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Gestão Pública Participativa

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GESTÃO PÚBLICA PARTICIPATIVA
RESUMO
MÓDULO 1 - GESTÃO DAS CIDADES
Identificar a importância do planejamento urbano e seus instrumentos
PLANEJAMENTO URBANO E SEUS INSTRUMENTOS
O planejamento urbano é fundamental para garantir uma qualidade de vida aos habitantes de uma cidade, já que leva em conta questões como saneamento, educação, transportes e segurança.
Seu impacto social, portanto, é enorme. Caso o crescimento das cidades não seja acompanhado por um bom planejamento, pode haver fenômenos negativos que só ampliarão as desigualdades sociais. Este é o caso, aliás, da gentrificação, que aprofundaremos na sequência.
Em um segundo momento, discorreremos sobre o Estatuto da Cidade e o Plano Diretor. Ambos são as principais ferramentas para o planejamento urbano e suas aplicabilidades. Observaremos que, quando aplicadas à realidade de cada cidade, essas ferramentas conseguem equilibrar os riscos e os benefícios da urbanização para prover qualidade de vida a todos os habitantes.
Um pilar fundamental para o bom funcionamento delas é seu planejamento. Esse fenômeno é conhecido como planejamento urbano.
Ele é fundamental para garantir a qualidade de vida dos habitantes das cidades. É dele que se desdobram as ações que têm como objetivo tornar o dia a dia das pessoas mais acessível, seguro, saudável e sustentável.
Por isso, o planejamento urbano não se limita apenas ao ordenamento físico das cidades – ou seja, à disposição dos imóveis e das ruas –, mas também leva em conta questões relacionadas.
Mas... qual é a principal diferença entre urbanismo e planejamento urbano?
Urbanismo: Concentra-se no desenho urbano.
Planejamento urbano: Considera tanto questões arquitetônicas quanto a harmonia entre os habitantes e o espaço.
Dessa maneira, podemos perceber que formuladores de políticas públicas precisam pensar o planejamento urbano de forma abrangente, levando em conta todos os seus aspectos. Deve-se pensar em urbanismo não apenas como um elemento estético, mas também como um elemento fundamental que gera retorno social para os habitantes da cidade.
O termo planejamento urbano pode soar um pouco abstrato. Para que possamos entender melhor a sua importância, devemos destacar alguns aspectos do cotidiano das cidades.
Dessa maneira, podemos perceber que formuladores de políticas públicas precisam pensar o planejamento urbano de forma abrangente, levando em conta todos os seus aspectos. Deve-se pensar em urbanismo não apenas como um elemento estético, mas também como um elemento fundamental que gera retorno social para os habitantes da cidade.
O termo planejamento urbano pode soar um pouco abstrato. Para que possamos entender melhor a sua importância, devemos destacar alguns aspectos do cotidiano das cidades.
Dessa maneira, podemos perceber que formuladores de políticas públicas precisam pensar o planejamento urbano de forma abrangente, levando em conta todos os seus aspectos. Deve-se pensar em urbanismo não apenas como um elemento estético, mas também como um elemento fundamental que gera retorno social para os habitantes da cidade.
O termo planejamento urbano pode soar um pouco abstrato. Para que possamos entender melhor a sua importância, devemos destacar alguns aspectos do cotidiano das cidades.
POR QUE A OCORRÊNCIA DE CRIMES EM ÁREAS MERAMENTE RESIDENCIAIS É MAIS PROPÍCIA?
Porque a circulação de pessoas nas ruas é menor.
Dessa maneira, a circulação de pessoas e o crime funcionam como um ciclo. Quanto mais movimento na rua, maior a sensação de segurança, estimulando as pessoas a transitarem e por ali permanecerem.
Planejadores urbanos podem sugerir, portanto, algumas soluções para melhorar a segurança de bairros mais violentos.
Quais seriam essas soluções?
Uma boa oportunidade é criar espaços de lazer com atividades ao ar livre que tragam a população para a convivência comum. Fatores como iluminação urbana e oferta de transportes também são fundamentais.
