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Livro - Atividades de Academia e Ginastica Laboral.pdf ATIVIDADES DE ACADEMIA E GINÁSTICA LABORAL Marcelo Pontes Nobre E d u ca çã o A T IV ID A D E S D E A C A D E M IA E G IN Á S T IC A L A B O R A L M ar ce lo P on te s N ob re Curitiba 2020 Atividades de Academia e Ginástica Laboral Marcelo Pontes Nobre Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael. N754a Nobre, Marcelo Pontes Atividades de academia e ginástica laboral / Marcelo Pontes Nobre. – Curitiba: Fael, 2020. 216 p. il. ISBN 978-65-86557-22-0 1. Educação física 2. Ginástica laboral 3. Academia esportiva I. Título CDD 796 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael. FAEL Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona Revisão Editora Coletânea Projeto Gráfico Sandro Niemicz Imagem da Capa Shutterstock.com/Master1305 Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo Sumário Carta ao Aluno | 5 1. História da atividade física: da colônia aos dias atuais | 7 2. A chegada das academias ao Brasil | 27 3. Atividades de academia: um panorama global | 45 4. Atividades aeróbicas | 63 5. Atividades de contrarresistência | 81 6. Lutas e demais atividades | 103 7. Atividade física e atividade laborativa | 129 8. Ginástica laboral | 147 9. Ergonomia – soluções ergonômicas | 167 10. Programa de Qualidade de Vida | 185 Gabarito | 201 Referências | 211 Prezado(a) aluno(a), Bem-vindo ao estudo das disciplinas de atividades de academia, ginástica laboral e ergonomia. Este material básico é dirigido aos conhecimentos iniciais de profissionais que tra- balham diretamente com alunos praticantes de atividades de academia e de profissionais voltados a espaços de qualidade no trabalho. Carta ao Aluno – 6 – Atividades de Academia e Ginástica Laboral O estudo dessas atividades avança com a própria ciência. Sendo assim, é de grande valia o aprofundamento no tema em relação a novida- des e transformações oferecidas a um público grande e diverso. Esta obra está organizada em dez capítulos e traz atividades de fixação do conteúdo. Esperamos que você, aluno-professor, tenha motivação e prazer em estu- dar essa disciplina, com foco em seu sucesso profissional. “A sorte só aparece para quem está capacitado” (Roberto Fares Simão Junior). Bons estudos! 1 História da atividade física: da colônia aos dias atuais Neste capítulo, apresentaremos a história da atividade física no Brasil, desde sua colonização aos dias de hoje. O processo his- tórico tem seu primeiro registro na chegada dos colonos às terras indígenas, que remete ao ano de 1500 e indica que os nativos já praticavam uma série de atividades que reconhecemos hoje como atividades físicas. Como exemplos estão a caça e a dança. Do início desse processo seguiremos para os outros momen- tos de comprovada importância na história, que seguem desde o período Imperial, passam pelo Brasil República e chegam aos dias atuais. A importância de conhecer o processo histórico se dá por sua relevância na construção das atividades físicas em geral e como aquele afetou a maneira como estas são abordadas nos dias de hoje. O esquema a seguir apresenta como será a divisão do conteúdo durante este capítulo: Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 8 – Figura 1.1 – Sequência de atividades Fonte: elaborada pelo autor. 1.1 A atividade física durante a colonização A atividade física em terras tupiniquins tem seus registros com a chegada dos colonos portugueses no ano de 1500. O primeiro registro formal pode ser considerado a carta escrita por Pero Vaz de Caminha ao Rei Manuel I, na qual descreve seus encontros com a comunidade indí- gena. Nestas, relata atividades realizadas pelos índios, como danças, caça e jogos como peteca, atualmente praticada em ambientes distintos. No hall das atividades indígenas, podemos destacar também a canoagem, o arco e flecha, natação, luta corporal, arremesso de lança e o Rökrâ. As atividades realizadas pelos indígenas, hoje praticadas como esporte, têm extrema semelhança com algumas modalidades praticadas ainda hoje. Descreveremos, a seguir, algumas delas: a) canoagem – está inserida no dia a dia das populações indígenas. As canoas indígenas, fabricadas em madeira, eram utilizadas para navegação nos rios, para caça, pesca e transporte de manti- mentos das tribos indígenas. b) arco e flecha – nos tempos antigos, as tribos indígenas utiliza- vam o arco e a flecha como instrumento de guerra. No dia a dia, – 9 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais o arco e a flecha são utilizados para fins de caça e pesca e em alguns rituais religiosos de algumas tribos. c) luta corporal - as lutas corporais são realizadas por todos os integrantes da tribo. Entre elas, temos o Huka-Huka, uma tradicional luta realizada em duplas, por homens e mulhe- res, cujo principal objetivo é pegar a perna de seu oponente e derrubá-lo. d) arremesso de lança – as lanças utilizadas pelas diversas tribos indígenas podem ser de diferentes tipos, levando em conside- ração o objetivo de sua utilização. Também são de diferentes tamanhos, materiais, e podem apresentar pontas como metal, pedra, madeira e osso. Eram utilizadas para caça, pesca e rituais das tribos. e) rökrâ – é um jogo coletivo que deu origem ao popularmente esporte conhecido no Canadá como Lacrosse. É praticado por duas equipes de 10 ou mais componentes, e todos usam uma espécie de borduna (bastão), com o objetivo de rebater uma pequena bola (coco), a qual, ao ultrapassar a linha de fundo de seu oponente, marca um ponto. “Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos” (trecho da carta de Pero Alves de Caminha). As práticas corporais realizadas pelos indígenas apresentavam rela- ção direta com suas atividades essenciais diárias (caça, mobilidade) alia- das ao instinto de sobrevivência, e com atividades que envolviam o prazer coletivo (danças, jogos). Objetivos que permeiam nossas necessidades até os dias de hoje. As atividades e jogos realizados pela população indígena podem ter influenciado diretamente ou indiretamente nas práticas observadas até o dia de hoje. O arremesso de lança (hoje famoso arremesso de dardo, conhecido esporte olímpico) data de tempos mais antigos, como a Pré- -história, visto que essas atividades estavam quase sempre relacionadas às atividades diárias dos povos, como a caça. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 10 – Figura 1.2 – Índio em sua atividade diária, utilizando arco e flecha Fonte: Shutterstock.com/celio messias silva A origem da atividade física, de forma organizada e profissional, se daria muitos séculos à frente, e, nesse prisma, o mais importante é com- preender a construção do processo histórico iniciado pelos povos indíge- nas à época da descoberta do Brasil. Os próximos passos da atividade física no Brasil se darão com a difu- são da capoeira nas senzalas, entre o fim da Colônia e o início do Período Contemporâneo, assunto que trataremos no próximo tópico. 1.2 Do Brasil Império ao Brasil contemporâneo: principais momentos da atividade física Segundo Fontoura e Guimarães (2002), a história da capoeira está intimamente ligada à história dos negros no Brasil. Como foi visto, já próximo ao fim do Brasil Colônia, negros trazidos da África ao Brasil difundiram, nas senzalas, a capoeira. Vale ressaltar que alguns registros históricos garantem que a atividade foi criada na África e disseminada no Brasil, com a chegada do povo vindo do país africano; outros defendem que a capoeira teve seu berço no Brasil, da forma como é realizada ainda nos dias atuais (LUSSAC, 2013). No entanto, acerca desse assunto ainda pairam dúvidas até mesmo da contribuição do povo indígena para a criação da prática. De acordo – 11 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais com Silva (1995), o padre jesuíta José de Anchieta observou que os índios se divertiam jogando capoeira, porém não sendo citada nenhuma relação destes jogos com algum tipo de música ou luta. De origem tupi-guarani, a palavra capoeira significa “roça velha” e tem, entre seus principais estilos no Brasil, os seguintes: 2 angola – o nome Capoeira Angola é consequência de terem sido os escravos angolanos, na Bahia, os que mais se destacaram na sua prática (FONTOURA; GUIMARÃES, 2002 apud PASTI- NHA, 1988, p. 27). Surge a partir dos anos 80, em Salvador, e nas décadas seguintes, nas grandes cidades de outras regiões do país, assim como inúmeras cidades de cinco continentes (ZONZON, 2011). Se assemelha a uma graciosa dança, na qual a “ginga” maliciosa mostra a extraordinária flexibilidade dos capoeiristas (FONTOURA; GUIMARÃES, 2002 apud PASTI- NHA, 1988, p. 28). 