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A EFICÁCIA DO DIREITO
Oscar Mellim Filho
	Na arguta reflexão levada a efeito por NORBERTO BOBBIO em sua obra “Teoria da Norma Jurídica” a respeito da universalidade do fenômeno jurídico, constitui a eficácia uma das valorações a que se submete o Direito Objetivo. As outras duas são a validade e a justiça. Pela validade, deve-se entender a legitimidade formal das normas, vistas em si mesmas ou como integrantes do ordenamento jurídico, com o qual devem manter relação de logicidade e harmonia[footnoteRef:1]. Tais questões são afetas à Teoria Geral do Direito, ou Dogmática Jurídica. O estudo das normas sob o ponto de vista da justiça constitui objeto de reflexão filosófica a propósito da adequação do Direito a um ideal de Justiça que lhe seja anterior e superior, campo apropriado, portanto, da Filosofia do Direito propriamente dita. [1: Teoria da norma jurídica, pp. 45-47.] 
Quando se fala em eficácia, a questão primordial é de saber se as normas jurídicas são ou não cumpridas pelas pessoas a quem se dirigem e, no caso de violação, se é possível que se façam valer com meios coercitivos de que dispõe a autoridade pública. Está-se, aqui, no campo da pesquisa sociológica sobre o Direito, o que interessa sobremaneira para os propósitos do presente livro.
Costuma-se dizer que as normas mais eficazes são aquelas cumpridas de forma espontânea, sinal de que guardam vínculo real com a sociedade que as instituiu, sendo fruto, portanto, da necessidade social. Outras normas têm sua eficácia condicionada ao exercício da coação estatal; outras nem assim são cumpridas pela sociedade, seja porque efetivamente não correspondem aos anseios populares em sua totalidade ou a parcela significativa da sociedade, seja porque constituem, de fato, simples instrumento simbólico ou programático do dever-ser social.
Segundo BOBBIO, a questão da eficácia das normas jurídicas evoca o chamado problema fenomenológico do Direito, a apontar para o terreno da aplicação das normas às situações pessoais concretas, qual seja, o comportamento efetivo dos homens, seus interesses pessoais, suas ações e reações. O estudo da eficácia das normas jurídicas dá lugar, assim, a investigações sobre a vida do Direito, sua gênese, seu desenvolvimento e alterações significativas, temas por excelência da Sociologia Jurídica.
Para MIGUEL REALE, “toda norma vigente destina-se a influir efetivamente no meio social e é porque vige e influi que se torna positiva. Daí a necessidade de se estudarem as condições empíricas da eficácia, no âmbito da Sociologia Jurídica, assim como as suas conexões de sentido no plano da Culturologia jurídica”[footnoteRef:2]. [2: Filosofia do Direito, p. 607.] 
A eficácia do Direito, portanto, diz respeito à sua aceitação pela sociedade como um todo ou por parte dela e à efetiva produção de efeitos, o que traz à tona o tema das relações entre as normas postas e a sociedade, como, por exemplo, a influência do Direito na Economia e nas relações familiares. É possível afirmar ainda que a questão tormentosa do pluralismo jurídico também guarda relação direta com o tema da eficácia jurídica. A maior ou menor eficácia das normas jurídicas estatais, notadamente em razão de deliberado desinteresse ou de inoperância das instituições judiciárias, constitui uma das causas do alargamento do fenômeno jurídico, levando a sociedade a criar instrumentos alternativos de regulação social e solução dos conflitos cotidianos.
No âmbito da Filosofia do Direito, é certo que a corrente de pensamento que reduz a validez do Direito à sua eficácia constitui o chamado Realismo Jurídico, segundo o qual o Direito não é o que está nas normas, mas sim no comportamento dos homens, vale dizer, como ele efetivamente é existente no seio da sociedade, na aplicação das normas, sua interpretação, seu cumprimento. Tal entendimento tem sua origem na chamada Escola Histórica do Direito, em que avultam os nomes célebres de SAVIGNY e PUCHTA, passando pela concepção sociológica do Direito (KANTOROWICZ) e chegando à Escola Realista, desenvolvida basicamente nos Estados Unidos, que tem como seus representantes mais conhecidos os juristas OLIVER HOLMES e ROSCOE POUND.
