mesmo tempo, as correções das produções se tornam mais claras, tanto para o professor quanto ao aluno. 1.2 O que é produção de texto na escola? A produção de textos, na escola, é uma questão de grande preocupação social. Muitas vezes, essa atividade torna-se um “tormento” para muitos alunos e também para os professores. Um dos influenciadores da dificuldade dos alunos na criação de textos está relacionado com os temas propostos para esses textos. Segundo Geraldi (2006), os alunos anualmente fazem redações com os mesmos temas e esses geralmente são baseados em datas comemorativas. Essa repetição de propostas faz com que os alunos não gostem de produzir textos, por ser uma atividade exaustiva e repetitiva, além de escreverem textos com temas sem utilidade prática. Os textos produzidos na escola além de trazer dissabores para os alunos, também se tornam algo ruim para os professores, que se sentem frustrados ao avaliar textos mal redigidos e ver a falta de interesse dos alunos de melhorar nas produções textuais. Geraldi (2006) mostra que as produções de texto na escola são feitas voltadas para o professor que é, geralmente, o único leitor do texto. Com isso, os estudantes se sentem desmotivados e não demonstram empenho na escrita de algo que será somente lido por uma pessoa que, no caso, é o professor. O emprego da língua, na escola, então, foge de 9 sua utilidade real que deveria contar com a participação e interação de vários atores no processo comunicativo e isso torna o emprego da língua artificial. É interessante que os alunos escrevam textos que possam ser compartilhados com outros alunos da escola e até mesmo para outras pessoas fora da escola. O professor precisa promover atividades com os textos redigidos pelos alunos para que, dessa forma, os estudantes se sintam motivados a produzir bons textos para que outros possam lê-los. Como afirmado anteriormente, outra questão importante na produção de textos é a leitura. Quanto mais se lê, maior é a bagagem de conhecimento argumentativo na elaboração de um bom texto. A leitura é um fator importante para se produzirbons textos e esse é um problema que acomete o sistema escolar brasileiro. Um ditado popular brasileiro afirma que o “brasileiro não gosta de ler”. Não é que o brasileiro não goste de ler. A raiz do problema é que muitos brasileiros não têm um bom hábito de leitura. casaarteria.com.br Essa falta de interesse pela leitura reflete-se no contexto escolar desde o início das séries iniciais até o fim do ensino fundamental. Os discentes geralmente leem por “obrigação” livros que o professor considera importantes para a sua formação. A maioria dos professores seja conscientemente ou não, por algum motivo ou outro delimita o que os alunos precisam ler e não permitindo sugestões. Com isso, os alunos não possuem acesso 10 a alguns tipos e gêneros textuais e desconhecem outros que fazem diferença na sua formação de bons leitores e escritores. As maiores dificuldades com relação a produções de textos pelos alunos se devem à falta de objetivos claros nas propostas e inadequações dos temas propostos. A produção de texto na escola muitas vezes possui aspecto limitado, no qual são privilegiados alguns tipos e gêneros textuais, resultando em desconhecimento e insegurança por parte dos alunos ao se depararem com uma proposta de produção de texto. A produção textual é vista de maneira negativa pelos alunos, por ser na maioria das vezes, algo repetitivo e desgastante, sendo necessário ao professor preocupar-se em variar temas e tipos textuais, além de definir objetivos claros em suas propostas de produção de textos. Diante disso, surge uma problemática em torno da correção desses textos, do que se queira analisar, diante de tais dificuldades mencionadas. Compreende-se que o professor precisa se valer de diferentes critérios linguísticos claros, para que se possam identificar essas dificuldades e consequentemente pensar em estratégias de intervenção, para que o processo de correção e avaliação aconteça de forma adequada e satisfatória, com a premissa de não prejudicar ou desestimular aquele determinado aluno, levando em consideração o respeito ao outro, ao dito pelo outro, à forma escolhida pelo outro para se expressar. Quando não há critérios de correção definidos, o professor seja de forma consciente ou inconsciente, assume o papel de examinador, aquele que aponta os erros ao invés de questioná-los. É importante que o professor encare a produção de textos de forma qualitativa e interativa, para que sua avaliação tenha por objetivo consolidar a aprendizagem, ajudar/estimular ao aluno e não o reprovar, percebendo que o seu papel é salutar para o avanço do ensino e aprendizagem. Corrigir significa, neste contexto, apontar caminhos de adequações. Contudo, é preciso elencar a importância de aprimorar com os alunos a prática da revisão textual no trabalho com produção de textos, reforçando a concepção de que o ciclo de se produzir textos, baseia-se em ler, escrever e reescrever. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998, p.52 , “a capacidade de analisar e revisar o próprio texto em função dos objetivos estabelecidos, da intenção comunicativa e do leitor a que se destina, redigindo tantas quantas forem as versões necessárias para considerar o texto produzido bem escrito”. 11 Assim, surge para professor um dupla possibilidade de ação: uma voltada para que ao aluno desenvolva estratégias críticas de autocorreção utilizando-se os conhecimentos que já possui em relação à língua para revisar seu próprio texto; outra como fonte de assuntos que mereçam ser abordados nas aulas, discutido e explanado por meio de atividades providas de relevância, pois, a produção de textos na escola, ainda é algo de grande preocupação e tem influência direta na formação, na busca por uma melhor colocação no amplo mercado de trabalho, concursos, dentre outras oportunidade que se almeja um futuro promissor. 2 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL: O DESAFIO DE ENSINAR A LER E ESCREVER TEXTOS NA ESCOLA Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a alfabetização em sentido estrito, e capacitar estudantes para que possam manipular habilmente essas competências no mundo, são práticas extremamente complexas. Em nossa sociedade, a escrita desempenha um papel fundamental e está em toda parte, sendo de fundamental importância escolarizar essa experiência escritora. Porém, quando o assunto é produção de texto, destaca-se em geral, que os alunos rejeitam essa prática na escola, rejeitam a ideia de apenas escrever textos direcionados pelos professores, com temas e assuntos específicos que muitas vezes não se sentem motivados a produzi-los. Sendo assim, reforça-se a necessidade de ressignificar o ensino da produção de textos na escola, torna-la mais atrativa e menos conflituosa, visto que, a atividade de produzir texto perpassa nas diversas fases e etapas do conhecimento e o educador desempenha um importante papel nesse processo. Analisar as estratégias e técnicas de ensino, de estimular e de instigar a escrita, são práticas relativamente recentes e o primeiro passo é propiciar ao aluno o domínio da tecnologia da escrita e leitura para, depois, torná-lo um produtor de textos. Nesse sentido, um dos grandes desafios do educador, é consolidar abordagem significativas para que seu discente seja estimulado e motivado a desenvolver a escrita. Outrossim, é de grande importância abordar a produção textual como uma atividade divertida e útil no contexto educacional e social para que aja significância no ato de escrever. “Produzir textos é expor 12 uma imagem de si. Nada é tão complexo quanto suscitar o gosto e a motivação para a escrita.” Dolz, Agnon e Decêndio, 2010. Ademais, escrever também demanda uma certa habilidade criativa da qual a leitura a traz. É a partir do processo de reflexão do educador, da interação do professor/aluno e aluno/professor que promoverá a base de conhecimento essencial para desenvolvimento da habilidade e competência da