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Autora: Profa. Lucimar Barbosa da Motta Colaboradoras: Profa. Cristiane Jaciara Furlaneto Profa. Fernanda Torello de Mello Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano Botânica – Fanerógamas CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Professora conteudista: Lucimar Barbosa da Motta Lucimar Barbosa da Motta é doutora e mestre em Botânica pela Universidade de São Paulo. Bióloga formada pela Fundação Educacional Miguel Mofarrej de Ourinhos-SP. Suas pesquisas na área de Botânica abordaram os seguintes temas: evolução química, evolução taxonômica e temas ecológicos a respeito de plantas nativas, bem como sistemática molecular e potencial de aproveitamento econômico de espécies nativas. Atua no ensino superior desde 2012, no curso de graduação em Ciências Biológicas, pela Universidade Paulista, trabalhando disciplinas das subáreas da Botânica (Botânica de Criptógamas, Botânica de Fanerógamas, Fisiologia Vegetal e Botânica Econômica). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M921b Motta, Lucimar Barbosa da. Botânica – Fanerógamas. / Lucimar Barbosa da Motta. – São Paulo: Editora Sol, 2015. 116 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXI, n. 2-094/15, ISSN 1517-9230. 1. Botânica. 2. Fanerógamas. 3. Morfologia. I. Título. CDU 581 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Juliana Maria Mendes Virgínia Bilatto CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Sumário Botânica - Fanerógamas APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DA CÉLULA E TECIDOS VEGETAIS .....................................................9 1.1 Os tecidos vegetais e a formação do corpo da planta ........................................................ 11 2 MORFOLOGIA DOS SISTEMAS RADICULARES ...................................................................................... 22 3 MORFOLOGIA DOS SISTEMAS CAULINARES ....................................................................................... 31 4 MORFOLOGIA DAS FOLHAS ......................................................................................................................... 43 Unidade II 5 MORFOLOGIA FLORAL ................................................................................................................................... 57 6 DA POLINIZAÇÃO À FORMAÇÃO DE SEMENTES E FRUTOS ........................................................... 64 Unidade III 7 MORFOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS GIMNOSPERMAS ................................................................. 77 8 CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS ANGIOSPERMAS ......................................................... 86 7 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 APRESENTAÇÃO Esta disciplina, Botânica de Fanerógamas, apresenta a morfologia e a taxonomia referente às plantas fanerógamas, ou seja, que apresentam órgãos sexuais desenvolvidos (gimnospermas e angiospermas). Para o reconhecimento destes grupos de vegetais, são estudados os principais tecidos vegetais e sua distribuição nos órgãos vegetativos e reprodutivos. Por fim, é estudada a sistemática das angiospermas e das gimnospermas, abordando os sistemas de classificação mais atuais, possibilitando ao aluno reconhecer seus integrantes a partir dos estudos morfológicos de suas partes constituintes. A disciplina tem o objetivo de reconhecer as principais características das angiospermas e das gimnospermas, mediante aspectos anatômicos e morfológicos, possibilitando ao aluno reconhecer os sistemas de classificação atuais e relacioná-los aos conhecimentos adquiridos em outras áreas da Biologia, tais como Evolução, Genética e Biologia Molecular. Como material auxiliar para a disciplina, este livro-texto está estruturado em três unidades. A unidade I é composta por quatro tópicos: o primeiro é dedicado a introduzir conhecimentos sobre as células e os principais tecidos vegetais; o segundo aborda os sistemas radiculares; o terceiro trata dos sistemas caulinares; o quarto versa sobre a morfologia foliar. A unidade II é dividida em dois tópicos: o primeiro é destinado à morfologia estrutural das flores; o segundo aborda a formação da semente e dos frutos. A unidade III, por fim, é formada por dois tópicos, o primeiro consagrado à morfologia e à classificação das gimnospermas, e o segundo, à caracterização e à classificação atual da angiospermas. INTRODUÇÃO A Botânica de Fanerógamas trata da morfologia interna e externa da estrutura das plantas com sementes, como a organização estrutural das células e a constituição dos tecidos vegetais. Aborda a formação do corpo da planta com o desenvolvimento de estruturas vegetativas, tais como a raiz, o caule e as folhas; e das estruturas reprodutivas, tais como a flor e suas partes, como o cálice, a corola, o gineceu e o androceu. Trata de aspectos ligados a polinização, fecundação, formação e dispersão de sementes e frutos. A abordagem dos aspectos morfológicos auxilia na caracterização dos principais grupos vegetais distribuídos entre as plantas com sementes, também conhecidas como fanerógamas ou espermatófitas. Além da caracterização, outro aspecto abordado é a classificação atual dos grupos mais relevantes de plantas com sementes, as gimnospermas e as angiospermas. No caso das angiospermas o enfoque é direcionado às famílias botânicas com maior diversidade na flora nativa. O conhecimento relacionado à Botânica de Fanerógamas compreende um campo importante de pesquisas da atuação do biólogo, que lida não apenas com o grupo a ser estudado, mas também com as relações entre os diferentes grupos. Tais conhecimentos serão fundamentais para entender como estes grupos fazem parte da natureza e do nosso dia a dia e para planejar projetos de conservação e de uso sustentável, capacitando assim o profissional com vistas a sua inserção no mercado de trabalho, com sucesso, em diferentes áreas de atuação com tais organismos, como o meio ambiente, a biodiversidade, a biotecnologia ou até a aplicação econômica.9 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Unidade I 1 ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DA CÉLULA E TECIDOS VEGETAIS O nível de organização dos seres vivos é determinado pela estrutura das células, bem como por seu modo de disposição e suas ligações com as outras, além das funções que desempenham. Os vegetais são seres eucariontes e apresentam o material genético constituído por DNA de fita dupla, ao qual estão ligadas proteínas denominadas histonas. O DNA encontra-se envolto por estrutura de membrana lipoproteica de duas camadas, o núcleo, e no citoplasma há diversas organelas constituídas de membranas lipoproteicas, que formam um sistema de endomembranas. Observação Foi somente no século XIX que o nome célula assumiu o seu significado atual como unidade estrutural de vida, ficando claro que tanto os animais quanto as plantas são constituídos de células. Quando Robert Hooke observou uma película de cortiça ao microscópio, constatando que esta era formada de minúsculas cavidades, isoladas por paredes, chamou-as então de célula, que significa pequena cela. O nome permanece até os dias atuais. As células vegetais apresentam parede celular e uma região interna a esta que é denominada protoplasto, termo usado para referir-se aos conteúdos celulares. Apresentam membrana, citoplasma, vacúolo e núcleo. As células vegetais guardam semelhanças em relação às células animais, com vários processos metabólicos comuns, mas existem características que lhes são exclusivas. Possuem parede celular, que envolve o protoplasto, e nele se encontram os vacúolos e os plastos ou plastídios (Figura 1). Mitocôndria Núcleo Parede celular Ribossomos Cloroplasto Dictiossomo Retpículo endoplasmático rugoso Vacúolo Figura 1 – Desenho esquemático dos detalhes internos de uma célula vegetal 10 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I A parede celular é a principal diferença entre a célula animal e a vegetal. Ela é formada nos estágios iniciais de desenvolvimento da célula vegetal e modificada durante o desenvolvimento e o crescimento da célula. Devido à presença da parede celular, a distensão do conteúdo celular fica restrita, definindo-se o tamanho e a forma da célula na maturidade (CASTRO, 2007f). Quanto à composição, a parede celular é composta por celulose, um tipo de polissacarídeo com cadeias lineares de glicoses unidas. Esse componente, a celulose, é sintetizado por enzimas do complexo celulose-sintetase situadas na membrana plasmática. Na parede celular a celulose está associada com outros polissacarídeos não celulósicos, principalmente hemiceluloses e pectinas. Também ocorrem substâncias orgânicas e inorgânicas nas paredes celulares em quantidades variáveis; dentre elas, destacam-se as de natureza proteica e as lipídicas, como cutina, suberina e ceras, estas últimas, em especial, nas células de revestimento das plantas. Vários tipos de células apresentam a parede celular impregnada de