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DIREITOS HUMANOS 
 
 
1MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS 
 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
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 DIREITOS HUMANOS 
 
 
3MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
O PROCESSO HISTÓRICO DE CONSTRUÇÃO E 
AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
A convicção de que todos os seres humanos têm o 
direito a ser igualmente respeitados pelo simples fato de sua 
humanidade é a ideia central do movimento em prol dos 
direitos humanos. 
A dimensão internacional dos direitos humanos é um 
fenômeno recente na história mundial consolidando-se a 
partir da II Grande Guerra. A sucessão de tragédias 
humanas ocorridas a partir da segunda metade do século XX 
impõe uma conscientização permanente sobre a capacidade 
de destruição do ser humano. Instiga, por isso mesmo e de 
igual modo, uma revisão das lições do passado além de 
modéstia em relação ao progresso e aos avanços materiais e 
tecnológicos da humanidade. 
Observando-se a evolução do direito internacional 
público nas últimas décadas, percebe-se a aceleração do 
fenômeno da internacionalização de matérias como meio 
ambiente, desenvolvimento sustentável, autodeterminação 
dos povos e dos direitos humanos, em geral. 
O fluxo de assuntos, originalmente tidos como privativos 
do Estado, transpostos ao domínio internacional, 
incrementou-se grandemente. O reconhecimento da 
existência ou da supremacia de normas de direito 
internacional, imponíveis aos Estados, contribui 
significativamente para erodir o princípio do voluntarismo. 
Contudo, somente a partir da Segunda Guerra Mundial 
vem sendo instaurado progressivamente o sistema 
internacional de proteção aos direitos humanos. Aliás, como 
bem sintetiza a emérita Professora Flávia Piovesan: 
“No momento em que os seres humanos se tornam 
supérfluos e descartáveis, no momento em que vige a lógica 
da destruição, em que cruelmente se abole o valor da 
pessoa humana, torna-se necessário a reconstrução dos 
direitos humanos, como paradigma ético de restaurar a 
lógica do razoável.” (PIOVESAN, 2006, p.13) 
Vislumbra-se que seu desenvolvimento histórico rompe 
com numerosas concepções tradicionais de direito 
internacional. Afirma, a propósito, o renomado Celso Mello 
que: 
“O direito internacional dos direitos humanos pode ser 
definido como o conjunto de normas que estabelece os 
direitos que os seres humanos possuem para o 
desenvolvimento de sua personalidade e estabelecem 
mecanismos para a proteção de tais direitos.” (MELLO, 2001, 
p. 33). 
 “Os direitos humanos têm caráter peculiar no direito e 
nas relações internacionais por várias razões. Em primeiro 
lugar porque têm como sujeitos não os Estados, mas sim, no 
dizer de Noberto Bobbio, o homem e a mulher na qualidade 
de ‘cidadãos do mundo’. Em segundo porque, pelo menos à 
primeira vista, a interação dos Governos nesta área não visa 
a proteger interesses próprios. Em terceiro, e 
indubitavelmente, porque o tratamento internacional da 
matéria modifica a noção habitual de soberania”. ALVES, 
José Augusto Lindgren. 
 
CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS 
O conceito de direitos humanos pode ser definido sob 
dois aspectos. O primeiro trata da análise dos fundamentos 
primeiros desses direitos, sendo tema de grande relevância 
para a filosofia, sociologia e ciência política contemporânea. 
O segundo aspecto é a abordagem jurídica dessa categoria 
de direitos que se relaciona diretamente com o conjunto de 
tratados, convenções e legislações cujo objeto é a definição 
e regulação dos mecanismos, internacionais e nacionais, 
garantidores dos direitos fundamentais da pessoa humana. 
A expressão direitos humanos pode referir-se a 
situações políticas, sociais e culturais que se diferenciam 
entre si, tendo significados diversos. Assim, o conceito de 
direitos humanos alcança um caráter fluido, aberto e de 
contínua redefinição. Neste ambiente, como é fácil perceber, 
cada autor encontrará a definição que julgar mais apropriada. 
Para Louis Henkin, os direitos humanos constituem um 
termo de uso comum, mas não categoricamente definido. 
Esses direitos são concebidos de forma a incluir aquelas 
reivindicações morais e políticas que, no consenso 
contemporâneo todo ser humano tem ou deve ter perante 
sua sociedade ou governo; reivindicações estas 
reconhecidas como de direito e não apenas por amor, graça 
ou caridade. 
Sob essa ótica, os direitos humanos são aqueles direitos 
fundamentais que o homem possui pelo fato de ser humano, 
por sua própria natureza e pela dignidade que a ela é 
inerente. Ademais, além dos aspectos normativos, os direitos 
humanos são produtos de lutas políticas e dependem de 
fatores históricos e sociais que refletem os valores e 
aspirações de cada sociedade, sendo que também requerem 
um ambiente propício para que sejam respeitados. Por isso, 
os direitos humanos devem ser examinados 
sistematicamente a partir de uma perspectiva interdisciplinar 
que considere todos os seus aspectos e não perca de vista o 
contexto histórico e social em que estão inseridos 
 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 
Resultado da II Conferência Mundial de Direitos 
Humanos de 1993, a Declaração de Viena é um dos 
documentos mais abrangentes adotados consensualmente 
pela comunidade internacional sobre o tema dos direitos 
humanos. Tal Conferência contribuiu decisivamente para 
consolidar e difundir a importância de temas de interesse 
internacional como os direitos humanos. Além disso, pôs fim 
a antigas disputas doutrinárias sobre os principais 
fundamentos dos direitos humanos. 
De fato, os direitos humanos adquirem algumas 
características próprias, que os diferenciam dos demais 
direitos, e que ajudam a defini-los e a reconhecê-los, são 
eles: internacionalismo, universalidade, indivisibilidade e 
como direitos frente ao Estado. 
 