escrita, convictos de que o hábito leitura é primordial para a eficiência em produzir texto. Através da leitura que ocorrem diversas ligações no cérebro que nos permitem desenvolver o raciocínio. Além disso, com essa atividade, aguçamos nosso senso crítico por meio da capacidade de interpretação. Nesse sentido, vale lembrar que a “interpretação” dos textos é uma das chaves essenciais da leitura. Afinal, não basta ler ou decodificar os códigos linguísticos, faz-se necessário compreender e interpretar essa leitura. Como citado anteriormente, é válido reforçar que muitos são os benefícios que a leitura proporciona: desenvolvimento da imaginação, da criatividade, da comunicação, bem como o aumento do vocabulário, dos conhecimentos gerais e do senso crítico. Além dessas contribuições, com a leitura exercitamos nosso cérebro, o que facilita a interpretação de textos de forma a promover competência e habilidade na escrita. Ao ler, o indivíduo adquire maior repertório, ampliando e expandindo seus horizontes cognitivos. Para além disso, estudos apontam que o ato de ler é muito prazeroso na medida em que reduz o estresse ao mesmo tempo que estimula reflexões. Por esse motivo, a leitura deve ser incentivada desde a Educação Infantil. Incentivar os filhos pequenos em casa e criar hábitos são condições importantes para que as crianças desenvolvam o gosto pela leitura. Partindo da concepção da língua escrita como sistema formal (de regras, convenções e normas de funcionamento) que se legitima pela possibilidade de uso efetivo nas mais diversas situações e para diferentes fins, somos levados a admitir o paradoxo inerente à própria língua: por um lado, uma estrutura suficientemente fechada que não admite transgressões sob pena de perder a dupla condição de inteligibilidade e comunicação; por outro, um recurso suficientemente aberto que permite dizer tudo, isto é,um sistema permanentemente disponível ao poder humano de criação (Geraldi, 93). Para produzir textos de qualidade, os alunos precisam saber o que querem dizer, para quem escrevem e qual é o gênero textual que melhor exprime essas ideias. O segredo é ler muito e revisar constantemente a escrita. A priori, o reconhecimento dos diversos tipos de gênero textual discursivo é essencial para a organização da escrita e, consequentemente, o 13 planejamento das ideias. Assim o trabalho com os gêneros textuais na sala de aula é primordial para o incentivo e desenvolvimento da leitura e escrita. Assim é enfatizado o trabalho com a leitura de gêneros textuais diversificados, sejam eles didáticos ou não didáticos. Segundo Marcuschi (2008), a produção de textos escritos é um eixo da língua materna que deve ser ensinado e desenvolvido em sala de aula e o desencadeamento desse ensino se dá através dos gêneros textuais discursivos. O estudo dos gêneros textuais é hoje uma área interdisciplinar, com atenção especial para a linguagem em funcionamento e para as atividades culturais e sociais. Desde que não concebamos os gêneros como modelos estanques nem como estruturas rígidas, mas como formas culturais e cognitivas de ação social (Miller, 1984) corporificadas na linguagem, somos levados a ver os gêneros como entidades, cujos limites e demarcação se tornam fluidos (MARCUSCHI, 2008, p. 151). Ainda de acordo com Marcuschi, “É impossível não se comunicar verbalmente por um gênero, assim como é impossível não se comunicar verbalmente por algum texto”. Isso porque toda manifestação verbal se dá sempre por meio de textos realizados em algum gênero. Daí a centralidade da noção de gênero textual no trato socio interativo da produção linguística. Nessa perspectiva, ele acrescenta que gêneros textuais são: [...] os textos materializados em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros textuais são os textos que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos definidos por composições funcionais, objetivos enunciativos e estilos concretamente realizados na integração de forças históricas, sociais, institucionais e técnicas (MARCUSCHI, 2008, p. 155, Apud SILVA E. G. 2018). Reconhecendo assim, que o gênero textual possui a dimensão social da linguagem na forma de discurso oral e escrito, possibilita ao aluno estabelecer o conceito de fazer-se escolher conscientemente a linguagem, de forma a explicar sua finalidade comunicativa. Considerando esta afirmativa, podemos reiterar que o conceito de gênero passa a assumir um elo entre o uso da língua e sua estrutura linguística na estruturação, concepção e funcionalidade dos textos, tendo a necessidade de caracterizá-los teoricamente. Marcuschi (2008), afirma então, que o texto é o resultado de uma ação linguística e suas fronteiras são determinadas pelo mundo em que ele está inserido. Ressalta, ainda, que o texto pode ser tido como um tecido estruturado, uma entidade significativa, uma entidade 14 de comunicação e um artefato sócio histórico variadas. É possível se dizer que o texto é uma (re) construção do mundo, e não uma simples refração ou reflexo. Fonte:mensagens.culturamix.com Assim, um texto se dá numa complexa relação interativa entre a linguagem, a cultura e os sujeitos históricos que operam nesses contextos. E se fundamenta sobretudo pela sua discursividade, inteligibilidade e articulação que ele põe em movimento. Portanto, a atividade da escrita pressupõe a interação e o uso da linguagem. Segundo Antunes (2010), “Não há linguagem sem a utilização da escrita, da fala, da escuta e da leitura”. A escrita deve ocorrer de uma maneira que sejam percebidas a atividade interativa de expressões, intenções, crenças, manifestações verbais ou sentimentos que queremos partilhar com alguém, interagindo com ele. Desse modo, a condição prévia para o êxito da atividade de escrever é ter o que dizer, pois as palavras medeiam e fazem ponte entre quem fala e quem escuta, entre quem escreve e quem lê. O fato de saber o que dizer em determinada situação caracteriza-se pela capacidade do conhecimento linguístico inerente a cada pessoa. Conforme os PCN (2000, p. 24): É na interação em diferentes instituições sociais (a família, o grupo de amigos, as comunidades de bairro, as igrejas, a escola, o trabalho, as associações, etc.) que o sujeito aprende e apreende as formas de funcionamento da língua e os modos de 15 manifestação da linguagem; ao fazê-lo, vai construindo seus conhecimentos relativos aos usos da língua e da linguagem; em diferentes situações. Também nessas instâncias sociais, o sujeito constrói um conjunto de representações sobre o que são os sistemas semióticos, o que são as variações de uso da língua e da linguagem, bem como qual seu valor social. (Apud SILVA E. G. 2018) A prática crescente da competência para a escrita ocorre no decorrer do contato diário com a escrita e a leitura e do exercício de cada evento, com as regras próprias de cada tipo e de cada gênero textual. Antunes (2010, p.116) expõe que “A escrita é uma forma de atuação social entre dois ou mais sujeitos que realizam o exercício do dizer. Tudo isso significa dizer que a escrita da escola deve ser a escrita de textos”. Por isso, é extremamente relevante que o professor trabalhe com os alunos os mais diversos gêneros textuais. Portanto, as atividades de produção e recepção de textos merecem destaque no ensino da língua portuguesa, pois os alunos precisam produzir textos correspondentes aos diferentes usos sociais da escrita, ou seja, que contemplem aquilo que se vivencia fora da escola. Além disso, deve-se proporcionar a eles a escrita de textos de gêneros textuais que possuam uma função social determinada. Assim sendo, faz-se necessário que o docente promova condições interacionistas no sentido de desencadear uma melhor aprendizagem nas atividades, no caso aqui específico, nas produções de textos escritos, para que os textos produzidos apresentem sentido, discursividade e que sejam compreendidos por estarem simplesmente contextualizados. O sentido de um texto, qualquer que seja a sua situação comunicativa, não depende tão somente da estrutura