lignina, substância responsável pela resistência mecânica e pela rigidez. Existe variação na composição das paredes celulares, de forma geral, mas se considera que a parede primária seja constituída por 90% de polissacarídeos (30% de celulose, 30% de hemicelulose e 30% de pectinas) e 10% de proteínas. A parede secundária tem 65% a 85% de polissacarídeos (50% a 80% de celulose e 5% a 30% de hemicelulose) e 15% a 35% de lignina. A parede secundária é interna à primária. A lignificação da parede secundária ocorre durante sua deposição. As paredes primárias tendem a ser mais finas que as paredes secundárias. Quanto ao conteúdo celular, destacam-se os plastos (plastídios), o vacúolo e as substâncias ergásticas. Os plastos ou plastídios são organelas que possuem um envelope formado por duas membranas e internamente apresentam uma matriz ou estroma. Na matriz se situa um sistema de membranas, que consiste de formações lembrando sacos achatados, chamadas tilacoides. A complexidade do sistema de tilacoides depende do tipo de plastídio. Os plastos se apresentam em formatos e tamanhos diferentes e são classificados de acordo com a presença, a ausência ou o tipo de pigmento. Há três grandes grupos de plastos: cloroplastos, cromoplastos e leucoplastos. Os plastos podem passar de um tipo para o outro dependendo das condições ambientais ou fisiológicas. Os cloroplastos são organelas celulares que contêm como pigmento principal a clorofila, estando também presentes os pigmentos carotenoides, ambos associados à fotossíntese. Ocorrem em todas as partes verdes da planta, sendo mais numerosos e mais diferenciados em folhas. A clorofila e os carotenoides estão nas membranas dos tilacoides; tal sistema é, portanto, a sede das reações fotoquímicas responsáveis pela captação e pela transformação da energia luminosa em energia química. Os cromoplastos são portadores de pigmentos carotenoides, sendo encontrados em pétalas e outras partes coloridas de flores, em frutos e em algumas raízes. Os cromoplastos surgem, em grande parte dos casos, de transformações dos cloroplastos, que sofrem modificações diversas, levando ao rompimento de tilacoides. O cromoplasto tem a capacidade de sintetizar e acumular pigmentos. Por exemplo, no tomate (Solanum lycopersicum), os cromoplastos acumulam licopeno, um pigmento vermelho; já na cenoura (Daucus carota), acumulam caroteno, um pigmento alaranjado. Os leucoplastos não possuem pigmentos e podem armazenar várias substâncias. Os leucoplastos que armazenam amido são chamados de amiloplastos, ocorrendo, por exemplo, em tubérculos. 11 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Outra organela em destaque na célula vegetal é o vacúolo, que é delimitado por uma membrana simples, semipermeável, denominada tonoplasto. Ele contém água e várias substâncias inorgânicas e orgânicas, muitas das quais estão dissolvidas, constituindo o chamado suco vacuolar. A célula vegetal imatura contém vários vacúolos de tamanho reduzido, que aumentam em tamanho e se fundem formando um único vacúolo a medida que a célula cresce, chegando até a 90% do volume celular total em uma célula madura. Os vacúolos têm um importante papel na expansão e na manutenção da rigidez do tecido vegetal. Outra função é o armazenamento de substância do metabolismo primário e secundário vegetal, além de estarem envolvidos na quebra de macromoléculas e na reciclagem desses componentes no interior da célula (RAVEN, 2007). 1.1 Os tecidos vegetais e a formação do corpo da planta Na formação inicial do corpo da planta, destacam-se as células meristemáticas, que são essenciais na edificação da estrutura do vegetal. Caracterizam-se por terem tamanho comparativamente menor e possuírem parede primária e plastos ainda não diferenciados. As divisões celulares e o consequente crescimento ativo nas plantas ocorre nas regiões denominadas de tecidos meristemáticos; os meristemas são células sempre jovens, mantendo a capacidade de produzir indefinidamente novas células. As células que dão continuidade aos meristemas são as células iniciais, que podem ser comparadas com as células-tronco dos animais. A célula inicial se divide e se desenvolve em célula-filha, diferenciando-se, posteriormente, em uma célula especializada. Há dois tipos de meristemas no corpo vegetal: os apicais (Figura 2) e os laterais (SADAVA, 2009). Os meristemas apicais dão origem ao corpo primário da planta; localizam-se nas extremidades das raízes e dos caules e nas gemas. Já os meristemas laterais dão origem ao corpo secundário da planta,constituindo a protoderme, que dá origem ao sistema dérmico das plantas. O meristema fundamental que dá origem aos tecidos fundamentais ou de preenchimento e o procâmbio, que origina o sistema vascular vegetal (SADAVA, 2009). Maristema apical Primórdio foliar Gema lateral Figura 2 – Meristemas primários do ápice do caule (gema apical) 12 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Os meristemas apicais podem ser vegetativos, quando dão origem aos tecidos e aos órgãos vegetativos, ou reprodutivos, quando dão origem aos tecidos e aos órgãos reprodutivos (CASTRO, 2007e). O tecido de revestimento das plantas, também conhecido como epiderme, tem origem na camada mais externa dos meristemas apicais, ou protoderme, e reveste a superfície do corpo vegetal quando em estrutura primária. Nos órgãos que não apresentam crescimento secundário, a epiderme persiste por toda a vida da planta (CASTRO, 2007b). A duração da epiderme nos órgãos com crescimento secundário é variável, sendo geralmente substituída por um tecido conhecido como periderme. A epiderme é constituída de células epidérmicas comuns e células especializadas, tais como estômatos e tricomas, dispersas entre as células epidérmicas. É característica das paredes das células epidérmicas de partes aéreas dos vegetais a presença da cutina, camada de substância graxa, depositada externamente, formando a cutícula. A espessura da cutícula é variável; em ambiente seco, as plantas tendem a apresentar uma cutícula mais espessa. A continuidade das células epidérmicas é interrompida por aberturas ou poros, que são espaços intercelulares limitados por duas células, denominadas células-guarda, as quais constituem o estômato (Figura 3). As células-guarda são responsáveis pela abertura e pelo fechamento do poro estomático. Célula-guarda (estomática) Vista frontal do estômato Corte do estômato – vista tridimensional Corte transversal da folha com estômatos nas duas epidermes Cloroplasto Cloroplasto Ostíolo Estômato Estômato Epiderme Epiderme Parênquima clorofiliano paliçadiço Parênquima clorofiliano lacunoso Vasos do xilema Célula anexa ou célula companheira Ostíolo (fenda estomática) Figura 3 – Aspectos gerais de um estômato, evidenciando uma vista frontal, uma vista tridimensional e a posição dos estômatos na folha A posição dos estômatos na epiderme varia: eles podem estar acima, abaixo ou no mesmo nível das demais células epidérmicas (CASTRO, 2007b). Usualmente, os estômatos são encontrados nas partes aéreas da planta, em especial, nas folhas e nos caules jovens. Nas folhas, são observados em ambas as faces ou só na inferior. Nas folhas flutuantes de plantas aquáticas, são encontrados na face superior. Outras células especializadas que ocorrem na epiderme são os tricomas, que englobam diferentes tipos de apêndices epidérmicos. Eles podem ser classificados em tectores ou de cobertura e glandulares ou secretores. Abaixo da epiderme os vegetais apresentam um tecido especializado conhecido como parênquima, que preenche o corpo da planta, recebendo então o nome de parênquima ou tecido fundamental. 13 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS O tecido parenquimático é encontrado em todos os órgãos da planta, formando uma estrutura contínua, como ocorre no córtex e na medula do caule, no córtex da raiz, no pecíolo, no mesofilo, dentre outros. Pode, ainda, fazer parte dos tecidos condutores da planta (xilema e floema). As células do parênquima podem apresentar características especiais que facilitam, por exemplo, as funções de síntese, de reserva e de transporte. As células parenquimáticas podem conter numerosos plastos, substâncias fenólicas, dentre outros. Quando isoladas, tendem a ser mais ou menos esféricas, mas num tecido adquirem uma forma imposta pela ação de várias forças que atuam ao seu redor (CASTRO, 2007g). Essas células mantêm a totipotência, sendo capazes de retomar a atividade meristemática e diferenciar-se ou em outras células parenquimáticas, ou em outros tipos de células. Existem diferenças entre os tipos de parênquima. Dentre elas, destacam-se as apresentadas a seguir. O parênquima como tecido fundamental apresenta células aproximadamente isodiamétricas, com espaços intercelulares pequenos. É o tecido encontrado no córtex e na medula dos caules e das raízes e em folhas. Há também o parênquima clorofiliano, que tem as funções de converter energia luminosa em energia química e de armazená-la na forma de carboidratos, portanto a morfologia das células