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Resenha Precisamos falar sobre Kevin

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UNIVERSIDADE PAULISTA
Plantão Psicológico
Resenha
Filme: Precisamos falar sobre Kevin
Professor: Adonis da Silva Tomé CRP: 06/112367 
 Aluna: Marina Peres de Andrade RA: N286FE8
Precisamos falar sobre Kevin é um suspense psicológico acerca das memórias de Eva, sobre o nascimento, desenvolvimento e a criação de seu filho, Kevin. As cenas do filme e a sua narrativa, não seguem uma linha temporal tênue, possuindo alguns cortes e saltos temporais à fim de abranger a relação da mãe com seu filho. O ritmo do filme, alterando entre acontecimentos vividos por Eva após o ato terrorista de Kevin, com memórias que vão desde antes do nascimento da criança, gera um tom sufocante, deixando as emoções a flor da pele e quebrando a dicotomia muitas vezes trazidas pelo cinema contemporâneo de: bom e ruim; protagonista e antagonista, pois apesar de ter cometido um ato terrorista Kevin não é por si só apenas um vilão, dado que com a contextualização da história conseguimos compreender a causa de seu sofrimento. A mesma coisa vale para Eva, pois não podemos atribuir apenas a ela às falhas no desenvolvimento e na criação de Kevin, e com o passar da história entendemos e somos confrontados diversas vezes por essa relação entre mãe e filho repleta de sofrimento. O tom apelativo do suspense psicológico é ressaltado pelo fato de que em suma, na sociedade ocidental, comumente nas relações familiares, o vínculo entre mãe e filhe é um dos mais fortes, principalmente dado o papel que é imposto a mulher pela sociedade patriarcal na qual vivemos, logo a tendência é que o espectador fique aflito por todo filme, ao se defrontar como uma relação entre mãe e filho completamente destruída.
A obra pode ser traduzida como uma tentativa de entendimento e reparação de uma mãe repleta de culpa e ressentimento pelos atos horrendos realizados de seu filho. O filme tem como base uma obra de ficção, que por sua vez se baseou em fatos verídicos que aconteceram em uma escola de ensino médio em Columbine, nos EUA, em 1999. Há semelhanças entre as duas histórias, mas aqui o ponto de vista é o da mãe, que busca um sentido para seu passado e presente. Vinda de uma carreira bem-sucedida como escritora de livros turísticos e uma vida exclusivamente a dois; desde antes do parto, a maternidade parece se configurar como um fardo muito difícil de ser carregado, tal aspecto pode ser explicitado também, durante as cenas que mostram o crescimento e o desenvolvimento de Kevin, ficam nítidas as “falhas” na criação da criança, provenientes principalmente da falta de afeto, de uma mãe que naquele momento não tinha recursos emocionais para oferecer o cuidado ideal para seu filho.
É nítido que Eva encontra-se em uma profunda depressao pós-parto; contudo, o filme vai muito além disso, mostrando todos os desdobramentos do mórbido encontro entre características inatas e de um ambiente pouco favorável para o desenvolvimento de uma criança. Fora isto, observamos o peso exigido sobre uma mulher na maternidade, como já foi supracitado, a obra nos aponta para o papel da mulher na sociedade patriarcal na qual vivemos e a solidão proveniente deste papel. É notória a diferença da relação de Kevin com Eva, quando comparada a relação do menino com seu pai, vista de longe, sem muito aprofundamento, a relação do menino com o pai parece ótima, contudo, a mesma só se dá desta forma, pois não existe profundidade na relação entre os dois, ela é rasa. Enquanto Eva sofre por não conseguir cumprir o papel de mãe que lhe foi delegado, o pai desfruta de uma paternidade sem comprometimento, deixando sua responsabilidade na criação da criança à deriva. 
 Ao longo da obra, Eva, relembra os inúmeros eventos perpetrados por Kevin e, de certa forma, se enxerga nele. Ela vê sua própria agressividade em seu filho e isso a imobiliza ainda mais. Mesmo quando sua maldade fica evidente, ninguém parece percebê-la.
Kevin mistura crescente dissimulação, inteligência com requintes de crueldade e ao longo da história vai preparando sua mórbida obra-prima. Precisamos falar sobre Kevin retrata a história de uma família que não foi capaz de falar sobre Kevin, muito menos reconhecer a gravidade de seus comportamentos, a não ser quando eles tornaram uma proporção surreal, levando a um ato terrorista. É um filme emocionalmente pesado que traz à tona inúmeras questões a serem discutidas do ponto de vista do relacionamento entre pais e filhos, da necessidade da imposição de limites na criação de um sujeito, da repercussão da dificuldade de comunicaçao de afetos entre mãe e filho, dos possíveis problemas decorrentes da depressao pós-parto e da dificuldade dos pais em entrar em contato com aspectos cruéis de seus filhos. Por mais que a obra relate aspectos micro da sociedade, abrangendo a relação de Eva com Kevin, ela nos permite reflexão sobre o macro de nossa sociedade, sendo assim podemos questionar diferentes fatores, como a posição da mulher na sociedade em que vivemos ou como a importância de uma rede de apoio saudável no desenvolvimento de uma criança, e como estes, interferem de forma indireta ou não para o desfecho da trama.
 
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Estagiário responsável: Marina Peres de Andrade
RA:N286FE8 
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Supervisor: Adonis da Silva Tomé 
CRP:06/112367 
 
BIBLIOGRAFIA 
Picon FA. Precisamos falar sobre Kevin: um breve momento de reflexao. Rev. bras. psicoter. 2011;13(3):91-93
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