textual em si mesma. Os objetos de discursos a que o texto faz referência são apresentados, em grande parte, de forma lacunar, permanecendo muita coisa implícita. O produtor de um texto pressupõe, da parte do leitor/ouvinte, conhecimentos textuais situacionais e enciclopédicos. Entrelaçados a esses eixos, encontra-se, de forma muito sincronizada, o contexto situacional permanente no texto, o qual interliga o percurso discursivo, inferindo as ideias dialogicamente nele percebidas. A escrita é uma atividade processual, ou seja, uma atividade durativa, um percurso que se vai fazendo pouco a pouco, ao longo de nossas reflexões, de nosso acesso a diferentes fontes de informação. O pouco êxito conseguido com a escrita de textos na escola se explica muito pela visão estática e pontual da escrita, como se escrever fosse 16 apenas um ato mecânico de fazer alguns sinais sobre a folha de papel e, assim, um ato que começa e termina no intervalo de tempo que foi dado para se escrever. Para Marcuschi (2008), o texto não é feito apenas de palavras e, portanto, não é composto apenas do material linguístico que aparece em sua superfície. Nele, o significado de uma parte depende das outras com que se relaciona. O seu significado global não é o resultado da mera soma de suas partes, mas de certa combinação geradora de sentidos. A produção de um texto, de alguma forma, acaba sendo uma maneira de reorganizar o pensamento e o universo interior da pessoa. A escrita não é apenas uma oportunidade para que se mostre, comunique, mas também para que se descubra o que é, o que pensa, o que quer, em que acredita,etc. Tudo isso porque todo ato de escrita pertence a uma prática social. Ninguém escreve por escrever. A escrita tem sempre um sentido e uma função. Levar esses princípios em consideração vai implicar uma avaliação multidimensional bem mais ampla e bem mais mobilizadora também, pois será constantemente recriada e englobará estratégias, recursos e instrumentos diversificados, diferentemente da mesmice com que ela ocorre nas práticas atuais. Para ocorrer de fato um progresso na escrita, o ideal é que se crie com os discentes a prática do planejamento, do rascunho e da revisão, de maneira que a primeira versão de seus textos tenha sempre um caráter de produção provisória. Só assim, os alunos podem construir e aprimorar cada vez mais seus textos. Portanto, para aproximar a produção escrita das necessidades enfrentadas no dia a dia, o caminho atual é enfocar o desenvolvimento dos comportamentos leitores e escritores. Ou seja: levar a criança a participar de forma eficiente de atividades da vida social que envolvam leitura e escrita. Noticiar um fato num jornal, ensinar os passos para fazer uma sobremesa ou argumentar para conseguir que um problema seja resolvido por um órgão público: cada uma dessas ações envolve um tipo de texto com uma finalidade, um suporte e um meio de veiculação específico. Conhecer esses aspectos é condição mínima para decidir, enfim, o que escrever e de que forma fazer isso. Fica evidente que não são apenas as questões gramaticais ou notacionais (a ortografia, por exemplo) que ocupam o centro das atenções na construção da escrita, mas a maneira de elaborar o discurso. Diante do exposto, produzir textos é um processo que envolve diferentes etapas: planejar, escrever, revisar e reescrever. A revisão não consiste em corrigir apenas erros ortográficos e gramaticais, como se fazia antes, mas cuidar para que o texto cumpra sua 17 finalidade comunicativa. A leitura, assim como a escrita, supre as necessidades do nosso cérebro de aumentar sua capacidade intelectual. É notório o fato de que um indivíduo quando pratica o hábito da leitura, sobressaia melhor em suas produções, aperfeiçoando através deste, sua competência discursiva marcada por um bom domínio da modalidade escrita e por uma visão de que a produção de texto é um trabalho que exige a superação de jogos de palavras ou frases soltas. 3 PRODUÇÃO DE TEXTO: COMO INCENTIVAR OS ALUNOS A ESCREVER MELHOR? Incentive a leitura No ambiente escolar, um dos primeiros contatos dos estudantes com o texto acontece pela leitura. Ela estimula e instiga a criatividade infantil com histórias que apresentam diferentes cenários, personagens e valores que são internalizados nas crianças. O hábito de ler faz com que o estudante crie compreensão dos diversos estilos de contar uma história: narrativa, fábula, argumentação, conto, poesia etc. Portanto, estimular a leitura em sala de aula é uma maneira de incentivar a produção textual. É importante, porém, que os livros sejam apresentados como elementos de diversão e fonte de conhecimento. Ou seja, os estudantes não podem encarar a leitura como uma obrigação acadêmica, tornando a prática maçante e pouco atrativa. Promover rodas de leituras, buscar produções que dialoguem com a realidade do estudante e deixar os livros acessíveis são maneiras de incentivar a prática. Fortaleça a autoconfiança Muitos estudantes têm medo de escrever. O nervosismo e a falta de confiança são impeditivos para liberarem sua criatividade e deixarem o texto fluir. Em alguns casos, essa barreira pode significar o sentimento de limitação no conhecimento de vocabulário ou das regras gramaticais. 18 Para tentar superar essa barreira, o professor tem um papel fundamental. É ele quem precisa estimular a autoconfiança dos estudantes, mostrando que a prática leva ao melhoramento da escrita. Criar ambientes abertos para discussão também auxilia os estudantes a se sentirem menos inibidos a pedir ajuda para os seus colegas de sala e para o próprio docente. Abordar a produção textual como uma atividade divertida e útil para os estudantes também facilita a autoconfiança. Além disso, o professor precisa compreender que cada aluno expressará a escrita de forma pessoal e que isso precisa ser valorizado. Afinal, escrever é um exercício bastante íntimo. Fonte: br.freepik.com Valorize a criatividade Para conseguir desenvolver boas produções textuais é fundamental ter criatividade. Por isso, o professor deve valorizar e estimular ambientes que instiguem e fortaleçam essa característica nos estudantes. Mostrar os vários estilos e gêneros textuais existentes é uma maneira de inspirar os alunos a encontrarem e criarem o seu próprio estilo. Dessa forma, permitirá a ele descobrir qual o gênero textual lhe é mais atrativo e a partir daí, solicitar a este, que produza http://54.207.29.105/o-que-e-sala-de-aula-invertida-e-quais-as-vantagens-desse-metodo/ 19 inicialmente textos baseados nesse formato, assim estará valorizando, incentivando o hábito da leitura e, consequentemente, a escrita. O professor também pode deixar um tempo para que cada aluno faça uma escrita livre. Nesse caso, não é necessário apontar temas, formatos ou padrão, apenas permitir que o estudante desenvolva um conteúdo sobre o seu gosto pessoal. Assim eles conseguirão superar o nervosismo e liberar a escrita. Mostre que a escrita é uma forma de expressão O estudante precisa conectar-se com a escrita. Para tanto, é fundamental que ele consiga expressar os seus sentimentos e valores por meio dela. A partir do momento que o aluno compreender que a escrita é um modo de expressar os seus pensamentos, a produção textual será menos desafiadora para ele. Esse raciocínio é fundamental para superar, por exemplo, a redação do Enem. O texto dissertativo — estilo cobrado no exame — pede para que o aluno seja capaz de construir uma proposta de intervenção diante da problemática apresentada, isso considerando a realidade vivida. Sem uma verdadeira conexão entre o estudante e a produção textual, o conteúdo pode ficar vazio e pouco atraente para o avaliador. 4 POR QUE APRENDER TÉCNICAS PARA A PRODUÇÃO DE TEXTO? O ensino tradicional da disciplina de Redação traz, muitas vezes, um “ranço” para os estudantes. Essa expressão caracteriza a falta de vontade do aluno em escrever. Esse fator não é culpa nem dos professores, nem dos próprios alunos. O que se tem na verdade é o pouco tempo para ensinar e explorar a disciplina, que quase sempre só dispõe de uma ou duas aulas no currículo. A maioria dos alunos pouco aproveita desse momento de aprendizagem. E quando finalizam seus estudos percebem a dificuldade que possuem em produzir textos, ou ainda, a culpam por não conseguirem. 