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Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas

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LEGISLAÇÃO SOCIAL
Laís Vila Verde Teixeira
Princípios, relação de 
emprego e direitos 
trabalhistas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir direitos trabalhistas e como se deu a sua construção histórica.
  Identificar os princípios basilares dos direitos trabalhistas brasileiros.
  Reconhecer os dispositivos legais de defesa dos direitos trabalhistas 
e os seus desafios no Brasil contemporâneo.
Introdução
O trabalho é categoria central na vida do ser, sendo que essa atividade 
sofreu diversas transformações no decorrer do desenvolvimento da 
sociedade até atingir o seu ápice com o advento do modo de produção 
capitalista, que trouxe novos modelos de produção e a necessidade de 
se construir uma regulamentação para o trabalho. 
Neste capítulo, você vai ler sobre a definição dos direitos trabalhistas 
e como se deu a sua construção histórica. Além disso, você vai identi-
ficar os princípios basilares dos direitos trabalhistas brasileiros, que têm 
como premissa a máxima proteção ao trabalhador. Os princípios são 
premissas fundamentais, que nascem na consciência de indivíduos ou 
da sociedade e que cumprem a função de compreender, reproduzir ou 
recriar essa realidade. 
Por fim, você vai ler sobre os dispositivos legais de defesa dos direi-
tos trabalhistas e os seus desafios no Brasil contemporâneo. Diante das 
transformações do mundo do trabalho, foram criadas diversas legislações 
que compreendem a defesa e a proteção social do trabalhador, sendo 
necessário retomar algumas conquistas. Contudo, a forma como está 
organizada a sociedade tem gerado alguns desafios para a materialização 
de direitos frente ao contexto de desmonte. 
Direitos trabalhistas e a sua construção histórica
No âmbito do Direito, é consenso entre os juristas que os direitos trabalhistas 
têm a função de equilibrar as posições dos sujeitos nas relações de trabalho. 
Os legisladores devem adequar as leis ao tempo em que vivem, ou seja, 
devem considerar as mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorrem 
no decorrer do processo de desenvolvimento das nações. Nesse sentido, 
vamos discutir sobre a construção histórica dos direitos trabalhistas para 
compreender como o Brasil chegou na elaboração das legislações trabalhistas 
em vigor na atualidade.
Sabemos que o trabalho possui centralidade na vida do ser social e que, 
por meio dele, o homem transforma a natureza e a si mesmo, no ato de pensar 
a sua ação, dando materialidade ao concreto-pensado. Segundo Lessa (1997, 
documento on-line):
Como os atos humanos são teleologicamente postos (lembremos da famosa 
passagem de O Capital que compara o arquiteto à abelha), ao transformar a 
natureza nos produtos necessários à sua reprodução, o homem não apenas 
transforma o seu ambiente, mas também a si próprio. Por essa mediação mais 
basilar, a reprodução sócio-global e a reprodução das individualidades se 
articulam como polos distintos de uma mesma processualidade, sendo essa 
bipolaridade, segundo LUKÁCS, uma das características básicas a distinguir 
o mundo dos homens, da natureza. 
A partir disso, o homem valora os objetos criados, conferindo-lhes valor 
de uso, e permite também a convivência em sociedade. Com a inserção do 
modo capitalista de produção, o trabalho adquire novas configurações e, 
ao se tornar mercadoria, configura-se em valor de troca. Quando o homem 
descobriu o seu potencial para transformar a natureza e a realidade, percebeu 
no trabalho uma maneira de facilitar os meios para a sua sobrevivência, 
mas, com o desenvolvimento e a complexificação das relações sociais, o 
trabalho deixou de ser meio de subsistência apenas para se tornar meio para 
acumulação de capital.
O trabalho, enquanto atividade eminentemente humana, passou por di-
versas transformações até chegar à configuração atual. Podemos citar como 
sistemas de produção:
  escravidão; 
  feudalismo; 
  capitalismo.
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas2
No capitalismo, há a existência do escopo para a constituição dos direitos 
trabalhistas, uma vez que o trabalho é vendido por meio da força de trabalho 
humana em troca de um salário, necessitando ser regulamentado.
Assim, por toda a História, os seres humanos são conduzidos pela obrigação 
de satisfazer as necessidades essenciais de sobrevivência, como se alimentar 
(pescar, caçar) e proteger a sua espécie. Na Antiguidade, o trabalho foi con-
cebido como um castigo, uma dor ou uma atividade penosa. 
Durante muito tempo, o vocábulo trabalho significou fadiga, esforços, 
sofrimento e valores negativos, dos quais os ricos ficavam afastados. É esse tipo 
de trabalho que se tem no período da escravidão e da servidão, por exemplo. 