é adequada a estas funções. A forma cilíndrica das células favorece uma grande superfície de contato, aumentando a absorção do gás carbônico. O vacúolo central amplo mantém os cloroplastos junto à parede, formando uma camada verde periférica. Assim, estas organelas ficam num sítio apropriado para a absorção do gás carbônico, pois há muitos espaços intercelulares que permitem a difusão por uma fase gasosa através do tecido, e não há problema de perda de água neste microambiente. Existe também o parênquima de reserva ou armazenador; muitas estruturas da planta, como sementes, frutas, rizomas e outras, são constituídas primariamente de parênquima armazenador e, por isto mesmo, são usadas na alimentação. Suas células geralmente acumulam amido, proteínas ou lipídios, dentre outros tipos de reservas. Há casos em que as células em si não são tão proeminentes quanto os espaços intercelulares ao redor delas. Como a difusão gasosa é mais rápida no meio gasoso que no meio líquido, órgãos volumosos formam tecidos nos quais os espaços intercelulares são grandes e interconectados, dando origem a uma fase gasosa contínua, que se ramifica por entre as células do tecido. Esse tecido é denominado aerênquima e ocorre principalmente no mesofilo, nas raízes, nos caules e nos pecíolos das angiospermas aquáticas. Além dos tecidos parenquimáticos, destacam-se os tecidos do sistema de sustentação. O colênquima é um tecido de sustentação originário do meristema fundamental e constituído de células vivas, que apresentam parede em geral primária, com espessura variável. O colênquima ocorre em regiões ainda em crescimento, sendo comum em órgãos jovens. Nos caules é usualmente periférico, localizando-se abaixo da epiderme, ou um pouco mais internamente. Pode 14 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I ocorrer como um cilindro, mais ou menos contínuo, ou em cordões individuais. Nas folhas ocorre no córtex do pecíolo, na nervura central ou na borda do limbo. Outro tecido especializado é o esclerênquima, um tecido de sustentação que, como o colênquima, tem origem primária (CASTRO, 2007c). As células do esclerênquima frequentemente não mantêm seus protoplastos vivos na maturidade e apresentam parede secundária lignificada, cujo espessamento tende a ser uniforme. As paredes secundárias são depositadas após as células terem atingido o seu tamanho final ou mesmo quando a célula ainda está se alongando. A composição da parede secundária é de celulose, hemicelulose, substâncias pécticas e até 35% de lignina. As células do tecido esclerenquimático ocorrem em faixas ou calotas, fornecendo proteção e sustentação. Podem também ocorrer como grupos celulares muito grandes nas cascas de frutos secos ou em endocarpos de drupas, bem como nos envoltórios de sementes duras. Há vários tipos de esclerênquima; dentre eles estão as esclereídes, células que tendem a ser curtas, com as paredes secundárias muito espessas, com numerosas pontoações.O tecido formado é muito rígido. Há também esclerênquimas que são denominados fibras primárias; são células esclerificadas longas e apresentam as extremidades afiladas, lume reduzido e paredes secundárias espessas. Servem como elemento de sustentação das estruturas vegetais que não mais se alongam. As fibras primárias ou fibroesclereídes ocorrem em diversos tecidos, exceto xilema e floema secundários. As paredes secundárias tendem a ser muito espessas, frequentemente preenchendo quase todo o lume celular, e as pontoações são simples. As paredes celulares são mais lignificadas nas monocotiledôneas do que nas eudicotiledôneas. Lembrete Como você viu, as plantas apresentam dois tipos de crescimento. O crescimento primário depende dos meristemas apicais e forma o corpo primário da planta (COLÉGIO SÃO FRANCISCO, [s.d.]). O crescimento em espessura é chamado crescimento secundário (CASTRO, 2007e). Os tecidos formados por câmbio e felogênio formam o corpo secundário da planta. As plantas têm a capacidade de acumular substâncias em seus tecidos que são imobilizadas em cavidades ou dentro de organelas, não retornando ao metabolismo secundário. Esse processo é interpretado como uma forma de excretar excessos do metabolismo. Por exemplo, algumas plantas que vivem em locais com maior concentração de sais no solo ou água têm a capacidade de eliminar o excesso de sal para fora dos tecidos por meio de glândulas especiais ou tricomas secretores de sal. Entretanto, tem sido observado que muitas das substâncias acumuladas nos tecidos desempenham funções defensivas, como é o caso do oxalato de cálcio, que pode danificar tecidos do trato digestivo 15 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS de mamíferos que os consomem. A simples presença desses cristais já torna os tecidos vegetais pouco palatáveis a invertebrados. Em outros casos, a interação planta e animal levou à formação de tecidos ou células especializadas em secreções, que tornaram o vegetal atrativo ou repelente a determinados animais, contribuindo então para a polinização ou dispersão dos diásporos, bem como para a defesa do vegetal. Os tricomas glandulares em geral apresentam uma ou mais células que são secretoras e podem estar apoiadas em uma ou mais células que ligam a parte secretora à epiderme (Figura 4). Figura 4 – Detalhe de tricoma glandular obtido por eletromiografia da superfície foliar de tomate Quando esses tricomas secretam óleos essenciais, este é depositado entre a parede da célula secretora e a cutícula. Quando a cutícula é rompida pelo toque de um inseto, por exemplo, o óleo é liberado, seu cheiro pode ser incômodo ao inseto e este se afasta. Contudo, pode haver situações em que o cheiro do óleo serve de marcador para certos insetos especializados em predar determinadas plantas. Rompida a cutícula, em geral o tricoma morre, mas em certas plantas de cerrado, cujas folhas são mais perenes, foi observado que os tricomas glandulares apresentam restos de cutículas na base da parte secretora, indicando que houve acúmulo e liberação de óleo várias vezes. Há também os laticíferos, células que acumulam misturas complexas de substâncias, que em geral se coagulam quando expostas ao ar, vedando assim ferimentos que possam ocorrer nos tecidos da planta e endurecendo no aparelho bucal de insetos. O látex pode ter um aspecto leitoso ou ser incolor. As células que acumulam substâncias aparentemente de eliminação são denominadas idioblastos excretores. Em geral, as células secretoras são classificadas de acordo com o seu conteúdo, podendo variar muito em tamanho e comprimento. 16 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Nos tecidos caulinares e foliares de espécies de Calycanthaceae, Lauraceae, Magnoliaceae e Winteraceae há células secretoras com conteúdo oleoso. Em Meliaceae, há células com conteúdo resinoso; em Cactaceae, Malvaceae e Tiliaceae, por exemplo, há células com conteúdo mucilaginoso (pectinas ou gomas). Algumas células acumulam substâncias fenólicas, dentre as quais o tanino, que tem efeito adstringente, isto é, precipita as proteínas, inclusive as enzimas, tornando o alimento inaproveitável. Em condições de alta umidade do ar, quando a transpiração não é eficiente, observa-se que a planta passa pelo processo de gutação, quando em diversos pontos das margens das folhas há gotas de água. Os hidatódios são as estruturas responsáveis por esse processo. Os nectários são estruturas especializadas em produzir um líquido adocicado, ocorrendo em flores e sendo então denominados nectários florais. Também podem ocorrer em órgãos vegetativos, sendo então denominados nectários extraflorais. Nas flores o néctar atrai polinizadores, e a pequena quantidade produzida obriga o polinizador a procurar mais flores, aumentando o número de visitas e, consequentemente as chances de polinização cruzada. Os nectários extraflorais estão mais relacionados com a defesa do vegetal, embora haja casos em que podem desempenhar papel também na polinização. Atraindo formigas, estas tendem a defender o vegetal contra predadores. Observação A conquista do ambiente terrestre pelas plantas tornou-se possível porque nelas se desenvolveu um sistema de distribuição interna de água e nutrientes, ao lado do desenvolvimento de um sistema de absorção da água do solo e de um sistema de revestimento para evitar a perda excessiva de água. Sistema vascular - xilema e florema primários A distribuição de água e nutrientes na planta é feita através do sistema vascular, que é constituído por dois tipos de tecidos relacionados espacialmente: o xilema que conduz água e nutrientes inorgânicos (seiva mineral [...]), e o floema, que conduz os nutrientes orgânicos, principalmente carboidratos em solução (seiva orgânica [...]), supridos pela fotossíntese. [...] Devido às paredes lignificadas de suas células, o xilema tende a ser mais conspícuo que o floema; pode ser estudado mais facilmente e é [mais bem-conservado] nos fósseis. É um tecido muito utilizado na identificação de plantas, especialmente as que têm hábito arbóreo, devido ao xilema secundário. Estruturalmente, o xilema é constituído por diferentes tipos de células vivas e mortas. Os componentes mais característicos no xilema primário são os elementos traqueais, que conduzem água e nutrientes inorgânicos, e células parenquimáticas, relacionadas com atividades vitais variadas. [...] 