20 3.1 Escrever um texto é verdadeiramente uma ciência! Pense bem: você irá colocar em um papel o seu raciocínio sobre determinado tema. Se os seus pensamentos não estão organizados, como você irá desenvolver uma escrita que deve possuir sequência, coerência, coesão, entre outros fatores e, ainda, domínio dos aspectos gramaticais? Complicado? Não! O Português é a sua língua materna, portanto, não há nada de complicado. É preciso entender que você já tem bagagem. O que deve ser feito é, em um primeiro momento, compreender os aspectos da comunicação que já se tem na prática passando-os para o entendimento da teoria e depois retransformar esse aprendizado de teoria para a prática novamente. É neste momento que entra o desenvolvimento e a aprendizagem das técnicas redacionais. Falar sobre técnicas, não é só apresentar aspectos como, por exemplo, causa e consequência, até porque existe muito conteúdo a ser compreendido em torno desta ciência de escrever! É preciso, com toda certeza, ir além! Às vezes, muitas pessoas escrevem sem noção alguma do que estão construindo.Muitos até dizem que é só escrever. Talvez seja isso mesmo, mas compreender o que está sendo construído é fundamental. Existem dúvidas, que solitariamente, não se consegue sanar quando se está produzindo um texto. Afinal, você pode até ter a prática, mas não compreende a teoria que é recheada de técnicas de redação e auxiliam no bom desenvolvimento da produção textual. 4 A PRODUÇÃO TEXTUAL - UMA ANÁLISE DISCURSIVA Redigir um texto parece, para muitos, um procedimento difícil... Concepção esta que, caso não seja aprimorada, acaba se tornando um estigma e, consequentemente, um entrave para o emissor no decorrer de sua trajetória cotidiana. O fato é que o ato da escrita requer do emissor determinadas habilidades que envolvem conhecimentos de forma específica. Em uma primeira instância, reportamo-nos à ideia de que todo discurso tem um fim em si mesmo, ou seja, perfaz-se de uma intenção que se caracteriza de acordo com os objetivos que se deseja alcançar com a mensagem ora transmitida. Intenções essas 21 materializadas sob a forma de um texto informativo, instrutivo, persuasivo, humorístico, didático, dentre outros. Desta feita, torna-se imprescindível que o emissor parta deste princípio: o que se busca mediante o trabalho com a linguagem? Tais pressupostos tendem a se reafirmar quando comparados à fala de José Saramago: As palavras são apenas pedras a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é o que importa. (Apud DUARTE V. M. N. 2018) Numa transcrição do metafórico para o sentido real, temos que “as pedras” que atravessam a corrente de um rio nada mais são que o acervo lexical que a língua nos proporciona e este acervo vai se incorporando ao nosso vocabulário à proporção que desenvolvemos o hábito de leitura. Mas elas não são suficientes para chegarmos “à outra margem do rio”, pois neste ínterim também estão correlacionados dois outros fatores de considerável relevância – os conhecimentos linguísticos (gramaticais) e o próprio conhecimento de mundo –, sendo que este último envolve o condicionante social, haja vista que para discorrermos acerca de um determinado assunto, temos que, necessariamente, elencar os argumentos que a ele faz referência. Numa transcrição do metafórico para o sentido real, temos que “as pedras” que atravessam a corrente de um rio nada mais são que o acervo lexical que a língua nos proporciona e este acervo vai se incorporando ao nosso vocabulário à proporção que desenvolvemos o hábito de leitura. Mas elas não são suficientes para chegarmos “à outra margem do rio”, pois neste ínterim também estão correlacionados dois outros fatores de considerável relevância – os conhecimentos linguísticos (gramaticais) e o próprio conhecimento de mundo –, sendo que este último envolve o condicionante social, haja vista que para discorrermos acerca de um determinado assunto, temos que, necessariamente, elencar os argumentos que a ele faz referência. 5 O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL Para alguns, escrever é um dom, para outros, depende da inspiração de cada um. Segundo Koch & Elias (2010, p. 32), “essa pluralidade de respostas nos faz pensar que o modo pelo qual concebemos a escrita não se encontra dissociado do modo pelo qual 22 entendemos a linguagem, o texto e o sujeito que escreve”. Isto é, a nossa visão sobre a escrita se dá em função do modo como olhamos para os elementos chave desse processo. A partir disso, Koch & Elias (2010) ainda discorrem sobre as concepções que surgem com base nos diferentes enfoques dados à escrita. A primeira concepção apresentada é aquela que tem como foco a língua. De acordo com as autoras, um sujeito que detém seu foco na língua vê a linguagem como um sistema acabado e inalterável e, portanto, compreenderá o texto a partir dessa perspectiva, ou seja, o verá como um produto pronto, uma escrita de códigos a serem decodificados, negando qualquer implicitude. Outra concepção apresentada pelas autoras é aquela que tem como foco o escritor. Sob esse viés, a linguagem é entendida como expressão do pensamento e, por isso, o texto tende a ser visto como uma representação de ideias do autor, sem a pressuposição de uma interação ou interlocução, considerando apenas o indivíduo (escritor) em si e ignorando qualquer relação com um suposto leitor. Fonte:soumamae.com.br Já a terceira concepção abordada pelas autoras é a que tem como foco a interação e servirá de base para compreendermos o processo de produção textual. “Nessa concepção interacional (dialógica) da língua, tanto aquele que escreve como aquele para quem se escreve são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que - 23 dialogicamente - se constroem e são construídos no texto [...]” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 34). Dessa forma, entende-se que a escrita não é um processo individual e rígido, mas, pelo contrário, coletivo e flexível, pois não é algo relativo somente à linguagem ou ao escritor, trata-se de um conjunto que envolve, além de aspectos linguísticos e intenções do autor, um interlocutor. Mas, então, o que configura um texto? A escrita precisa fazer sentido para ser texto; um exemplo disso é quando escrevemos palavras soltas com o objetivo de não nos esquecermos de algo, como o nome de um lugar em que precisamos ir, o nome de um material de aula que precisamos levar, entre outras. Essas palavras vão fazer sentido para nós, que escrevemos com essa intenção específica, mas se perdermos o papel em que anotamos essas palavras e outra pessoa o encontrar, provavelmente aquilo que estiver escrito não fará sentido nenhum para esse leitor. Isso porque “um texto não existe, como texto, a menos que alguém o processe como tal” (BEAUGRANDE apud MARCUSCHI, 2008, p. 89). E é neste ponto que está a complexidade da escrita: precisamos nos fazer entender por meio dela. Conforme Marcuschi (2008), para se produzir um texto, é necessário entendimento sobre o funcionamento da língua, do sistema linguístico. Isso pelo fato de que “[...] o texto não é um puro produto nem um simples artefato pronto; ele é um processo e pode ser visto como um evento comunicativo sempre emergente” (MARCUSCHI, 2008, p. 242). E tomando o texto como um evento comunicativo, precisamos organizá-lo como tal, tendo em vista a finalidade e o leitor que se pretende alcançar, o que significa saber utilizar os recursos linguísticos em função do seu objetivo textual. Como afirma Koch (2016, p. 7), “o processo de produção textual, no quadro das teorias sociointeracionais da linguagem, é concebido como atividade interacional de sujeitos sociais, tendo em vista a realização de determinados fins”. Assim, um texto, para cumprir sua função como