Pode-se dizer, por outro lado, que a eficácia do Direito encontra pela frente, como obstáculo natural, o papel modesto exercido pelas normas e sua aplicação na solução dos problemas sociais, constituindo, portanto, um limite fático à função crítica do Direito. Como exemplo, pode-se citar a questão das punições criminais, que, via de regra, pouco têm contribuído para a valorização do Direito e efetivo combate à criminalidade, mormente nas sociedades modernas, e ainda a impossibilidade de solução de um grande número de questões patrimoniais, como nos casos de falência ou inadimplência em geral, ou conflitos familiares.
A discussão sobre a eficácia do Direito passa ainda pela questão da aplicação das normas internacionais, que padecem, como se sabe, de uma enorme dificuldade prática, em razão da inexistência de um poder jurisdicional soberano que possa fazer valer as disposições normativas na hipótese de conflitos entre Estados soberanos ou organizações internacionais.
A modesta contribuição do Direito para a solução dos problemas sociais, dando azo, aliás, ao surgimento de modelos normativos situados fora do âmbito das normas estatais, leva a considerar também o papel simplesmente simbólico exercido pelo Direito Positivo. Há leis que são criadas já sob o signo da ineficácia concreta, no sentido da efetiva alteração dos comportamentos das pessoas, constituindo, porém, simples regras de polegar, apontando a direção geral a ser tomada pela própria sociedade. Embora não sejam cumpridas, tais normas podem ser consideradas socialmente eficazes, como ocorre com as chamadas normas programáticas inseridas nas cartas constitucionais, destinadas, no dizer de TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JR., a produzir efeito de satisfação ideológica[footnoteRef:3]. Determinadas normas, por outro lado, são atingidas pela chamada ineficácia técnica, o que significa dizer que necessitam de outras normas para completar-se e inserir-se efetivamente no ordenamento jurídico, de que são exemplos as normas dependentes de regulamentação, como a regra do tabelamento de juros, existente na Constituição Federal de 1988. [3: Introdução ao Estudo do Direito, p. 195.] 
É nítida ainda a existência de uma relação entre eficácia social e os débitos do Direito com sua estrutura organizacional e com o caráter de generalidade das soluções propostas pelas normas. A atenção a princípios formais, como por exemplo o direito de defesa e o princípio do devido processo legal, parece levar a uma sensação de ineficácia aparente do edifício do Direito na sociedade. O que ocorre, porém, é que, em determinadas situações sociais, não se constata a existência de resultado concreto em decorrência da aplicação das normas jurídicas, gerando a impressão de que o Direito não exerceu o seu papel de agente regulador das condutas humanas e solução de conflitos.
A inexistência de efeitos concretos, porém, não significa ausência de eficácia. Uma solução socialmente insatisfatória para um conflito determinado pode querer dizer que, em nome da preservação de princípios universais do Direito, deve-se optar por um papel modesto na atuação pontual, ganhando assim o sistema jurídico com a sua longevidade a longo prazo. O que se quer dizer com isso é que a satisfação imediata e particular de determinadas demandas sociais pelo Direito não pode simplesmente ser confundida com sua eficácia.
Essa, aliás, a reflexão encetada pelo sociólogo do Direito MIRANDA ROSA, para quem efeitos das normas jurídicas são as suas funções educativa, conservadora, transformadora, de instrumento da mudança social. Sua simples existência já produz efeitos, como às vezes sua própria revogação imediata ou sua ineficácia total. A eficácia do Direito, porém, constitui certa qualidade do efeito, condizente com os fins para os quais foi editado ou com seus objetivos, em desacordo talvez comnovo consenso social. A eficácia é, pois, a adequação finalística da norma, ou, melhor dizendo, do ordenamento como um todo[footnoteRef:4]. Aliás, quando NORBERTO BOBBIO fala em eficácia do Direito, está querendo referir-se à eficácia do ordenamento e não das normas individuais[footnoteRef:5], o que parece auxiliar-nos a compreender melhor situações de aparente ineficácia das normas. [4: Sociologia Jurídica, pp. 71-73.] [5: Teoria do ordenamento jurídico, p. 29] 
Ao se cuidar da eficácia do Direito, pois, não se deve esquecer que o Direito constitui amplo instrumento oficial de controle social. Não se destina apenas à solução de conflitos por meio da ação do Estado e de seu poder coercitivo, oferecendo uma resposta institucional à anomia, mas também à construção de condutas, educação e transformação da sociedade, influindo sobre a opinião pública. É o que ocorre, por exemplo, com a legislação eleitoral e de trânsito, onde tal característica se apresenta mais visível, para não falar das próprias normas constitucionais, muitas delas de natureza eminentemente programática, conforme ficou dito. Para tanto, exercem papel importante não apenas as normas propriamente ditas mas também os princípios jurídicos e valores solidificados ao longo da história do Direito, como o primado da lei, a igualdade formal dos cidadãos perante a lei, o direito ao contraditório e à defesa, a necessidade da valorização da dignidade humana através dos direitos fundamentais etc.