A escravidão é compreendida como a primeira forma organizada de trabalho; assim, a 
pessoa era considerada propriedade de outra, sendo obrigada a trabalhar forçadamente, 
estando sujeita à punição corporal ou negociação comercial. 
Segundo Santos (2005, documento on-line):
[…] Em Roma, utilizava-se escravos para atividades que variavam desde 
a agricultura e pastoreio até o entretenimento da população por meio dos 
jogos mortais de gladiadores e músicos. Na Grécia, a mão de obra foi uti-
lizada plenamente nas fábricas em inúmeros segmentos, tais como as de 
instrumento musicais, ferramentas agrícolas e de móveis. Eventualmente, 
quando ganhavam a liberdade, os escravos tinham um único direito que era 
o de trabalhar em seus ofícios habituais ou a terceiros mediante salários. 
Constituindo-se, segundo o autor, nos primeiros trabalhadores assalariados 
da História.
Ainda na Idade Média, porém em um momento mais avançado, as cor-
porações de ofício foram suprimidas com a Revolução Francesa, por serem 
incompatíveis com o Estado Liberal. Então, no século XVIII, com uma so-
ciedade industrial e o trabalho assalariado, surgiu o Direito do Trabalho.
No período do feudalismo, tivemos o regime de servidão, em que os senho-
res feudais ofereciam a permanência e o uso da terra em troca de uma parte 
da produção dos servos. O trabalho deixou de ser escravo para ser servil, ou 
seja, alguém presta obediência e serviços e recebe sustento e proteção. 
3Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
A servidão se configura como um sistema jurídico, e os trabalhadores 
que cultivavam a terra estavam ligados hereditariamente a uma terra ou a um 
senhor. Mesmo sendo um trabalho produtivo, este não era livre, visto que o 
servo não poderia trabalhar para qualquer pessoa, apenas para o senhor, que 
estava ligado à terra por laços hereditários.
Posteriormente, emergiu a Revolução Industrial, que trouxe mudanças 
radicais no modo de produção e métodos de trabalho, como a invenção da 
máquina a vapor em 1712 por Thomas Newcomen, aperfeiçoada na metade 
do século XVIII por James Wall. Tal inovação, para a época, acelerou o 
processo de industrialização da economia, em que o vapor servia como força 
motriz para as máquinas da indústria têxtil, o que culminou na Revolução 
Industrial, alterando as relações entre capital e trabalho. Segundo Santos 
(2005, documento on-line):
Os regimes de trabalho da época eram os piores já experimentados desde a es-
cravidão. Os salários irrisórios não possibilitavam aos trabalhadores condições 
dignas de sobrevivência. Muitos que não conseguiam morar nos guetos, sem o 
mínimo de infraestrutura, se abrigavam nas próprias dependências da fábrica 
onde trabalhavam. As condições de trabalho eram demasiadamente perigosas 
e insalubres, sujeitando os operários a incêndio, explosões, intoxicação por 
gases, inundações, desmoronamentos, além de doenças […].
Ademais, as longas jornadas de trabalho iam até o nascer do sol; com a 
descoberta do lampião de gás, foram estendidas por até 18 horas. Contudo, 
nesse contexto, o trabalhador se tornou livre, senhor das suas vontades, que 
estavam em consonância com o ideário liberal. Contudo, os capitalistas, de-
tentores dos meios de produção, adquiriramum poder sobre os trabalhadores 
e contavam com a proteção do Estado. Depois, como resultado das práticas 
abusivas, surgiu uma legislação protetiva aos trabalhadores e também os 
Direitos do Trabalho.
O surgimento do capitalismo dividiu a sociedade em duas classes: a bur-
guesia e o proletariado, em que o proletariado se submetia à vontade da 
burguesia para não passar necessidades, visto que o princípio da autonomia 
das vontades e a livre contratação preconizada pelo Estado liberal serviam 
apenas aos interesses do capital em detrimento dos menos favorecidos.
De acordo com o liberalismo econômico, o Estado deve deixar o mercado 
fazer, sem interferir no seu funcionamento, limitando-se apenas a criar leis que 
protejam os consumidores e os direitos de propriedades, revelando a ideia de livre 
comércio. Esse sistema gerava uma instabilidade social e colocava em xeque o 
Estado liberal, exigindo uma revisão sobre sua posição como mero expectador 
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas4
das relações trabalhistas e garantidor das liberdades individuais, necessitando 
adotar uma postura mais coletiva na construção de um novo complexo social.