tal, precisa ser compreendido não só por quem o escreve, mas essencialmente por quem o lê, para que seu objetivo seja, de fato, alcançado. Por isso, quando escrevemos um texto, devemos sempre ter em mente o porquê de estarmos escrevendo e para quem o estamos fazendo. Nesse contexto, é importante pressupor “leitores que vão dialogar com o texto produzido: concordar e aprofundar ou discordar e argumentar, tomando o texto como matéria-prima para seu trabalho” (GUEDES, 2009, p. 90), pois, assim, tomamos mais cuidado para não expressar 24 ideias confusas ou escrever um emaranhado de frases desconexas. Afinal, “[...] o texto não é uma caixinha de surpresas ou algum tipo de caixa preta. Se assim fosse, ninguém se entenderia e viveríamos em eterna confusão. Há, pois, limites para a compreensão textual” (MARCUSCHI, 2008, p. 242). Quanto à clareza de nossas ideias no texto, há outro fator que precisa ser observado: como são transcritas as abstrações. Quando estamos nos expressando verbalmente, podemos utilizar vários recursos que podem nos ajudar a nos exprimir da forma que pretendemos, como gestos, expressõesfaciais e corporais, entre outros. Já na escrita esses recursos precisam entrar no texto, seja por meio da escolha das palavras ou dos sinais de pontuação, para dar conta de externar adequadamente aquilo que pensamos. Daí a importância de sabermos o funcionamento do sistema linguístico, para que saibamos nos expressar adequadamente, sendo compreendidos da mesma forma. Ao dizer que as palavras soltas que escrevemos com objetivos específicos não configuram textos, não se está afirmando que um texto não pode ser constituído de uma só palavra; é o que se pode observar no exemplo da placa de trânsito PARE (KOCH, 2016). Mesmo tendo apenas uma palavra, qualquer pessoa, ao ver a placa de trânsito PARE em qualquer lugar, sabe o que ela significa. Isso evidencia que um sentido global pode, sim, estar atrelado a uma única palavra. Na verdade, o texto é um objeto complexo que envolve não apenas operações linguísticas como também cognitivas, sociais e interacionais. Isso quer dizer que na produção e compreensão de um texto não basta o conhecimento da língua, é preciso também considerar conhecimentos de mundo, da cultura em que vivemos, das formas de interagir em sociedade (KOCH; ELIAS, 2016, p. 15, Apud SANTOS B. R. 2018). Então, o que faz com que saibamos a sua significação não é somente o entendimento que temos da palavra, que engloba o seu significado dicionarizado e sua classificação gramatical, mas é um conjunto - de conceito, contexto de situação e conhecimento de mundo. Pode parecer estranho considerar uma palavra um texto, mas o número de palavras ou o tamanho delas não é um dos critérios para textualidade. Os critérios gerais da textualidade, definidos primeiramente por Beaugrande e Dressler, em 1981 (apud MARCUSCHI, 2008), dizem respeito a coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, intertextualidade e informatividade. 25 Mas o que compreende cada um desses critérios? Coesão e coerência, embora sejam semelhantes e, muitas vezes, confundidos, tratam de aspectos distintos do texto. Segundo Marcuschi (2008), coesão se refere aos elementos de estruturação do texto, ou seja, é por meio dos elementos de coesão que se constrói o sentido do texto, pois são eles que conectam as ideias e fazem com que o texto flua. Já a coerência diz respeito às relações de sentido que se estabelecem de diversas maneiras, não de forma explícita ou em razão da estrutura sintática, mas em relação à ligação interna entre os enunciados, que permite entendermos uma parte em função de outra, seja por estarem tratando de um mesmo assunto ou de ideias conexas. Os outros critérios para a textualidade citados pelo autor são: a intencionalidade, que tem a ver com o que se pretende dizer, com qual objetivo e para quem; a aceitabilidade, que está associada ao ato de convencer por meio das palavras, de modo a conduzir o leitor a aceitar o que é dito; a situacionalidade, que está relacionada ao contexto em que o texto é produzido; a intertextualidade, que é trazer ideias de outros autores, tanto para incrementar o texto quanto para dar credibilidade ao que se diz; e a informatividade, que tem relação com a quantidade de informações contidas no texto. Ainda, em relação à intertextualidade, cabe destacar que o texto é dialógico em todos os sentidos, tanto na relação entre os sujeitos sociais envolvidos, como também na perspectiva de que nada do que é dito é próprio e exclusivo de quem profere, nossos discursos dialogam entre si e com os outros. 6 O QUE É UM TEXTO? Em Linguística (ciência que estuda a linguagem) existem muitas discussões em torno de se definir a expressão “texto”. No geral, pode-se dizer que um texto é, maioritariamente, um conjunto organizado de palavras, que formam frases, que formam parágrafos, que formam o próprio texto. Essa unidade estruturada apresenta um sentido completo e tem um objetivo comunicativo. Assim, um texto é uma unidade linguística superior de extensão à frase. Porém, vale ressaltar que etimologicamente, a palavra texto, tem origem no termo do latim texere, (construir, tecer), porém, somente no século XIV que a evolução semântica da palavra atingiu o sentido de “estruturação de palavras”, com a função de que produz sentido por um autor e interpretado por um leitor. 26 O conceito de texto, contudo, tem vindo a ser alargado ao longo do tempo, abrangendo não só textos escritos e verbais, como também textos orais e visuais. O mais importante é que haja uma intenção comunicativa definida e que apresente um sentido completo. Tipos de texto Os tipos de textos são classificados de acordo com sua estrutura, objetivo e finalidade. De acordo com a tipologia textual, eles são classificados em 5 tipos: texto narrativo, texto descritivo, texto dissertativo, texto expositivo e texto injuntivo. Texto narrativo Um narrador conta uma história formada por uma sucessão de acontecimentos reais ou imaginários estruturados em introdução, desenvolvimento e conclusão. O enredo da história é vivenciado por personagens num determinado tempo e espaço. É caracterizado por narrar uma história, ou seja, contar uma história através de uma sequência de várias ações reais ou imaginárias. Essa sucessão de acontecimentos é contada por um narrador e está estruturada em introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo dessa estrutura narrativa são apresentados os principais elementos da narração: espaço, tempo, personagem, enredo e narrador. 27 blog.sindiclubesp.com.br Texto descritivo É feita uma descrição de um objeto, ser, pessoa, paisagem, situação… que permite ao leitor criar uma imagem mental do que está sendo descrito. A descrição pode ser mais objetiva, focando aspectos físicos, ou mais subjetiva, focando aspectos psicológicos e emocionais. Pode ainda ser sensorial, visando provocar diferentes sensações no leitor. É caracterizado por descrever algo ou alguém detalhadamente, sendo possível ao leitor criar uma imagem mental do objeto ou ser descrito, de acordo com a descrição efetuada. Descrição essa, tanto dos aspectos mais importantes e característicos que generalizam um objeto ou ser, como dos pormenores e detalhes que os diferenciam dos outros. Não é, por norma, um tipo de texto autônomo, encontrando-se presente em outros textos, como o texto narrativo. Passagens descritivas ocorrem no meio da narração quando há uma pausa no desenrolar dos acontecimentos para caracterizar pormenorizadamente um objeto, um lugar ou uma pessoa, sendo um recurso útil e importante para capturar a atenção do leitor. Texto dissertativo 28 É feita uma exposição clara, objetiva e rigorosa sobre um determinado assunto, com o objetivo de informar e esclarecer o leitor. Um texto dissertativo-expositivo não procura convencer o leitor, dado que pretende apenas expor um ponto de vista. Já um texto dissertativo-argumentativo pretende persuadir o leitor, convencendo-o a concordar com a tese defendida. Tem como objetivo persuadir e