Planejamento urbano e o fenômeno da gentrificação
No dia a dia, é possível notar o impacto do planejamento urbano na igualdade de oportunidades de moradia a pessoas de todas as classes sociais. A valorização de determinada área deveria proporcionar um retorno de qualidade de vida para todos os habitantes em vez de gerar especulação imobiliária e afastamento da população de baixa renda.
Esse afastamento também pode ser chamado por outro nome: gentrificação. Ela é justamente o processo de transformação urbana que expulsa os moradores de baixa renda de determinadas áreas – seja pela especulação imobiliária, pelo aumento do turismo ou até mesmo por consequência de obras governamentais.
Analisaremos agora duas situações:
Situação 1
Imagine um bairro histórico de sua cidade localizado em uma região central, mas que, por muito tempo, tenha ficado abandonado pelo poder público; portanto, ele não apresenta nenhum atrativo para quem busca opções de lazer ou serviços. Essas características favoreceram a ocupação pela população de baixa renda; com isso, o bairro se tornou desvalorizado.
Situação 2
Imagine agora que, por algum motivo, esse bairro tenha começado a receber atenção da prefeitura com obras de infraestrutura, investimento em segurança, saneamento, iluminação e transporte. Todas essas mudanças trariam um enorme ganho de qualidade de vida para seus moradores, exceto pelo fato de que eles potencialmente não poderão mais morar ali.
Isso acontece porque o custo de vida naquele bairro aumentou drasticamente e deixou de ser viável para o orçamento daquelas famílias. Nesse custo, incluem-se, entre outros quesitos, o valor do aluguel, as contas de luz e o preço nos supermercados.
O antigo morador é obrigado a sair em busca de um novo local para morar, enquanto outros de maior poder aquisitivo passam a ocupar a região.
Como um ciclo vicioso, o processo repete a seguinte sequência:
A população de baixa renda se muda para áreas ainda mais afastadas e com condições precárias de moradia.
Isso amplia o já grande abismo social e gera a segregação urbana.
Por estarem cada vez mais afastadas da região central, essas pessoas enfrentam deslocamentos ainda mais longos para trabalhar.
No pior dos casos, elas ficam desempregadas pelo reduzido número de oportunidades.
Governos podem – e têm – legitimidade para realocar moradores que sejam residentes de áreas de interesse, como foi o caso, por exemplo, da zona portuária do Rio de Janeiro.
Entretanto, é fundamental que essas políticas de realocação sejam bem desenhadas e que garantam dignidade e acesso a moradias de qualidade e emprego para os moradores desalojados.
Ao longo das últimas décadas, o Brasil passou por um processo de intenso e rápido desenvolvimento urbano, o qual, em muitos casos, ocorreu de forma desordenada, ou seja, sem o acompanhamento de um planejamento.
O resultado é o que vemos hoje na maioria das metrópoles do país: áreas urbanas dispersas e desconectadas, registrando-se o crescimento dos loteamentos clandestinos e das favelas, além da informalidade e do acesso precário a serviços básicos de água e esgoto encanados.
O ESTATUTO DA CIDADE
Apresentamos até então conceitos e exemplos que se relacionam diretamente com a chamada função social da cidade. Apesar de constar nas várias Constituições Brasileiras desde 1934, a regulamentação dessa função social só foi de fato implementada em 2001 com a promulgação do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/01).
Para Rodrigues (2004), o Estatuto da Cidade é inovador, pois reconhece a cidade como uma desigualmente constituída, sendo, portanto, um ambiente que precisa de intervenções que busquem expandir e melhorar a cidadania de seus moradores.
Em termos práticos, o Estatuto da Cidade define as regras e oferece os instrumentos para as políticas urbanas dos municípios com mais de 20 mil habitantes, sejam eles turísticos ou localizados em regiões metropolitanas.
Para atingir a garantia dos direitos de cidadania e o atendimento das funções sociais, foram definidas 16 diretrizes gerais desse estatuto. Entre elas, Pinheiro (2010) destaca as seguintes:
Diretriz 01
A ampliação do acessoà terra urbana para habitações da população de baixa renda.
Diretriz 02
A expansão urbana compatível com os limites da sustentabilidade do município.
Diretriz 03
A compatibilidade entre os gastos públicos e os instrumentos de política econômica com os objetivos do planejamento urbano.
