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INDÚSTRIA 4.0 Léia Maria Erlich Ruwer O perfil do profissional 4.0 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Interpretar o impacto da implementação da Indústria 4.0 no perfil profissional. Distinguir as atividades profissionais antes e depois da Indústria 4.0. Analisar as competências necessárias na Indústria 4.0. Introdução O advento da Indústria 4.0 traz impactos para as relações de trabalho, impondo novas formas de atuar no ambiente laboral. Esses impactos afetam tanto as empresas — exigindo estruturas hierárquicas diferenciadas e colaborativas — quanto os profissionais — que necessitam adquirir novas competências para fazer frente às novas demandas do mercado de trabalho nessa nova era. Para tanto, neste capítulo, você verá os aspectos relacionados à Indus- tria 4.0 e ao mercado de trabalho e as consequentes mudanças no perfil profissional, bem como as mudanças nas atividades profissionais com essa revolução, com destaque para as competências necessárias na Indústria 4.0. A Indústria 4.0 e o mercado de trabalho Desde seu advento, a nova Revolução Industrial ou Indústria 4.0 traz impactos e mudanças com sua onda de alterações radicais relacionadas à produção industrial, impulsionada por avanços da robótica, nanotecnologia, biotecno- logia, das tecnologias de informação e da inteligência artifi cial, entre outras, causando alterações também nas relações com os clientes e colaboradores, além de diversas outras demandas. Para Schwab (2016), a Revolução Industrial atual difere em escala e complexi- dade de qualquer outro evento vivenciado pela sociedade: é a Quarta Revolução Industrial. As revoluções industriais anteriores foram as impulsionadas pela introdução da máquina a vapor e o uso do carvão como combústível, seguidas do uso da eletricidade e da produção em massa, causando grandes transformações nos modos de produção, e ainda aquelas relativas à tecnologia e à automação, com o uso de computadores e da internet. Agora, em sua quarta versão, esta Revolução Industrial, impulsionada pela era digital e pelo mundo virtual, conduz a humanidade a outro patamar de interação e desenvolvimento. Se comparada às revoluções anteriores, a Indústria 4.0 (que tem na sua base tecnológica sistemas cibernéticos, Internet das Coisas, Big Data, Computação em Nuvem, Machine Learning, entre outros) é a revolução industrial mais rápida vista até agora e proporciona sensíveis mudanças nas cadeias globais de valor, alterando as formas de produzir, distribuir e consumir de toda a sociedade. As transformações relacionadas à Indústria 4.0 se apresentam com pers- pectivas e potencial para o aumento da flexibilidade, da velocidade, da pro- dutividade e da qualidade dos processos produtivos (GELBERT, 2015). Sua influência, entretanto, permeará outros âmbitos, como a política, a economia, as empresas e seus modelos de negócios, os governos, os indivíduos e, prin- cipalmente, o mundo do trabalho. Nesse contexto, preveem-se impactos profundos nas relações de trabalho, uma vez que “[...] a união da Internet das Coisas com a rápida automatização desenha um novo cenário dentro das fábricas de todo o mundo” (ESTÚDIO ABC, 2016, documento on-line), revolucionando linhas de montagens e gerando produtos inovadores e customizados, com robôs cada vez mais integrados aos processos. Exige, assim, um novo perfil profissional a ser buscado pelas orga- nizações: o de profissionais com novas habilidades, dentre as quais a de atuar de forma colaborativa com os robôs, para aumentar a produtividade, dentre outras características. Esse novo perfil não será mais apenas responsável por parte específica da linha de montagem, mas por todo o processo produtivo. Uma pesquisa da consultoria Roland Berger estimou a escassez de mais de 200 milhões de trabalhadores qualificados no mundo nos próximos 20 anos. Um dos motivos que contribuem para esse cenário é a neces- sidade de cada vez mais mão de obra qualificada. Técnicos deixarão de exercer funções repetitivas, como o encaixe de uma peça em um smartphone, por exemplo. Isso não significa, porém, que os funcionários serão eliminados das linhas de produção. Eles ficarão concentrados em tarefas estratégicas e no controle de projetos (ESTÚDIO ABC, 2016). O perfil do profissional 4.02 Para Schwab (2016) e Hecklau (2016), os principais desafios sociais decor- rentes da Indústria 4.0 serão observados na força de trabalho, na empregabi- lidade e na exigência de que os indivíduos aperfeiçoem cada vez mais suas competências para fazer frente às novas tecnologias e, dessa forma, possam ter garantias de empregabilidade — aliadas às mudanças demográficas já em curso e ao envelhecimento da população, entre outros desafios a serem superados. O Relatório “Futuro do Trabalho: Emprego, Competências e Estratégia da força de trabalho para a Quarta Revolução Industrial” apresentado no Fórum Econômico Mundial em 2016, em Davos, na Suíça, aponta impactos nas relações de trabalho nos países cobertos pelo estudo que vão desde a perda de postos de trabalho concentrados principalmente em funções de rotina de escritório e administrativas até um aumento de milhões de empregos em áreas específicas (como computação, matemática, arquitetura e engenharia), bem como exigências no sentido de maior produtividade do trabalho e ampliação das habilidades (SCHWAB; SAMANS, 2016). O referido relatório aponta que, juntos, aspectos tecnológicos, socioeco- nômicos, geopolíticos, evolução demográfica, bem como as interações entre esses aspectos, irão gerar novas categorias de empregos e ocupações, além de alterações nos conjuntos de habilidades exigidas em antigas e novas ocu- pações (grande parte nas industrias), e, ainda, vão transformar como e onde os indivíduos trabalham, trazendo, com isso, novos desafios administrativos e de caráter regulatório (SCHWAB; SAMANS, 2016). Ainda, segundo o mesmo documento, nesse cenário de emprego em rápida evolução, capacidades como a de se antecipar e se preparar frente aos requisitos de habilidades futuras, conteúdo do trabalho e efeito agregado sobre o emprego são cada vez mais necessárias para empresas, governos e indivíduos — para que possam aproveitar plenamente as oportunidades dessa nova revolução e também mitigar qualquer resultado indesejável (SCHWAB; SAMANS, 2016). Esse cenário é confirmado por estudos como o realizado por Tessarini e Saltorato (2018) sobre os impactos da Indústria 4.0 na organização do trabalho, no qual, verificando as principais publicações e fazendo uma revisão sistemá- tica da literatura sobre o tema, os autores destacaram os seguintes impactos: aumento do desemprego tecnológico, em contrapartida à criação e/ ou ao aumento de postos de trabalho mais complexos e qualificados; necessidade de desenvolvimento de novas competências e habilidades; maior interação entre homem e máquina; transformações nas relações socioprofissionais. 3O perfil do profissional 4.0 Nessa perspectiva, os profissionais que quiserem se manter ativos e con- quistar seu espaço na Indústria 4.0 necessitam desenvolver novas habilidades, além daquelas que já existiam e que já tinham. No link a seguir, você terá acesso ao relatório completo do World Economic Forum para aprofundar seu conhecimento. https://qrgo.page.link/tpEo Indústria 4.0: mudanças nas atividades profissionais Segundo Schwab (2016), a Quarta Revolução Industrial é marcada por veloci- dade (acontecimentos em ritmo muito mais rápido), amplitude e profundidade (muitas mudanças radicais simultaneamente envolvidas) e a transformação completa de sistemas inteiros. Para o autor, levando-se em conta esses impulsio- nadores, pode-se afi rmar que “[...] as novas tecnologias mudarão drasticamente a natureza do trabalho em todos os setores e ocupações” (SCHWAB, 2016, p. 30). Já quanto às incertezas desse processo, o autor aponta questionamentos como: qual é a quantidade de postosde trabalho a serem substituídos pela automação e qual é o tempo para que isso ocorra? Nesse cenário, ainda de acordo com Schwab (2016), verifica-se o efeito destrutivo comum às rupturas ocasionadas pela tecnologia e pela automação ao substituir o trabalho por capital e que levam os trabalhadores ao desemprego ou a realocar as suas habilidades em outras atividades. Por outro lado, esse efeito destrutivo é acompanhado de um efeito capitalizador, que promove a demanda de novos bens e serviços, que, por sua vez, acarreta aumento e criação de novas profissões e até mesmo organizações. As atividades profissionais que surgem na Indústria 4.0 estão relacionadas às novas tecnologias a serem empregadas em todas as áreas; dessa forma, as profissões existentes sofrerão uma adaptação às evoluções que a revolução em curso traz para seus produtos e processos. Segundo Gonçalves (2018), na área O perfil do profissional 4.04 automotiva, por exemplo, estarão em evidência ocupações que se relacionam às áreas de programação e mecânica dos controles eletrônicos, telemetria e informática veicular, além de mecânicos de veículos híbridos. Ainda segundo o autor, na área de tecnologia da informação e comunicação, estarão em destaque os especialistas em análise de Internet das Coisas e Big Data, bem como enge- nheiros de softwares de gestão e cibersegurança para as empresas. No setor de máquinas, a demanda será sobre profissionais preparados para manutenção e automação industrial e relacionados a projetos para as tecnologias 3D. Em referência ao futuro das atividades profissionais, cabe destacar o estudo apresentado pela consultoria americana McKinsey e Company, que, em 2017, analisou 800 profissões em 46 países do mundo e apontou que até um terço dos trabalhos atuais existentes sofrerá automatização num prazo de até 12 anos (MANYIKA et al., 2017). Além disso, o relatório destaca