Há outras hipóteses, no entanto, de obstáculos à eficácia do Direito, de natureza econômica e social, que dizem respeito ao tema do acesso à Justiça pelas classes populares. O custo financeiro das demandas deixa do lado de fora do sistema de proteção jurídica uma grande quantidade de pessoas, desprovidas de quaisquer recursos e distanciadas dos centros de administração do Poder Judiciário e descrentes da atuação do Estado em seu favor. MARIA LÚCIA SABADELL faz referência a vários fatores de ineficácia do Direito, como o desconhecimento, por parte da população, de seus direitos, fruto de carente divulgação; a pouca viabilidade prática de soluções propostas pelas normas, dando como exemplo punições impossíveis ou de pequena eficácia prática, que afastam a população da busca pela atuação do Estado na solução de seus conflitos; a imperfeição técnica das normas, bem como a falta de preparo dos operadores do Direito[footnoteRef:6]. [6: Manual de Sociologia Jurídica, p. 62] 
A reflexão sobre a eficácia do Direito leva-nos, assim, ao âmago da Sociologia Jurídica, qual seja, ao campo das relações estreitas que ele mantém com a sociedade, no sentido da contínua produção de influências mútuas. Podem-se, assim, formular as seguintes perguntas: De que maneira as transformações sociais influem no Direito, alterando a eficácia de suas disposições? Quais as influências que a norma jurídica exerce sobre os fatos sociais e sua evolução?
	É inequívoca a influência que os fatos sociais exercem sobre as normas de Direito. A ação da sociedade pode ser percebida seja no momento de criação de um novo Direito Positivo, revogando disposições antigas, seja mediante a alteração da eficácia das normas, forçando os operadores do Direito a uma interpretação atualizadora. A ineficácia das normas jurídicas leva a um movimento social de recriação do Direito em duas frentes: a) a criação de um novo Direito pela sociedade, por meio da edição de novas leis ou de alteração das leis antigas, fruto da pressão social sobre os legisladores; b) a interpretação inovadora por parte dos operadores do Direito na aplicação diária das normas jurídicas e na solução de conflitos interpessoais, criando, pela via hermenêutica, um novo sentido para o Direito Positivo. 
A eficácia do Código Civil Francês, por exemplo, o chamado Código Napoleão, que data de 1803, mas ainda em vigor, deve muito às interpretações dos juristas que, ao longo de dois séculos, analisaram suas disposições, vivificando-as e atualizando seus mandamentos. Segundo PAULO DOURADO DE GUSMÃO, “o tempo não demonstrou ter razão Napoleão quando, ao ter conhecimento de seu Código estar sendo objeto de interpretação pelos civilistas, ter dito: ‘Meu Código está perdido’, porquanto foi graças às interpretações de sucessivas gerações de civilistas franceses que ainda está vigente”[footnoteRef:7]. [7: Direito, objeto cultural, in “Filosofia do Direito”, p.111] 
Nesse sentido, exerce a Jurisprudência um grande papel criador do Direito, tornando algumas normas antiquadas mera letra morta, dando-lhes novo sentido. Esse o maior legado da chamada concepção realista do Direito, desenvolvida pelos juristas norte-americanos, como HOLMES, CARDOZO, ROSCOE POUND e outros, praticando um sociologismo jurídico que aponta para um papel verdadeiramente construtivo do Direito pela sociedade, através dos operadores jurídicos e dos costumes da população, que indica a existência de uma espécie de consciência coletiva – para usar a expressão de DURKHEIM - a sustentar aquele que deve ser o verdadeiro Direito.
No caso brasileiro, pode-se citar como exemplo significativo a história jurídica do concubinato, a provocar o paulatino reconhecimento por parte do Direito estatal, a começar pela legislação previdenciária, até culminar com o reconhecimento do instituto da união estável na Constituição Federal de 1988, como gerador de efeitos sociais. A ineficácia social do Código Civil de 1916, imobilizado ante a evolução da sociedade brasileira no século XX, com a crescente industrialização, urbanização e êxodo rural e a contribuição das correntes migratórias, levou aos poucos a sociedade a construir, ela própria, uma nova definição de família. A força da sociedade, influindo sobre os operadores do Direito, levou a Justiça a reconhecer a juridicidade da relação concubinária e a alargar o vínculo de adoção, culminando, por exemplo, com a abolição da diferença, perante o Direito, entre filhos havidos dentro e fora do matrimônio.