2 regional – a capoeira regional é uma manifestação da cultura baiana, que foi criada no fim da década de 1920 por Manoel dos Reis Machado (Mestre Bimba). Ele utilizou seus conhecimen- tos de capoeira primitiva e da luta denominada Batuque. Esta era uma luta irada e violenta, na qual o objetivo era derrubar o adversário no chão usando somente as pernas. Figura 1.3 – A prática da capoeira nos mais diferentes ambientes Fonte: Shutterstock.com/Andre Silva Pinto Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 12 – Nos idos do século 18, a atividade física sobre o viés da Educação Física começa a tomar forma no país. O “Tratado de Educação Física e moral dos meninos”, livro escrito por Joaquim Jerônimo Serpa, em 1828, discorre sobre questões acerca da saúde do corpo, atividades e aspectos de crescimento e orientações sobre atividades a serem realizadas por meni- nos nos seus primeiros anos de vida (GUEDES, 2000). Talvez o primeiro guia para atividade física formal do qual tenhamos registro no país. A ciência a respeito dos benefícios da atividade física também foi grande aliada para a disseminação do conceito no país. As descobertas e o advento da ciência fizeram com que no fim do século 18 instituições de ensino da época incluíssem em seus currículos modalidades esportivas. Segundo Guedes (2000), atividades como esgrima, ginástica e natação foram incluídas em instituições militares de ensino, a fim de colaborar para a formação moral de seus soldados. Em 1851, a ginástica é incluída no currículo das escolas primá- rias, com base na lei 630, mas ainda nessa época encontrava-se grande resistência de muitos pais em ver seus filhos realizando atividades que não tinham relação direta com a atividade intelectual. Ainda nessa época o termo ginástica se confundia com a educação física de forma geral, abrangendo outras atividades desportivas. Somente após três anos, em 1854, a sua regulamentação foi expedida, e, entre as matérias a serem obrigatoriamente ministradas, estavam, no primário, a ginástica, e, no secundário, a dança. Da regulamentação à implementação dessas atividades, o processo histórico traz curiosidades, como o fato de as atividades serem divididas da seguinte forma nas escolas: para meninos, a ginástica e os exercícios militares; para meninas, a calistenia (ARANTES, 2008). A palavra calistenia tem raiz etimológica no grego antigo: Kallisthe- nes, que significa “cheio de vigor”, sendo parte da cultura geral do povo (ALLJAS; TORRES, 2015). O pressuposto da calistenia é o treinamento com o próprio peso do corpo e sem aparelhos. Como exemplos dessa ati- vidade, temos a ginástica sem pesos, o yoga, entre outros. Percebe-se, nessa época, que a atividade física orientada e formal ainda estava intimamente relacionada às instituições escolares e militares. – 13 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais Fora desses ambientes, somente havia as atividades indígenas, a capoeira e a dança. A dança, uma das artes cênicas da antiguidade, consiste na arte de movimentar o corpo seguindo movimentos ritmados que exprimem lin- guagens corporais diversas e que, normalmente, traduzem extremo prazer ao indivíduo que a pratica. De maneira geral, a dança tem origem nos movimentos naturais, e sua sequência de criação colabora com a varie- dade de estilos que nos leva a um mesmo objetivo: descobrir e desenhar o corpo no espaço, levando-nos a experiências de caráter emocional que expressam o nosso íntimo (ALMEIDA, 2005). No Brasil, a dança de salão chegou com a Família Real, no final do século 18. A modalidade conhecida nos dias de hoje como dança de salão sofreu influência da cultura africana e deu origem a outras danças popu- lares, como o Forró. Ainda no século 19 a dança de salão começa a fazer parte dos encontros da nobreza em seus salões; era denominada, generica- mente, como dança social (ALMEIDA, 2005). Em 1870, o Novo guia para o ensino da ginástica nas escolas da Prússia é traduzido e publicado no Brasil, sendo utilizado nas escolas da Corte, no Brasil, trabalho que foi ampliado com a publicação do teórico- -prático de ginástica escolar. O método diz respeito a um modelo de trei- namento alemão que foi incorporado pelas forças armadas brasileiras. Como dito anteriormente, a ginástica nem sempre teve o formato com que a encontramos hoje. Ela representava praticamente todas as atividades físicas realizadas em determinada época. Ainda no século 19 observamos que a ginástica servia prioritariamente às atividades de cunho militar e de mecanismo de controle. O caráter higienista e mili- tarista sempre esteve presente nas atividades físicas, e com uma ten- dência recorrente de tudo ser trazido da Europa para o Brasil, visando um modelo para a construção de uma nova ordem social (FERREIRA; SAMPAIO, 2013). Próximo ao final do século 19, militares e civis começam a apresentar propostas de organização para a Educação Física no Brasil, as quais eram conflitantes em seus objetivos. Dentro dessa disputa estava clara a força dos militares, que já apresentavam a inclusão de atividades físicas nos Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 14 – currículos das instituições militares, o que oferecia a estes uma vantagem considerável nesse sentido. Em 1882, temos o advento da Reforma do Ensino Primário e várias Instituições Complementares da Instrução Pública, reforma proposta pelos deputados Rui Barbosa, Thomaz do Bomfim Espínola e Ulysses Machado Pereira Vianna, e relatada por Rui Barbosa. O relator definiu os pontos que seriam de grande relevância para a ginástica nas instituições públicas naquele momento: Instituição de uma seção especial de ginástica em cada escola nor- mal, extensão obrigatória a ambos os sexos, na formação dos professores e nas escolas primárias de todos os graus, tendo em vista, em relação à mulher, a harmonia das formas feminis e as exigências da maternidade futura, inser- ção da ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, em horas distintas das do recreio e depois das aulas, e a equiparação, em categoria e autoridade, dos professores de ginástica aos de todas as outras disciplinas. Figura 1.4 – Capa original do encadernado da Reforma de 1882 Fonte: Site da Câmara dos deputados https://www.camara.leg.br/. – 15 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais Neste Parecer, Rui Barbosa, oferece ao sistema de ensino brasileiro uma profunda transformação, incluindo neste atividades, como a música, o canto e a educação do corpo. Este importante político brasileiro já havia contribuído para outro projeto de ensino – a reforma do ensino secundário e superior. No ano de 1890, o decreto 330 torna obrigatória, nas escolas mili- tares, a prática das seguintes atividades: esgrima, ginástica e natação. Mais uma vez, com a ideia de preparar fisicamente seus soldados para os campos de batalha, as instituições militares tornam obrigatória, em seus currículos, tais atividades. No início do século 19, como primeiro grande marco da atividade física temos a aprovação do Regulamento do Ginásio Nacional, exigindo a prática da ginástica com intuito higiênico. Em seu artigo quinto, o regulamento traz a seguinte determinação: Haverá em cada estabelecimento um professor de português, um de francês, um de inglês, um de alemão, um de latim, dois de mate- mática elementar, um de elementos de mecânica e astronomia, que fará no 6º ano a revisão do curso de matemática, um de física e química, um de história natural, um de geografia, especialmente do Brasil, um de história, especialmente do Brasil, um de grego e um professor de desenho, sendo comuns ao Internato e ao Externato um professor de literatura e um de lógica. Haverá ainda em cada estabelecimento um preparador de física e química e um de his- tória natural. No Internato haverá mais um instrutor de ginástica. O período que se sucede pode ser divido em 2 momentos – antes e depois da revolução de 1930. Ainda no final do século 19, temos a funda- ção da Associação Cristã de Moços (ACM) no Rio de Janeiro. Em 1901 é aprovado o regulamento do ginásio nacional, exigindo a prática das atividades esportivas com intuito higiênico. Este ginásio viria a se tornar uma unidade do Colégio Pedro II, localizado no Centro do Rio de Janeiro e que foi de suma importância para a atividade física de forma organizada nas instituições de ensino público da época. Seguir, apresen- taremos um esquema no qual apontamos os principais acontecimentos envolvendo a difusão da atividade física no Brasil: Figura 1.5 – Principais marcos da atividade física antes da Grande Crise de 1929 1909 Criação da Escola de Educação Física da Força Policial de São Paulo. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 16 – 1911 Novo Regulamento para o Colégio Pedro II, estabelecendo que as aulas de ginástica terão por fim robustecer o orga- nismo, devendo os mestres adestrar os alunos nos exercícios que constituem a Educação Física. 1921 Aprova o Regulamento de Instrução Física Militar, destinado a todas as armas. 1922 Cria o Centro Militar de Educação Física, destinado a dirigir, coordenar e difundir o novo método de Educação Física e suas aplicações desportivas. 1926 A Liga de Esportes da Marinha inicia o seu primeiro curso de Formação de monitores de Educação. 1929 Cria-se o Curso Provisório de Educação Física. Fonte: elaborada pelo autor Ainda em 1929 foi elaborado o “Anteprojeto de Lei submetido ao estudo da Comissão de Educação Física pelo General Nestor Passos, Ministro da Guerra”, com os seguintes destaques: o Diploma para profes- sores e instrutores de Educação Física, e o Certificado de Aptidão para os monitores, que seriam expedidos pelas Escolas Nacional Superior e Esta- duais de Educação Física, de Ginástica da Marinha e Centros Regionais de Instrução Física Militar, aos aprovados nos devidos cursos (DA COSTA; LAMARTINE, 2006). Em um segundo momento, após os efeitos da revolução, temos a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública. Criado em 14 de novembro de 1930, o ministério criado sob a gestão do presidente Getúlio Vargas dá início a um período de avanço da atividade física/ Educação Física no Brasil. Com o caráter de ministério, ganha status nacional e o viés da saúde é definitivamente associado ao conceito de atividade física. Ao seguir-se os fatos, os anos de 1931 e 1932 trazem 2 momentos cruciais para a organização da metodologia e da transmissão do conhe- cimento relacionadas à atividade física, como o da portaria 70 de 1931 que aprovava os programas das atividades da Educação Física para o curso secundário, acompanhados de orientação metodológica, e o decreto – 17 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais 21.241 de 1932 que mantém a exigência da Educação Física nos estabe- lecimentos de ensino secundário e reconhece a necessidade da criação da função de inspetor especializado nessa prática educativa. Em seu artigo 98, o decreto apresenta o seguinte texto: ... a designação de inspetores especializados para a orientação do ensino da música e dos exercícios de educação física, caberá aos inspetores de estabelecimento de ensino velar pela execução dos programas e das instruções que, para aquele fim, forem expedidas pelo Departamento Nacional do Ensino. Da mesma forma, a partir desse momento iremos enumerar fatos his- tóricos que contribuíram para o processo de difusão e organização da ati- vidade física no Brasil, com base no esquema a seguir: Figura 1.6 – Principais marcos da atividade física após a Grande Crise de 1929 1937 Cria a Divisão de Educação Física do Ministério da Educação. 