17 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS O xilema primário é formado por diferenciação do procâmbio no corpo primário da planta, isto é, em estágios pós-embrionários, até mesmo no embrião e em extremidades apicais dos órgãos [...]. Se houver crescimento secundário em espessura, o xilema forma- se a partir do câmbio, daí ser denominado xilema secundário. Alguns dos elementos traqueais combinam as funções de condução com a de sustentação. É o caso das traqueídes no lenho de muitas gimnospermas. O xilema também pode possuir fibras, que são elementos de sustentação. As fibras também podem reter seus protoplastos no xilema funcional e, então, combinar a função vital de acúmulo de amido com a função mecânica de sustentação. O xilema aparece em caules, raízes, folhas, partes florais, frutos etc. Comumente o xilema ocupa uma posição relativamente interna no eixo caulinar e ventral [...] nas folhas e nos órgãos de natureza foliar. Na raiz principal de eudicotiledôneas, bem como nas ramificações desta, quando em crescimento primário, o xilema forma um cordão ou faixa contínua, ocupandoa parte central. [...] O xilema é um tecido formado basicamente por três tipos de células: os elementos traqueais ou condutores, as fibras e as células parenquimáticas. [...] A expressão elemento traqueal é derivada de traqueia, nome aplicado originalmente a certos elementos do xilema primário, semelhantes às traqueias dos insetos. Dois tipos fundamentais de elementos traqueais ocorrem no xilema: traqueídes e elementos de vaso. Os elementos traqueais são células relativamente longas e com a parede primária presente. Num elemento traqueal, a deposição da parede secundária e sua lignificação pode[m] ocorrer sob a forma de anéis [ou] helicoides. As traqueídes são células imperfuradas, que combinam as funções de condução e de sustentação. O fluxo de água se faz principalmente, no sentido longitudinal. [...] A água passa de uma traqueíde com espessamento anelado e helicoidal para a outra através dos campos de pontoação primários existentes em suas paredes primárias, ou através das membranas de pontoação nas traqueídes com pontoações areoladas. Os elementos de vaso são células perfuradas, isto é, células cujas comunicações com outras células da mesma série longitudinal, que constituem o vaso, se faz[em] através de grandes aberturas na parede, as perfurações. A perfuração dos elementos de vaso comumente ocorre nas paredes terminais, mas pode estar presente nas paredes laterais também. A parede que contém uma perfuração é chamada placa perfurada ou placa de perfuração. Uma placa perfurada pode apresentar uma única perfuração, constituindo a placa de perfuração simples, ou pode conter várias perfurações, formando a placa de perfuração múltipla. 18 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I [...] O xilema é o tecido vegetal que mais se presta aos estudos filogenéticos. As evidências fósseis demonstram que o elemento traqueal mais primitivo é a traqueíde. Por ser fina e longa, com paredes bem espessadas, a traqueíde acumula as funções de condução e sustentação. Na evolução houve uma distribuição dessas funções: os elementos de vaso tornaram-se mais especializados para a condução, enquanto que as fibras, mais especializadas para a sustentação. Assim sendo, a traqueíde evoluiu em duas direções: dando origem às fibras e dando origem aos elementos de vaso. [...] As fibras formam-se em geral dentro do xilema secundário [...]. São células longas, com paredes secundárias, comumente lignificadas, que usualmente variam em espessura. [...] No xilema primário, as células do parênquima apresentam paredes finas e em geral são mais ou menos alongadas, entremeando-se [com] os elementos traqueais. Já no xilema secundário, as células parenquimáticas podem se orientar em relação ao eixo da planta, formando o parênquima radial. [...] Os tecidos vasculares primários e, incluído aí o xilema, formam-se por diferenciação do procâmbio no corpo primário da planta. O xilema que assim se originou é chamado xilema primário (proto e metaxilema). Quando ocorre crescimento secundário em espessura (gimnospermas e a maioria das dicotiledôneas), passa a ser o câmbio que forma o xilema, que é então denominado xilema secundário. O tecido vascular secundário organiza-se num sistema axial e outro radial. Os raios formados são contínuos através do câmbio vascular, indo desde o xilema secundário até o floema secundário. O floema é o tecido responsável pela translocação de nutrientes orgânicos produzidos pela fotossíntese para todas as partes do vegetal. [...] O floema pode translocar uma grande quantidade de material muito rapidamente. [...] A evolução do floema é menos conhecida que a do xilema. Acredita-se que os elementos de tubo crivado tenham evoluído a partir de células do parênquima e, devido à fisiologia das suas células, devem ter ocorrido profundas mudanças no sistema enzimático intracelular. 19 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS No corpo primário da planta o floema origina-se por diferenciação do procâmbio. O floema que se forma do procâmbio é o floema primário. Quando ocorre crescimento secundário, o floema forma-se a partir do câmbio, chamado de floema secundário. O floema aparece em caules, raízes, folhas, partes florais, entre outros. Comumente, o floema ocupa uma posição relativamente externa ao eixo caulinar e dorsal [...] nas folhas e nos órgãos de natureza foliar. Na raiz em crescimento primário, alterna-se com o xilema. Na raiz em crescimento secundário e no eixo caulinar, na maioria dos casos, o floema localiza-se externamente ao xilema. Devido à sua posição próxima à periferia do órgão, o floema modifica-se com o aumento em espessura do órgão. [...] O floema é um tecido formado basicamente por células condutoras (elementos crivados: elementos de tubo crivado ou células crivadas) e células parenquimáticas especializadas. [...] Os tecidos vasculares e, consequentemente[,] o floema, formam-se por diferenciação do procâmbio no corpo primário da planta. O floema que assim se originou é chamado floema primário (proto e metafloema). Quando ocorre crescimento secundário em espessura (gimnospermas e a maioria das dicotiledôneas), o câmbio forma o floema que é denominado floema secundário. Adptado de: MENEZES et al. Sistema vascular - xilema e florema primários. In: Anatomia e morfologia de plantas vasculares. São Paulo: USP-UFSCAR, 2004. Em termos de crescimento os vegetais apresentam dois tipos: crescimento primário e crescimento secundário. O crescimento primário depende dos meristemas apicais e forma o corpo primário da planta. O crescimento secundário está presente em algumas raízes e caules, sempre daquelas plantas que crescem em espessura e cujos tecidos podem ser identificados como lenho e casca. Por crescimento secundário, esses tecidos considerados mais complexos são derivados de dois meristemas laterais: o câmbio vascular e o felogênio (SADAVA, 2009). O câmbio vascular é constituído de um tecido cilíndrico, com predomínio de células alongadas verticalmente, que se dividem com frequência; ele produz as células do xilema e do floema secundários, que nas plantas arbóreas se tornam o lenho, também conhecido como madeira (SADAVA, 2009). O felogênio é responsável principalmente por produzir as células suberosas, com paredes impregnadas de suberina (ceras), bem como as células de revestimento conhecidas como casca. A casca representa tudo o que é externo ao câmbio vascular. Para o interior do caule ou da raiz, as células do câmbio vascular em divisão formam o novo xilema (secundário) e, para o exterior, formam o novo floema (secundário). O felogênio produz novas células protetoras, principalmente, voltadas para o exterior, e as paredes dessas células tornam-se impregnadas de suberina (ceras). O conjunto dessas células impermeáveis à água é denominado de periderme (SADAVA, 2009). 20 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Com o aumento do número de camadas da periderme, ocorre compressão da epiderme e dos outros tecidos externos a ela, os quais terminam por romper-se; em consequência disso, são eliminados gradativamente. Esse processo acompanha o envelhecimento das espécies arbóreas, levando ao acúmulo de tecidos mortos na superfície do caule e da raiz. Esta parte morta composta de tecidos isolados por peridermes e de camadas de periderme cujo crescimento já cessou é chamada ritidoma. Assim, o ritidoma constitui a casca externa e é bem-desenvolvido em caules e raízes mais velhos. Com a instalação do câmbio, começa a ser produzidoo xilema secundário a partir de células derivadas do câmbio que ficam situadas internamente a este. São basicamente três tipos de células encontradas no xilema secundário: elementos traqueais, fibras e parênquima. Distinguem-se dois sistemas de orientação dessas células: o axial [...] e o radial. O sistema axial é derivado das iniciais fusiformes do câmbio. É formado por células com o seu eixo maior orientado paralelamente ao eixo do órgão [...]