Com o advento da produção em larga escala, ocorreu um rápido processo 
de urbanização, em que os trabalhadores se deslocaram do campo para as 
cidades em busca de trabalho. Com o tempo, os trabalhadores despertaram 
uma consciência de classe e começaram a questionar as péssimas condições 
de trabalho a que eram submetidos, os baixos salários, as longas jornadas 
de trabalho, a falta de proteção quanto a acidentes de trabalho, e também a 
impossibilidade de lazer. Os trabalhadores compreenderam que não eram 
beneficiados pelo aumento da produção e do desenvolvimento tecnológico, 
sendo esse o escopo para as primeiras reivindicações trabalhistas.
Segundo Iamamoto (2000, p. 27), as desigualdades sociais advindas da 
instauração do sistema capitalista são chamadas de questão social, que têm 
por definição: 
Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualda-
des da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção 
social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, 
enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada 
por uma parte da sociedade.
Surgiram os primeiros marcos regulatórios do Direito do Trabalho com 
as primeiras leis trabalhistas vinculadas à saúde e à higiene. Na França e na 
Inglaterra, surgiram leis como:
  indenização para acidentes de trabalho;
  limites para o trabalho infantil de acordo com a idade e o tempo de 
jornada; 
  estabelecimento de normas de segurança para o trabalho com a criação 
de inspeção nas oficinas. 
A Igreja Católica publicou a Encíclica Rerum Novarum (Das Coisas Novas), pelo Papa Leão 
XIII em 1891, como meio de mudar a concepção de Estado e tentar uma aproximação 
entre as classes. Entre outros documentos que falavam sobre o trabalho, teve a sua 
importância para a mudança do Estado liberal para o intervencionista. 
5Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
O Estado intervencionista ficou conhecido como Estado de bem-estar 
social, sendo marco do Direito do Trabalho em termos de proteção ao trabalha-
dor no que tange à saúde, à higiene e às garantias básicas. Houve uma rápida 
expansão dos direitos trabalhistas em nível mundial, criando-se a Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), fundada em 1919, dando caráter universal 
ao Direito do Trabalho. 
Em diversos países, a questão do trabalho passou a integrar as Constituições 
de países como México, Alemanha, Rússia, Itália e Brasil, que definiram as 
linhas basilares para a elaboração da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) 
no Brasil, assim, demais legislações de proteção social ao trabalhador foram 
construídas posteriormente de acordo com a realidade brasileira.
Portanto, o Direito do Trabalho ou os direitos trabalhistas foram construídos 
ao longo das transformações que ocorreram no processo de desenvolvimento 
da sociedade, alcançando seu ápice no modo de produção capitalista, que 
trouxe normatizações ao trabalho devido ao alto nível de desigualdade social 
gerada pelo próprio sistema. 
O Direito do Trabalho é também o ramo jurídico que estuda as relações 
de trabalho. Esse direito é composto de conjuntos de normas, princípios e 
outras fontes jurídicas que regem as relações de trabalho, regulamentando a 
condição jurídica dos trabalhadores.
Princípios basilares dos direitos 
trabalhistas no Brasil
O Direito do Trabalho tem como objetivo regular a relação jurídica entre empre-
gados e empregadores, mediada por um contrato de trabalho. A razão de ser do 
Direito do Trabalho, na compreensão jurídica, primeiro, sugere a não existência 
da isonomia, ou seja, nos contratos de trabalho, não há igualdade entre as partes. 
Juridicamente o empregado será sempre a parte mais frágil do contrato.
O Direito do Trabalho apresenta algumas divisões a fim de contemplar 
a diversidade de normas trabalhistas e também para suprir a necessidade de 
agrupá-las de forma mais ordenada em setores específicos. Conforme afirma 
Romar (2018, p. 55):
Tradicionalmente e de acordo com grande parte dos doutrinadores, essa divisão 
se dá em dois grupos: o direito individual do trabalho e o direito coletivo do 
trabalho. No entanto, alguns outros doutrinadores afirmam que essa divisão 
em dois grandes grupos é genérica, sendo necessária uma maior especificidade 
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas6
para que se possa entender todo o conjunto de normas trabalhistas. Nesse 
sentido, tais autores dividem o Direito do Trabalho também em direito tutelar 
do trabalho e direito público do trabalho.
O Direito Individual do Trabalho possui como objeto de estudo as relações 
individuais de trabalho subordinadas, mantidas pelo empregado e empregador 
analisando os direitos e as obrigações que fazem parte do contrato de trabalho. 
O Direito Tutelar do Trabalho é composto por normas jurídicas que impõem 
ao trabalhador e ao empregador deveres jurídicos públicos visando à proteção 
do trabalhador. As normas relativas são: 
  identificação e registro profissional; 
  limitação da jornada de trabalho; 
  períodos de descanso, incluindo descanso semanal remunerado e férias; 
  proteção ao trabalho da mulher; 
  proteção ao trabalho do menor; 
  medicina e segurança do trabalho.