convencer, ou seja, levar o leitor a concordar com a tese defendida. É expressa uma opinião crítica acerca de um assunto, sendo defendida uma tese sobre esse assunto através de uma argumentação clara e objetiva, fundamentada em fatos verídicos e dados concretos. Texto explicativo É fornecida uma informação acerca de um determinado procedimento visando instruir e guiar a ação do leitor. Mediante o grau de obrigatoriedade no cumprimento das instruções dadas, pode ser considerado injuntivo ou prescritivo. Os textos explicativos injuntivos permitem que haja uma certa liberdade de atuação do leitor. Já os textos explicativos prescritivos limitam a liberdade do leitor, exigindo que se proceda de um determinado modo. São textos cuja finalidade é a instrução do leitor. Não só fornecem uma informação, como incitam à ação, guiando a condutado leitor. Embora considerados sinônimos por alguns autores, podemos distinguir os textos injuntivos dos textos prescritivos devido ao grau de obrigatoriedade existente no seguimento das instruções dadas. Os textos injuntivos informam, ajudam, aconselham, recomendam e propõem, dando alguma liberdade de atuação ao interlocutor. Os textos prescritivos obrigam, exigem, ordenam e impõem, exigindo que as determinações sejam cumpridas da forma que estão referidas, sem margem para alterações. Texto injuntivo e texto prescritivo São textos cuja finalidade é a instrução do leitor. Não só fornecem uma informação, como incitam à ação, guiando a conduta do leitor. Embora considerados sinônimos por alguns autores, podemos distinguir os textos injuntivos dos textos prescritivos devido ao grau de obrigatoriedade existente no seguimento das instruções dadas. Os textos injuntivos informam, ajudam, aconselham, 29 recomendam e propõem, dando alguma liberdade de atuação ao interlocutor. Os textos prescritivos obrigam, exigem, ordenam e impõem, exigindo que as determinações sejam cumpridas da forma que estão referidas, sem margem para alterações. Texto injuntivo O texto injuntivo (ou instrucional) apresenta as seguintes características: • Instrui o leitor acerca de um procedimento; • Induz o leitor a proceder de uma determinada forma; • Permite a liberdade de atuação ao leitor; • Utiliza linguagem objetiva e simples; • Utiliza predominantemente verbos no infinitivo, imperativo ou presente do indicativo com indeterminação do sujeito. Exemplos: receita culinária, bula de remédio, manual de instrução, livro de autoajuda, guia rodoviário, … Texto prescritivo O texto prescritivo apresenta as seguintes características: • Instrui o leitor acerca de um procedimento; • Exige que o leitor proceda de uma determinada forma; • Não permite a liberdade de atuação ao leitor; • Apresenta caráter coercitivo; • Utiliza linguagem objetiva e simples; • Utiliza predominantemente verbos no infinitivo, imperativo ou presente do indicativo com indeterminação do sujeito. Exemplos: cláusulas contratuais, leis, códigos, constituição, edital de concursos públicos, regras de trânsito, … 7 GÊNEROS TEXTUAIS Os gêneros textuais têm por finalidade cumprir função social e comunicativa dentro de um determinado contexto. Eles representam um conjunto de textos orais ou escritos que possuem características próprias, tais como estrutura, linguagem e temática. Os aspectos 30 gerais dos tipos de texto acima descritos concretizam-se, no dia a dia, em textos que apresentam uma intenção comunicativa bem definida. Esses textos, usados em situações cotidianas de comunicação. São chamados de gêneros textuais: • Notícias; • Entrevistas; • Reportagens • Cartas; • E-mails; • Contos; • Romances; • Crônicas; • Lendas; • Receitas; • Verbetes de dicionário; • Manuais de instruções; • Bulas de medicamento; • Lista de compras; É importante considerar seu contexto, função e finalidade, pois o gênero textual pode conter mais de um tipo textual. Isso, por exemplo, quer dizer que uma receita de bolo apresenta a lista de ingredientes necessários (texto descritivo) e o modo de preparo (texto injuntivo). 7.1 Textos literários e textos não literários Dos gêneros de textos acima referidos, facilmente se consegue compreender que alguns são considerados textos literários, como os romances, os contos, as lendas, e outros são considerados textos não literários, como as notícias, as entrevistas, as receitas, as bulas dos medicamentos, … Um texto literário tem como principal objetivo entreter o leitor, possuindo uma função estética. Faz uma recriação subjetiva e pessoal da realidade, sujeita a várias interpretações. 31 Utiliza uma linguagem polissêmica e conotativa, bem como diversas figuras de linguagem e outros recursos estilísticos e expressivos, visando despertar emoções no leitor. Um texto não literário tem como principal objetivo fornecer uma informação objetiva e real, possuindo uma função utilitária. Transmite fatos de forma impessoal, usando uma linguagem denotativa e clara, sem recursos expressivos que possam prejudicar a compreensão do conteúdo do texto. Fonte: www.google.com Produção de texto A produção textual é um processo complexo que mobiliza diversas capacidades e conhecimentos de escrita. Tem como objetivo transmitir uma mensagem, cumprindo uma finalidade comunicativa. Para uma eficaz produção de texto, é importante que o autor entenda bem o assunto sobre o qual vai escrever, bem como qual será o propósito comunicativo do texto. Conhecer os diferentes tipos de texto é também essencial para que possa utilizar uma estrutura que mais se adéque ao objetivo do texto. Por fim, é imprescindível que se domine o código escrito da língua portuguesa e que se escreva com coesão e coerência. 32 A produção de um texto estrutura-se em três procedimentos complementares e indispensáveis: o planejamento do texto, a escrita do texto e a revisão do texto. 8 COMO ENSINAR OS ALUNOS A ESCREVER DE FORMA CLARA? Estabeleça objetivos compatíveis com a série escolar O desenvolvimento da competência de escrita é um processo longo. Nele, está envolvido o domínio de uma série de conhecimentos linguísticos e gerais adquiridos gradualmente, no decorrer da escolaridade. Entre as qualidades que contribuem para a proficiência na escrita, podemos destacar: • Vocabulário; • Bom uso da pontuação e da gramática; • Compreensão da finalidade e da estrutura de cada gênero textual. Portanto, essa habilidade é desenvolvida à medida que o aluno tem contato com os conteúdos acima e, principalmente, aprende a aplicá-los na comunicação. Por esse motivo, os objetivos referentes à produção textual precisam ser estabelecidos de forma progressiva, coerente com o nível de ensino. Eles devem desafiar o aluno a alcançar um novo patamar, mas sempre de acordo com suas possibilidades. Destaque a leitura no processo de aprendizagem O ser humano tem, naturalmente, o impulso da comunicação. Aprendemos a falar a partir da nossa interação com falantes. Quando se trata da escrita, esse diálogo acontece por meio da leitura. Por isso, o primeiro passo para formar escritores competentes é criar bons leitores. À medida que o aluno aprecia e valoriza tudo o que recebe por meio da leitura, ele se sente estimulado a compartilhar suas próprias experiências, percepções e opiniões por meio da escrita. Portanto, trata-se da construção de significado e valor (do “por que escrever”). A partir do momento em que dá aos estudantes uma motivação para escrever, a leitura passa a desempenhar outros papéis. Ela veicula informações e amplia o repertório do aluno, fazendo com que ele tenha “o que escrever”. Finalmente, essa prática o familiariza com os diferentes gêneros textuais, para que ele saiba “como escrever”. https://gutennews.com.br/blog/2017/10/20/producao-textual/ https://gutennews.com.br/blog/2018/07/24/como-mapear-as-habilidades-de-leitura-dos-alunos/ 33 Escolha estratégias efetivas para o grupo Assim como os objetivos, as estratégias utilizadas devem ser compatíveis com a série e o nível de desenvolvimento dos estudantes. É essencial fornecer estímulos adequados a cada faixa etária, promovendo