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XXXV EXAME DA OAB DIREITO CONSTITUCIONAL Professores Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes https://www.instagram.com/cejascurso/ https://www.facebook.com/cursocejas https://www.youtube.com/channel/UCborv6CABv7Qdq1mT9Y4zMQ https://open.spotify.com/show/3yYCkW4Nb80xFsbLx9bLWT?si=3lzQsaAZT7S-iUrgZZLpqw&dl_branch=1 https://api.whatsapp.com/send/?phone=5571996006480&text&app_absent=0 https://t.me/s/cejasoab ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 2 2 Estimados Guerreiros e Guerreiras! É com muita alegria que apresentamos o módulo de Direito Constitucional do preparatório para o XXXV exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Sejam todos muito bem-vindos! Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância desses temas para sua prova, então, valerá a pena o nosso esforço durante essas aulas! Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a leitura e os grifos dos dispositivos específicos de cada assunto que abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase da OAB e Concursos) e vamos juntos! Espero que vocês tenham um excelente proveito! Receba o nosso sincero abraço! APRESENTAÇÃO ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 3 3 1) INTRODUÇÃO (art. 5º da CF/88) Os direitos e deveres individuais e coletivos estão previstos no art. 5º da CF/88. Em sua maioria, são direitos fundamentais de 1ª geração, ou seja, direitos de liberdade, que exigem uma abstenção estatal, muito embora existam também direitos de 2ª e 3ª geração, como o direito à igualdade material (caput) e de proteção ao consumidor (direito coletivo), respectivamente. Considerando o objeto imediato do direito assegurado, os direitos individuais se dividem nas seguintes espécies: o Direito à vida; o Direito à igualdade; o Direito à liberdade; o Direito à propriedade; o Direito à segurança. 2) DIREITOS INDIVIDUAIS E DIREITOS COLETIVOS 2.1. Direitos Individuais: Reconhecem autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e independência entre dos indivíduos diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado. São direitos fundados no conceito amplo de liberdade individual. 2.2. Direitos Coletivos: Aqueles cuja titularidade é de uma categoria de pessoas, ainda que não possam ser determinadas com precisão. Ex.: Direito de greve, direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Podem proteger interesses difusos ou interesses coletivos. 3) DIREITO À VIDA (art. 5º, caput, da CF/88) O direito individual fundamental à vida possui duplo aspecto: o Prisma biológico: direito à integridade física e psíquica; DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 4 4 o Sentido mais amplo: direito a condições materiais e espirituais mínimas necessárias a uma existência condigna à natureza humana. 4) MARCO INICIAL DA VIDA Para compreender e definir quando se dá o início da vida, que é um direito garantido constitucionalmente, algumas teorias ganham destaque. São elas: o Teoria da concepção (Concepcionista): Afastada pelo STF, por ocasião do julgamento da ADI 3510/DF; o Teoria da nidação; o Teoria do tubo neural; o Teoria do impulso elétrico; o Teoria Natalista. Em julgados posteriores, o STF analisou sob a ótica constitucional o aborto de fetos anencéfalos (ADPF 54/DF) e o aborto até o 3º mês de gestação (HC 124306/RJ). Ou seja, nesses julgados, o STF acabou por admitir implicitamente que a vida intrauterina também seria matéria de proteção constitucional. o O tema ainda é controverso e não encontra ainda uma solução pacífica e definida. 5) MOMENTO CONSUMATIVO DA MORTE Apesar de não haver previsão constitucional, a Lei 9.434/97 delimitou que se considera consumada a morte no momento da paralisação irreversível da atividade encefálica (morte encefálica). 6) ABORTO 6.1. Aborto de Feto Anencéfalo: No julgamento da ADPF 54/DF, o STF decidiu que o aborto de feto anencéfalo não pode ser interpretado como infração penal, sob pena de se contrariar a laicidade do Estado, à dignidade da ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 5 5 pessoa humana, o direito à vida e a proteção da autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde. 6.2. Aborto até o 3º mês de gestação: Em 2016, o STF fixou o entendimento de que a interrupção da gestação no primeiro trimestre provocado pela própria gestante (art. 124) ou com seu consentimento (art. 126) não seria crime (HC 124306/RJ). Observações: → Interrupção da gestação em casos de microcefalia: Trata-se de conduta criminosa, tendo em vista que a microcefalia, apesar de ser uma má formação genética, não inviabiliza clinicamente a gestação como ocorre nos casos de anencefalia. o A interrupção de fetos clinicamente viáveis em razão de má formação genética é chamada de aborto eugênico e se trata de conduta proibida no ordenamento jurídico brasileiro (crime de aborto), salvo hipóteses específicas (anencefalia, por exemplo). → Eutanásia: Conduta de matar alguém por relevante valor moral, ou seja, por pena, piedade, misericórdia, para evitar o seu sofrimento (alguns doutrinadores chamam de homicídio por piedade) > é considerado crime de homicídio privilegiado. → Ortotanásia: Significa prolongar artificialmente a vida de pessoa em estado terminal e irreversível. Para a doutrina majoritária não constitui crime. o Resolução 1.805/2006 do Conselho Federal de Medicina, art. 1º: permite “ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 6 6 vontade da pessoa ou de seu representante legal”. → A comercialização de órgãos, tecidos ou substâncias humanas está proibida pelo art. 199, §4º da CF, cuja redação diz que a “lei disporá sobre as condições e requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização”. 7) DIREITO À IGUALDADE Classicamente, o direito à igualdade é analisado sob dois diferentes prismas: igualdade material e igualdade formal. Parte da doutrina faz referência, ainda, a uma terceira perspectiva do princípio da igualdade, que é a perspectiva material-dinâmica, também chamada de perspectiva militante da igualdade. 7.1. Tripla limitação imposta pelo princípio da igualdade: o Legislador; o Aplicador da lei; e o Particular. 7.2. Ações afirmativas (affirmative actions): são uma forma jurídica de se superar o isolamento ou a diminuição social a que se acham sujeitas as minorias. o São políticas públicas estatais de tratamento diferenciado a certos grupos que historicamente foram vulnerados, marginalizados,buscando redimensionar e redistribuir oportunidades a fim de corrigir essas distorções. 7.3. Transitoriedade das ações afirmativas: Trata-se de uma regra fundamental das ações afirmativas eficientes, em que tais ações geram tratamento diferenciado entre grupos sociais distintos com vistas a reduzir a desigualdade histórica entre eles, ao se atingir a igualdade ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 7 7 pretendida, devendo-se interromper a ação afirmativa sob pena de tal ação se transformar em um privilégio desproporcional àquele grupo inicialmente vulnerável e marginalizado. 7.4. Igualdade entre homem e mulher (art. 5º, I, da CF/88): Deve ser interpretado como uma garantia de igualdade material entre homens e mulheres, não se trata de mera igualdade formal. Ou seja, a Constituição não proíbe indistintamente tratamento diferenciado entre homens e mulheres, muito pelo contrário, exige – em determinadas situações – essa distinção de tratamento para que se garanta isonomia entre os desiguais (homens e mulheres). 7.5. União estável e casamento homoafetivo: O STF, nos julgamentos da ADI 4277 e da ADPF 132, reconheceu como constitucional a união estável entre pessoas do mesmo sexo. o O tribunal igualou a união estável homoafetiva à heteroafetiva, conferindo interpretação conforme à Constituição ao art. 1.723 do Código Civil para excluir desse dispositivo qualquer interpretação que resultasse em impedimento do reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como família. 7.6. Tatuagens e ingresso em cargos públicos: O STF considera inconstitucional a proibição de tatuagens a candidatos a cargo público, seja ela estabelecida em lei ou somente no edital do certame (RE 898.450). 