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Projeto De Indústria 4 0 -- LIVRO

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INDÚSTRIA 4.0
Léia Maria Erlich Ruwer
O perfil do profissional 4.0
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Interpretar o impacto da implementação da Indústria 4.0 no perfil 
profissional.
  Distinguir as atividades profissionais antes e depois da Indústria 4.0.
  Analisar as competências necessárias na Indústria 4.0.
Introdução
O advento da Indústria 4.0 traz impactos para as relações de trabalho, impondo 
novas formas de atuar no ambiente laboral. Esses impactos afetam tanto as 
empresas — exigindo estruturas hierárquicas diferenciadas e colaborativas 
— quanto os profissionais — que necessitam adquirir novas competências 
para fazer frente às novas demandas do mercado de trabalho nessa nova era.
Para tanto, neste capítulo, você verá os aspectos relacionados à Indus-
tria 4.0 e ao mercado de trabalho e as consequentes mudanças no perfil 
profissional, bem como as mudanças nas atividades profissionais com essa 
revolução, com destaque para as competências necessárias na Indústria 4.0.
A Indústria 4.0 e o mercado de trabalho
Desde seu advento, a nova Revolução Industrial ou Indústria 4.0 traz impactos 
e mudanças com sua onda de alterações radicais relacionadas à produção 
industrial, impulsionada por avanços da robótica, nanotecnologia, biotecno-
logia, das tecnologias de informação e da inteligência artifi cial, entre outras, 
causando alterações também nas relações com os clientes e colaboradores, 
além de diversas outras demandas.
Para Schwab (2016), a Revolução Industrial atual difere em escala e complexi-
dade de qualquer outro evento vivenciado pela sociedade: é a Quarta Revolução 
Industrial. As revoluções industriais anteriores foram as impulsionadas pela 
introdução da máquina a vapor e o uso do carvão como combústível, seguidas do 
uso da eletricidade e da produção em massa, causando grandes transformações 
nos modos de produção, e ainda aquelas relativas à tecnologia e à automação, 
com o uso de computadores e da internet. Agora, em sua quarta versão, esta 
Revolução Industrial, impulsionada pela era digital e pelo mundo virtual, conduz 
a humanidade a outro patamar de interação e desenvolvimento. Se comparada às 
revoluções anteriores, a Indústria 4.0 (que tem na sua base tecnológica sistemas 
cibernéticos, Internet das Coisas, Big Data, Computação em Nuvem, Machine 
Learning, entre outros) é a revolução industrial mais rápida vista até agora e 
proporciona sensíveis mudanças nas cadeias globais de valor, alterando as formas 
de produzir, distribuir e consumir de toda a sociedade. 
As transformações relacionadas à Indústria 4.0 se apresentam com pers-
pectivas e potencial para o aumento da flexibilidade, da velocidade, da pro-
dutividade e da qualidade dos processos produtivos (GELBERT, 2015). Sua 
influência, entretanto, permeará outros âmbitos, como a política, a economia, 
as empresas e seus modelos de negócios, os governos, os indivíduos e, prin-
cipalmente, o mundo do trabalho. 
Nesse contexto, preveem-se impactos profundos nas relações de trabalho, 
uma vez que “[...] a união da Internet das Coisas com a rápida automatização 
desenha um novo cenário dentro das fábricas de todo o mundo” (ESTÚDIO 
ABC, 2016, documento on-line), revolucionando linhas de montagens e gerando 
produtos inovadores e customizados, com robôs cada vez mais integrados aos 
processos. Exige, assim, um novo perfil profissional a ser buscado pelas orga-
nizações: o de profissionais com novas habilidades, dentre as quais a de atuar 
de forma colaborativa com os robôs, para aumentar a produtividade, dentre 
outras características. Esse novo perfil não será mais apenas responsável por 
parte específica da linha de montagem, mas por todo o processo produtivo. 
Uma pesquisa da consultoria Roland Berger estimou a escassez de mais 
de 200 milhões de trabalhadores qualificados no mundo nos próximos 
20 anos. Um dos motivos que contribuem para esse cenário é a neces-
sidade de cada vez mais mão de obra qualificada. Técnicos deixarão 
de exercer funções repetitivas, como o encaixe de uma peça em um 
smartphone, por exemplo. Isso não significa, porém, que os funcionários 
serão eliminados das linhas de produção. Eles ficarão concentrados em 
tarefas estratégicas e no controle de projetos (ESTÚDIO ABC, 2016).
O perfil do profissional 4.02
Para Schwab (2016) e Hecklau (2016), os principais desafios sociais decor-
rentes da Indústria 4.0 serão observados na força de trabalho, na empregabi-
lidade e na exigência de que os indivíduos aperfeiçoem cada vez mais suas 
competências para fazer frente às novas tecnologias e, dessa forma, possam ter 
garantias de empregabilidade — aliadas às mudanças demográficas já em curso 
e ao envelhecimento da população, entre outros desafios a serem superados. 
O Relatório “Futuro do Trabalho: Emprego, Competências e Estratégia da 
força de trabalho para a Quarta Revolução Industrial” apresentado no Fórum 
Econômico Mundial em 2016, em Davos, na Suíça, aponta impactos nas 
relações de trabalho nos países cobertos pelo estudo que vão desde a perda 
de postos de trabalho concentrados principalmente em funções de rotina de 
escritório e administrativas até um aumento de milhões de empregos em áreas 
específicas (como computação, matemática, arquitetura e engenharia), bem 
como exigências no sentido de maior produtividade do trabalho e ampliação 
das habilidades (SCHWAB; SAMANS, 2016).
O referido relatório aponta que, juntos, aspectos tecnológicos, socioeco-
nômicos, geopolíticos, evolução demográfica, bem como as interações entre 
esses aspectos, irão gerar novas categorias de empregos e ocupações, além 
de alterações nos conjuntos de habilidades exigidas em antigas e novas ocu-
pações (grande parte nas industrias), e, ainda, vão transformar como e onde 
os indivíduos trabalham, trazendo, com isso, novos desafios administrativos 
e de caráter regulatório (SCHWAB; SAMANS, 2016).
Ainda, segundo o mesmo documento, nesse cenário de emprego em rápida 
evolução, capacidades como a de se antecipar e se preparar frente aos requisitos 
de habilidades futuras, conteúdo do trabalho e efeito agregado sobre o emprego 
são cada vez mais necessárias para empresas, governos e indivíduos — para 
que possam aproveitar plenamente as oportunidades dessa nova revolução e 
também mitigar qualquer resultado indesejável (SCHWAB; SAMANS, 2016). 
Esse cenário é confirmado por estudos como o realizado por Tessarini e 
Saltorato (2018) sobre os impactos da Indústria 4.0 na organização do trabalho, 
no qual, verificando as principais publicações e fazendo uma revisão sistemá-
tica da literatura sobre o tema, os autores destacaram os seguintes impactos:
  aumento do desemprego tecnológico, em contrapartida à criação e/
ou ao aumento de postos de trabalho mais complexos e qualificados;
  necessidade de desenvolvimento de novas competências e habilidades;
  maior interação entre homem e máquina;
  transformações nas relações socioprofissionais.
3O perfil do profissional 4.0
Nessa perspectiva, os profissionais que quiserem se manter ativos e con-
quistar seu espaço na Indústria 4.0 necessitam desenvolver novas habilidades, 
além daquelas que já existiam e que já tinham. 
No link a seguir, você terá acesso ao relatório completo do World Economic Forum 
para aprofundar seu conhecimento.
https://qrgo.page.link/tpEo
Indústria 4.0: mudanças nas atividades 
profissionais 
Segundo Schwab (2016), a Quarta Revolução Industrial é marcada por veloci-
dade (acontecimentos em ritmo muito mais rápido), amplitude e profundidade 
(muitas mudanças radicais simultaneamente envolvidas) e a transformação 
completa de sistemas inteiros. Para o autor, levando-se em conta esses impulsio-
nadores, pode-se afi rmar que “[...] as novas tecnologias mudarão drasticamente 
a natureza do trabalho em todos os setores e ocupações” (SCHWAB, 2016, p. 
30). Já quanto às incertezas desse processo, o autor aponta questionamentos 
como: qual é a quantidade de postosde trabalho a serem substituídos pela 
automação e qual é o tempo para que isso ocorra? 
Nesse cenário, ainda de acordo com Schwab (2016), verifica-se o efeito 
destrutivo comum às rupturas ocasionadas pela tecnologia e pela automação ao 
substituir o trabalho por capital e que levam os trabalhadores ao desemprego 
ou a realocar as suas habilidades em outras atividades. Por outro lado, esse 
efeito destrutivo é acompanhado de um efeito capitalizador, que promove 
a demanda de novos bens e serviços, que, por sua vez, acarreta aumento e 
criação de novas profissões e até mesmo organizações. 
As atividades profissionais que surgem na Indústria 4.0 estão relacionadas 
às novas tecnologias a serem empregadas em todas as áreas; dessa forma, as 
profissões existentes sofrerão uma adaptação às evoluções que a revolução em 
curso traz para seus produtos e processos. Segundo Gonçalves (2018), na área 
O perfil do profissional 4.04
automotiva, por exemplo, estarão em evidência ocupações que se relacionam 
às áreas de programação e mecânica dos controles eletrônicos, telemetria e 
informática veicular, além de mecânicos de veículos híbridos. Ainda segundo o 
autor, na área de tecnologia da informação e comunicação, estarão em destaque 
os especialistas em análise de Internet das Coisas e Big Data, bem como enge-
nheiros de softwares de gestão e cibersegurança para as empresas. No setor de 
máquinas, a demanda será sobre profissionais preparados para manutenção e 
automação industrial e relacionados a projetos para as tecnologias 3D. 