o engajamento e despertando o prazer de compartilhar pensamentos ou experiências por meio da escrita. Para ensinar os alunos a escrever de forma clara ou proficiente, a produção textual precisa ser muito bem planejada e executada. É necessário que ela seja o ponto culminante de um processo de aprendizagem — e não uma atividade isolada. Torne a produção textual consciente A atividade de escrita deve ser desenvolvida de forma consciente. Isso significa que o estudante precisa, em primeiro lugar, ter umobjetivo claro ao desenvolvê-la. Qual é o propósito do texto que será construído? Ele vai contar uma história? É preciso convencer o leitor de determinada ideia ou posicionamento? Será narrado um fato, uma ocorrência? Pretende-se emocionar, divertir ou informar? A partir dessa definição, o estudante pode estabelecer o gênero textual mais apropriado para alcançar seu objetivo. Mais do que isso, ele deve conhecer a estrutura e os elementos de cada um deles, além de aprender a usá-los de modo a transmitir sua mensagem. Portanto, o professor ensina a planejar e executar as diferentes etapas da produção textual, como título, enredo e estrutura. Depois, ele atua como orientador na escrita do conteúdo e na revisão do texto. À medida que se torna cada vez mais consciente desse processo, o aluno adquire a capacidade de realizar esse ciclo sozinho no futuro. Forneça subsídios Professores e alunos estão em um processo constante de construção de conhecimento. Mesmo quem já concluiu várias etapas de ensino se depara com assuntos que não conhece, além de temas novos e desafiadores, que exigem pesquisa e estudo. https://gutennews.com.br/blog/2018/05/03/leitura-na-escola-como-ela-ajuda-no-desenvolvimento-do-aluno/ https://gutennews.com.br/blog/2018/04/13/em-busca-conteudo-perfeito/ 34 Por esse motivo, todo trabalho de escrita deve ser precedido de um preparo. É extremamente produtivo explorar o tema da produção por diferentes perspectivas: vídeos e análises de imagens ou textos de vários gêneros (jornalísticos, charges, quadrinhos, poesias), além de uma ampla discussão. Recorra à tecnologia A tecnologia é uma fonte infinita de pesquisa, na qual o educador consegue encontrar todos os recursos necessários para a etapa anterior. Eles estão não só nos sites abertos da internet, mas também em plataformas desenvolvidas especificamente para contribuir com o trabalho do professor. Além de ser uma fonte de conhecimento, a tecnologia desempenha outro papel fundamental: o de veículo de compartilhamento. Afinal, os textos são produzidos pensando sempre em um destinatário. O jornal escreve para seus leitores, a mensagem de aplicativo é destinada aos amigos, o autor do livro tem um público em mente. Sem um destinatário, a produção se torna desestimulante. Planejar, escrever e revisar para ver o produto arquivado em uma gaveta, na maioria das vezes, faz o escritor entender que o esforço não vale a pena. Nesse sentido, a web ganha destaque. O educador pode criar espaços virtuais que reúnem diferentes grupos de alunos, nos quais as produções são publicadas e discutidas. Mostre a importância da revisão Além de planejar e escrever o texto, o aluno precisa ser ensinado a revisá-lo e reescrevê-lo. Essas ações também fazem parte da produção e contribuem para que o escritor se certifique de que as ideias foram expressas de acordo com seus objetivos. Para tanto, a revisão não pode ser apenas ortográfica ou gramatical. O desenvolvimento da capacidade de enxergar o texto com os olhos do leitor e de identificar pontos que não estão claros ou transmitindo a ideia que o escritor intencionava deve começar cedo. Há muitas formas de desenvolver esse olhar, inclusive trabalhando em grupos. Já no Ensino Fundamental, os alunos podem receber trechos que necessitem de aperfeiçoamento, discuti-los em grupo e reelaborar uma escrita em conjunto. Com o passar https://gutennews.com.br/blog/2017/10/19/novos-recursos/ https://gutennews.com.br/blog/2018/07/24/entenda-por-que-e-interessante-oferecer-livros-para-criancas/ 35 do tempo, o professor deve incentivá-los a fazer essa revisão e reescrita por meio de troca e, finalmente, a demonstrar tal consciência em relação à própria produção. 9 ELABORAR BONS TEXTOS EXIGE, ENTRE OUTRAS COISAS, TÉCNICA, COERÊNCIA E CRIATIVIDADE Produção de textos pode ser mais fácil do que muitos imaginam. Conseguir colocar no papel de maneira clara e objetiva um pensamento ou ideia relacionada a determinado assunto exige apenas estudo e prática. Para isso, é importante utilizar algumas regras que contribuirão para deixar o conteúdo escrito coeso, interessante e de fácil entendimento. Produzir textos de qualidade pode ser um grande diferencial para os estudantes que estão se preparando para o vestibular em busca de uma vaga na universidade. Mas, o que é preciso para elaborar bons textos? universoracionalista.org 9.1 Leitura e produção de textos Primeiro é fundamental ter noção da importância da leitura para uma boa escrita. 36 Quem tem o hábito de ler, seja livro, revista, jornal, blog, etc., consegue desenvolver uma excelente capacidade de produção de textos. Isso porque a leitura estimula a mente, aprimora o repertório cultural com novas informações, expande o vocabulário, sendo possível conhecer uma variedade de novas palavras e seus significados. Tudo isso contribui para que, na produção de textos, seja possível elaborar um conteúdo mais relevante, eloquente e persuasivo. Para isso, ninguém precisa se ver obrigado a ler sobre absolutamente tudo, de imediato, para conseguir produzir os melhores textos. Uma dica para começar a criar o hábito da leitura é escolher assuntos de acordo com as preferências pessoais. Por exemplo, ler revistas sobre o estilo musical favorito; matérias sobre novos games, para quem gosta de jogos e tecnologia; textos sobre o universo da moda e beleza; livros com histórias de ficção; entre outros. Dessa forma, a leitura não será vista como uma obrigação, e sim, como um prazer. Consequentemente, isso impactará de forma positiva na produção de textos bons, atrativos e interessantes. Estrutura dos textos Todos os tipos de textos são estruturados em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Porém, não se deve esquecer de um detalhe muito importante: o título. O título é uma parte fundamental no texto, pois é ele que pode chamar a atenção e atrair para a leitura do conteúdo. Muitas pessoas, deixam para definir o título após a produção do texto, enquanto outras deixam para elaborá-lo depois. Não há uma regra definida para isso. A introdução deve conter os principais pontos sobre o assunto que será abordado no decorrer do texto. Nesse momento, o leitor terá uma noção geral do tema e a importância da sua abordagem. Para que essa primeira parte do texto seja atrativa e prenda a atenção de quem está lendo é imprescindível usar a criatividade e, a depender do tema, aspectos que mostrem o impacto do assunto para a sociedade. Na sequência vem o desenvolvimento. É a parte do texto onde estarão os argumentos que reforçarão o que foi introduzido no primeiro parágrafo. Pode-se usar 37 fatos de conhecimento geral, dados estatísticos e/ou exemplos reais, sem excessos, para que o texto não perca a atratividade. Por fim, a conclusão, que como o próprio nome diz, encerra o texto e conterá um resumo objetivo de tudo que foi abordado, além de uma proposta de solução para o problema. Nas redações de vestibular, é comum o limite de 30 linhas para o texto. Nesse caso, a estrutura pode ser dividida da seguinte forma: • Introdução: média de cinco linhas • Desenvolvimento: média de 14 a 18 linhas • Conclusão: média de quatro a seis linhas 9.2 Dicas para facilitar a produção de textos Além de todas as técnicas citadas acima, as características que determinam um bom texto perpassam, principalmente, pela coesão e coerência. Apresentar ideias que sigam uma linha de raciocínio lógico, sem contradições, com o uso correto das regras gramaticais e de concordância, são fundamentais para alcançar um texto de qualidade. Algumas dicas que poderão ajudar a desenvolver a capacidade de produção de textos: • Criar o hábito de ler, inicialmente sobre assuntos de preferência, expandindo para leitura sobre temas diversos; • Conhecer os tiposde texto; • Usar a criatividade, explorando o que for possível de acordo com o tema; • Ter atenção com as regras gramaticais. Um texto com erros desse tipo não passa credibilidade; • Usar uma linguagem adequada, sem gírias ou palavras informais; • Evitar repetir palavras, utilizando-se de sinônimos para enriquecer o texto; • Ser coeso e coerente para não fugir do tema escolhido. Assim como em relação à leitura, pode-se iniciar a produção de textos sobre os temas que mais gosta e, aos poucos, começar a abordar assuntos de impacto social, ligados à saúde, educação, segurança, meio ambiente, política, esportes, entre outros. 