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CONTROLADORIA Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida Google Play App Store C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; ALMEIDA, Rodrigo Gaspar de. Controladoria. Rodrigo Gaspar de Almeida. Reimpresso em 2021. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2019. 176 p. “Graduação - EaD”. 1. Controladoria. 2. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1671-0 CDD - 22 ed. 657.4 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Juliana Moraes da Silva Designer Educacional Bárbara Neves Ana Claudia Salvadego Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Robson Yuiti Saito Qualidade Textual Ariane Andrade Fabreti Ilustração Marta Kakitani Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois, quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal, seja profissional, transformam-nos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar, mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois, conforme Freire (1996) “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma, possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimen- to e construção do conhecimento deve ser apenas ge- ográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, as- sista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza- gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2018), Especialista em Administração pela Universidade Paranaense (2010), possui duas graduações: Gestão Estratégica pela Universidade Paranaense (2010) e Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (2015). Atuou em organizações industriais e prestadoras de serviço: controladoria, planejamento, orçamento, auditoria interna e jurídico (gestão de contratos). No ano de 2017, realizou o curso nível profissional de Relato Integrado na BSD Consulting em São Paulo/SP. A partir de 2018, ministrou disciplinas nos cursos de Ciências Contábeis e Gestão Financeira da Educação a Distância (EAD) do Unicesumar. <http://lattes.cnpq.br/6488559129142413>. SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro de Controladoria. Meu nome é Rodrigo Gaspar de Almeida, fiquei lisonjeado em receber o convite para escrever este material, que foi organizado visando a aperfeiçoar os seus estudos em Ciências Contábeis, Gestão Financeira, Administração, entre outras áreas do conhecimento relacionadas. Os tópicos das Unidades deste livro contribuirão para a sua formação enquanto acadê- mico(a), para a sua atuação no mercado de trabalho ou para gerenciamento e controle da sua própria organização. Para tanto, foram reunidas perspectivas teóricas de autores renomados das áreas da Contabilidade, Administração, Economia, entre outros. Na Unidade I, você compreenderá a relação entre estratégia, controladoria e Controller. Inicialmente, serão abordados os conceitos de organizações e a sua relação com a estra- tégia. Em seguida, serão expostos os tópicos sobre funções e fontes de informações da controladoria e sobre o Controller, que é o profissional que atua na Controladoria. Em seguida, na Unidade II, serão apresentados os conceitos de missão, valores e visão que são os mecanismos pelos quais a organização comunica os seus objetivos aos fun- cionários, gerentes, investidores e demais stakeholders. A missão, a visão e os valores também são úteis para nortear as estratégias da organização e contribuir para o proces- so de planejamento estratégico e planejamento operacional. A Unidade III apresentará os temas: orçamento e descentralização. Para tanto, serão ex- postos os conceitos de orçamento, descentralização (processo de delegar a tomada de decisão aos centros de responsabilidade) e avaliação de desempenho dos centros de responsabilidade (centro de receitas, de despesas, de lucros e de investimentos). Prosseguindo, a Unidade IV argumentará sobre a gestão das organizações e os meca- nismos de controle que assessoram no cumprimento dos objetivos das organizações. Neste sentido, serão abordados os temas: governança corporativa, controles internos e gerenciamento de riscos. Por fim, na Unidade V, serádiscorrida a avaliação de desempenho da organização, ou seja, verificar se a organização cumpriu, ou não, os seus objetivos (ou estratégias) e iden- tificar oportunidades de melhoria dos processos da organização. Nesta perspectiva, se- rão abordadas as informações financeiras e não financeiras e apresentado o Balanced Scorecard (BSC) com as suas quatro perspectivas: financeira, dos clientes, dos processos internos e de aprendizagem e crescimento. Bons estudos! APRESENTAÇÃO CONTROLADORIA SUMÁRIO 09 UNIDADE I ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER 15 Introdução 16 As organizações e a estratégia 21 Definições e funções da controladoria 27 Fontes de informações da controladoria 31 Funções do controller 33 Considerações finais 41 Referências 42 Gabarito UNIDADE II A CONTROLADORIA E O PLANEJAMENTO 47 Introdução 48 Missão, valores e visão 52 Análise do ambiente interno e externo 54 Formulação da estratégia e planejamento estratégico 57 Benefícios e limitações do planejamento 59 Tipos de planejamento 63 Considerações finais 70 Referências 71 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III ORÇAMENTO E DESCENTRALIZAÇÃO 75 Introdução 76 Definições de orçamento 80 Tipos de orçamento 101 Descentralização e avaliação de desempenho 107 Considerações finais 113 Referências 114 Gabarito UNIDADE IV GOVERNANÇA CORPORATIVA, CONTROLES INTERNOS E RISCOS 117 Introdução 118 Governança corporativa 125 Controles internos 130 Riscos 136 Considerações finais 145 Referências 147 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V INDICADORES DE DESEMPENHO FINANCEIROS E NÃO FINANCEIROS 151 Introdução 152 Indicadores financeiros e não financeiros 155 Balanced scorecard 158 Perspectiva financeira 161 Perspectiva do cliente 163 Perspectiva dos processos internos 165 Perspectiva da aprendizagem e crescimento 167 Considerações finais 174 Referências 175 Gabarito 176 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender a relação entre as organizações e a estratégia. ■ Apresentar definições e funções da Controladoria. ■ Entender quais são as fontes de informação da Controladoria. ■ Conhecer as funções do Controller. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ As organizações e a estratégia ■ Definições e funções da Controladoria ■ Fontes de informações da Controladoria ■ Funções do Controller INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), na Unidade I deste livro, serão discorridos a Estratégia, a Controladoria e o Controller (profissional que atua na Controladoria) no âmbito organizacional. Destarte, você compreenderá a relação entre esses conceitos. Inicialmente, será compreendida a relação entre as organizações e a estratégia. As organizações são um conjunto de recursos humanos, tangíveis e intangíveis, interdependentes, que interagem para a consecução de um ou mais objetivos. Por sua vez, a estratégia é a direção geral na qual uma organização planeja se mover para obter as suas metas (ou objetivos). No tópico posterior, serão apresentadas definições e funções da Controladoria. A Controladoria será vista sob duas perspectivas: (i) área do conhecimento e (ii) departamento de organização. Na primeira perspectiva, serão dispostas as relações da Controladoria com outras áreas do conhecimento e o seu objeto de estudo. Quanto à segunda perspectiva, serão relacionados as funções e os exem- plos de atividades da Controladoria para os demais departamentos. Em seguida, buscou-se propiciar o entendimento de quais são as fontes de informação da Controladoria, que estão no âmbito interno e externo da organiza- ção. No âmbito interno, a Controladoria obtém informações, principalmente, da Contabilidade, da Gestão Financeira e da Administração. No ambiente externo, têm-se dados sobre os concorrentes, como: relatórios da indústria e das asso- ciações, além de relatórios publicados em sites governamentais (base de dados). Por fim, você conhecerá as funções do Controller, que é o profissional que atua na Controladoria. O Controller deve ter perfil analítico, visão sistêmica e multidisciplinar. Este profissional tem a função de assessorar as atividades de planejamento, de controle e de análise das demonstrações contábeis, assim como estrutura os dados de modo que estes conduzam as tomadas de decisões dos ges- tores e administradores. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 AS ORGANIZAÇÕES E A ESTRATÉGIA Caro(a) aluno(a), para compreender a relação entre estratégia, controladoria e Controller, inicialmente, serão abordados os conceitos acerca das organizações e a sua relação com a estratégia. Em seguida, nesta unidade, serão expostos os tópi- cos sobre funções e fontes de informações da Controladoria e sobre o Controller. As organizações são um conjunto de recursos humanos, tangíveis e intangí- veis, interdependentes, que interagem para a consecução de um ou mais objetivos. A integração e a interação dos recursos organizacionais propicia a criação de valor. Destarte, as organizações influenciam e são influenciadas por aspectos socioambientais, como Produto Interno Bruto (PIB), inflação, concorrência, crises, culturas e novas tecnologias (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Os objetivos organizacionais são os direcionadores do futuro da organização, ou seja, a situação idealizada (desejada) em curto, médio e longo prazos. A ausên- cia de objetivos descaracteriza uma organização, pois, passa a ser apenas a soma de recursos (humanos, tangíveis e intangíveis). Ademais, sem estipular objetivos, a organização corre o risco de investir incorretamente seus recursos e não obter lucros. Em longo prazo, a situação se agrava (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; KAPLAN; NORTON, 1997). Os autores Atkinson et al. (2011, p. 80) afirmaram que os objetivos da orga- nização “definem o seu propósito existencial que, por sua vez, fornece a base para avaliar tudo que ela faz”. Em seguida, salientaram que um objetivo (propósito) As organizações e a estratégia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 bem definido é um importante ingrediente para o sucesso da organização e que os objetivos devem englobar as expectativas dos stakeholders da organização (clientes, funcionários, investidores, governo, credores etc.). Tipicamente, os objetivos das organizações são: aumentar a lucratividade, maximizar o valor para o acionista (ou proprietário), reduzir a exposição aos riscos e gerenciar o relacionamento com os stakeholders (clientes, fornecedores, concorrentes, governo, mídia, agências reguladoras). A busca pela maximização do capital (ou lucro), entretanto não está presente em todas as organizações. Por exemplo, as organizações não governamentais (ONGs) objetivam prestar servi- ços de qualidade e promover o bem-estar da sociedade (ATKINSON et al., 2011; ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Conforme Kaplan e Norton (1997), nas últimas décadas do século XX, o ambiente no qual as organizações estão inseridas se transformou. A seguir, alguns exemplos dessas alterações. ■ Processos interfuncionais: as organizações operam por meio de proces- sos integrados (produção, compras, logística, marketing e tecnologias), os quais focam em agilidade, eficiência e qualidade. ■ Relacionamentos com clientes e fornecedores: devido às inovações tec- nológicas, as organizações mantêm sistemas produtivos em função das necessidades (demandas) dos clientes e possuem sistemas integrados de fornecimento de matéria-prima,reduzindo custos e tempos de resposta. ■ Segmentação de clientes: as organizações fornecem produtos e serviços customizados aos clientes, ao contrário do foco nos ganhos em escala e na produção de produtos padronizados. ■ Escala global: as organizações precisam considerar padrões de eficiên- cia e competitividade do mercado internacional ou global, com ajustes às necessidades dos clientes locais. ■ Inovação: o ciclo de vida dos produtos diminuiu, deste modo, as orga- nizações buscam prever as necessidades dos clientes e se antecipar às inovações tecnológicas dos produtos. As organizações que têm produtos com ciclo de vida longo (aviação, construção civil etc.) buscam melhoria contínua dos processos para assegurar a sobrevivência em longo prazo. ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 ■ Funcionários do conhecimento: as organizações captam ideias dos fun- cionários para a melhoria dos processos e investem no conhecimento por meio de capacitação e treinamento. As funções automatizadas (ou rotinei- ras) estão diminuindo e dando espaço para funções analíticas (engenharia, marketing, administração e controle). Essas transformações no ambiente organizacional advêm da Era da Informação (período pós-Revolução Industrial), que emergiu em meados de 1980. A sobrevi- vência das organizações na Era da Informação depende da (i) utilização de novas tecnologias em seus ativos tangíveis (corpóreos); (ii) gerenciamento de ativos e passivos financeiros e (iii) exploração de ativos intangíveis (incorpóreos), alia- dos ao comprometimento dos recursos humanos (KAPLAN; NORTON, 1997). A utilização de novas tecnologias no processo produtivo permite reduzir os custos operacionais, aumentar a eficiência dos processos e a automação. A gestão financeira propicia ganhos financeiros, adimplência, gerenciamento de capital de giro, aplicações financeiras rentáveis e aumento dos prazos de vendas (promoções). Os ativos intangíveis focam nos relacionamentos com clientes e fornecedores; na produção de produtos e serviços customizados (com preços competitivos); na mobilização e utilização do conhecimento dos funcionários; na análise dos bancos de dados e dos sistemas informacionais e na criação de valor (marca) (KAPLAN; NORTON, 1997). É salutar que as organizações necessitam de informações financeiras e não financeiras para mensurar o seu desempenho, utilizar conscientemente os seus recursos (humanos, tangíveis e intangíveis) e responder às transformações ocor- ridas no ambiente. Deste modo, as informações financeiras e não financeiras corroboram para a organização atingir os seus objetivos e, neste âmbito, inserem- -se os conceitos da Teoria de Estratégia (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; KAPLAN; NORTON, 1997; MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). A Teoria da Estratégia teve a sua origem nas ciências políticas e sociais. Os registros da história da humanidade demonstram que as estratégias foram utilizadas pelos imperadores chineses, pelos gregos e pelos exércitos milita- res nas Guerras Mundiais para atingirem os seus objetivos. Com o passar do tempo, os conceitos de estratégia foram adaptados às organizações por meio da Administração Estratégica (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). As organizações e a estratégia Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Anthony e Govindarajan (2008, p. 56) definiram estratégia como “a direção geral na qual uma organização planeja se mover para obter suas metas”. Os auto- res Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) definiram estratégia como um plano formal e detalhado para atingir um objetivo (Figura 1). Estratégia Pretendida Estratégia Deliberada Estratégia Realizada Estratégias Emergentes Figura 1 - Processo de elaboração e implementação da estratégia Fonte: adaptado de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010). Na Figura 1, observa-se que as estratégias podem ser adaptadas para serem alcan- çadas. Entre a Estratégia Pretendida (cenário almejado pela organização) e a Estratégia Realizada (desempenho obtido), têm-se as Estratégias Deliberadas e as Estratégias Emergentes. De acordo com Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010): ■ Estratégias Deliberadas: são as intenções estratégicas plenamente realizadas. A organização antecipou (ou previu) um cenário e desenvolveu um plano de ação para maximizar o seu desempenho e atingir os obje- tivos. Têm como característica o foco no médio e longo prazo. O ponto fraco é a inflexibilidade. ■ Estratégias Emergentes: são as estratégias formuladas em curto prazo para responder às oportunidades (ou ameaças) do ambiente, as quais não haviam sido previstas na Estratégia Pretendida e tampouco na Deliberada. As Estratégias Deliberadas e Emergentes são complementares, dado que as pri- meiras (foco no médio e longo prazos) são incapazes de prever com exatidão todas as mudanças do ambiente que ocorrem em curto prazo. Nenhuma delas é ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 pior ou melhor, as Estratégias Emergentes propiciam conhecimento à organiza- ção (adaptação) e as Estratégias Deliberadas almejam que a organização possua altos níveis de desempenho (são estipuladas para padrões superiores do mer- cado) (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). Exemplo Para exemplificar os tipos de estratégias e a sua relação com as organizações, considere uma organização varejista que comercializa artigos de vestuário e tenha como estratégia pretendida obter aumento gradativo do lucro nos próxi- mos cinco exercícios sociais (Figura 2). Obter aumentos gradativos nos lucros (próximos 5 anos) Estratégia (ou Objetivo) Pretendida Aumentar VendasEstratégia Deliberada Lucro em 21x1: 5% Lucro em 21x2: 7% Lucro em 21x3: 8% Lucro em 21x4: 8,5% Lucro em 21x5: 10% Estratégia Realizada • Diminuir Cu sto dos Produ tos. • Atuar em nic hos de merca do e aumentar par ticipação de mercado (ma rket-share). • Investiment os em Market ing. • Elaborar pla no para reduz ir despesas. • Entre outras . Estratégias Emergentes Figura 2 - Exemplo de elaboração e implementação de uma estratégia Fonte: adaptado de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010). Os resultados das estratégias (ou objetivos) de médio e longo prazo podem deman- dar ajustes durante a sua implementação no curto prazo. Destaca-se que, para corrigir os desvios e ajustar as estratégias, são necessárias informações finan- ceiras e não financeiras, as quais são providas pela Controladoria (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; BORINELLI, 2006). No exemplo da organização varejista (Figura 2), o objetivo de aumentar Definições