Em referência ao futuro das atividades profissionais, cabe destacar o estudo 
apresentado pela consultoria americana McKinsey e Company, que, em 2017, 
analisou 800 profissões em 46 países do mundo e apontou que até um terço 
dos trabalhos atuais existentes sofrerá automatização num prazo de até 12 anos 
(MANYIKA et al., 2017). Além disso, o relatório destaca que os empregos que 
mais estarão suscetíveis à automação são aqueles que envolvem atividades físicas 
em ambientes previsíveis ou funções de trabalho repetitivo (a exemplo de opera-
dores de máquinas e funcionários do setor de alimentação). Os resultados também 
apontam como vulneráveis ao processo de automação as atividades relacionadas 
à coleta e ao processamento de dados (como corretores imobiliários, assistentes 
jurídicos, contadores e profissionais ligados a setores administrativos). Por outro 
lado, aqueles empregos que envolvem gestão de pessoas, expertise e interações 
sociais (como médicos, advogados, professores, etc.) têm chances menores de 
substituição por robôs, considerando-se que as máquinas ainda não conseguem 
reproduzir a performance humana nesse âmbito. Enquanto isso, trabalhos mais 
especializados, mas com salários mais baixos e ambiente imprevisível (como o de 
jardineiros, encanadores, cuidadores, etc.), também se apresentariam como menos 
vulneráveis, pois são atividades tecnicamente difíceis de automatizar e em que os 
custos fazem com que essa ação seja menos atraente (MANYIKA et al., 2017).
Cabe observar ainda que, segundo o relatório, mesmo que algumas ta-
refas sejam automatizadas, o número de empregos nessas ocupações pode 
permanecer igual, pois os indivíduos podem começar a realizar novas tarefas 
(MANYIKA et al., 2017). Em suma, o referido estudo indica que existem 
possibilidades de manter todos os empregos na maior parte dos cenários 
avaliados; entretanto, as transições se apresentarão de forma extremamente 
desafiadora (MANYIKA et al., 2017). 
Complementando, a McKinsey e Company apresenta, também, algumas 
fontes possíveis de nova demanda por profissionais capazes de promover a 
criação de empregos até 2030, mesmo sob os efeitos da automação, como:
5O perfil do profissional 4.0
  renda e consumo crescentes, especialmente nas economias emergentes: 
empregos para todas as categorias; 
  envelhecimento da população (e suas consequentes demandas): empregos 
para médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, assistentes de saúde em 
domicilio, cuidadores e auxiliaries de enfermagem); 
  desenvolvimento e implementação de novas tecnologias: empregos em 
serviços de tecnologia da informação; 
  infraestrutura e imóveis (se houver investimentos para corrigir falhas 
e acabar com o déficit habitacional): empregos para arquitetos, enge-
nheiros, eletricistas, carpinteiros e outros profissionais especializados 
e também para os trabalhadores da construção civil);
  investimentos em energia renovável (aeólica e solar, por exemplo): 
empregos para diversas ocupações, como manufatura, construção e 
instalação;
  remuneração de serviços atualmente não remunerados: empregos com 
trabalhos domésticos, assistência a crianças, educação infantil, limpeza 
geral, culinária e jardinagem (MANYIKA et al., 2017).
Por fim, a McKinsey e Company analisou as variações líquidas no au-
mento do emprego em todos os países e apontou como categorias de maior 
crescimento (mesmo levando em conta a automação) as seguintes ocupações: 
prestadores de serviços de saúde; profissionais como engenheiros, cientistas, 
contadores e analistas, profissionais de TI e outros especialistas em tecnolo-
gia; gerentes executivos, educadores, profissionais criativos, construtores e 
profissões afins; trabalhadores manuais e prestadores de serviços em geral 
(MANYIKA et al., 2017).
Buscando contribuir com o debate acerca das oportunidades e mudanças 
geradas pela tecnologia no ambiente de produção, Tessarini e Saltorato (2018, 
documento on-line) apontam que o que parece ser consenso entre os diversos 
estudiosos a esse respeito é que a criação de novas vagas será “[...] em níveis 
gerenciais ou em áreas que exigem maior qualificação, como ciências mate-
máticas e da computação, engenharia e arquitetura; enquanto o declínio de 
empregos ocorrerá principalmente em tarefas simples e rotineiras e portanto 
mais suscetíveis à automação”. Além disso, os autores apresentam um quadro 
que ilustra os impactos da indústria 4.0 na organização do trabalho, abordando 
as transformações que ocasionarão redução de empregos em determinadas 
áreas de atuação (Quadro 1).
O perfil do profissional 4.06
Fonte: Adaptado de Tessarini e Saltorato (2018).
Transformação
Redução de 
empregos
Criação de empregos
Utilização de Big 
Data no controle 
de qualidade
Especialistas em 
controle de qualidade
Analistas de dados 
industriais
Utilização de robôs, 
veículos autônomos 
e impressoras 3D nas 
linhas de produção
  Operadores 
de produção, 
montagem e 
embalagem;
  Pessoal de logística
  Coordenadores de 
robôs; 
  Engenheiros e espe-
cialistas em pesquisa e 
desenvolvimento
Redes de suprimentos 
e linhas de produção 
autônomas e 
inteligentes
Especialistas em 
planejamento 
de produção
Especialistas em 
modelagem e 
interpretação de dados
Manutenção preditiva 
automatizada
Técnicos de 
manutenção 
tradicionais
Analistas de dados, 
sistemas e TI
 Quadro 1. Impactos da Indústria 4.0 na organização do trabalho 
Esse quadro demonstra que, na Indústria 4.0, ao mesmo tempo que muitas 
funções tendem a ser extintas, outras novas devem surgir para atender às 
novas demandas. 
Desenvolvimento de competências requeridas 
pela Indústria 4.0
Por se tratar de uma revolução ainda em curso, não existe um consenso dos 
autores acerca das competências e habilidades exigidas e esperadas na Indústria 
4.0. Sabe-se de antemão que, a exemplo das revoluções industriais anteriores, 
também estão postas exigências no que diz respeito à adaptação às novas tecno-
logias e às mudanças organizacionais provocadas por elas, de forma a manter a 
empregabilidade. Entretanto, verifi ca-se que estão sendo feitos inúmeros estudos, 
contemplando diferentes abordagens e metodologias, para detectar e qualifi car as 
competências e habilidades comuns e que são indispensáveis aos profi ssionais nessa 
nova era, independentemente da função que exerçam e das suas particularidades.
7O perfil do profissional 4.0
Com o objetivo de levantar e apresentaresses estudos sob diferentes perspec-
tivas, Tessarini e Saltorato (2018, documento on-line) identificaram as principais 
competências comuns nas pesquisas do tema, classificando-as em três categorias: 
  competências funcionais: aquelas que se fazem necessárias para o 
desempenho técnico e profissional das tarefas; 
  competências comportamentais: aquelas mais intrínsecas e que dizem 
respeito às atitudes do indivíduo; 
  competências sociais: aquelas que se relacionam com a capacidade de 
interação e trabalho com outras pessoas. 
A partir dessas informações, os autores formularam as competências 
requeridas na Indústria 4.0, apresentadas no Quadro 2, a seguir.
Fonte: Adaptado de Tessarini e Saltorato (2018).
Competências 
funcionais
  Resolução de problemas complexos
  Conhecimento avançado de TI, incluindo codificação 
e programação
  Capacidade de processar, analisar e proteger dados e 
informações
  Operação de controle de equipamentos e sistemas
  Conhecimento estatístico e matemático
  Alta compreensão nos processos de manufatura
Competências 
comportamentais
  Flexibilidade
  Criatividade
  Capacidade de julgar e tomar decisões
  Autogerenciamento do tempo
  Inteligência emocional
  Mentalidade orientada para aprendizagem
Competências 
sociais
  Habilidade de trabalhar em equipe
  Habilidades de comunicação
  Liderança
  Capacidade de transferir conhecimento
  Capacidade de persuasão
  Capacidade de comunicar-se em diferentes idiomas 
 Quadro 2. Competências requeridas pela Indústria 4.0 
O perfil do profissional 4.08
Pelas competências apontadas no Quadro 2, é possível perceber que as 
exigências da Indústria 4.0 não são, necessariamente, de novas habilidades. O 
que ocorre é a maior exigência dessas competências e a compreensão de que os 
profissionais que não as adquirirem estarão sujeitos a desemprego (EDWARDS; 
RAMIREZ, 2016). Pode-se apreender, ainda, que as competências requeridas 
pela Indústria 4.0 delineiam um professional muito mais generalista do que 
especialista em função dos conhecimentos interdisciplinares exigidos consi-
derando a organização, os processos e as tecnológicas envolvidas. 
A partir disso, cabe verificar como será possível desenvolver as compe-
tências requeridas pela Indústria 4.0 e elencar estratégias para promover o 
potencial humano nas organizações para fazer frente a essa necessidade. Para 
Tessarini e Saltorato (2018), é possível apontar como principais estratégias 
emergentes, nesse sentido, a aprendizagem e a inovação no ambiente de trabalho 
e a reformulação nos sistemas educacionais, de forma a unificar interesses 
públicos, privados e científicos. 
Segundo a revista EXAME, “O processo industrial está se transformando 
de forma irreversível — e quem quiser ter sucesso nesse novo cenário terá que 
desenvolver novas habilidades” (ESTÚDIO ABC, 2015, documento on-line). 
Nesse sentido, quatro características se destacam entre as que os profissionais 
precisarão desenvolver para fazer frente à Indústria 4.0 (Quadro 3).
Fonte: Adaptado de Estúdio ABC (2015).
Formação 
multidisciplinar
As indústrias continuarão precisando de gente com 
formação específica, mas terão de lidar cada vez mais 
com áreas sobre as quais não estudaram na faculdade.
Capacidade de 
adaptação
Os profissionais precisarão aprender a lidar 
com máquinas e robôs inteligentes.
Senso de 
urgência
Se exigirá dos profissionais discernimento 
para entender os limites entre o que é urgente 
e o que pode ser resolvido depois.
Bom 
relacionamento
O avanço da automação exigirá competências 
diferentes de cada um. Em um ambiente cada vez 
mais digitalizado, a colaboração ganhará força.