. São eles: elementos traqueais, fibras e parênquima axial. O sistema radial é composto de fileiras de células orientadas horizontalmente, perpendiculares ao eixo do órgão [...]. O xilema secundário [...] do caule de espécies arbóreas recebe a denominação de madeira e tem grande aproveitamento econômico, sendo usada em construção civil, aplicações externas, mobiliário, embalagens etc. (MENEZES et al., 2004, p. 34-5, destaques do autor). Anel anual Medula Floema secundário Xilema secundário Figura 5 – Imagem de um caule em corte transversal, mostrando os tecidos secundários e os anéis de crescimento As madeiras, em geral, apresentam-se divididas em zonas sucessivamente repetidas, observáveis em cortes transversais. Estas zonas constituem os anéis de crescimento, ou camadas de crescimento. São mais evidentes especialmente em madeiras de regiões temperadas, que têm estações anuais mais bem- delimitadas (Figura 5). 21 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Comumente, estas camadas de crescimento apresentam-se formadas por dois tipos de lenho: inicial (ou primaveril) e tardio (ou estival). O lenho inicial é menos denso que o tardio, porque nele predominam células com paredes mais finas e lumes mais amplos. O lenho tardio, por sua vez, apresenta células com paredes mais espessas e, por conseguinte, o lume menor. Pode-se, muitas vezes, saber a idade relativa de uma árvore de região temperada pelo número de anéis de crescimento. O xilema secundário mais interno perde gradualmente as funções de condução e, com a morte das células vivas do lenho, perde também as funções de reserva de alimentos. Este estado é precedido por numerosas mudanças, muitas das quais puramente químicas. Com o tempo, a madeira perde água e substâncias de reserva, tornando-se infiltrada com vários compostos orgânicos, tais como: óleos, gomas, resinas, substâncias fenólicas, materiais corantes e aromáticos. Algumas dessas substâncias impregnam as paredes, outras apenas penetram no lume da célula. A região do lenho que passa por estas modificações denomina-se cerne. A parte mais externa do lenho, que é funcional[,] denomina-se alburno. [...] O floema secundário é proveniente do câmbio. A quantidade de floema produzida pelo câmbio é em geral menor que a de xilema. No caso das coníferas, o sistema axial [...] contém células crivadas, células albuminosas, células parenquimáticas, fibras e esclereídes. O sistema radial [...] é constituído por raios unisseriados com células albuminosas e células parenquimáticas (MENEZES et al., 2004, p. 35-40). Lembrete Cada anel de crescimento da planta corresponde a um anel de lenho inicial mais o anel de lenho tardio, por isso são chamados de anéis anuais. Saiba mais Você sabia que pode haver impacto da cultura de tecidos de plantas na agricultura? Para conhecer mais sobre esse assunto, leia: SCAGLIUSI, S. M. O impacto da cultura de tecidos na agricultura. Cultivar, Pelotas, nov. 2011. Disponível em: <http://www.grupocultivar.com. br/site/content/noticias/?q=23700>. Acesso em: 10 jun. 2015. 22 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I 2 MORFOLOGIA DOS SISTEMAS RADICULARES Observação As plantas vasculares apresentam a história de sua evolução ligada à história da ocupação progressiva do ambiente terrestre. Dentre as diversas mudanças implicadas em tal progressão evolutiva, destaca-se o desenvolvimento de raízes. As primeiras plantas vasculares apresentavam corpo não diferenciado em raiz, caule e folha. Com a especialização evolutiva, surgiram diferenças morfológicas e fisiológicas entre as várias partes do corpo das plantas vasculares, acarretando a diferenciação em raiz, caule e folhas (COLÉGIO SÃO FRANCISCO, [s.d.]c). As plantas fanerógamas formam as raízes como primeira estrutura a emergir da semente, com as funções de fixar-se no solo e de absorver água e nutrientes (Figura 6). Algumas plantas podem apresentar raízes com outras funções, como armazenar substâncias de reserva ou até atuar nos processos de aeração. O conjunto de raízes constitui o sistema radicular, que se diferencia do caulinar pela ausência de gemas que delimitam os nós e os entrenós, presentes apenas em caules. As raízes são geralmente subterrâneas, mas algumas plantas também desenvolvem raízes aéreas. As raízes subterrâneas têm a função de fixar o vegetal ao solo e de absorver do solo nutrientes, que são usados como matéria-prima para a fotossíntese. Raiz primária Pelos absorventes Zona de crescimento Coifa Caule Raiz Raiz lateral Figura 6 – Desenho esquemático de uma raiz O desenvolvimento inicial da raiz se dá a partir da semente que contém o embrião, que é um esporófito jovem. Ele tem uma raiz embrionária, denominada radícula ou raiz primária, um eixo caulinar embrionário e uma ou duas folhas embrionárias. A raiz primária pode crescer e formar ramificações: as raízes laterais ou secundárias. Estas repetem a estrutura da raiz primária ou do eixo originado por ela. 23 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS O ápice da raiz primária apresenta três regiões distintas: coifa, zona de alongamento e região pilosa ou pilífera (Figura 7). A coifa é uma parte protetora do ápice meristemático radicular. A zona de alongamento ou distensão é uma região meristemática, na qual as células produzidas estão em rápido processo de alongamento; não há pelos absorventes nesta zona. A região onde já terminou o crescimento em distensão da raiz e a epiderme forma numerosos pelos absorventes, os pelos radiculares. Nas raízes a região conhecida por região pilosa é encarregada da absorção. Esta região possui os pelos absorventes, destinados a aumentar a superfície de absorção. Os pelos absorventes são unicelulares, vivos e com o núcleo localizado na ponta. Estes pelos funcionam apenas alguns dias; logo caem e são substituídos por novos pelos, formados próximos à ponta da raiz, à medida que ela cresce. Desta maneira, a região pilífera sempre fica em contato com novas regiões do solo A raiz primária pode crescer e formar ramificações: as raízes laterais ou secundárias. Estas repetem a estrutura da raiz primária ou do eixo originado por ela. Região pilosa (pilífera) Coifa Colo Região de distenção (lisa) Figura 7 – Estrutura morfológica de uma raiz Internamente as raízes apresentam diferenciação entre a raiz de monocotiledôneas e a de eudicotiledôneas. Nas monocotiledôneas a epiderme é constituída por uma única camada de células vivas; a epiderme forma os pelos absorventes, com a função de aumentar a superfície de absorção. A casca ou córtex é constituída fundamentalmente por um tecido parenquimático, com células vivas que têm a função de acumular substâncias de reserva. A última camada de células da casca é chamada endoderma. As células desta camada apresentam paredes celulares reforçadas com lignina e suberina, lembrando este reforço uma letra “U”. No cilindro central, as primeiras camadas de células constituem o periciclo. Estas células podem-se desdiferenciar e formarum meristema que cresce, destruindo as células da casca e epiderme, até emergir externamente uma ramificação da raiz. O restante do cilindro central é ocupado por um tecido parenquimático, no interior do qual encontramos os feixes condutores do xilema, alternados com os feixes condutores do floema (Figura 8). 24 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Epiderme Floema Medula Periciclo Xilema Endoderma Pelo absorvente Parênquima cortical (córtex) Figura 8 – Desenho esquemático da organização geral da raiz de monocotiledônea em corte transversal Na raiz das eudicotiledôneas, a epiderme também é constituída por uma única camada de células vivas que forma os pelos absorventes. A casca é constituída por parênquima cortical e endoderma. O endoderma apresenta um reforço especial constituído por suberina, chamado estria de Caspary. Essa estria de Caspary é uma faixa de reforço em torno da célula, enquanto no cilindro central as primeiras camadas de células formam o periciclo, responsável pela formação das raízes secundárias. O restante da raiz é ocupado pelo parênquima interfascicular, no interior do qual encontramos os feixes condutores do xilema, alternando-se com os feixes condutores do floema. Relacionando ainda com os feixes condutores, encontramos o câmbio intrafascicular ou simplesmente câmbio fascicular. O câmbio fascicular ocupa posição externa em relação ao feixe lenhoso e posição interna em relação ao feixe liberiano. Na mesma linha do câmbio fascicular, irá se desdiferenciar o câmbio interfascicular (Figura 9). Epiderme Floema Floema Periciclo Xilema Xilema A B Câmbio Câmbio Endoderma com estritas impermeáveis Câmbio Endoderma Córtex Figura 9 – Desenho esquemático da organização geral da raiz de eudicotiledônea em corte transversal, com detalhe da estrutura 25 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS O sistema radicular pode ser diferenciado em dois tipos básicos: o sistema axial e o sistema fasciculado. O sistema axial, conhecido também como pivotante, ocorre quando a raiz primária originada da radícula do embrião forma uma raiz principal, que penetra perpendicularmente ao solo, emitindo raízes secundárias, que tendem a ser mais finas. Esse tipo de raiz ocorre nas gimnospermas, em angiospermas basais e nas eudicotiledôneas (Figura 10). Figura 10 – Aspectos gerais da raiz axial, evidenciando a raiz principal emitindo raízes secundárias No sistema fasciculado a raiz primária não apresenta desenvolvimento acentuado, e várias novas raízes se formam a partir do eixo caulinar do embrião e crescem rapidamente, não sendo possível a distinção da raiz primária. Esse tipo de raiz ocorre no grupo das monocotiledôneas, como nas gramíneas, a exemplo da raiz do milho (Figura 11). Figura 11 – Raiz fasciculada ou cabeleira Vários tipos de raízes se destacam da raiz axial e da raiz fasciculada, por apresentar morfologia com alguma especificação, por isso são chamadas de tipos especiais. 