A Universalidade e Indivisibilidade dos Direitos 
Humanos 
O debate sobre os fundamentos comuns dos direitos 
humanos encontra-se intimamente relacionado com a própria 
eficácia dos mecanismos garantidores do sistema de 
proteção desses direitos. 
A questão de legitimação universal dos direitos humanos 
deixou de ser teórica e abstrata passando a fazer parte do 
conjunto de fatores determinantes de sua eficácia. 
Assim, a construção de uma teoria justificadora dos 
direitos humanos, que possa fundamentá-los e sirva para 
definir quais são os direitos humanos, supõe a superação da 
dicotomia universalismo/relativismo. A ideia central do 
relativismo consiste em afirmar que não existe um valor 
moral único que possa atender ao bem-estar de todos os 
seres humanos porque as particularidades culturais exercem 
um papel determinante na forma sob a qual os valores 
assegurados pelos direitos humanos irão formalizar-se. 
Contudo, é preciso modificar esse entendimento por 
meio da identificação de argumentos racionais que 
possibilitem a construção dos fundamentos dos direitos 
humanos em tornotambém de valores universais, resumidas 
na ideia de dignidade humana. 
A manutenção da dignidade humana constitui o cerne 
dos direitos humanos, pois é por meio deles que serão 
asseguradas as múltiplas dimensões da vida humana e 
garantida a realização integral da pessoa. A marca 
característica da universalidade dos direitos humanos 
residirá no seu conteúdo, isto é, normas gerais que se 
destinam a todas as pessoas como seres humanos quer 
sejam nacionais ou estrangeiros. 
O problema da fundamentação ética dos direitos 
humanos está relacionado com a busca de argumentos 
racionais e morais que justifiquem sua pretensão de validade 
universal. 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
4MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
A argumentação permite o exercício da liberdade, do 
confronto e do amadurecimento de ideias, em direção a uma 
solução jurídica que não tem a pretensão de aniquilar as 
diferenças culturais como afirma a corrente relativista e sim 
de propor uma solução razoável. 
A reafirmação da universalidade dos direitos humanos 
constituiu uma das conquistas da Declaração de Viena ao 
afirmar no seu artigo 1º. que: “A natureza universal de tais 
direitos e liberdades não admite dúvidas”. E ainda afirma no 
artigo 5º. que as particularidades históricas, culturais e 
religiosas devem ser levadas em consideração, mas os 
Estados têm o dever de promover e proteger todos os 
direitos, independentemente dos respectivos sistemas. 
A indivisibilidade dos direitos humanos está relacionada 
com a compreensão integral desses direitos os quais não 
admitem fracionamentos. São os direitos econômicos, 
sociais e culturais que sofrem as maiores críticas 
relacionadas a esse respeito. Essa questão foi tratada por 
ocasião da I Conferência Mundial de Direitos Humanos, de 
1968, realizada em Teerã e também ratificada na II 
Conferência de Viena de 1993. A ideia inicial durante a 
Conferência de Teerã era instituir um Pacto Internacional de 
Direitos Humanos, de natureza jurídica obrigatória, para 
complementar o sistema da Declaração Universal e 
estabelecer um mecanismo jurídico de controle internacional. 
Contudo, por razões políticas decorrentes da Guerra 
Fria, o Pacto Internacional foi dividido em dois: o Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. 
Durante a elaboração dos dois Pactos, instituiu-se então 
que o “grupo ocidental” enfatizava os direitos civis e políticos 
enquanto o “grupo socialista” privilegiava os direitos 
econômicos, sociais e culturais. Mais tarde, com o fim da 
Guerra Fria, percebeu-se que os argumentos levantados em 
prol de uma ou outra “categoria” de direitos ressaltava a 
unidade fundamental de concepção dos direitos humanos, 
pois tantos os direitos civis e políticos quanto os direitos 
econômicos, sociais e culturais ora requerem ações positivas 
ora negativas por parte do Estado. 
De qualquer maneira, o Direito Internacional dos Direitos 
Humanos consagra, efetivamente, os direitos políticos, a 
saber, tanto o direito de votar e ser votado, quanto de ter 
eleições periódicas autênticas e o sufrágio universal e 
secreto; quanto os direitos econômicos, sociais e culturais, 
relacionados ao direito à moradia, à saúde, à alimentação ao 
desenvolvimento sustentável. Desta forma, a garantia dos 
direitos civis e políticos é condicionada à observância dos 
direitos sociais, econômicos e culturais e vice-versa. 
Atualmente, o entendimento predominante é de que 
todos os direitos humanos são interdependentes e 
indivisíveis, cabendo aos direitos civis e políticos importante 
papel na consecução do desenvolvimento. Se, por um lado, 
as condições estruturais têm reflexo óbvios na situação dos 
direitos econômicos e sociais, afetando também os direitos 
civis mais elementares; por outro lado, a ausência de níveis 
satisfatórios de desenvolvimento econômico social não é 
mais aceita como escusa para a inobservância de tais 
direitos. Assim como as deficiências econômicas deixaram 
de ser justificativas para as violações, também perdeu valor 
explicativo o relativismo cultural. 
Consequentemente, pode-se dizer que todos os direitos 
humanos, nacional e internacional, constituem um complexo 
integral, harmônico e indivisível, em que os diferentes 
direitos estão necessariamente inter-relacionados e são 
interdependentes entre si. 
Afinal, como proclamou a Conferência de Teerã, a 
realização plena dos direitos civis e políticos seria impossível 
sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais. 
 