Já o Direito Coletivo do Trabalho se fundamenta nas relações coletivas 
de trabalho, ou seja, os grupos de empregados e os grupos de empregadores, 
bem como nos conflitos delas decorrentes e nos órgãos de representatividade 
dos grupos, respectivamente. É composto pelas seguintes normas: 
  organização de trabalhadores e de empregadores, no âmbito da profissão 
e da empresa; 
  convenções e acordos coletivos de trabalho; 
  conflitos coletivos;
  formas de solucioná-los. 
Já o Direito Público do Trabalho é composto pelo conjunto de normas e 
princípios que regulam a relação de cada sujeito com o Estado. Podemos citar 
como normas aquelas que se referem a:
  fiscalização do trabalho;
  formação;
  qualificação e colocação da mão de obra;
  fundo de amparo ao trabalhador;
  seguro-desemprego.
7Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
É importante compreendermos as bases que fundamentam o Direito do 
Trabalho, ou seja, que norteiam a sua aplicação. Essas bases são chamadas 
de princípios do Direito do Trabalho. 
Os princípios são proposições fundamentais, que nascem na consciência de 
indivíduos ou da sociedade e que cumprem a função de compreender, reproduzir 
ou recriar essa realidade. Os princípios dependem do contexto social, político, 
econômico e jurídico em que se inserem, sobretudo, em ciências sociais, uma 
vez que esse contexto influencia a percepção da realidade.
Como resultado desses princípios, temos alguns direitos trabalhistas básicos 
assegurados, como o Fundo de Garantia ao Trabalhador (FGTS) e o seguro-
-desemprego. Elestambém sustentam a eficácia da Justiça do Trabalho e 
possuem três funções principais: 
  Instrutiva — nortear o legislador para que este proponha leis alinhadas 
com os valores defendidos pelos princípios basilares e também com os 
princípios institucionais. 
  Interpretativa — auxiliar os aplicadores do Direito no momento de 
tomar decisões em relação aos processos da Justiça do Trabalho. 
  Normativa — integrar/preencher alguma lacuna não prevista em 
lei e, nesse caso, podem ser usados para fundamentar a decisão do 
Judiciário. 
Segundo Romar (2018, p. 59), “[…] Os princípios são os preceitos funda-
mentais de uma determinada disciplina e, como tal, servem de fundamento 
para seus institutos e para sua evolução”, ou seja, constituem o núcleo inicial 
do próprio Direito, em torno dos quais vai tomando forma toda a estrutura 
científica da disciplina em questão.
A Constituição Federal de 1988 não apresenta, de forma direta, os prin-
cípios do Direito do Trabalho, como ocorre com a seguridade social, por 
exemplo. Contudo, existem alguns princípios que induzem ao Direito do 
Trabalho, destacando-se, nos princípios fundamentais (art. 1º), os valores 
sociais do trabalho e da livre-iniciativa. O art. 170 afirma: “Art. 170 A ordem 
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa 
[...] (BRASIL, 1988, documento on-line). Já o art. 7º traz: “Art. 7º São direitos 
dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de 
sua condição social” (BRASIL, 1988, documento on-line).
São variadas as classificações sobre os princípios do Direito do Trabalho. 
Segundo Plá Rodriguez (2015), tais princípios são: 
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas8
  princípio protetor;
  princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas; 
  princípio da continuidade do contrato de trabalho; 
  princípio da primazia da realidade; 
  princípio da razoabilidade;
  princípio da boa-fé.
Iniciamos pelo princípio da proteção, que é a referência que orienta o 
Direito Trabalhista, em que se contrapõe a desigualdade jurídica à desigual-
dade econômica que marca a relação de emprego para amparar o trabalhador 
e nivelar as desigualdades. Esse princípio é, por excelência, do Direito do 
Trabalho e se desdobra em três partes: 
  regra da aplicação da norma mais favorável;
  regra da condição mais benéfica;
  critério in dubio pro operario. 
A regra da aplicação mais favorável, resumidamente, trata-se de duas ou mais normas 
que se aplicam ao mesmo contrato de trabalho, porém será utilizada aquela que melhor 
favorece o trabalhador. Já a regra da condição mais benéfica envolve o direito adquirido, 
ou seja, as condições mais benéficas previstas no contrato de trabalho ou no regulamento 
da empresa serão incorporadas definitivamente ao contrato do empregado, não podendo 
ser reduzidas, suprimidas nem modificadas para pior ao longo do vínculo empregatício. 
