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ANÁLISE SISTEMICA - PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN

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AUGUSTO FERREIRA DE MORAES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA DE FILME – PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN 
 
Trabalho apresentado como requisito parcial para 
aprovação na disciplina de Psicologia Sistêmica do 
5º período do Curso Superior de Psicologia do 
Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais. 
 
Professor (a): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA - PR 
2022 
Em psicologia sistêmica, os tipos de família são muito trabalhados, a fim de 
apresentar quais as composições e formações existentes entre casais. A 
intergeracionalidade, ou seja, a herança familiar, os legados familiares são passados 
de geração em geração. 
No caso em questão sobre o filme, Kevin era um garoto que possuía uma 
família nuclear como base, composta por mãe e pai, uniões heterossexuais, onde os 
frutos dessa união são os respectivos filhos do casal, esse modelo é considero um 
modelo tradicional de família. 
A família é a primeira instituição que a criança mantém contato, isso antes 
mesmo do seu nascimento, e logo nos primeiros anos de vida é extremamente 
importante haver a figura parental para auxiliar essa criança nas mais adversas 
situações da vida. Além disso, necessário que haja uma boa relação entre os 
membros da família – sobretudo entre os pais – afim de evitar futuras frustrações em 
ambos os membros. 
No caso de Kevin, no que ocorre na relação entre mãe e filho, é notório que 
nos primeiros anos de vida a mãe de Kevin age explicitamente com obrigação em 
relação aos cuidados para com o filho, desde quando descobre a gestação até depois 
do nascimento da criança. É notável que ela não estava preparada psicologicamente 
para assumir a figura materna, visto que nos primeiros dias de vida de Kevin o recém-
nascido chorava muito, e ela não conseguia acalmá-lo, ficando estressada, 
dificultando a criação do vínculo mãe-filho. Outro ponto importante, que vemos mais 
a diante no filme, e que confirma o que foi dito acima, é uma fala onde Eva (mãe de 
Kevin), diz que preferiria estar viajando pela França pelo fato de o filho estar sujando 
a casa. Isso pode não estar relacionado diretamente ao Kevin, mas sim a um modelo 
de vida em que ela não estava habituada e nem feliz, visto que, anterior ao casamento 
e aos filhos, ela era uma viajante e escritora de aventuras. Outra situação é quando a 
Eva está tentando brincar de jogar bola com o Kevin, mas ele não retribui, deixando-
a estressada ao ponto de ela jogar a bola com mais força em direção a ele. 
As abordagens feitas pela mãe, repreensões agressivas, como na vez em que 
ela o joga ao chão e acaba quebrando seu braço, ou seja, o tratamento agressivo da 
mãe para com o filho acaba ajudando no processo de identificação da criança como 
problema, talvez isso tenha ocorrido desde as primeiras brincadeiras tentadas e não 
correspondidas de forma esperada. O que ocorre é que a criança começa a buscar 
por atividades/ situações onde a atenção esteja voltada para si, já que o que faz não 
agrada as figuras parentais. Por conta disso, vemos várias vezes que o Kevin mal 
mante um diálogo com ambos os pais, passa boa parte do seu tempo sozinho com 
seu arco e flecha. A falta de diálogo ainda continua após Kevin já estar detido em uma 
prisão, sua mãe visita-o todas as semanas, mas mesmo assim, se restringe a poucas 
palavras. Esse momento em que ambos estão naquela situação, possivelmente 
relembrando os momentos antes, durante e após o atentado, seria de esperado em 
uma família bem estruturada uma conversa em relação a isso, para que possam 
debater sobre os problemas que levaram a isso e de alguma forma, tentar reverter o 
que ainda resta. 
A criança sofre um desamparo familiar, mesmo tendo proximidade com uma 
das figuras, mas o que acontece é que a demanda agressiva de Kevin, por exemplo 
não foi abordada. A ajuda profissional necessária para a família, e para Kevin, não foi 
procurada, controles e estratégias podem modificar a forma em como uma pessoa lida 
com seus sentimentos e maneja as situações, tratando-as adequadamente. Mesmo 
depois do atentado, percebe-se que nem Eva e nem Kevin tiveram uma ajuda 
profissional. 
 Na relação dos pais percebemos duas atuações diferentes, onde a mãe tinha 
