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APG 24 - Parto e células-tronco

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1 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
Objetivos 
1- Compreender os mecanismos fisiológicos do 
parto; 
2- Descrever os diferentes tipos de células-tronco; 
Parto 
↠ O parto normalmente ocorre entre a 38ª e a 40ª 
semana de gestação (SILVERTHORN, 7ª ed.). 
↠ O trabalho de parto é o processo pelo qual o feto é 
expelido do útero por meio da vagina, também chamado 
de dar à luz. Um sinônimo de trabalho de parto é 
parturição (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Ao final da gravidez, o útero fica progressivamente 
mais excitável, até que, por fim, desenvolve contrações 
rítmicas tão fortes que o bebê é expelido. Não se sabe a 
causa exata do aumento da atividade uterina, mas pelo 
menos duas categorias principais de eventos levam às 
contrações intensas, responsáveis pelo parto: (GUYTON, 
13ª ed.). 
➢ mudanças hormonais progressivas que 
aumentam a excitabilidade da musculatura 
uterina; 
➢ mudanças mecânicas progressivas. 
Fatores hormonais 
↠ O início do trabalho de parto é determinado por 
complexas interações de vários hormônios placentários e 
fetais (TORTORA, 14ª ed.). 
MAIOR PROPORÇÃO DE ESTROGÊNIOS EM RELAÇÃO À 
PROGESTERONA 
Tanto a progesterona quanto o estrogênio são secretados em 
quantidades progressivamente maiores durante grande parte da 
gravidez, mas, a partir do sétimo mês, a secreção de estrogênio 
continua a aumentar, enquanto a de progesterona permanece 
constante ou até mesmo diminui um pouco. Por isso, já se postulou 
que a produção estrogênio-progesterona aumenta o suficiente até o 
final da gravidez para ser pelo menos parcialmente responsável pelo 
aumento da contratilidade uterina (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ A progesterona inibe a contratilidade uterina durante 
a gravidez, ajudando, assim, a evitar a expulsão do feto. 
Por sua vez, os estrogênios têm tendência definida para 
aumentar o grau de contratilidade uterina, em parte 
porque elevam o número de junções comunicantes entre 
as células do músculo liso uterino adjacentes, mas 
também devido a outros efeitos pouco entendidos ainda 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ O aumento nos estrogênios resulta da secreção 
crescente do hormônio liberador da corticotropina pela 
placenta, que estimula a adeno-hipófise do feto a secretar 
ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). Por sua vez, o 
ACTH estimula a glândula suprarrenal fetal a secretar 
cortisol e desidroepiandrosterona (DHEA), o principal 
androgênio suprarrenal. A placenta então converte o 
DHEA em um estrogênio. Os níveis elevados de 
estrogênios fazem com que o número de receptores 
para a ocitocina nas fibras do músculo uterino aumente, 
e fazem com que as fibras do músculo uterino formem 
junções comunicantes entre si (TORTORA, 14ª ed.). 
IMPORTANTE: O estrogênio estimula também a placenta a 
liberar prostaglandinas, as quais induzem a produção de 
enzimas que digerem as fibras colágenas no colo do 
útero, fazendo com que ele amoleça (TORTORA, 14ª ed.). 
A OCITOCINA CAUSA CONTRAÇÃO DO ÚTERO 
↠ A ocitocina é um hormônio secretado pela neuro-
hipófise que, especificamente, causa contrações uterinas. 
Existem quatro razões para se acreditar que a ocitocina 
pode ser importante para aumentar a contratilidade do 
útero próximo ao termo: (GUYTON, 13ª ed.). 
➢ A musculatura uterina aumenta seus receptores 
de ocitocina e, portanto, aumenta sua 
sensibilidade a uma determinada dose de 
ocitocina nos últimos meses de gravidez. 
➢ A secreção de ocitocina pela neuro-hipófise é, 
consideravelmente, maior no momento do parto. 
➢ Muito embora animais hipofisectomizados ainda 
consigam ter seus filhotes a termo, o trabalho 
de parto é prolongado. 
➢ Experimentos em animais indicam que a irritação 
ou a dilatação do colo uterino, como ocorre 
durante o trabalho de parto, pode causar reflexo 
neurogênico, através dos núcleos paraventricular 
e supraóptico, que faz com que a hipófise 
posterior (a neuro-hipófise) aumente sua 
secreção de ocitocina. 
↠ A ocitocina liberada pela neuro-hipófise estimula as 
contrações uterinas, auxiliada pela relaxina liberada pela 
placenta que aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e 
ajuda a dilatar o colo do útero (TORTORA, 14ª ed.). 
OS EFEITOS DE HORMÔNIOS FETAIS NO ÚTERO 
↠ A hipófise do feto secreta grande quantidade de 
ocitocina, o que teria algum papel na excitação uterina. 
Além disso, as glândulas adrenais do feto secretam 
APG 24 
2 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
grande quantidade de cortisol, outro possível estimulante 
uterino. E, mais, as membranas fetais liberam 
prostaglandinas em concentrações elevadas, no 
momento do trabalho de parto, que também podem 
aumentar a intensidade das contrações uterinas 
(GUYTON, 13ª ed.). 
Fatores mecânicos 
DISTENSÃO DA MUSCULATURA UTERINA 
↠ A simples distensão de órgãos de musculatura lisa 
geralmente aumenta sua contratilidade. Ademais, a 
distensão intermitente, como ocorre repetidamente no 
útero, por causa dos movimentos fetais, pode também 
provocar a contração dos músculos lisos (GUYTON, 13ª 
ed.). 
Observe, particularmente, que os gêmeos nascem em média 19 dias 
antes de um só bebê, o que enfatiza a importância da distensão 
mecânica em provocar contrações uterinas (GUYTON, 13ª ed.). 