Por fim, o critério in dubio pro operario, caso uma norma trabalhista 
comporte duas ou mais interpretações, deve interpretá-la da maneira mais 
favorável ao trabalhador. Vale, ainda, destacar que esse é um princípio inerente 
ao Direito Material do Trabalho, não apresentando caráter processual.
O princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas trata da 
impossibilidade de o trabalhador renunciar, de forma voluntária, das van-
tagens a ele conferidas por meio da lei trabalhista. Assim, “O princípio da 
irrenunciabilidade pode ser fundamentado de várias formas: pelo princípio da 
indisponibilidade, pela interatividade das normas trabalhistas, pelo caráter de 
ordem pública das normas trabalhistas e como forma de limitação da autonomia 
da vontade” (COELHO, 2005, documento on-line). 
9Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
O trabalhador é sempre a parte frágil na relação trabalhista, uma vez que de 
nada adiantaria o legislador assegurar vários direitos e deixar que o trabalhador 
tome a decisão de usufruí-los ou não. Esse princípio protege o trabalhador de 
se submeter a condições de trabalho contrárias à lei, como: 
  trabalhar sem carteira assinada; 
  receber salário inferior ao piso estabelecido; 
  trabalhar jornadas acima do estipulado. 
O princípio da continuidade da relação de emprego é a origem do salá-
rio, uma vez que o trabalhador é subordinado jurídica e economicamente ao 
empregador e retira do seu trabalho o seu sustento. Deve-se assegurar maior 
possibilidade de permanência do trabalhador em seu emprego, podendo ser 
traduzido em algumas medidas concretas, como:
  preferência pelos contratos de duração indeterminada;
  proibição de sucessivas prorrogações dos contratos a prazo;
  adoção do critério da despersonalização do empregador, que visa à 
manutenção do contrato nos casos de substituição do empregador. 
Segundo Coelho (2005, documento on-line), o princípio da continuidade 
da relação de emprego tem por objetivo “[…] conservar a fonte de trabalho, 
interagindo o empregado no organismo empresarial. Uma das características 
do contrato de trabalho é a de ser um contrato de trato sucessivo e, portanto, 
a obrigação de fazer se prolonga com o tempo”. 
Configura-se como estabilidade social a continuidade da relação empregatícia, já que 
diminui a insegurança social pela garantia de renda ao trabalho e se torna importante 
para a empresa ao manter o seu quadro de funcionários estável, contando com o seu 
nível de experiência e, assim, reduzindo custos com contratação e treinamento. Outra 
questão é a redução do número de acidentes de trabalho, pois um empregado com 
mais experiência corre menos risco de sofrer um acidente de trabalho. 
Devemos objetivar uma adequação do Direito do Trabalho aos imperativos econômicos 
da era globalizada, sem, no entanto, desvirtuá-lo. Em um contexto em que se verificam 
altos índices de desemprego e crescimento da economia informal, não nos parece 
razoável que o Direito do Trabalho recue, deixando de proteger a relação de emprego.
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas10
O princípio da primazia da realidade diz que, em caso de dissonância 
entre o que ocorre na realidade dos fatos e o que emerge de documentos, 
devemos privilegiar a verdade real. Tem por fundamento o art. 9º da CLT de 
1943, que define que: “Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados 
com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos 
contidos na presente Consolidação” (BRASIL, 1943, documento on-line). 
O princípio da primazia da realidade atribui maior importância aos fatos, 
ou seja, ao que ocorre na prática, nos documentos ou no que é produzido em 
acordos. É importante considerar que a autonomia da vontade no Direito do 
Trabalho é limitada, uma vez que o empregador exerce poder sobre o empre-
gado, e, muitas vezes, a vontade do empregado estaria fadada às imposições 
ou induções da vontade do empregador.
Sobre o princípio da razoabilidade nas relações de trabalho, as partes, os administra-
dores e os juízes devem conduzir-se de maneira razoável na solução de problemas ou 
conflitos delas decorrentes, não de forma arbitrária ou subjetiva, ou seja, toda conduta 
humana deve ser razoável. Assim, tal princípio — assim como a boa-fé (que diz respeito 
a toda e qualquer contratação, não apenas aos contratos de trabalho) — não pode 
ser considerado específico desse ramo do conhecimento humano. 
A solução dos conflitos pode ser feita por qualquer pessoa que faça um 
julgamento equilibrado do problema e com um conjunto idêntico de elementos 
de julgamentos. Conforme Coelho (2005, documento on-line), a lógica razoável 
segue algumas características, como:
[…] estar circunscrita na realidade do mundo em que opera; estar impregnada 
de critérios normativos ou axiológicos; tais valorações estarem relacionadas a 
uma situação humana e real; as valorações constituírem a base para a definição 
dos objetivos; ser regida por razões de adequação entre a realidade social e os 
valores, quepor sua vez se relacionariam com os objetivos referentes à realidade 
social concreta; adequação entre os fins e os meios, de modo que os princípios 
éticos sejam respeitados e que os meios sejam eficazes para a consecução dos 
objetivos; ser orientada pelos ensinamentos extraídos da vida humana.