Diretriz 04
O equilíbrio na participação de agentes públicos e privados na promoção de oportunidades no processo de urbanização.
Diretriz 05
A simplificação da legislação urbanística municipal.
Cada município deve identificar as diretrizes que se enquadram da melhor forma na sua realidade e fazer uso dos instrumentos mais apropriados para a solução dos problemas. Fazendo uma analogia, é como se o Estatuto da Cidade fosse uma caixa de ferramentas colocada à disposição dos municípios.
Exemplo
Das "ferramentas" disponíveis, destacam-se alguns instrumentos tributários e financeiros, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O IPTU tem um enorme potencial redistributivo, pois é um imposto cobrado anualmente com base na valorização ou desvalorização dos imóveis. Ou seja, o imóvel que vale mais paga mais. Com isso, além de ser uma poderosa fonte de receita para os municípios, o IPTU também ajuda a estimular ou desestimular formas de uso e ocupação de espaços.
Outros instrumentos que devem ser destacados neste tema são aqueles voltados para a gestão democrática. São mecanismos que fomentam o envolvimento da população e de associações representativas na tomada de decisões para o desenvolvimento urbano, como, por exemplo, conferências, debates e consultas públicas. O PLANO DIRETOR
Ainda considerando a analogia do Estatuto da Cidade como caixa de ferramentas, um instrumento básico é visto como a chave para abri-la: o Plano Diretor. É nele que devem constar as diretrizes e os instrumentos escolhidos que serão utilizados pelo município para sua gestão. O Plano Diretor é considerado a ferramenta central para o planejamento urbano no Brasil.
Desse modo, o Plano Diretor elaborado pelos municípios serve para criar pontes e promover o diálogo entre as esferas físico-territoriais com os objetivos sociais, econômicos e ambientais de uma cidade.
Em outras palavras, ele tem como objetivo equilibrar riscos e benefícios da urbanização, visando a um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável. Dessa maneira, pode-se garantir que o desenvolvimento das cidades seguirá caminhos e diretrizes que garantam os direitos fundamentais de cada morador.
Devemos frisar que os planos diretores não operam como receitas de bolo, não sendo replicáveis e facilmente reproduzidos em qualquer cidade. Muito pelo contrário: segundo Villaça (1999), eles são definidos a partir de um “diagnóstico científico da realidade física, social, econômica, política e administrativa da cidade, do município e de sua região".
A partir da construção do Plano Diretor sairão as propostas para o futuro desenvolvimento das cidades. Cada município, portanto, escolhe as ferramentas com base nos "reparos" mais urgentes a serem feitos dentro da sua realidade.
Uma vez desenhado pela prefeitura (Poder Executivo)...
O plano precisa ser aprovado pela Câmara dos Vereadores (Legislativo).
Para auxiliar na elaboração dos planos diretores, o Ministério das Cidades publicou um guia com as duas principais etapas a serem cumpridas:
ETAPA 1:
A primeira delas é o estabelecimento de um núcleo gestor do qual participam lideranças dos diversos eixos da cidade, como governo, sindicatos, empresas e movimentos sociais.
ETAPA 2:
A partir desse núcleo, é elaborada a proposta de lei a ser votada pela Câmara. Portanto, apesar de ser um processo com traços políticos muito fortes, ele também tem um aspecto democrático relevante ao envolver diferentes atores da sociedade em sua elaboração.
A elaboração dessa lei, a partir do núcleo gestor, deve incluir a cidade como um todo e pensar em formas de melhorar seu planejamento urbano. Uma avaliação detalhada das zonas mais violentas e das áreas com maior ou menor necessidade de atenção é essencial para a elaboração de um bom Plano Diretor.
No entanto, sabe-se que, na maioria das vezes, os guias não espelham a realidade. Por isso, o Plano Diretor provoca alguns debates acerca da sua eficácia e abrangência.
Ao mesmo tempo em que o Estatuto obriga que planos diretores abranjam a extensão territorial das áreas urbanas dos municípios, eles utilizam como critério a população das cidades (sendo obrigatório para aquelas com mais de 20 mil habitantes).