A construção do Direito por seus operadores e pela própria sociedade constitui, assim, fator importante a influir sobre a eficácia das normas jurídicas. Coloca-se aqui o papel da interpretação das leis por parte dos operadores do Direito em busca de uma resposta para os conflitos sociais levados ao exame por parte do Poder Judiciário. Para tanto, conta-se, por exemplo, com a regra do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, que constitui instrumento valioso na busca de solução jurídica de problemas sociais para além da expressão literal das normas jurídicas[footnoteRef:8]. [8: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.] 
A aceitação, por parte da população, de condutas formalmente infracionais como consideradas normais ou de escassa censurabilidade, como ocorre, por exemplo, com a contravenção do bicho, parece levar os órgãos encarregados do controle social a um contínuo afrouxamento de respostas punitivas preconizadas pelas normas incriminadoras. A revogação social da norma, se é que se pode assim dizer para significar o seu desuso contínuo, influi na aplicação do Direito pelo Poder Judiciário, criando mecanismos paralelos de reconhecimento da ineficácia da norma, de que é exemplo, na hipótese de processo criminal por prática do jogo do bicho por simples cambista, um crescente rigor na consideração da prova para a condenação, como a exigência de definição do apostador ou do banqueiro ou de exame pericial grafotécnico nos papéis apreendidos.
A Jurisprudência favorável ao segurado e ao consumidor, nas lides envolvendo conflitos com empresas seguradoras, industriais ou comerciantes, deve reconhecer o débito histórico a um movimento social em busca de solução para os desmandos praticados pelas empresas, servindo-se da efetiva desigualdade social entre as partes. O avanço social da construção de soluções jurídicas favoráveis aos consumidores redundou, como se sabe, na aprovação de legislação específica de proteção, qual seja a Lei nº 8078/90, o chamadoCódigo de Defesa do Consumidor, que alterou significativamente, no Direito Civil Brasileiro, os parâmetros clássicos da relação contratual. 
A busca por parte da sociedade de maior celeridade nas demandas, como fator de eficácia do Direito formal, implicou na criação dos juizados especiais cíveis e criminais, previstos na Constituição de 1988, mas só implementados anos mais tarde e de atuação ainda tímida. Trata-se, portanto, de tentativa de transposição de obstáculos burocráticos ao acesso à Justiça e à eficácia do Direito. Diga-se o mesmo da busca de maior rigor no combate às infrações de trânsito, cujas penas criminais se mostravam absolutamente ineficazes, que resultou na edição da Lei 9503/97, o novo Código de Trânsito Brasileiro, com a redefinição de condutas consideradas criminosas e a criação de novas formas de punição administrativa, dotadas de maior eficácia, como o sistema de pontuação na habilitação dos motoristas infratores.
	Historicamente, o Direito apresenta dois tipos diferentes de sanções para a hipótese de violação das normas. A sanção de natureza restitutiva, própria do Direito Civil, e a sanção punitiva, específica do Direito Penal, destinada a violações consideradas mais graves. A dicotomia já fora apresentada por DURKHEIM, ao associar o Direito Penal à solidariedade mecânica das sociedades antigas e, por outro lado, o Direito Civil à solidariedade orgânica, típica das sociedades modernas, em que impera uma complexa divisão social do trabalho.
A história do Direito Penal, no entanto, é um constante e aprofundado questionamento da sanção criminal, cada vez mais considerada de duvidosa utilidade. A ineficácia do Direito Penal e do sistema penitenciário, universalmente apregoada, tem levado a sociedade a buscar vias alternativas, identificadas com sanções punitivas que sejam dotadas de utilidade social.
A inutilidade do castigo penal, fruto da reflexão moderna sobre a pena, que teve início, aliás, com o Iluminismo, tem levado a sociedade a buscar auxílio nas sanções de natureza civil, como a indenização e a restituição, admitindo alguns países, por exemplo, a transação entre vítima e ofensor em uma infinidade de infrações penais. No Direito Brasileiro, a Lei 9.099/95 instituiu a possibilidade de transação em infrações de menor potencial ofensivo, bem como de suspensão do processo já quando de sua instauração, abarcando este último instituto maior número de infrações penais.