A primeira característica é a posição de quem ignora determinados fatos e 
pensa, portanto, que sua conduta é perfeitamente legítima e não causa prejuízos 
11Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
a ninguém. A boa-fé-lealdade se refere à conduta da pessoa que considera 
cumprir realmente o seu dever e contém, de forma implícita, a plena consci-
ência de não enganar, não prejudicar, nem causar danos. Mais ainda: implica 
a convicção de que as transações são cumpridas normalmente, sem trapaças, 
sem abusos ou desvirtuamentos. 
O princípio da boa-fé se refere a um comportamento, não a uma simples 
convicção. É aplicado em todo o ordenamento jurídico e não se trata apenas 
de um princípio jurídico, mas também de um princípio moral, ou seja, não 
pode o empregador violar esse princípio com o objetivo de fraudar o direito 
do empregado, portanto, deve cumprir, de forma honesta, as obrigações con-
tratuais para ambas as partes. 
No princípio da boa-fé-lealdade, é importante, na relação trabalhista, a 
conduta dos contratantes e não a sua crença. Como empregados e emprega-
dores abrangem o princípio da boa-fé, muitos conflitos na relação trabalhista 
se originam da violação desse princípio. 
A flexibilização do trabalho no contexto do capitalismo financeiro nos dá 
interessantes exemplos de como esse princípio pode ser violado: 
  trabalhar período superior à jornada e não receber pagamento equivalente;
  carteira de trabalho sem vínculo empregatício; 
  sindicatos que não cumprem as convenções coletivas; 
  empregados contratados para exercer atividade menos remunerada, 
mas, na prática, exercem outra mais bem remunerada, mas não recebem 
pagamento proporcional. 
Todas as fases do contrato são atingidas pelo princípio da boa-fé-leal-
dade, ou seja, na fase pré-contratual, durante o vínculo e após a sua extinção. 
Os princípios contribuem para a manutenção da boa relação trabalhista 
para que seja harmoniosa e que nenhuma das partes tenha algum prejuízo, 
assim, tanto empregado como empregador estão protegidos. Contudo, em 
uma sociedade em que o próprio sistema econômico forja uma concorrência 
desleal e em que impera a lei que os mais fortes vencem os mais frágeis, 
em muitas situações, o empregado/trabalhador se vê sem alternativas 
diante da sua necessidade de trabalhar para manter a sua subsistência 
e a da sua família. 
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas12
As condições de trabalho que o sistema econômico impõe tentam, de todas as formas, 
pressionar os trabalhadores e impedir formas de reivindicação. Contudo, quanto toma 
a consciência de que a lei também protege o trabalho, o trabalhador deve reivindicar 
os seus direitos.
Dispositivos legais de defesa dos direitos 
trabalhistas e os seus desafios no Brasil 
contemporâneo
Durante o processo de desenvolvimento da sociedade, o trabalho adquiriu 
diferentes facetas até alcançar a confi guração atual. Mesmo que o trabalho 
seja inerente ao homem, nos moldes da sociedade capitalista, ele adquire 
conotações bem específi cas. O trabalho, nessa forma de sociabilidade, é es-
tranhado, coisifi cado e alienado, no qual o homem não se reconhece mais no 
produto do seu trabalho por não conhecer todo o processo de produção, além 
de estar desprovido dos meios de produção. 
Frente às transformações do mundo do trabalho, foram criadas diversas 
legislações que compreendem a defesa e a proteção social do trabalhador, 
portanto, é necessário retomarmos as conquistas trazidas a partir da promul-
gação da Constituição Federal de 1988. Esta traz um modelo de seguridade 
social que protege o trabalhador no âmbito da saúde, previdência e assistência 
social, sendo, respectivamente, de caráter universal, contributivo e para quem 
dela necessitar. Outras legislações foram:
  CLT (1943);
  Lei Orgânica da Previdência Social;
  Lei Orgânica da Assistência Social;
  Seguridade Social;
  Portaria nº. 3.214, de 8 de junho de 1978, que trata das Normas Regu-
lamentadoras (NRs).
Para construir uma consciência crítica frente ao cenário do desmonte de 
direitos trabalhistas presente na sociedade contemporânea, é importante des-
13Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
tacarmos o que garante a Carta Constitucional aos trabalhadores. No Brasil, 
exercer o direito ao trabalho tem se tornado cada vez mais difícil, uma vez que 
o mercado tem exigido, cada vez mais, qualificação dos trabalhadores para se 
encaixar no perfil esperado pelas instituições, sejam elas públicas ou privadas.