que os empregos que mais estarão suscetíveis à automação são aqueles que envolvem atividades físicas em ambientes previsíveis ou funções de trabalho repetitivo (a exemplo de opera- dores de máquinas e funcionários do setor de alimentação). Os resultados também apontam como vulneráveis ao processo de automação as atividades relacionadas à coleta e ao processamento de dados (como corretores imobiliários, assistentes jurídicos, contadores e profissionais ligados a setores administrativos). Por outro lado, aqueles empregos que envolvem gestão de pessoas, expertise e interações sociais (como médicos, advogados, professores, etc.) têm chances menores de substituição por robôs, considerando-se que as máquinas ainda não conseguem reproduzir a performance humana nesse âmbito. Enquanto isso, trabalhos mais especializados, mas com salários mais baixos e ambiente imprevisível (como o de jardineiros, encanadores, cuidadores, etc.), também se apresentariam como menos vulneráveis, pois são atividades tecnicamente difíceis de automatizar e em que os custos fazem com que essa ação seja menos atraente (MANYIKA et al., 2017). Cabe observar ainda que, segundo o relatório, mesmo que algumas ta- refas sejam automatizadas, o número de empregos nessas ocupações pode permanecer igual, pois os indivíduos podem começar a realizar novas tarefas (MANYIKA et al., 2017). Em suma, o referido estudo indica que existem possibilidades de manter todos os empregos na maior parte dos cenários avaliados; entretanto, as transições se apresentarão de forma extremamente desafiadora (MANYIKA et al., 2017). Complementando, a McKinsey e Company apresenta, também, algumas fontes possíveis de nova demanda por profissionais capazes de promover a criação de empregos até 2030, mesmo sob os efeitos da automação, como: 5O perfil do profissional 4.0 renda e consumo crescentes, especialmente nas economias emergentes: empregos para todas as categorias; envelhecimento da população (e suas consequentes demandas): empregos para médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, assistentes de saúde em domicilio, cuidadores e auxiliaries de enfermagem); desenvolvimento e implementação de novas tecnologias: empregos em serviços de tecnologia da informação; infraestrutura e imóveis (se houver investimentos para corrigir falhas e acabar com o déficit habitacional): empregos para arquitetos, enge- nheiros, eletricistas, carpinteiros e outros profissionais especializados e também para os trabalhadores da construção civil); investimentos em energia renovável (aeólica e solar, por exemplo): empregos para diversas ocupações, como manufatura, construção e instalação; remuneração de serviços atualmente não remunerados: empregos com trabalhos domésticos, assistência a crianças, educação infantil, limpeza geral, culinária e jardinagem (MANYIKA et al., 2017). Por fim, a McKinsey e Company analisou as variações líquidas no au- mento do emprego em todos os países e apontou como categorias de maior crescimento (mesmo levando em conta a automação) as seguintes ocupações: prestadores de serviços de saúde; profissionais como engenheiros, cientistas, contadores e analistas, profissionais de TI e outros especialistas em tecnolo- gia; gerentes executivos, educadores, profissionais criativos, construtores e profissões afins; trabalhadores manuais e prestadores de serviços em geral (MANYIKA et al., 2017). Buscando contribuir com o debate acerca das oportunidades e mudanças geradas pela tecnologia no ambiente de produção, Tessarini e Saltorato (2018, documento on-line) apontam que o que parece ser consenso entre os diversos estudiosos a esse respeito é que a criação de novas vagas será “[...] em níveis gerenciais ou em áreas que exigem maior qualificação, como ciências mate- máticas e da computação, engenharia e arquitetura; enquanto o declínio de empregos ocorrerá principalmente em tarefas simples e rotineiras e portanto mais suscetíveis à automação”. Além disso, os autores apresentam um quadro que ilustra os impactos da indústria 4.0 na organização do trabalho, abordando as transformações que ocasionarão redução de empregos em determinadas áreas de atuação (Quadro 1). O perfil do profissional 4.06 Fonte: Adaptado de Tessarini e Saltorato (2018). Transformação Redução de empregos Criação de empregos Utilização de Big Data no controle de qualidade Especialistas em controle de qualidade Analistas de dados industriais Utilização de robôs, veículos autônomos e impressoras 3D nas linhas de produção Operadores de produção, montagem e embalagem; Pessoal de logística Coordenadores de robôs; Engenheiros e espe- cialistas em pesquisa e desenvolvimento Redes de suprimentos e linhas de produção autônomas e inteligentes Especialistas em planejamento de produção Especialistas em modelagem e interpretação de dados Manutenção preditiva automatizada Técnicos de manutenção tradicionais Analistas de dados, sistemas e TI Quadro 1. Impactos da Indústria 4.0 na organização do trabalho Esse quadro demonstra que, na Indústria 4.0, ao mesmo tempo que muitas funções tendem a ser extintas, outras novas devem surgir para atender às novas demandas. Desenvolvimento de competências requeridas pela Indústria 4.0 Por se tratar de uma revolução ainda em curso, não existe um consenso dos autores acerca das competências e habilidades exigidas e esperadas na Indústria 4.0. Sabe-se de antemão que, a exemplo das revoluções industriais anteriores, também estão postas exigências no que diz respeito à adaptação às novas tecno- logias e às mudanças organizacionais provocadas por elas, de forma a manter a empregabilidade. Entretanto, verifi ca-se que estão sendo feitos inúmeros estudos, contemplando diferentes abordagens e metodologias, para detectar e qualifi car as competências e habilidades comuns e que são indispensáveis aos profi ssionais nessa nova era, independentemente da função que exerçam e das suas particularidades. 7O perfil do profissional 4.0 Com o objetivo de levantar e apresentaresses estudos sob diferentes perspec- tivas, Tessarini e Saltorato (2018, documento on-line) identificaram as principais competências comuns nas pesquisas do tema, classificando-as em três categorias: competências funcionais: aquelas que se fazem necessárias para o desempenho técnico e profissional das tarefas; competências comportamentais: aquelas mais intrínsecas e que dizem respeito às atitudes do indivíduo; competências sociais: aquelas que se relacionam com a capacidade de interação e trabalho com outras pessoas. A partir dessas informações, os autores formularam as competências requeridas na Indústria 4.0, apresentadas no Quadro 2, a seguir. Fonte: Adaptado de Tessarini e Saltorato (2018). Competências funcionais Resolução de problemas complexos Conhecimento avançado de TI, incluindo codificação e programação Capacidade de processar, analisar e proteger dados e informações Operação de controle de equipamentos e sistemas Conhecimento estatístico e matemático Alta compreensão nos processos de manufatura Competências comportamentais Flexibilidade Criatividade Capacidade de julgar e tomar decisões Autogerenciamento do tempo Inteligência emocional Mentalidade orientada para aprendizagem Competências sociais Habilidade de trabalhar em equipe Habilidades de comunicação Liderança Capacidade de transferir conhecimento Capacidade de persuasão Capacidade de comunicar-se em diferentes idiomas Quadro 2. Competências requeridas pela Indústria 4.0 O perfil do profissional 4.08 Pelas competências apontadas no Quadro 2, é possível perceber que as exigências da Indústria 4.0 não são, necessariamente, de novas habilidades. O que ocorre é a maior exigência dessas competências e a compreensão de que os profissionais que não as adquirirem estarão sujeitos a desemprego (EDWARDS; RAMIREZ, 2016). Pode-se apreender, ainda, que as competências requeridas pela Indústria 4.0 delineiam um professional muito mais generalista do que especialista em função dos conhecimentos interdisciplinares exigidos consi- derando a organização, os processos e as tecnológicas envolvidas. A partir disso, cabe verificar como será possível desenvolver as compe- tências requeridas pela Indústria 4.0 e elencar estratégias para promover o potencial humano nas organizações para fazer frente a essa necessidade. Para Tessarini e Saltorato (2018), é possível apontar como principais estratégias emergentes, nesse sentido, a aprendizagem e a inovação no ambiente de trabalho e a reformulação nos sistemas educacionais, de forma a unificar interesses públicos, privados e científicos. Segundo a revista EXAME, “O processo industrial está se transformando de forma irreversível — e quem quiser ter sucesso nesse novo cenário terá que desenvolver novas habilidades” (ESTÚDIO ABC, 2015, documento on-line). Nesse sentido, quatro características se destacam entre as que os profissionais precisarão desenvolver para fazer frente à Indústria 4.0 (Quadro 3). Fonte: Adaptado de Estúdio ABC (2015). Formação multidisciplinar As indústrias continuarão precisando de gente com formação específica, mas terão de lidar cada vez mais com áreas sobre as quais não estudaram na faculdade. Capacidade de adaptação Os profissionais precisarão aprender a lidar com máquinas e robôs inteligentes. Senso de urgência Se exigirá dos profissionais discernimento para entender os limites entre o que é urgente e o que pode ser resolvido depois. Bom relacionamento O avanço da automação exigirá competências diferentes de cada um. Em um ambiente cada vez mais digitalizado, a colaboração ganhará força. Quadro 3. Características dos profissionais da indústria 4.0 9O perfil do profissional 4.0 Para Gonçalves (2018), as organizações passarão a atuar cada vez mais com equipes multidisciplinares, que compreendam a indústria como um todo, e não somente de acordo com suas especialidades. Nesse sentido, o autor destaca a necessidade e a importância de que os profissionais e organizações busquem capacitação relacionada ao funcionamento de novas ferramentas de gestão e produção que a Indústria 4.0 proporciona, seja por meio de cursos, treinamento e desenvolvimento e especializações — somente assim estarão capacitados na transição para o novo modelo de indústria e suas particularidades. EDWARDS, P.; RAMIREZ, P. When should workers embrace or resist new technology? New Technology, Work and Employment, [s. l.], v. 31, n. 2, p. 99–113, 2016. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/ntwe.12067. Acesso em: 3 abr. 2019. ESTÚDIO ABC. Como será o profissional da indústria 4.0? Exame, Rio de Janeiro, RJ, 3 jun. 2016. Disponível em: https://exame.abril.com.br/tecnologia/como-sera-o-profissional- -da-industria-4-0/. Acesso em: 3 abr. 2019. ESTÚDIO ABC. Indústria 4.0 exigirá um novo profissional. Exame, Rio de Janeiro, RJ, 20 jul. 2015. Disponível em: https://exame.abril.com.br/tecnologia/industria-4-0-exigira- -um-novo-profissional/. Acesso em: 3 abr. 2019. GELBERT, P. et al. Industry 4.0: the future of productivity and growth in manufacturing industries. Boston Consulting Group, [s. l.], 9 abr. 2015. Disponível em: https://www.bcg. com/pt-br/publications/2015/engineered_products_project_business_industry_4_fu- ture_productivity_growth_manufacturing_industries.aspx. Acesso em: 3 abr. 2019. GONÇALVES, E. Indústria 4.0: qual o impacto no mercado de trabalho? A Voz da Indústria, [s. l.], 25 set. 2018. Disponível em: https://avozdaindustria.com.br/industria-4-0-impacto- -no-mercado-de-trabalho/. Acesso em: 3 abr. 2019. HECKLAU, F. et al. Holistic approach for human resource management in industry 4.0. Procedia CIRP, [s. l.], v. 54, p. 1-6, 2016. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/ science/article/pii/S2212827116308629?via%3Dihub. Acesso em: 3 abr. 2019. MANYIKA, J. et al. O futuro do Mercado de trabalho: impacto em empregos, habilidades e salários. McKinsey & Company, [s. l.], nov. 2017. Disponível em: https://www.mckinsey. com/featured-insights/future-of-work/jobs-lost-jobs-gained-what-the-future-of-work- -will-mean-for-jobs-skills-and-wages/pt-br. Acesso em: 3 abr. 2019. SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016. O perfil do profissional 4.010 SCHWAB, K.; SAMANS, R. The future of jobs: employment, skills and workforce strategy for the fourth industrial revolution. Global challenge insight report. Geneva: World Economic Forum, 2016. Disponível em: http://www3.weforum.org/docs/WEF_Fu- ture_of_Jobs.pdf. Acesso em: 3 abr. 2019. TESSARINI, G.; SALTORATO, P. Impactos da indústria 4.0 na organização do trabalho: uma revisão sistemática da literatura. Revista Produção Online, Florianópolis, SC, v. 18, n. 2, p. 743-769, 2018. Disponível em: https://www.producaoonline.org.br/rpo/article/ view/2967. Acesso em: 3 abr. 2019. Leitura recomendada SCHWAB, K. Aplicando a quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2018. 11O perfil do profissional 4.0 INDÚSTRIA 4.0 Marcelo Quadros Arranjos produtivos na Indústria 4.0 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0. Conceituar as principais tendências nas linhas de produção. Analisar os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos. Introdução A Indústria 4.0 se caracteriza por integração e controle da produção, que se dá por meio da utilização de sensores inteligentes e equipamentos conectados em rede, estabelecendo a fusão do mundo real com o virtual. Esses sistemas anexos às novas tecnologias computacionais são denominados sistemas ciber-físicos e viabilizam o emprego da inteligência artificial, agregando inteligência e conectividade. Permitem, dessa forma, a criação das fábricas do futuro, o que se conhece como Indústria 4.0. Essas plantas industriais, células automatizadas e máquinasinteligentes conectadas à tecnologia da Indústria 4.0 são capazes de tomar decisões autonomamente, com alta flexibilidade de produção, permitindo a cus- tomização em massa, dentro de critérios aceitáveis de custo, tempo e qualidade, conforme as necessidades dos clientes. Neste capítulo, a partir do estudo dessa nova Revolução Industrial, você vai aprender a caracterizar os arranjos produtivos voltados à In- dústria 4.0, conhecendo os seus seis principais arranjos produtivos, além de conceituar as principais tendências nas linhas de produção, com destaque para os conceitos de compliance, os sistemas ciber- -físicos (CPS, do inglês Cyber-Physical Systems); os sistemas de execução da manufatura (MES, do inglês Manufacturing Execution System) e os modelos de referência para arquitetura da indústria 4.0 (RAMI, do inglês Reference Architecture Model Industry 4.0). Por fim, conhecendo os três pilares da indústria 4.0, você vai analisar os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos. Os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0 O termo Indústria 4.0 teve sua origem em uma das edições da feira de Han- nover, na Alemanha, e foi incentivado pelo governo alemão, juntamente a empresas de tecnologia, universidades e centros de pesquisa. Sendo considerado a Quarta Revolução Industrial, esse novo modelo mudou a forma pela qual as indústrias operam atualmente, reunindo inovações tecnológicas na automação, no controle de dados e na tecnologia de informação. A Figura 1 apresenta as fases de cada uma das quatro Revoluções Industriais. Figura 1. As Revoluções Industriais. Fonte: Adaptada de Elenabsl/Shutterstock.com. Arranjos produtivos na Indústria 4.02 Essa automação da indústria conectada à utilização de máquinas para a produção de produtos cada vez mais personalizados e baseados em dados tem como característica seis arranjos produtivos voltados a Indústria 4.0. Veja, a seguir, cada um desses arranjos. Interoperabilidade: é a capacidade de comunicação dos sistemas ciber-físicos, de forma que humanos e fábricas inteligentes tendem a se comunicar por meio dessa nova tecnologia. O termo interoperabilidade remete a sistemas ciber-físicos que tenham a capacidade de operar de forma distribuída, conversando entre si de maneira padronizada e possibilitando que novos sistemas, máquinas, pessoas, entre outros, tenham a capacidade de integrar essa grande e complexa rede. Na Figura 2, você pode ver a interoperabilidade da Internet das Coisas. Figura 2. Interoperabilidade da Internet das Coisas (IoT). Fonte: Adaptada de Buffaloboy/Shutterstock.com. Virtualização: conhecida como Cyber-Factory, é o projeto virtual da fábrica inteligente, que, por sua vez, propõe uma cópia virtual das fábricas inteligentes, permitindo a rastreabilidade de todos os processos desenvolvidos a partir das informações obtidas em tempo real, por meio de sistemas de monitoramento dos processos e operações, gerados pelos inúmeros sensores dispostos ao longo de toda planta industrial. Com o aumento do uso da tecnologia computacional dentro da indústria, conceitos como o da Internet das Coisas (IoT) e o uso da tecnologia 3Arranjos produtivos na Indústria 4.0 da informação estão sobrepondo-se à tecnologia operacional, criando um suporte para ambientes e infraestruturas cada vez mais complexos. Realizando a integração de sistemas, concentrando essa integração em uma única plataforma e aplicando a virtualização desses sistemas, esta- remos criando nossa Cyber-Factory. Veja, na Figura 3, uma ilustração do processo de virtualização. Figura 3. Virtualização na indústria. Fonte: elenabsl/Shutterstock.com. Descentralização: processo obtido por meio dos sistemas autônomos e desenvolvido em ambientes ciber-físicos (Figura 4). Auxilia na tomada de decisões dentro das fábricas inteligentes e opera de acordo com as necessidades da produção em tempo real, permitindo que se analisem dados e se tomem decisões de forma independente. Além disso, as máquinas são autônomas, já que não apenas recebem comandos, mas fornecem informações sobre seu ciclo de trabalho e, em alguns casos, desenvolvem sua própria regulagem. Esta autonomia dos sistemas Arranjos produtivos na Indústria 4.04 ciber-físicos envolve monitoramento, previsão de falhas, planos de manutenção e ações corretivas, impactando diretamente na melhoria da qualidade dos produtos e dos serviços. Figura 4. Descentralização da indústria. Fonte: Adaptada de elenabsl/Shutterstock.com. Capacidade de operação em tempo real: é a capacidade na aquisição e tratamento de dados instantaneamente nos sistemas físicos da cadeia de suprimentos (Figura 5). Essa capacidade ocorre porque as estações de trabalho nas indústrias se conectam e se comunicam por meio da Internet das Coisas, construindo um ambiente ciber-físico e permitindo a tomada de decisões em tempo real. 5Arranjos produtivos na Indústria 4.0 Figura 5. Operação de toda indústria em tempo real. Fonte: Adaptada de Ico Maker/Shutterstock.com. Orientação dos serviços: também conhecida como Internet of Services, tem sua utilização nas arquiteturas de software orientadas aos serviços, ou seja, tem como finalidade integrar a oferta de serviços ao cliente, via internet, ao ambiente ciber-físico, agilizando o atendimento de suas necessidades. Modularidade: tem como finalidade a fácil adaptação às demandas do mercado, de forma flexível, por meio de módulos individuais, para que sua produção seja desenvolvida conforme a demanda. Geralmente, é realizada por meio do acoplamento e desacoplamento de módulos na produção, oferecendo flexibilidade para alterar as tarefas das máquinas com facilidade. Arranjos produtivos na Indústria 4.06 Para conferir trabalhos de pesquisa sobre a indústria 4.0, acesse o site a seguir. https://qrgo.page.link/8wJe As principais tendências nas linhas de produção Dentre as tendências de produção das fábricas inteligentes da indústria 4.0, estão os conceitos de compliance estratégico, as estruturas modulares, os sis- temas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems), os sistemas de execução da manufatura (MES — Manufacturing Execution System), os modelos de referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture Model Industry 4.0) e as decisões descentralizadas. A seguir, acompanhe a defi nição de cada uma dessas tendências. Compliance Compliance tem como objetivo assegurar a sobrevivência da empresa e gerar valor ao negócio, representando a conduta da empresa e sua adequação às nor- mas dos órgãos de regulamentação. Compliance deriva dos grandes impactos fi nanceiros, que são ocasionados por fatores como: ausência de orientações normativas; desalinhamentos às legislações aplicáveis; falta de ferramentas preventivas adequadas; falhas na gestão de processos; operações sem um estruturado sistema de informação. Conforme Fraporti e Barreto (2018), durante muito tempo, as orga- nizações trabalharam seus riscos e seus processos para conformidade como aspectos independentes, separados. Atualmente, o foco de atuação organizacional está direcionado para a integração das áreas, unindo téc- nicas de governança corporativa com a gestão dos riscos corporativos e conformidade (compliance). 