1939 Escola Nacional de Educação Física e Desportos e a ESEF (Escola Superior de Educação Física) do Paraná Institui a Comissão Nacional de Desportos. 1941 Cria o Conselho Nacional de Desportos (CND). 1947 Admite o registro na Divisão de Educação Física, o diploma de instrutor de Educação Física, conferido a partir do ano escolar de 1943, pela Escola de Educação Física do Exército. Fonte: elaborada pelo autor. 1.2.1 O pensamento higienista e a atividade física O pensamento higienista pode ser resumido ao conceito de preconi- zar normas e hábitos que colaborariam com o aprimoramento da saúde coletiva e individual. Tal “movimento” era altamente heterogêneo sob o ponto de vista teórico (nos seus fundamentos biológicos e raciais) e ideo- lógico (liberalismo e antiliberalismo) (JUNIOR, 2007). O higienismo como estratégia de saúde foi introduzido no país a par- tir do final do século 18 e início do século 19. Nas faculdades de medicina da época, em profusão, as teses dos novos médicos traziam como tema Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 18 – novos hábitos, para a população, dos cuidados ao corpo, como os cuidados pessoais íntimos e sanitários. Segundo Mendes e Nóbrega (2008) o conceito de saúde era influen- ciado pela confiança nos progressos e nas descobertas recentes que deve- riam sanar os males e desenvolver o país. O desafio para o sanitarismo não consistia apenas em suprimir as doenças e diminuir a mortalidade geral, mas também em popularizar noções indispensáveis aos cuidados com a saúde. Nesse sentido, a ciência em busca de melhores níveis de saúde, controle de medidas sanitárias, entre outras medidas viriam de encontro à necessidade de uma melhora na qualidade de vida dos cidadãos. O corpo tratado meramente como ente biológico, concebendo a atividade física como instrumento de saúde somente ao corpo físico, era uma das princi- pais ideias do higienismo. Em síntese, podemos afirmar que o período descrito revela impor- tância para a difusão do binômio Educação Física/Atividade Física nas instituições civis de cunho civil e militar; na área civil, a busca da ativi- dade física como elemento educador; na área militar, como instrumento de ordem. Podemos também observar o status da atividade sendo alçado em níveis nacionais, o que contribuiu para sua difusão em todo o país. O pensamento médico higienista também pode ser citado, visto que o foco na saúde do corpo e medidas sanitárias foram altamente implantados nessa época. 1.2.2 Os desportos coletivos no Brasil No início do século 19, os desportos coletivos no Brasil foram uma tentativa de se organizar e tornar seus campeonatos, antes amadores, em campeonatos profissionais. Nesse período, temos a fundação das mais antigas federações do país. Dentre elas, podemos citar a primeira federa- ção de futebol do Brasil, que vem a ser a Federação Baiana de Futebol, fundada em 1913, pelos clubes Salvador, Vitória, Clube Bahia de Tênis e Internacional. No basquete, temos em destaque a criação da Federação Paulista de Bola ao Cesto, em 1924. A fundação de federações e, posteriormente, de confederações, vem fortalecer a prática dos esportes nos tradicionais clubes sociais, e também – 19 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais nos clubes de futebol, colaborando para a organização das modalidades e a organização de competições oficiais. Nos próximos capítulos, iremos acompanhar o processo que levou a atividade física ao status de que desfruta hoje. 1.3 A atividade física nos dias atuais Ao longo dos anos, após o fim da ditadura no Brasil, a atividade física se configura com o aumento do número de pessoas nas academias de ginástica (como eram chamadas na época), e com o aumento e diversi- ficação das atividades físicas. O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), fundado em 1954, nos Estados Unidos, se tornou, desde então, um norteador para as atividades físicas praticadas pelo mundo. Como parte importante da ativi- dade física no mundo, o ACSM publica seu primeiro guia sobre prescrição de exercícios, em 1975: Diretrizes da ACSM para testes de exercício gra- dual e prescrição de exercício. No Brasil, apesar de vários colégios voltados à ciência da atividade física, o ACSM continua sendo uma referência importante para cientistas, faculdades e instituições voltadas às atividades físicas em geral. 1.3.1 A criação do Ministério dos Esportes No âmbito dos desportos, temos a criação do Ministério dos Esportes, que apesar de ser responsável pelas atividades físicas em geral, sempre apresentou um maior direcionamento aos desportos, como exemplo os esportes olímpicos e os desportos coletivos. O processo de construção que contribuiu para o Ministério dos Esportes, no ano de 1995, pelo então presidente do Brasil Fernando Hen- rique Cardoso, começa na divisão de Educação Física criada em 1937 e já citada no capítulo anterior. Em 1970, a divisão de Educação Física é transformada em Departamento de Educação Física e Desportos, ainda vinculado ao Ministério da Educação e Cultura, na gestão do presidente Emilio Garrastazu Médici. O nome e o cunho do órgão responsável pela Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 20 – Educação Física e o Desporto ainda sofreria algumas transformações antes de alcançar o status de Ministério. Em 1978, com a transformação do departamento em Secretaria de Educação Física e Desportos, e em 1990, durante o curto governo do pre- sidente Collor, em Secretaria de Desportos da Presidência da República. Por fim, em 1995 o presidente da república cria o Ministério dos Esportes, tendo como seu primeiro ministro o ex-jogador Edson Arantes do Nasci- mento, mais conhecido como Pelé. Em 2019, o presidente Jair Messias Bolsonaro extingue o Ministério dos Esportes, incorporando-o como Secretaria Especial de Esportes ao Ministério da Cidadania. 1.3.2 As atividades físicas mais praticadas nas décadas mais recentes Mais importante do que compreender o processo originário de cada atividade, visto que a maioria das que serão listadas tem origens externas ao Brasil, nesse ponto apresentaremos as atividades que, ao decorrer das décadas, apresentavam destaque especial nas academias de ginástica. Apesar de ser comprovado por pesquisas recentes que as ativida- des como caminhada e futebol são as mais praticadas ao longo dos anos, ressaltaremos aqui as atividades, no processo temporal, que estiveram em destaque nesse período. Na década de 1980, a musculação e a ginástica localizada sempre foram verdadeiros carros-chefes das academias, no entanto, algumas ati- vidades novas à época também conquistaram muitos adeptos, e algumas delas são realizadas ainda hoje. A seguir, listaremos algumas delas: 2 ginástica aeróbica – essa atividade foi inserida nas academias ainda na década de 1980, conquistando muitos adeptos pela dinâmica de seus movimentos. Segundo Valim e Volp (1998), a ginástica aeró- bica tem sua adesão aumentada devido à aderência ao exercício acontecer pelo controle de peso, convívio social, pela expressão estética e a motivação vinda da música ou pela própria satisfação em praticá-la. Além de sua aplicação em academias, a ginástica – 21 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais aeróbica também apresenta uma versão para a prática esportiva, em que são organizadas competições oficiais com apresentação de rotinas técnica acompanhadas de música, com duração média de 2 minutos, podendo ser realizada de forma individual ou coletiva. Figura 1.7 – Ginástica aeróbica Fonte: Shutterstock.com/ ESB Professional 2 step – na década de 1990, o conhecido step training toma conta das academias de todo o Bra- sil. Atividade realizada com o auxílio de uma p l a t a f o r m a , com sequên- cias de subidas e descidas, em que podem ser utilizados aces- sórios como caneleiras, bar- ras e halteres, trabalha com frequência e cadência distinta de movimentos. A prática da modalidade tem como objetivo princi- pal a melhoria da condição aeróbia do indivíduo e também a sua resistência muscular localizada. Figura 1.8 – Step training Fonte: Shutterstock.com/David Pereiras Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 22 – 2 spinning – na década de 1990, apesar de as academias já apresentarem aparelhos ergométricos (esteiras, bicicletas) em suas salas de musculação, o spinning surge como alternativa para uma aula coletiva e orientada sobre a bicicleta. Também chamado de cycle indor, essa atividade tem regrada a música, acontece em intensidades distintas e com períodos de des- canso ativo sobre a bicicleta. Essa atividade promete altos níveis de gasto calórico e até os dias de hoje é procurada por aqueles que desejam perder peso e melhorar seu condiciona- mento físico. Figura 1.9 – Spinning Fonte: Shutterstock.com/vectorfusionart 2 pilates – no início dos anos 2000, essa atividade foi fortemente inserida nas academias sob duas formas: Pilates solo e Pilates aparelhos. O Pilates solo é atividade normalmente realizada de forma coletiva e com exercícios voltados à coordenação, flexibi- lidade, força, equilíbrio e resistência. Já o Pilates com aparelhos, apesar de possuir objetivos semelhantes, contará com uma série de aparelhos que oferece ao praticante uma sensação de segu- rança para execução dos movimentos, sendo, por esse motivo, muitas vezes procurado por muitos idosos e também por orien- tação médica ou fisioterápica. Além disso, essa forma apresenta aulas com um número menor de pessoas, ou, em alguns casos, até o atendimento individualizado. – 23 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais Figura 1.10 – Pilates aparelho Fonte: Shutterstock.com/Iryna Inshyna Figura 1.11 – Pilates solo Fonte: Shutterstock.com/Iakov Filimonov 2 crossfit – hoje em dia, essa é atividade da moda. Uma das ati- vidades mais praticadas da atualidade, tem como fundamento exercícios funcionais, complexos e dinâmicos. Faz a utilização de halteres tradicionais como também de aparatos próprios, como o Kettlebell (Uma bola de ferro fundido, na maioria das vezes com uma alça). Segundo Tibana et al (2015), o crossfit é um dos pro- gramas de condicionamento extremo que mais cresce em número de adeptos, além de contar com mais de 10.000 academias conve- niadas pelo mundo. Entre os objetivos da atividade, podemos citar o aumento da força, hipertrofia e resistência muscular. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 24 – Figura 1.12 – Crossfit Fonte: Shutterstock.com/LStockStudio Nos próximos capítulos, explicaremos de forma mais detalhada a diversidade de atividades realizadas em academias hoje em dia, com seus principais objetivos e exemplos práticos. Em síntese, podemos considerar o período analisado de suma impor- tância para a construção da identidade da atividade física no Brasil, desde as primeiras manifestações observadas no cotidiano das populações indí- genas e seus hábitos, que inspiraram jogos e esportes, ao período Pós- -colonial, permeado pelas legislações pertinentes à Educação Física, com o aumento da importância da cultura da saúde do corpo e sua inserção em instituições militares e públicas de ensino por todo país. A criação de instalações para a prática e a formação de profissionais especializados na área também são pontos marcantes do período, bem como a atividade física figurando de forma organizada, com órgãos fisca- lizadores e atuantes em todo o país. Por fim, a diversidade de atividades apresentadas em academias e fora delas nos levando à atividade física como é conhecida hoje. – 25 – História da atividade física: da colônia aos dias atuais Saiba mais SOARES, E. R. Educação Física no Brasil: da origem até os dias atuais. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 17, n. 169, 2012. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd169/educacao-fisica- -no-brasil-da-origem.htm. Acesso em: 12 jul. 2020. Atividades 1. Discorra sobre as primeiras manifestações (atividades físicas) percebidas pelos colonos na chegada ao Brasil em 1500. 2. Cite e comente 2 legislações que foram destaques na construção da identidade durante o período Pós-colonial. 3. Entre o final do século 18 e início do século 19, um “pensa- mento” norteou, entre outras orientações, os caminhos traçados pela atividade física naquela época. Que pensamento era esse? Discorra sobre ele. 4. Cite 3 atividades que foram referências nas academias entre os anos 1980 e 2000 e discorra sobre elas. 2 A chegada das academias ao Brasil Neste capítulo, apresentaremos as origens das academias no Brasil, desde as tradicionais, nas quais são oferecidas atividades de luta, ginástica e dança, às grandes academias atuais. Nesse sentido, discutiremos o processo de transformação e o aumento da diversidade de atividades, bem como o consequente aumento da procura e do interesse do público em geral, de acordo com os mais diversos objetivos, específicos a cada necessidade. Das pequenas academias de bairro até as grandes redes que dominam atualmente o mercado Fitness no Brasil, trataremos de elucidar os caminhos que transformaram esses estabelecimentos em grandes centros de lazer e interação social. Veremos também a importância do profissional de Educação Física em todo esse processo, bem como sua transformação ao longo do tempo. Por fim, apresentaremos os mais diversos tipos de ativi- dade de acordo com suas principais características. O Esquema a seguir apresenta como será a divisão do conteúdo deste capítulo: Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 28 – Figura 2.1 – Sequência de atividades Fonte: elaborada pelo autor. 2.1 A origem das academias no Brasil Os primeiros relatos de que se tem conhecimento a respeito de “espa- ços fechados” para prática de atividade física no Brasil datam do início do século 19. Em 1914, na cidade de Belém, na Região Norte do país, temos o primeiro registro de uma academia – a academia do Conde Koma, que ensinava Jiu-Jítsu. Nessa época, não eram conhecidas por esse nome, e sim como “Institutos de Modelagem Física”, e, nesses espaços, de uso majori- tariamente masculino, havia atividades como o levantamento de pesos, a ginástica e as lutas. Nesse período, já estavam em atividade alguns clubes que mantinham tais modalidades e também as modalidades desportivas. O termo “academia” tem origem na Grécia Antiga e remete ao filó- sofo Platão, que escolheu como local para fundar sua Escola de Filosofia um bosque que levava o nome do legendário herói grego Academos (TOS- CANO, 2001). A primeira onda de culto ao corpo chega ao Brasil por volta de 1920, tendo como influência a moda e as propagandas vindas da América – um fenômeno conhecido como “corpolatria”, o qual exprimia o culto ao corpo sem respeito à saúde e, muitas vezes, de forma exagerada. – 29 – A chegada das academias ao Brasil Já na década de 1930 teríamos a introdução da primeira academia de ginástica, propriamente dita, no país. Essa academia foi instalada no Rio de Janeiro, no bairro de Copacabana. A professora Gretch Hillefeld foi a responsável, nesse espaço, pela chamada ginástica analítica, com as devi- das adaptações às necessidades do povo brasileiro. Ainda nessa época, nos espaços citados como Centros de Modelagem Física, a característica dos treinamentos era extremamente empírica, sem uniformização, na maioria das vezes por orientação dos próprios pratican- tes com mais experiência. Frequentados por jovens do sexo masculino, o principal objetivo desses espaços era esculpir os corpos ganhando mús- culos por meio da utilização, principalmente, de barras, anilhas e do peso do próprio corpo – prática também chamada de calistenia – termo que estudaremos em um próximo momento. Durante as primeiras quatro décadas do século 19, podemos dizer que as academias de ginástica existentes sofreram forte influência da escola alemã, devido, principalmente, à imigração proveniente daquele país. Na Região Sul do país, muitas “academias de ginástica” foram criadas sob essa influência, tornando a atividade bem difusa àquela época. A seguir, apontaremos alguns dos principais movimentos das acade- mias, no início do século, que iniciaram, de forma mais ampla, a corrida das academias no Brasil: Figura 2.2 – Origem e difusão das academias no Brasil 1923 Primeira academia de Judô instalada no país, na cidade de São Paulo. 1932 Abertura do Centro de Cultura Física e Capoeira Regional em Salvador. 1933 Abertura da primeira academia do Nordeste, em Fortaleza. 1935 Abertura de duas academias dedicadas à ginástica feminina, no Rio de Janeiro. Fonte: elaborada pelo autor. Durante esse período, outras academias foram fundadas, diversifi- cando as atividades e aumentando a oferta de modalidades no país. Há Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 30 – relatos de poucas academias multidisciplinares, como observamos hoje em dia, no entanto não serão objeto de estudo nesse momento, mas assunto para os estudos do próximo capítulo. 2.2 Processo de evolução das academias de ginástica No início década de 1940, percebemos que as academias de ginástica, como observamos hoje em dia, começaram a ganhar forma no país – espa- ços e modalidades diversas e ambientes específicos para cada atividade. No entanto, esse movimento era tímido e só aconteceria de forma mais robusta a partir da década de 1970. A expansão mais intensa das academias pelo país teve início na década de 1950. Em paralelo a esse movimento, a televisão chegou ao país, e os impactos causados por ela influenciaram diretamente a atividade física e as academias da época, como veremos mais à frente. Os espaços para prática do culturismo começaram a surgir em cida- des do interior, como o Ginásio João Leal Filho, em Serra Redonda, na Paraíba – homenagem ao atleta de mesmo nome que era reconhecido em todo o mundo pela prática do fisiculturismo. O culturismo é a prática que pretende aumentar os músculos, tornando-os mais volumosos e harmôni- cos na estrutura corporal. Espaços com essa estrutura também prolifera- ram em grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, o que também ocasionou o aumento de competições e a criação de federações a fim de organizar a atividade. Outra forte característica das academias nessa época e ainda na década de 1950 é que não eram prioritariamente centros de atividades econômicas que visavam lucro, na maioria das vezes funcionavam com recursos próprios e de seus colaboradores. Segundo Furtado (2009), nesse período as principais atividades prati- cadas nas academias eram: a ginástica e suas variações, o halterofilismo, as modalidades de luta e a natação. Também ocorrem os primeiros registros de academias que ofereciam mais de uma modalidade, no entanto, apesar da difusão desses espaços, estes ainda não eram os locais preferidos para – 31 – A chegada das academias ao Brasil a atividade física, e sim clubes, associações e escolas, que concentravam a maioria dos praticantes. Até a década de 1970, o panorama de atividades e objetivos não se alteraria muito. No entanto, a partir dessa época começam as influências americanas via propaganda televisivas, que influenciariam nas práticas em academias, bem como