Afirmação histórica dos direitos humanos 
A problemática época em que vivemos, onde milhões de 
pessoas reivindicam soluções urgentes, não se dissocia de 
todo o contexto socioeconômico, político e jurídico em que se 
insere a questão dos direitos humanos e da cidadania no 
Brasil. Com a perpetuação de uma cultura ideológica 
dominante, que serve à manutenção e reprodução do status 
quo, formando uma barreira intransponível no que seria a 
conscientização do indivíduo no contexto dos direitos 
humanos, torna-se difícil a construção de uma cidadania com 
dignidade. 
Em países periféricos como o Brasil o cotidiano vivido 
pela ampla maioria de sua população demonstra claramente 
a caótica situação de miserabilidade crescente, 
desempregos, subempregos, fome e aumento da violência, 
ao mesmo tempo em que se cria um senso comum de 
violência, autoritarismo e conformidade com as atuais 
circunstâncias, incapazes de distinguir representação de 
realidade. Resulta numa crise moral, ética e política onde 
corrupção e clientelismo afetam o cerne do Estado que é 
visto como provedor de bem-estar social. Basta observarmos 
a violação dos direitos humanos e a exclusão de minorias - 
que, somadas, formam maioria frente aos direitos 
fundamentais - e da própria possibilidade de lutar por tais 
direitos. A Constituição Federal, por sua vez, diz 
expressamente em seu título I, que tem como fundamento, 
no que se refere aos direitos do homem, a cidadania, a 
dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho 
e da livre iniciativa e o pluralismo político. Prescreve ainda, 
como objetivos fundamentais, construir uma sociedade livre, 
justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização e 
reduzir as desigualdades sociais e regionais. 
Em seu título II afirma os direitos civis, sociais e políticos 
do cidadão. Na prática, a afirmação constitucional destes 
direitos não é garantia suficiente de sua efetividade. 
Historicamente, os direitos humanos são concebidos como 
mecanismos de defesa dos cidadãos contra o arbítrio dos 
governantes e abusos do Estado. Porém, como é o Estado 
que legisla e que deveria garantir sua aplicação, ocorre a 
ineficácia dos mesmos. 
Os termos cidadão, cidadania, da forma como 
normalmente são abordados tanto no meio escolar como no 
meio jurídico, são extremamente vagos, podendo ter várias 
interpretações, de acordo com os interesses em jogo. A 
cidadania, por exemplo, de acordo com a cultura jurídica 
dominante, pode ser vista meramente como um atributo 
concedido pelo Estado ao indivíduo nacional. Esse atributo é 
a nacionalidade que seria a condição de cidadania, a qual, 
sendo uma categoria estática, uma vez concedida, 
acompanharia o indivíduo por toda a vida (Cf. Andrade, 
1993:28). Consideramos, porém, que a cidadania é mais que 
a simples equivalência à nacionalidade e que o cidadão 
formal pode não ter conhecimento de seus direitos, sendo 
que o conhecimento de que é sujeito de direitos é condição 
para o exercício da cidadania. E, neste sentido, apenas ter 
conhecimento não é suficiente. É necessário lutar tanto pela 
efetividade dos direitos elencados na norma constitucional 
quanto por novos direitos. 
A norma constitucional brasileira, tendo em vista seu 
caráterformal e a falta de garantias judiciais de aplicação, 
não é garantia da efetividade dos direitos humanos. Embora 
esses direitos sejam reconhecidos formalmente, até que 
ponto eles são realmente respeitados e eficazes no cotidiano 
da população? Como estendê-los a todos os planos da vida, 
mesmo àqueles que estão à margem da cidadania plena? O 
problema com relação aos direitos do homem não é mais o 
de fundamentá-los, e sim o de protegê-los. Para Norberto 
Bobbio trata-se de saber “qual é o modo mais seguro para 
garanti-los, para impedir que, apesar das solenes 
declarações, eles sejam continuamente violados” (Bobbio, 
1992a:25). Devem então ser exigidos por aqueles que são 
seus destinatários, pois somente através da mobilização pelo 
respeito e conhecimento desses direitos é que se alcançará 
sua efetividade. A falta de conhecimento e consequente falta 
de reivindicação destes direitos é, assim, o entrave para a 
sua efetividade. Desta forma, a educação em direitos 
humanos e cidadania pode levar à emancipação da 
população e à luta pelos direitos já elencados na 
Constituição. 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
5MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
Classificação dos direitos humanos 
Teoria do status 
Ela foi desenvolvida no final do século XIX pelo filósofo, 
professor e juiz alemão George Jellinek. 
Segundo esse professor, os direitos humanos devem ser 
traduzidos em normas estatais para que desse modo sejam 
garantidas e concretizadas. Ele estuda a relação do sujeito 
com os direitos humanos e daqueles com o Estado, desse 
modo, ele faz uma comparação em que é possível visualizar 
o indivíduo diante de quatro situações frente ao Estado. 
Na primeira delas o indivíduo encontra-se em posição de 
subordinação, ou como menciona o professor André de 
Carvalho Ramos em sua obra denominada "Curso de 
Direitos Humanos", aqui existe um "status passivo" do ser, 
ou seja, além de apenas direitos, o indivíduo tem deveres 
perante a sociedade e que segundo Jellinek o correto 
cumprimento desses deveres leva a implementação do 
direito de todos. 
Em um segundo momento existe um "status negativo", 
que nada mais é do que um conjunto de regras que vão 
limitar a atuação do Estado frente ao indivíduo, tais regras 
atuam como se fossem verdadeiros sistema de proteção 
contra a vontade imperativa do Estado. 
Aliás é interessante reforçar uma segunda hipótese, pois 
se o Estado é responsável por proteger as garantias 
individuais de cada indivíduo, não poderá ele desrespeitar 
esse mandamento. 
Existe também a existência de um terceiro ponto, 
conhecido como "status positivo". Aqui o Estado deverá 
reunir um conjunto de ferramentas que estarão disponíveis 
ao indivíduo para que ele possa invocá-las no momento de 
proteção dos seus direitos. 
O professor André de Carvalho Ramos menciona um 
exemplo bem interessante para explicar esse status. Imagine 
que a pessoa tem garantido em uma norma o direito à vida, 
mas na sociedade em que ela vive, existem 
diversas violações dos direitos humanos, como latrocínio, 
homicídio dentre outros. 
Caberá ao Estado portanto agir positivamente para 
assegurar o direito à vida de cada pessoa, seja implantando 
um policiamento eficiente ou através de políticas pública para 
a garantia e proteção desse direito. 
Em um quarto momento, existe o "status ativo" que nada 
mais é do que um conjunto de prerrogativas para facilitar a 
atuação do indivíduo na construção e desenvolvimento do 
Estado. Desse modo existem os direitos políticos, como 
representação desse status em que o cidadão poderá 
almejar qualquer cargo público dentro dessa instituição. 
 