26 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Dentre elas se destacam as raízes tuberosas, que são raízes intumescidas, especializadas como órgãos de reserva. As reservas podem ficar acumuladas na raiz principal (exemplos: beterraba, nabo e cenoura – Figura 12) ou nas laterais (exemplos: batata-doce e mandioca). Figura 12 – Raiz principal tuberosa da cenoura Existem também as raízes aéreas, que não se desenvolvem subterraneamente, mas expostas ao ar. São geralmente adventícias. Estas podem ser classificadas como raízes-suporte, que oferecem equilíbrio à planta, ou por esta planta crescer em solo pantanoso, ou por possuir uma base muito pequena em relação a sua altura, por exemplo, as raízes da planta de mangue (Rhizophora mangle) (Figura 13). Caule Raizes Figura 13 – Raiz-suporte de planta de mangue (Rhizophora mangle) As chamadas raízes tabulares são uma variante desse sistema de raízes. Elas se encontram ligadas ao caule, semelhantes a verdadeiras tábuas. Formam-se na base do tronco de algumas árvores grandes de florestas tropicais úmidas, como na sumaúma (Ceiba pentandra); além de elevar a resistência e a sustentação do tronco, aumentam a superfície para aeração (Figura 14). 27 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Figura 14 – Detalhe de árvore com raízes tabulares Outro tipo de raiz aérea são as raízes-escora, que aparecem em certas espécies de figueiras (Ficus); elas descem de ramos caulinares laterais, alcançam o solo, ramificam-se e começam a absorver água. Por se tratar de uma eudicotiledônea, essas raízes crescem em espessura e, com o tempo, tornam-se tão espessas que passam a substituir o caule em sua função, pois elas, além de fixar a planta no solo e absorver a água, conduzem essa água até a copa e sustentam-na. Quando já há muitas raízes bem-desenvolvidas, o caule pode desaparecer, ficando a copa totalmente escorada em raízes. Lembrete Figueiras milenares, na Índia, expandem-se radialmente por centenas de metros além do local de origem. Uma variação desse tipo de raiz é o que se vê nas figueiras mata-pau (Ficus spp.) que começam a vida como epífitas. Suas raízes crescem envolvendo o tronco do hospedeiro, formando finalmente uma rede que cresce em espessura, impedindo então o crescimento ulterior do hospedeiro, que acaba morrendo. Após a morte da planta hospedeira, resta uma figueira totalmente escorada em raízes. Há também as raízes respiratórias, tipo de raiz presente em muitas plantas subaquáticas; com função de suprimento de oxigênio para os órgãos submersos. Os pneumatóforos podem ser considerados um tipo de raiz respiratória, mas diferem estruturalmente por serem raízes lenhosas que crescem verticalmente para fora do solo encharcado (geotropismo negativo), onde vive a planta. Ocorrem em espécies dos manguezais e de pântanos. Nesses solos há muita concorrência pelo oxigênio, por serem muito ricos em microrganismos, e os pneumatóforos afloram à superfície em busca do oxigênio. São dotados de pneumatódios, estruturas semelhantes às lenticelas, que permitem a dispersão do ar (Figura 15). 28 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Figura 15 – Raízes respiratórias (pneumatóforos) de Avicennia tomentosa, no mangue Outro tipo de raiz aérea são as raízes grampiformes, que ocorrem geralmente em pequenos grupos nos nós e/ou nos entrenós de caules rastejantes que, encontrando um suporte, podem escalá-lo pela força preênsil destas raízes, por exemplo, em hera (Hedera helix) e em hera-miúda (Ficus repens) (Figura 16). Caule Raiz Folha Figura 16 – Raízes grampiformes da hera (Hedera helix) Um outro tipo de raiz são as raízes contráteis, capazes de contrações periódicas, encontradas principalmente sob bulbos e cormos, sendo, neste caso, adventícias. Há também raízes de sistema axial que podem ser contráteis. As contrações são resultantes da expansão radial das células. Essas raízes permitem o aprofundamento de cormos, bulbos e rizomas, mantendo suas gemas protegidas de possíveis adversidades, como fogo, que ocorram na superfície, por exemplo, os lírios (Lilium). Um aspecto que deve ser destacado nos estudos sobre raízes são as interações das raízes com outros organismos, por exemplo, as micorrizas e os nódulos radiculares.As micorrizas, como o nome diz, são uma associação comum a muitas plantas, principalmente do cerrado, de florestas úmidas, ou em orquídeas, representada por íntima relação simbiótica entre a raiz e um determinado fungo. Micorrizas são mais eficientes na absorção de nutrientes minerais. Todas as orquídeas e muitas saprófitas têm micorrizas. Os nódulos radiculares aparecem nas raízes de muitas plantas da família Fabaceae (leguminosas), como consequência da infestação por bactérias (Rhizobium), fixadoras de nitrogênio atmosférico. Essas bactérias penetram na raiz através dos pelos radiculares, passam até as células corticais, multiplicam- se e estimulam tais células a também se dividir, formando assim o nódulo (Figura 17). Trata-se de uma associação simbiótica, de grande importância adaptativa. 29 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Nódulo Figura 17 – Aspectos gerais dos nódulos formados nas raízes das leguminosas por Rhizobium sp. Saiba mais Para conhecer melhor a adubação verde, leia: EMBRAPA. Adubação verde. Brasília: Embrapa, [s.d.]. 1 folder. Disponível em: <www.embrapa.br/documents/1355054/1527012/4a+- +fo lde r+Adubação+verde .pd f /6a472dad-6782-491b-8393- 61fc6510bf7d>. Acesso em: 10 jun. 2015. Um outro tipo de interação é a que acontece entre diferentes espécies, como as raízes sugadoras ou haustórios, que ocorrem em plantas parasitas. Os haustórios penetram no caule da hospedeira, para dali tirar sua nutrição. O cipó-chumbo (Cuscuta spp.) é uma planta quase completamente aclorofilada, heterótrofa, portanto parasita. Seu caule volúvel forma apressórios que se aderem ao hospedeiro (Figura 18). Grupos de células do centro do apressório multiplicam-se e formam uma curta raiz, o haustório, que penetra na casca da hospedeira. Dentro desta, os haustórios ramificam-se até o floema e o xilema, de onde retiram os nutrientes de que necessitam. Figura 18 – Aspectos gerais de uma infestação por cipó-chumbo (Cuscuta sp.) 30 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Por outro lado, as ervas-de-passarinho (Loranthaceae) têm folhas verdes (são autótrofas) e formam apressórios (estruturas de fixação) com haustórios que penetram até o xilema da hospedeira, do qual retiram água e sais, mas não formam células sugadoras do floema. Trata-se, portanto, de hemiparasitas. Algumas plantas podem não apresentar raízes, por exemplo, muitos representantes da família Bromeliaceae. São plantas que têm como forma de vida o epifitismo. Uma epífita é uma planta autótrofa e autossuficiente, que vive sobre algum substrato, em geral, sobre outra planta, mas pode crescer sobre rocha ou outro substrato. O termo epífita significa literalmente “uma planta que vive sobre outra”, quer dizer, restringe as epífitas à condição de uma planta que usa outra planta como substrato. O epifitismo é uma condição de vida, e não apenas o fato de uma planta viver sobre outra. Não devem ser confundidas com parasitas, pois elas são autótrofas. Nas Bromeliaceae epifíticas, frequentemente, o sistema radicular tem apenas função fixadora (raízes grampiformes); a absorção de água e sais é feita por meio de tricomas especiais da epiderme das folhas e do caule, que são escamas absorventes. Figura 19 – Aspecto de raízes epífitas Algumas epífitas apresentam adaptações morfológicas, por exemplo, diferenciação de raízes especiais com função de acumular água da umidade da atmosfera ou da superfície do hospedeiro (Figura 19). Nas Orchidaceae, pode ocorrer tecido armazenador de água no caule ou nas folhas, e suas raízes são dotadas de uma epiderme pluriestratificada chamada velame. As células do velame são mortas e altamente higroscópicas. Lembrete As raízes também podem apresentar modificações, como as gavinhas, estruturas que se enrolam a um suporte porque são sensíveis ao estímulo do contato, fenômeno também conhecido como tigmotropismo. Outras raízes podem se transformar em espinhos. 