O fracasso dos modelos tradicionais de resposta à criminalidade, ancorados na idéia de retribuição – cuja fundamentação filosófica é objeto de sério questionamento – e de prevenção – de eficácia não comprovada, parece levar à valorização da pena criminal como simples expressão simbólica que tem como função contradizer o significado simbólico de hostilidade ao Direito implícito no crime[footnoteRef:9]. Segundo ODONE SANGUINÉ, em tempos de especial temor generalizado, surge uma política criminal emocional que põe a nu a função simbólica do Direito Penal, o qual, mesmo sem operatividade, passa a ter o sentido de uma aparência de efetividade e proteção social, exonerando o Estado de empreender programas mais amplos de política social[footnoteRef:10]. [9: ODONE SANGUINÉ, Função simbólica da pena.] [10: idem, ibidem.] 
A propósito, dedicando-se a um trabalho de reflexão crítica do Direito Penal e da Criminologia, ALESSANDRO BARATTA identifica o sistema penal como instrumento de conservação e reprodução da realidade social. Os conteúdos dos tipos penais pertencem aos valores burgueses, lançando para fora do Direito as ações anti-sociais das classes hegemônicas, no que chama de zona de imunização para comportamentos cuja danosidade se volta particularmente contra as classes subalternas[footnoteRef:11]. [11: Criminologia crítica e crítica do Direito Penal, p. 176.] 
BARATTA está a referir-se ao caráter seletivo da eficácia penal, situação muito conhecida no Direito Brasileiro. Cite-se, a propósito, por exemplo, a pouca relevância prática do ressarcimento do prejuízo da vítima ou devolução do produto subtraído, nos crimes patrimoniais comuns, praticados pelas camadas pobres da população, constituindo mera circunstância atenuante ou causa de redução da pena. Bem ao contrário, o pagamento do tributo ou contribuição social antes do recebimento da denúncia, nos crimes de sonegação fiscal, opera a extinção da punibilidade, como dispõe a Lei 9249/95, fruto de intensa pressão legislativa por parte dos chamados setores produtivos da sociedade.
Por outro lado, para além das soluções que o ordenamento jurídico busca para a ineficácia da resposta às violações legais, a sociedade como um todo tende a criar sistemas próprios de solução amigável para problemas de natureza civil ou criminal. Pode-se situar ainda, nesse mesmo terreno, o uso da arbitragem por corporações industriais no mundo dos negócios, como forma de resolver os conflitos. É a busca pela eficácia do Direito, como que à revelia das instituições jurídicas estatais, tendo a legislação brasileira, aliás, admitido expressamente a arbitragem como modalidade processual de solução de conflitos.
No campo penal é inevitável a menção a um movimento social de criação de sistemas privados de proteção das pessoas e das empresas, com nítida influência sobre a vida em sociedade e a Economia. São exemplos de tal influência o crescimento gigantesco da indústria eletrônica de segurança, o desenvolvimento de verdadeiras milícias privadas, especialmente nas grandes cidades, e também a mobilização da mídia e da própria agenda política em torno do assunto segurança pública, para além do âmbito de atuação das normas do Direito Penal.
A pesquisa sobre a eficácia das normas penais passa também pela consideração do caráter classista do próprio Direito e sua aplicação pelo Estado e operadores jurídicos. A seletividade penal, que pode ser definida como a capacidade “natural” que o sistema possui de selecionar condutas sociais contra as quais fará incidir sua atuação efetiva, guarda relação com o tema da eficácia do Direito. Para as classes sociais mais favorecidas economicamente, e portanto mais próximas do poder político, torna-se mais difícil a aplicação das normas penais.
Os chamados crimes do colarinho branco, praticados em meio a complexas relações econômicas, comerciais e industriais, são de difícil caracterização e tipificação. Para tanto, contribuem as descrições genéricas da legislação e a atuação dos operadores jurídicos, em especial o Poder Judiciário, que interpreta as ações criminosas como intercorrências normais, de natureza civil, do mundo dos negócios. Além disso, há uma maior possibilidade de exploração do sistema processual e de garantias por parte dos advogados, dificultando a imputação penal. O eventual êxito no desenvolvimento dos processos criminais por delitos de tal natureza redundará em punições extremamente brandas, por imperativo das próprias normas jurídicas, uma vez que o sistema busca limitar as penas mais severas a crimes praticados com violência, como o homicídio, o latrocínio, o roubo, o estupro etc.