Teoria das dimensões 
Essa teoria foi idealizada pelo jurista Karel Vasak em 
1979. 
Segundo o mesmo autor, cada dimensão ou geração 
corresponde a um dos elementos da revolução francesa, 
desse modo, a liberdade, igualdade e fraternidade 
correspondem respectivamente a primeira, segunda e 
terceira geração. 
Não é apenas no estudo dos direitos humanos, mas 
o direito constitucional também dá uma importância ímpar 
para o estudo das gerações de direito, principalmente no 
início da matéria ou quando vamos estudar o artigo 5º da 
Constituição Federal. 
A primeira geração de direitos pode ser 
identificada como um conjunto de prerrogativas associadas à 
liberdade, aqui o Estado tem a missão de proteger a 
liberdade e a autonomia do indivíduo. Daqui surgiram os 
direitos políticos e civis. 
Na história, podemos identificar o surgimento desses 
direitos através após as grandes revoluções liberais do 
século XVIII que ocorreram nos Estados Unidos e na França, 
respectivamente. 
Já a segunda geração de direitos colocou a igualdade 
como objetivo a ser alcançado. Aqui os direitos sociais 
surgem e são garantidos dentro das Constituições dos 
Estados. Dentre eles, podemos mencionar o direito à 
educação, saúde, habitação dentre outros. 
Nesse momento exige-se um papel mais ativo do 
Estado, de modo que não fique apenas a observar o que 
acontece na sociedade, mas atue diretamente para a 
concretização e efetivação dos direitos postos, tanto de 
primeira como de segunda geração. 
Alguns autores costumam mencionar que nesse período 
conhecido na história como Revolução Industrial, existiu uma 
grande violação dos direitos humanos de modo que fosse 
necessário o surgimento de tais prerrogativas. Alguns 
documentos são importantes para ilustrar as conquistas 
desse período, dentre eles podemos mencionar 
a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de 
Weimar de 1919. 
Até aqui já temos direitos dos indivíduos e de alguns 
grupos garantidos, na terceira geração de direitos o raio de 
proteção cresce e consequentemente o número de pessoas 
que têm assegurado a proteção de seus direitos. Dentre eles 
podemos mencionar o direito à paz, ao meio ambiente, ao 
desenvolvimento e a autodeterminação. 
São conhecidos como direitos de solidariedade pelo 
caráter solidário de abrangência de tais prerrogativas além 
da existência de um vínculo do homem com o planeta e com 
o seu próximo. 
Existem ainda alguns autores que mencionam a 
existência de quartas ou quintas dimensões de direitos, mas 
tais posicionamentos não são uma unanimidade dentro do 
estudo dos direitos humanos. 
 