e funções da controladoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 as vendas (Estratégia Deliberada para aumentar lucros) demandará informa- ções relativas às vendas por ano, à Demonstração do Resultado, entre outros. As Estratégias Emergentes necessitarão de controles e informações relativas aos custos, às despesas e à participação no mercado. Por fim, a mensuração da estratégia realizada (lucro anual) necessitará de controles e informações. Nada obstante, quem gera e fornece tais informações (assessora) é a Controladoria. Cabe realçar que as estratégias devem ser condizentes com as habilidades, competências ou capacidades da organização (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Imagine uma organização que tenha capacidade produtiva de mil unidades de produtos, como esta empresa estipulará um planejamento cujo faturamento deverá corresponder à venda (em curto prazo) de 2 mil unidades? Então, como uma organização pode oferecer produtos customizados aos clientes se desco- nhece os gostos e as preferências destes? DEFINIÇÕES E FUNÇÕESDA CONTROLADORIA Não há unanimidade na literatura (sobretudo na área contábil) quanto às defi- nições de Controladoria. Alguns autores a definem como ciência, outros como uma mera ferramenta administrativa, alguns a definem como um departamento da organização. Neste tópico, serão apresentadas duas perspectivas distintas da Controladoria: (i) área do conhecimento (ciência em construção) e (ii) um con- junto de funções e atividades responsáveis por assessorar a organização a cumprir os seus objetivos (BORINELLI, 2006). A definição de Controladoria como ape- nas uma ferramenta ou uma técnica administrativa não será enfatizada, por ser considerada uma visão míope. O tipo de estratégia interferirá nos tipos de controles (ou informações) para a sua realização? ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 A CONTROLADORIA COMO CIÊNCIA MULTIDISCIPLINAR Na primeira perspectiva, a Controladoria é definida como uma ciência de cunho multidisciplinar que tem como objetivo auxiliar as organizações a cumprir os seus objetivos (ou estratégia) fornecendo controles e informações para subsidiar as tomadas de decisões. O Quadro 1 reuniu áreas do conhecimento (ou ciências) que possuem relações com a Controladoria: Quadro 1 - Áreas do conhecimento e a sua relação com a Controladoria ÁREA DO CONHECIMENTO RELAÇÃO COM A CONTROLADORIA Contabilidade Propicia identificar, classificar, registrar e sumarizar as transações e, deste modo, a Controladoria obtém informações financeiras e não financeiras para os controles internos. Administração Conhecimentos dos modelos de gestão (centralizada, descentrali- zada), controle patrimonial e accountability (prestação de contas do desempenho dos gestores, dos departamentos e das unidades de negócios). Gestão financeira Tem-se a gestão de contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras e investimentos. Definições e funções da controladoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 Economia Fornece indicadores monetários, subsídios para mensurações monetárias, análise de oferta, demanda e renda, bem como os mecanismos para apurar o valor econômico da organização. Direito A organização deve conduzir os seus negócios baseada no Direito Comercial, do Trabalho, Civil, do Consumidor, Tributário, Ambiental etc. Estatística Por meio de técnicas estatísticas (média, mediana, moda, desvio- -padrão) é possível coletar, organizar, descrever, analisar e interpre- tar os dados que se tornarão informações e controles internos da Controladoria. Matemática Fornece símbolos, métodos, valores e números para quantificações físicas e monetárias. Psicologia Compreensão do comportamento dos tomadores de decisão e dos funcionários e das reações dos usuários internos e externos da informação. Sociologia Fornece subsídios para relações sociais dos membros da organização: funcionários, investidores, fornecedores e demais stakeholders. Fonte: adaptado de Borinelli (2006). A Controladoria é, portanto, o conjunto de conhecimentos relativos ao controle de aspectos operacionais, econômicos, financeiros e patrimoniais da organização (BORINELLI, 2006). Nessa perspectiva, a Controladoria contribui para formular e mensurar os objetivos (ou estratégias) das organizações, principalmente nas eta- pas de planejamento e análise das informações (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; KAPLAN; NORTON, 1997). De acordo com Borinelli (2006), quando a Controladoria é tida como uma área do conhecimento multidisciplinar (em construção), os seus objetos de estudo são: ■ O processo de gestão como um todo. ■ Necessidades informacionais de tomada de decisão dos usuários inter- nos e externos. ■ Informações para mensurar o desempenho (além do financeiro). Isto significa que a Controladoria busca soluções ou visa a compreender tais fenômenos organizacionais (BORINELLI, 2006). ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 A CONTROLADORIA COMO DEPARTAMENTO DA ORGANIZAÇÃO A segunda perspectiva é aquela em que a Controladoria é vista como um depar- tamento da organização, o qual é responsável pelas atividades relativas aos controles e à assessoria (BORINELLI, 2006). No Quadro 2, estão relacionados os departamentos da organização que a Controladoria assessora e quais as res- pectivas funções do departamento. Quadro 2 - Exemplos de departamentos assessorados pela Controladoria DEPARTAMENTO DA ORGANIZAÇÃO FUNÇÃO DA CONTROLADORIA EXEMPLOS DE ATIVIDADES DO DEPARTAMENTO DE CONTROLADORIA Contabilidade Socie- tária Contábil Analisar as demonstrações contábeis, de- senvolver políticas contábeis e de controle, atender as demandas informacionais dos stakeholders, garantir o processamento de todos os fatos e transações. Contabilidade Ge- rencial Gerencial- Estratégica Fornecer análises e informações para subsidiar as decisões estratégicas da orga- nização, que são as ações que permitem atingir os objetivos. Estruturar informações financeiras, operacionais, patrimoniais e econômicas, que estão no ambiente interno ou externo da organização. Efetuar projeções com séries temporais (passado) e cenários prospectivos. Planejamento, Orça- mento e Controle Gerencial- Estratégica Assessorar os gestores na elaboração do planejamento, dos planos orçamentários e propiciar condições para efetuar o con- trole das operações da organização para atingir os objetivos (cumprir os orçamentos e planejamentos). Analisar as variações orçamentárias e dos indicadores do plane- jamento. Definições e funções da controladoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Contabilidade de Custos Custos Mensurar, analisar, controlar e avaliar os custos de produção, bem como apurar os custos por métodos de custeio distin- tos como custeio variável, custeio meta etc. Nada obstante, fornece informações sobre o custo por produto e por linha de produção. Contabilidade Tribu- tária Tributária Assessoria para cumprir as obrigações fis- cais ou tributárias. Realizar o planejamento tributário. Garantir que a organização vai atender a todas as obrigações acessórias e legais. Seguros e Controle Patrimonial Proteção e controle dos ativos Analisar as opções de mercado (preços de concorrentes) para salvaguardar os ativos e os interesses da organização, incluindo o prédio, as instalações e os equipamentos da produção. Controles Internos Controle Interno Estabelecer e monitorar os controles inter- nos da organização. Riscos Controle de Riscos A Controladoria fornece indicadores (informações financeiras e não financeiras) para reduzir a exposição das entidades aos riscos. As atividades relativas ao controle de riscos são: avaliação, mensuração, medição, prevenção e análise dos riscos envolvendo a organização. Sistemas de Infor- mação Gestão da infor- mação Envolve as atividades para gerar as infor- mações, o que inclui gerenciar os sistemas de informação e a infraestrutura (não visa a operacionalização da infraestrutura tec- nológica, apenas garantir o funcionamento adequado destas áreas). Fonte: adaptado de Borinelli (2006). Além das funções relacionadas no Quadro 2, alguns autores da literatura con- sideram a Controladoria responsável pelas funções de auditoria interna e de tesouraria. Devido à complexidade e à necessidade de segregação dessas duas ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 funções na organização (para garantir independência), a auditoria interna e a tesouraria são de responsabilidade de departamentos específicos e de outrosprofissionais diferentes do Controller, haja vista que as suas atividades também precisam ser fiscalizadas (BORINELLI, 2006). Nada obstante, Borinelli (2006) destacou que, a Controladoria pode ser definida como o órgão responsável pelo controle do processo de gestão e pelo fornecimento de informações operacionais, econômicas, financeiras e patrimo- niais úteis e relevantes para: ■ Assessorar os gestores das demais unidades organizacionais (usuários internos). ■ Suprir a necessidade informacional dos agentes externos (usuários exter- nos da informação). A missão do departamento de Controladoria perpassa pela