DISTENSÃO OU IRRITAÇÃO DO COLO UTERINO 
↠ Há razões para se acreditar que a distensão ou a 
irritação do colo uterino seja particularmente importante 
para provocar contrações uterinas. Por exemplo, os 
próprios obstetras, muitas vezes, induzem o trabalho de 
parto, rompendo as membranas, de maneira que a 
cabeça do bebê distenda o colo uterino mais 
efetivamente que o usual, ou irritando-o de outras formas 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Não se sabe o mecanismo pelo qual a irritação cervical 
excita o corpo uterino. Já foi sugerido que a distensão ou 
irritação de terminais sensoriais no colo uterino provoque 
contrações uterinas reflexas; no entanto, as contrações 
poderiam ser resultantes da pura e simples transmissão 
miogênica de sinais do colo ao corpo uterino (GUYTON, 
13ª ed.). 
Feedback positivo – contrações uterinas 
Durante grande parte da gravidez, o útero sofre episódios periódicos 
de contrações rítmicas fracas e lentas, denominadas contrações de 
Braxton Hicks. Essas contrações ficam progressivamente mais fortes 
ao final da gravidez; então, mudam subitamente, em questão de horas, 
e ficam excepcionalmente fortes, começando a distender o colo 
uterino e, posteriormente, forçando o bebê através do canal de parto, 
levando, assim, ao parto. Esse processo é denominado trabalho de 
parto, e as contrações fortes, que resultam na parturição final, são 
denominadas contrações do trabalho de parto (GUYTON, 13ª ed.). 
O controle das contrações durante o trabalho de parto ocorre por 
meio de um ciclo de feedback positivo (TORTORA, 14ª ed.). Em 
primeiro lugar, as contrações do trabalho de parto obedecem a todos 
os princípios de feedback positivo, ou seja, quando a força da 
contração uterina ultrapassa certo valor crítico, cada contração leva a 
contrações subsequentes que vão se tornando cada vez mais fortes, 
até atingir o efeito máximo (GUYTON, 13ª ed.). 
 
 
As contrações do miométrio uterino forçam a cabeça ou o corpo do 
recém-nascido contra o colo do útero, distendendo-o (alongamento). 
Os receptores de estiramento do colo do útero enviam impulsos 
nervosos às células neurossecretoras do hipotálamo, levando-as a 
liberar ocitocina nos capilares sanguíneos da neuro-hipófise. A ocitocina 
então é transportada pelo sangue até o útero, onde ela estimula o 
miométrio a se contrair com mais força. Conforme as contrações se 
intensificam, o corpo do recém-nascido distende ainda mais o colo do 
útero, e os impulsos nervosos resultantes estimulam a secreção 
adicional de ocitocina. Após o parto, o ciclo de feedback positivo é 
quebrado, porque a distensão do colo do útero repentinamente 
diminui (TORTORA, 14ª ed.). 
 
3 
 
 Júlia Morbeck – 2º períodode medicina 
@jumorbeck 
 
As contrações uterinas ocorrem em ondas (muito semelhantes às 
ondas peristálticas do sistema digestório) que começam na parte 
superior do útero e se movem para baixo, por fim expelindo o feto 
(TORTORA, 14ª ed.). 
Poderíamos questionar a respeito dos muitos casos de trabalho de 
parto falso, nos quais as contrações ficam cada vez mais fortes e 
depois diminuem e desaparecem. Lembre-se de que para o feedback 
positivo persistir, cada novo ciclo devido ao processo de feedback 
positivo deve ser mais forte que o precedente. Se em algum 
momento, depois de iniciado o trabalho de parto, as contrações não 
conseguirem reexcitar o útero suficientemente, o feedback positivo 
poderia entrar em declínio retrógrado, e as contrações do trabalho de 
parto desapareceriam (GUYTON, 13ª ed.). 
Trabalho de parto (fases) 
O trabalho de parto verdadeiro começa quando as contrações uterinas 
ocorrem em intervalos regulares, geralmente provocando dor. 
Conforme o intervalo entre as contrações se encurta, as contrações 
se intensificam. Outro sintoma de trabalho de parto verdadeiro em 
algumas mulheres é a dor localizada nas costas que se intensifica com 
a deambulação (TORTORA, 14ª ed.). 
Quando as contrações uterinas se tornam fortes durante o trabalho 
de parto, sinais de dor originam-se tanto do útero quanto do canal de 
parto. Esses sinais, além de causarem sofrimento, provocam reflexos 
neurogênicos na medula espinal para os músculos abdominais, 
causando contrações intensas desses músculos. As contrações 
abdominais acrescentam muito à força que provoca a expulsão do 
bebê (GUYTON, 13ª ed.). 
O indicador mais confiável de trabalho de parto verdadeiro é a dilatação 
do colo do útero e a “saída do tampão”, uma descarga de muco 
contendo sangue do interior do canal do colo do útero. No trabalho de 
parto falso, a dor é sentida no abdome em intervalos irregulares, mas 
não se intensifica e a deambulação não a altera de modo significativo. 
Não há “saída de tampão” nem dilatação cervical (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ O trabalho de parto verdadeiro pode ser dividido em 
três fases: (TORTORA, 14ª ed.). 
➢ Fase de dilatação: O período de tempo que vai 
do início do trabalho de parto até a dilatação 
completa do colo do útero é a fase de dilatação. 