GERAÇÕES/DIMENSÕES DO DH 
DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO 
 Os direitos fundamentais de primeira geração ou 
dimensão são os direitos individuais com caráter negativo 
por exigirem diretamente uma abstenção do Estado, seu 
principal destinatário. 
 Alguns exemplos de direitos fundamentais de primeira 
geração são o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à 
liberdade de expressão, à participação política e religiosa, à 
inviolabilidade de domicílio, à liberdade de reunião, entre 
outros. 
 
DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO 
 Ao contrário dos direitos de primeira geração, em que o 
Estado não deve intervir, nos direitos de segunda geração o 
Estado passa a ter responsabilidade para a concretização de 
um ideal de vida digno na sociedade. 
 Ligados ao valor de igualdade, os direitos fundamentais 
de segunda dimensão são os direitos sociais, econômicos e 
culturais. Direitos que, para serem garantidos, necessitam, 
além da intervenção do Estado, que este disponha de poder 
pecuniário, seja para criá-las ou executá-las, uma vez que 
sem o aspecto monetário os direitos de segunda dimensão, 
não se podem cumprir efetivamente. 
 
 DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO 
Os direitos fundamentais de terceira geração emergiram 
após a Segunda Guerra Mundial e, ligados aos valores de 
fraternidade ou solidariedade, são os relacionados ao 
desenvolvimento ou progresso, ao meio ambiente, à 
autodeterminação dos povos, bem como ao direito de 
propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e ao 
direito de comunicação. São direitos transindividuais, em rol 
exemplificativo, destinadosà proteção do gênero 
humano. Em caráter de humanismo e universalidade, os 
direitos fundamentais de terceira geração direcionam-se para 
a preservação da qualidade de vida, tendo em vista que a 
globalização a tornou necessária. 
 
DIREITOS DE QUARTA GERAÇÃO 
Apesar de ser pouco discutido na doutrina, os direitos 
fundamentais de quarta geração são importantíssimos pois 
compreendem os direitos à democracia, a informação e ao 
pluralismo. 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
6MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
Tal direito versa sobre o futuro da cidadania e a proteção 
da vida a partir da abordagem genética e suas atuais 
decorrências. Esta imposição de reconhecimento e garantia 
por parte do Estado se dá porque as normas constitucionais 
estão em constante interação com a realidade. 
 
CARACTERÍSTICAS DOS DH 
As características dos direitos fundamentais são 
consideradas princípios norteadores, pois antecedem 
qualquer ordenamento jurídico. São elas: 
 
 1- UNIVERSALIDADE 
 Os direitos fundamentais são dirigidos a todo ser 
humano, sem restrições, independentemente de sua raça, 
credo, nacionalidade ou convicção política. 
 
 2- IMPRESCRITIBILIDADE 
 Os direitos fundamentais não estão sujeitos à 
prescrição, ou seja, não se perdem com o decorrer do 
tempo. Entretanto, há direitos que podem ser prescritos, 
como é o caso da propriedade que poderá ser atingida pela 
usucapião quando não exercida. 
 Por não estarem sujeitos à prescrição, os direitos 
fundamentais podem ser agregados a outros direitos, sem 
que isso os afete de qualquer forma, não permitindo que os 
direitos já adquiridos sejam prejudicados ou eliminados. 
 