Isso gera dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, que, diante dos 
baixos salários, procuram, na política de assistência social, outros benefícios 
para a manutenção de necessidades básicas — como Bolsa Família, cesta 
básica, benefício de prestação continuada e demais programas sociais —, 
conforme critérios de elegibilidade. 
A legislação trabalhista deveria garantir a segurança e a proteção ao trabalhador, 
porém as diversas propostas de reformas que dizem respeito ao trabalho demons-
tram que o interesse econômico se sobrepõe ao interesse da classe trabalhadora.
A CLT foi aprovada em 1943, sendo uma compilação de leis elaboradas no período do 
governo Getúlio Vargas, promulgada por meio do Decreto-Lei nº. 5.243, de 1º de maio 
de 1943. Esse documento reúne normas de direito individual e coletivo de trabalho, de 
fiscalização do trabalho e de Direito Processual do Trabalho. Durante os anos 1930, na 
Era Vargas, o presidente utilizou uma política nacionalista e populista para viabilizar a 
concessão de novos direitos aos trabalhadores. Tal estratégia conseguiu fazer frente 
aos poderes locais, conferindo mais poderes à União em detrimento das províncias ou 
dos Estados, impedindo a ascensão de poderes comunistas ou fascistas.
Segundo Bernardes (2019, p. 26):
O Decreto-Lei nº 5.452/1943 aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho — 
CLT, que corresponde a uma reunião sistemática de todas as leis trabalhistas 
esparsas existentes à época. Não se trata de um Código Trabalhista porque 
não implementou direito novo. Até a presente data, a CLT continua sendo a 
principal norma jurídica regente das relações de emprego. Recentemente, a 
CLT sofreu severas alterações trazidas pela Lei da Reforma Trabalhista (Lei 
nº 13.467/2017), que veio acompanhada de aplausos por parte de alguns e de 
críticas fervorosas por outra parte da comunidade jurídica.
O processo histórico de construção da proteção social ao trabalhador no Brasil 
possibilitou a elaboração da Lei Orgânica da Previdência Social (Lei nº. 3.807, 
de 26 de agosto de 1960), que garante a proteção ao trabalhador na qualidade 
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas14
de segurado, ou seja, aquele que é contribuinte ativo. Caso esteja vivenciando 
impedimentos de saúde no desenvolvimento de seu trabalho, o trabalhador 
segurado pode solicitar alguns benefícios, como (BRASIL, 1960):
  auxílio-doença;
  aposentadoria por invalidez; 
  aposentadoria por velhice; 
  aposentadoria por tempo de serviço;
  outras disposições legais conforme a referida lei.
Depois de alguns anos de discussão, o Congresso Nacional aprovou a promul-
gação da Lei Orgânica da Previdência Social, em 1960, que instituiu um sistema 
previdenciário único, alcançando os trabalhadores do setor privado por meio da 
legislação que regia os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), eliminando 
as disparidades em torno do valor e dos tipos de benefícios que existiam. 
Em 1966, foi consolidado o sistema previdenciário com a criação do Instituto Nacional 
de Previdência Social (INPS), unindo todos os IAPs, deixando de existir diferenças entre 
os segurados do setor privado quantoà instituição previdenciária que os assistia. Nesse 
período, o Brasil vivia sob os mandos da Ditadura Militar, iniciada em 1964, havendo a 
supressão dos direitos políticos e civis de todos os cidadãos, permanecendo até 1985, 
com a queda desse governo.
A promulgação da Constituição Federal de 1988 traz em seu texto um 
modelo democrático que visa administrar conflitos sociais do País, valorizando 
o direito coletivo ao incluir regras que garantam o exercício da cidadania e 
dos direitos de bem-estar e segurança, o que foi possível devido à ampliação 
da proteção social ao trabalhador (BRASIL, 1988). Dessa forma, a assistência 
social passou a ser reconhecida como um direito da cidadania. 
Na previdência social, os trabalhadores rurais passaram a ter os mesmos 
direitos que os trabalhadores urbanos, independentemente de terem contri-
buído para o sistema, além de estabelecer o salário-mínimo como piso para 
os benefícios, tanto previdenciário como assistencial. 
O art. 7º da Constituição Federal de 1988 traz os direitos dos trabalhadores 
urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social.
15Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
A Constituição Federal de 1988 apresenta a união das três grandes políticas 
— a previdência, assistência e saúde —, organizando o tripé da seguridade 
social. Segundo o art. 194 da Constituição Federal de 1988, a seguridade social 
abrange um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e 
da sociedade, destinadas a garantir os direitos relativos à saúde, à previdência 
e à assistência social: 
Art. 194 [...]