8) DIREITO À LIBERDADE O direito à liberdade como direito fundamental estabelecido no art. 5º da CF/88 deve ser entendido em sua acepção mais ampla, não envolvendo, portanto, somente o direito à liberdade física (liberdade de locomoção), mas também a liberdade de acesso à informação, ação, pensamento e sua manifestação, consciência, crença, culto, profissão, reunião, associação e etc. a) Liberdade de locomoção (art. 5º, XV, CF/88): É livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 8 8 qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. b) Liberdade de acesso e difusão da informação (art. 5º, XIV, CF/88): O direito à informação é assegurado como direito fundamental do indivíduo, sendo resguardado o sigilo da fonte. o A manifestação de pensamento é também um direito fundamental, sendo vedado o anonimato. → O direito à liberdade de manifestação do pensamento não é absoluto e encontra limitação em outros direitos fundamentais previstos na CF/88, tais como o direito à inviolabilidade da privacidade e da intimidade e a vedação ao racismo. c) Liberdade de ação (autonomia privada) (art. 5º, inciso II, da CF/88): Ninguém será “obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. → Princípio genérico da legalidade, que garante ao cidadão o direito de não ser forçado a agir ou deixar de agir por qualquer via diversa da legal. 9) DIREITO DE RESPOSTA Regulamentado pela Lei 13.188/2015 e previsto no inciso V, do art. 5º, da CF/88. Esse direito surge na hipótese em que tenha ocorrido um abuso do direito de manifestação do qual tenha resultado dano a terceira pessoa. 10) OBRAS BIOGRÁFICAS OU AUDIOVISUAIS E A DESNECESSIDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO O STF afastou a exigência de autorização prévia da pessoa biografada ou de seus familiares, em casos de pessoas falecidas, para produção de obras biográficas ou audiovisuais (ADI 4815/DF, DJe 01/02/2016). → Art. 5º, inciso IX, da CF/88. No HC 83.996/RJ (caso Gerald Thomas), a 2ª Turma do STF afastou a configuração do crime de ato obsceno e incluiu, na esfera de proteção efetiva da liberdade de expressão, atos de artista que, em ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 9 9 reação a vaias ao término de peça teatral, exibira as nádegas aos espectadores. Com base no direito à liberdade de manifestação, dentre vários outros fundamentos, o STF firmou o entendimento de que a Lei de Imprensa (Lei 5.250/67), editada ao tempo do regime militar, era absolutamente incompatível com o padrão de democracia e liberdade do regime jurídico estabelecido pela constituição cidadã de 1988 (STF: ADPF 130, DJe 06/11/2009). 10.1. A ordem e a segurança pública podem justificar restrição à liberdade de manifestação do pensamento? Sim! Na ADIn MC 5.136/DF, o Plenário do STF reputou proporcionais – e, portanto, constitucionais – as restrições legais à liberdade de manifestação em estádios de futebol durante a Copa do Mundo de 2014. o De acordo com o STF, o fundamento da restrição era prevenir confrontos e garantir a segurança dos próprios participantes daquele evento de grande porte internacional. 11) LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E CULTO O Brasil é um estado laico (secular ou não-confessional), ou seja, não possui nenhuma religião oficial, conforme estabelece o art. 19, I, da CF/88. O direito à liberdade de consciência, crença e culto é alçado à condição de direito fundamental do indivíduo no art. 5º, VI, da CF/88. O art. 5º, inciso VII, da CF/88, estabelece a garantia de assistência religiosa a todos aqueles que se encontrem internados em entidades civis ou militares. A escusa de consciência, também conhecida como objeção de consciência ou alegação de imperativo de consciência, é a garantia que o cidadão tem de não sofrer restrições em seus direitos em razão de ter se recusado a cumprir uma obrigação a todos imposta quando esta ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 10 10 for colidente com seus princípios filosóficos, religiosos ou políticos. → art. 5º, inciso VIII, da CF/88. Da leitura do dispositivo acima podemos concluir que ninguém pode sofrer restrição em seus direitos por ter se valido da escusa de consciência. 12) RECUSA DA PRESTAÇÃO OBRIGATÓRIA E DA ALTERNATIVA: PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS? Existe uma forte divergência em relação à espécie de restrição dos direitos políticos nos casos de escusa de consciência. Para uma primeira corrente, tratar-se-ia de caso de SUSPENSÃO dos direitos políticos, tendo em vista o disposto no art. 4º, § 2º, da Lei 8.239/09 (regula a obrigação alternativa ao serviço militar obrigatório). Para uma segunda corrente, entretanto, como os direitos políticos ficarão restritos indefinidamente até que o cidadão cumpra a obrigação social alternativa prevista em Lei e tendo em vista que o título de eleitor do cidadão é cancelado, obrigando a um novo alistamento eleitoral após o cumprimento da obrigação para reaquisição dos direitos políticos, a escusa de consciência representaria hipótese de PERDA dos direitos políticos (nesse sentido: José Afonso da Silva, Pedro Lenza e Alexandre de Moraes, André Ramos Tavares, Ives Gandra). Corrente legalista: defende a suspensão dos direitos políticos; Corrente mais moderna: defende ser caso de perda dosdireitos políticos. 13) SÍMBOLOS RELIGIOSOS EM LOCAIS PÚBLICOS E LAICIDADE DO ESTADO BRASILEIRO Sobre a afixação de crucifixos nas dependências dos órgãos do poder judiciário, o CNJ decidiu que tais objetos representariam símbolos da cultura brasileira, em nada prejudicando a universalidade e imparcialidade do poder judiciário, determinando, por ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 11 11 fim, que caberia a cada órgão do poder judiciário decidir sobre a utilização dos referidos símbolos em seus respectivos espaços. 13.1. E quanto à expressão “deus seja louvado” nas cédulas de real? O tema ainda não foi discutido nos tribunais superiores. A doutrina pondera que, muito embora o Brasil seja um país laico, isso não significa ser um Estado ateu. O que se exige do Estado Brasileiro e decorre da noção de laicidade é a neutralidade, o respeito ao pluralismo, e não a atitude de intolerância e de hostilidade. 13.2. Curandeirismo e a objeção de consciência O agente que pratique a conduta definida como curandeirismo deve ser punido nos termos propostos pelo código penal, não sendo possível a alegação de exercício da liberdade religiosa. Esse foi o entendimento firmado pelo STF (RHC 62.240). O curandeirismo configura conduta criminosa prevista no art. 284 do Código Penal. 13.3. Transfusão de sangue e testemunhas de jeová A resposta à indagação acima dependerá do contexto em que estiver inserida a discussão: a) Se a vítima for absolutamente capaz e estiver consciente e manifestar a sua vontade de não receber a transfusão de sangue em razão de sua convicção religiosa: o Prevalecerá a autonomia da vontade do paciente, o qual deverá ter o seu direito de liberdade de crença respeitado, devendo o Estado abster-se de realizar o procedimento médico. b) Se a vítima estiver inconsciente ou for incapaz, por qualquer razão, de manifestar sua intenção: o Prevalecerá o direito à vida, devendo o Estado realizar o procedimento salvador ainda que os pais ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 12 12 ou outros familiares ou responsáveis pelo paciente recusem o procedimento. → Esse foi o entendimento do STJ, no julgamento do HC 268.459/SP, DJe 28/10/2014. 14) LIBERDADE DE REUNIÃO O direito de liberdade de reunião é estampado no art. 5º, inciso XVI, da Constituição Federal. 