nos objetivos a serem alcançados. Nesse con- texto, a representação do corpo na mídia era algo extremamente ligado a corpos esculturais, modelo trazido por atletas do fisiculturismo, como o ator Arnold Schwarzenegger, grande ícone dessa época e vencedor por 7 vezes do Mr. Olímpia – importante campeonato de fisiculturismo no mundo. A pergunta é: como a influência americana alterou o panorama das academias no Brasil? Segundo Souza e Ferreira (2016), a partir da década de 1950 muitos filmes americanos traziam atores com corpos atléticos, e tais filmes viriam a ser exibidos no Brasil, que viveria um momento deter- minante: a adoção de um modelo ideal, objetivado pelo padrão de corpo no mundo – o corpo trazido pela prática do Fisiculturismo. Já estudamos anteriormente que esta prática data de muitos anos antes, no entanto foi devido à propagação dos aparelhos de televisão no Brasil e ao aumento do acesso à informação que o número de pessoas interessadas na atividade de academia aumentou no país. Figura 2.3 – Academias de fisiculturismo Fonte: https://www.hipertrofia.org Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 32 – Ainda na década de 1970 o público frequentador de academias aumentou exponencialmente, principalmente em relação à prática do halterofilismo e do fisiculturismo. Outras modalidades também ganha- ram seu espaço, como as lutas, a ginástica e a natação, de modo que houve também o aumento de espaços que ofertavam mais de uma modalidade. Com o crescimento do número de praticantes de ativida- des físicas, outras demandas também foram se transformando, de modo que tais espaços passaram também a necessitar de novidades e trans- formações ao longo desse período. A atividade física nas academias tornava-se de uma vez por todas um negócio que, com o tempo, seria altamente rentável. Nesse momento aconteceria uma grande transformação, principal- mente nas salas de halterofilismo, que deixariam de ser assim chamadas para se tornarem salas de musculação, com o advento dos aparelhos. Os primeiros registros de uso de aparelhos voltados para a atividade física datam do século 17, no entanto falaremos aqui dos aparelhos da Era Moderna, que deram origem aos aparelhos de musculação como os vemos hoje. Arthur Jones foi o idealizador e criador dos primeiros aparelhos, fun- dando a empresa Nautilus, nos Estados Unidos, em 1970. Arthur, que era um grande entusiasta do treina- mento de força, desenvol- veu os aparelhos de mus- culação com o objetivo de aumentar a força muscular e promover hipertrofia, potência e resistência. No Brasil, esses aparelhos chegaram às academias na década de 1980, transformando esses espaços e aumen- Figura 2.4 – Pullover Nautilus Fonte: https://www.musculacao.net/pullover-nautilus/ – 33 – A chegada das academias ao Brasil tando a demanda de produção de aparelhos no próprio país, de modo que empresas do ramo se desenvolveram juntamente com a necessidade desses centros de treino. A partir desse momento as academias passam a ser negócios estrutu- rados, com professores específicos para cada atividade, coordenação e ati- vidade gerencial administrativa. Com o crescimento do mercado de aca- demias no país, passa a ser quase que uma exigência o desenvolvimento de processos gerenciais nas entidades do setor, realizados por gestores profissionais (Santana et al, 2012). Nessa mesma época, em que a academia ainda não era um espaço prioritariamente para as mulheres, a ginástica aeróbica surge para trazer mais uma opção de atividade e ocupar as salas desses espaços. Tendo como novo ícone a atriz americana Jane Fonda, essa atividade tornou-se popular, principalmente entre as mulheres dessa época. Ainda no início da década de 1980, outro método também seria de grande influência para a abertura de novas academias no Brasil – o método criado por Kenneth Cooper. Cooper atribuía uma vida saudável à execu- ção de exercícios aeróbios diariamente, o que também criou uma demanda de investimentos em novas tecnologias de equipamentos dessa modali- dade nas salas de musculação. Entre as décadas de 1980 e 1990, a sala de musculação toma uma forma parecida com a que temos hoje, com aparelhos munidos de tecnologia e que ofereciam segurança para o treinamento de todos os públicos, juntamente com as salas para atividades coletivas, como a ginástica aeróbica. Estava instalada a “Era de culto ao corpo” em que as celebridades desfilavam corpos musculosos e as academias ganhavam cada vez mais adeptos. As salas de musculação já não eram de exclusividade masculina, as mulheres tomavam seu espaço nas academias. Com o acelerado aumento nas demandas, eram necessárias novas tecnologias associadas ao treinamento. Nesse sentido, a abertura da eco- nomia no início da década de 1990, que se caracterizou por uma econo- mia de integração competitiva que priorizava a economia globalizada, favoreceu a entrada de equipamentos e empresas dispostas a investir capital nesse segmento. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 34 – A partir desse processo, a concorrência entre as academias aumenta. Trona-se latente a facilidade de se obter equipamentos de ponta no mer- cado nacional, e o número de academias volta a disparar em função do interesse de novos frequentadores. São criados, então, espaços cada vez mais adaptados à necessidade do público. Dentre as empresas estrangeiras que se destacaram nessa época podemos citar a italiana Technogym e a americana Life fitness. Em levantamento realizado pelo CONFEF (Conselho Federal de Edu- cação Física) no final dos anos 1990, o Brasil possuía cerca de 800 acade- mias, número que aumentaria drasticamente nos anos que estavam por vir. A partir de 1998, quando a profissão de professor de Educação Física é regulamentada pela Lei 9696/98, o registro formal das academias passa a ser obrigatório nos conselhos regionais da classe. A partir desse momento é possível realizar um acompanhamento mais apurado do aumento de número de academias no Brasil. Durante a primeira década do século 21 temos a chegada das acade- mias do sistema Body System, o qual prometia ao praticante atividades adaptadas de outras já existentes (por exemplo o Body Step, baseado nas aulas de Step) considerando curvas de esforço semelhantes entre as ati- vidades do sistema, pré-coreografadas e regadas a muita música. Nessa época, algumas academias já passam a priorizar características de ativi- dades e iniciam a cobrança de pacotes, como o pacote terrestre, no qual todas as atividades realizadas fora da piscina eram incluídas (musculação e atividades como ginástica, jump, step) e um pacote aquático, que incluía hidroginástica e natação. A necessidade de administrar um negócio, visto agora como um grande investimento de capital, que geraria grandes lucros, faz com que mais uma vez as academias se transformem e transformem sua organiza- ção administrativa. A partir de então as academias tornam-se empresas, em sua estruturação, seja de pequeno ou médio porte. Um grande indicador da importância das academias nesse período diz respeito à quantidade de empregos sustentados pelo ramo no país – cerca de 140.000 pessoas têm suas rendas provindas diretamente das aca- demias (DA COSTA, 2003). – 35 – A chegada das academias ao Brasil A partir desse momento, as grandes redes de academia começam a surgir no Brasil. Podemos citar, entre elas, a Companhia Atlética e a rede Body Tech. A primeira foi a grande rede de academia pioneira em território nacional, no ano de 2000, inaugurando sua primeira unidade fora de São Paulo. Utilizando-se de grandes espaços e com diversas modalidades, essa rede talvez possa ser considerada o primeiro grande centro de lazer nesse formato. A rede holding Body Tech nasceu em 2005, no Rio de Janeiro, com a propostas de estabelecer grandes academias pelo estado do Rio de Janeiro e, em seguida, pelo Brasil. Hoje, a rede possui 105 academias no país e é uma das líderes do segmento nacional. Ainda no mesmo período surge o método Curves, voltado especifi- camente para mulheres e com a duração de 30 minutos diários. O método preconizava fortalecer a musculatura, reduzir o percentual de gordura, aumentar o metabolismo e prevenir doenças por meio de uma série de exercícios em aparelhos específicos que durava exatos 30 minutos. A rede de franquias chegou a possuir 120 unidades só no Brasil. Na década seguinte, aconteceria a explosão das grandes redes, dimi- nuindo cada vez mais a existência das “academias de bairro”. Grandes redes, como Smart Fit, Blue Fit, Fórmula, entre outras, tomariam o mer- cado Wellness por todo o país. Ao contrário da maioria das academias, que ofertavam cada vez mais atividades como lutas, musculação, ginástica e atividades aquáticas em um mesmo pacote, o que sabidamente faria com que os preços das modalidades subissem, outras academias de rede surgiram com o enfoque em menos ati- vidades com um custo extremamente reduzido. Nessa linha, no ano de 2009 temos a criação da rede de academias Smart Fit. Com a ideia de oferecer, inicialmente, a atividade de musculação a baixo custo e com facilidade de acesso, a rede toma uma importante fatia do mercado. Com um número grande equipamentos, além de baixo valores, a rede ainda oferece a possibi- lidade de utilizar outras unidades da rede em todo território nacional. Após esse movimento, outras redes seguiram a mesma linha, e no início da segunda década do século 21 teríamos um novo nicho de mer- cado – as academias de Cross Fit – que começaram a ser criadas em espaços como boxes, pequenos ou grandes, os quais eram marcados pela Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 36 – ausência de grandes aparelhos, tradicionais, usados nas salas de muscu- lação da academia. Segundo Tibana (2015), essa atividade é a que mais cresce em número de adeptos e de academias no mundo. O método é