 Quadro 3. Características dos profissionais da indústria 4.0 
9O perfil do profissional 4.0
Para Gonçalves (2018), as organizações passarão a atuar cada vez mais com 
equipes multidisciplinares, que compreendam a indústria como um todo, e não 
somente de acordo com suas especialidades. Nesse sentido, o autor destaca a 
necessidade e a importância de que os profissionais e organizações busquem 
capacitação relacionada ao funcionamento de novas ferramentas de gestão e 
produção que a Indústria 4.0 proporciona, seja por meio de cursos, treinamento 
e desenvolvimento e especializações — somente assim estarão capacitados na 
transição para o novo modelo de indústria e suas particularidades.
EDWARDS, P.; RAMIREZ, P. When should workers embrace or resist new technology? 
New Technology, Work and Employment, [s. l.], v. 31, n. 2, p. 99–113, 2016. Disponível em: 
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/ntwe.12067. Acesso em: 3 abr. 2019.
ESTÚDIO ABC. Como será o profissional da indústria 4.0? Exame, Rio de Janeiro, RJ, 3 jun. 
2016. Disponível em: https://exame.abril.com.br/tecnologia/como-sera-o-profissional-
-da-industria-4-0/. Acesso em: 3 abr. 2019.
ESTÚDIO ABC. Indústria 4.0 exigirá um novo profissional. Exame, Rio de Janeiro, RJ, 20 
jul. 2015. Disponível em: https://exame.abril.com.br/tecnologia/industria-4-0-exigira-
-um-novo-profissional/. Acesso em: 3 abr. 2019.
GELBERT, P. et al. Industry 4.0: the future of productivity and growth in manufacturing 
industries. Boston Consulting Group, [s. l.], 9 abr. 2015. Disponível em: https://www.bcg.
com/pt-br/publications/2015/engineered_products_project_business_industry_4_fu-
ture_productivity_growth_manufacturing_industries.aspx. Acesso em: 3 abr. 2019.
GONÇALVES, E. Indústria 4.0: qual o impacto no mercado de trabalho? A Voz da Indústria, 
[s. l.], 25 set. 2018. Disponível em: https://avozdaindustria.com.br/industria-4-0-impacto-
-no-mercado-de-trabalho/. Acesso em: 3 abr. 2019.
HECKLAU, F. et al. Holistic approach for human resource management in industry 4.0. 
Procedia CIRP, [s. l.], v. 54, p. 1-6, 2016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/
science/article/pii/S2212827116308629?via%3Dihub. Acesso em: 3 abr. 2019.
MANYIKA, J. et al. O futuro do Mercado de trabalho: impacto em empregos, habilidades 
e salários. McKinsey & Company, [s. l.], nov. 2017. Disponível em: https://www.mckinsey.
com/featured-insights/future-of-work/jobs-lost-jobs-gained-what-the-future-of-work-
-will-mean-for-jobs-skills-and-wages/pt-br. Acesso em: 3 abr. 2019.
SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016.
O perfil do profissional 4.010
SCHWAB, K.; SAMANS, R. The future of jobs: employment, skills and workforce strategy 
for the fourth industrial revolution. Global challenge insight report. Geneva: World 
Economic Forum, 2016. Disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_Fu-
ture_of_Jobs.pdf. Acesso em: 3 abr. 2019.
TESSARINI, G.; SALTORATO, P. Impactos da indústria 4.0 na organização do trabalho: 
uma revisão sistemática da literatura. Revista Produção Online, Florianópolis, SC, v. 18, 
n. 2, p. 743-769, 2018. Disponível em: https://www.producaoonline.org.br/rpo/article/
view/2967. Acesso em: 3 abr. 2019.
Leitura recomendada
SCHWAB, K. Aplicando a quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2018.
11O perfil do profissional 4.0
INDÚSTRIA 4.0 
Marcelo Quadros
Arranjos produtivos 
na Indústria 4.0
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Caracterizar os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0.
  Conceituar as principais tendências nas linhas de produção. 
  Analisar os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos 
produtivos.
Introdução
A Indústria 4.0 se caracteriza por integração e controle da produção, que 
se dá por meio da utilização de sensores inteligentes e equipamentos 
conectados em rede, estabelecendo a fusão do mundo real com o 
virtual. Esses sistemas anexos às novas tecnologias computacionais 
são denominados sistemas ciber-físicos e viabilizam o emprego da 
inteligência artificial, agregando inteligência e conectividade. Permitem, 
dessa forma, a criação das fábricas do futuro, o que se conhece como 
Indústria 4.0. 
Essas plantas industriais, células automatizadas e máquinasinteligentes 
conectadas à tecnologia da Indústria 4.0 são capazes de tomar decisões 
autonomamente, com alta flexibilidade de produção, permitindo a cus-
tomização em massa, dentro de critérios aceitáveis de custo, tempo e 
qualidade, conforme as necessidades dos clientes.
Neste capítulo, a partir do estudo dessa nova Revolução Industrial, 
você vai aprender a caracterizar os arranjos produtivos voltados à In-
dústria 4.0, conhecendo os seus seis principais arranjos produtivos, 
além de conceituar as principais tendências nas linhas de produção, 
com destaque para os conceitos de compliance, os sistemas ciber-
-físicos (CPS, do inglês Cyber-Physical Systems); os sistemas de execução 
da manufatura (MES, do inglês Manufacturing Execution System) e os 
modelos de referência para arquitetura da indústria 4.0 (RAMI, do inglês 
Reference Architecture Model Industry 4.0). Por fim, conhecendo os três 
pilares da indústria 4.0, você vai analisar os impactos da implementação 
da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos.
Os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0
O termo Indústria 4.0 teve sua origem em uma das edições da feira de Han-
nover, na Alemanha, e foi incentivado pelo governo alemão, juntamente a 
empresas de tecnologia, universidades e centros de pesquisa. Sendo considerado 
a Quarta Revolução Industrial, esse novo modelo mudou a forma pela qual as 
indústrias operam atualmente, reunindo inovações tecnológicas na automação, 
no controle de dados e na tecnologia de informação. A Figura 1 apresenta as 
fases de cada uma das quatro Revoluções Industriais.
Figura 1. As Revoluções Industriais.
Fonte: Adaptada de Elenabsl/Shutterstock.com.
Arranjos produtivos na Indústria 4.02
Essa automação da indústria conectada à utilização de máquinas para a 
produção de produtos cada vez mais personalizados e baseados em dados tem 
como característica seis arranjos produtivos voltados a Indústria 4.0. Veja, a 
seguir, cada um desses arranjos.
  Interoperabilidade: é a capacidade de comunicação dos sistemas 
ciber-físicos, de forma que humanos e fábricas inteligentes tendem a se 
comunicar por meio dessa nova tecnologia. O termo interoperabilidade 
remete a sistemas ciber-físicos que tenham a capacidade de operar 
de forma distribuída, conversando entre si de maneira padronizada e 
possibilitando que novos sistemas, máquinas, pessoas, entre outros, 
tenham a capacidade de integrar essa grande e complexa rede. Na 
Figura 2, você pode ver a interoperabilidade da Internet das Coisas.
Figura 2. Interoperabilidade da Internet das Coisas (IoT).
Fonte: Adaptada de Buffaloboy/Shutterstock.com.
  Virtualização: conhecida como Cyber-Factory, é o projeto virtual 
da fábrica inteligente, que, por sua vez, propõe uma cópia virtual das 
fábricas inteligentes, permitindo a rastreabilidade de todos os processos 
desenvolvidos a partir das informações obtidas em tempo real, por meio 
de sistemas de monitoramento dos processos e operações, gerados pelos 
inúmeros sensores dispostos ao longo de toda planta industrial. Com 
o aumento do uso da tecnologia computacional dentro da indústria, 
conceitos como o da Internet das Coisas (IoT) e o uso da tecnologia 
3Arranjos produtivos na Indústria 4.0
da informação estão sobrepondo-se à tecnologia operacional, criando 
um suporte para ambientes e infraestruturas cada vez mais complexos. 
Realizando a integração de sistemas, concentrando essa integração em 
uma única plataforma e aplicando a virtualização desses sistemas, esta-
remos criando nossa Cyber-Factory. Veja, na Figura 3, uma ilustração 
do processo de virtualização.
Figura 3. Virtualização na indústria.
Fonte: elenabsl/Shutterstock.com.
  Descentralização: processo obtido por meio dos sistemas autônomos e 
desenvolvido em ambientes ciber-físicos (Figura 4). Auxilia na tomada 
de decisões dentro das fábricas inteligentes e opera de acordo com as 
necessidades da produção em tempo real, permitindo que se analisem 
dados e se tomem decisões de forma independente. Além disso, as 
máquinas são autônomas, já que não apenas recebem comandos, mas 
fornecem informações sobre seu ciclo de trabalho e, em alguns casos, 
desenvolvem sua própria regulagem. Esta autonomia dos sistemas 
Arranjos produtivos na Indústria 4.04
ciber-físicos envolve monitoramento, previsão de falhas, planos de 
manutenção e ações corretivas, impactando diretamente na melhoria 
da qualidade dos produtos e dos serviços.
Figura 4. Descentralização da indústria.
Fonte: Adaptada de elenabsl/Shutterstock.com.
  Capacidade de operação em tempo real: é a capacidade na aquisição 
e tratamento de dados instantaneamente nos sistemas físicos da cadeia 
de suprimentos (Figura 5). Essa capacidade ocorre porque as estações 
de trabalho nas indústrias se conectam e se comunicam por meio da 
Internet das Coisas, construindo um ambiente ciber-físico e permitindo 
a tomada de decisões em tempo real.
5Arranjos produtivos na Indústria 4.0
Figura 5. Operação de toda indústria em tempo real.
Fonte: Adaptada de Ico Maker/Shutterstock.com.
  Orientação dos serviços: também conhecida como Internet of Services, 
tem sua utilização nas arquiteturas de software orientadas aos serviços, 
ou seja, tem como finalidade integrar a oferta de serviços ao cliente, 
via internet, ao ambiente ciber-físico, agilizando o atendimento de 
suas necessidades.