continuidade e sobrevivência da organização por meio de um processo permanente, coorde- nado e integrado que assegure a eficácia e a otimização do resultado econômico da organização. Conforme Borinelli (2006), os objetivos do departamento de Controladoria são: ■ Subsidiar o processo de gestão em todas as suas fases (planejamento, exe- cução, controle e avaliação). ■ Garantir informações adequadas ao processo decisório dos usuários inter- nos e externos. ■ Monitorar os efeitos das tomadas de decisões dos gestores. ■ Administrar as sinergias existentes entre as áreas da organização. ■ Zelar pelo bom desempenho da organização. ■ Viabilizar a gestão econômica. ■ Criar condições para exercer o controle. Fontes de informações da controladoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 ■ Contribuir para o contínuo aperfeiçoamento de processos internos. ■ Desenvolver relações com os stakeholders. Uma importante ênfase deve ser dada: o Controller (profissional que atua na Controladoria) não toma as decisões da organização. A função de investir os recursos da organização, contratar serviços, e as demais decisões que determinam os rumos da organização cabem aos administradores e gestores. A Controladoria tem o papel de assessorar todo o processo decisório, o que difere de tomar as decisões da organização (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). FONTES DE INFORMAÇÕES DA CONTROLADORIA As fontes de informações da Controladoria estão no ambiente interno e externo da organização. A Controladoria estrutura as informações nos relatórios em fun- ção do modelo decisório dos usuários para subsidiar as suas decisões. Na Figura 3, tem-se uma representação das fontes de informações da Controladoria e a sua relação com os objetivos (ou estratégias), os quais devem considerar aspectos internos e externos da organização. Os profissionais responsáveis pela auditoria interna devem atuar com inde- pendência em relação aos demais funcionários e aos demais departamentos da organização, incluindo os Controllers e a Controladoria. A independência do auditor interno visa a preservar a qualidade do trabalho de auditoria inter- na. Ademais, a independência do auditor é um dos princípios dessa auditoria. Fonte: adaptado de Almeida (2012). ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 Ambiente Externo (PIB, in�ação, concorrência, governo, leis, etc.) Ambiente Interno Bens Tangíveis, Intangíveis e Recursos Humanos. Objetivos da Organização Interdependência Integração Interação Controladoria Figura 3 - Fontes de Informações da Controladoria Fonte: o autor. No âmbito interno da organização, a Contabilidade, a Administração e a Gestão Financeira são os principais provedores de informações para a Controladoria. As informações desses setores são financeiras, operacionais, produtivas e de investimento. Por exemplo: quantidade de novos projetos de produtos do setor de pesquisa e desenvolvimento (P&D), faturamento por período, vendas por Fontes de informações da controladoria Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 período, compras por período, inadimplência etc. (BORINELLI, 2006; ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). No âmbito externo, destacam-se relatórios divulgados pelos concorrentes, publicações de agências setoriais, relatório de analistas, base de dados mercado- lógicos, livros, artigos científicos, pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São informações macroeconômicas, sociais, setoriais e mercadológicas, as quais são estruturadas nos relatórios (BORINELLI, 2006; ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Exemplo No âmbito interno da organização, a Contabilidade Gerencial fornece valo- res relativos aos estoques e montantes de compras de matéria-prima, e a gestão financeira propicia os desembolsos de caixa futuros da entidade com matéria- -prima. No ambiente externo, por meio de relatórios dos fornecedores, tem-se os preços comparativos de matérias-primas, e com base nos índices de inflação, a organização pode estimar o seu poder de compra. A Controladoria vai compilar (ou estruturar) essas informações e fornecer relatórios aos tomadores de decisão para estes analisarem se a organização fez boas compras, se está pagando maior ou menor preço de matéria-prima (em relação a outros fornecedores), além de avaliarem a eficiência dos prazos de negociação com fornecedores. A Contabilidade Gerencial fornece indicadores sobre o custo de o setor produtivo, a qual apurou que o tempo empregado na montagem dos produ- tos aumentou. Com base em estudos de engenharia de produção e nos estudos dos processos produtivos da concorrência, a organização verificou que o seu tempo de montagem está alto. A Controladoria elabora os controles para bai- xar o tempo da montagem e indica quais ações serão necessárias. Por exemplo, o treinamento dos funcionários. As informações fornecidas pela Controladoria propiciam a análise da con- corrência. Sobre isto, no Quadro 3, há algumas fontes de dados brutos, baseadas em Porter (1991) para análise da concorrência das indústrias. ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 Quadro 3 - Fontes de dados brutos utilizados para análise da concorrência CATEGORIAS DOS DADOS COMPILAÇÃO Linhas de produtos Por companhia (ou organização) Compradores e seus comportamentos Por ano Produtos complementares Por área funcional Produtos substitutos Crescimento (por índice, padrão, sazonal e cíclico) Tecnologia de produção e distribuição (es- trutura de custo, economias de escala, valor agregado, logística e mão de obra) Marketing e vendas (segmentação do mer- cado, práticas de marketing) Fornecedores Canais de distribuição (se indiretos) Inovação (tipos, fontes, índices e economia de escala) Concorrentes (estratégia, metas, pontos fracos, pontos fortes e hipóteses) Meio social, político e legal Meio macroeconômico Fonte: adaptado de Porter (1991). Ressalta-se que o Quadro 3 relacionou fontes de dados brutos, que precisam ser estruturados e transformados em informações úteis e relevantes para os gestores e os administradores, ou seja, devem ser inseridos em um contexto da organização. Porter (1991) relacionou possíveis fontes de informações publicadas sobre os concorrentes: estudos de indústrias, associações comerciais, revistas especializadas, imprensa comercial, repertórios e relatórios das companhias e dados estatísticos, banco de dados governamentais, jornais locais e registro de tributos locais. Os autores Atkinson et al. (2011) afirmam que os avanços tecnológicos, principalmente a Internet, propiciam acesso às informações de distintas fontes instantemente e, muitas vezes, sem grandes custos (ou gratuitamente). Funções do controller Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 FUNÇÕES DO CONTROLLER O Controller (ou controlador) é o profissional responsável por implementar a Controladorianas organizações. Os autores Atkinson et al. (2011, p. 799) definem o Controller como “um executivo sênior de finanças e contabilidade que prepara e interpreta as informações financeiras para os administradores, investidores e credo- res”. Anthony e Govindarajan (2008) discorreram que o Controller prepara os planos estratégicos e os orçamentos para que as organizações possam atingir os seus objetivos. De acordo com Borinelli (2006), dadas as funções da Controladoria, o Controller deve ser apto a realizar: ■ Planejamentos: estabelecimento de objetivos, metas e planos (estratégi- cos e operacionais). ■ Orçamentos: transformações dos planos em orçamentos, operacional e financeiro. ■ Execução: implementação dos planos (realização das ações). ■ Controle: mensuração do desempenho organizacional, comparar o desem- penho real com o esperado e analisar as variações e as suas causas. ■ Medida corretiva: sugerir, implementar e acompanhar medidas corretivas. ESTRATÉGIA, CONTROLADORIA E CONTROLLER Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 ■ Avaliação de desempenho: atribuir conceitos aos desempenhos. Os autores Anthony e Govindarajan (2008) apontaram outras funções do Controller nas organizações: ■ Projeto e operação de informações e sistemas de controle. ■ Preparação de demonstrações e relatórios financeiros. ■ Supervisão da auditoria interna (principalmente no que tange aos controles internos), indiretamente, salvaguardar os ativos e passivos da organização. ■ Supervisão do desenvolvimento do conhecimento dos funcionários e cap- tação de novas ideias para controles. Cabe mencionar que, em algumas organizações, o Controller pode assumir as funções de gerente financeiro, contador (incluindo questões tributárias), adminis- trador e supervisionar o setor de Tecnologia da Informação (TI). Nada obstante, o Controller não toma as decisões (implementa as estratégias), de modo que asses- sora o processo decisório. Quem decide são os administradores, proprietários, investidores, diretores etc (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). O Controller é um profissional multidisciplinar que deve ter a capacidade de compreender todo o processo de criação de valor de negócio e assessorar a administração em todas as etapas da gestão da organização. O Controller for- necerá os subsídios para os gestores avaliarem se os objetivos (ou estratégias) definidos pela organização foram (ou não) cumpridos. Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), na Unidade I, discorreu-se sobre a estratégia, a Controladoria e o Controller. Destarte, você compreendeu a relação entre esses conceitos. Em um primeiro momento, vislumbrou-se que as organizações estão inse- ridas na Era da Informação e, para aumentar as suas chances de sobrevivência, elas podem estipular estratégias (ou objetivos) visando a alocar os seus recursos na busca de maximização de capital ou a objetivar a prestação e a identificação de serviços de qualidade. Assim, foi compreendido que algumas estratégias de longo prazo necessitam sofrer ajustes em curto prazo para serem cumpridas. Em seguida, foram apresentadas as definições e funções da Controladoria. Na primeira perspectiva, ela foi vista como uma área do conhecimento multi- disciplinar (em construção), que busca compreender o processo de gestão como um todo, as necessidades informacionais de tomada de decisão dos usuários internos e externos e as informações para mensurar o desempenho (além do financeiro). Em um segundo momento, a Controladoria foi tida como o depar- tamento responsável por assessorar os demais departamentos da organização com informações econômicas, patrimoniais, financeiras e não financeiras (índi- ces de produtividade, satisfação do cliente etc.). Prosseguindo, foi entendido que as fontes de informação da Controladoria estão no âmbito interno e externo da organização. Ademais, as informações propiciadas pela Controladoria subsidiam as decisões de investimento da orga- nização. Com o advento da Internet, muitas fontes de informações podem ser acessadas gratuitamente, diminuindo custos com pesquisa. Por fim, foram conhecidas as funções do Controller, que é o profissional com perfil analítico, visão sistêmica e multidisciplinar. Tem a função de assessorar as atividades de planejamento, de controle e as análises das demonstrações contá- beis, além de estruturar os dados de modo que estes conduzam as tomadas de decisões dos gestores e administradores. O Controller não toma as decisões na organização. 34 1. Qual a relação entre uma organização e a estratégia? 2. Cite e explique a relação da Controladoria enquanto área multidisciplinar com quatro distintas áreas do conhecimento (ou ciências). 3. Cite e explique quatro funções da Controladoria para os outros departamentos quando ela é tida como um departamento da organização. 4. Diferencie os conceitos de Estratégias Pretendidas e Estratégias Realizadas. 5. As Estratégias Emergentes são as estratégias formuladas em curto prazo para responder às oportunidades (ou ameaças) do ambiente em que a organização atua, as quais não haviam sido previstas na Estratégia Pretendida e tampou- co na Deliberada (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). Considerando o enunciado e as Estratégias Emergentes, avalie as afirmativas a seguir. I. Um exemplo de Estratégia Emergente seria: ser líder do segmento de atua- ção em cinco anos. II. Um exemplo de Estratégia Emergente seria: captar novos clientes na região Sul em cinco anos. III. Um exemplo de Estratégia Emergente seria: a organização previu aumentar o seu volume de vendas em 10% em três anos, mas devido à crise econômi- ca no segundo ano do planejamento, essa organização resolveu baixar os seus preços de venda em 5% e aumentar os prazos de recebimentos para 30 e 60 dias. IV. Um exemplo de Estratégia Emergente seria: ser o segundo lugar do seg- mento de atuação em cinco anos. É correto o que afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II e III, apenas. 6. As fontes de informação da Controladoria estão no ambiente interno e externo da organização. Ressalta-se que a Controladoria estrutura as informações de modo a se tornarem úteis e relevantes para a tomada de decisão dos usuários (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Considerando as fontes de informação internas e externas da Controladoria, avalie as afirmações a seguir e assinale verdadeiro (V) ou falso (F). 35 )( O custo da mercadoria vendida é um exemplo de informação obtida de fonte externa à organização, uma vez que o montante dos custos das mer- cadorias é obtido no departamento de Contabilidade. )( O montante apurado como receitas é um exemplo de informação obtida de fonte externa à organização, uma vez que o montante de vendas da organização é obtido no departamento de Contabilidade. )( O custo da mercadoria vendida e o montante apurado como receitas são exemplos de informação obtidas de fontes internas à organização, uma vez que os montantes dos custos e receitas são obtidos no departamento de Contabilidade. )( A produtividade dos funcionários do setor de produção é um exemplo de informação obtida de fonte interna de informação, qual seja, o departa- mento de produção. A sequência correta para a resposta da questão é: a) V, V, F e F. b) F, V, F e F. c) V, F, V e F. d) F, F, V e V. e) F, V, F e V. 7. O Controller é o profissional responsável por implementar a Controladoria nas organizações. Destarte, ele tem atribuições específicas para assessorar a organização a cumprir os seus objetivos (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Considerando as funções do Controller, avalie as afirmações a seguir e assinale verdadeiro (V) ou falso (F). )( O Controller é responsável pelas atividadesde planejamento: estabelecer os objetivos, as metas e os planos. Quando ele identifica a necessidade de aumentar a capacidade produtiva, ele mesmo contrata os funcionários. )( O Controller é responsável pelas atividades de planejamento: estabelecer os objetivos, as metas e os planos. Quando ele identifica a necessidade de aumentar a capacidade produtiva, ele repassa essa informação aos geren- tes de produção e de recursos humanos, os quais são responsáveis pela contratação dos funcionários. )( O Controller tem a função de avaliar o desempenho dos demais gestores e departamentos. Quanto ele identifica que o departamento de vendas foi ineficiente, ele próprio modifica todas as políticas de venda da organiza- ção sem a necessidade de autorização superior (conselho de administra- ção, diretoria ou proprietário da organização). 36 )( O Controller tem a função de efetuar os orçamentos, incluindo os orça- mentos operacionais e financeiro. No processo orçamentário, o Controller estipula todas as metas da organização e todas as políticas dos departa- mentos, sem a necessidade de autorização superior (conselho de adminis- tração, diretoria ou proprietário da organização). A sequência correta para a resposta da questão é: a) V, V, F e F. b) F, V, F e F. c) V, F, V e F. d) F, F, V e V. e) F, V, F e V. 8. Menciona-se que são diversas as funções do Controller nas organizações, podendo ser citadas: ____________, a qual tem como objetivo auditar os controles internos e proteger os ativos da organização, a ___________, que consiste em preparar os relatórios financeiros para os tomadores de decisão e _________. Neste último caso, quando o Controller identifica que o desem- penho pode ser melhorado e sugere efetuar treinamentos (ANTHONY; GOVIN- DARAJAN, 2008). Em relação às palavras que completam o sentido desta frase, assinale a alternativa correta. a) Orçamento, planejamento, supervisionar a auditoria interna. b) Supervisionar a auditoria interna, supervisor do conhecimento dos funcio- nários, preparação dos relatórios financeiros. c) Supervisionar a auditoria interna, preparação dos relatórios financeiros, su- pervisor do conhecimento dos funcionários. d) Orçamento, supervisionar a auditoria interna, demissão dos funcionários. e) Supervisionar a auditoria interna, demissão dos funcionários, preparação dos relatórios financeiros. 9. A organização deve estipular objetivos em curto, médio e longo prazos para co- ordenar os seus recursos tangíveis, intangíveis e humanos. Ressalta-se que os objetivos das organizações nem sempre são maximizar o seu capital, ou a bus- ca incessante pelo lucro. Um exemplo são as organizações não governamentais (ONGs) (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Considerando o enunciado, em rela- ção a um exemplo de objetivo de uma ONG, assinale a alternativa correta. 37 a) Satisfazer os stakeholders com prestação de serviços eficazes, gerando bem- -estar social. b) A cada ano, aumentar 10% do faturamento da organização. c) Investir os lucros em aplicações financeiras rentáveis. d) Captar doações de outras empresas e de membros influentes da sociedade, e investir em fundos de investimentos rentáveis para otimizar o capital. e) Aumentar o preço dos serviços em 30% para a população carente visando a aumentar os lucros e a investir em marketing. 