14.1. Liberdade de associação: XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; QUESTÕES PARA TREINO 1) Durval, cidadão brasileiro e engenheiro civil, desempenha trabalho voluntário na ONG Transparência, cujo principal objetivo é apurar a conformidade das contas públicas e expor eventuais irregularidades, apresentando reclamações e denúncias aos órgãos e entidades competentes. Ocorre que, durante o ano de 2018, a Secretaria de Obras do Estado Alfa deixou de divulgar em sua página da Internet informações referentes aos repasses de recursos financeiros, bem como foram omitidos os registros das despesas realizadas. Por essa razão, Durval compareceu ao referido órgão e ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 13 13 protocolizou pedido de acesso a tais informações, devidamente especificadas. Em resposta à solicitação, foi comunicado que os dados requeridos são de natureza sigilosa, somente podendo ser disponibilizados mediante requisição do Ministério Público ou do Tribunal de Contas. A partir do enunciado proposto, com base na legislação vigente, assinale a afirmativa correta. A) A decisão está em desacordo com a ordem jurídica, pois os órgãos e entidades públicas têm o dever legal de promover, mesmo sem requerimento, a divulgação, em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral que produzam ou custodiem. B) Assiste razão ao órgão público no que concerne tão somente ao sigilo das informações relativas aos repasses de recursos financeiros, sendo imprescindível a requisição do Ministério Público ou do Tribunal de Contas para acessar tais dados. C) Assiste razão ao órgão público no que concerne tão somente ao sigilo das informações relativas aos registros das despesas realizadas, sendo imprescindível a requisição do Ministério Público ou do Tribunal de Contas para acessar tais dados. D) Assiste razão ao órgão público no que concerne ao sigilo das informações postuladas, pois tais dados apenas poderiam ser pessoalmente postulados por Durval caso estivesse devidamente assistido por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. 2) Os produtores rurais do Município X organizaram uma associação civil sem fins lucrativos para dinamizar a exploração de atividade econômica pelos associados, bem como para fins de representá-los nas demandas de caráter administrativo e judicial. Anderson, proprietário de uma fazenda na região, passa a receber, mensalmente, carnê contendo a cobrança de uma taxa associativa, embora nunca tivesse manifestado qualquer interesse em ingressar na referida entidade associativa. Em consulta junto aos órgãos municipais, Anderson descobre que a associação de produtores rurais, ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 14 14 embora tenha sido criada na forma da lei, jamais obteve autorização estatal para funcionar. Diante disso, procura um escritório de advocacia especializado, para pleitear, judicialmente, a interrupção da cobrança e a suspensão das atividades associativas. Sobre a questão em comento, assinale a afirmativa correta. A) Anderson pode pleitear judicialmente a interrupção da cobrança, a qual revela-se indevida, pois ninguém pode ser compelido a associar- se ou a permanecer associado, ressaltando-se que a falta de autorização estatal não configura motivo idôneo para a suspensão das atividades da associação. B) As associações representativas de classes gozam de proteção absoluta na ordem constitucional, de modo que podem ser instituídas independentemente de autorização estatal e apenas terão suas atividades suspensas quando houver decisão judicial com trânsito em julgado. C) A Constituição de 1988 assegura a plena liberdade de associação para fins lícitos, vedando apenas aquelas de caráter paramilitar, de modo que Anderson não pode insurgir-se contra a cobrança, vez que desempenha atividade de produção e deve associar-se compulsoriamente. D) A liberdade associativa, tendo em vista sua natureza de direito fundamental, não pode ser objeto de qualquer intervenção do Poder Judiciário, de modo que Anderson apenas poderia pleitear administrativamente a interrupção da cobrança dos valores queentende indevidos. 3) A Constituição declara que todos podem reunir-se em local aberto ao público. Algumas condições para que as reuniões se realizem são apresentadas nas alternativas a seguir, à exceção de uma. Assinale-a. A) Os participantes não portem armas. B) A reunião seja autorizada pela autoridade competente. C) A reunião não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 15 15 D) Os participantes reúnam-se pacificamente. GABARITO: 1) A 2) A 3) B ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 16 16 São eles: → Habeas corpus → Habeas data → Mandado de segurança (individual e coletivo) → Mandado de injunção (individual e coletivo) → Ação popular → Ação civil pública 1) HABEAS CORPUS (art. 5º, inciso LXVIII, CF/88): Visa tutelar a liberdade de locomoção. É o mecanismo utilizado para garantir o direito de locomoção do indivíduo. Não precisa de capacidade postulatória. o Não precisa de advogado. É uma ação gratuita. “Pode ser impetrado por qualquer pessoa, em defesa de sua própria liberdade ou de terceiros, e concedido de ofício pelo juiz...”. o Segundo o STF, a legitimidade do Habeas Corpus é universal. Quanto à sua espécie, o habeas corpus poderá ser: a) Repressivo (liberatório) – para combater efetiva coação ou violência. b) Preventivo (salvo-conduto) – ameaça de prisão. A pessoa jurídica pode impetrar o Habeas Data, o que ela não pode é se beneficiar deste. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Os remédios constitucionais são instrumentos à disposição dos cidadãos para provocar a intervenção de autoridades a fim de impedir ilegalidades ou abuso de poder que prejudiquem direitos e interesses individuais. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 17 17 Cuidado: a) Juiz: pode impetrar HC, mas não pode se qualificar na ação a fim de se evitar o corporativismo. b) Analfabeto: tem Habeas Corpus específico para ele → habeas corpus a rogo. 2) HABEAS DATA (Lei 9.507/97) Instrumento utilizado para garantir que o indivíduo tenha o conhecimento sobre informações relativas a si mesmo, constantes no registro ou nos bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, também tem a finalidade de retificar dados, quando não eleja realizar em processo sigiloso, judicial ou administrativo, e também para anotação em assentamentos. o Conhecimento de informações → Prazo de 10 dias. o Retificação de dados → Prazo de 15 dias. o Anotações em assentamentos → Prazo de 15 dias. Súmula 2, STJ: diz que não cabe a impetração do habeas data se não houver recusa da informação por parte da Administração Pública. o Negativa de certidões não se combate com habeas data, mas com mandado de segurança. Essa ação tem um caráter personalíssimo, ou seja, apenas o titular das informações poderá impetrar essa ação. Não cabe habeas data de terceiro. o O STF ampliou, em uma hipótese excepcional, a legitimidade para impetrar a ação, que ocorre no caso dos herdeiros legítimos, quando o indivíduo titular for falecido. Nesse instrumento, exige-se que tenha a capacidade postulatória de um advogado para se propor. O habeas data possui os benefícios da Justiça Gratuita, assim sendo, é isento de custas > gratuito. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 18 18 3) MANDADO DE SEGURANÇA (art. 5º, LXX, CF/88): Necessita de prova pré-constituída e documental. É uma ação residual, cabível somente se não couber habeas corpus ou habeas data. Uma ação judicial utilizada para a proteção de um direito certo e líquido, que não seja compreendido pelo habeas corpus ou habeas data, no caso em que o responsável por esse abuso ou ilegalidade for autoridade pública ou agente da pessoa jurídica no exercício de pertinências do Poder Público. o É admissível exclusivamente quando o direito infringido não for protegido por outros remédios constitucionais. Não limita apenas a essas ações > o mandado de segurança será cabível para proteger direito líquido e certo não amparado pelos outros remédios constitucionais. o Direito líquido e certo é um direito de comprovação imediata. A pessoa que ingressar com a ação deve estar acompanhada de um advogado. É uma ação paga (com custos). Existe um prazo decadencial de 120 dias para a propositura da ação, contados a partir do dia em que obteve conhecimento do fato que poderia ocasionar a lesão (preventivo) ou no qual tenha ocorrido a lesão, efetivamente (repressivo). o Decadência: perdeu o prazo, perdeu o direito. o Prescrição: perde o prazo, não perde o direito. De acordo com a Súmula 266/STF, não cabe mandado de segurança contra lei em tese. Pode haver o chamado mandado de segurança coletivo, dos quais podem se valer a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados e o partido político com representação no Congresso Nacional. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 19 19 o Para propor o mandado de segurança coletivo a entidade não necessita que todos os seus associados concordem expressamente. Caberá mandado de segurança contra projeto de lei. 4) MANDADO DE INJUNÇÃO (art. 5º, LXXI, CF e lei 13.300/16): Cabível quando houver falta de norma regulamentadora de um direito previsto na Constituição, e que a ausência desta, torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais. o Combate a síndrome da inefetividade das normas Constitucionais. o “Conceder-se a mandado de injunção sempre que a falta da norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. o Essa omissão é analisada no caso concreto em que o legislador deixa de produzir a lei, e está inserida no controle concentrado de constitucionalidade por omissão. É uma ação paga. Qualquer pessoa, física ou jurídica, cujo direito esteja sendo inviabilizado em decorrência da omissão pode impetrar o mandado de injunção, desde que acompanhada por um advogado. O mandado de injunção, em regra, o efeito é inter partes, enquanto que a ADO tem efeito erga omnes. O mandado de injunção coletivo é cabível, e os legitimados para impetra-lo são: o Partido político com representação no Congresso Nacional. o Organização sindical; o Entidade de classe; o Associação, com mais de 01 ano; o Ministério Público; o Defensoria Pública. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 20 20 5) AÇÃO POPULAR (art. 5º, LXXIII, CF e Lei nº 4.717/65): Visa proteger o patrimôniopúblico, a moralidade administrativa art. 37, §4º, da CF), meio ambiente e patrimônio histórico e cultural. o Em alguns aspectos, a ação popular é considerada como uma garantia constitucional política, visto que permite que o cidadão fiscalize o Estado, de modo genérico dito. o A ação popular visa, portanto, cessar com os atos lesivos ao próprio coletivo. Assim sendo, como requisitos para ser impetrada é necessário que haja a lesão e a ilegalidade. Há de ressaltar, todavia, que, em virtude de somente poder ser proposta em face de interesses de uma coletividade e não de um indivíduo singular, a ação popular é inserida no rol de garantias coletivas Qualquer cidadão pode impetrar, cuja comprovação se dá através do título de eleitor. o Possui legitimidade para propor a ação popular o brasileiro nato ou naturalizado, não podendo ser pessoas jurídicas ou estrangeiros. É gratuito, salvo se comprovada a má-fé. Para propor, o cidadão necessita de advogado legalmente habilitado. O Ministério Público não pode propor, mas caso o cidadão desista da ação popular, o MP pode prosseguir com a esta. Prazo prescricional de 05 anos. 6) AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Lei n. 7.347/1985) Trata-se da via processual cabível para o resguardo de interesses coletivos e difusos. A legitimidade para a propositura, conforme o art. 5º da Lei n. 7.347/1985, é do Ministério Público, bem como outras entidades com legitimação para a proteção de interesses coletivos, difusos e individuais homogêneos. O objetivo é a prevenção ou repressão de danos ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio público, aos bens e direitos de valor ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 21 21 artístico, estético, histórico e turístico, por infração da ordem econômica e da economia popular, à ordem urbanística, ao patrimônio público e social, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos e religiosos. Pode ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. QUESTÕES PARA TREINO 1) Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase O Município X, visando à interligação de duas importantes zonas da cidade, após o regular procedimento licitatório, efetua a contratação de uma concessionária que ficaria responsável pela construção e administração da via. Ocorre que, em análise do projeto básico do empreendimento, constatou- se que a rodovia passaria em área de preservação ambiental e ensejaria graves danos ao ecossistema local. Com isso, antes mesmo de se iniciarem as obras, Arnaldo, cidadão brasileiro e vereador no exercício do mandato no Município X, constitui advogado e ingressa com Ação Popular postulando a anulação da concessão. Com base na legislação vigente, assinale a afirmativa correta. A) A Ação Popular proposta por Arnaldo não se revela adequada ao fim de impedir a obra potencialmente lesiva ao meio ambiente. B) A atuação de Arnaldo, na qualidade de cidadão, é subsidiária, sendo necessária a demonstração de inércia por parte do Ministério Público. C) A ação popular, ao lado dos demais instrumentos de tutela coletiva, é adequada à anulação de atos lesivos ao meio ambiente, mas Arnaldo não precisaria constituir advogado para ajuizá-la. D) Caso Arnaldo desista da Ação Popular, o Ministério Público ou qualquer cidadão que esteja no gozo de seus direitos políticos poderá prosseguir com a demanda. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 22 22 2) Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA) José, brasileiro de dezesseis anos de idade, possuidor de título de eleitor e no pleno gozo dos seus direitos políticos, identifica, com provas irrefutáveis, ato lesivo do Presidente da República que atenta contra a moralidade administrativa. Com base no fragmento acima, assinale a opção que se coaduna com o instituto jurídico da Ação Popular. A) José, desde que tenha assistência, é parte legítima para propor Ação Popular em face do Presidente da República perante o Supremo Tribunal Federal. B) José, ainda que sem assistência, é parte legítima para propor Ação Popular em face do Presidente da República perante o juiz natural de primeira instância. C) José, ainda que sem assistência, é parte legítima para propor Ação Popular em face do Presidente da República perante o Supremo Tribunal Federal. D) José não é parte legítima para propor Ação Popular em face do Presidente da República, porque ainda não é considerado cidadão. 3) Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVI - Primeira Fase J.G., empresário do ramo imobiliário, surpreendeu tomar conhecimento de que seu nome constava de um banco de dados de caráter público como inadimplente de uma dívida no valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Embora reconheça a existência da dívida, entende que o não pagamento encontra justificativa no fato de o valor a que foi condenado em primeira instância ainda estar sob discussão em grau recursal. Com o objetivo de fazer com que essa informação complementar passe a constar juntamente com a informação principal a respeito da existência do débito, consulta um advogado, que sugere a impetração de um habeas data. Sobre a resposta à consulta, assinale a afirmativa correta ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 23 23 A) O habeas data não é o meio adequado, já que a ordem jurídica não prevê a possibilidade de sua utilização para complementar dados, mas apenas para garantir o direito de acessá-los ou retificá-los. B) Deveria ser impetrado, em vez de habeas data, mandado de segurança, ação constitucional adequada para os casos em que se faça necessária a proteção de direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data. C) Deve ser impetrado habeas data, pois, embora o texto constitucional não contemple a hipótese específica do caso concreto, a lei ordinária o faz, de modo a ampliar o âmbito de incidência do habeas data como ação constitucional. D) O habeas data não deve ser impetrado, pois a lei ordinária não pode ampliar uma garantia fundamental prevista no texto constitucional, já que tal configuraria violação ao regime de imutabilidade que acompanha os direitos e as garantias fundamentais. 4) Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIV - Primeira Fase Isabella promove ação popular em face do Município X, por entender que determinados gastos realizados estariam causando graves prejuízos ao patrimônio público. O pedido veio a ser julgado improcedente, por total carência de provas. Inconformada, Isabella apresenta a mesma ação com fundamento em novos elementos, e, mais uma vez, o pedido vem a ser julgado improcedente por carência de provas. Nos termos da Constituição Federal e da legislação de regência, assinale a opção correta. A) Sendo o pedido julgado improcedente, haverá condenação em honorários advocatícios. B) A improcedência por ausência de provas caracteriza a má- fé do autor popular. C) A reiteração na propositura da mesma ação acarreta o pagamento de custas pelo autor popular. D) As custas serão devidas se declarada, expressamente, a má-fé do autor popular. ________________________________________________https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 24 24 GABARITO 1) D 2) B 3) C 4) D ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 25 25 → Base legal: Artigos 12 e 13 da CF/88. 1) CONCEITO: A nacionalidade é o vínculo jurídico-político entre uma pessoa física e uma nação. Segundo Pontes de Miranda, a nacionalidade é o vínculo jurídico- político de direito público interno que faz da pessoa um dos elementos componentes da dimensão pessoal do Estado. Assim, dizemos que nacional é o brasileiro nato ou naturalizado. 2) ESPÉCIES DE NACIONALIDADE: 2.1. Nacionalidade primária ou originária: É a aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado. 2.2. Nacionalidade secundária ou adquirida: é a aquisição voluntária de nacionalidade, resultante da manifestação de um ato de vontade. 3) CONFLITOS DE NACIONALIDADE CONFLITO POSITIVO 3.1. Conflito positivo: Ocorre nos casos em que a nacionalidade é atribuída à mesma pessoa, por mais de um Estado sobrenado > hipótese de multiplicidade simultânea de nacionalidades. o O fenômeno do acúmulo simultâneo de nacionalidades acaba por beneficiar o indivíduo (polipátrida), que contará com a disciplina protetiva de múltiplos Estados. 3.2. Conflito negativo: Ocorre nos casos em que não há reconhecimento ao indivíduo dos atributos inerentes à nacionalidade por parte de qualquer Estado. Nesses casos, a pessoa é denominada apátrida ou heimatlos. NACIONALIDADE ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 26 26 4) BRASILEIROS NATOS: O critério do solo (jus solis) tem primazia frente ao critério do sangue (jus sanguinis). O Brasil adota dois critérios de identificação da nacionalidade nata, que são: a) Solo (jus solis). b) Sangue (jus sanguinis) + a serviço do Brasil. Cuidado com a expressão “a serviço do Brasil” > significa que o agente está a serviço da Administração Pública (direta ou indireta). Repartição competente diz respeito ao consulado. Residir: a Constituição não pede moradia, mas residência. Mesmo que um dos pais seja naturalizado e esteja a serviço do Brasil, o filho nasce nato se registrado em repartição competente. Se não houver o registro da criança na repartição competente, após os 18 anos, se residir no Brasil, poderá optar por ser nato. o Se a criança vem para o Brasil sem registrar, ele só poderá ser registrado no país após a maioridade. 5) NATURALIZAÇÃO: 5.1. Tácita: O Brasil não adota a naturalização tácita. 5.2. Expressa: a) Ordinária: O estrangeiro vem de um país que adota a língua portuguesa. Nesse caso, deve residir no Brasil por 1 ano ininterrupto. b) Extraordinária: O estrangeiro vem de um país que não adota a língua portuguesa. Nesse caso, deve residir no Brasil por 15 anos ininterruptos. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 27 27 6) PORTUGUESES EQUIPARADOS (QUASE NACIONALIDADE): Trata-se de situação chamada pela doutrina de “QUASE NACIONALIDADE”, ou seja, são estrangeiros (nacionalidade portuguesa) que terão um tratamento equiparado ao dos brasileiros naturalizados, desde que cumpridos determinados requisitos. o É o único estrangeiro que goza de cidadania (tem título de eleitor). Cuidado: Só goza de capacidade ativa > não goza de capacidade passiva. 7) CARGOS PROVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS (art. 12, §3º, CF/88): → Art. 92, CF/88: CNJ faz parte do Poder Judiciário (é um órgão do Judiciário, que...). 8) EXTRADIÇÃO (art. 5, LI, CF/88): Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado - Ministro do STF - Presidente da República e Vice - Presidente da Câmara dos Deputados - Presidente do Senado Federal . - Carreiras Diplomáticas - Oficiais das forças armadas - Ministro de defesa MP3.COM ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 28 28 envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. Nenhum brasileiro pode ser extraditado, mas o naturalizado pode ser extraditado (comprovação de envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins). 8.1. Extradição Ativa: Ocorre quando o Brasil pede que o outro país entregue um brasileiro nato para o país (pede a extradição). 8.2. Extradição Passiva: não adotada pelo Brasil. → O Brasil não entrega (extradita) brasileiro nato. o Art. 5º, LII, da CF: O país não extradita estrangeiro por crime político ou de opinião. 9) PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA: Cancelamento da naturalização > art. 12, §4º, CF. Art. 12. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. A dupla nacionalidade é exceção. O nato perde a nacionalidade de forma voluntária > procedimento administrativo. O naturalizado perde a nacionalidade por sentença judicial transitada em julgado, em virtude de ato nocivo. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 29 29 10) AQUISIÇÃO VOLUNTÁRIA DE OUTRA NACIONALIDADE (art. 12, §4º, CF/88) O brasileiro nato que adquirir outra nacionalidade perderá a nacionalidade brasileira, salvo: o Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; o Em virtude de imposição de naturalização. 11) LÍNGUA OFICIAL E SÍMBOLOS: BAndeira HIno Armas Selos Observação: Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. QUESTÕES PARA TREINO 1) Jean Oliver, nascido em Paris, na França, naturalizou-se brasileiro no ano de 2003. Entretanto, no ano de 2016, foi condenado, na França, por comprovado envolvimento com tráfico ilícito de drogas (cocaína), no território francês, entre os anos de 2010 e 2014. Antes da condenação, em 2015, Jean passou a residir no Brasil. A França, com quem o Brasil possui tratado de extradição, requer a imediata extradição de Jean, a fim de que cumpra, naquele país, a pena de oito anos à qual foi condenado. Apreensivo, Jean procura um advogado e o questiona acerca da possibilidade de o Brasil A perda para brasileiro nato se dá de forma voluntária. A perda para brasileiro naturalizado se dá por meio de decisão Judicial Transitada e Julgada em virtude de ato nocivo ao interesse nacional. ________________________________________________https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 30 30 extraditá-lo. O advogado, então, responde que, segundo o sistema jurídico- constitucional brasileiro, a extradição A) não é possível, já que, a Constituição Federal, por não fazer distinção entre o brasileiro nato e o brasileiro naturalizado, não pode autorizar tal procedimento. B) não é possível, pois o Brasil não extradita seus cidadãos nacionais naturalizados, por crime comum praticado após a oficialização do processo de naturalização. C) é possível, pois a Constituição Federal prevê a possibilidade de extradição em caso de comprovado envolvimento com tráfico ilícito de drogas, ainda que praticado após a naturalização. D) é possível, pois a Constituição Federal autoriza que o Brasil extradite qualquer brasileiro quando comprovado o seu envolvimento na prática de crime hediondo em outro país. 2) Luca nasceu em Nápoles, na Itália, em 1997. É filho de Marta, uma ilustre pintora italiana, e Jorge, um escritor brasileiro. Quando de seu nascimento, seus pais o registraram apenas perante o registro civil italiano. Luca nunca procurou se informar sobre seu direito à nacionalidade brasileira, mas, agora, vislumbrando seu futuro, ele entra em contato com um escritório especializado, a fim de saber se e como poderia obter a nacionalidade brasileira. Assinale a opção que apresenta, em conformidade com a legislação brasileira, o procedimento indicado pelo escritório. A) Luca não tem direito à nacionalidade brasileira, eis que seu pai não estava ou está a serviço do Brasil. B) Luca não poderá mais obter a nacionalidade brasileira, tendo em vista que já é maior de idade. C) Luca tem direito à nacionalidade brasileira, mas, ainda que a obtenha, não será considerado brasileiro nato. D) Luca deverá ir residir no Brasil e fazer a opção pela nacionalidade brasileira. GABARITO: 1) C 2) D ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 31 31 → Base legal: Artigo 14, 15 e 16 da CF/88. 