baseado na realização de exercícios funcionais com a utilização da mescla de exercícios do levan- tamento olímpico e exercícios aeróbios. As barras e anilhas utilizadas na musculação também são bastante utilizadas nessa modalidade. Estima-se que no Brasil exista perto de 1000 boxes registrados e funcionando para a prática da modalidade. Com relação à movimentação financeira relacionada a esse mercado, segundo o último levantamento realizado pela ACAD (Associação brasi- leira de academias), em 2017, o Brasil faturou no mercado Fitness cerca de 2 bilhões de reais, alcançando o número total de 9,6 milhões de clien- tes, o que coloca o país em 12o lugar no ranking de faturamento no mundo, e o 4o em número de clientes. Figura 2.5 – Evolução do quantitativo de academias no Brasil nos últimos 20 anos 800 9300 23000 31000 34000 42000 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 2000* 2007** 2013** 2015** 2017** 2019** Número de academias nos últimos 20 anos *Levantamento pelo Conselho Federal de Educação Física ** Levantamento realizado pela ACAD Fonte: elaborada pelo autor. – 37 – A chegada das academias ao Brasil Figura 2.6 – Faturamento x número de clientes nos últimos anos 2,4 2,4 2,1 7,2 7,9 9,6 0 2 4 6 8 10 12 2013 2015 2017 Faturamento x Número de clientes Faturamento Clientes * Valor em bilhões de reais ** Estimado em milhões de pessoas Fonte: elaborada pelo autor. Segundo os dados da figura 2.6, percebemos que, apesar do aumento do número de clientes ao longo do tempo, temos uma diminuição de fatu- ramento que foi apurada em 2017, e a explicação para esse fato pode ser encontrada no aumento da diversidade de segmentos nesse período, o que aumentou a concorrência e diminui os valores cobrados pelas academias. Atualmente, as grandes academias se tornaram verdadeiros centros de lazer, com instalações variadas, como sala de musculação, salas distin- tas para atividades como lutas, estúdios de Pilates, spinning, e coletivas em geral, campos de futebol, além de espaços destinados para esportes de aventura, como paredes de escalada. A necessidade de atrair vários públi- cos e mantê-los na academia fez com que até espaços infantis fossem cria- dos em algumas delas, a fim de que os pais se exercitem e deixem seus filhos nesses espaços durante esse tempo. Por fim, ressaltamos também os espaços de convivência criados dentro desses ambientes, como lanchone- tes, cafeterias e até lan houses. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 38 – As estratégias como diversificação de atividades, ambientes extrema- mente limpos e cuidados e a segurança tornaram as academias segmentos de grande interesse para uma maior diversidade de público no país. No próximo tópico, esclareceremos alguns pontos, sob o prisma das academias, a respeito de estratégias para atrair o público-alvo, cada vez em maior número. 2.3 Os diferentes tipos de atividade física sob o prisma da motivação, necessidade e afinidade Ao longo dos anos, os objetivos e interesses relacionados à atividade física foram se transformando. Por muito tempo a atividade física, de uma forma geral, foi imposta nas escolas e institutos militares. No entanto, após esse período, academias de diversas modalidades surgiram e trouxe- ram às pessoas a oportunidade de se exercitar por interesse ou por algum fator externo que influenciaria e criaria a motivação necessária para iniciar uma atividade. Devemos admitir que ainda hoje, considerando o tamanho da população brasileira, existe uma parcela reduzida da população inse- rida nas academias. Como visto anteriormente, cerca de 10 milhões de pessoas praticam alguma modalidade em academias em todo território nacional, o que sig- nifica que cerca de 5% de toda a população está inserida nesses espaços. O Brasil, em comparação a outros países do mundo, ocupa um lugar de destaque quando comparados os números absolutos de clientes, ocu- pando uma honrosa quarta posição, à frente de grandes potências da Europa; porém, quando comparados os percentuais da população regis- trada em academias, no Brasil encontramos o número de 5% da popula- ção nessa condição, quando os outros 3 países apresentam números bem mais elevados. Figura 2.7 – Ranking de clientes em números absolutos 1º Estados Unidos (60,8 Milhões) 2º Alemanha (10,6 Milhões) – 39 – A chegada das academias ao Brasil 3º Reino Unido (9,7 Milhões) 4º Brasil (9,6 Milhões) Fonte: elaborada pelo autor. Nesse sentido, é importante ressaltar que o Brasil ainda tem um mer- cado com grande potencial para ser conquistado pelas academias. Mas o que deve ser feito para que outra parte dessa grande população brasileira entre, de fato, nas academias? Figura 2.8 – Clientes em percentual da população 0 5 10 15 20 EUA Alemanha Reino Unido Brasil Percentual Fonte: elaborada pelo autor. Além de preços mais baixos e da diversificação de atividades e de ambientes, o mercado Fitness está longe de alcançar resultados compa- ráveis aos dos países de primeiro mundo da América e Europa. Como vimos anteriormente, hoje em dia muitas academias se tornaram verda- deiros centros de lazer, com espaços para crianças, cafeterias entre outros ambientes que facilitam o acesso e atraem o público em geral, no entanto, apesar da expansão do mercado, ainda estamos longe do ideal. Mais do que conseguir novos adeptos, as academias atualmente têm outra grande dificuldade – a retenção de alunos e a aderência às atividades. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 40 – A IHRSA – International Health, Racquet and Sportclub Association – estabeleceu uma fórmula para aumentar a Taxa de Retenção de Clientes, que é usada por gestores e se traduz da seguinte forma: taxa de cancela- mento anual = n.º de clientes cancelados nos últimos 12 meses a dividir pela média do n.º de clientes ativos pagantes nos últimos 12 meses. A dinâmica do mercado Fitness, afetada por alta concorrência, forte investimento, entre outros fatores, faz com que se torne necessário um número maior de ações a fim de atrair novos clientes e fidelizar os clientes antigos. Nesse sentido, apontaremos algumas das ações cabíveis para o sucesso nessa missão: a) a escolha do profissional de Educação Física – há um entendimento de que é necessário que este profissional possua alguns predicados que contribuam para a execução de um bom serviço, e que este preze por um bom atendimento. É de suma importância que tenha uma formação técnica e conhecimento suficiente para atuar nos mais diversos ambientes, no entanto, como em qualquer negócio, o atendimento é a alma do negócio. b) marketing ativo – realização de um marketing ativo, além de manter um cadastro atualizado de alunos, um acompanhamento frequente da presença do cliente nas instalações da academia é vital para sua continuidade. Frequência inferior a 8 vezes ao mês e ausências prolongadas podem ser um sinal de perda futura do cliente. Por fim, não é prudente esperar que o contrato do aluno se encerre para realizar o contato, o serviço de telemarketing preventivo é de grande valia para que não se perca o cliente. c) planos de fidelização – os planos de fidelização geralmente ofe- recem valores menores em troca de contratos mais longos. Nor- malmente, esses contratos preveem multa que garantem algum faturamento à academia em caso de rescisão unilateral por parte do aluno, no entanto ainda é mais interessante manter esse aluno por todo o contrato. d) pós-venda – é uma das ferramentas mais importantes para fidelizar o serviço após o fechamento da venda ao cliente. Organizar estratégias de marketing para esse fim é focar nas – 41 – A chegada das academias ao Brasil reais necessidades do cliente, promovendo constante ação de melhoria dos serviços prestados a ele. Personalizar o atendi- mento com ações concretas e fornecer feedback são medidas que têm excelentes resultados na retenção do cliente. Uma das estratégias para aumentar o número de alunos nas academias talvez esteja relacionada ao objetivo/interesse do público em geral. Além da força física e da capacidade atlética, novos adeptos de práticas espor- tivas estão “de olho” no cuidado com a saúde, na melhoria da qualidade de vida, na manutenção da estética, no prazer e ludicidade das atividades. Observando a atividade que mais cresce no Brasil – o Crossfit – é possível dizer que os objetivos estão relacionados a uma capacidade de mesclar atividades aeróbicas e de contrarresistência, com alta intensidade, trazendo como benefício o aperfeiçoamento das habilidades de um atleta e ganhos cardiovasculares e neuromusculares em potencial. Apesar de a musculação ainda ser a atividade mais praticada nas aca- demias, sendo o carro-chefe destas, não podemos deixar de lado as lutas, a dança, o pilates – atividades ligadas a objetivos distintos, mas que ainda permeiam as academias – e as atividades coletivas, de forma geral, que continuam trazendo adeptos em função das constantes adaptações de seus treinamentos às modalidades que surgem. 