  Modularidade: tem como finalidade a fácil adaptação às demandas 
do mercado, de forma flexível, por meio de módulos individuais, para 
que sua produção seja desenvolvida conforme a demanda. Geralmente, 
é realizada por meio do acoplamento e desacoplamento de módulos na 
produção, oferecendo flexibilidade para alterar as tarefas das máquinas 
com facilidade.
Arranjos produtivos na Indústria 4.06
Para conferir trabalhos de pesquisa sobre a indústria 4.0, acesse o site a seguir.
https://qrgo.page.link/8wJe
As principais tendências nas linhas de produção
Dentre as tendências de produção das fábricas inteligentes da indústria 4.0, 
estão os conceitos de compliance estratégico, as estruturas modulares, os sis-
temas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems), os sistemas de execução 
da manufatura (MES — Manufacturing Execution System), os modelos de 
referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture 
Model Industry 4.0) e as decisões descentralizadas. A seguir, acompanhe a 
defi nição de cada uma dessas tendências.
Compliance
Compliance tem como objetivo assegurar a sobrevivência da empresa e gerar 
valor ao negócio, representando a conduta da empresa e sua adequação às nor-
mas dos órgãos de regulamentação. Compliance deriva dos grandes impactos 
fi nanceiros, que são ocasionados por fatores como:
  ausência de orientações normativas;
  desalinhamentos às legislações aplicáveis;
  falta de ferramentas preventivas adequadas;
  falhas na gestão de processos;
  operações sem um estruturado sistema de informação.
Conforme Fraporti e Barreto (2018), durante muito tempo, as orga-
nizações trabalharam seus riscos e seus processos para conformidade 
como aspectos independentes, separados. Atualmente, o foco de atuação 
organizacional está direcionado para a integração das áreas, unindo téc-
nicas de governança corporativa com a gestão dos riscos corporativos e 
conformidade (compliance).
7Arranjos produtivos na Indústria 4.0
A globalização e a economia influenciam diretamente na forma como 
as organizações executam suas atividades. Assim, a partir de atividades de 
compliance, é possível reduzir custos e despesas, aumentando o rendimento 
operacional das empresas e evitando perdas. Estejam estáveis ou não, as 
empresas, operando com grandes ou pequenos riscos, passaram a realizar 
previsões e projeções de situações diante da instabilidade que seus fornecedores 
e seus clientes enfrentam atualmente. 
As organizações, portanto, precisaram fazer o gerenciamento de riscos, e 
passaram a fazer isso de forma consciente e estruturada, ao implantar modelos 
organizacionais que façam aidentificação, a priorização e a elaboração de 
medidas para os riscos concretizados, ou inconsciente e desestruturada, 
quando executam o tratamento dos riscos à medida que eles ocorrem. Além 
disso, com as conformidades das leis, a transparência dos processos se torna 
uma realidade mais consolidada, o que traz maior confiança ao mercado 
de atuação.
Sistemas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems)
Os sistemas ciber-físicos (CPS) compreendem componentes digitais, analógi-
cos, físicos e humanos interativos projetados para funcionar por meio de física 
e lógica integradas. Por meio desses sistemas, a Indústria 4.0 compreende a 
base da infraestrutura, de forma a desenvolver os avanços tecnológicos em 
diversas áreas, como a industrial, aeroespacial, médica, rural, entre outras. 
As tecnologias diretamente relacionadas a esse sistema incluem:
  Smart Building (construção inteligente ou automação predial);
  Smart Grids (rede elétrica inteligente);
  Smart Logistic (logística inteligente);
  Smart Product (produção inteligente);
  Smart Mobility (mobilidade inteligente).
Um CPS típico deve ser capaz de se adaptar e evoluir constantemente em 
resposta a mudanças no ambiente por meio de reconfiguração em tempo real, 
isto é, deve-se monitorar continuamente e melhorar sua própria performance, 
além de se recuperar de falhas.
Arranjos produtivos na Indústria 4.08
O sentido da classificação “inteligente” para um dispositivo ou sistema implica dizer que 
esse dispositivo possui algumas habilidades que são alcançadas por meio de proces-
samento de informação, comunicação e computação. A inteligência pode ser descrita 
como a capacidade cognitiva para uma atuação eficiente no alcance de objetivos, tendo 
em vista as diversas condições às quais um dispositivo ou sistema pode estar submetido.
Sistemas de execução da manufatura (MES — 
Manufacturing Execution System)
Segundo Jacobs e Chase (2012, p. 582), “[...] a programação das operações 
está no coração do que é geralmente chamado de Sistemas de Execução da 
Manufatura (MES — Manufacturing Execution Systems)”. 
Para fazer o gerenciamento da planta de forma mais ágil e estratégica, é preciso 
avaliar as informações do processo em tempo real e também as informações 
passadas. Um sistema de execução da manufatura integra os níveis de automação 
de chão de fábrica com os sistemas de negócios, fazendo a leitura das informações 
e guardando-as em uma base de dados, que podem ser acessadas por meio de 
funções e utilizadas em indicadores, planilhas de organização, agendas, etc.
“Um MES é um sistema de informações que programa, entrega, rastreia, 
monitora e controla a produção no chão de fábrica. [...] Um grande número de 
projetistas especializados em softwares desenvolvem e implementam o sistema 
MES como parte de uma caixa de ferramentas de software” (JACOBS; CHASE, 
2012, p. 582), determinada pela extensão do envolvimento físico do cliente com a 
organização de serviços. “As características comuns de qualquer grande sistema 
são um banco de dados central que contenha todas as informações relevantes 
sobre a disponibilidade de recursos e clientes e uma função de controle de gestão 
que integre e supervisione todo o processo” (JACOBS; CHASE, 2012, p. 582).
Referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — 
Reference Architecture Model Industry 4.0)
Os modelos de referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference 
Architecture Model Industry 4.0) consistem em um modelo tridimensional 
(Figura 6) que mostra como abordar a questão da Indústria 4.0 de uma forma 
estruturada nas aplicações de soluções de conectividade para todos os projetos. 
Esse modelo tem como função gerar um ecossistema cibernético de toda cadeia 
9Arranjos produtivos na Indústria 4.0
produtiva, garantindo a colaboração de todos os participantes envolvidos nas 
discussões da Indústria 4.0.
Essa arquitetura orientada a serviços combina todos os elementos e com-
ponentes de TI em uma camada e ciclo de vida modelo e divide processos 
complexos em pacotes fáceis de entender, incluindo privacidade de dados e 
segurança de TI.
Figura 6. Modelo de referência tridimensional, estruturado e participante de toda a cadeia 
produtiva.
Fonte: Modelo... ([2019?], documento on-line).
Os impactos da implementação da Indústria 4.0 
nos arranjos produtivos
Para analisarmos os impactos da implementação da indústria 4.0, é preciso, 
inicialmente, conhecer os três pilares que tornam possível esses arranjos 
tecnológicos e que impactam diretamente no campo do desenvolvimento, da 
tecnologia da informação e do mercado de trabalho, quais sejam: a Internet 
das Coisas (Internet of Things), Big Data e a segurança nas informações.
A Internet das Coisas (Internet of Things) é um termo bastante utilizado 
na concepção da nova Indústria 4.0 e que, resumidamente, refere-se à conexão 
em rede de inúmeros objetos físicos, como células de manufatura, máquinas, 
equipamentos, dispositivos, mecanismos e componentes industriais por meio 
de sistemas eletrônicos, permitindo a total coleta e, consequentemente, a 
troca de dados. 
Arranjos produtivos na Indústria 4.010
Big Data é um termo amplo, utilizado para designar conjuntos de dados 
tão grandes e complexos que se tornaram difíceis de manipular com softwares 
estatísticos tradicionais. É geralmente associado a um grande volume de da-
dos, mas não somente, já que também se refere à heterogeneidade dos dados 
(estruturados e não estruturados). Atualmente, essa grande e heterogênea 
quantidade de dados é gerada diariamente por praticamente todos os dispo-
sitivos digitais utilizados na vida cotidiana e no dia a dia empresarial, desde 
celulares a aparelhos de medição de máquinas industriais.
Essa nova tecnologia da Indústria 4.0 consiste em toda a estrutura de 
dados de alta complexidade que são capturados, analisados e gerenciados 
pela tecnologia da informação. A Indústria 4.0 atende, com a tecnologia de 
Big Data, aos seguintes requisitos:
  conexão em alta velocidade em redes industriais; 
  computação em nuvem (cloud);
  sistemas ciber-físicos. 
A segurança é um dos principais desafios que irão impactar diretamente 
na concepção da nova indústria 4.0. Sendo considerada a chave dos sistemas 
de informação, os possíveis defeitos na transmissão ou na comunicação 
entre plantas, células ou, ainda, entre máquina e componentes podem gerar 
eventuais defeitos e atrasos do sistema e a iminente parada de uma linha 
de produção de toda fábrica ou, até mesmo, de todas as plantas de um 
aglomerado de indústrias.
Ter diferentes configurações e aplicações sendo executadas em servidores individuais 
pode resultar em um uso ineficiente do processo e gerar falhas nos diagnósticos e 
nos reparos. Além disso, é necessário ter um profissional capaz de conseguir trabalhar 
nessas diferentes plataformas.
Agora que você conhece os três pilares da Indústria 4.0, pode analisar os 
principais impactos gerados por essas tecnologias. Destacaremos, aqui, os 
que são considerados como os três mais impactantes e que tendem a alterar 
toda a natureza do processo de produção, desde a origem da mercadoria até 
a entrega final para o consumidor. São eles:
11Arranjos produtivos na Indústria 4.0
  impacto no modelo de negócios;
  impacto na área de segurança da tecnologia da informação;
  impacto em relação à mão de obra qualificada, para interação 
homem-máquina.