Esta fase, que normalmente dura de 6 a 12 h, 
apresenta contrações regulares do útero, 
geralmente uma ruptura do âmnio e a dilatação 
completa (10 cm) do colo do útero. Se o âmnio 
não se romper espontaneamente, ele é 
rompido intencionalmente (TORTORA, 14ª ed.). O 
chamado primeiro estágio do trabalho de parto 
é o período de dilatação cervical progressiva, 
que dura até a abertura cervical estar tão grande 
quanto a cabeça do feto. Esse estágio, 
geralmente, tem duração de 8 a 24 horas, na 
primeira gestação, mas muitas vezes apenas 
alguns minutos depois de várias gestações 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ As contrações uterinas durante o trabalho de parto 
começam basicamente no topo do fundo uterino e se 
espalham para baixo, por todo o corpo uterino. Além 
disso, a intensidade da contração é grande no topo e no 
corpo uterino, mas fraca no segmento inferior do útero 
adjacente ao colo. Portanto, cada contração uterina tende 
a forçar o bebê para baixo, na direção do colo uterino 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ No início do trabalho de parto, as contrações ocorrem 
apenas a cada 30 minutos. À medida que o trabalho de 
parto progride, as contrações finalmente surgem com 
tanta frequência quanto uma vez a cada 1 a 3 minutos, e 
sua intensidade aumenta bastante, com períodos muito 
breves de relaxamento entre elas (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ As contrações da musculatura uterina e abdominal 
combinadas durante a expulsão do bebê causam força 
descendente do feto equivalente a 12 kg, durante cada 
contração forte (GUYTON, 13ª ed.). 
IMPORTANTE: Felizmente, essas contrações do trabalho de 
parto ocorrem intermitentemente, pois contrações fortes 
impedem ou às vezes até mesmo interrompem o fluxo 
sanguíneo através da placenta e poderiam causar o óbito 
do feto, se fossem contínuas. Na verdade, o uso 
excessivo de diversos estimulantes uterinos, como a 
ocitocina, pode causar espasmo uterino em vez de 
contrações rítmicas e levar o feto ao óbito (GUYTON, 13ª 
ed.). 
 
➢ Fase de expulsão: O período de tempo (10 min 
a várias horas) que vai da dilatação cervical 
completa até o nascimento do recém-nascido 
consiste na fase de expulsão (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Em mais de 95% dos nascimentos, a cabeça é a 
primeira parte do bebê a ser expelida e, na maioria dos 
outros casos, as nádegas apresentam-se primeiro. 
Quando o bebê entra no canal de parto primeiro com as 
4 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
nádegas ou os pés, isso é chamado apresentação pélvica 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ A cabeça age como uma cunha que abre as estruturas 
do canal de parto enquanto o feto é forçado para baixo. 
A primeira grande obstrução à expulsão do feto é o 
próprio colo uterino. Ao final da gravidez, o colo se torna 
friável, permitindo-lhe que se distenda quando as 
contrações do trabalho de parto começam no útero 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Quando o colo está totalmente dilatado, as membranas 
fetais geralmente se rompem, e o líquido amniótico vaza 
subitamente pela vagina. Em seguida, a cabeça do feto se 
move rapidamente para o canal de parto, e, com a força 
descendente adicional, ele continua a forçar caminho 
através do canal até a expulsão final. Trata-se do segundo 
estágio do trabalho de parto, e pode durar tão pouco 
quanto 1 minuto, depois de várias gestações, até 30 
minutos ou mais, na primeira gestação (GUYTON, 13ª ed.). 
 
Durante o segundo estágio do trabalho de parto, quando o feto está 
sendo expelido através do canal de parto, uma dor muito mais forte 
é causada pela distensão cervical, distensão perineal e distensão ou 
ruptura de estruturas no próprio canal vaginal. Essa dor é conduzida à 
medula espinal e ao cérebro da mãe por nervos somáticos, em vez 
de por nervos sensoriais viscerais (GUYTON, 13ª ed.). 
 
➢ Fase placentária: O período de tempo (5 a 30 
min ou mais) após o parto até que a placenta 
seja expelida pelas potentes contrações uterinas 
é a fase placentária. Essas contrações também 
contraem os vasos sanguíneos que foram 
dilacerados durante o parto, reduzindo a 
probabilidade de hemorragia (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Durante 10 a 45 minutos depois do nascimento do 
bebê, o útero continua a se contrair, diminuindo cada vez 
mais de tamanho, causando efeito de cisalhamento entre 
as paredes uterinas e placentárias, separando, assim, a 
placenta do seu local de implantação (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ A separação da placenta abre os sinusoides 
placentários e provoca sangramento. A quantidade de 
sangue limita-se, em média, a 350 mililitros pelo seguinte 
mecanismo: as fibras dos músculos lisos da musculatura 
uterina estão dispostas em grupos de oito ao redor dos 
vasos sanguíneos, onde estes atravessam a parede 
uterina. Portanto, a contração do útero, depois da 
expulsão do bebê, contrai os vasos que antes proviam 
sangue à placenta. Além disso, acredita-se que 
prostaglandinas vasoconstritoras, formadas no local da 
separação placentária, causem mais espasmo nos vasos 
sanguíneos (GUYTON, 13ª ed.). 
 
Uma placenta retida é aquela que não é expelida em 60 minutos após 
o nascimento (MOORE, 10ª ed.). 
Involução do útero depois do parto 
↠ Após o parto e a saída da placenta, existe um período 
de 6 semanas durante o qual a fisiologia e os órgãos 
genitais maternos retornam ao estado pré-gestacional. 
Este período é chamado de puerpério. Por meio de um 
processo de catabolismo dos tecidos, o útero sofre 
redução notável em seu tamanho na chamada involução, 
especialmente em lactantes (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Durante as primeiras 4 a 5 semanas depois do parto, 
o útero involui. Seu peso fica menor que a metade do 
peso imediatamenteapós o parto no prazo de uma 
semana; e, em quatro semanas, se a mãe amamentar, o 
útero torna-se tão pequeno quanto era antes da gravidez. 
Esse efeito da lactação resulta da supressão da secreção 
de gonadotropina hipofisária e dos hormônios ovarianos 
durante os primeiros meses de lactação (GUYTON, 13ª 
ed.). 
5 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
↠ Durante a involução inicial do útero, o local placentário 
na superfície endometrial sofre autólise, causando uma 
excreção vaginal conhecida como “lóquia”, que primeiro é 
de natureza sanguinolenta e depois serosa, mantendo-se 
por cerca de 10 dias, no total. Depois desse tempo, a 
superfície endometrial é reepitalizada e pronta mais uma 
vez para a vida sexual normal não gravídica (GUYTON, 13ª 
ed.). 