Rodrigues (2004) argumenta que a utilização de critérios populacionais e territoriais acaba causando contradições internas: segundo dados do IBGE, a maior parte dos municípios brasileiros (quase 70%) tem menos de 20 mil habitantes, abrigando apenas 15% da população.
Do ponto de vista populacional, a maior parcela dos brasileiros está sendo contemplada, porém, em termos espaciais, a maioria dos municípios é excluída da elaboração de um Plano Diretor. Outro dilema que surge também é o fato de o plano se restringir às áreas urbanas dos municípios, pois ele deixa de lado o fato de que existe uma forte interdependência entre as áreas urbanas e rurais.
Villaça (1999) argumenta que o Plano Diretor deve abordar "todos os problemas que sejam de competência do município, estejam eles na zona rural ou urbana", pois o município não tem competência para, por exemplo, fazer zoneamento rural ou determinar as áreas a serem destinadas à agricultura.
O Plano Diretor, desse modo, constitui um importante passo inicial para que as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes possam construir um planejamento urbano de qualidade, garantindo a cidadania e a dignidade a todos os seus cidadãos.
MÓDULO 2
Definir desenvolvimento sustentável, cidades inteligentes, tecnologias de informação e comunicação e sustentabilidade
Qual é o papel de cada cidade na construção de um futuro sustentável para as gerações futuras e o que confere às cidades as características de sustentabilidade?
Em um segundo momento, apresentaremos o conceito de cidades inteligentes e entenderemos o papel que as novas TIC desempenham para torná-las cada vez mais eficientes. Além disso, aplicaremos a temática da sustentabilidade para as cidades inteligentes.
O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DAS CIDADES
Em 2019, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou a informação de que mais da metade da população mundial estava vivendo em cidades, havendo uma expectativa de que essa proporção chegue a 70% até 2050. Portanto, espera-se que o deslocamento de zonas rurais para os centros urbanos continue ocorrendo.
Dessa maneira, o que vemos hoje são cidades com grandes desigualdades na distribuição de renda e nas oportunidades econômicas, registrando-se grandes distorções em relação às oportunidades de moradias e à qualidade de vida entre indivíduos de diferentes classes sociais.
Outro aspecto fundamental que vem cada vez mais chamando a atenção dos pesquisadores e da sociedade civil é a relação entre o crescimento das cidades e nosso vínculo com o meio ambiente.
A grande concentração de pessoas nos centros urbanos só faz aumentar o impacto ao meio ambiente. Ocorre o uso desenfreado dos recursos naturais, que são finitos e tendem a se esgotar.
Portanto, políticas voltadas para a preservação do meio ambiente e para o uso responsável dos recursos naturais também são essenciais para a garantia de qualidade de vida das atuais e das futuras gerações urbanas e rurais de todo o planeta.
São denominadas cidades sustentáveis aquelas que tanto reconhecem seu papel social, ambiental, político, cultural e econômico quanto implementam políticas públicas que busquem a preservação do meio ambiente, do desenvolvimento econômico e da qualidade de vida para seus cidadãos.
Das ações que as cidades devem adotar para serem consideradas sustentáveis, Leite e Awad (2012) destacam as seguintes:
AÇÃO 1:
O balanceamento de forma eficiente dos recursos necessários ao funcionamento das cidades, como terras, energia e água (chamados de recursos de "entrada"), assim como de resíduos, esgotos e poluição (recursosde "saída").
AÇÃO 2:
A busca por novos modelos de expansão e gestão que sejam diferentes daqueles praticados ao longo do século XX (fenômeno chamado por especialistas e autores de "expansão com esgotamento"). Os novos modelos englobam o uso adequado e misto do solo (pelo qual as funções de habitação, comércio e serviços coexistem), a eficiência energética, o melhor emprego das águas e a redução da poluição.
AÇÃO 3:
O desenvolvimento de um sistema eficiente de mobilidade urbana que conecte todos os núcleos das cidades como uma grande teia, promovendo maior uso de transportes públicos. Alternativas como ciclismo e caminhadas são favorecidas por esse desenho urbano encadeado.
AÇÃO 4:
A busca pelo senso de comunidade da população, o que promove mais oportunidades de interação social e o uso misto das calçadas, dos bairros e dos espaços de uso coletivo. Isso induz à diversidade socioterritorial, que nada mais é que o uso democrático do que é de todos: o espaço urbano.