Impacto no modelo de negócios
A transformação global de sistemas produtivos será desafi adora. O impacto 
no modelo de negócios é considerado por especialistas como um dos maiores 
impactos a serem causados pela nova Indústria 4.0 e que afetará o mercado como 
um todo. Essa mudança consiste na criação de novos modelos de negócios em um 
mercado cada vez mais exigente, no qual muitas organizações já se adaptaram 
para adequar o produto às necessidades e preferências específi cas do cliente.
 Esse novo formato de negócios da Indústria 4.0 deve beneficiar o mercado 
empresarial e a populaçãocom igualdade social e estabilidade econômica; 
para tanto, as fábricas inteligentes passarão a levar em consideração a per-
sonalização de cada cliente, adaptando-se às preferências dos consumidores.
Diversas mudanças irão transformar as formas como os produtos serão 
manufaturados, a partir das fábricas inteligentes, impactando diversos setores 
do mercado. A Indústria 4.0 marca a descentralização do controle dos processos 
produtivos e a multiplicação de dispositivos inteligentes interconectados ao 
longo de toda a cadeia de produção e logística.
Impacto na área de segurança da tecnologia 
da informação
Outro grande impacto da Indústria 4.0 que vem preocupando muitos desen-
volvedores, analistas e engenheiros da área da tecnologia da informação, 
em especial os profi ssionais do campo de segurança no desenvolvimento da 
tecnologia da informação, é o impacto na área de segurança da tecnologia da 
informação. Como todo sistema produtivo será digital, problemas como fa-
lhas de transmissão na comunicação máquina-máquina ou até mesmo eventuais 
oscilações do sistema podem causar transtornos na produção ou até a parada 
total do sistema. 
Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para adaptar as empresas a 
esse novo padrão de Indústria 4.0. Dentro dessa estrutura, na qual todos os 
sistemas utilizam a conectividade, tornam-se necessários sistemas de segurança 
que protejam os dados das empresas, contidos nos arquivos de controle dos 
processos e dos produtos. Para tanto, a segurança e a robustez dos sistemas 
Arranjos produtivos na Indústria 4.012
de informação vêm sendo consideradas como alguns dos principais desafios 
para o sucesso dessa nova indústria mundial.
A segurança da informação é garantida por meio de diversas camadas, 
como, por exemplo: 
  primeira camada: utilização de senha pessoal;
  segunda camada: utilização de uma verificação biométrica com base 
na retina, identificação facial ou da digital da pessoa; 
  terceira camada: sistema para monitorar as atividades das duas cama-
das anteriores e para garantir o acesso de determinadas informações 
somente às pessoas autorizadas;
  quarta camada: para garantir uma transmissão de dados segura, é 
utilizada a criptografia.
Além de roubo de informações, muitos ataques são realizados para congestionar 
servidores, tornando-os inacessíveis àqueles que dependem de seus serviços. Um 
dos maiores perigos está ligado a ataques em sistemas de controle de processos, os 
quais podem gerar danos financeiros e também físicos, como incêndios e explosões 
em plantas industriais por falhas nos sistemas de segurança hackeados.
Impacto em relação à mão de obra na interação 
homem-máquina
Os empresários, assim como as escolas técnicas e as universidades, estão pre-
vendo que haverá, dentro de um curto prazo de tempo, um grande impacto em 
relação à mão de obra qualifi cada para a nova Indústria 4.0. Com a necessidade 
do aperfeiçoamento de competências e habilidades no desenvolvimento de 
trabalhos dessa indústria inovadora, os profi ssionais tecnicamente capacitados 
deverão ter formação multidisciplinar para compreender e trabalhar com a 
variedade de tecnologia que compõe uma fábrica inteligente. 
Dessa forma, a consequência lógica da geração de empregos exigirá, 
além de novos profissionais, profissionais que já trabalham na indústria, 
que precisarão se adaptar, pois, com empresas ainda mais automatizadas, 
novas demandas surgirão, enquanto algumas deixarão de existir. O ponto 
central desse grande impacto é a capacitação de pessoal, que precisará 
13Arranjos produtivos na Indústria 4.0
ser adaptada, de forma a desenvolver essas competências, promovendo o 
potencial humano nas organizações e, assim, atingindo os anseios dessa 
inovadora indústria do futuro. 
Profissionais de recursos humanos vêm desenvolvendo com urgência duas principais 
estratégias: uma relacionada à aprendizagem e à inovação no ambiente de trabalho; 
a outra, à necessidade de reformulação nos sistemas educacionais, unificando os 
interesses públicos, privados e científicos.
O profissional da Indústria 4.0 deve compreender essa nova realidade: não 
é possível ser especialista em todas as áreas que a Indústria 4.0 abrange, mas 
é importante que se entenda que essas tecnologias existem e que, obrigato-
riamente, será necessário interagir com elas. 
Poucas empresas contam com profissionais qualificados para passar por essa 
transição de forma tranquila; muitas vezes, é necessário contratar consultores 
espe cializados para apoio e manutenção dos diversos serviços que integram 
e fazem parte dessa revolução.
FRAPORTI, S.; BARRETO, J. S. Gerenciamento de riscos. Porto Alegre: Sagah, 2018.
JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. Porto 
Alegre: McGraw-Hill; Bookman, 2012.
MODELO de arquitetura de referência tridimensional RAMI 4.0. Phoenix Contact, São 
Paulo, SP, [2019?]. Disponível em: https://www.phoenixcontact.com/online/portal/
br?1dmy&urile=wcm:path:/brpt/web/offcontext/insite_landing_pages/1323f37f-e566-
4009-8645-661c715cea23/6ddf5dfb-dbcb-47c8-8f1a-dc915d263cd3/605016fb-ed97-
4b22-a6fb-de1f93556226/605016fb-ed97-4b22-a6fb-de1f93556226. Acesso em: 3 abr. 
2019.
Arranjos produtivos na Indústria 4.014
INDÚSTRIA 4.0 
Marcelo Quadros
Arranjos produtivos 
na Indústria 4.0
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Caracterizar os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0.
  Conceituar as principais tendências nas linhas de produção. 
  Analisar os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos 
produtivos.
Introdução
A Indústria 4.0 se caracteriza por integração e controle da produção, que 
se dá por meio da utilização de sensores inteligentes e equipamentos 
conectados em rede, estabelecendo a fusão do mundo real com o 
virtual. Esses sistemas anexos às novas tecnologias computacionais 
são denominados sistemas ciber-físicos e viabilizam o emprego da 
inteligência artificial, agregando inteligência e conectividade. Permitem, 
dessa forma, a criação das fábricas do futuro, o que se conhece como 
Indústria 4.0. 
Essas plantas industriais, células automatizadas e máquinas inteligentes 
conectadas à tecnologia da Indústria 4.0 são capazes de tomar decisões 
autonomamente, com alta flexibilidade de produção, permitindo a cus-
tomização em massa, dentro de critérios aceitáveis de custo, tempo e 
qualidade, conforme as necessidades dos clientes.
Neste capítulo, a partir do estudo dessa nova Revolução Industrial, 
você vai aprender a caracterizar os arranjos produtivos voltados à In-
dústria 4.0, conhecendo os seus seis principais arranjos produtivos, 
além de conceituar as principais tendências nas linhas de produção, 
com destaque para os conceitos de compliance, os sistemas ciber-
-físicos (CPS, do inglês Cyber-Physical Systems); os sistemas de execução 
da manufatura (MES, do inglês Manufacturing Execution System) e os 
modelos de referência para arquitetura da indústria 4.0 (RAMI, do inglês 
Reference Architecture Model Industry 4.0). Por fim, conhecendo os três 
pilares da indústria 4.0, você vai analisar os impactos da implementação 
da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos.
Os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0
O termo Indústria 4.0 teve sua origem em uma das edições da feira de Han-
nover, na Alemanha, e foi incentivado pelo governo alemão, juntamente a 
empresas de tecnologia, universidades e centros de pesquisa. Sendo considerado 
a Quarta Revolução Industrial, esse novo modelo mudou a forma pela qual as 
indústrias operam atualmente, reunindo inovações tecnológicas na automação, 
no controle de dados e na tecnologia de informação. A Figura 1 apresenta as 
fases de cada uma das quatro Revoluções Industriais.
Figura 1. As Revoluções Industriais.
Fonte: Adaptada de Elenabsl/Shutterstock.com.
Arranjos produtivos na Indústria 4.02
Essa automação da indústria conectada à utilização de máquinas para a 
produçãode produtos cada vez mais personalizados e baseados em dados tem 
como característica seis arranjos produtivos voltados a Indústria 4.0. Veja, a 
seguir, cada um desses arranjos.
  Interoperabilidade: é a capacidade de comunicação dos sistemas 
ciber-físicos, de forma que humanos e fábricas inteligentes tendem a se 
comunicar por meio dessa nova tecnologia. O termo interoperabilidade 
remete a sistemas ciber-físicos que tenham a capacidade de operar 
de forma distribuída, conversando entre si de maneira padronizada e 
possibilitando que novos sistemas, máquinas, pessoas, entre outros, 
tenham a capacidade de integrar essa grande e complexa rede. Na 
Figura 2, você pode ver a interoperabilidade da Internet das Coisas.
Figura 2. Interoperabilidade da Internet das Coisas (IoT).
Fonte: Adaptada de Buffaloboy/Shutterstock.com.
  Virtualização: conhecida como Cyber-Factory, é o projeto virtual 
da fábrica inteligente, que, por sua vez, propõe uma cópia virtual das 
fábricas inteligentes, permitindo a rastreabilidade de todos os processos 
desenvolvidos a partir das informações obtidas em tempo real, por meio 
de sistemas de monitoramento dos processos e operações, gerados pelos 
inúmeros sensores dispostos ao longo de toda planta industrial. Com 
o aumento do uso da tecnologia computacional dentro da indústria, 
conceitos como o da Internet das Coisas (IoT) e o uso da tecnologia 
3Arranjos produtivos na Indústria 4.0
da informação estão sobrepondo-se à tecnologia operacional, criando 
um suporte para ambientes e infraestruturas cada vez mais complexos. 