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a 
seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I — universalidade da cobertura e do atendimento;
II — uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais;
III — seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV — irredutibilidade do valor dos benefícios;
V — equidade na forma de participação no custeio;
VI — diversidade da base de financiamento;
VII — caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregado-
res, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (BRASIL, 1988, 
documento on-line).
A seguridade social revela um amplo sistema de proteção social no País e 
distingue, como objeto de intervenção pública, o que antes era um conjunto 
de necessidades atendidas apenas no âmbito privado. 
A proteção social a idosos, pessoas com deficiência, trabalhadores da 
agricultura familiar e pacientes sem assistência médica, entre outros, passou 
a ser entendida como responsabilidade do Estado e direito do cidadão, visto 
que, antes, a filantropia ou a caridade eram as alternativas para essas iniciativas 
e para outras situações de vulnerabilidade social. 
A seguridade social é compreendida como um conjunto de ações e instrumentos 
que visam alcançar uma sociedade livre, justa e solidária, erradicando a pobreza e a 
marginalização, além de reduzir as desigualdades sociais e também promover o bem-
-estar a todos os cidadãos. A seguridade social tem por objetivo garantir a segurança 
e a proteção do cidadão ao longo de sua vida, provendo a assistência e os recursos 
para os momentos de necessidades sociais.
Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas16
Composta pelas políticas de saúde, previdência e assistência social, que, 
respectivamente, são de cunho universal, contributivo e não contributiva, 
e para quem dela necessitar, a seguridade social simboliza um avanço no 
quesito proteção e acesso a direitos no Brasil, visto que propõe uma política 
de atendimento não apenas para o trabalhador com vínculo empregatício e 
contribuinte ativo, mas também para aqueles que não se enquadram nesses 
critérios por possui caráter universal. 
Contudo, a conjuntura social, econômica e política dificultou a consolidação 
do campo da política social em um contexto no qual os governos se mostram 
hostis a esse novo modelo de política.
Além dos dispositivos legais que citamos — CLT, Lei Orgânica da Previ-
dência Social, Lei Orgânica da Assistência Social, seguridade social e Portaria 
nº. 3.214/1978 —, também é necessário considerar a Justiça do Trabalho como 
um dispositivo legal de defesa dos direitos trabalhistas. Segundo o Tribunal 
Superior do Trabalho ([2019?], documento on-line), “A Justiça do Trabalho 
concilia e julga as ações judiciais entre trabalhadores e empregadores e outras 
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como as demandas 
que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive 
as coletivas”.
Para recorrer à justiça, qualquer uma das partes, empregado e empregador, 
pode buscar a reparação dos prejuízos causados. A reclamação trabalhista 
pode ser realizada de duas formas: por escrito (com auxílio de advogado 
ou sindicato) ou verbalmente (a parte interessada deve se dirigir à Vara do 
Trabalho, no setor de atermação de reclamação, relatar a situação, apresentar 
documentos pessoais e outros que comprovem a alegação). 
O processo pode ser individual — em que o juiz, antes de analisar a 
demanda, propõe uma conciliação entre as partes — ou coletiva — as ações 
são ajuizadas por sindicatos, federações e confederações para defesa dos 
interesses de seus afiliados.
Podemos considerar os sindicatos como um dispositivo legal de defesa dos 
direitos trabalhistas, uma vez que seus interesses versam sobre os interesses 
dos trabalhadores. Portanto, cada segmento possui o seu sindicato como 
órgão representativo, a fim de levar às instâncias superiores as demandas e 
consequentemente lutar em defesa dos direitos dos trabalhadores. 
No contexto de desmonte de direitos vivenciado no cenário neoliberal, 
relacionado ao modo de produção capitalista no seu estágio financeiro, há uma 
radical flexibilização das relações de trabalho e dos direitos trabalhistas. Muitos 
trabalhadores têm dificuldades de exercer os seus direitos devido ao corte nas 
políticas e às reformas na legislação, em especial a reforma trabalhista aprovada 
17Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas
em 2017, que altera a CLT pela Lei nº. 13.467, de 13 de julho de 2017, trazendo 
modificações na jornada de trabalho, nas férias, na contribuição sindical, no 
trabalho intermitente, etc. Nesse cenário, muitos direitos são judicializados 
diante da falta de acesso, de forma que os trabalhadores encontram na justiça 
a sua única alternativa.
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Princípios, relação de emprego e direitos trabalhistas18
Leituras recomendadas
BATICH, M. Previdência do trabalhador: uma trajetória inesperada. São Paulo em Pers-
pectiva, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 33-40, 2004.
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