A Justiça, de outra parte, com alguma facilidade, pode lançar sua rede de atuação efetiva sobre infrações penais dotadas de maior visibilidade, praticadas pela população economicamente desassistida, cuja conduta é facilmente tipificável. À dificuldade na tipificação dos crime de estelionato ou peculato, por exemplo, corresponde, em contrapartida, a facilidade no enquadramento penal dos autores de delitos como roubo e furto, normalmente sujeitos a penas mais severas. Contra estes, portanto, mostra-se o Direito Penal muito mais eficaz, incidindo sobre condutas humanas dotadas de escassas possibilidades de atuação defensiva.
A eficácia do instituto jurídico da prisão preventiva, por exemplo, somente em situações excepcionais pode ser constatada em crimes como de estelionato, peculato, sonegação fiscal e outros, uma vez que em tais ações delituosas os acusados dificilmente deixam de preencher os requisitos objetivos e subjetivos do exercíciodo direito à liberdade provisória. O exercício de ocupação lícita e a existência de domicílio certo no distrito da culpa (local da prática delituosa) constituem critérios comumente adotados pela Jurisprudência para afastar a possibilidade da decretação da prisão preventiva durante o processo criminal, ausente, no caso, a necessidade de garantia da ordem pública a que se refere o art. 312 do Código de Processo Penal.
Tais requisitos da liberdade provisória, por outro lado, são mais dificilmente satisfeitos pelos acusados pertencentes a camadas marginalizadas da população. Em uma sociedade com altos índices de desemprego, a atingir a imensa parcela de trabalhadores desqualificados, é fácil imaginar, na hipótese de violação de norma penal, por meio da prática de crime violento, por exemplo, sobre quem recairia a espada do Direito.
Na aplicação das normas, portanto, ocorre o que se denomina criminalização secundária. A aplicação seletiva das normas penais e processuais penais acaba portanto por construir, por si mesma, um Direito Penal que não coincide exatamente com o Direito existente no interior das normas penais, abstratamente destinadas à totalidade social, tornando, assim, manipulável o conceito de eficácia jurídica.
As normas que definem crimes ambientais constituem outro exemplo de direcionamento seletivo da eficácia do Direito. Discute-se ainda se as pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas criminalmente por ofensas ao meio ambiente, consoante previsto na Lei 9605/98, havendo ainda grande dificuldade na imputação de crimes ambientais à atividade da poluição industrial. Um lançar de olhos sobre a jurisprudência mais recente revela, por outro lado, que a aplicação da nova legislação vem atingindo maciçamente pequenos infratores rurais, como caçadores de pequenos animais silvestres ou posseiros que se dedicam ao corte de palmito como meio de subsistência...
No que se refere à criminalidade violenta que atinge as grandes cidades, é possível, portanto, compreender a idéia da criação de um Direito Penal de natureza simbólica, como desaguadouro da situação de temor social a que se refere ODONE SANGUINÉ na obra citada.
Para além do espaço simbólico de atuação do Direito, no entanto, sua ineficácia, no sentido da solução dos conflitos sociais, parece indisfarçável. Segundo Ana Lucia SABADELL, em época de intensa conflitualidade, como a que vivemos, o Direito parece apresentar-se menos eficaz, revelando sua modéstia e incapacidade de solucionar os conflitos sociais: “quanto menos conflitos existam em uma sociedade, em determinado momento, e quanto mais consenso haja entre os cidadãos com relação à política do Estado, mais forte será o grau de eficácia das normas vigentes”[footnoteRef:12]. [12: Manual de sociologia jurídica, p. 64] 
O que se pretende sustentar é que a possibilidade de solução de conflitos por parte do Direito está diretamente ligada ao contexto social. Contemporaneamente, em países de economia periférica como o Brasil, vem ocorrendo acentuadamente um processo desagregatório no âmbito das instituições sociais, como valores morais familiares e até religiosos, o que em regra tem sido impulsionado por processos econômicos. Quanto mais significativa tal desagregação, mais modesto será o papel de solução de conflitos por parte do Direito. Em tal contexto, a própria sociedade será levada a criar modelos normativos próprios, muitas vezes incompatíveis com os que se apresentam no Ordenamento Jurídico, muito embora a criação social do Direito não decorra exclusivamente da inoperância ou da omissão do Estado, como se verá no texto seguinte. 