10. A Controladoria pode ser reconhecida como uma ciência multidisciplinar, pois emprega conceitos de outras áreas do conhecimento para abordar os seus ob- jetos de estudo (BORINELLI, 2006). Considerando o enunciado, a respeito de um exemplo da relação da Controladoria com outras ciências, assinale a alter- nativa correta. a) A Controladoria possui relação com a Psicologia, principalmente no empre- go dos indicadores econômicos e na valorização das transações da organi- zação. b) A Controladoria utiliza conceitos da Matemática para empregá-los no rela- cionamento com os funcionários, com a sociedade e com os tomadores de decisão, principalmente nas relações sociais. c) A Controladoria emprega conhecimentos da Contabilidade para a mensura- ção dos ativos, dos passivos e do resultado no estabelecimento das políticas contábeis. d) A Controladoria nunca empregará conhecimentos da Administração, pois não cabe à primeira assessorar nas decisões de modelos de gestão e na prestação de contas, que são conhecimentos oriundos da Administração. e) A Controladoria utiliza conhecimentos da Estatística para verificar se a atu- ação da organização é condizente com normas e legislações do Direito Co- mercial, por exemplo. 38 Ciclo de Vida das Organizações Caro(a) aluno(a), na Unidade I foi demonstrada a relação entre as organizações e os objetivos, destarte, foram apresentadas perspectivas teóricas da Teoria da Estratégia. Menciona-se que, além da Teoria da Estratégia, existem outras que podem auxiliar a compreender as organizações. Um exemplo é a Teoria do Ciclo de Vida das Organizações (Organizational Life Cycle). A Teoria do Ciclo de Vida das Organizações faz uma analogia da organização com um ser humano, que nasce, se desenvolve ao longo do tempo e morre (FREZATTI et al., 2009). Os pesquisadores da Teoria do Ciclo de Vida das Organizações tentam identificar quais são as estratégias e os mecanismos de controles internos que se ajustam a cada etapa do ciclo de vida. Nada obstante, identificam quais as interferências do ambiente externo em cada fase do ciclo. Beuren e Pereira (2013) analisaram 39 estudos (nacionais e internacionais) que aplica- ram a Teoria do Ciclo de Vida das Organizações e identificaram os seguintes estágios do ciclo de vida delas: • Com três fases: 1) estágio de empreendimento, 2) estágio de formalização, 3) estágio de flexibilização. • Com quatro fases: 1) estágio empresarial, 2) estágio de coletividade, 3) estágio de formalização e controle, 4) estágio de elaboração e adaptação da estrutura. Ou 1) nascimento, 2) crescimento, 3) maturação (institucionalização), 4) renovação. • Com cinco fases: 1) criatividade, 2) orientação, 3) delegação, 4) coordenação, 5) colaboração. Ou 1) namoro, 2) infância, 3) toca-toca, 4) adolescência, 5) plenitude. Ou 1) criatividade, 2) orientação, 3) delegação, 4) coordenação, 5) colaboração. • Com nove fases: 1) conceitual, 2) organizativo, 3) produtivo, 4) caçador, 5) admi- nistrativo, 6) normativo, 7) participativo, 8) adaptativo, 9) inovativo. 39 Na mesma perspectiva que Beuren e Pereira (2013), Frezatti et al. (2009) afirmaram que existem diversos modelos para representar os ciclos de vida das empresas. Os autores expuseram o seguinte modelo da Teoria do Ciclo de Vida das Organizações. • Crescimento: atua em um ambiente competitivo e heterogêneo. A organização é marcada pela formalização dos processos e das funções, pela baixa diferencia- ção dos produtos e pela redução da centralização nas tomadas de decisão. A es- tratégia visa a ampliação da atuação em mercados, ao incremento de inovações e ao crescimento acelerado. • Maturidade: o ambiente possui maior competitividade e heterogeneidade que no estágio de crescimento. A estrutura da organização torna-se burocrática e for- mal, com média diferenciação dos produtos e uma centralização moderada das tomadas de decisão. A estratégia visa a consolidação em mercados estratégicos e ao foco na eficiência e na demanda de mercados definidos. • Renascimento: o ambiente é muito competitivo, heterogêneo e dinâmico. A organização é estruturada em funções, com alta diferenciação dos produtos, controles sofisticados para análises e decisões formalizadas. A estratégia busca a diversificação de produtos e mercados, possui alto grau de risco e planejamento, assim como de inovação substancial. Em cada ciclo de vida da organização há uma transformação nos produtos, nas estraté- gias e no posicionamento do mercado, maior ou menor burocracia, entre outros fatores. Ressalta-se que a Teoria do Ciclo de Vida Organizacional ainda está em processo de evo- lução e consolidaçãonos âmbitos nacional e mundial (BEUREN; PEREIRA, 2013). Fonte: Beuren e Pereira (2013) Frezatti et al. (2009). MATERIAL COMPLEMENTAR A Revista Contabilidade & Finanças (RC&F) é uma publicação quadrimestral, de acesso aberto, gratuita para autores e leitores. É feita pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis (FIPECAFI). Divulga a produção científica inédita e relevante na área de Contabilidade, Controladoria, Atuária e Finanças. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/rcf>. Fome de Poder (2016) Retrata a vida de Raymond Albert Kroc, também conhecido como Ray Kroc (Michael Keaton) e o seu encontro com os irmãos McDonald, que culminou na expansão da rede mundial de fast-food de mesmo nome. Neste filme, são retratadas as decisões estratégicas e gerenciais que transformaram este modelo de negócios. Safári de Estratégia - Um Roteiro pela Selva do Planejamento Estratégico Henry Mintzberg, Bruce Ahlstrand e Joseph Lampel Editora: Bookman Sinopse: com um texto provocativo, instigante e livre de jargões, Henry Mintzberg e os seus coautores ajudam o leitor a conhecer as dez grandes escolas do planejamento estratégico. Este livro é feito tanto para os acadêmicos como para os gerentes e planejadores. REFERÊNCIAS 41 ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ANTHONY, R. N.; GOVINDARAJAN, V. Sistemas de Controle Gerencial. 12. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008. ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade Gerencial. Trad. André Olímpio Mosselman Du Chenoy Castro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BEUREN, I. M.; PEREIRA, A. M. Análise de artigos que relacionam ciclo de vida orga- nizacional com controles de gestão. RAI - Revista de Administração e Inovação, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 123-143, 2013. BORINELLI, M. L. Estrutura conceitual básica de controladoria: sistematização à luz da teoria e da práxis. 2006. 352 f. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabili- dade: Contabilidade) - Departamento de Contabilidade e Atuária, Faculdade de Eco- nomia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. FREZATTI, F. et al. Controle gerencial: uma abordagem da contabilidade gerencial no contexto econômico, comportamental e sociológico. São Paulo: Atlas, 2009. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard. Trad. Luiz Euclydes Trindade Frazão Filho. 19. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Trad. Lene Belon Ribeiro. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: Técnicas para análise de indústria e da con- corrência. Trad. Elizabeth Maria de Pinto Braga. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991. REFERÊNCIAS GABARITOGABARITO 1. As organizações são um conjunto de recursos tangíveis, intangíveis e humanos, interdependentes e integrados, que interagem para atingir um objetivo. A estra- tégia trata-se de um plano detalhado para atingir um objetivo. Nada obstante, uma organização deve atuar utilizando os seus recursos da melhor maneira pos- sível. Por sua vez, a estratégia busca o melhor caminho a ser percorrido, a trajetó- ria ideal para atingir o objetivo. 2. Nesta atividade, foram solicitadas quatro áreas distintas, as quais podem ser: • Contabilidade: a relação com a Controladoria é que a Contabilidade propi- cia identificação, classificação, registro e sumarização das transações e, deste modo, fornece informações financeiras e nãofinanceiras para os controles in- ternos. • Administração: a relação com a Controladoria é que a Administração fornece conhecimentos relativos aos modelos decisórios (centralização, descentraliza- ção, unidade de negócio), controle e gestão dos ativos. • Gestão financeira: pode ser considerada dentro da Administração e da Conta- bilidade, mas especificamente, trata-se da gestão financeira da Controladoria. Contas a pagar, receber investimentos e aplicações financeiras. • Economia: a relação pode ser vista nos indicadores monetários, nos subsídios para mensurações monetárias, na análise de oferta, demanda e renda, bem como os mecanismos para apurar o valor econômico da organização. • Direito: a relação com a Controladoria está no fato de que as operações da or- ganização devem ser conduzidas dentro do âmbito legal, ou seja, respeitando toda a legislação. • Estatística: a Controladoria emprega técnicas estatísticas como média, media- na, moda e desvio-padrão. É possível coletar, organizar, descrever, analisar e interpretar os dados que se tornarão informações e controles internos. • Matemática: A Controladoria utiliza símbolos, métodos, valores e números para quantificações físicas e monetárias. • Psicologia: envolve a atuação do Controller e o comportamento dos tomado- res de decisão e dos funcionários e as reações dos usuários internos e externos da informação. • Sociologia: fornece