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T FS - SETE MINUTOS DEPOIS DE MEIA NOITE

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UNIDADE DIVINÓPOLIS
CURSO: Psicologia TURNO: Noite - 2º Semestre/2022
DISCIPLINA: Terapia Familiar Sistêmica
ALUNO: Moacir Adriano da Silva
DATA: 07 de novembro de 2023
Sinopse o Filme “Sete minutos depois de meia noite” 
O filme traz como metodologia o uso de uma fantasia para tratar da tristeza vivida por Conor o protagonista.
Conor (Lewis MacDougall, “Peter Pan“), é uma criança que precisa enfrentar dois grandes problemas na sua vida: bullying na escola e familiares que não conseguem dar o afeto que ele deseja e necessita para se tornar uma criança saudável; Conor teve um pai (Toby Kebbell, “Ben-Hur”) ausente, uma mãe (Felicity Jones, “Rogue One”) em fase terminal de uma grave doença e uma avó (Sigourney Weaver, “Alien, o Oitavo Passageiro“) muito severa e nada carinhosa.
Conor passa a ter sonhos com uma gigantesca e monstruosa árvore, que lhe impõe um trato: o garoto deve ouvir três contos narrados por ela, em troca, deve narrar a sua história para a árvore.
O andamento das conversas tem consequências ruins para a vida de Conor, todavia, são elas que permitem a ele lidar com os desafios.
O filme inicia-se com o anúncio de se tratar da história de um garoto “velho demais para ser criança e muito novo para ser um homem”.
De fato, a tenra idade de Conor é suficiente para comover o espectador.
Se sua mãe morrer, quem poderá cuidar do menino? 
A avó, com quem ele tem um relacionamento ruim? 
O pai, que mora longe e não se mostra disposto a assumir a responsabilidade?
O filme Fúnebre, “A Monster Calls” (nome original, mais poético e menos literal quando comparado ao brasileiro) não é nada acolhedor ou reconfortante, apresenta, falas emblemáticas – Em Uma parte do filme, apresenta a conversa do personagem “homem- árvore- monstro”: - “as pessoas não gostam do que não entendem, os humanos são coisas complicadas”; “as pessoas preferem mentiras calorosas a verdades dolorosas, mesmo sabendo da dolorosa verdade que fez as mentiras necessárias”.
 Apresenta retratos dolorosamente reais (a perseguição escolar, o sofrimento de uma pessoa em tratamento médico etc.).
O filme: uma cidade cinzenta e nublada; um monstro que reside em um local bastante sugestivo; o quarto de Conor repleto dos seus desenhos nas paredes; uma residência tradicional britânica (artefatos de cerâmica, paredes e mobiliário em tons pastéis, relógios antigos).
Neste filme do espanhol Juan Antonio Bayona, baseado no livro escrito por Patrick Ness a partir de uma ideia original da autora Siobhan Dowd, a fantasia surge não apenas como uma possibilidade de fuga do cruel mundo real, mas também como um meio para a compreensão e a aceitação dessa realidade. O elemento fantástico é representado no pesadelo recorrente de Conor envolvendo sua mãe, mas, principalmente, na figura de um gigantesco monstro em forma de árvore – mais precisamente, um teixo – que certa noite o visita prometendo retornar, sempre à 00h07, para lhe contar três histórias, afirmando que, após estes encontros, pedirá que o jovem lhe conte uma quarta história: a sua verdade. Com tal premissa, o filme se junta a outros ótimos exemplares de fantasia infantojuvenil lançados recentemente, como Meu Amigo, O Dragão (2016) e O Bom Gigante Amigo (2016).
Com o filme de Spielberg, o trabalho de Bayona divide a capacidade de proporcionar encantamento, exemplificada na ótima cena do despertar do monstro, envolta em uma atmosfera sombria, traço remanescente da experiência do cineasta com o terror em O Orfanato (2007). Já com o outro, a proximidade reside no apreço pelo ato de fabular, pela convicção no poder das histórias. Como em todas as fábulas, aquelas narradas pelo monstro carregam uma moral, um ensinamento a ser absorvido por Conor, que se diferencia – mesmo que essas histórias tratem de bruxas e príncipes – por fugir do modelo estabelecido dos contos de fadas, em que todos se dividem entre heróis e vilões. Ao contrário, uma das principais lições aprendidas pelo protagonista é a de que os humanos devem conviver com suas características boas e más sem serem rotulados de modo simplista.
Em relação aos outros longas citados, Sete Minutos Depois da Meia-Noite possui um tom mais dramático, afinal, a trama lida com a morte, com o conceito de finitude. Um tema complexo – especialmente para alguém ainda em processo inicial de formação de caráter como o jovem protagonista – embalado por Bayona em um clima de melancolia constante, que por vezes remete ao clássico A História Sem Fim (1984). Tal densidade faz de Conor um papel extremamente difícil, que o escocês Lewis MacDougall encarna com grande desenvoltura, deixando transparecer de modo comovente as dores do personagem – a dificuldade em admitir a verdade, o sentimento de culpa – durante sua jornada de crescimento. O nível de atuação do ator-mirim é mantido pelo elenco adulto que compõe o núcleo familiar: Felicity Jones, na medida exata como a mãe debilitada, Sigourney Weaver como a avó rígida e autoritária, e Toby Kebbell como o pai ausente.
Outro trabalho de destaque é o de Liam Neeson, que dá voz ao monstro, conseguindo com seu timbre imponente ir do amedrontador ao afetuoso. A fascinante criatura é o elemento fundamental da construção do universo lúdico do longa, que se mostra o principal mérito da direção de Bayona. Toda a concepção visual é muito bem resolvida, desde o aproveitamento das particularidades da ambientação inglesa até a apresentação das histórias contadas pelo monstro através de belíssimas sequências em animação, que misturam aquarela e CGI, e que servem não só como uma solução para reduzir o orçamento da produção, como também possuem uma conexão estética e narrativa com a revelação exposta no desfecho.
Bayona faz com que o imaginário e o real caminhem lado a lado sem se distinguirem por completo, utilizando metáforas bem construídas e associações sutis, como a sugestão de que a ligação entre Conor e o monstro possa ser muito mais profunda – e genealógica –, algo que só reforça a crença dos personagens no poder da fantasia. Há, talvez, um acúmulo de carga dramática no ato final, quando o sentimentalismo que o diretor já havia demonstrado em O Impossível (2012) dá as caras. A intensidade do clímax da exposição da quarta história, a verdade de Conor, quase abafa a singeleza de determinados momentos, como aquele com a avó no carro, mas Bayona recupera o rumo, mesclando os sentimentos de tristeza e esperança de modo tocante. O delicado e contido plano final sintetiza essa qualidade, ao trocar a oralidade das fábulas pela força cinematográfica das imagens, como aquelas da versão original de King Kong (1933), reproduzidas pelo velho projetor do avô, que ficam gravadas na memória de Conor.

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