Realizando a integração de sistemas, concentrando essa integração em 
uma única plataforma e aplicando a virtualização desses sistemas, esta-
remos criando nossa Cyber-Factory. Veja, na Figura 3, uma ilustração 
do processo de virtualização.
Figura 3. Virtualização na indústria.
Fonte: elenabsl/Shutterstock.com.
  Descentralização: processo obtido por meio dos sistemas autônomos e 
desenvolvido em ambientes ciber-físicos (Figura 4). Auxilia na tomada 
de decisões dentro das fábricas inteligentes e opera de acordo com as 
necessidades da produção em tempo real, permitindo que se analisem 
dados e se tomem decisões de forma independente. Além disso, as 
máquinas são autônomas, já que não apenas recebem comandos, mas 
fornecem informações sobre seu ciclo de trabalho e, em alguns casos, 
desenvolvem sua própria regulagem. Esta autonomia dos sistemas 
Arranjos produtivos na Indústria 4.04
ciber-físicos envolve monitoramento, previsão de falhas, planos de 
manutenção e ações corretivas, impactando diretamente na melhoria 
da qualidade dos produtos e dos serviços.
Figura 4. Descentralização da indústria.
Fonte: Adaptada de elenabsl/Shutterstock.com.
  Capacidade de operação em tempo real: é a capacidade na aquisição 
e tratamento de dados instantaneamente nos sistemas físicos da cadeia 
de suprimentos (Figura 5). Essa capacidade ocorre porque as estações 
de trabalho nas indústrias se conectam e se comunicam por meio da 
Internet das Coisas, construindo um ambiente ciber-físico e permitindo 
a tomada de decisões em tempo real.
5Arranjos produtivos na Indústria 4.0
Figura 5. Operação de toda indústria em tempo real.
Fonte: Adaptada de Ico Maker/Shutterstock.com.
  Orientação dos serviços: também conhecida como Internet of Services, 
tem sua utilização nas arquiteturas de software orientadas aos serviços, 
ou seja, tem como finalidade integrar a oferta de serviços ao cliente, 
via internet, ao ambiente ciber-físico, agilizando o atendimento de 
suas necessidades.
  Modularidade: tem como finalidade a fácil adaptação às demandas 
do mercado, de forma flexível, por meio de módulos individuais, para 
que sua produção seja desenvolvida conforme a demanda. Geralmente, 
é realizada por meio do acoplamento e desacoplamento de módulos na 
produção, oferecendo flexibilidade para alterar as tarefas das máquinas 
com facilidade.
Arranjos produtivos na Indústria 4.06
Para conferir trabalhos de pesquisa sobre a indústria 4.0, acesse o site a seguir.
https://qrgo.page.link/8wJe
As principais tendências nas linhas de produção
Dentre as tendências de produção das fábricas inteligentes da indústria 4.0, 
estão os conceitos de compliance estratégico, as estruturas modulares, os sis-
temas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems), os sistemas de execução 
da manufatura (MES — Manufacturing Execution System), os modelos de 
referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture 
Model Industry 4.0) e as decisões descentralizadas. A seguir, acompanhe a 
defi nição de cada uma dessas tendências.
Compliance
Compliance tem como objetivo assegurar a sobrevivência da empresa e gerar 
valor ao negócio, representando a conduta da empresa e sua adequação às nor-
mas dos órgãos de regulamentação. Compliance deriva dos grandes impactos 
fi nanceiros, que são ocasionados por fatores como:
  ausência de orientações normativas;
  desalinhamentos às legislações aplicáveis;
  falta de ferramentas preventivas adequadas;
  falhas na gestão de processos;
  operações sem um estruturado sistema de informação.
Conforme Fraporti e Barreto (2018), durante muito tempo, as orga-
nizações trabalharam seus riscos e seus processos para conformidade 
como aspectos independentes, separados. Atualmente, o foco de atuação 
organizacional está direcionado para a integração das áreas, unindo téc-
nicas de governança corporativa com a gestão dos riscos corporativos e 
conformidade (compliance).
7Arranjos produtivos na Indústria 4.0
A globalização e a economia influenciam diretamente na forma como 
as organizações executam suas atividades. Assim, a partir de atividades de 
compliance, é possível reduzir custos e despesas, aumentando o rendimento 
operacional das empresas e evitando perdas. Estejam estáveis ou não, as 
empresas, operando com grandes ou pequenos riscos, passaram a realizar 
previsões e projeções de situações diante da instabilidade que seus fornecedores 
e seus clientes enfrentam atualmente. 
As organizações, portanto, precisaram fazer o gerenciamento de riscos, e 
passaram a fazer isso de forma consciente e estruturada, ao implantar modelos 
organizacionais que façam a identificação, a priorização e a elaboração de 
medidas para os riscos concretizados, ou inconsciente e desestruturada, 
quando executam o tratamento dos riscos à medida que eles ocorrem. Além 
disso, com as conformidades das leis, a transparência dos processos se torna 
uma realidade mais consolidada, o que traz maior confiança ao mercado 
de atuação.
Sistemas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems)
Os sistemas ciber-físicos (CPS) compreendem componentes digitais, analógi-
cos, físicos e humanos interativos projetados para funcionar por meio de física 
e lógica integradas. Por meio desses sistemas, a Indústria 4.0 compreende a 
base da infraestrutura, de forma a desenvolver os avanços tecnológicos em 
diversas áreas, como a industrial, aeroespacial, médica, rural, entre outras. 
As tecnologias diretamente relacionadas a esse sistema incluem:
  Smart Building (construção inteligente ou automação predial);
  Smart Grids (rede elétrica inteligente);
  Smart Logistic (logística inteligente);
  Smart Product (produção inteligente);
  Smart Mobility (mobilidade inteligente).
Um CPS típico deve ser capaz de se adaptar e evoluir constantemente em 
resposta a mudanças no ambiente por meio de reconfiguração em tempo real, 
isto é, deve-se monitorar continuamente e melhorar sua própria performance, 
além de se recuperar de falhas.
Arranjos produtivos na Indústria 4.08
O sentido da classificação “inteligente” para um dispositivo ou sistema implica dizer que 
esse dispositivo possui algumas habilidades que são alcançadas por meio de proces-
samento de informação, comunicação e computação. A inteligência pode ser descrita 
como a capacidade cognitiva para uma atuação eficiente no alcance de objetivos, tendo 
em vista as diversas condições às quais um dispositivoou sistema pode estar submetido.
Sistemas de execução da manufatura (MES — 
Manufacturing Execution System)
Segundo Jacobs e Chase (2012, p. 582), “[...] a programação das operações 
está no coração do que é geralmente chamado de Sistemas de Execução da 
Manufatura (MES — Manufacturing Execution Systems)”. 
Para fazer o gerenciamento da planta de forma mais ágil e estratégica, é preciso 
avaliar as informações do processo em tempo real e também as informações 
passadas. Um sistema de execução da manufatura integra os níveis de automação 
de chão de fábrica com os sistemas de negócios, fazendo a leitura das informações 
e guardando-as em uma base de dados, que podem ser acessadas por meio de 
funções e utilizadas em indicadores, planilhas de organização, agendas, etc.
“Um MES é um sistema de informações que programa, entrega, rastreia, 
monitora e controla a produção no chão de fábrica. [...] Um grande número de 
projetistas especializados em softwares desenvolvem e implementam o sistema 
MES como parte de uma caixa de ferramentas de software” (JACOBS; CHASE, 
2012, p. 582), determinada pela extensão do envolvimento físico do cliente com a 
organização de serviços. “As características comuns de qualquer grande sistema 
são um banco de dados central que contenha todas as informações relevantes 
sobre a disponibilidade de recursos e clientes e uma função de controle de gestão 
que integre e supervisione todo o processo” (JACOBS; CHASE, 2012, p. 582).
Referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — 
Reference Architecture Model Industry 4.0)
Os modelos de referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference 
Architecture Model Industry 4.0) consistem em um modelo tridimensional 
(Figura 6) que mostra como abordar a questão da Indústria 4.0 de uma forma 
estruturada nas aplicações de soluções de conectividade para todos os projetos. 
Esse modelo tem como função gerar um ecossistema cibernético de toda cadeia 
9Arranjos produtivos na Indústria 4.0
produtiva, garantindo a colaboração de todos os participantes envolvidos nas 
discussões da Indústria 4.0.
Essa arquitetura orientada a serviços combina todos os elementos e com-
ponentes de TI em uma camada e ciclo de vida modelo e divide processos 
complexos em pacotes fáceis de entender, incluindo privacidade de dados e 
segurança de TI.
Figura 6. Modelo de referência tridimensional, estruturado e participante de toda a cadeia 
produtiva.
Fonte: Modelo... ([2019?], documento on-line).
Os impactos da implementação da Indústria 4.0 
nos arranjos produtivos
Para analisarmos os impactos da implementação da indústria 4.0, é preciso, 
inicialmente, conhecer os três pilares que tornam possível esses arranjos 
tecnológicos e que impactam diretamente no campo do desenvolvimento, da 
tecnologia da informação e do mercado de trabalho, quais sejam: a Internet 
das Coisas (Internet of Things), Big Data e a segurança nas informações.
A Internet das Coisas (Internet of Things) é um termo bastante utilizado 
na concepção da nova Indústria 4.0 e que, resumidamente, refere-se à conexão 
em rede de inúmeros objetos físicos, como células de manufatura, máquinas, 
equipamentos, dispositivos, mecanismos e componentes industriais por meio 
de sistemas eletrônicos, permitindo a total coleta e, consequentemente, a 
troca de dados. 
Arranjos produtivos na Indústria 4.010
Big Data é um termo amplo, utilizado para designar conjuntos de dados 
tão grandes e complexos que se tornaram difíceis de manipular com softwares 
estatísticos tradicionais. É geralmente associado a um grande volume de da-
dos, mas não somente, já que também se refere à heterogeneidade dos dados 
(estruturados e não estruturados). Atualmente, essa grande e heterogênea 
quantidade de dados é gerada diariamente por praticamente todos os dispo-
sitivos digitais utilizados na vida cotidiana e no dia a dia empresarial, desde 
celulares a aparelhos de medição de máquinas industriais.