AÇÃO 5:
O desenvolvimento urbano que respeite as características físicas e geográficas do território, havendo uma harmonia entre o que é construído e o que é natural.
Infelizmente, cidades sustentáveis são uma exceção (e não regra) no mundo de hoje. Ao redor do mundo, a imensa maioria delas cresceu sem um desenvolvimento sustentável adequado, o que contribuiu para o preocupante quadro climático que o mundo enfrenta atualmente.
No caso do Brasil, por ele ser uma nação em desenvolvimento, o cenário é ainda mais complicado, pois são pouquíssimos os exemplos de cidades sustentáveis no nosso país. No entanto, temos um modelo a ser seguido: a cidade de Curitiba.
A capital do Paraná já recebeu diversos reconhecimentos internacionais. Ela carrega o título de cidade mais sustentável não só do país, mas também de toda a América Latina. Por isso, faremos a seguir um estudo de caso da cidade de Curitiba.
Curitiba: modelo de cidade sustentável no Brasil
Você sabia
Você sabia que Curitiba está em quinto lugar no ranking das cidades com maior área verde do mundo?
São 50m² de espaço verde por habitante. Ela contabiliza 16 parques, 14 bosques, milhares de espaços verdes urbanos e mais de um milhão de árvores plantadas em estradas e rodovias.
A capital do estado do Paraná é referência em planejamento urbano, reciclagem e gestão de resíduos, transporte público, arborização e responsabilidade ambiental.
Todos esses aspectos, que dão a Curitiba o selo de cidade sustentável, são fruto de um projeto de longo prazo iniciado na década de 1940, época em que a cidade passou a utilizar o planejamento urbano como instrumento contínuo e efetivo de gestão.
1
O primeiro passo foi dado com o Plano Diretor chamado de Plano Agache. Em 1943, esse plano estabeleceu as normas e as diretrizes para ordenar a ocupação do solo conforme a cidade fosse crescendo. Para isso, destaca Sequinel (2002), os esforços se voltaram para o controle do tráfego, o zoneamento de atividades, a codificação de edificações e a organização das funções urbanas.
Com a industrialização se intensificando no Brasil no início da década de 1960, Curitiba reforçou suas prioridades para o crescimento da cidade: seu planejamento urbano estava aliado à preservação cultural e ambiental. O que se pretendia com tal proposta era justamente a manutenção da qualidade de vida na cidade apesar de seu acelerado crescimento econômico e geográfico.
2
3
O arquiteto Jaime Lerner, que se tornou prefeito de Curitiba na década de 1970, teve papel central nesse processo de transformação da cidade. Quando tomou posse, em 1971, Lerner agiu em três frentes de transformação: a física, a cultural e a econômica.
No que concerne ao aspecto físico, a ideia central do então prefeito era convencer as pessoas de que o carro não era importante:
"Não haverá futuro urbano se o transporte depender de veículos particulares", defendia Jaime Lerner.
Para sustentar sua ideia, ele priorizou o transporte urbano coletivo.
Em menos de quatro anos, Curitiba inaugurava seu primeiro sistema integrado de transportes. Houve a implantação de ônibus expressos no inovador modelo de metrô na superfície, os chamados BRTs.
As calçadas elevadas e as plataformas exclusivas tornaram o embarque e o desembarque de passageiros mais rápidos e eficientes. Já suas faixas exclusivas garantiam o trânsito livre para os ônibus.
A eficiência desse sistema levou esse modelo para mais de 300 outras cidades ao redor do mundo.
Hoje em dia, quase 80% de todas as viagens dos curitibanos são atendidas pelos BRTs, resultando em 25% de redução nas emissões de gás carbônico per capita em comparação com a média das capitais brasileiras. Solucionado o problema da mobilidade, o próximo foco era a melhoria das áreas verdes.
O desenvolvimento urbano sempre esteve acompanhado de uma forte preocupação ambiental. Isso se traduziu, aponta Sequinel (2002), não somente na preservação das áreas verdes já existentes e na implantação de grandes parques, mas também em um permanente esforço de educação e conscientização ambiental da população.