7Arranjos produtivos na Indústria 4.0 A globalização e a economia influenciam diretamente na forma como as organizações executam suas atividades. Assim, a partir de atividades de compliance, é possível reduzir custos e despesas, aumentando o rendimento operacional das empresas e evitando perdas. Estejam estáveis ou não, as empresas, operando com grandes ou pequenos riscos, passaram a realizar previsões e projeções de situações diante da instabilidade que seus fornecedores e seus clientes enfrentam atualmente. As organizações, portanto, precisaram fazer o gerenciamento de riscos, e passaram a fazer isso de forma consciente e estruturada, ao implantar modelos organizacionais que façam aidentificação, a priorização e a elaboração de medidas para os riscos concretizados, ou inconsciente e desestruturada, quando executam o tratamento dos riscos à medida que eles ocorrem. Além disso, com as conformidades das leis, a transparência dos processos se torna uma realidade mais consolidada, o que traz maior confiança ao mercado de atuação. Sistemas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems) Os sistemas ciber-físicos (CPS) compreendem componentes digitais, analógi- cos, físicos e humanos interativos projetados para funcionar por meio de física e lógica integradas. Por meio desses sistemas, a Indústria 4.0 compreende a base da infraestrutura, de forma a desenvolver os avanços tecnológicos em diversas áreas, como a industrial, aeroespacial, médica, rural, entre outras. As tecnologias diretamente relacionadas a esse sistema incluem: Smart Building (construção inteligente ou automação predial); Smart Grids (rede elétrica inteligente); Smart Logistic (logística inteligente); Smart Product (produção inteligente); Smart Mobility (mobilidade inteligente). Um CPS típico deve ser capaz de se adaptar e evoluir constantemente em resposta a mudanças no ambiente por meio de reconfiguração em tempo real, isto é, deve-se monitorar continuamente e melhorar sua própria performance, além de se recuperar de falhas. Arranjos produtivos na Indústria 4.08 O sentido da classificação “inteligente” para um dispositivo ou sistema implica dizer que esse dispositivo possui algumas habilidades que são alcançadas por meio de proces- samento de informação, comunicação e computação. A inteligência pode ser descrita como a capacidade cognitiva para uma atuação eficiente no alcance de objetivos, tendo em vista as diversas condições às quais um dispositivo ou sistema pode estar submetido. Sistemas de execução da manufatura (MES — Manufacturing Execution System) Segundo Jacobs e Chase (2012, p. 582), “[...] a programação das operações está no coração do que é geralmente chamado de Sistemas de Execução da Manufatura (MES — Manufacturing Execution Systems)”. Para fazer o gerenciamento da planta de forma mais ágil e estratégica, é preciso avaliar as informações do processo em tempo real e também as informações passadas. Um sistema de execução da manufatura integra os níveis de automação de chão de fábrica com os sistemas de negócios, fazendo a leitura das informações e guardando-as em uma base de dados, que podem ser acessadas por meio de funções e utilizadas em indicadores, planilhas de organização, agendas, etc. “Um MES é um sistema de informações que programa, entrega, rastreia, monitora e controla a produção no chão de fábrica. [...] Um grande número de projetistas especializados em softwares desenvolvem e implementam o sistema MES como parte de uma caixa de ferramentas de software” (JACOBS; CHASE, 2012, p. 582), determinada pela extensão do envolvimento físico do cliente com a organização de serviços. “As características comuns de qualquer grande sistema são um banco de dados central que contenha todas as informações relevantes sobre a disponibilidade de recursos e clientes e uma função de controle de gestão que integre e supervisione todo o processo” (JACOBS; CHASE, 2012, p. 582). Referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture Model Industry 4.0) Os modelos de referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture Model Industry 4.0) consistem em um modelo tridimensional (Figura 6) que mostra como abordar a questão da Indústria 4.0 de uma forma estruturada nas aplicações de soluções de conectividade para todos os projetos. Esse modelo tem como função gerar um ecossistema cibernético de toda cadeia 9Arranjos produtivos na Indústria 4.0 produtiva, garantindo a colaboração de todos os participantes envolvidos nas discussões da Indústria 4.0. Essa arquitetura orientada a serviços combina todos os elementos e com- ponentes de TI em uma camada e ciclo de vida modelo e divide processos complexos em pacotes fáceis de entender, incluindo privacidade de dados e segurança de TI. Figura 6. Modelo de referência tridimensional, estruturado e participante de toda a cadeia produtiva. Fonte: Modelo... ([2019?], documento on-line). Os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos Para analisarmos os impactos da implementação da indústria 4.0, é preciso, inicialmente, conhecer os três pilares que tornam possível esses arranjos tecnológicos e que impactam diretamente no campo do desenvolvimento, da tecnologia da informação e do mercado de trabalho, quais sejam: a Internet das Coisas (Internet of Things), Big Data e a segurança nas informações. A Internet das Coisas (Internet of Things) é um termo bastante utilizado na concepção da nova Indústria 4.0 e que, resumidamente, refere-se à conexão em rede de inúmeros objetos físicos, como células de manufatura, máquinas, equipamentos, dispositivos, mecanismos e componentes industriais por meio de sistemas eletrônicos, permitindo a total coleta e, consequentemente, a troca de dados. Arranjos produtivos na Indústria 4.010 Big Data é um termo amplo, utilizado para designar conjuntos de dados tão grandes e complexos que se tornaram difíceis de manipular com softwares estatísticos tradicionais. É geralmente associado a um grande volume de da- dos, mas não somente, já que também se refere à heterogeneidade dos dados (estruturados e não estruturados). Atualmente, essa grande e heterogênea quantidade de dados é gerada diariamente por praticamente todos os dispo- sitivos digitais utilizados na vida cotidiana e no dia a dia empresarial, desde celulares a aparelhos de medição de máquinas industriais. Essa nova tecnologia da Indústria 4.0 consiste em toda a estrutura de dados de alta complexidade que são capturados, analisados e gerenciados pela tecnologia da informação. A Indústria 4.0 atende, com a tecnologia de Big Data, aos seguintes requisitos: conexão em alta velocidade em redes industriais; computação em nuvem (cloud); sistemas ciber-físicos. A segurança é um dos principais desafios que irão impactar diretamente na concepção da nova indústria 4.0. Sendo considerada a chave dos sistemas de informação, os possíveis defeitos na transmissão ou na comunicação entre plantas, células ou, ainda, entre máquina e componentes podem gerar eventuais defeitos e atrasos do sistema e a iminente parada de uma linha de produção de toda fábrica ou, até mesmo, de todas as plantas de um aglomerado de indústrias. Ter diferentes configurações e aplicações sendo executadas em servidores individuais pode resultar em um uso ineficiente do processo e gerar falhas nos diagnósticos e nos reparos. Além disso, é necessário ter um profissional capaz de conseguir trabalhar nessas diferentes plataformas. Agora que você conhece os três pilares da Indústria 4.0, pode analisar os principais impactos gerados por essas tecnologias. Destacaremos, aqui, os que são considerados como os três mais impactantes e que tendem a alterar toda a natureza do processo de produção, desde a origem da mercadoria até a entrega final para o consumidor. São eles: 11Arranjos produtivos na Indústria 4.0 impacto no modelo de negócios; impacto na área de segurança da tecnologia da informação; impacto em relação à mão de obra qualificada, para interação homem-máquina. Impacto no modelo de negócios A transformação global de sistemas produtivos será desafi adora. O impacto no modelo de negócios é considerado por especialistas como um dos maiores impactos a serem causados pela nova Indústria 4.0 e que afetará o mercado como um todo. Essa mudança consiste na criação de novos modelos de negócios em um mercado cada vez mais exigente, no qual muitas organizações já se adaptaram para adequar o produto às necessidades e preferências específi cas do cliente. Esse novo formato de negócios da Indústria 4.0 deve beneficiar o mercado empresarial e a populaçãocom igualdade social e estabilidade econômica; para tanto, as fábricas inteligentes passarão a levar em consideração a per- sonalização de cada cliente, adaptando-se às preferências dos consumidores. Diversas mudanças irão transformar as formas como os produtos serão manufaturados, a partir das fábricas inteligentes, impactando diversos setores do mercado. A Indústria 4.0 marca a descentralização do controle dos processos produtivos e a multiplicação de dispositivos inteligentes interconectados ao longo de toda a cadeia de produção e logística. Impacto na área de segurança da tecnologia da informação Outro grande impacto da Indústria 4.0 que vem preocupando muitos desen- volvedores, analistas e engenheiros da área da tecnologia da informação, em especial os profi ssionais do campo de segurança no desenvolvimento da tecnologia da informação, é o impacto na área de segurança da tecnologia da informação. Como todo sistema produtivo será digital, problemas como fa- lhas de transmissão na comunicação máquina-máquina ou até mesmo eventuais oscilações do sistema podem causar transtornos na produção ou até a parada total do sistema. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para adaptar as empresas a esse novo padrão de Indústria 4.0. Dentro dessa estrutura, na qual todos os sistemas utilizam a conectividade, tornam-se necessários sistemas de segurança que protejam os dados das empresas, contidos nos arquivos de controle dos processos e dos produtos. Para tanto, a segurança e a robustez dos sistemas Arranjos produtivos na Indústria 4.012 de informação vêm sendo consideradas como alguns dos principais desafios para o sucesso dessa nova indústria mundial. A segurança da informação é garantida por meio de diversas camadas, como, por exemplo: primeira camada: utilização de senha pessoal; segunda camada: utilização de uma verificação biométrica com base na retina, identificação facial ou da digital da pessoa; terceira camada: sistema para monitorar as atividades das duas cama- das anteriores e para garantir o acesso de determinadas informações somente às pessoas autorizadas; quarta camada: para garantir uma transmissão de dados segura, é utilizada a criptografia. Além de roubo de informações, muitos ataques são realizados para congestionar servidores, tornando-os inacessíveis àqueles que dependem de seus serviços. Um dos maiores perigos está ligado a ataques em sistemas de controle de processos, os quais podem gerar danos financeiros e também físicos, como incêndios e explosões em plantas industriais por falhas nos sistemas de segurança hackeados. Impacto em relação à mão de obra na interação homem-máquina Os empresários, assim como as escolas técnicas e as universidades, estão pre- vendo que haverá, dentro de um curto prazo de tempo, um grande impacto em relação à mão de obra qualifi cada para a nova Indústria 4.0. Com a necessidade do aperfeiçoamento de competências e habilidades no desenvolvimento de trabalhos dessa indústria inovadora, os profi ssionais tecnicamente capacitados deverão ter formação multidisciplinar para compreender e trabalhar com a variedade de tecnologia que compõe uma fábrica inteligente. Dessa forma, a consequência lógica da geração de empregos exigirá, além de novos profissionais, profissionais que já trabalham na indústria, que precisarão se adaptar, pois, com empresas ainda mais automatizadas, novas demandas surgirão, enquanto algumas deixarão de existir. O ponto central desse grande impacto é a capacitação de pessoal, que precisará 13Arranjos produtivos na Indústria 4.0 ser adaptada, de forma a desenvolver essas competências, promovendo o potencial humano nas organizações e, assim, atingindo os anseios dessa inovadora indústria do futuro. Profissionais de recursos humanos vêm desenvolvendo com urgência duas principais estratégias: uma relacionada à aprendizagem e à inovação no ambiente de trabalho; a outra, à necessidade de reformulação nos sistemas educacionais, unificando os interesses públicos, privados e científicos. O profissional da Indústria 4.0 deve compreender essa nova realidade: não é possível ser especialista em todas as áreas que a Indústria 4.0 abrange, mas é importante que se entenda que essas tecnologias existem e que, obrigato- riamente, será necessário interagir com elas. Poucas empresas contam com profissionais qualificados para passar por essa transição de forma tranquila; muitas vezes, é necessário contratar consultores espe cializados para apoio e manutenção dos diversos serviços que integram e fazem parte dessa revolução. FRAPORTI, S.; BARRETO, J. S. Gerenciamento de riscos. Porto Alegre: Sagah, 2018. JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: McGraw-Hill; Bookman, 2012. MODELO de arquitetura de referência tridimensional RAMI 4.0. Phoenix Contact, São Paulo, SP, [2019?]. Disponível em: https://www.phoenixcontact.com/online/portal/ br?1dmy&urile=wcm:path:/brpt/web/offcontext/insite_landing_pages/1323f37f-e566- 4009-8645-661c715cea23/6ddf5dfb-dbcb-47c8-8f1a-dc915d263cd3/605016fb-ed97- 4b22-a6fb-de1f93556226/605016fb-ed97-4b22-a6fb-de1f93556226. Acesso em: 3 abr. 2019. Arranjos produtivos na Indústria 4.014 INDÚSTRIA 4.0 Marcelo Quadros Arranjos produtivos na Indústria 4.0 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0. Conceituar as principais tendências nas linhas de produção. Analisar os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos. Introdução A Indústria 4.0 se caracteriza por integração e controle da produção, que se dá por meio da utilização de sensores inteligentes e equipamentos conectados em rede, estabelecendo a fusão do mundo real com o virtual. Esses sistemas anexos às novas tecnologias computacionais são denominados sistemas ciber-físicos e viabilizam o emprego da inteligência artificial, agregando inteligência e conectividade. Permitem, dessa forma, a criação das fábricas do futuro, o que se conhece como Indústria 4.0. Essas plantas industriais, células automatizadas e máquinas inteligentes conectadas à tecnologia da Indústria 4.0 são capazes de tomar decisões autonomamente, com alta flexibilidade de produção, permitindo a cus- tomização em massa, dentro de critérios aceitáveis de custo, tempo e qualidade, conforme as necessidades dos clientes. Neste capítulo, a partir do estudo dessa nova Revolução Industrial, você vai aprender a caracterizar os arranjos produtivos voltados à In- dústria 4.0, conhecendo os seus seis principais arranjos produtivos, além de conceituar as principais tendências nas linhas de produção, com destaque para os conceitos de compliance, os sistemas ciber- -físicos (CPS, do inglês Cyber-Physical Systems); os sistemas de execução da manufatura (MES, do inglês Manufacturing Execution System) e os modelos de referência para arquitetura da indústria 4.0 (RAMI, do inglês Reference Architecture Model Industry 4.0). Por fim, conhecendo os três pilares da indústria 4.0, você vai analisar os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos. Os arranjos produtivos voltados à Indústria 4.0 O termo Indústria 4.0 teve sua origem em uma das edições da feira de Han- nover, na Alemanha, e foi incentivado pelo governo alemão, juntamente a empresas de tecnologia, universidades e centros de pesquisa. Sendo considerado a Quarta Revolução Industrial, esse novo modelo mudou a forma pela qual as indústrias operam atualmente, reunindo inovações tecnológicas na automação, no controle de dados e na tecnologia de informação. A Figura 1 apresenta as fases de cada uma das quatro Revoluções Industriais. Figura 1. As Revoluções Industriais. Fonte: Adaptada de Elenabsl/Shutterstock.com. Arranjos produtivos na Indústria 4.02 Essa automação da indústria conectada à utilização de máquinas para a produçãode produtos cada vez mais personalizados e baseados em dados tem como característica seis arranjos produtivos voltados a Indústria 4.0. Veja, a seguir, cada um desses arranjos. Interoperabilidade: é a capacidade de comunicação dos sistemas ciber-físicos, de forma que humanos e fábricas inteligentes tendem a se comunicar por meio dessa nova tecnologia. O termo interoperabilidade remete a sistemas ciber-físicos que tenham a capacidade de operar de forma distribuída, conversando entre si de maneira padronizada e possibilitando que novos sistemas, máquinas, pessoas, entre outros, tenham a capacidade de integrar essa grande e complexa rede. Na Figura 2, você pode ver a interoperabilidade da Internet das Coisas. Figura 2. Interoperabilidade da Internet das Coisas (IoT). Fonte: Adaptada de Buffaloboy/Shutterstock.com. Virtualização: conhecida como Cyber-Factory, é o projeto virtual da fábrica inteligente, que, por sua vez, propõe uma cópia virtual das fábricas inteligentes, permitindo a rastreabilidade de todos os processos desenvolvidos a partir das informações obtidas em tempo real, por meio de sistemas de monitoramento dos processos e operações, gerados pelos inúmeros sensores dispostos ao longo de toda planta industrial. Com o aumento do uso da tecnologia computacional dentro da indústria, conceitos como o da Internet das Coisas (IoT) e o uso da tecnologia 3Arranjos produtivos na Indústria 4.0 da informação estão sobrepondo-se à tecnologia operacional, criando um suporte para ambientes e infraestruturas cada vez mais complexos. Realizando a integração de sistemas, concentrando essa integração em uma única plataforma e aplicando a virtualização desses sistemas, esta- remos criando nossa Cyber-Factory. Veja, na Figura 3, uma ilustração do processo de virtualização. Figura 3. Virtualização na indústria. Fonte: elenabsl/Shutterstock.com. Descentralização: processo obtido por meio dos sistemas autônomos e desenvolvido em ambientes ciber-físicos (Figura 4). Auxilia na tomada de decisões dentro das fábricas inteligentes