 
OBSERVAÇÕES 
Como regra geral, o trabalho de parto dura mais tempo no primeiro 
filho, normalmente cerca de 14 h. Nas mulheres que já deram à luz, a 
duração média do trabalho de parto é de aproximadamente 8 h, 
embora o tempo varie enormemente entre os partos (TORTORA, 14ª 
ed.). 
Como o feto pode permanecer espremido pelo canal do parto (colo 
do útero e vagina) por até várias horas, o feto é estressado durante 
o parto: a cabeça fetal é comprimida e o feto sofre algum grau de 
hipoxia intermitente em decorrência da compressão do cordão 
umbilical e da placenta durante as contrações uterinas. Em resposta a 
esse estresse, as medulas das glândulas suprarrenais secretam níveis 
fetais muito elevados de epinefrina e norepinefrina, os hormônios de 
“luta ou fuga”. Grande parte da proteção contra o estresse do parto, 
bem como a preparação da criança para sobreviver à vida 
extrauterina, é fornecida por esses hormônios. Entre outras funções, 
a epinefrina e a norepinefrina desobstruem os pulmões e alteram a 
sua fisiologia em prontidão para respirar ar, mobilizam nutrientes 
prontamente utilizáveis para o metabolismo celular, e promovem um 
maior fluxo sanguíneo para o encéfalo e coração (TORTORA, 14ª ed.). 
Aproximadamente 7% das gestantes não dão à luz 2 semanas após 
a sua data estimada para o parto. Estes casos impõem um risco maior 
de danos encefálicos ao feto, e até mesmo de morte fetal em 
decorrência de aporte inadequado de oxigênio e nutrientes em virtude 
de uma placenta envelhecida. Os partos pós-termo podem ser 
facilitados pela indução do trabalho de parto, iniciada pela administração 
de ocitocina, ou pelo parto cirúrgico (cesariana) (TORTORA, 14ª ed.). 
ARTIGOS 
MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE 
PARTO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA (GAYESKI; BRUGGMANN, 2010). 
Essa dor resulta de complexas interações, de caráter inibitório e 
excitatório e, embora, seus mecanismos sejam semelhantes aos da 
dor aguda, existem fatores específicos do trabalho de parto de 
natureza neurofisiológica, obstétrica, psicológica e sociológica que 
interferem no seu limiar. Desta forma, as opções não farmacológicas 
podem auxiliar a parturiente no alívio da dor. 
A manutenção do equilíbrio emocional durante o trabalho de parto é 
fundamental, pois quando os níveis de adrenalina estão altos, o sistema 
nervoso simpático é imediatamente ativado, aumentando os níveis 
plasmáticos do hormônio liberador de corticotrofinas, do hormônio 
adenocorticotrófico e do cortisol, comprovando que o estresse é um 
mecanismo biológico adaptativo e de defesa 
Alguns métodos não farmacológicos para o alívio da dor: banho de 
imersão, massagem, aromaterapia. 
O banho de imersão apresenta mais benefícios quando utilizado a partir 
dos 3 cm de dilatação cervical, principalmente quando controlados, 
conjuntamente, o tempo de ruptura das membranas e permanência 
na água, pois todos esses parâmetros podem influenciar 
negativamente nos resultados neonatais e no tempo de trabalho de 
parto. Esse método mostrou-se eficiente na redução da dor, 
independente dos parâmetros citados anteriormente. No entanto, a 
sua aplicabilidade, no cenário de cuidado brasileiro não é uma realidade, 
uma vez que não há banheira instalada na maioria dos centros 
obstétricos. 
DOR E COMPORTAMENTO DE MULHERES DURANTE O TRABLAHO DE PARTO E 
PARTO EM DIFERENTES POSIÇÕES (NILSEN et. al., 2011). 
A intensidade da dor sentida pelas mulheres no trabalho de parto e 
parto é amplamente variável, e está sujeita a influências psíquicas 
(comportamental), temperamentais (motivação), culturais (educação), 
orgânicas (constituição genética) e aos possíveis desvios da 
normalidade (estresse), além de fatores outros tais como distócias, que 
podem aumenta-la, e liberação de endorfinas, que pode diminuí-la. 
Por ser um fenômeno passível de tais influências, a dor é considerada 
uma experiência subjetiva e pessoal, e deve ser mensurada para 
permitir a escolha eficaz de um método de alívio. 
Outro fator que pode interferir na sensação dolorosa parece ser a 
posição no parto. Um estudo com 20 ensaios clínicos sobre as 
posições no segundo período do parto confirmou que na posição 
vertical ou lateral, há diminuição da sensação dolorosa intensa durante 
o período expulsivo, quando comparada com a supina ou litotomia. Os 
partos realizados nas diversas formas de posições verticais apresentam 
redução do período expulsivo quando comparados com partos em 
litotomia. A redução da duração do expulsivo, das taxas de parto 
assistido e de episiotomia afirmam o conceito de que os puxos no 
período expulsivo são mais eficientes em posições verticais. 
Em contraste, a posição horizontal dificulta esses aspectos, gerando a 
percepção negativa sobre a mesma, uma vez que dificulta a 
movimentação, aumenta o sofrimento, o cansaço, a duração do 
período expulsivo e as intervenções obstétricas. 
As mulheres, independente da posição, descreveram a intensidade da 
sensação dolorosa durante o trabalho de parto com valores médios 
de 7 a 8 e maioria delas referiu dor suportável ou dificilmente 
suportável. 
Sabe-se que na posição vertical, as contrações apresentam menos 
irregularidades em sua forma e ritmo. Certamente por isso, a posição 
vertical, durante o trabalho de parto, interfira de forma favorável sobre 
as contrações, permitindo uma melhor qualidade na obtenção da 
dinâmica uterina, uma diminuição na duração do parto e uma menor 
6 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
necessidade de administração da ocitocina. Ainda comenta o mesmo 
autor que, na posição vertical, a ação da gravidade sobre o feto é 
sinérgica com a das contrações. 