Lerner implantou ainda a coleta seletiva de lixo, programa que atualmente recicla 70% de todo o lixo produzido na cidade.
Promoveu-se também uma enorme transformação cultural com a valorização do centro histórico – área que foi fechada para automóveis –, a criação de novos pontos de encontro em parques e bosques e a reciclagem de edifícios antigos.
Por tudo isso, Curitiba é hoje uma das cidades com os maiores índices de qualidade de vida do país, sendo considerada uma cidade sustentável.
CIDADES INTELIGENTES
Você já parou para pensar como a inteligência artificial e o uso intensivo de novas tecnologias vêm revolucionando o mundo ao seu redor?
Tecnologias como sensores de movimento, monitoramento por drones e centros de operação são apenas algumas das ferramentas com um enorme potencial para transformar a organização das cidades.
Considerando os avanços tecnológicos e os crescentes desafios postos pelo mundo atual, os gestores das cidades estão buscando uma transformação digital como solução de gestão.
A partir do uso das TIC e do grande acesso aos dados (o chamado Big Data), gestores tentam endereçar um dos principais desafios das cidades atuais: torná-las cada vez mais inteligentes.
Mas o que isso quer dizer exatamente?
Seu conceito é bastante recente. Cidades inteligentes podem ser entendidas, em um primeiro momento, como sistemas de pessoas que interagem e fazem uso de energia, materiais, serviços e formas de financiamento para melhorar o desenvolvimento econômico.
Em última análise, a busca por cidades inteligentes busca o incremento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Mas por que esses sistemas seriam considerados inteligentes?
A grande mudança se dá em relação ao meio pelo qual buscamos atingir os objetivos das cidades. Ou seja, a utilização inteligente da tecnologia implica o uso estratégico da infraestrutura e dos serviços de informação e de comunicação, permitindo aos gestores públicos a melhora da vida dos cidadãos e fazendo uso de menos recursos.
Por ser um termo ainda muito recente, não há uma definição clara do que torna as cidades inteligentes. No entanto, pesquisadores ao redor do mundo vêm criando índices e métricas que buscam avaliar as diversas dimensões que configurariam essas cidades.
Em linha com o índice Cities in motion index da escola de administração da IESE, na Espanha, destacaremos a seguir as principais dimensões elencadas ao se pensar em cidades inteligentes:
Administração pública
Urbanismo
Tecnologia e o meio ambiente
Coesão social
Capital humano
Economia
É possível perceber, portanto, que esse índice avalia dimensões bastante abrangentes das cidades envolvendo não apenas a economia e o planejamento urbano. Afinal, ele também se preocupa com fatores sociais, como a coesão social e o capital humano. Portanto, quando pensamos em cidades inteligentes, devemos levar em conta todas as dimensões pelas quais as novas tecnologias podem influenciar e contribuir para o aumento da qualidade de vida dos moradores da cidade.
Tendocomo base o Cities in motion index, destacaremos agora algumas medidas que podem ajudar a tornar as cidades mais inteligentes:
UTILIZAÇÃO ESTRATÉGICA DAS TIC
Fazer uso inteligente das tecnologias para criar cidades mais eficientes, menos poluentes e mais equitativas.
pLANEJAMENTO URBANO EFICIENTE
Planejar o espaço urbano com o auxílio do uso de tecnologias de modo a garantir dignidade e acesso a áreas de convivência e de lazer para os moradores.
MOBILIDADE URBANA E TRANSPORTE PÚBLICO SUSTENTÁVEL
Criar mecanismos que busquem reduzir o tempo de deslocamento entre casa, trabalho e escola.
GESTÃO INTELIGENTE DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Coletar e tratar resíduos sólidos, reaproveitar os recursos recicláveis e tratar água e esgoto.
PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE SOCIAL
Criar mecanismos que estimulem um ambiente social propício ao desenvolvimento humano para todos os moradores das cidades.
TECNOLOGIAS APLICADAS À SAÚDE
Criar cadastros e pontos de atendimento mais eficientes e monitorar a saúde da população por meio de ferramentas digitais.
SISTEMA DE COMÉRCIO ELETRÔNICO
Criar sistemas de comércio de bens e serviços que facilitem e agilizem a economia local.