Debruçando-se sobre a realidade de favela do Rio de Janeiro, em pesquisa realizada nos anos setenta, BOAVENTURA SOUZA SANTOS analisou o nascimento do fenômeno jurídico alternativo na comunidade, fruto do distanciamento da atuação do Estado naquela localidade, nascida à margem das normas legais. O vício de nascimento do agrupamento social, aos olhos do Direito, levou a comunidade local a distanciar-se cada vez mais dos mecanismos jurídicos estatais. As normas jurídicas estatais, no que se refere a benefícios sociais destinados à totalidade da população, não poderiam aplicar-se a pessoas em situação de ilegalidade quanto ao uso do solo, afastando, por exemplo, o recurso à proteção da Polícia contra a criminalidade no seio da própria comunidade. Conclui BOAVENTURA no sentido de que, “o estatuto de ilegalidade da comunidade favelada e o bloqueamento ideológico que lhe foi concomitante criaram uma situação de indisponibilidade ou inacessibilidade estrutural dos mecanismos oficiais de ordenação e controle social”[footnoteRef:13]. [13: Notas sobre a história jurídico-social de Pasárgada, in “O Direito achado na rua”, pp. 46-51.] 
A ineficácia do Direito, claramente visível em segmentos da população socialmente desfavorecida, conforme a pesquisa do sociólogo português, constitui o embrião da criação de formas alternativas de Direito por parte da própria comunidade, abrindo caminho ao chamado pluralismo jurídico. O fenômeno não passa desapercebido da comunidade jurídica e dos operadores do Direito, de que é exemplo o chamado movimento alternativo do Direito, constituído pela ação dos juristas e operadores do Direito em busca, por exemplo, da afirmação da eficácia das normas programáticas que se mostram socialmente ineficazes, insatisfeitos com seu papel meramente simbólico. O trabalho de aplicação do Direito a partir das normas programáticas, também chamadas apaziguadoras, elaboradas com o objetivo de serenar os ânimos das classes reivindicadoras, constitui um dos objetos de atuação dos juristas alternativos, que realizam o que denominam um positivismo de combate. 
A ineficácia do Direito, portanto, gerando fenômenos jurídicos plurais no seio da população, incide sobre o próprio Direito, por meio da atuação de seus operadores, que buscam compatibilizar as normas do Direito Positivo com os anseios da sociedade, contando, para isso, com ferramentas do próprio universo jurídico, como o trabalho hermenêutico e o recurso a princípios históricos do Direito. Os juristas chamados alternativos combatem a ineficácia social do Direito Positivo, voltando os olhos também para normas não estatais de grupos sociais à margem da sociedade.
O que se pode concluir, portanto, é que a maior ou menor eficácia do Direito acaba por repercutir na formulação do Direito Positivo, em sua constituição e também em sua aplicação efetiva, como resposta da sociedade ao próprio Estado e à atuação de seus órgãos de controle social, num expressivo mecanismo de troca, representativo da extraordinária riqueza existente nas relações entre o Direito e a Sociedade.
BIBLIOGRAFIA
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do Direito Penal. trad.
 Juarez Cirino dos Santos, Ed. Freitas Bastos, 2ª edição.
BOBBIO, Norberto. Teoria da Norma Jurídica, trad., São Paulo: Ed.
 Edipro, 2001.
__ Teoria do Ordenamento Jurídico, trad. Maria Celeste Cordeiro Leite
 dos Santos, Ed. UNB, 6ª ed.
DURKHEIM, Emile. As regras do método sociológico, trad. Margarida
 Garrido Esteves, Col. “Os Pensadores”, São Paulo: Ed. Abril, 1978.
___ Da divisão do trabalho social, trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura,
 Idem.
GUSMÃO, Paulo Dourado. Filosofia do Direito, Rio de Janeiro: Forense.
MIRANDA ROSA, F.A. de. Sociologia do Direito, Rio de Janeiro: 1999
 Jorge Zahar Ed. 15ª ed..
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002. 20ª ed.
SABADELL, Ana Lúcia. Manual de Sociologia Jurídica. São Paulo:2000.
 Ed. Revista dos Tribunais.
SAMPAIO FERRAZ JR, Tércio. Introdução ao Estudo do Direito. São
 Paulo, Ed. Atlas, 3ª edição.
SANTOS, Boaventura Sousa., Notas sobre a história jurídico-social de
 Pasárgada, in “O Direito achado na rua”, pp. 46-51, Ed. UNB.
	QUESTIONÁRIO:
1.	Qual é a relação entre a eficácia das normas e a idéia de pluralismo jurídico?
2.	Por que se diz que a ausência de efeitos concretos de determinadas normas não significanecessariamente que elas sejam ineficazes?