31 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Saiba mais Você já ouviu falar que é possível o uso das raízes dos vegetais no combate à poluição? Conheça mais em: DIAS, C. Fitorremediação: uso de plantas para descontaminação ambiental. Prosa Rural, Brasília, jun. 2010. Disponível em: <http://hotsites. sct.embrapa.br/prosarural/programacao/2010/fitorremediacao-o-uso-de- plantas-para-descontaminacao-ambiental>. Acesso em: 10 jun. 2015. 3 MORFOLOGIA DOS SISTEMAS CAULINARES Saiba mais Para entender como é possível estimar a idade de uma árvore pela observação do tronco, leia a matéria: FRANZIN, A. Você sabia que é possível descobrir a idade de uma árvore olhando o interior do tronco? EBC, Brasília, set. 2012. Disponível em: <http:// www.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2012/09/voce-sabia-que-e-possivel- descobrir-a-idade-de-uma-arvore-olhando-o>. Acesso em: 10 jun. 2015. O caule é um órgão vegetativo com a função de condução de água e sais minerais das raízes para as folhas e as demais partes da planta. Outra função do caule é servir como suporte mecânico para as folhas e as estruturas reprodutoras, estabelecendo relação entre estes órgãos e as raízes. O caule é formado por nós e entrenós (Figura 20). O nó é a região caulinar, onde estão situadas as gemas axilares, que darão origem a ramos, folhas ou flores. O entrenó é a região entre dois nós sucessivos. Morfologicamente, os caules têm certos aspectos externos, em especial, a presença dos nós e das gemas, por meio dos quais se distinguem das outras partes da planta, especialmente das raízes, com as quais são mais frequentemente confundidos, sobretudo, os subterrâneos. A gema existente no ápice de um eixo caulinar é a gema apical, sempre mais ativa que as outras devido à dominância apical, exercida por meio de hormônios do grupo das auxinas, enquanto aquelas localizadas nas axilas das folhas são consideradas as gemas axilares (Figura 20). 32 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Nós Nós Gemas axililares Entrenós Figura 20 – Detalhe das partes do caule evidenciando nós, entrenós e gemas axilares Nos caules de espécies de climas frios, principalmente, e de temperados, são protegidas por folhas modificadas, denominadas catafilos. Em condições favoráveis, permitem o desenvolvimento do meristema apical e das folhas jovens. Os caules podem ser ramificados ou não. Quando se ramificam são chamados de caules simpodiais e quando não se ramificam são chamados de caules monopodiais. No caule monopodial o crescimento se dá pela atividade de uma única gema apical, que persiste ao longo da vida da planta. Plantas com crescimento monopodial podem não desenvolver nenhuma ramificação lateral, como ocorre no mamoeiro (Carica papaya – Figura 21) e nas palmeiras, espécies em que a ramificação lateral geralmente está limitada à produção de inflorescências na época da reprodução. Figura 21 – Aspecto geral de caule monopodial em mamoeiro (Carica papaya) 33 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS No caule simpodial várias gemas participam consecutivamente da formação de cada eixo. Isso acontece ou porque a gema apical cessa sua atividade, ou porque o eixo principal perde sua preponderância sobre os ramos laterais, levando, por exemplo, à formação arredondada das copas da maioria das árvores de eudicotiledôneas(Figura 22). Figura 22 – Desenho esquemático de árvore com caule de crescimento simpodial Lembrete A araucária ou pinheiro brasileiro se destaca das outras espécies brasileiras principalmente por sua forma original, que dá às paisagens do sul uma característica toda especial. Trata-se de uma árvore alta com copa em formato de cálice, com crescimento monopodial. O início da organização do caule está no embrião, no qual o hipocótilo é a primeira unidade caulinar. É considerado o primeiro entrenó, embora não haja outro nó abaixo do hipocótilo. Durante a germinação, o meristema apical promove a adição de novas folhas e o aumento do eixo, que cedo ou tarde diferenciará nós e entrenós (CASTRO, 2007a). Em plantas nas quais os eixos se ramificam aparecem gemas axilares, que mais tarde se desenvolvem em ramos laterais. Internamente o caule se diferencia entre os grupos monocotiledôneas e eudicotiledôneas. Nos caules das eudicotiledôneas é possível localizarmos a epiderme, a casca e o cilindro central. A epiderme geralmente é provida de uma única camada de células, apresentando cutícula, estômatos, tricomas etc. A epiderme funciona, primariamente, como um tecido de proteção. 34 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Já a casca apresenta o predomínio do tecido parenquimático. Na parte mais periférica, esse parênquima está transformado em colênquima, um tecido de sustentação com células vivas e clorofiladas. Esta região tem função na reserva, mas serve também como uma região de transporte lateral de nutrientes orgânicos, nutrientes inorgânicos e água. O cilindro central é ocupado por um tecido parenquimático, dentro do qual encontramos os feixes vasculares. No meio do xilema e do floema existem as células meristemáticas do câmbio intrafascicular. No espaço deixado pelos feixes liberolenhosos, seguindo a mesma linha do câmbio fascicular, irá se desdiferenciar o câmbio interfascicular (Figuras 28 e 29). Floema Floema Xilema Xilema Câmbio fascicular Câmbio fascicular Casca Casca Medula Medula Câmbio interfascicular Figura 23 – Aspecto geral da estrutura primária do caule de eudicotiledônea Floema Xilema Câmbio fascicular Câmbio fascicular Figura 24 – Detalhe do corte transversal do caule de dicotiledônea Os caules das monocotiledôneas se diferenciam por ter a epiderme que reveste e protege externamente o caule; o parênquima cortical, posicionado ocupando todo o interior do caule; e os feixes vasculares, mergulhados dentro do tecido parenquimático (Figura 25). 35 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Xilema Parênquima Bainha de esclerênquima Feixe liberolenhoso Floema Figura 25 – Detalhe de corte transversal do caule de monocotiledônea Quando a planta começa a produzir novos elementos no sentido lateral, ou seja, em espessura, consideramos que ela apresenta crescimento secundário. No caule, isso ocorre na região em que já cessou o crescimento longitudinal (em altura). Como consequência, a planta cresce em espessura. Duas estruturas são responsáveis por este crescimento: o câmbio e o felogênio (Figura 26). Súber Felogênio Feloderma Parênquima Periderma Floema Câmbio Casca Madeira Xilema Medula Figura 26 – Desenho esquemático de caule de eudicotiledônea com estrutura secundária O câmbio fascicular e o interfascicular produzem, para o lado mais externo, novos elementos do floema e células dos raios medulares. Para o lado interno, produzem novos elementos do xilema e também células dos raios medulares. Estes elementos do xilema e do floema, produzidos por atividade do câmbio, são considerados xilema e floema secundários. Nas plantas de climas em que existe nitidamente uma estação favorável, podemos observar a formação dos anéis anuais de crescimento. Tais anéis permitem o reconhecimento da idade das plantas. 36 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Os anéis anuais são reconhecidos no xilema. No período favorável, o câmbio produz vasos lenhosos com grande diâmetro, relacionados com a condução de água. No início do período desfavorável, antes de o câmbio entrar em repouso, são produzidos vasos lenhosos com pequeno diâmetro e paredes celulares espessadas. Estes vasos parecem estar mais relacionados com a sustentação do que com a condução da água. Com o passar dos anos e com a produção de novos elementos pelo câmbio, a planta vai crescendo em espessura. A parte do xilema secundário que fica perto do câmbio e que possui ainda elementos parenquimáticos vivos chama-se alburno. A parte central do tronco da árvore, em que os elementos parenquimáticos já estão mortos, e os vasos lenhosos, fora de função, constitui o cerne. O cerne forma a madeira, aproveitada industrialmente. Na casca, diferencia-se um outro meristema chamado felogênio. O felogênio produz súber, para o lado mais externo, e células parenquimáticas ou feloderma, para o lado mais interno. Saiba mais Para conhecer melhor como ocorre a fabricação de papel a partir da celulose, leia: GRUPO SCA. Produção de papel: apoio técnico para papel de publicação da SCA. Abr. 2010. Disponível em: <http://www.sca.com/Global/ Publicationpapers/pdf/Brochures/Papermaking_PT.