2.3.1 Fitness e wellness: evolução dos termos Ao longo de nossas vidas, escutamos frequentemente os termos fitness e wellness, sempre relacionados a atividade física, de forma geral. No entanto, apesar de se correlacionar, esses termos têm um sig- nificado distinto. O termo fitness significa estar em boa forma física, já wellness significa “bem-estar”. Apesar de parecer que estamos falando de coisas parecidas, observaremos que há uma distinção clara entre eles. Segundo Furtado (2009), o fitness caracteriza-se pela ênfase no condicionamento físico do indivíduo. As academias de ginástica surgi- ram com essa finalidade, tanto é assim, que muitos dos donos das pri- meiras academias eram halterofilistas, atletas ou pessoas que, em geral, estavam envolvidas em práticas corporais. O fitness foca no aperfeiço- amento do corpo na dimensão biológica, ao passo que o wellness tem Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 42 – relação direta com outros objetivos ligados diretamente ao bem-estar, ou seja, focado em outros públicos que procuram a academia não só pelo apelo da condição física, e sim por atividades que tragam saúde e bem-estar em sentido amplo. O movimento de transformação das academias de Fitness em Welness acontece por uma necessidade do mercado de aglutinar públicos distintos e, com isso, alcançar melhores resultados financeiros para seus estabe- lecimentos. Nesse sentido, as academias acenam para a possibilidade de alcançar o bem-estar por meio de atividades que visam o condicionamento geral ou até mesmo o bem-estar pura e simplesmente. Neste capítulo, exploramos a chegada das academias de forma orga- nizada ao Brasil, que, no início, eram pequenos espaços improvisados, com a oferta de apenas uma modalidade, como as academias de luta e ginástica. Vimos um panorama desde esse período inicial até a criação e instalação dos grandes centros de lazer pelas grandes redes de acade- mia no país, que oferecem diversas modalidades e ambientes criados para manter o aluno em suas dependências por mais tempo. Por fim, vimos os números do Brasil em relação ao mercado de academias no mundo, bem como as estratégias para alavancar esse já crescente mercado no país. No próximo capítulo, apresentaremos um panorama global das academias e das atividades nelas praticadas. Saiba mais ALLENDORF, Diego Brum. Aspectos motivacionais que levam pes- soas de idade adulta, entre 20 a 25 anos, à academia. EFDeportes. com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 17, n. 170, 2012. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd170/aspectos-motivacionais-que- -levam-a-academia.htm. Acesso em: 31 maio 2020. Atividades 1. De quando data o primeiro registro de uma academia no Brasil? Onde se localizava? Qual era a modalidade oferecida? – 43 – A chegada das academias ao Brasil 2. Cite duas personalidades que influenciaram a atividade física nas décadas de 1970 e 1980, e que ajudaram no processo de expansão das academias. 3. Por que a posição de quarto lugar em números absolutos de clientes em academia se torna menos impactante quando avalia- mos a quantidade da população? 4. Explique a diferença entre os termos Fitness e Wellness. 3 Atividades de academia: um panorama global Neste capítulo, estudaremos os conceitos e definições dire- cionados à atividade física e saúde no Brasil e no mundo, pelas autoridades na área, tal como suas recomendações para uma vida saudável. Conheceremos os órgãos, colégios, associações e afins que hoje traçam diretrizes voltadas para a atividade física. Enten- deremos também a estruturação dos Conselhos de Educação Física no Brasil e as principais associações de academias nacio- nais e regionais. A partir desse momento, apresentaremos as modalidades mais praticadas nas academias, levando em consideração a diver- sidade encontrada, hoje, no país, e observando, por grupo, quais são as atividades preferidas dos clientes. Por fim, traremos as atividades divididas em grupos de características especificas, de acordo com as respostas adaptativas ao treinamento, conside- rando sua prática crônica. O esquema a seguir apresenta como será a divisão do conteúdo ao longo deste capítulo: Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 46 – Figura 3.1 – Sequência de atividades Fonte: elaborada pelo autor. 3.1 Conceitos e definições para a atividade física Segundo a Organização mundial de saúde (OMS), o conceito de saúde está definido como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Muitos críticos defendem que este conceito não garante um estado de realidade para o ser humano, visto que o bem-estar pode ser extrema- mente subjetivo e não seria condição suficiente para garantir que o indi- víduo é saudável. A OMS, fundada em 7 de abril de 1948, com sede em Genebra, na Suíça, foi criada como uma agência a fim de promover a saúde global em uma época em que a guerra e as doenças dizimavam milhões de pessoas pelo mundo. A OMS é subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU) e é composta por 194 países-membros. Além de sua sede em Gene- bra, tem alguns escritórios espalhados pelo mundo. Em 1946, sua própria – 47 – Atividades de academia: um panorama global constituição é criada, contendo diretrizes norteadoras de suas ações ins- titucionais. Segundo sua constituição, seu principal objetivo consiste na aquisição, por todos os povos, do nível de saúde mais elevado possível. A OMS tem atuações de destaque nos controles de surtos epidemioló- gicos no mundo, traçando estratégias para o combate e controle das doen- ças. Entre suas funções está também o apoio a novas vacinas para doenças antes desconhecidas, a cooperação com grupos científicos de todo mundo a fim de realizar estudos na área de saúde, além de realizar a classificação internacional das doenças (CID). A CID é um indicador muito utilizado pela comunidade médica e tem a função de monitorar a incidência, com base em uma linguagem universal. Em nível nacional, o órgão responsável pela saúde no Brasil é o Ministério da Saúde, que é um órgão do Poder Executivo cuja função é organizar e elaborar as políticas públicas voltadas à promoção prevenção e assistência à saúde. Especificamente relacionado à atividade física, o principal nortea- dor, em nível mundial, é o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM), que já foi citado anteriormente e é o principal colegiado a definir diretrizes para as atividades físicas de todas as espécies. Conhecidas as mais importantes instituições relacionadas à saúde e à atividade física, entenderemos, agora, a relação entre elas. Segundo a OMS, atividade física é a realização de qualquer movi- mento corporal produzido pelos músculos que demanda gasto calórico. Além disso, abrange outras atividades, como deslocamentos, afazeres domésticos e atividades recreativas. As recomendações da OMS para atividade física estão relacionadas a 3 grupos: a) 5 a 17 anos b) 18 a 64 anos c) acima de 65 anos A seguir, apresentamos um quadro com as principais recomendações para esses grupos: Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 48 – Quadro 3.1 – Orientações OMS Faixa etária Recomendações 5 a 17 anos 2 60 minutos de atividade moderada a vigorosa por dia; 2 Atividade majoritariamente aeróbia; 2 Reforço de atividades com pesos por, pelo menos, 3 vezes por semana 18 a 64 anos 2 150 minutos de atividade aeróbia moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana, ou uma combinação adequada dos 2; 2 Sessões de, no mínimo, 10 minutos de duração; 2 A fim de aumentar os benefícios para saúde, pro- gredir para 300 minutos de atividade moderada ou 150 minutos de atividade vigorosa; 2 2 vezes por semana realizar atividades de fortaleci- mento dos grandes grupos musculares. Acima de 65 anos 2 150 minutos de atividade aeróbia moderada ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana, ou uma combinação adequada dos 2; 2 Sessões de, no mínimo, 10 minutos de duração; 2 A fim de aumentar os benefícios para saúde, pro- gredir para 300 minutos de atividade moderada ou 150 minutos de atividade vigorosa; 2 Devem realizar exercícios a fim de melhorar o equilíbrio e prevenir quedas; 2 Realizar atividades que fortaleçam os grupos mus- culares 2 ou mais vezes por semana. Fonte: elaborado pelo autor. Essas recomendações têm como principais objetivos: – 49 – Atividades de academia: um panorama global 2 a redução do risco de hipertensão, doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais, diabetes, câncer de mama e de colo, depressão e quedas; 2 melhora na saúde óssea e funcional; 2 equilíbrio calórico e controle do peso. O Ministério da Saúde do Brasil, assim como os órgãos de saúde de todos os países-membros da OMS, segue suas determinações a fim de manter uma unidade de orientação a todos os países filiados, no entanto entenderemos que muito mais do que estimular e orientar para a melho- ria da saúde, outros órgãos, como o já citado ACSM, trazem novidades e guias baseadas em ciência aplicada para a prática de atividade física com modelos seguros e buscando ganhos específicos, de acordo com as valên- cias treinadas. Nesse sentido, e de forma mais detalhada, o ACSM define, baseado em estudos científicos, normas para a prática de exercícios nas modali- dades e grupos específicos da população. Dentre esses grupos, podemos citar os posicionamentos para a atividade física e crianças, exercício e idosos, exercícios e hipertensos, entre outros. Para as modalidades, temos os posicionamentos de quantidade e qualidade de exercícios, para ativida- des cardiorrespiratórias, musculoesqueléticas e neuromotoras para adultos saudáveis, como também posicionamentos que versam sobre nutrição e desempenho atlético. O que efetivamente faz com que esses posicionamentos tenham rele- vância acadêmica é a observação de estudos científicos que levam em con- sideração aspectos de controle capazes de trazer credibilidade àqueles. Esses critérios são definidos por categorias de evidência, como descreve- remos na figura a seguir: Figura 3.2 – Categorias de evidências ACSM Evidência A Estudos randomizados e controlados, com extensa base de dados Evidência B Estudos randomizados e controlados, com base de dados limitada Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 50 – Evidência C Estudos não randomizados ou não controlados e estudos observacionais Evidência D Estudos experimentais não incluídos nas evidên-cias qualificadas de A a C. Fonte: elaborada pelo autor. A fim de explicar alguns termos relacionados às qualificações das evidências, a seguir mostraremos seus significados: 2 estudos randomizados – são estudos experimentais em que os participantes são distribuídos de forma aleatória em grupos de acordo com a