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SOI II PALESTRA Núcleos da Base Falar de núcleos da base é falar do movimento O movimento deve ser muito bem controlado -> para isso eu possuo sistemas superiores que controlam os movimentos (sistemas neurais) Os núcleos da base são muito importantes para isso Objetivo: compreender a fisiologia dos núcleos da base ANATOMIA Os núcleos da base são constituídos por quatro estruturas: • Corpo estriado – formado pelos núcleos caudado e putâmen • Globo pálido – interno e externo (ou medial e lateral) • Núcleo subtalâmico • Substância negra FISIOLOGIA Principal função dos núcleos da base -> Sequenciador dos movimentos – ou seja, começar na hora certa e terminar na hora certa – são coordenadores do movimento • Para sequenciar os movimentos os núcleos da base operam através de duas vias principais: o Via direta (permissiva): permite o início do movimento – “liga o movimento” o Via indireta (inibitória): interrompe o movimento no tempo correto – “desliga o movimento” Funcionamento: NB = núcleos da base -> função: coordenação de sequências Iniciaremos com o comportamento desse centro no repouso (antes do movimento) – a presença de um tônus permite que eles funcionem antes do movimento Tônus = ação constante mesmo em repouso No Repouso – antes do movimento • Naturalmente, no repouso, o GPI (globo pálido interno) que é vizinho do tálamo, está inibindo o tálamo -> ou seja, não estou tendo movimentos involuntários Resumindo: o GPI tem um tônus inibitório constantemente inibindo tálamo em repouso • No repouso, o GPE (globo pálido externo) também tem um tônus inibitório, ele inibe naturalmente o núcleo subtalâmico SOI II PALESTRA No movimento • O movimento nasce em uma área associativa motora, chamada área pré-motora -> essa área cria um plano do movimento, cria uma imagem do movimento Por exemplo: quero tocar uma nota de um piano -> tenho a primeira nota com o indicador esquerdo, depois polegar direito, depois anelar direito -> quem criou essa imagem antes do movimento acontecer foi a área pré- motora (é uma área associativa que fica na frente do córtex motor primário – que executa o movimento) • Depois que a área pré-motora criou esse plano (imagem) do movimento -> ela manda para os núcleos da base, que irão sequenciar esse movimento A imagem do movimento então entra no corpo estriado (porta de entrada dos núcleos da base); e depois que ele entra, o putâmen vai começar o movimento (inicia essa via direta/permissiva) -> vai ser essa via que vai permitir que aquele movimento planejado possa ser executado Diante disso, o putâmen vai atuar sobre o GPI (que já estava inibindo o tálamo - no repouso), desligando (inibindo) momentaneamente o GPI Ou seja, o GPI sai da jogada, consequentemente não existe mais esse freio no tálamo O tálamo então libera o movimento -> “córtex motor vamos lá?” Aí o córtex motor através do trato corticoespinal manda estímulos elétricos, que chegam até a sua mão. E de fato aquilo que foi sonhado/planejado começa a ser executado Resumindo: o que foi planejado, agora foi autorizado por uma via permissiva para execução Resumo – via permissiva (permite o movimento): 1º - tenho que saber que GPI tem um tônus inibitório em tálamo; MAS agora o movimento vai começar 2º - putâmen que é via direta (direta porque vai direto no GPI ou também chamada de permissiva porque permite o movimento) vai no GPI vai inibir ele 3º - momentaneamente então, sem o GPI, o tálamo fica livre – e o movimento acontece Fim do movimento – antes do erro acontecer Por que o movimento não erra? Por que o movimento acaba no momento exato? Antes do erro acontecer, o caudado (protagonista da via indireta) – Ou seja, antes do erro, a via indireta ou inibitória vai agir Quando o caudado percebe: “nossa o movimento vai errar a nota” – ele age assim que terminar o movimento das 3 notas que foi planejada – então ele interrompe o movimento antes que haja o erro (em milésimos de segundo ele já vai ali e inibe o GPE) • O caudado vai atuar no GPE (que estava inibindo o núcleo subtalâmico - no repouso) inibindo (desligando) o GPE Diante disso o GPE sai da jogada, deixando o núcleo subtalâmico livre para poder agir • O núcleo subtalâmico então vai no GPI e volta a ligar esse inibidor (GPI) “GPI, agora é hora de interromper o movimento” SOI II PALESTRA E aí o GPI acorda e volta a desligar (inibir) o tálamo – ai então eu tenho um freio do movimento – o movimento é cortado antes que um erro aconteça Aplicação Clínica -> Parkinson Um dos primeiros sintomas do paciente é uma alteração emocional Emoções X núcleos da base • Os núcleos da base não coordenam apenas áreas motoras (córtex motor), eles também conseguem coordenar outras funções cefálicas, como por exemplo as emoções • As emoções são criadas no sistema límbico – quando a amigdala é ativada, eu tenho minhas emoções • Essas áreas límbicas são controladas pelos núcleos da base -> um sistema gerenciador das emoções • Os núcleos da base podem coordenar a amigdala – consegue desligar a amigdala e parar as emoções antes de ficarem descontroladas • Ou seja, se eu tenha alterações emocionais (desde a depressão até outras alterações desse sistema), pode ser uma falha não no sistema límbico, mas sim no meu diretor, os núcleos da base Substancia Negra Mesencefálica • É uma área que vai enviar neurônios que secretam dopamina nos núcleos da base • Ou seja, a substancia negra não agiu direto naquelas vias direta e indireta • A substancia negra através desse neurônio dopaminérgico, através dessa dopamina, ela deixa os núcleos da base saudáveis Se o putâmen sabe a hora exata de iniciar a via permissiva e se o caudado sabe a hora de entrar em ação, é porque eles estão saudáveis. E quem deixa os núcleos da base saudáveis, é graças a dopamina. Sem ela os núcleos ficam perdidos, aí um age na frente do outro enfim... Quando há morte dessa substancia negra, esses neurônios dopaminérgicos são perdidos e não há mais dopamina nos núcleos da base. Dessa forma, o caudado e o putâmen entram em pânico – não estão mais saudáveis -> ai você começa a ter toda uma alteração que vai repercutir nas áreas de controle – lá no córtex motor o paciente começa a ter um tremor do Parkinson, alteração de marcha, hipocinesia (dificuldade de iniciar o movimento). Ou seja, o movimento está errado porque o meu gerente está falho, porque a via dele permissiva e inibitória está entrando em pânico, porque ele precisa de dopamina e não tenho dopamina porque o neurônio dopaminérgico morreu, porque a substancia negra está morrendo – por isso que tenho esses sintomas do Parkinson SOI II PALESTRA Cerca de 60 a 70% dos pacientes que tem Parkinson, até 10 anos antes de iniciar o tremor e os sintomas motores, apresentam depressão Ou seja, se os núcleos da base estão começando a falhar, não só o córtex motor que é coordenado por ele irá falhar, mas também o sistema límbico – a pessoa começa a ter emoções descontroladas – pode ter uma depressão antes dos sinais motores, isso pode ser o início do Parkinson. Possível tratamento: medicamento L-dopa (precursor que vai gerar dopamina) -> vai se transformar em dopamina ali nos núcleos da base Então eu passo a ter uma dopamina exógena, se volta a ter dopamina, o corpo estriado volta a ficar mais saudável e você começa a melhorar um pouco aqueles sintomas Referências:
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