Essa nova tecnologia da Indústria 4.0 consiste em toda a estrutura de 
dados de alta complexidade que são capturados, analisados e gerenciados 
pela tecnologia da informação. A Indústria 4.0 atende, com a tecnologia de 
Big Data, aos seguintes requisitos:
  conexão em alta velocidade em redes industriais; 
  computação em nuvem (cloud);
  sistemas ciber-físicos. 
A segurança é um dos principais desafios que irão impactar diretamente 
na concepção da nova indústria 4.0. Sendo considerada a chave dos sistemas 
de informação, os possíveis defeitos na transmissão ou na comunicação 
entre plantas, células ou, ainda, entre máquina e componentes podem gerar 
eventuais defeitos e atrasos do sistema e a iminente parada de uma linha 
de produção de toda fábrica ou, até mesmo, de todas as plantas de um 
aglomerado de indústrias.
Ter diferentes configurações e aplicações sendo executadas em servidores individuais 
pode resultar em um uso ineficiente do processo e gerar falhas nos diagnósticos e 
nos reparos. Além disso, é necessário ter um profissional capaz de conseguir trabalhar 
nessas diferentes plataformas.
Agora que você conhece os três pilares da Indústria 4.0, pode analisar os 
principais impactos gerados por essas tecnologias. Destacaremos, aqui, os 
que são considerados como os três mais impactantes e que tendem a alterar 
toda a natureza do processo de produção, desde a origem da mercadoria até 
a entrega final para o consumidor. São eles:
11Arranjos produtivos na Indústria 4.0
  impacto no modelo de negócios;
  impacto na área de segurança da tecnologia da informação;
  impacto em relação à mão de obra qualificada, para interação 
homem-máquina.
Impacto no modelo de negócios
A transformação global de sistemas produtivos será desafi adora. O impacto 
no modelo de negócios é considerado por especialistas como um dos maiores 
impactos a serem causados pela nova Indústria 4.0 e que afetará o mercado como 
um todo. Essa mudança consiste na criação de novos modelos de negócios em um 
mercado cada vez mais exigente, no qual muitas organizações já se adaptaram 
para adequar o produto às necessidades e preferências específi cas do cliente.
 Esse novo formato de negócios da Indústria 4.0 deve beneficiar o mercado 
empresarial e a população com igualdade social e estabilidade econômica; 
para tanto, as fábricas inteligentes passarão a levar em consideração a per-
sonalização de cada cliente, adaptando-se às preferências dos consumidores.
Diversas mudanças irão transformar as formas como os produtos serão 
manufaturados, a partir das fábricas inteligentes, impactando diversos setores 
do mercado. A Indústria 4.0 marca a descentralização do controle dos processos 
produtivos e a multiplicação de dispositivos inteligentes interconectados ao 
longo de toda a cadeia de produção e logística.
Impacto na área de segurança da tecnologia 
da informação
Outro grande impacto da Indústria 4.0 que vem preocupando muitos desen-
volvedores, analistas e engenheiros da área da tecnologia da informação, 
em especial os profi ssionais do campo de segurança no desenvolvimento da 
tecnologia da informação, é o impacto na área de segurança da tecnologia da 
informação. Como todo sistema produtivo será digital, problemas como fa-
lhas de transmissão na comunicação máquina-máquina ou até mesmo eventuais 
oscilações do sistema podem causar transtornos na produção ou até a parada 
total do sistema. 
Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para adaptar as empresas a 
esse novo padrão de Indústria 4.0. Dentro dessa estrutura, na qual todos os 
sistemas utilizam a conectividade, tornam-se necessários sistemas de segurança 
que protejam os dados das empresas, contidos nos arquivos de controle dos 
processos e dos produtos. Para tanto, a segurança e a robustez dos sistemas 
Arranjos produtivos na Indústria 4.012
de informação vêm sendo consideradas como alguns dos principais desafios 
para o sucesso dessa nova indústria mundial.
A segurança da informação é garantida por meio de diversas camadas, 
como, por exemplo: primeira camada: utilização de senha pessoal;
  segunda camada: utilização de uma verificação biométrica com base 
na retina, identificação facial ou da digital da pessoa; 
  terceira camada: sistema para monitorar as atividades das duas cama-
das anteriores e para garantir o acesso de determinadas informações 
somente às pessoas autorizadas;
  quarta camada: para garantir uma transmissão de dados segura, é 
utilizada a criptografia.
Além de roubo de informações, muitos ataques são realizados para congestionar 
servidores, tornando-os inacessíveis àqueles que dependem de seus serviços. Um 
dos maiores perigos está ligado a ataques em sistemas de controle de processos, os 
quais podem gerar danos financeiros e também físicos, como incêndios e explosões 
em plantas industriais por falhas nos sistemas de segurança hackeados.
Impacto em relação à mão de obra na interação 
homem-máquina
Os empresários, assim como as escolas técnicas e as universidades, estão pre-
vendo que haverá, dentro de um curto prazo de tempo, um grande impacto em 
relação à mão de obra qualifi cada para a nova Indústria 4.0. Com a necessidade 
do aperfeiçoamento de competências e habilidades no desenvolvimento de 
trabalhos dessa indústria inovadora, os profi ssionais tecnicamente capacitados 
deverão ter formação multidisciplinar para compreender e trabalhar com a 
variedade de tecnologia que compõe uma fábrica inteligente. 
Dessa forma, a consequência lógica da geração de empregos exigirá, 
além de novos profissionais, profissionais que já trabalham na indústria, 
que precisarão se adaptar, pois, com empresas ainda mais automatizadas, 
novas demandas surgirão, enquanto algumas deixarão de existir. O ponto 
central desse grande impacto é a capacitação de pessoal, que precisará 
13Arranjos produtivos na Indústria 4.0
ser adaptada, de forma a desenvolver essas competências, promovendo o 
potencial humano nas organizações e, assim, atingindo os anseios dessa 
inovadora indústria do futuro. 
Profissionais de recursos humanos vêm desenvolvendo com urgência duas principais 
estratégias: uma relacionada à aprendizagem e à inovação no ambiente de trabalho; 
a outra, à necessidade de reformulação nos sistemas educacionais, unificando os 
interesses públicos, privados e científicos.
O profissional da Indústria 4.0 deve compreender essa nova realidade: não 
é possível ser especialista em todas as áreas que a Indústria 4.0 abrange, mas 
é importante que se entenda que essas tecnologias existem e que, obrigato-
riamente, será necessário interagir com elas. 
Poucas empresas contam com profissionais qualificados para passar por essa 
transição de forma tranquila; muitas vezes, é necessário contratar consultores 
espe cializados para apoio e manutenção dos diversos serviços que integram 
e fazem parte dessa revolução.
FRAPORTI, S.; BARRETO, J. S. Gerenciamento de riscos. Porto Alegre: Sagah, 2018.
JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. Porto 
Alegre: McGraw-Hill; Bookman, 2012.
MODELO de arquitetura de referência tridimensional RAMI 4.0. Phoenix Contact, São 
Paulo, SP, [2019?]. Disponível em: https://www.phoenixcontact.com/online/portal/
br?1dmy&urile=wcm:path:/brpt/web/offcontext/insite_landing_pages/1323f37f-e566-
4009-8645-661c715cea23/6ddf5dfb-dbcb-47c8-8f1a-dc915d263cd3/605016fb-ed97-
4b22-a6fb-de1f93556226/605016fb-ed97-4b22-a6fb-de1f93556226. Acesso em: 3 abr. 
2019.
Arranjos produtivos na Indústria 4.014
INDÚSTRIA 4.0
Fernanda Rocha de Aguiar
Impactos econômicos, 
legais e sociais da Quarta 
Revolução Industrial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Examinar o impacto econômico da Quarta Revolução Industrial.
  Analisar as mudanças nas relações sociais com as novas tecnologias.
  Relacionar as expectativas dos consumidores com produtos inteligentes, 
inovação colaborativa e novos modelos operacionais.
Introdução
A Quarta Revolução Industrial já é uma realidade que engloba automação 
e tecnologia da informação, além das principais inovações tecnológicas 
desses campos. Internet das Coisas, Big Data, computação nas nuvens, 
drones, aprendizado de máquina, inteligência artificial, realidade aumen-
tada e tantas outras tecnologias permeiam essa indústria, que ainda está 
em transição, mas que estabelece um movimento sem volta, impactando 
nas econômicas globais e alterando sobremaneira a forma de produzir 
e consumir bens e serviços.
No mundo competitivo, cada vez mais em busca de novas tecnologias, 
a indústria cresce a uma velocidade sem precedentes. Diferentemente 
de todas as revoluções passadas, essas novas tecnologias estão cada vez 
mais ágeis, flexíveis e estão mudando não somente as indústrias, mas 
também a sociedade, a política, o setor público e a economia. 
Neste capítulo, você vai poder acompanhar os impactos econômi-
cos, sociais e do mundo do trabalho que a Quarta Revolução Industrial 
provoca, entendendo as novas exigências dos consumidores diante 
desse cenário.
O impacto econômico da 
Quarta Revolução Industrial
A Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0 é a fase em que as indústrias 
de máquinas e equipamentos, baseadas em sistemas ciber-físicos, começam 
a tomar decisões de quando ligar, desligar ou de quando acelerar ou reduzir 
a produção no ambiente da manufatura — os norte-americanos preferem o 
termo manufatura avançada (BRITO, 2017).
A Indústria 4.0 procura descrever a combinação de diversas tendências 
tecnológicas (inteligência artificial, sensores sofisticados e Internet das Coisas) 
que unem o mundo virtual e o mundo físico, transformando totalmente o 
modo como é conhecido o setor da indústria atualmente (MARTINS, 2016).