3.	Quais os principais obstáculos sociais à eficácia do Direito?
4.	O trabalho de criação do Direito pelos operadores por via da interpretação repercute na maior ou menor eficácia das normas? Por quê?
5.	Aponte alterações sociais decorrentes da ineficácia do Direito Penal no combate à criminalidade.
	LEITURA COMPLEMENTAR:
	“A análise da eficácia suscita uma série de problemas que interessam tanto à Epistemologia como à Culturologia Jurídica: um deles prende-se à natureza do Direito costumeiro e ao delicado problema da revogação das leis pelo desuso.
	Se atentarmos ao Código Civil, veremos que os usos e costumes não ab-rogam, nem revogam lei: é preciso, entretanto, balizar o alcance dessa asserção nas coordenadas da Dogmática Jurídica. Todos os ordenamentos jurídicos, e o Código Civil é um deles, põem-se como unidades técnico-formais sem lacunas. O Código Civil, o Código Penal, são conjuntos de preceitos lógicos que se ordenam em sistemas; todo código tem a pretensão de ser pleno, de bastar para explicar todas as hipóteses possíveis da vida.
	Um dos propósitos do legislador é o de que aquele sistema não possa ser revogado ou modificado, a não ser por outras regras escritas, que, implícita ou explicitamente, contenham a sua revogação. Isto, porém, somente pode ser aceito no plano técnico-formal, ou seja, no plano da Dogmática Jurídica.
	A vida social, entretanto, é muito mais exigente e sorri dessas pretensões técnico-formais. O que vemos, em verdade, são preceitos jurídicos que não são vividos pelo povo, por não corresponderem às suas tendências ou inclinações, por múltiplos motivos que não vêm ao caso examinar.
	Há um trabalho, por assim dizer, de desgaste ou de erosão das normas jurídicas, por força do processo vital dos usos e costumes. O hábito de viver vai aos poucos influindo sobre as normas jurídicas, mudando-lhes o sentido, transformando-as até mesmo nos seus pontos essenciais, ajustando-as às necessidades fundamentais da existência coletiva.
	Se imaginarmos, na história da espécie, a experiência do Direito como um curso de água, diremos que esta corrente, no seu passar, vertiginoso ou lento, vai polindo as arestas e os excessos das normas jurídicas, para adaptá-las, cada vez mais, aos valores humanos concretos, porque o Direito é feito para a vida e não a vida para o Direito.
	Essa mudança nos quadros espirituais ou morais da ordem social tem um profundo significado, representando a condição geral em que necessariamente se situa o aplicador do Direito no momento decisivo de sua interpretação.
	É por isso que dizemos que uma sentença nunca é um silogismo, umas conclusão lógica de duas premissas, embora possa ou deva apresentar-se em veste silogística. Toda sentença é antes a vivência normativa de um problema, uma experiência axiológica, na qual o juiz se serve da lei e do fato, mas coteja tais elementos com uma multiplicidade de fatores, iluminados por elementos intrínsecos, como sejam o valor da norma e o valor dos interesses em conflito.
	Nesse particular, o problema da eficácia pode verificar-se em quatro hipóteses: ou a lei encontra logo correspondência na vida social, harmonizando-se vigência e eficácia; ou a lei, embora vigente e por ser vigente, deve subordinar-se a um ‘processo fático’ para produzir todos seus efeitos, ou então, pode dar-se um fenômeno delicado: - o das leis que durante um certo período, mais ou menos longo, têm eficácia e depois a perdem; e, finalmente, o caso mais delicado ainda da vigência puramente abstrata, que não pronuncia uma experiência possível, e, como tal, sem qualquer efetividade.
	Cabe aos homens de Estado evitar o divórcio entre a realidade social e certas normas, que não têm ou jamais tiveram razão de ser, porque em conflito com as tendências e os legítimos interesses dominantes no seio da coletividade. Infelizmente, muito facilmente se olvida que leis falhas ou nocivas, além do mal que lhes é próprio, redundam no desprestígio das leis boas.
	O reajustamento permanente das leis aos fatos e às exigências da justiça é um dever dos que legislam, mas não é dever menor por parte daqueles que têm a missão de interpretar as leis para mantê-las em vida autêntica”. (MIGUEL REALE, Filosofia do Direito, Ed. Saraiva, 20ª ed. 2º vol. pp.609-611).

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