subsídios para relações sociais dos membros da organiza- ção: funcionários, investidores, fornecedores e demais stakeholders. GABARITO 43 3. Nesta atividade, foram solicitados quatro departamentos, os quais podem ser: • Contabilidade societária (função contábil). Envolve analisar as demonstra- ções contábeis, desenvolver políticas contábeis e de controle, atender as de- mandas informacionais dos stakeholders, garantir o processamento de todos os fatos e transações. • Contabilidade gerencial (função gerencial e estratégia). Fornecer análises e informações para subsidiar as decisões estratégicas da organização, que são as ações que permitem atingir os objetivos. Estruturar informações financei- ras, operacionais, patrimoniais e econômicas que estão no ambiente interno ou externo da organização. Efetuar projeções com séries temporais (passa- do) e cenários prospectivos (futuro). • Planejamento, orçamento e controle. Assessorar os gestores na elaboração do planejamento, dos planos orçamentários e propiciar condições para efe- tuar o controle das operações da organização para atingir os objetivos (cum- prir os orçamentos e planejamentos). Analisar as variações orçamentárias e dos indicadores do planejamento. • Contabilidade de custos (função de custos). Compreende mensurar, analisar, controlar e avaliar os custos de produção, bem como apurar os custos por métodos distintos, como custeio variável, meta etc. Fornece informações so- bre o custo por produto e por linha de produção. • Contabilidade tributária (função tributária). Assessoria para cumprir as obri- gações fiscais ou tributárias, realizar o planejamento tributário e garantir que a organização vai atender a todas as obrigações acessórias e legais. • Seguros e controle patrimonial (função de salvaguarda de ativos). Análise de opções de seguros para a proteção dos ativos. • Controles internos (função de controle). Estabelecer e monitorar os controles internos da organização. • Riscos (função de controle de riscos). Minimizar a exposição da entidade aos riscos fornecendo informações. • Sistemas de informação (função de gestão da informação). Garantir que as transações serão processadas e resultarão nas informações necessárias para compor os resultados. GABARITO 4. As Estratégias Pretendidas são as situações almejadas pela organização em cur- to, médio e longo prazos. Tratam-se das metas futuras traçadas pelos adminis- tradores. Por sua vez, as Estratégias Realizadas são os resultados alcançados em comparação ao resultado pretendido. Apura-se o desempenho das atividades da organização e o confronta com os objetivos traçados anteriormente. 5. B) III, apenas. 6. D) F, F, V e V. • A primeira e a segunda afirmativas são falsas (F) porque são exemplos de fon- tes de informações internas à organização. 7. B) F, V, F e F. • A primeira, a segunda e a quarta afirmativa são falsas (F) porque o Control- ler não toma as decisões da organização, apenas assessora os processos com informação. Quem toma as decisõese estipula os objetivos são os gestores, administradores, investidores ou proprietários. 8. C) Supervisionar a auditoria interna, preparação dos relatórios financeiros, su- pervisor do conhecimento dos funcionários. 9. A) Satisfazer os stakeholders com prestação de serviços eficazes, gerando bem- -estar social. 10. C) A Controladoria emprega conhecimentos da Contabilidade para a mensu- ração dos ativos, dos passivos e do resultado no estabelecimento das políticas contábeis. U N ID A D E II Professor Me. Rodrigo Gaspar de Almeida. A CONTROLADORIA E O PLANEJAMENTO Objetivos de Aprendizagem ■ Apresentar os conceitos de missão, valores e visão. ■ Compreender a análise do ambiente interno e externo. ■ Diferenciar a formulação da estratégia e o planejamento estratégico. ■ Discorrer sobre os benefícios e as limitações do planejamento. ■ Apresentar os tipos de planejamento. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Missão, valores e visão ■ Análise do ambiente interno e externo ■ Formulação da estratégia e planejamento estratégico ■ Benefícios e limitações do planejamento ■ Tipos de planejamento Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), na Unidade II deste livro, discorreremos sobre a Controladoria e o processo de planejamento. Para tanto, serão expostos os conceitos de mis- são, valores e visão, a análise do ambiente interno e externo da organização, a formulação da estratégia e o planejamento estratégico. Em um primeiro momento, serão apresentados os conceitos de missão, visão e valores, que são os mecanismos pelos quais a organização comunica os seus objetivos aos stakeholders. A missão refere-se à razão da existência da organi- zação. Os valores são os princípios e as crenças dos funcionários, presentes na relação da organização com seus stakeholders. A visão refere-se a como a orga- nização espera ser vista por estes. No próximo tópico, você compreenderá a análise do ambiente interno e externo. Será apresentada a análise SWOT e demonstrado um exemplo de sua aplicação. A análise SWOT permite que a organização identifique as forças e fra- quezas (ambiente interno) e as oportunidades e ameaças (ambiente externo). É uma ferramenta que pode auxiliar na formulação da estratégia. Em seguida, buscou-se diferenciar as funções de formulação da estratégia e o planejamento estratégico. A formulação da estratégia é um processo criativo, disruptivo e inovador. O planejamento estratégico, por sua vez, é a operaciona- lização da estratégia escolhida, além de ser sistemático. O próximo tópico apresentará os benefícios e as limitações do planejamento. Ressalta-se que o planejamento propicia aprendizado, além de forçar os gestores a pensarem em longo prazo. Como principais limitações, tem-se que o plane- jamento é realizado com estimativas e previsões as quais congregam o risco de não serem realizadas ou cumpridas. Por fim, serão apresentados dois tipos de planejamento das organizações, quais sejam: planejamento estratégico e planejamento tático e operacional. O pri- meiro caracteriza-se por ser de longo prazo, enquanto o último, de curto prazo. Bons estudos! A CONTROLADORIA E O PLANEJAMENTO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 MISSÃO, VALORES E VISÃO Caro(a) aluno(a), anteriormente, foi argumentado que as organizações são orien- tadas por objetivos, os quais devem ser condizentes com as suas capacidades (recursos humanos, bens tangíveis e intangíveis). Neste tópico, serão apresenta- dos os conceitos de missão, valores e visão, que são os mecanismos pelos quais a organização comunica os seus objetivos aos funcionários, gerentes, investido- res e demais stakeholders. Esses conceitos são úteis para nortear as estratégias da organização, bem como orientar a Controladoria. Kaplan e Norton (2004) argumentaram que a Missão fornece o ponto de partida para a organização, é quando se conhece o motivo da sua existência. Os valores são as crenças e os costumes presentes nas relações dos funcionários da organização com os stakeholders (por exemplo, princípios éticos). A visão refere-se à projeção de como a organização espera ser vista no futuro por seus stakeholders. A estratégia refere-se ao plano estruturado para atingir a missão da organização, consonante aos valores, para então a empresa ser vista por seus stakeholders conforme as suas aspirações (Figura 1). Missão, Valores e Visão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 Missão Por que existimos? Valores O que é importante para nós? Visão O que queremos ser? Estratégia Plano estipulado pela organização para cumprir sua missão, preservando seus valores e ser vista por seus stakeholders como almeja. Figura 1 - Missão, valores, visão e estratégia Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (1997). Menciona-se que os stakeholders são os indivíduos ou as instituições que influen- ciam e são influenciados pelas atividades da organização, como os proprietários, os investidores, os funcionários, os clientes, o governo, a comunidade, os forne- cedores etc. (ATKINSON et al., 2011). A missão pode ser entendida como uma declaração concisa da razão da existên- cia da organização. Refere-se ao propósito que norteia as suas atividades e pelo qual ela foi constituída. Ademais, expressa a maneira como a organização espera compe- tir e criar valor aos stakeholders (além do financeiro) (KAPLAN; NORTON, 2004). São exemplos de missão das organizações: ■ Ser um fornecedor confiável. ■ Prestar serviços de qualidade. ■ Desenvolver as atividades sob uma gestão financeira eficaz. ■ Promover retorno aos investidores. ■ Atrair e reter funcionários qualificados e motivados. ■ Firmar parcerias para a criação de valor aos stakeholders da organização. A CONTROLADORIA E O PLANEJAMENTO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 Os valores são as crenças e os costumes das pessoas da organização, e estão pre- sentes em todas as relações internas e externas. Podem ser entendidos como os princípios da organização. São exemplos de valores organizacionais: ética, transparência, integridade, hones- tidade, responsabilidade socioambiental, entre outros. São implementados