Cidades inteligentes e tecnologia da informação
Falamos anteriormente que a população mundial estimada para 2050 é de aproximadamente nove bilhões de pessoas. Desse expressivo contingente, aproximadamente 70% viverão em centros urbanos.
No entanto, ao mesmo tempo que as cidades apresentam uma realidade bastante desafiadora, é nelas que reside a maior possibilidade de mudança e de melhorias para a sociedade.
Para isso, é necessário criar um gerenciamento de serviços e de infraestrutura inovador que leve em conta as dimensões de tecnologia e sustentabilidade.
É nesse contexto que surge o uso das TIC, um dos fatores que tornam as cidades inteligentes. De maneira detalhada, demonstraremos a seguir como o uso dessas ferramentas pode contribuir para a existência de cidades mais sustentáveis, além de proporcionar mais qualidade de vida.
As plataformas de TIC podem ser instrumentalizadas nas cidades como:
Canais de transmissão de conhecimento, pontes de acesso às transações econômicas e geração de riqueza e criação de valor que se desenvolvem por meio de instituições científicas públicas e arquiteturas empresariais propícias ao fomento de soluções inovadoras, inclusivas e sustentáveis.
WEISS; BERNARDES; CONSONI, 2013.
Canais de transmissão de conhecimento a partir da tecnologia, as TIC se aliam ao conceito de cidade digital, ou seja, cidades que fazem uso extensivo de sistemas de comunicação e de ferramentas de internet.
Toda cidade inteligente tem, no seu cerne, componentes digitais importantes. Dessa forma, fica clara a importância significativa que as TIC desempenham nas cidades inteligentes.
As TIC podem contribuir para a melhoria significativa do planejamento urbano e da vida dos moradores das cidades.
O uso inteligente da tecnologia é capaz não somente de melhorar os processos de produção e distribuição de bens e serviços, mas também de fortalecer a comunicação entre diferentes atores da sociedade civil e governo. Entre outros quesitos, ela ainda pode promover a transparência.
Listaremos agora alguns exemplos práticos trazidos por Weiss, Bernardes e Consoni (2013). Eles mostram como as TIC podem contribuir para a melhoria das cidades:
EXEMPLO 1:
Empresas que utilizam a internet para proporcionar maior eficiência energética e otimizar a produção de bens e serviços.
EXEMPLO 2:
Sistemas inteligentes de monitoramento de infraestrutura urbana e de transporte.
EXEMPLO 3:
Documentação eletrônica e estímulo ao trabalho remoto, reduzindo o tempo de transporte e emissões.
EXEMPLO 4:
Sensores e câmeras integrados a sistemas de comunicação e dados centralizados.
EXEMPLO 5:
Serviços avançados de geolocalização e georreferenciamento.
EXEMPLO 6:
Sistemas eficientes de transporte e energia, desde a geração até sua distribuição.
EXEMPLO 7:
Sistemas de monitoramento da saúde de pacientes e da segurança pública.
Podemos perceber, a partir dessa lista, o enorme potencial de melhoria que as TIC podem gerar para as cidades. Para que o uso dessas ferramentas seja eficiente, é importante que:
Os sistemas da cidade funcionem de forma integrada de modo que os dados gerados a partir dos sistemas de monitoramento sejam avaliados e que o gestor público consiga tomar decisões baseadas nas necessidades mais urgentes.
Esses dados embasam as políticas públicas de saúde, transporte e segurança e permitem que o poder público atue de forma preventiva em eventuais problemas, como, por exemplo, catástrofes naturais e trânsito excessivo.
Cidades inteligentes e sustentabilidade
Como você já deve ter percebido, as cidades inteligentes englobam conceitos de sustentabilidade.
POR QUE É PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL DISSOCIAR OS CONCEITOS DE CIDADE INTELIGENTE E SUSTENTÁVEL?
Porque o objetivo da utilização das TIC e de outras ferramentas é melhorar a relação dessas cidades com o meio ambiente. Uma cidade inteligente utiliza os recursos de forma eficiente, otimizando tanto o espaço urbano quanto a utilização de recursos naturais.