e opera de acordo com as necessidades da produção em tempo real, permitindo que se analisem dados e se tomem decisões de forma independente. Além disso, as máquinas são autônomas, já que não apenas recebem comandos, mas fornecem informações sobre seu ciclo de trabalho e, em alguns casos, desenvolvem sua própria regulagem. Esta autonomia dos sistemas Arranjos produtivos na Indústria 4.04 ciber-físicos envolve monitoramento, previsão de falhas, planos de manutenção e ações corretivas, impactando diretamente na melhoria da qualidade dos produtos e dos serviços. Figura 4. Descentralização da indústria. Fonte: Adaptada de elenabsl/Shutterstock.com. Capacidade de operação em tempo real: é a capacidade na aquisição e tratamento de dados instantaneamente nos sistemas físicos da cadeia de suprimentos (Figura 5). Essa capacidade ocorre porque as estações de trabalho nas indústrias se conectam e se comunicam por meio da Internet das Coisas, construindo um ambiente ciber-físico e permitindo a tomada de decisões em tempo real. 5Arranjos produtivos na Indústria 4.0 Figura 5. Operação de toda indústria em tempo real. Fonte: Adaptada de Ico Maker/Shutterstock.com. Orientação dos serviços: também conhecida como Internet of Services, tem sua utilização nas arquiteturas de software orientadas aos serviços, ou seja, tem como finalidade integrar a oferta de serviços ao cliente, via internet, ao ambiente ciber-físico, agilizando o atendimento de suas necessidades. Modularidade: tem como finalidade a fácil adaptação às demandas do mercado, de forma flexível, por meio de módulos individuais, para que sua produção seja desenvolvida conforme a demanda. Geralmente, é realizada por meio do acoplamento e desacoplamento de módulos na produção, oferecendo flexibilidade para alterar as tarefas das máquinas com facilidade. Arranjos produtivos na Indústria 4.06 Para conferir trabalhos de pesquisa sobre a indústria 4.0, acesse o site a seguir. https://qrgo.page.link/8wJe As principais tendências nas linhas de produção Dentre as tendências de produção das fábricas inteligentes da indústria 4.0, estão os conceitos de compliance estratégico, as estruturas modulares, os sis- temas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems), os sistemas de execução da manufatura (MES — Manufacturing Execution System), os modelos de referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture Model Industry 4.0) e as decisões descentralizadas. A seguir, acompanhe a defi nição de cada uma dessas tendências. Compliance Compliance tem como objetivo assegurar a sobrevivência da empresa e gerar valor ao negócio, representando a conduta da empresa e sua adequação às nor- mas dos órgãos de regulamentação. Compliance deriva dos grandes impactos fi nanceiros, que são ocasionados por fatores como: ausência de orientações normativas; desalinhamentos às legislações aplicáveis; falta de ferramentas preventivas adequadas; falhas na gestão de processos; operações sem um estruturado sistema de informação. Conforme Fraporti e Barreto (2018), durante muito tempo, as orga- nizações trabalharam seus riscos e seus processos para conformidade como aspectos independentes, separados. Atualmente, o foco de atuação organizacional está direcionado para a integração das áreas, unindo téc- nicas de governança corporativa com a gestão dos riscos corporativos e conformidade (compliance). 7Arranjos produtivos na Indústria 4.0 A globalização e a economia influenciam diretamente na forma como as organizações executam suas atividades. Assim, a partir de atividades de compliance, é possível reduzir custos e despesas, aumentando o rendimento operacional das empresas e evitando perdas. Estejam estáveis ou não, as empresas, operando com grandes ou pequenos riscos, passaram a realizar previsões e projeções de situações diante da instabilidade que seus fornecedores e seus clientes enfrentam atualmente. As organizações, portanto, precisaram fazer o gerenciamento de riscos, e passaram a fazer isso de forma consciente e estruturada, ao implantar modelos organizacionais que façam a identificação, a priorização e a elaboração de medidas para os riscos concretizados, ou inconsciente e desestruturada, quando executam o tratamento dos riscos à medida que eles ocorrem. Além disso, com as conformidades das leis, a transparência dos processos se torna uma realidade mais consolidada, o que traz maior confiança ao mercado de atuação. Sistemas ciber-físicos (CPS — Cyber-Physical Systems) Os sistemas ciber-físicos (CPS) compreendem componentes digitais, analógi- cos, físicos e humanos interativos projetados para funcionar por meio de física e lógica integradas. Por meio desses sistemas, a Indústria 4.0 compreende a base da infraestrutura, de forma a desenvolver os avanços tecnológicos em diversas áreas, como a industrial, aeroespacial, médica, rural, entre outras. As tecnologias diretamente relacionadas a esse sistema incluem: Smart Building (construção inteligente ou automação predial); Smart Grids (rede elétrica inteligente); Smart Logistic (logística inteligente); Smart Product (produção inteligente); Smart Mobility (mobilidade inteligente). Um CPS típico deve ser capaz de se adaptar e evoluir constantemente em resposta a mudanças no ambiente por meio de reconfiguração em tempo real, isto é, deve-se monitorar continuamente e melhorar sua própria performance, além de se recuperar de falhas. Arranjos produtivos na Indústria 4.08 O sentido da classificação “inteligente” para um dispositivo ou sistema implica dizer que esse dispositivo possui algumas habilidades que são alcançadas por meio de proces- samento de informação, comunicação e computação. A inteligência pode ser descrita como a capacidade cognitiva para uma atuação eficiente no alcance de objetivos, tendo em vista as diversas condições às quais um dispositivoou sistema pode estar submetido. Sistemas de execução da manufatura (MES — Manufacturing Execution System) Segundo Jacobs e Chase (2012, p. 582), “[...] a programação das operações está no coração do que é geralmente chamado de Sistemas de Execução da Manufatura (MES — Manufacturing Execution Systems)”. Para fazer o gerenciamento da planta de forma mais ágil e estratégica, é preciso avaliar as informações do processo em tempo real e também as informações passadas. Um sistema de execução da manufatura integra os níveis de automação de chão de fábrica com os sistemas de negócios, fazendo a leitura das informações e guardando-as em uma base de dados, que podem ser acessadas por meio de funções e utilizadas em indicadores, planilhas de organização, agendas, etc. “Um MES é um sistema de informações que programa, entrega, rastreia, monitora e controla a produção no chão de fábrica. [...] Um grande número de projetistas especializados em softwares desenvolvem e implementam o sistema MES como parte de uma caixa de ferramentas de software” (JACOBS; CHASE, 2012, p. 582), determinada pela extensão do envolvimento físico do cliente com a organização de serviços. “As características comuns de qualquer grande sistema são um banco de dados central que contenha todas as informações relevantes sobre a disponibilidade de recursos e clientes e uma função de controle de gestão que integre e supervisione todo o processo” (JACOBS; CHASE, 2012, p. 582). Referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture Model Industry 4.0) Os modelos de referência para arquitetura da Indústria 4.0 (RAMI — Reference Architecture Model Industry 4.0) consistem em um modelo tridimensional (Figura 6) que mostra como abordar a questão da Indústria 4.0 de uma forma estruturada nas aplicações de soluções de conectividade para todos os projetos. Esse modelo tem como função gerar um ecossistema cibernético de toda cadeia 9Arranjos produtivos na Indústria 4.0 produtiva, garantindo a colaboração de todos os participantes envolvidos nas discussões da Indústria 4.0. Essa arquitetura orientada a serviços combina todos os elementos e com- ponentes de TI em uma camada e ciclo de vida modelo e divide processos complexos em pacotes fáceis de entender, incluindo privacidade de dados e segurança de TI. Figura 6. Modelo de referência tridimensional, estruturado e participante de toda a cadeia produtiva. Fonte: Modelo... ([2019?], documento on-line). Os impactos da implementação da Indústria 4.0 nos arranjos produtivos Para analisarmos os impactos da implementação da indústria 4.0, é preciso, inicialmente, conhecer os três pilares que tornam possível esses arranjos tecnológicos e que impactam diretamente no campo do desenvolvimento, da tecnologia da informação e do mercado de trabalho, quais sejam: a Internet das Coisas (Internet of Things), Big Data e a segurança nas informações. A Internet das Coisas (Internet of Things) é um termo bastante utilizado na concepção da nova Indústria 4.0 e que, resumidamente, refere-se à conexão em rede de inúmeros objetos físicos, como células de manufatura, máquinas, equipamentos, dispositivos, mecanismos e componentes industriais por meio de sistemas eletrônicos, permitindo a total coleta e, consequentemente, a troca de dados. Arranjos produtivos na Indústria 4.010 Big Data é um termo amplo, utilizado para designar conjuntos de dados tão grandes e complexos que se tornaram difíceis de manipular com softwares estatísticos tradicionais. É geralmente associado a um grande volume de da- dos, mas não somente, já que também se refere à heterogeneidade dos dados (estruturados e não estruturados). Atualmente, essa grande e heterogênea quantidade de dados é gerada diariamente por praticamente todos os dispo- sitivos digitais utilizados na vida cotidiana e no dia a dia empresarial, desde celulares a aparelhos de medição de máquinas industriais. Essa nova tecnologia da Indústria 4.0 consiste em toda a estrutura de dados de alta