TERAPIAS COMPLEMENTARES NO TRABALHO DE PARTO: ENSAIO CLÍNICO 
RANDOMIZADO (CAVALCANTI et. al., 2019). 
Trata-se de estudo clínico, randomizado e controlado do tipo fatorial, 
utilizando desenho pré e pós-intervenção, oriundo da dissertação 
intitulada: “Avaliação da dor e ansiedade no trabalho de parto com o 
uso de intervenções não farmacológicas: ensaio clínico randomizado e 
controlado”. As parturientes foram alocadas aleatoriamente em um dos 
três diferentes grupos de intervenção: banho quente de chuveiro, 
exercícios com bola suíça e o grupo do banho e da bola de forma 
combinada. 
A percepção da dor e ansiedade foram avaliadas antes e 30 minutos 
após a intervenção. Estes desfechos foram avaliados por meio da 
Escala Visual Analógica (EVA), que compreende uma linha horizontal 
de 10 cm com extremidades indicando a intensidade, sendo zero (0) 
“ausência de dor” e dez (10) “pior dor possível”. A EVA é usada para 
medir vários fenômenos clínicos subjetivos, incluindo dor e ansiedade. 
A terapia combinada foi realizada com a parturiente sentada sobre a 
bola, executando exercícios perineais por 30 minutos, durante o banho 
quente de aspersão (região lombo-sacral). 
128 parturientes foram randomizadas e alocadas aleatoriamente nos 
três grupos de terapias - Grupo Banho Quente de chuveiro (n=44), 
Grupo Bola Suíça (n=45) e Grupo Banho Quente de chuveiro e Bola 
Suíça combinados (n= 39). 
As terapias utilizadas não interferiram na redução da dor duranteo 
trabalho de parto, entretanto todas demostraram efeito positivo no 
que se refere a abreviação do tempo de evolução do trabalho de 
parto ao nascimento, especialmente quando utilizadas de forma 
combinada. 
Células-tronco 
↠ O termo célula-tronco (CT), do inglês stem cell, diz 
respeito a células precursoras que possuem a capacidade 
de diferenciação e auto-renovação ilimitadas, podendo 
dar origem a uma variedade de tipos teciduais (SOUZA 
et. al., 2003). 
↠ As CT são células indiferenciadas que apresentam 
como características: capacidade de proliferação ilimitada, 
autorrenovação, produção de diferentes linhagens 
celulares e regeneração de tecidos (ROCHA et. al., 2012). 
↠ A proliferação das CT ocorre por meio de mitoses 
sendo responsável por garantir um número adequado de 
células-tronco em determinado local do organismo, em 
um momento específico de seu desenvolvimento 
(ROCHA et. al., 2012). 
↠ A autorrenovação é o processo pelo qual as CT 
geram cópias idênticas de si mesmas por meio de 
sucessivas mitoses, o que significa que o organismo 
mantém um “estoque” permanente deste tipo celular 
(ROCHA et. al., 2012). 
↠ A diferenciação é a capacidade que as CT apresentam 
de gerar tipos celulares distintos. Não se sabe exatamente 
como isso ocorre, mas é possível afirmar que o processo 
de diferenciação é regulado pela expressão preferencial 
de genes específicos nas CT (ROCHA et. al., 2012). 
↠ A regeneração de tecidos ocorre quando as CT 
presentes em diversos locais do organismo recebem 
sinais específicos para se dividirem e reporem as células 
perdidas se houver lesão tecidual (ROCHA et. al., 2012). 
↠ Em virtude dessas propriedades peculiares das CT, 
muitos cientistas buscam a possibilidade de encontrar a 
cura para diversas enfermidades por meio da substituição 
dos tecidos danificados por grupos de CT (ROCHA et. al., 
2012). 
As células-tronco originam células-filhas, que seguem dois destinos: 
algumas permanecem como células-tronco, mantendo sua população 
(autorrenovação), e outras se diferenciam em outros tipos celulares 
com características específicas. Acredita-se que a decisão inicial pela 
autorrenovação ou diferenciação seja aleatória (modelo estocástico), 
enquanto a diferenciação posterior seria determinada por agentes 
reguladores no microambiente medular, de acordo com as 
necessidades do organismo (modelo indutivo) (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
↠ Normalmente, entre uma célula-tronco e sua progênie 
totalmente diferenciada existe uma população 
intermediária conhecida como células amplificadoras 
transitórias, que possuem uma capacidade proliferativa 
mais limitada e um potencial de diferenciação restrito. A 
presença destas células amplificadoras transitórias 
também explica como um tecido pode manter uma 
produção elevada de células diferenciadas a partir de um 
pequeno número de células-tronco. Como, normalmente, 
as células-tronco possuem um ciclo celular lento, muitas 
das células em divisão em um determinado tecido são 
células amplificadoras transitórias, que estão destinadas a 
se diferenciar após um determinado número de divisões 
(SOUZA et. al., 2003). 
↠ Desse modo, a capacidade de divisão celular não é, 
por si mesma, um indicador da condição de célula-tronco. 
As células-tronco estão presentes no embrião, quando 
são designadas células-tronco embrionárias, mas podem 
também ser encontradas em tecidos adultos, originando 
as células-tronco adulta (SOUZA et. al., 2003). 
↠ As CT podem ser classificadas segundo sua 
potencialidade em toti, pluri ou multipotentes (SCHWINDT 
et. al., 2005) 
7 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
CÉLULAS-TRONCO TOTIPOTENTES 
↠ As células-tronco totipotentes podem originar tanto 
um organismo totalmente funcional, como qualquer tipo 
celular do corpo, inclusive todo o sistema nervoso central 
e periférico. Correspondem às células do embrião recém-
formado e têm potencial para originar até mesmo as 
células do folheto extraembrionário que formarão a 
placenta. Entretanto, estas células são efêmeras e 
desaparecem poucos dias após a fertilização (SOUZA et. 
al., 2003). 