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2015. Entre os caules aéreos destacam-se os considerados hastes, que são um tipo de caule delicado, não lenhoso e ereto, encontrado na maioria das ervas, por exemplo, no tomateiro (Figura 27). Figura 27 – Detalhes do caule do tipo haste de um tomateiro 37 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS São considerados caules aéreos do tipo tronco aqueles presentes na maioria das árvores, lenhosos, robustos e, em geral, bem-desenvolvidos até o aparecimento das primeiras ramificações (Figura 28). Figura 28 – Aspecto geral de árvore com caule do tipo tronco Há um tipo especial de tronco: o tronco suculento, que se apresenta intumescido, em certas árvores, pelo acúmulo de água, por exemplo, nas paineiras (Chorisia spp.) e no baobá (Adansonia spp.). Há aqueles caules aéreos geralmente cilíndricos, frequentemente não ramificados, apresentando uma coroa de folhas no ápice, os estipes; eles são comuns nas palmeiras (Figura 29). Figura 29 – Desenho esquemático de caule do tipo estipe de uma palmeira Há também aqueles caules aéreos considerados colmo. São caules bem-divididos em nós e entrenós, geralmente ramificados com folhas desde a base, por exemplo, o caule da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) e o do milho (Zea mays), ambos considerados colmos cheios (Figura 30); já o bambu (Bambusa spp.) apresenta um caule colmo oco (Figura 31). 38 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Figura 30 – Caule colmo cheio da cana-de-açúcar Figura 31 – Aspecto geral do caule colmo oco do bambu Outro caule aéreo que chama a atenção é o caule volúvel, que se enrola a um suporte e é comum nas trepadeiras e nos cipós (Figura 32). Eles podem ser considerados dextrorsos quando a ponta se volta para a direita, como no feijão; ou podem ser sinistrorsos, quando a ponta se volta para a esquerda. Figura 32 – Aspecto geral de caule volúvel das trepadeiras 39 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5BOTÂNICA – FANERÓGAMAS O caule aéreo sarmentoso ou caule prostrado ou rastejante é preso ao solo por raízes apenas num ponto e cresce rastejando pela superfície do solo sem se enraizar mais. Encontrando um suporte, alguns podem subir, enrolando-se neles ou formando gavinhas que se enrolam (Figura 33), por exemplo, no chuchu (Sechium vulgare), na uva (Vitis) ou na aboboreira (Cucurbita). Gavinha Figura 33 – Desenho esquemático de aspecto geral de caule sarmentoso com gavinhas da uva (Vitis sp.) São considerados caules do tipo estolho ou estolão aqueles que apresentam o eixo caulinar emitido por uma planta e que rastejam junto à superfície do solo, têm entrenós bem alongados e em cada nó apresentam gemas e raízes, podendo-se fixar novamente nesse ponto, como ocorre no morangueiro (Fragaria vesca) (Figura 34). Figura 34 – Aspecto geral do caule estolho ou estolão do morangueiro Outro tipo de caule aéreo são os cladódios, que são caules modificados com função fotossintetizante ou de reserva de água, geralmente encontrados em plantas áfilas ou com folhas transformadas em espinhos, como nos cactos ou na carqueja (Baccharis spp.) (Figura 35). 40 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Figura 35 – Aspecto geral de caule cladódio presente no cacto Outro tipo de caule são aqueles subterrâneos. Além de realizar a sustentação da parte aérea, contendo, às vezes, somente folhas e estruturas reprodutoras, estes caules podem ter funções de armazenamento de reservas e de propagação vegetativa. De maneira geral, os caules subterrâneos são armazenadores. Dentre eles, destaca-se o rizoma, com crescimento horizontal, que produz diretamente folhas ou ramos verticais com folhas. Exemplos: o caule do gengibre e o da bananeira (Musa spp.) (Figura 36). AS R S F Fl Figura 36 – Aspecto geral do caule rizoma do gengibre Outro exemplo de caule subterrâneo são os tubérculos (como a batata-inglesa – Solanum tuberosum), caules que apresentam a porção terminal ou ápice de seus ramos longos e finos intumescida (Figura 37). 41 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS Esses ramos caulinares são somente subterrâneos e possuem gemas protegidas por catafilos. A batata será maior quanto maior for o número de entrenós envolvidos no espessamento. Figura 37 – Planta de batata mostrando os tubérculos. O tubérculo preto é o que foi semeado Dentre os caules subterrâneos se destacam também aqueles denominados cormo, que são sistemas caulinares espessados e comprimidos verticalmente, em geral, envolvidos por catafilos secos. Um cormo difere do tubérculo por ser a base intumescida de um caule, e não seu ápice. Exemplo: palma-de-santa- rita (Gladiolus sp.) (Figura 38). Figura 38 – Caule subterrâneo do tipo cormo da palma-de-santa-rita Difere do bulbo por ter mais tecido caulinar e menos catafilos. No bulbo, o sistema caulinar é comprimido verticalmente, e o caule propriamente dito é reduzido a um disco basal do qual partem muitos catafilos densamente dispostos, os mais externos, secos, e os mais internos, suculentos (Figura 39), como ocorre na cebola (Allium cepa). 42 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Folhas-escamas Broto Raiz Caule subterrâneo Base (prato) Figura 39 – Caule subterrâneo do tipo bulbo da cebola, em corte longitudinal (Allium cepa) Outro tipo de caule subterrâneo é o xilopódio, com sistema subterrâneo muito espessado, geralmente lignificado e duro, comum em diversas espécies de cerrados e campos brasileiros, cuja estrutura anatômica não é ainda bem-conhecida, podendo ser formado parcialmente por caule e raiz. Depois de secas ou queimadas, rebrotam dos xilopódios ramos com folhas e flores. Lembrete Um exemplo clássico de bulbo é a cebola, considerada um bulbo tunicado, cuja porção central, chamada prato, é pouco desenvolvida; da parte superior do prato partem folhas modificadas, as escamas ou túnicas, muito ricas em substâncias nutritivas; da porção inferior do prato partem as raízes. Saiba mais Algumas plantas apresentam modificações nos caules, como as gavinhas e os espinhos. Para saber mais sobre esse assunto, leia: SÓ BIOLOGIA. Porto Alegre, [2008-2015]. Disponível em: <http://www. sobiologia.com.br/conteudos/Morfofisiologia_vegetal/morfovegetal5. php>. Acesso em: 9 jun. 2014. 43 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 BOTÂNICA – FANERÓGAMAS 4 MORFOLOGIA DAS FOLHAS Em geral, as folhas são os órgãos mais bem-estruturados para executar a fotossíntese. Elas podem apresentar uma superfície ampla, devido ao seu formato laminar, com estômatos para regular a entrada e a saída de gases e vapor d’água; internamente o tecido parenquimático em geral apresenta espaços intercelulares, de forma que a fase gasosa distribui-se pelo órgão. Nas células desse parênquima denominado clorofiliano, há os cloroplastos, que são as organelas que efetivamente captam a energia luminosa e a convertem em energia química (Figura 40). Desse modo, a forma da folha deve estar associada à captação da luz solar e à absorção do gás carbônico para a fotossíntese. Há folhas, contudo, que podem estar adaptadas a outras funções que não a fotossíntese primordialmente. H2O (V) CO2 CO2 CO2 CO2 O2 O2 O2 O2 Célula-guarda Parênquima paliçadico Parênquima lacunoso Estômato Epiderme Epiderme Figura 40 – Aspecto de um corte transversal de folha, mostrando o mesófilo com os parênquimas e os estômatos As folhas, em geral, são estruturas achatadas, de modo que o tecido clorofiliano, responsável pela fotossíntese, fica próximo à superfície (MENEZES et al., 2004). Se a forma da folha facilita a captação da luz, as aberturas necessárias para a absorção do gás carbônico levam, ao mesmo tempo, à perda de água. As folhas são, assim, a principal fonte de perda de água das plantas. Tendo-se em conta que a transpiração excessiva pode levar à desidratação e até mesmo à morte, a forma e a anatomia da folha devem possibilitar uma relação que permita a captura de luz e a absorção de gás carbônico, evitando a perda excessiva de água (MENEZES et al., 2004). As folhas originam-se de protuberâncias formadas por divisões periclinais nas camadas mais superficiais, próximas ao meristema apical caulinar. Estas protuberâncias originam os primórdios foliares. No desenvolvimento da folha, estão envolvidas as atividades de vários meristemas. 44 CB IO - R ev isã o: Ju lia n - Di ag ra m aç ão : F ab io - 2 4/ 06 /2 01 5 Unidade I Apesar das diferenças entre os grandes grupos de fanerógamas, uma folha apresenta as seguintes partes: a lâmina ou limbo, o pecíolo e a base, que frequentemente desenvolve uma bainha ou estípulas (Figura 41). Pecíolo Nervura Limbo Figura 41 – Aspecto geral das partes de uma folha, evidenciando o limbo, o pecíolo e a base A folha possui um sistema dérmico, proveniente da protoderme, um sistema vascular, proveniente em sua maior parte do procâmbio, e um sistema fundamental, proveniente do meristema fundamental. A epiderme é revestida pela cutícula, e suas células se apresentam compactadas, salientando-se entre elas os estômatos. Estes podem ocorrer em ambas as faces, apenas na face superior ou apenas na face inferior. Nas folhas das eudicotiledôneas, os estômatos encontram-se dispersos, enquanto nas monocotiledôneas e coníferas,
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