complexidade que são capturados, analisados e gerenciados pela tecnologia da informação. A Indústria 4.0 atende, com a tecnologia de Big Data, aos seguintes requisitos: conexão em alta velocidade em redes industriais; computação em nuvem (cloud); sistemas ciber-físicos. A segurança é um dos principais desafios que irão impactar diretamente na concepção da nova indústria 4.0. Sendo considerada a chave dos sistemas de informação, os possíveis defeitos na transmissão ou na comunicação entre plantas, células ou, ainda, entre máquina e componentes podem gerar eventuais defeitos e atrasos do sistema e a iminente parada de uma linha de produção de toda fábrica ou, até mesmo, de todas as plantas de um aglomerado de indústrias. Ter diferentes configurações e aplicações sendo executadas em servidores individuais pode resultar em um uso ineficiente do processo e gerar falhas nos diagnósticos e nos reparos. Além disso, é necessário ter um profissional capaz de conseguir trabalhar nessas diferentes plataformas. Agora que você conhece os três pilares da Indústria 4.0, pode analisar os principais impactos gerados por essas tecnologias. Destacaremos, aqui, os que são considerados como os três mais impactantes e que tendem a alterar toda a natureza do processo de produção, desde a origem da mercadoria até a entrega final para o consumidor. São eles: 11Arranjos produtivos na Indústria 4.0 impacto no modelo de negócios; impacto na área de segurança da tecnologia da informação; impacto em relação à mão de obra qualificada, para interação homem-máquina. Impacto no modelo de negócios A transformação global de sistemas produtivos será desafi adora. O impacto no modelo de negócios é considerado por especialistas como um dos maiores impactos a serem causados pela nova Indústria 4.0 e que afetará o mercado como um todo. Essa mudança consiste na criação de novos modelos de negócios em um mercado cada vez mais exigente, no qual muitas organizações já se adaptaram para adequar o produto às necessidades e preferências específi cas do cliente. Esse novo formato de negócios da Indústria 4.0 deve beneficiar o mercado empresarial e a população com igualdade social e estabilidade econômica; para tanto, as fábricas inteligentes passarão a levar em consideração a per- sonalização de cada cliente, adaptando-se às preferências dos consumidores. Diversas mudanças irão transformar as formas como os produtos serão manufaturados, a partir das fábricas inteligentes, impactando diversos setores do mercado. A Indústria 4.0 marca a descentralização do controle dos processos produtivos e a multiplicação de dispositivos inteligentes interconectados ao longo de toda a cadeia de produção e logística. Impacto na área de segurança da tecnologia da informação Outro grande impacto da Indústria 4.0 que vem preocupando muitos desen- volvedores, analistas e engenheiros da área da tecnologia da informação, em especial os profi ssionais do campo de segurança no desenvolvimento da tecnologia da informação, é o impacto na área de segurança da tecnologia da informação. Como todo sistema produtivo será digital, problemas como fa- lhas de transmissão na comunicação máquina-máquina ou até mesmo eventuais oscilações do sistema podem causar transtornos na produção ou até a parada total do sistema. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para adaptar as empresas a esse novo padrão de Indústria 4.0. Dentro dessa estrutura, na qual todos os sistemas utilizam a conectividade, tornam-se necessários sistemas de segurança que protejam os dados das empresas, contidos nos arquivos de controle dos processos e dos produtos. Para tanto, a segurança e a robustez dos sistemas Arranjos produtivos na Indústria 4.012 de informação vêm sendo consideradas como alguns dos principais desafios para o sucesso dessa nova indústria mundial. A segurança da informação é garantida por meio de diversas camadas, como, por exemplo: primeira camada: utilização de senha pessoal; segunda camada: utilização de uma verificação biométrica com base na retina, identificação facial ou da digital da pessoa; terceira camada: sistema para monitorar as atividades das duas cama- das anteriores e para garantir o acesso de determinadas informações somente às pessoas autorizadas; quarta camada: para garantir uma transmissão de dados segura, é utilizada a criptografia. Além de roubo de informações, muitos ataques são realizados para congestionar servidores, tornando-os inacessíveis àqueles que dependem de seus serviços. Um dos maiores perigos está ligado a ataques em sistemas de controle de processos, os quais podem gerar danos financeiros e também físicos, como incêndios e explosões em plantas industriais por falhas nos sistemas de segurança hackeados. Impacto em relação à mão de obra na interação homem-máquina Os empresários, assim como as escolas técnicas e as universidades, estão pre- vendo que haverá, dentro de um curto prazo de tempo, um grande impacto em relação à mão de obra qualifi cada para a nova Indústria 4.0. Com a necessidade do aperfeiçoamento de competências e habilidades no desenvolvimento de trabalhos dessa indústria inovadora, os profi ssionais tecnicamente capacitados deverão ter formação multidisciplinar para compreender e trabalhar com a variedade de tecnologia que compõe uma fábrica inteligente. Dessa forma, a consequência lógica da geração de empregos exigirá, além de novos profissionais, profissionais que já trabalham na indústria, que precisarão se adaptar, pois, com empresas ainda mais automatizadas, novas demandas surgirão, enquanto algumas deixarão de existir. O ponto central desse grande impacto é a capacitação de pessoal, que precisará 13Arranjos produtivos na Indústria 4.0 ser adaptada, de forma a desenvolver essas competências, promovendo o potencial humano nas organizações e, assim, atingindo os anseios dessa inovadora indústria do futuro. Profissionais de recursos humanos vêm desenvolvendo com urgência duas principais estratégias: uma relacionada à aprendizagem e à inovação no ambiente de trabalho; a outra, à necessidade de reformulação nos sistemas educacionais, unificando os interesses públicos, privados e científicos. O profissional da Indústria 4.0 deve compreender essa nova realidade: não é possível ser especialista em todas as áreas que a Indústria 4.0 abrange, mas é importante que se entenda que essas tecnologias existem e que, obrigato- riamente, será necessário interagir com elas. Poucas empresas contam com profissionais qualificados para passar por essa transição de forma tranquila; muitas vezes, é necessário contratar consultores espe cializados para apoio e manutenção dos diversos serviços que integram e fazem parte dessa revolução. FRAPORTI, S.; BARRETO, J. S. Gerenciamento de riscos. Porto Alegre: Sagah, 2018. JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: McGraw-Hill; Bookman, 2012. MODELO de arquitetura de referência tridimensional RAMI 4.0. Phoenix Contact, São Paulo, SP, [2019?]. Disponível em: https://www.phoenixcontact.com/online/portal/ br?1dmy&urile=wcm:path:/brpt/web/offcontext/insite_landing_pages/1323f37f-e566- 4009-8645-661c715cea23/6ddf5dfb-dbcb-47c8-8f1a-dc915d263cd3/605016fb-ed97- 4b22-a6fb-de1f93556226/605016fb-ed97-4b22-a6fb-de1f93556226. Acesso em: 3 abr. 2019. Arranjos produtivos na Indústria 4.014 INDÚSTRIA 4.0 Fernanda Rocha de Aguiar Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Examinar o impacto econômico da Quarta Revolução Industrial. Analisar as mudanças nas relações sociais com as novas tecnologias. Relacionar as expectativas dos consumidores com produtos inteligentes, inovação colaborativa e novos modelos operacionais. Introdução A Quarta Revolução Industrial já é uma realidade que engloba automação e tecnologia da informação, além das principais inovações tecnológicas desses campos. Internet das Coisas, Big Data, computação nas nuvens, drones, aprendizado de máquina, inteligência artificial, realidade aumen- tada e tantas outras tecnologias permeiam essa indústria, que ainda está em transição, mas que estabelece um movimento sem volta, impactando nas econômicas globais e alterando sobremaneira a forma de produzir e consumir bens e serviços. No mundo competitivo, cada vez mais em busca de novas tecnologias, a indústria cresce a uma velocidade sem precedentes. Diferentemente de todas as revoluções passadas, essas novas tecnologias estão cada vez mais ágeis, flexíveis e estão mudando não somente as indústrias, mas também a sociedade, a política, o setor público e a economia. Neste capítulo, você vai poder acompanhar os impactos econômi- cos, sociais e do mundo do trabalho que a Quarta Revolução Industrial provoca, entendendo as novas exigências dos consumidores diante desse cenário. O impacto econômico da Quarta Revolução Industrial A Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0 é a fase em que as indústrias de máquinas e equipamentos, baseadas em sistemas ciber-físicos, começam a tomar decisões de quando ligar, desligar ou de quando acelerar ou reduzir a produção no ambiente da manufatura — os norte-americanos preferem o termo manufatura avançada (BRITO, 2017). A Indústria 4.0 procura descrever a combinação de diversas tendências tecnológicas (inteligência artificial, sensores sofisticados e Internet das Coisas) que unem o mundo virtual e o mundo físico, transformando totalmente o modo como é conhecido o setor da indústria atualmente (MARTINS, 2016). Em todas as áreas de influência da Quarta Revolução Industrial, espera-se que um dos maiores impactos se estabeleça a partir de uma única força: o empoderamento, isto é, como os governos se relacionam com os seus cidadãos, como as empresas se relacionam com seus empregados, acionistas e clientes, ou como as superpotências se relacionam com os países menores. A ruptura que a Quarta Revolução Industrial causará aos atuais modelos políticos, econômicos e sociais exigirá que os atores capacitados reconheçam que eles são parte de um sistema de poderes distribuídos que requer formas mais colaborativas de interação para que possa prosperar (SCHAWB, 2016). Essa revolução reflete, ainda, um impacto monumental na economia glo- bal, uma vez que PIB, investimento, consumo, emprego, comércio e inflação são afetados por essas mudanças. Diante dessas premissas, duas dimensões apresentam-se como mais cruciais: o crescimento e o emprego. Em relação ao crescimento, verifica-se que a modernização dos processos industriais traz uma grande redução nos custos de produção, o que pode levar a menos profissionais com função operacional e mais com incumbências estratégicas. Logo, a capacitação de pessoal também precisará ser adaptada. Com o possível aumento de fábricas cada vez mais automatizadas, novas de- mandas tendem a surgir, enquanto outras podem deixar de existir. Atualmente, em alguns segmentos, trabalhos manuais e mão de obra humana já estão sendo substituídos por mão de obra automatizada (máquinas), e a tendência é que essa substituição seja cada vez maior. Porém, demandas em pesquisas e desenvolvi- mento tendem a crescer, gerando oportunidades para profissionais capacitados, com habilidades para compreender e trabalhar com a variedade de tecnologias que compõem uma fábrica inteligente (REIS, 2017, documento on-line). Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial2 Nessa lógica, a produção passa a ser muito mais flexível, dando velocidade ao atendimento de clientes. A Indústria 4.0 marca a descentralização do con- trole dos processos produtivos e a multiplicação de dispositivos inteligentes interconectados ao longo de toda a cadeia de produção e logística. Uma cadeia de valor mais flexível permiteque os produtores deem res- postas mais diretas e rápidas às necessidades dos consumidores. A oferta de produtos atualmente é mais vasta do que há uma década e cada vez mais se assiste à utilização de softwares enquanto um serviço. Ao mesmo tempo, tem-se assistido à redução do custo de produção, permitindo que os produtores façam, muitas vezes, produtos totalmente personalizados, com um custo aproximado ao da produção em massa. Com uma procura crescente por produtos feitos sob medida, esses podem significar maiores margens do que os produtos em massa. Segundo Reis (2017), a Indústria 4.0 afetará todo o mercado, principalmente no que se refere à criação de novos modelos de negócio, já que as empresas, frente à exigência do mercado, têm buscado adaptar-se, considerando as necessidades e preferências dos clientes. Assim, o processo de customização de acordo com os clientes parece ser mais uma tendência no processo de manufatura, e nisso entram as fábricas inteligentes, que produzirão essa personalização dos produtos. Portanto, para que se mantenham competitivas, as empresas, os negócios e seus países não poderão evitar a inovação, investindo em estratégias que se baseiam na oferta de produtos e serviços de maneira mais inovadora (SCHAWB, 2016). A inteligência artificial já está presente em nosso cotidiano. Alguns exemplos dessa tecnologia podem ser citados, como o reconhecimento facial, que permite encontrar um rosto em meio a uma multidão, e é uma ferramenta em uso pelas agências de combate ao terrorismo. Outra forma de verificar a inteligência artificial ocorre na detecção de potencial de fraude em diversos campos de negócio. O PayPal, por exemplo, usa a ferramenta para prevenir lavagem de dinheiro em seu sistema de pagamento. Na área da saúde, também encontramos o uso dessa abordagem. A inteligência artificial é utilizada, por exemplo, para entender os fatores de risco da diabetes, com algoritmos capazes de prever o risco de hospitalização em pacientes com a doença; e na prevenção do câncer de mama, analisando mamografias e detectando a probabilidade de se contrair a doença com um ano de antecedência do surgimento dos primeiros sintomas, segundo estudo do estudo do Computer Assisted Diagnosis (CAD). Fonte: Borini (2017). 3Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial Transformações no mundo do trabalho Quanto ao emprego, apesar do potencial impacto positivo da tecnologia no crescimento econômico, sempre surgem os temores sobre o fi m de algumas atividades, o que resultaria em perda de posições de trabalho. Durante os últimos anos, reacendeu-se esse debate, pois os computadores substituíram vários empregos, como caixas e operadores de telefone. É preciso entender os dois efeitos concorrentes que a tecnologia exerce sobre os empregos destacados por Schawb (2016). Em primeiro lugar, quando as rupturas alimentadas pela tecnologia e a automação substituem o trabalho por capital, há um efeito destrutivo e os trabalhadores ficam desempregados ou realocam suas habilidades em outros lugares. Em segundo lugar, o efeito pode ser capitalizador, já que a demanda por novos bens e serviços aumenta, resultando na criação de novas profissões, empresas e indústrias. Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial de 2016, sete países são os pioneiros da Quarta Revolução Industrial: Cingapura, Finlândia, Suécia, Noruega, Estados Unidos, Israel e Holanda. Na América do Sul, destaca-se o Chile, que figura na 38ª posição global. O Brasil fica na 72ª posição do ranking, atrás de países como Uruguai, Costa Rica e Colômbia. Países da União Europeia já apostam no modelo industrial 4.0 para ganhar competitividade global. A Alemanha, por exemplo, busca ser um país líder na implementação de fábricas inteligentes. A indústria alemã irá investir, anualmente, € 40 bilhões na infraestrutura da Internet Industrial até o ano de 2020. A Quarta Revolução Industrial também poderá aumentar ainda mais a desigualdade entre os países ricos e pobres. As economias mais prejudicadas serão as que usam mão de obra barata como vantagem competitiva, como acontece nos países em desenvolvimento (como o Brasil e México) (CUNHA, [2018?], documento on-line). Para Schawb (2016), é possível que a nova revolução tecnológica provoque mais agitações do que as revoluções industriais anteriores devido às características de velocidade (tudo está acontecendo muito rapidamente), amplitude e profundidade (há muitas mudanças radicais ocorrendo ao mesmo tempo). Especula-se, portanto, que as novas tecnologias mudarão drasticamente a natureza do trabalho em todos os setores e ocupações. O que não se sabe, ainda, é sobre a quantidade de postos de trabalho que serão substituídos pela automação. Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial4 Com esse cenário tecnológico, que nos leva a uma Sociedade 4.0, o que, então, é o desemprego tecnológico? Podemos conceituá-lo com base na reflexão de Venturelli (2018): substituição de mão de obra por máquinas ou sistemas; substituição de operação intelectual conhecida por máquinas ou sistemas; dispensa de trabalhadores por novos modelos e padrões que evoluíram ou não existiam. Schwab (2016), fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, compreende a Quarta Revolução Industrial com dois grandes diferen- ciais em relação as revoluções anteriores. O primeiro é que as transformações tecnológicas estão em andamento ao mesmo tempo que se discute sua espe- cificidade; já as revoluções anteriores só foram estudadas e analisadas após suas transformações se efetuarem de fato. Além disso, é a fusão de diversas tecnologias que a diferencia das anteriores, isto é, sua interação entre os domí- nios físicos, digitais e biológicos. Nanotecnologia, sequenciamento genético, novas máquinas, computação quântica e energias renováveis são exemplos desse movimento, tendo como marco inicial a virada do século XXI, com uma onda de novas descobertas, e, como base, o avanço da tecnologia digital. De acordo com Schwab (2016), diferentes categorias de trabalho, princi- palmente aquelas que envolvem o trabalho mecânico repetitivo e o trabalho manual de precisão, já estão em processo de automatização, e outras categorias seguirão o mesmo caminho, respondendo ao crescimento exponencial da capacidade de processamento. Curiosamente, no entanto, a Quarta Revolução Industrial parece estar criando menos postos de trabalho nas novas indústrias do que as revoluções anteriores. Schwab (2016) destaca estudo do Oxford Martin Programme on Technology segundo o qual apenas 0,5% da força de trabalho dos EUA está empregada em indústrias que não existiam na virada do século, o que significa uma porcentagem muito menor do que os aproximadamente 8% novos postos de trabalho criados em novas indústrias durante a década de 1980 e os 4,5% de novos postos de trabalho criados durante a década de 1990. 5Impactos econômicos, legais e sociais da Quarta Revolução Industrial Desde o advento, e da posterior adoção em massa, da internet, as máquinas vêm aprendendo e, agora, sendo aplicadas às indústrias, estão levando a uma substituição do conhecimento humano por sistemas inteligentes e automa- tizados. Assim, segundo Venturelli (2018), profissões que envolvem tarefas conhecidas, repetitivas, tendem a ser executadas por máquinas, como, por exemplo, motoristas, operadores de caixa, contadores, operadores industriais. Por outro lado, profissões que requeiram criação, abstração, desenvolvimento, que tenham que lidar com situações novas e serviços para pessoas, como enge- nharias, ciência de dados, computação, matemática, gestão estratégica, tendem a ser as mais crescentes e mudarão o perfil do trabalhador do século XXI. Acesse o link a seguir e acompanhe as previsões do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho. https://goo.gl/r95YKq Veja, na Figura 1, algumas das principais novas tecnologias da Quarta
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