Totipotentes: capazes de gerar todos os tipos celulares embrionários 
e extraembrionários. Ex: zigoto, células embrionárias na fase de mórula 
(ROCHA et. al., 2012). 
CÉLULAS-TRONCO PLUTIPOTENTES 
↠ As pluripotentes são células capazes de originar 
qualquer tipo de tecido sem, no entanto, originar um 
organismo completo, visto que não podem gerar a 
placenta e outros tecidos de apoio ao feto. Formam a 
massa celular interna do blastocisto depois dos quatro dias 
de vida e participam da formação de todos os tecidos do 
organismo (ROCHA et. al., 2012). 
Apesar de existirem em menor número, as células-tronco 
pluripotentes estão presentes, também, em indivíduos adultos. Se 
oriundas da medula óssea, por exemplo, podem originar células de 
sangue, ossos, cartilagem, músculos, pele e tecido conjuntivo (SOUZA 
et. al., 2003). 
↠ A proliferação das células-tronco pluripotentes origina 
células-filhas com potencialidade menor – as células 
progenitoras multipotentes, que produzem as células 
precursoras (blastos). É nas células precursoras que as 
características morfológicas diferenciais das linhagens 
aparecem pela primeira vez, pois as células-tronco 
pluripotentes e as progenitoras são indistinguíveis 
morfologicamente e se parecem com os linfócitos 
grandes. (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
Pluripotentes: capacidade de diferenciação em células pertencentes 
aos três folhetos embrionários: ectoderma, mesoderma e endoderma, 
assim como as células germinativas primordiais (CGP). Ex: células 
embrionárias derivadas da massa interna do blastocisto (ROCHA et. al., 
2012). 
CÉLULAS-TRONCO MULTIPOTENTES 
↠ As células-tronco multipotentes são um pouco mais 
diferenciadas, presentes no indivíduo adulto, com 
capacidade de originar apenas um limitado número de 
tipos teciduais. Estas células são designadas de acordo 
com o órgão de que derivam e podem originar apenas 
células daquele órgão, possibilitando a regeneração 
tecidual (SOUZA et. al., 2003). 
Multipotentes: diferenciação limitada a determinados tipos celulares. Ex: 
células em estágio posterior ao desenvolvimento fetal e que persistem 
após o nascimento (ROCHA et. al., 2012). 
OBS.: Existem ainda células oligopotentes, capazes de gerar 
células mais restritas a uma linhagem do que as multipotentes 
(SCHWINDT et. al., 2005) 
CÉLULAS-TRONCO UNIPOTENTES 
↠ Unipotentes: capacidade de gerar um único tipo de 
tecido. Ex: células da camada germinativa da epiderme, 
eritroblastos, espermatogônias dos testículos (ROCHA et. 
al., 2012). 
Quanto à origem, as células-tronco podem ser divididas em células-
tronco embrionárias (CTE), derivadas da massa celular interna de um 
blastocisto (embrião prematuro), e células germinativas embrionárias 
(CGE), obtidas do tecido fetal em um estágio mais avançado de 
desenvolvimento (da espinha gonadal) (SOUZA et. al., 2003). 
OBS.: As células oligopotentes e unipotentes devem ser 
consideradas células progenitoras e não CT. Sendo esta uma 
área nova, é comum a confusão de conceitos e o uso 
impróprio das definições acima (SCHWINDT et. al., 2005) 
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS 
↠ No embrião em estágio de blastocisto, as células-
tronco da massa celular interna se diferenciam para 
formar o ectoderma primitivo, o qual, durante a 
gastrulação, finalmente se diferencia nos três folhetos 
embrionários (ectoderma, mesoderma e endoderma). 
Quando removidas do seu ambiente embrionário normal 
e cultivadas sob condições apropriadas, estas células dão 
origem a células que se proliferam e se renovam 
indefinidamente (SOUZA et. al., 2003). 
↠ As células-tronco embrionárias são células 
pluripotentes dotadas de grande plasticidade, que 
apresentam características essenciais, como uma ilimitada 
capacidade de proliferação indiferenciada in vitro, além de 
formaros derivados dos três folhetos embrionários 
mesmo após um longo período em cultura (SOUZA et. 
al., 2003). 
Devido à sua origem, as CTE podem se distinguir de outras linhagens 
de células humanas pluripotentes denominadas células do carcinoma 
embrionário (CCE) e células germinativas embrionárias (CGE). As CCEs 
são linhagens de células pluripotentes derivadas de componentes de 
células-tronco indiferenciadas, originárias de tumores de células 
germinativas, que surgem de forma espontânea, encontradas 
ocasionalmente em malformações de ratos e humanos. Já as CGEs 
são derivadas de células germinativas das cristas genitais de fetos 
humanos ou de ratos e, assim como as duas primeiras, são capazes 
8 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
de formar as três camadas germinativas que compõem todos os 
órgãos do corpo humano, embora seu potencial seja mais limitado se 
comparado com as CTEs, pois se encontram em um estágio mais 
avançado de desenvolvimento (SOUZA et. al., 2003). 
CÉLULAS-TRONCO ADULTAS 
↠ Além de no embrião, as células-tronco também são 
encontradas em vários órgãos e tecidos no indivíduo 
adulto, onde participam da homeostase tecidual, gerando 
novas células devido à renovação fisiológica ou em 
resposta a uma injúria. Tais populações celulares 
indiferenciadas mantidas no organismo adulto são 
denominadas células-tronco adultas (SOUZA et. al., 2003). 
↠ Estas células, assim como as CTEs, apresentam a 
telomerase, não estando, portanto, sujeitas à senescência 
celular, fenômeno que ocorre nas demais células 
somáticas diplóides, devido ao encurtamento do telômero 
após sucessivas mitoses (SOUZA et. al., 2003). 