dificuldade em se relacionar com o filho, e o pai acolhia muito a criança, mas nem 
sempre era o correto a ser feito. O diálogo entre o casal era restrito, baseado em 
reclamações e contradições, nunca se era pensado em hipóteses que pudessem levar 
a soluções. Mesmo Kevin passando mais tempo com sua mãe, eles mal conversavam 
ou faziam algo juntos, ele preferia a companhia do seu pai, porém, percebe-se que 
essa situação é feita pela criança justamente para causar um mal-estar na mãe. 
Anos depois, quando Kevin já era adolescente, a mãe tentava realizar algumas 
atividades com seu filho, porém, mesmo Kevin aceitando, não era feito de boa 
vontade. Percebe-se isso claramente na cena em que eles estão jantando juntos e 
Eva começa a perguntar coisas sobre a escola, Kevin se sente invadido, ou então, vê 
uma movimentação estranha da mãe, visto que ela nunca tentava se aproximar 
verdadeiramente dele, e ele contesta-a com frases onde ele supõe as próximas 
perguntas previsíveis da mãe em relação a sua vida, como: ‘’que banda você está 
ouvindo ultimamente?’’, ‘’como estão suas notas?’’, ‘’tem saído com alguém?’’. Essas 
perguntas são normais entre pais e filhos, porém, quando nunca houve um diálogo 
desse tipo anteriormente, os integrantes da família podem estranhar quando ele 
ocorre. 
 Kevin era uma criança com traços antissociais e principalmente o que é de 
grande destaque é sua personalidade controladora, onde desafia a mãe, e corteja o 
pai, pois ele capta que a relação dos dois é passível de manipulação. Chega ao ponto 
de haver uma conversa entre os genitores de um possível divórcio, não fica explicito 
o motivo pelo qual ambos querem isso, mas imagina-se que seja por conta de uma 
dificuldade na criação dos filhos. Sabe-se que o divórcio é uma questão muito 
complexa, quando os casados possuem filhos, fica ainda mais difícil, pois, deve-se 
avaliar o futuro efeito colateral que gerará nos filhos e também neles próprios. Uma 
família onde houve um divórcio, quebrando o núcleo familiar, está propensa que haja 
problemas em relação ao bem-estar de, sobretudo, os filhos. Nota-se que o atentado 
que Kevin realizou na escola foi após ouvir a conversa dos pais sobre o possível 
divórcio. 
 A intergeracionalidade se mostra muito presente no filme, sobretudo o que foi 
passado dos pais para os filhos e o que eles absorveram. Na cena onde eles estão 
jogando golfe, Eva faz um comentário em relação ao motivo de pessoas gordas serem 
gordas, que não é sobre um metabolismo lento, mas sim porque estão sempre 
comendo. Kevin não gosta desse comentário e diz que ela é muito cruel as vezes, e 
ela, ao invés de acabar com o conflito que estava por iniciar, diz que Kevin também é, 
então, ele diz que toda essa crueldade ele aprendeu com ela. De fato, percebe-se que 
Eva era bastante cruel com o filho, quebrando-o o braço, dizendo que preferiria estar 
viajando ao invés de criando-o, jogando a bola violentamente em sua direção, etc. 
Esses comentários são facilmente absorvidos, sobretudo por ferirem a integridade da 
pessoa. Algumas coisas que são aprendidas com os pais, desde crenças, falas e até 
mesmo comportamentos, podem ser repassados para os filhos dos seus filhos se não 
houver uma quebra dessa intergeracionalidade. Claro, algumas coisas que são 
repassadas são boas e outras ruins, a última deve-se tentar sempre bloquear. 
 Além disso, percebe-se que a hierarquia da família está totalmente 
desconfigurada, o Kevin (filho) tem mais poder e autoridade que ambos os pais. Essa 
hierarquia serve justamente para manter uma espécie de ordem a ser seguida dentro 
do sistema familiar. Os pais devem ter a autoridade de decidir como deverãoser as 
coisas, e não os filhos – essa autoridade deve ser usada apenas quando convém e 
não para benefício próprio dos pais. Se existe essa inversão de papeis, notamos a 
presença de filhos rebeldes que brigam com os pais e irmãos, algo muito presente no 
caso de Kevin. 
 No final do filme vemos que existe uma ambivalência de amor e ódio de Kevin 
para com sua mãe. De fato, o único integrante da família que Kevin decidiu que ficaria 
vivo seria sua mãe, mesmo ele tendo mais proximidade com seu pai. Isso pode se dar 
pelo fato de Kevin gostar da mãe, algo que nunca foi explicito, ao mesmo tempo que 
deixou ela viva para que ela sinta e sofra pelo que ele fez.

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