Dessa maneira, quando pensamos na inteligência das cidades, também fazemos isso em relação à sua sustentabilidade, uma vez que o que faz mais sentido é garantir desenvolvimento sustentável e qualidade de vida às gerações futuras.
Trouxemos, na seção de desenvolvimento sustentável, uma série de medidas sustentáveis que as cidades podem adotar. Agora estenderemos esse conceito de sustentabilidade, levando em consideração as cidades inteligentes.
É possível reunir inteligência e sustentabilidade nos seguintes casos:
Caso 1
O balanceamento eficiente dos recursos necessários ao funcionamento das cidades pode ser otimizado a partir das TIC.
Caso 2
Novos modelos de gestão podem incorporar tecnologias que busquem a eficiência energética e o uso otimizado de recursos naturais.
Caso 3
A mobilidade urbana consegue utilizar ferramentas das TIC para reduzir o tráfego intenso, repensar vias e estimular o deslocamento por meio de transportes públicos de qualidade e ciclovias.
Reforçamos, portanto, que não é possível pensar em cidades inteligentes sem se abordar a dimensão da sustentabilidade. Garantir que as cidades do futuro estejam preparadas para contribuir com uma melhor qualidade de vida das próximas gerações é dever de todos os cidadãos e gestores.
Analisaremos agora outros dois aspectos das cidades inteligentes e da sua relação com a sustentabilidade: a mobilidade sustentável e as construções sustentáveis.
Dos pilares fundamentais da sustentabilidade urbana, apontaremos estes três:
Energia limpa
Processo de geração e distribuição de energia que emite poucos gases de efeito estufa (GEE).
Transporte limpo
Modos de transporte que emitem poucos GEE.
Ponto em comum
Mobilidade elétrica, que passa a ser um fator importante não só para o futuro das cidades, mas também para o meio ambiente global.
Recentemente, temos visto iniciativas de montadoras, de empresas do setor elétrico e do próprio poder público para viabilizar a mobilidade elétrica.
Isso ocorre a partir de subsídios por parte dos governos, pelo aumento de investimento na geração de energia limpa ou ainda pela adaptação das cidades para receber carregadores de automóveis elétricos.
Essas iniciativas geram um movimento que põe em prática a transição para uma mobilidade elétrica sustentável. Além disso, muitos atores já enxergam os veículos híbridos (os que operam tanto à base de eletricidade quanto de combustíveis fósseis) como uma etapa de transição importante para um futuro de mobilidade elétrica total.
Construções sustentáveis
As construções sustentáveis (do inglês green buildings) buscam reduzir os prejuízos ambientais causados pelas construções de casas e edifícios nas cidades.
Atualmente, esse novo conceito de construções tem afetado diretamente o setor de construção civil e o planejamento urbano das cidades. Ele é cada vez mais incorporado por arquitetos, urbanistas e planejadores urbanos ao redor do mundo.
Há sete pré-requisitospara a obtenção do selo LEED (sigla para leadership in energy and environmental design), que é o responsável por conferir a uma construção o caráter de sustentável. Esses pré-requisitos são os seguintes:
ESPAÇO SUSTENTAVEL:
Uma construção que seja capaz de reduzir impactos ambientais.
EFICIENCIA DO USO DA AGUA:
Confirma as premissas de reaproveitamento e de uso consciente.
INOVAÇÃO E PROCESSOS:
Inovações que reduzam desperdícios e aumentem a eficiência da construção como um todo.
MATERIAIS E RECURSOS:
Utilização e reutilização de materiais pouco degradantes à natureza.
ENERGIA E ATMOSFERA:
Busca da eficiência energética.
QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA:
Preocupação com a qualidade interna do ar.
CREDITOS DE PRIORIDADE REGIONAL:
Levam em conta as peculiaridades, as características e as necessidades de cada país.
Mesmo que algumas construções não tenham esse selo, é possível identificar diversas características que podem conferir um caráter de sustentabilidade a elas.
Quais seriam essas características?
Entre as principais características presentes em edificações do tipo, destacaremos estas: painéis solares, sistemas de reaproveitamento da água da chuva, coleta de lixo voltada para reciclagem, hortas comunitárias e jardins suspensos.

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