↠ As células-tronco adultas estão em estado quiescente 
ou em baixa proliferação, localizando-se em regiões 
específicas essenciais para o seu desenvolvimento e a 
manutenção de seus atributos, particularmente a 
capacidade de autorenovação. Algumas regiões estão 
claramente definidas dentro de seus respectivos tecidos 
e as células-tronco ali localizadas podem ser facilmente 
identificadas pela sua morfologia e localização espacial. Já 
em outros tecidos, não é possível definir a exata 
localização de um nicho de células-tronco, sendo 
necessário desenvolver um painel de marcadores 
moleculares para este fim (SOUZA et. al., 2003). 
Adultas: isoladas de órgãos e tecidos diferenciados, como: medula 
óssea, sangue (periférico ou de cordão umbilical), retina, córnea, 
cérebro, músculos esqueléticos, polpa dental, fígado, pele, tecido 
adiposo, epitélio gastrointestinal e pâncreas (ROCHA et. al., 2012). 
↠ Uma das fontes mais utilizadas para extração de CT-
adultas é a medula óssea, amplamente estudada face ao 
uso clínico em transplantes. Nesse tecido, encontramos 
dois tipos de CT: as hematopoiéticas e as mesenquimais. 
As CT-hematopoiéticas são responsáveis por toda 
progênie granulocítica e mielocítica (SCHWINDT et. al., 
2005) 
OBS.: As CT-fetais, assim como as adultas, não se diferenciam 
espontaneamente e ainda apresentam outras vantagens: estão 
presentes em abundância por todo o organismo em desenvolvimento 
e possuem maior potencial de auto-renovação. Teoricamente, pode-
se isolar CT-fetais de qualquer tecido, desde que a extração ocorra 
durante a formação destes tecidos no período fetal. No entanto, há 
importantes questões éticas envolvidas na extração de tais células de 
humanos (SCHWINDT et. al., 2005) 
OBSERVAÇÃO 
As células tronco mesenquimais se sobressaem por serem capazes 
de dar origem a tecidos mesodérmicos ou não. Também possui 
função de modulação imunológica; as células mesenquimais (MSC) são 
grandes secretoras hormonais e são muito importante no processo 
inflamatório por secretar substancias de caráter anti-inflamatório 
(ALVES et. al., 2019). 
De todas as linhagens de células-tronco somáticas estudadas até o 
presente momento, as MSC apresentam maior plasticidade, originando 
tecidos mesodermais e não mesodermais (ALVES et. al., 2019). 
COMO OCORRE A DIFERENCIAÇÃO CELULAR? 
As CT-fetais e adultas, sendo mais comprometidas a determinadas 
linhagens celulares, são consideradas multipotentes. No entanto, há 
inúmeros trabalhos indicando que CT provenientes de um tecido 
possuem a capacidade de originar células específicas de um outro 
tecido não-relacionado. Assim, foram criadas algumas hipóteses que 
tentam explicar os mecanismos pelos quais a diferenciação celular 
ocorre. Vale ressaltar que os mecanismos evocados parecem 
depender da população celular e do tecido analisado (SCHWINDT et. 
al., 2005) 
De forma geral, as CT expressam, em sua superfície, muitas moléculas 
associadas a interações célula-célula e célula-matriz. Os mecanismos de 
sinalização celular são de fundamental importância no processo de 
diferenciação, levando em conta que as CT, ao se dividirem, podem 
originar uma célula filha idêntica e outra mais especializada (divisão 
assimétrica) de acordo com o microambiente (SCHWINDT et. al., 2005) 
A transdiferenciação é um dos mecanismos propostos para explicar, 
por exemplo, a origem de células da linhagem hematopoiética a partir 
de CT-neurais e a diferenciação de células da medula óssea em células 
neurais e hepatócitos. Nesse mecanismo, a conversão de uma 
linhagem a outra ocorreria diretamente, a partir da ativação de um 
conjunto de genes que alteraria a especificidade celular. A conversão 
entre diferentes linhagens celulares também poderia ocorrer via 
dediferenciação, um estágio intermediário, em que uma célula 
especializada torna-se uma célula mais primitiva, multipotente, para 
então se rediferenciar em um outro tipo celular. Uma terceira 
explicação baseia-se na pureza e na homogeneidade da população 
em estudo, ou seja, há a possibilidade de coexistirem distintos tipos de 
CT e progenitores em um tecido, que contribuiriam para o surgimento 
dos outros tipos celulares (SCHWINDT et. al., 2005) 
A contribuição de células entre diversos tecidos também pode ocorrer 
a partir da ação de uma única CT-pluripotente, que é capaz de dar 
origem a células de tecidos formados a partir de diferentes folhetos 
embrionários. O último mecanismo de plasticidade a ser considerado é 
a fusão celular em que, após a fusão entre células de diferentes 
linhagens, os marcadores das células do hospedeiro são transferidos 
para a célula fundida. Terada et al. Demonstraram, in vitro, que células 
da medula óssea podem fundir-se espontaneamente com células-
tronco embrionárias. Dessa forma, as células da medula óssea fundidas 
podem assumir o fenótipo das células receptoras, sugerindo uma 
“transdiferenciação”. No entanto, parece improvável que o mecanismo 
de fusão seja responsável pela regeneração tecidual em larga escala, 
visto a baixíssima frequência com que esse evento ocorre. Em 
diversos estudos, a proporção de CT transplantadas, que foram 
incorporadas pelo tecido lesado e que se diferenciaram, não explica a 
melhora funcional observada (SCHWINDT et. al., 2005) 
9 
 
 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
Assim, uma explicação relevante para a regeneração tecidual após 
aplicação de CT é a liberação de citocinas e fatores tróficos no local 
da lesão. Como a maioria das CT é capaz de identificar e migrar até 
o local lesado, é clara sua capacidade de responder a fatores 
quimiotáticos (liberados pelo tecido lesado). Há ainda evidências de que 
estas células, por sua vez, podem ser capazes de liberar outras 
moléculas em resposta aos estímulos recebidos8. Há várias hipóteses 
quanto às supostas funções de tais fatores na lesão, dentre elas: 
liberação de moléculas que previnem a morte celular, recrutamento 
de CT adjacentes do próprio tecido (com subsequente diferenciação), 
interferência na inflamação provocada pelo dano tecidual (modulando 
a resposta do sistema imune), suporte de moléculas ou enzimas que 
suprem defeitos metabólicos (SCHWINDT et. al., 2005) 
Nos últimos cinco anos, diversos trabalhos têm fornecidopistas da 
existência de CT em praticamente todos os tecidos de um organismo 
adulto, não se tratando apenas de progenitores comprometidos, mas 
células com capacidade de se diferenciar em tipos celulares não 
relacionados ao tecido de onde provêm. Se o próprio corpo possui 
essa gama de células com elevada potencialidade, então por que não 
ocorre regeneração completa de todos os tecidos, após a lesão aguda 
ou mesmo nas situações de desgaste natural e envelhecimento? 