quantidade de intervenções a serem realizadas; 2 estudos controlados – são estudos que mantêm grupos de con- troles em paralelo aos grupos estudados, ou seja, grupos que não sofrerão intervenção, ou sofrerão intervenções baseadas em pro- tocolos já existentes; 2 estudos observacionais – são os estudos em que não é possível construir padrões de controle, ou seja, não é possível controlar a classificação dos grupos de estudo. Segundo Malavolta et al (2005), os ensaios clínicos controlados e randomizados (ECCR) são considerados o padrão ouro da medicina base- ada em evidências, na atualidade. Levando em consideração tais evidências, um conjunto de estudos sobre determinado assunto foi observado a fim de formar um quadro de evi- dências relativo a cada situação. Com base nisso, seria observado se deter- minada indicação para um exercício seria composta de estudos com grande relevância (Estudos A e B) ou de estudos de menor relevância (C e D). Segundo um de seus últimos posicionamentos relativos à qualidade e à quantidade de exercícios para jovens saudáveis, seguem algumas reco- mendações gerais a respeito do assunto: 2 treinamento cardiorrespiratório 2 Realização de, pelo menos, 150 minutos de exercício por semana em intensidade moderada; – 51 – Atividades de academia: um panorama global 2 As sessões de exercício devem ser realizadas com duração de 30 a 60 minutos, por cinco dias na semana (intensidade moderada) ou com duração de 20 a 60 minutos, três vezes por semana (intensidade vigorosa); 2 Progressão gradual no tempo da sessão, frequência e inten- sidade, a fim de um menor risco de lesões; 2 O público que não for capaz de cumprir tais intensidades e volumes, deve praticar outra atividade. 2 treinamento de flexibilidade 2 Realizar as sessões de treinamento pelo menos duas a três vezes por semana, a fim de melhorar a amplitude de movimento; 2 Cada exercício deve ser mantido entre 10 e 30 segundos até um ponto em que haja um pequeno desconforto; 2 Cada exercício deve ser repetido de duas a quatro vezes para cada músculo alongado, perfazendo um total de até 60 segundos; 2 Todos os tipos de alongamentos são eficazes: estático, dinâ- mico, balístico; 2 Realize os exercícios de alongamento sempre com os mús- culos aquecidos, isso torna o exercício mais eficaz. 2 treinamento resistido 2 Treinar cada grupo muscular de duas a três vezes por semana, utilizando exercícios e máquinas; 2 Utilizar exercícios com menores intensidades nas sessões para pessoas idosas, sedentárias ou iniciantes; 2 Duas a quatro séries por exercício é benéfico para o aumento da força e potência muscular; 2 Realizar de 8 a 12 repetições por série para melhora de força e potência; Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 52 – 2 Realizar entre 10 e 15 repetições por série para melhorar a força em pessoas de meia idade e idosos; 2 Realizar entre 15 e 20 repetições para melhorar a resistên- cia muscular em iniciantes; 2 Repousar pelo menos 48 horas entre as sessões de treina- mento de força para recuperação e, posteriormente, um novo treino. 2 treinamento funcional 2 Devem ser realizados de duas a três vezes por semana; 2 Os exercícios dessa atividade devem conter habilidade motora (equilíbrio, agilidade, coordenação e corrida); 2 Devem ser realizados exercícios de propriocepção e ativi- dades variadas como tai chi chuan e Yoga, a fim de melho- rar a capacidade funcional e prevenir quedas em idosos; 2 Recomenda-se sessões de 20 a 30 minutos por dia. É necessário compreender que se trata de recomendações gerais a respeito das atividades, de acordo com suas características. No decorrer dos próximos capítulos, observaremos essas recomendações de forma mais detalhada. Apresentadas as principais recomendações dos mais importantes órgãos e colegiados do mundo, tanto para a saúde quanto para a atividade física, apresentaremos, agora, as principais atividades realizadas nas aca- demias do Brasil. 3.2 Principais atividades nas academias do Brasil Como já vimos anteriormente, o processo de construção histórica das academias revelou uma grande diversidade de atividades, algumas que marcaram época e outras que conseguiram se firmar e permanecer nas grades das academias até os dias de hoje. No entanto, antes de discorrer sobre essas atividades, apresentaremos um levantamento das tendências do mercado, atualmente. – 53 – Atividades de academia: um panorama global Em estudo recente publicado pela revista ACSM’S Health & Fitness Jour- nal, foi realizado um levantamento das tendências Fitness para o ano de 2020 no Brasil. A seguir, apresentaremos os 10 primeiros pontos dessa pesquisa: Figura 3.3 – TOP 10 do Mercado Fitness no Brasil 1 EXERCÍCIOS PARA A PERDA DE PESO 2 ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL 3 PERSONAL TRAINING 4 PROGRAMA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS 5 TREINAMENTO FUNCIONAL 6 CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL 7 TREINO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE 8 PERSONAL TRAINER EM GRUPO 9 CONSULTORIA ON-LINE 10 TREINAMENTO ESPORTIVO Fonte: elaborada pelo autor. As informações que essa imagem pode nos trazer são muito impor- tantes, visto que a tendência do mercado cria uma possível direção para atividades específicas nas quais serão encontrados esses indicadores. Inclusive, algumas atividades criadas em um curto período vão de encon- tro aos anseios aguardados pelo mercado Fitness. Com relação aos pontos da pesquisa, é de suprema importância que seja compreendido o que cada ponto traz de informação. Como exemplo, o primeiro ponto, que diz respeito aos exercícios para perda de peso, está relacionado a atividades físicas específicas voltadas para esse fim. O ponto 2 tem relação direta com a qualidade de vida do indivíduo, ou seja, melho- res hábitos alimentares, horas de sono, entre outras atitudes que podem comprovadamente melhorar o estilo de vida do indivíduo com o subse- quente aumento nos níveis de atividade física praticados. Munidos dessa informação, podemos apresentar e entender as ten- dências de mercado relacionadas às atividades mais praticadas nas acade- mias do Brasil. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 54 – Dentro do ambiente das academias não deve haver surpresa alguma em se afirmar que a musculação é a atividade mais praticada pelos brasilei- ros. Cerca de 20 % dos praticantes opta pela musculação. Devemos lem- brar que nosso enfoque são somente as atividades realizadas no ambiente das academias, pois, considerando o espaço externo, a caminhada é ativi- dade física mais praticada pelo brasileiro. Levando em consideração os dados acima, podemos eleger alguns motivos pelos quais a musculação é atividade mais realizada pelos alunos de academia. Entre eles, podemos citar: 2 ser uma das atividades físicas mais antigas conhecida; 2 facilidade de se realizar treinos individualizados; 2 possibilidade do controle total do tempo de treino, visto que em atividades coletivas, normalmente esse tempo é predito; 2 utilização de aparelhos e peso, aumentando a possibilidade de adequação a todos os níveis de atividade física; 2 controle de cargas mais apurado, levando-se em consideração o treinamento individualizado. Essas são somente algumas das vantagens, tendo em vista que não falamos dos benefícios fisiológicos, psicológicos e funcionais que a ativi- dade pode trazer. Em seguida, temos as “ginásticas de academia” que englobam ativi- dades coletivas, como a ginástica localizada, aeróbica e suas variações. Muito procuradas pelas mulheres, ainda hoje é uma atividade extrema- mente realiza nas academias e representa cerca de 10% dos praticantes nas academias do Brasil. As artes marciais e suas modalidades ocupam um honroso terceiro lugar nessa categoria, com cerca de 3% dos praticantes. A hidroginástica é a representante aquática das atividades de aca- demia. Eleita muitas vezes como a preferida dos idosos, esta atividade compõe cerca de 2% do total de praticantes. Mais importante do que apontar as atividades mais praticadas é entender que estas seguirão tendências específicas, de acordo com o povo – 55 – Atividades de academia: um panorama global e o país em questão. Nesse sentido, podemos citar o CrossFit, que é a atividade física que mais cresce percentualmente no Brasil e no mundo, e o motivo disso pode ser seu alinhamento direto com as tendências Fitness apresentadas anteriormente para o Brasil. Dentre as 10 principais tendências para esse mercado, podemos asso- ciar pelo menos 3 delas à atividade do CrossFit. São elas: exercício para perda de peso, treinamento funcional e treinamento intervalado de alta intensidade. Não é possível determinar que o sucesso recente da atividade esteja relacionado diretamente a essas tendências, no entanto é possível que atividades que estejam dentro desse escopo encontrem maior facilidade para crescerem e se manterem no mercado Fitness nos próximos anos. 3.3 Tipos de atividade física As atividades de academia podem ser divididas em, no mínimo, 3 tipos: atividades aeróbicas, treinamento resistido e artes marciais. Em paralelo a esse grupo, temos ainda as atividades lúdicas e as atividades para relaxamento. Cada um desse grupos, apesar de guardadas algumas modalidades, apre- sentará condições distintas em suas características, o que tornará possível sua divisão nesses grupos. Será possível, nesse sentido, dividir as categorias por caraterísticas fisiológicas, tipos de exercício e objetivos das atividades. Começaremos essa categorização pelas modalidades que compõem as atividades aeróbias. A seguir, um demonstrativo de algumas atividades desse segmento: Figura 3.4 – Atividades aeróbicas Spinning Jump Step Esteira Natação Fonte: elaborada pelo autor. Atividades de Academia e Ginástica Laboral – 56 –
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