1) INTRODUÇÃO Os Direitos políticos são aqueles que permitem que o povo participe do processo e direcione o rumo da nação. No Brasil adotamos o regime de Democracia semidireta (participativa), pois tanto o povo exerce o poder diretamente em alguns casos, como através de seus representantes eleitos. A Soberania Popular pode ser exercida por meio: a) Plebiscito (consulta prévia): Convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. b) Referendo (consulta posterior): Convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição. c) Iniciativa Popular (lei): Poder que o povo possui de levar uma proposta de lei para o poder legislativo. Os direitos políticos costumam ser classificados da seguinte forma: a) Direitos políticos positivos: normas relacionados a participação ativa dos cidadãos na política. Ex: Plebiscito b) Direitos políticos negativos: normas que limitam a participação do indivíduo na vida política. Ex: Inelegibilidades, perda e suspensão dos direitos políticos. O sufrágio é um direito público e subjetivo, ou seja, o direito de participar do pleito eleitoral, enquanto o voto é o instrumento para exercer o sufrágio. 2) CAPACIDADE ELEITORAL O Brasil possui muitos eleitores, ou seja, cidadãos que têm capacidade eleitoral ativa, que é o direito de votar. No entanto, nem DIREITOS POLÍTICOS ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 32 32 todas essas pessoas têm capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser votado. a) Capacidade eleitoral ativa: A capacidade eleitoral ativa significa se tornar eleitor (alistabilidade) e votar. Podemos separar em três grupos de pessoas quanto a obrigatoriedade de alistabilidade e voto. o Obrigatório: Adultos (maiores de 18 anos). o Facultativos: Analfabetos, Idosos (maiores de 70 anos), Adolescentes (maiores de 16 e menores de 18 anos). o Vedados: Estrangeiros e Conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório b) Capacidade eleitoral passiva: A capacidade eleitoral passiva nada mais é que o direito a ser votado e se eleger a um cargo público. Assim, vejamos então requisitos cumulativos para se tornar elegível. São condições de elegibilidade, na forma da lei (art. 14, § 3º): I. a nacionalidade brasileira; II. o pleno exercício dos direitos políticos; III. o alistamento eleitoral*; IV. o domicílio eleitoral na circunscrição; V. a filiação partidária; VI. a idade mínima de: a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; b) 30 anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal; c) 21 para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; d) 18 anos para Vereador. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 33 33 Idade mínima por mandato: o Podemos dizer que a capacidade eleitoral passiva (ex: ser votado) pressuponha a ativa (ex: poder votar), mas o oposto não é verdade. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. Os direitos políticos negativos limitam a participação do indivíduo na vida política, dividindo-se em inexigibilidades (§5º a 10º) e nas perdas e suspensão dos direitos políticos. A reeleição trata-se de uma regra bem tranquila de entender, pois os chefes do executivo poderão ser reeleitos uma única vez > só poderão cumprir dois mandatos consecutivos. o Os chefes do legislativo podem se reeleger sem limitação. o Essa regra não impede que os chefes do executivo cumpram mais de dois mandatos, desde que não sejam consecutivos. - Senador - Presidente da República - Vice- Presidente - Governador - Vice- Governador - Prefeito - Vice Prefeito - Deputado (Federal, Distrital e Estadual) - Juiz de Paz - Vereador ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 34 34 Para candidatar-se em outros cargos, o chefe do executivo deve se desvincular do cargo 6 meses antes (veja que a regra não vale para reeleição) > regra de desincompatibilização. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição > inelegibilidade reflexa. o Hipótese de inelegibilidade relativa, pois essa regra vale apenas no território de jurisdição do chefe do executivo. o Impedir que se utilize a máquina pública para candidaturas pessoais. o Salvo se já titular de mandato eletivo e candidato a reeleição. Os militares alistáveis são elegíveis, exceto os conscritos. o Com menos de 10 anos de serviço: O militar será afastado definitivamente da corporação. o Com mais de 10 anos de serviço: O militar só irá para inatividade caso sejaeleito. 3) PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS O art. 15 apresenta as hipóteses de perda (por prazo indeterminado) e suspensão (prazo determinado) dos direitos políticos. o É vedada a cassação dos direitos políticos (de forma definitiva). Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: I. cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; (perda) II. incapacidade civil absoluta; (suspensão) III. condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; (suspensão) ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 35 35 IV. recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (perda) V. improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. (suspensão) QUESTÕES PARA TREINO 1) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Juliano, governador do estado X, casa-se com Mariana, deputada federal eleita pelo estado Y, a qual já possuía uma filha chamada Letícia, advinda de outro relacionamento pretérito. Na vigência do vínculo conjugal, enquanto Juliano e Mariana estão no exercício de seus mandatos, Letícia manifesta interesse em também ingressar na vida política, candidatando-se ao cargo de deputada estadual, cujas eleições estão marcadas para o mesmo ano em que completa 23 (vinte e três) anos de idade. A partir das informações fornecidas e com base no texto constitucional, assinale a afirmativa correta. A) Letícia preenche a idade mínima para concorrer ao cargo de deputada estadual, mas não poderá concorrer no estado X, por expressa vedação constitucional, enquanto durar o mandato de Juliano. B) Uma vez que Letícia está ligada a Juliano, seu padrasto, por laços de mera afinidade, inexiste vedação constitucional para que concorra ao cargo de deputada estadual no estado X. C) Letícia não poderá concorrer por não ter atingido a idade mínima exigida pela Constituição como condição de elegibilidade para o exercício do mandato de deputada estadual. D) Letícia não poderá concorrer nos estados X e Y, uma vez que a Constituição dispõe sobre a inelegibilidade reflexa ou indireta para os parentes consanguíneos ou afins até o 2º grau nos territórios de jurisdição dos titulares de mandato eletivo. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 36 36 2) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase Afonso, nascido em Portugal e filho de pais portugueses, mudou-se para o Brasil ao completar 25 anos, com a intenção de advogar no estado da Bahia, local onde moram seus avós paternos. Após cumprir todos os requisitos exigidos e ser regularmente inscrito nos quadros da OAB local, Afonso permanece, por 13 (treze) anos ininterruptos, laborando e residindo em Salvador. Com base na hipótese narrada, sobre os direitos políticos e de nacionalidade de Afonso, assinale a afirmativa correta. A) Afonso somente poderá se tornar cidadão brasileiro quando completar 15 (quinze) anos ininterruptos de residência na República Federativa do Brasil, devendo, ainda, demonstrar que não sofreu qualquer condenação penal e requerer a nacionalidade brasileira. B) Uma vez comprovada sua idoneidade moral, Afonso poderá, na forma da lei, adquirir a qualidade de brasileiro naturalizado e, nessa condição, desde que preenchidos os demais pressupostos legais, candidatar-se ao cargo de prefeito da cidade de Salvador. C) Afonso poderá se naturalizar brasileiro caso demonstre ser moralmente idôneo, mas não poderá alistar-se como eleitor ou exercer quaisquer dos direitos políticos elencados na Constituição da República Federativa do Brasil. D) Afonso, por ser originário de país de língua portuguesa, adquirirá a qualidade de brasileiro nato ao demonstrar, na forma da lei, residência ininterrupta por 1 (um) ano em solo pátrio e idoneidade moral. 3) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase Jean Oliver, nascido em Paris, na França, naturalizou-se brasileiro no ano de 2003. Entretanto, no ano de 2016, foi condenado, na França, por comprovado envolvimento com tráfico ilícito de drogas (cocaína), no território francês, entre os anos de 2010 e 2014. Antes da condenação, em 2015, Jean passou a residir no Brasil. A França, com quem o Brasil possui tratado de extradição, ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 37 37 requer a imediata extradição de Jean, a fim de que cumpra, naquele país, a pena de oito anos à qual foi condenado. Apreensivo, Jean procura um advogado e o questiona acerca da possibilidade de o Brasil extraditá-lo. O advogado, então, responde que, segundo o sistema jurídico-constitucional brasileiro, a extradição A) não é possível, já que, a Constituição Federal, por não fazer distinção entre o brasileiro nato e o brasileiro naturalizado, não pode autorizar tal procedimento. B) não é possível, pois o Brasil não extradita seus cidadãos nacionais naturalizados, por crime comum praticado após a oficialização do processo de naturalização. C) é possível, pois a Constituição Federal prevê a possibilidade de extradição em caso de comprovado envolvimento com tráfico ilícito de drogas, ainda que praticado após a naturalização. 4) Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXII - Primeira Fase Luca nasceu em Nápoles, na Itália, em 1997. É filho de Marta, uma ilustre pintora italiana, e Jorge, um escritor brasileiro. Quando de seu nascimento, seus pais o registraram apenas perante o registro civil italiano. Luca nunca procurou se informar sobre seu direito à nacionalidade brasileira, mas, agora, vislumbrando seu futuro, ele entra em contato com um escritório especializado, a fim de saber se e como poderia obter a nacionalidade brasileira. Assinale a opção que apresenta, em conformidade com a legislação brasileira, o procedimento indicado pelo escritório. A) Luca não tem direito à nacionalidade brasileira, eis que seu pai não estava ou está a serviço do Brasil. B) Luca não poderá mais obter a nacionalidade brasileira, tendo em vista que já é maior de idade. C) Luca tem direito à nacionalidade brasileira, mas, ainda que a obtenha, não será considerado brasileiro nato. D) Luca deverá ir residir no Brasil e fazer a opção pela nacionalidade brasileira. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 38 38 GABARITO 1) A 2) B 3) C 4) D ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 39 39 I) A União legisla sobre normas gerais II) Os estados legislam de forma suplementar III) Inexistindo lei Federal sobre normas gerais os Estados exercerão a competência legislativa plena para atender as suas peculiaridades IV) Superveniente da lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da norma estadual naquilo queele for contrário Art. 18, §3, CF - Criação do Estado: → Aprovação da população interessada → Plebiscito → Congresso nacional → Lei complementar ORGANIZAÇÃO DO ESTADO Art. 18, §4, CF – Criação do município → Aprovação da população interessada → Plebiscito → Criado por lei estadual no prazo da lei complementar federal → Estudo de viabilidade ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 40 40 1) NOÇÕES GERAIS O Estado é conceituado como a nação politicamente organizada. A Nação, por sua vez, trata-se da união em comunidade. 1.1. Elementos Constitutivos do Estado: a) Território: Trata-se da dimensão física/material, que limita o poder do estado. b) Povo: Trata-se da dimensão pessoal, que diz respeito aos nacionais daquele Estado. c) Governo soberano: Trata-se da dimensão política, que diz respeito ao poder uno, indivisível, inalienável e imprescritível. - A titularidade desse poder é do povo. 2) FORMA DE ESTADO O Brasil adotou a Federação, que é um estado soberano constituído de estados federados (estados-membros) dotados de autonomia, não de soberania, os quais têm poder constituinte próprio, decorrente do poder constituinte originário, que fez a federação. O Estado Federado possui prerrogativas: a) Os entes criam suas próprias constituições > auto-organização. b) Os entes criam suas leis, ainda que haja normas gerais nacionais sobre o processo > auto legislação. c) Os entes têm capacidade de autoadministração. d) Os entes escolhem seus governantes > autogoverno. A forma federativa do Estado é considerada cláusula pétrea, entretanto, essa regra não impede que seja realizada alterações na estrutura da federação, como: a) Cisão (Subdivisão): Um ente subdivide-se em dois novos entes. b) Desmembramento-formação: Parte de um ente se desmembra formando um novo ente. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 41 41 c) Desmembramento-anexação: Parte de um ente se desmembra, porém, se anexa à outro já existente. d) Fusão: Dois ou mais entes se juntam e formam um ente novo. e) Incorporação: Um ente incorpora outro > o incorporado deixa de existir e passam a ser um, que já existia. QUESTÕES PARA TREINO 1) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Após cumprimento de todas as formalidades constitucionais e legais exigíveis, o Estado Alfa se desmembra (desmembramento por formação), ocasionando o surgimento de um novo Estado-membro: o Estado Beta. Preocupados com a possibilidade de isso influenciar nas grandes decisões políticas regionais, um grupo de cidadãos inicia um movimento exigindo a imediata elaboração de uma Constituição para o novo Estado Beta. Os líderes políticos locais, sem maiores conhecimentos sobre a temática, buscam assessoramento jurídico junto a advogados constitucionalistas, sendo-lhes corretamente informado que, segundo a inteligência do sistema jurídico-constitucional brasileiro, A) com a criação do Estado Beta no âmbito da República Federativa do Brasil, passou este a fazer parte do pacto federativo, subordinando-se tão somente à Constituição Federal, e não a qualquer outra constituição. B) tendo passado o Estado Beta a ser reconhecido como um ente autônomo, adquiriu poderes para se estruturar por meio de uma Constituição, sem a necessidade desta se vincular a padrões de simetria impostos pela Constituição Federal. C) pelo fato de o Estado Beta ter sido reconhecido como um ente federado autônomo, passa a ter poderes para se estruturar por meio de uma Constituição, que deverá observar o princípio da simetria, conforme os padrões fixados na Constituição Federal. D) o reconhecimento do Estado Beta como um ente federado autônomo assegurou-lhe poderes para se estruturar por meio de uma ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 42 42 Constituição, cujo texto, porém, não poderá se diferenciar daquele fixado pela Constituição Federal. 2) Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase Em observância aos princípios da transparência, publicidade e responsabilidade fiscal, o prefeito do Município Alfa elabora detalhado relatório contendo a prestação de contas anual, ficando tal documento disponível, para consulta e apreciação, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração. Carlos, morador do Município Alfa, contribuinte em dia com suas obrigações civis e políticas, constata diversas irregularidades nos demonstrativos apresentados, apontando indícios de superfaturamento e desvios de verbas em obras públicas. Em função do exposto e com base na Constituição da República, você, como advogado de Carlos, deve esclarecer que A) a fiscalização das referidas informações, concernentes ao Município Alfa, conforme previsto na Constituição brasileira, é de responsabilidade exclusiva dos Tribunais de Contas do Estado ou do Município, onde houver. B) Carlos tem legitimidade para questionar as contas do Município Alfa, já que, todos os anos, as contas permanecem à disposição dos contribuintes durante sessenta dias para exame e apreciação. C) a impugnação das contas apresentadas pelo Chefe do Executivo local exige a adesão mínima de um terço dos eleitores do Município Alfa. D) a CRFB/88 não prevê qualquer forma de participação popular no controle das contas públicas, razão pela qual Carlos deve recorrer ao Ministério Público Estadual para que seja apresentada ação civil pública impugnando os atos lesivos ao patrimônio público praticados pelo prefeito do Município Alfa. 3) Ano: 2017 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 43 43 João, rico comerciante, é eleito vereador do Município “X” pelo partido Alfa. Contudo, passados dez dias após sua diplomação, o partido político Pi, adversário de Alfa, ajuíza ação de impugnação de mandato eletivo, perante a Justiça Eleitoral, requerendo a anulação da diplomação de João. Alegou o referido partido político ter havido abuso do poder econômico por parte de João na eleição em que logrou ser eleito, anexando, inclusive, provas que considerou irrefutáveis. João, sentindo-se injustiçado, já que, em momento algum no decorrer da campanha ou mesmo após a divulgação do resultado, teve conhecimento desses fatos, busca aconselhamento com um advogado acerca da juridicidade do ajuizamento de tal ação. Com base no caso narrado, assinale a opção que apresenta a orientação dada pelo advogado. A) O Partido Pi não poderia ter ingressado com a ação, pois abuso de poder econômico não configura fundamento que tenha o condão de viabilizar a impugnação de mandato eletivo conquistado pelo voto. B) O Partido Pi respeitou os requisitos impostos pela CRFB/88, tanto no que se refere ao fundamento (abuso do poder econômico) para o ajuizamento da ação como também em relação à sua tempestividade. C) O Partido Pi, nos termos do que dispõe a CRFB/88, não poderia ter ingressado com a ação, pois, ocorrida a diplomação, precluso encontrava-se o direito de impugnaro mandato eletivo de João. D) O Partido Pi só poderia impugnar o mandato eletivo que João conquistou pelo voto popular em momento anterior à diplomação, sob pena de afronta ao regime democrático. 4) Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XX - Primeira Fase (Reaplicação Salvador/BA) Wilson, nascido nos Estados Unidos da América, com 29 anos de idade, é filho de pais brasileiros. Fluente na língua portuguesa, participa com brilho da política partidária regional de um Estado da federação brasileira, dominado há várias gerações por sua família. Esta natural inclinação leva seus familiares a incentivá-lo no sentido de concorrer ao cargo de Governador do Estado nas eleições que serão realizadas dali a dois anos. Sobre a possibilidade jurídica ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 44 44 de Wilson concorrer ao pleito, mais precisamente no que se refere às questões de nacionalidade e idade, assinale a afirmativa correta. A) Wilson já terá completado, na data da eleição, a idade exigível para o exercício do cargo pleiteado, mas somente poderá concorrer caso adquira a nacionalidade brasileira. B) Wilson poderá concorrer, pois não apenas contemplará o requisito da idade, como, pelo simples fato de ser filho de brasileiros, possui automaticamente a nacionalidade de brasileiro nato. C) Wilson não estará apto a concorrer nesta próxima eleição para o cargo apontado, pois, mesmo que adquira a nacionalidade brasileira, não possuirá a idade mínima exigida para o cargo. D) Wilson não poderá concorrer, pois, embora a idade não seja um problema, poderá, no máximo, adquirir o status de brasileiro naturalizado, enquanto o cargo em questão exige o status de brasileiro nato. GABARITO 1) C 2) B 3) B 4) A ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 45 45 O Poder Executivo está disposto entre os artigos 76 até o 91, da CF/88. Art. 76, CF/88: O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. No Brasil, o poder executivo é exercido pelo Presidente da República e seu vice; os governadores de estado e seus respectivos vice- governadores; os prefeitos dos municípios e suas sub-repartições. Art. 79, CF/88 descreve a função do Vice-Presidente, que é substituir o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe, no caso de vaga. Sucessão do Presidente: I. Presidente II. Vice-Presidente III. Presidente da Câmara IV. Presidente do Senado V. Presidente do STF 1) O MANDATO PRESIDENCIAL: • Só vai haver o mandato tampão se houver a vacância do presidente e do vice-presidente. • Caso a vacância do cargo de presidente e vice-presidente ocorra nos dois primeiros anos de mandato, contam-se 90 dias da data da vacância, e haverá nova eleição direta. Caso ocorra nos dois últimos anos de mandato, contam-se 30 dias da data da vacância, e haverá eleição indireta pelo congresso nacional. 2) CRIMES DE RESPONSABILIDADE: Atos praticados pelo presidente da república, que atentam contra a constituição, mais especialmente: o Contra a existência da União PODER EXECUTIVO ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 46 46 o Contra o livre exercício do poder legislativo, judiciário, do ministério público, e dos poderes constitucionais das unidades da federação o Contra os direitos políticos sociais e individuais o Contra a probidade administrativa o Contra a lei orçamentaria o Contra o cumprimento de leis e decisões judiciais O presidente da república pode cometer dois tipos de crime: a) Crime comum – Julgado pelo STF b) Crime de responsabilidade – Julgado pelo Senado Federal Observações: • Quem acusa o presidente é a Câmara, por 2/3 dos membros. • Na vigência do seu mandato o presidente da república não poderá ser responsabilizado por atos estranhos a sua função. • Se decorridos 180 dias e o processo não tiver sido concluído cessara o afastamento do presidente sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. • Enquanto não sobrevier sentença judicial transitado e julgado nas infrações penais comunais o presidente da república não estará sujeito a prisão. Art. 84, CF/88 lista as atribuições do Presidente da República: o O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. o VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 47 47 o XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Responsabilidade do Presidente da República (art. 85 e 86): o Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. o Em outras palavras, ele não poderá ser preso em flagrante, não poderá ser decretado sua prisão preventiva ou sua prisão temporária. A única hipótese de o Presidente ser preso, é após a decisão condenatória, transitada em julgado. o Da mesma forma, O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. - Ao terminar o mandato, será aberto um processo contra ele, para verificar se o fato ocorreu ou não. Processo do Presidente por Crime Comum: o É um processo muito mais técnico que depende de um profundo conhecimento acerca do Direito Penal. Dessa forma, o processo deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. o Uma vez admitido o processo, o Presidente da República será suspenso do seu cargo, ocorrendo a substituição, isto é, o seu respectivo vice o substituirá temporariamente. o Por outro lado, caso não existe uma sentença por um prazo de até 180 dias, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. Processo do Presidente por Crime de Responsabilidade: o É um processo muito mais político, devendo o Senado Federal julgar a existência ou não do crime. Vale pontuar que o enquadramento dos crimes tidos como de responsabilidade é taxativo, isto é, apenas os atos elencados na lei podem ensejar o caso em comento. ________________________________________________ https://www.cejasonline.com.br/ DIREITO CONSTITUCIONAL ______________________________________________________________ Rodrigo Andrade e Cristiano Lopes 48 48 o Nessa hipótese, o Presidente do Supremo Tribunal Federal presidirá o julgamento no Senado Federal, para que os direitos e garantias constitucionais (art. 5º) não sejam desrespeitadas. Observações: ➢ Um mesmo ato pode ser enquadrado como crime de responsabilidade e como crime comum. ➢ Também respondem por crime de responsabilidade os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, Ministros
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