(SCHWINDT et. al., 2005) 
Provavelmente as CT mais potentes em um organismo adulto 
mantêm-se “indiferenciadas” desde estágios iniciais do 
desenvolvimento, porém estão sob controle de microambientes que 
sinalizam para uma especificidade celular de acordo com o contexto 
tecidual. Já na condição de cultura, tais células são estimuladas por 
diversos fatores que não existem em seu ambiente de origem e que 
alteram o seu comportamento. Assim sendo, muitos experimentos 
realizados in vitro não podem ser extrapolados para modelos in vivo 
(SCHWINDT et. al., 2005) 
TERAPIAS COM CÉLULAS-TRONCO 
Uso terapêutico de células tronco em cirrose hepática 
O transplante de células de células tronco mesenquimais pode ser visto 
com uma nova opção terapêutica para o tratamento de cirrose 
hepática, substituindo o transplante hepático ortotópico, que é o 
tratamento mais utilizado para as fases finais da doença, embora sua 
realização possua restrições (ALVES et. al., 2019). 
A utilização de células tronco mesenquimais para o tratamento de 
cirrose hepática possui resultados eficazes, porém uso desta técnica 
ainda entra em conflito com aspectos éticos e o os efeitos colaterais 
a esse transplante ainda não podem ser mesurados (ALVES et. al., 
2019). 
Tratamento de Diabetes Mellitus utilizando células-tronco 
Cientistas da Universidade de Miller School of Medicine de Miami, 
apontam que células tronco presentes no pâncreas possuem a 
capacidade de recuperar as células pancreáticas produtoras de insulina. 
O estudo consiste em regenerar as células betas que sofreram 
destruição autoimunes, utilizando-se de células tronco que farão o 
papel da regeneração. Essa descoberta beneficiará tanto portadores 
de diabetes tipo I, como também portadores de diabetes tipos II 
(ALVES et. al., 2019). 
 
 
Uso de células tronco no tratamento do Mal de Parkinson 
As células tronco podem ser aproveitadas para reparação de doenças 
degenerativas, como por exemplo mal de Parkinson, que é uma 
doença crônica neurológica provocada pela falta de transmissão de 
neurônios dopaminérgicos. A origem da causa da doença é 
desconhecida, porém desconfia que a mesma pode advir de fatores 
genéticos e ambientais. Os pesquisadores geraram as células iPS a 
partir de células da pele e do sangue, tanto de pacientes saudáveis 
quanto de pacientes com Doença Parkinson. Em seguida, mantiveram 
essas células vivas em laboratório e as induziram a se transformarem 
em células progenitoras dopaminérgicas, ou seja, em células neurais 
com capacidade de produzir dopamina (ALVES et. al., 2019). 
O próximo passo foi então transplantar tais células em um modelo de 
Doença de Parkinson em macacos. Como resultado, foi observada 
melhora nos movimentos espontâneos dos animais após o transplante 
destas células-tronco, além de não serem encontrados tumores até 2 
anos após o procedimento. Porém, nos estudos pré-clínicos, os efeitos 
positivos demonstrados com relação à possível reposição dos 
neurônios dopaminérgicos, a preservação do circuito neural e a 
amenização dos sintomas, apresentam questionamentos que precisam 
ser pesquisados antes que se estabeleça a terapia celular como 
alternativa para tratamento em pacientes com essa doença (ALVES 
et. al., 2019). 
IMPORTANTE LEMBRAR QUE ESSAS TERAPIAS AINDA ESTÃO EM 
FASE DE TESTE E PRECISA SANAR INÚMEROS 
QUESTIONAMENTOS EM VOLTA DESSAS PESQUISAS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Júlia Morbeck – 2º período de medicina 
@jumorbeck 
 
Referências 
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farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto: 
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19, n. 4, p. 774-782, 2010. 
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o trabalho de parto e parto em diferentes posições. 
Revista Escola de Enfermagem USP, v. 45, n. 3, p. 557-
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CAVALCANTI et. al. Terapias complementares no 
trabalho de parto: ensaio clínico randomizado. Revista 
gaúcha de Enfermagem, 2019. 
ROCHA et. al. Considerações sobre células-tronco 
embrionárias. Vetores e Zootecnia, v. 19, n. 3, p. 303-313, 
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SOUZA et. al. Células-tronco: uma breve revisão. Revista 
Clínica Médica, v. 2, n. 2, p. 251-256, 2003. 
SCHWINDT et. al. Proliferar ou diferenciar? Perspectivas 
de destino das células-tronco. Jornal Brasileiro de 
Neurocirurgia, v. 16, n. 1, p. 13-19, 2005. 
ALVES et. al. O uso terapêutico de células-tronco. Revista 
Saúde em Foco, 2019. 
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed. 
Editora Elsevier Ltda., 2017 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e 
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível 
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.

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