Em todas as áreas de influência da Quarta Revolução Industrial, espera-se 
que um dos maiores impactos se estabeleça a partir de uma única força: o 
empoderamento, isto é, como os governos se relacionam com os seus cidadãos, 
como as empresas se relacionam com seus empregados, acionistas e clientes, ou 
como as superpotências se relacionam com os países menores. A ruptura que a 
Quarta Revolução Industrial causará aos atuais modelos políticos, econômicos 
e sociais exigirá que os atores capacitados reconheçam que eles são parte de 
um sistema de poderes distribuídos que requer formas mais colaborativas de 
interação para que possa prosperar (SCHAWB, 2016).
Essa revolução reflete, ainda, um impacto monumental na economia glo-
bal, uma vez que PIB, investimento, consumo, emprego, comércio e inflação 
são afetados por essas mudanças. Diante dessas premissas, duas dimensões 
apresentam-se como mais cruciais: o crescimento e o emprego.
Em relação ao crescimento, verifica-se que a modernização dos processos 
industriais traz uma grande redução nos custos de produção, o que pode levar 
a menos profissionais com função operacional e mais com incumbências 
estratégicas. Logo, a capacitação de pessoal também precisará ser adaptada. 
Com o possível aumento de fábricas cada vez mais automatizadas, novas de-
mandas tendem a surgir, enquanto outras podem deixar de existir. Atualmente, 
em alguns segmentos, trabalhos manuais e mão de obra humana já estão sendo 
substituídos por mão de obra automatizada (máquinas), e a tendência é que essa 
substituição seja cada vez maior. Porém, demandas em pesquisas e desenvolvi-
mento tendem a crescer, gerando oportunidades para profissionais capacitados, 
com habilidades para compreender e trabalhar com a variedade de tecnologias 
que compõem uma fábrica inteligente (REIS, 2017, documento on-line).
Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial2
Nessa lógica, a produção passa a ser muito mais flexível, dando velocidade 
ao atendimento de clientes. A Indústria 4.0 marca a descentralização do con-
trole dos processos produtivos e a multiplicação de dispositivos inteligentes 
interconectados ao longo de toda a cadeia de produção e logística. 
 Uma cadeia de valor mais flexível permiteque os produtores deem res-
postas mais diretas e rápidas às necessidades dos consumidores. A oferta de 
produtos atualmente é mais vasta do que há uma década e cada vez mais se 
assiste à utilização de softwares enquanto um serviço. Ao mesmo tempo, tem-se 
assistido à redução do custo de produção, permitindo que os produtores façam, 
muitas vezes, produtos totalmente personalizados, com um custo aproximado 
ao da produção em massa. Com uma procura crescente por produtos feitos sob 
medida, esses podem significar maiores margens do que os produtos em massa.
Segundo Reis (2017), a Indústria 4.0 afetará todo o mercado, principalmente 
no que se refere à criação de novos modelos de negócio, já que as empresas, 
frente à exigência do mercado, têm buscado adaptar-se, considerando as 
necessidades e preferências dos clientes. Assim, o processo de customização 
de acordo com os clientes parece ser mais uma tendência no processo de 
manufatura, e nisso entram as fábricas inteligentes, que produzirão essa 
personalização dos produtos.
Portanto, para que se mantenham competitivas, as empresas, os negócios e seus 
países não poderão evitar a inovação, investindo em estratégias que se baseiam 
na oferta de produtos e serviços de maneira mais inovadora (SCHAWB, 2016).
A inteligência artificial já está presente em nosso cotidiano. Alguns exemplos dessa 
tecnologia podem ser citados, como o reconhecimento facial, que permite encontrar 
um rosto em meio a uma multidão, e é uma ferramenta em uso pelas agências de 
combate ao terrorismo. Outra forma de verificar a inteligência artificial ocorre na detecção 
de potencial de fraude em diversos campos de negócio. O PayPal, por exemplo, usa a 
ferramenta para prevenir lavagem de dinheiro em seu sistema de pagamento. 
Na área da saúde, também encontramos o uso dessa abordagem. A inteligência 
artificial é utilizada, por exemplo, para entender os fatores de risco da diabetes, com 
algoritmos capazes de prever o risco de hospitalização em pacientes com a doença; e na 
prevenção do câncer de mama, analisando mamografias e detectando a probabilidade 
de se contrair a doença com um ano de antecedência do surgimento dos primeiros 
sintomas, segundo estudo do estudo do Computer Assisted Diagnosis (CAD). 
Fonte: Borini (2017).
3Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial
Transformações no mundo do trabalho
Quanto ao emprego, apesar do potencial impacto positivo da tecnologia no 
crescimento econômico, sempre surgem os temores sobre o fi m de algumas 
atividades, o que resultaria em perda de posições de trabalho. Durante os 
últimos anos, reacendeu-se esse debate, pois os computadores substituíram 
vários empregos, como caixas e operadores de telefone.
É preciso entender os dois efeitos concorrentes que a tecnologia exerce 
sobre os empregos destacados por Schawb (2016). Em primeiro lugar, quando 
as rupturas alimentadas pela tecnologia e a automação substituem o trabalho 
por capital, há um efeito destrutivo e os trabalhadores ficam desempregados 
ou realocam suas habilidades em outros lugares. Em segundo lugar, o efeito 
pode ser capitalizador, já que a demanda por novos bens e serviços aumenta, 
resultando na criação de novas profissões, empresas e indústrias.
Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial de 2016, sete países são 
os pioneiros da Quarta Revolução Industrial: Cingapura, Finlândia, Suécia, 
Noruega, Estados Unidos, Israel e Holanda. Na América do Sul, destaca-se 
o Chile, que figura na 38ª posição global. O Brasil fica na 72ª posição do 
ranking, atrás de países como Uruguai, Costa Rica e Colômbia. Países da União 
Europeia já apostam no modelo industrial 4.0 para ganhar competitividade 
global. A Alemanha, por exemplo, busca ser um país líder na implementação 
de fábricas inteligentes. A indústria alemã irá investir, anualmente, € 40 
bilhões na infraestrutura da Internet Industrial até o ano de 2020. A Quarta 
Revolução Industrial também poderá aumentar ainda mais a desigualdade 
entre os países ricos e pobres. As economias mais prejudicadas serão as que 
usam mão de obra barata como vantagem competitiva, como acontece nos 
países em desenvolvimento (como o Brasil e México) (CUNHA, [2018?], 
documento on-line).
Para Schawb (2016), é possível que a nova revolução tecnológica provoque mais 
agitações do que as revoluções industriais anteriores devido às características de 
velocidade (tudo está acontecendo muito rapidamente), amplitude e profundidade 
(há muitas mudanças radicais ocorrendo ao mesmo tempo). Especula-se, portanto, 
que as novas tecnologias mudarão drasticamente a natureza do trabalho em todos 
os setores e ocupações. O que não se sabe, ainda, é sobre a quantidade de postos 
de trabalho que serão substituídos pela automação. 
Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial4
Com esse cenário tecnológico, que nos leva a uma Sociedade 4.0, o que, 
então, é o desemprego tecnológico? Podemos conceituá-lo com base na reflexão 
de Venturelli (2018):
  substituição de mão de obra por máquinas ou sistemas;
  substituição de operação intelectual conhecida por máquinas ou sistemas;
  dispensa de trabalhadores por novos modelos e padrões que evoluíram 
ou não existiam.
Schwab (2016), fundador e presidente executivo do Fórum Econômico 
Mundial, compreende a Quarta Revolução Industrial com dois grandes diferen-
ciais em relação as revoluções anteriores. O primeiro é que as transformações 
tecnológicas estão em andamento ao mesmo tempo que se discute sua espe-
cificidade; já as revoluções anteriores só foram estudadas e analisadas após 
suas transformações se efetuarem de fato. Além disso, é a fusão de diversas 
tecnologias que a diferencia das anteriores, isto é, sua interação entre os domí-
nios físicos, digitais e biológicos. Nanotecnologia, sequenciamento genético, 
novas máquinas, computação quântica e energias renováveis são exemplos 
desse movimento, tendo como marco inicial a virada do século XXI, com 
uma onda de novas descobertas, e, como base, o avanço da tecnologia digital.
De acordo com Schwab (2016), diferentes categorias de trabalho, princi-
palmente aquelas que envolvem o trabalho mecânico repetitivo e o trabalho 
manual de precisão, já estão em processo de automatização, e outras categorias 
seguirão o mesmo caminho, respondendo ao crescimento exponencial da 
capacidade de processamento. Curiosamente, no entanto, a Quarta Revolução 
Industrial parece estar criando menos postos de trabalho nas novas indústrias 
do que as revoluções anteriores. 
Schwab (2016) destaca estudo do Oxford Martin Programme on Technology segundo o 
qual apenas 0,5% da força de trabalho dos EUA está empregada em indústrias que não 
existiam na virada do século, o que significa uma porcentagem muito menor do que os 
aproximadamente 8% novos postos de trabalho criados em novas indústrias durante a 
década de 1980 e os 4,5% de novos postos de trabalho criados durante a década de 1990. 
5Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial
Desde o advento, e da posterior adoção em massa, da internet, as máquinas 
vêm aprendendo e, agora, sendo aplicadas às indústrias, estão levando a uma 
substituição do conhecimento humano por sistemas inteligentes e automa-
tizados. Assim, segundo Venturelli (2018), profissões que envolvem tarefas 
conhecidas, repetitivas, tendem a ser executadas por máquinas, como, por 
exemplo, motoristas, operadores de caixa, contadores, operadores industriais. 
Por outro lado, profissões que requeiram criação, abstração, desenvolvimento, 
que tenham que lidar com situações novas e serviços para pessoas, como enge-
nharias, ciência de dados, computação, matemática, gestão estratégica, tendem 
a ser as mais crescentes e mudarão o perfil do trabalhador do século XXI. 
Acesse o link a seguir e acompanhe as previsões do Fórum Econômico Mundial sobre 
o futuro do trabalho.
https://goo.gl/r95YKq
Veja, na Figura 1, algumas das principais novas tecnologias da Quarta

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