por códigos (sistemas formais) ou por sistemas informais (quando os valores não são implanta- dos, mas são percebidos na prática organizacional) (KAPLAN; NORTON, 2004). A visão é uma declaração concisa sobre as metas em médio e longo prazo das organizações. Pode ser entendida como a maneira pela qual a organização espera ser vista no futuro por seus stakeholders. A visão é orientada para o mer- cado e, em alguns casos, para o âmbito mundial (KAPLAN; NORTON, 2004). Citam-se como exemplos de visões das organizações: ■ Ser o líder de vendas do segmento de atuação. ■ Ser uma organização líder em tecnologia e inovação dos produtos. ■ Promover o desenvolvimento sustentável da comunidade na qual a orga- nização está inserida. Os autores Atkinson et al. (2011) argumentaram que a organização pode incluir as expectativas dos stakeholders nos seus objetivos, ou seja, na sua missão e na sua visão (inclusive nos valores). Ressalta-se a importância de incluir tais expectati- vas, dado que as organizações estão inseridas em um ambiente macroeconômico e podem sofrer influência desses stakeholders. Para exemplificar como a missão, os valores e a visão podem ser comunica- dos pelas organizações, observe o Quadro 1, o qual relaciona tais atributos da instituição de ensino Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Missão Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for- mando profissionaiscidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Valores essenciais • Respeito ao ser humano de forma integral. • Excelência intelectual e profissional. Missão, Valores e Visão Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 • Promoção do desenvolvimento emocional e espiritual. • Compromisso com o conhecimento, com a aprendizagem e com a transfor- mação da sociedade. • Ética, cidadania, integridade e transparência. • Inovação tecnológica permanente. • Desenvolvimento e valorização da cultura e da arte. • Responsabilidade com o meio ambiente e a promoção do desenvolvimento sustentável. Visão • Ser reconhecida como uma instituição universitária de referência nacional pela qualidade de ensino na modalidade presencial e a distância (EAD), exten- são e pesquisa. • Consolidar os programas de lato sensu e stricto sensu. • Promover a qualidade e inovação da gestão acadêmica e administrativa. • Manter o relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada, proporcionando a internacionalização e o ingresso no mundo do trabalho. Quadro 1 - Missão, valores e visão da Unicesumar Fonte: Unicesumar ([2018], on-line)1. A formulação da estratégia deve ser condizente com a missão, os valores e a visão das organizações, uma vez que tais conceitos podem ser entendidos como os objetivos da organização (KAPLAN; NORTON, 2004; MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). Conforme foi enfatizado na Unidade I, as estratégias devem ser consonan- tes às habilidades e competências da organização, deste modo, no próximo tópico, serão discorridas as análises internas e externas (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças). Essa análise pode auxiliar a organização no planejamento da estratégia. Caro(a) aluno(a), foram apresentados, neste tópico, exemplos de missões, vi- sões e valores de algumas organizações. Menciona-se que estas geralmente apresentam tais conceitos em seus sites. Algumas organizações, entretanto podem apresentar estes elementos nos relatórios de administração e de sus- tentabilidade, entre outros. Fonte: o autor. A CONTROLADORIA E O PLANEJAMENTO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO E EXTERNO O desempenho das organizações é influenciado por aspectos microeconômicos ou internos (como produtividade da mão de obra, tecnologia, localização geográfica) e macroeconômicos ou externos (como a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto, taxa de inflação, oferta e demanda do produto). Outrossim, a formula- ção dos objetivos ou das estratégias deve considerar tais fatores, os quais podem ser controláveis, ou não, pelas organizações (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; KAPLAN; NORTON, 2004). Uma ferramenta útil para as organizações realizarem uma análise ambien- tal interna e externa é a análise SWOT, que se refere à sigla de strengths (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças). A aná- lise SWOT surgiu na década de 60, proposta pelos professores Kenneth Andrews e Roland Christensen da Harvard Business School (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). No Quadro 2, tem-se um modelo de análise SWOT. Quadro 2 - Modelo de análise SWOT FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS Fatores internos Strengths (forças) Weaknesses (fraquezas) Fatores externos Opportunities (oportunidades) Threats (ameaças) Fonte: Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010). Análise do ambiente interno e externo Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 53 Conforme demonstra o Quadro 2, tem-se, no ambiente interno, as forças e fraque- zas, as quais têm maiores chances de serem controladas pela organização. Por sua vez, no ambiente externo estão as oportunidades e ameaças, as quais a organização possui pouca (ou nenhuma) influência. Desta forma, a análise SWOT pode ser utili- zada para análise interna e externa (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). As informações que compõem a análise SWOT são apenas indicadores e, na sua maioria, qualitativos (ou descritivos). A aplicação da análise SWOT é um pro- cedimento que antecede o planejamento da as organização, haja vista que ambos têm o mesmo objetivo: maximizar as forças e oportunidades e, ao mesmo tempo, reduzir as fraquezas e minimizar as ameaças (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008; MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). No Quadro 3, tem-se um exemplo da aplicação da análise SWOT de uma organização fictícia. Quadro 3 - Exemplo de aplicação da análise SWOT FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS Fatores internos Strengths (forças) • Qualidade do produto. • Adimplência. • Lucratividade. • Salários altos para o funcionários. Weaknesses (fraquezas) • Baixo retorno para os acio- nistas. • Custo de estocagem. • Alta taxa de depreciação. Fatores externos Opportunities (oportunidades) • Novas certificações de qualidade. • Financiamento do governo. • Novas tecnologias de estocagem para baixos custos. Threats (ameaças) • Desconhecer a legislação. • Crises econômicas. • Novos concorrentes. Fonte: o autor. A aplicação da análise SWOT pode ser considerada simples, todavia os profissio- nais que a aplicam nas organizações precisam possuir um conhecimento avançado e adequado das suas operações e atividades (modelo de negócios), bem como dos aspectos mercadológicos que interferem no desempenho organizacional. A grande falácia da SWOT ocorre quando os responsáveis por sua elaboração acreditam que A CONTROLADORIA E O PLANEJAMENTO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E54 conhecem a organização e, na verdade, nunca visitaram o chão de fábrica e desco- nhecem os processos produtivos (ficam presos em seus escritórios e nos relatórios empresariais) (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Caro(a) aluno(a), antes de adentrarmos nas especificidades do planejamento, é de suma importância diferenciar duas funções (conjunto de atividades), quais sejam: (i) formulação da estratégia e (ii) planejamento estratégico. A formulação da estratégia é um processo criativo, intuitivo, disruptivo, ino- vador, ou pode ser apenas imitação, replicação e adaptação de uma estratégia de um concorrente. Pode ser realizada com bases sistemáticas e racionais (situação ideal), ou conforme o feeling do empresário (atitude empreendedora) recomendada para novos produtos ou novos mercados (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010). O planejamento estratégico, necessariamente, é um processo sistemático que auxilia as organizações a decidirem quais programas ela estimulará ou encer- rará nos próximos anos (ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2008). Conforme Kaplan e Norton (1997), o planejamento estratégico permite que a organização: ■ Quantifique os resultados pretendidos em longo prazo. ■ Identifique mecanismos e forneça recursos para alcançar os resultados. A formulação da estratégia não implica em sua implementação. Ao mesmo tempo, efetuar um planejamento estratégico não é formular estratégia. (Henry Mintzberg, Bruce Ahlstrand e Joseph Lampel) Formulação da Estratégia e Planejamento Estratégico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 55 O planejamento estratégico, portanto, é um processo formal, e a formalização é justamente o principal motivo de sua decadência na década de 80. A formula- ção da estratégia, por sua vez, tem uma essência criativa, disruptiva (realizar a mesma ação de outra forma). É oportuno mencionar que, em algumas organi- zações, o mesmo profissional que formula a estratégia elabora o planejamento estratégico. Tal acúmulo de funções pode ser prejudicial à capacidade
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