38 Acompanhar os jornais e o que está sendo debatido nas rodas de conversa e redes sociais também é importante para ter um parâmetro no momento da produção de textos. Desta forma, será possível assimilar as técnicas, corrigir possíveis erros ou equívocos, aumentar a capacidade crítica e avaliar o seu próprio desenvolvimento. Produção de textos não é um “bicho de sete cabeças” e pode ser aprendida por qualquer um que esteja disposto. Esse aprendizado só trará benefícios e será levado para toda a vida, da escola à faculdade e na vida profissional. Além disso, saber escrever bem pode também ser considerado um importante diferencial, inclusive, no momento do processo seletivo. 10 A PRODUÇÃO DE TEXTO COMO PRÁTICA SOCIAL Quantas vezes já ouvimos que “escrever é um dom”, que “só os dotados pela natureza escrevem bons textos” ou ainda que “escrita é inspiração”? Se não com essas palavras, certamente já nos deparamos com a ideia expressa por elas. Mas, será mesmo que só escrevem bem uns poucos privilegiados? Estudantes de todos os níveis de ensino relatam dificuldades para escrever, tornando-se um desafio para os educadores, em curtos períodos letivos, não só motivar os estudantes a praticar a produção textual, mas também a obter resultados positivos no que se refere à competência dos textos produzidos. Tratamos a produção de texto como prática social e interacional, levando em conta determinado interlocutor no processo de escrever. Abordamos também algumas estratégias para o desenvolvimento das ideias e a organização do texto, além de ressaltarmos a importância da coesão e da coerência para a interligação e associação dos elementos que compõem o texto, concatenando as ideias nele contidas. 10.1 O processo de escrever A concepção interacional que vimos apresentando para entender a linguagem e o texto nos impede de abordar a prática de produção de texto apenas com foco na língua ou no autor do texto. Considerando o caráter dialógico da língua, é possível compreender que, 39 tanto aquele que escreve um texto, quanto o leitor desse texto são construtores sociais que, no processo de interação, dão sentido à escrita. Como observa Antunes (2005), “não tem sentido escrever quando não se está procurando agir com outro, trocar com alguém alguma informação, alguma ideia, dizer-lhe algo, sob algum pretexto”. Ou seja: ao escrever, o autor deve pensar em seu leitor, com foco na interação. Escrever sob essa perspectiva significa abandonar o foco na língua ou no escritor. Koch e Elias (2018, pp. 32-33) explicam que subjacente à concepção de escrita com foco na língua encontra-se uma ideia de linguagem como um sistema pronto, acabado, devendo o escritor se apropriar desse sistema e de suas regras. O texto, nesse caso, é visto como simples produto de uma codificação realizada pelo escritor e decodificado pelo leitor, bastando, para isso, conhecer a língua. Por outro lado, o foco no escritor implica em que a atividade de escrever é entendida como representação do pensamento, subordinada a um “sujeito psicológico, individual, dono e controlador de sua vontade e de suas ações”. O texto é visto como um produto do pensamento do escritor e a escrita expressa esse pensamento. Com esse entendimento, o autor não leva em conta as experiências e o conhecimento do leitor nem a interação presente no processo de escrever. Ainda de acordo com as autoras, compreender a escrita como produção textual “significa dizer que o produtor, de forma não linear, ‘pensa’ no que vai escrever e em seu leitor, depois escreve, lê o que escreveu, revê ou reescrever o que julga necessário, em um movimento constante e on-line guiado pelo princípio interacional” (KOCH; ELIAS, 2018, p. 34). Dessa forma, a escrita pode ser entendida como: [...] atividade de produção textual que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos e na sua forma de organização, mas requer, no interior do evento comunicativo, a mobilização de um vasto conjunto de conhecimentos do escritor, o que inclui também o que esse pressupõe ser do conhecimento do leitor ou do que é compartilhado por ambos (TORRANCE; GALBRAITH, 1999 apud KOCH, ELIAS, 2018, p.35, Apud LÓPEZ M. S. 2018). Textos são muito mais do que simples formas, mais do que palavras ou conjunto de palavras, mais do que frases isoladas ou combinadas de uma determinada forma. O texto é onde ocorre a interação e, portanto, só ganha existência dentro de um processo interacional, sendo o produto de uma coprodução entre interlocutores. 40 Por isso, escrever não se trata de dominar a língua enquanto uma forma, mas sim saber como usá-la de maneira adequada e competente para ser compreendido. Trata-se de escrever textos, o que não significa desconsiderar o aspecto linguístico e sim usar esse conhecimento para produzir textos socialmente relevantes, de um determinado gênero, com objetivos claros, supondo um leitor. oantesdeamanha.wordpress.com Além do conhecimento linguístico (ortografia, gramática, léxico da língua), segundo Koch e Elias (2018), o escritor ativa outros tipos de conhecimento ao escrever, tais como o conhecimento enciclopédico (sobre coisas do mundo, vivências e experiências) e o conhecimento de textos e conhecimentos interacionais. O processo de produção de sentidos ocorre quando o leitor coloca seus conhecimentos em interação com os conteúdos do texto e, assim, vai construindo sua interpretação do que é dito. Para entendermos melhor o processo de escrever, nos valemos novamente de Antunes (2005). A autora nos explica que da compreensão do que seja escrever derivam as práticas da escrita. Ela nos apresenta algumas noções sobre o que caracteriza a atividade de escrever. Vamos a elas: • Escrever é uma atividade de interação. • Escrever é uma atividade cooperativa. 41 • Escrever e uma atividade contextualizada. • Escrever é uma atividade necessariamente textual. • Escrever é uma atividade tematicamente orientada. • Escrever é uma atividade intencionalmente definida. • Escrever é uma atividade que envolve, além de especificidades linguísticas, outras pragmáticas. • Escrever é uma atividade que se manifesta em gêneros particulares de textos. • Escrever é uma atividade que retoma outros textos. • A escrita é uma atividade em relação de interdependência com a leitura. 10.2 Estratégias para produzir textos Produzir textos relevantes e adequados aos vários propósitos interativos é uma tarefa perfeitamente possível, desde que haja compromisso e dedicação e muita prática daquele que almeja uma escrita mais proficiente. Escrever bem significa desenvolver habilidades, cada um no seu tempo e ritmo, para produzir textos que cumpram com seus objetivos de comunicação. Antunes explica que o sucesso de na elaboração de um texto escrito supõe etapas de idas e vindas, etapas interdependentes e intercomplementares, que acontecem desde o planejamento, passando pela escrita, até o momento posterior da revisão e da reescrita. Os Parâmetros Curriculares Nacionais também relacionam as etapas da produção textual. Vejamos quais são. Etapas da produção textual • Estabelecimento de tema; • Levantamento de ideias e dados; • Planejamento;
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