 3 - HISTORICIDADE 
Os direitos fundamentais são parte de um processo 
histórico, adquiridos através de inúmeras revoluções no 
desdobrar-se da história. 
 
 4 - IRRENUNCIABILIDADE 
 Os direitos fundamentais são irrenunciáveis pelo titular. 
Entretanto, existe a possibilidade de renúncia temporária, 
podendo ser vista, por exemplo, nos programas de televisão 
conhecidos como reality shows, em que as pessoas 
participantes, por desejarem receber o prêmio oferecido, 
renunciam, durante a exibição do programa, à inviolabilidade 
da imagem, da privacidade e da intimidade. 
 
 5 - INALIENABILIDADE 
Os direitos fundamentais são intransferíveis, inegociáveis 
e indisponíveis, não podendo ser desertados. Contudo, 
existe a possibilidade de sua não atuação. 
 Pode-se exemplificar a inalienabilidade com a distinção 
entre capacidade de gozo, que são os direitos irrenunciáveis 
e a capacidade de exercício, onde pode optar por sua 
execução. 
 
 6 - INEXAURIBILIDADE 
 O artigo 5°, parágrafo segundo da Constituição Federal 
explica que os direitos e garantias expressos nesta 
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e 
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja 
parte. 
 
7 - CONCORRÊNCIA OU INTERDEPENDÊNCIA 
 Os direitos fundamentais interagem entre si, 
influenciando-se, havendo, assim, uma mútua dependência, 
visto que seus conteúdos se vinculam e, por vezes, 
necessitam ser complementados por outros direitos 
fundamentais. 
 Exemplificando essa característica, pode-se dizer que a 
liberdade de locomoção concorre com a garantia do habeas 
corpus e com o devido processo legal, ou seja, podem ser 
usadas conjuntamente. 
 
8 - APLICABILIDADE 
 Os direitos fundamentais têm aplicabilidade imediata, 
não podendo, sob nenhuma hipótese, serem postergados. A 
Constituição Federal determina ser da competência dos 
poderes públicos a aplicabilidade imediata dos direitos e 
garantias previstos em lei. 
 
9 - CONSTITUCIONALIZAÇÃO 
São os direitos positivados na Constituição de um país. 
Os direitos fundamentais influem em todo o Direito, não só 
quando tem por objeto as relações jurídicas dos cidadãos 
com os poderes públicos, mas também quando regulam as 
relações jurídicas entre os particulares. 
Em tal medida servem de pauta tanto para o legislador 
como para as demais instâncias que aplicam o Direito, as 
quais, ao estabelecer, interpretar e pôr em prática normas 
jurídicas, deverão ter em conta o efeito dos direitos 
fundamentais. 
 
O SISTEMA INTERNACIONAL DE 
PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Os sistemas internacionais de proteção dos direitos 
humanos são o conjunto de normas, órgãos e mecanismos 
internacionais surgidos a partir de 1945 com o intuito de 
promover a proteção dos direitos humanos em todo o 
mundo. Na atualidade, existem 3 sistemas regionais de 
proteção (interamericano, europeu e africano) e um sistema 
universal (Nações Unidas). 
 
SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS 
O sistema interamericano de proteção dos direitos 
humanos é o sistema regional aplicável ao Estado brasileiro 
e é composto pela Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos e pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, 
órgãos de monitoramento da Organização dos Estados 
Americanos (OEA). 
Desde sua criação, esse sistema regional adotou uma 
série de instrumentos internacionais de promoção e proteção 
dos direitos humanos, que se tornaram sua base normativa. 
A Convenção Americana de Direitos Humanos ou Pacto de 
San José e a Declaração Americana de Direitos e Deveres 
do Homem deram início a este processo. Em seguida, 
vieram convenções e protocolos sobre temas de tortura, 
pena de morte, violência contra a mulher, desaparecimentos 
forçados, discriminação contra pessoas portadoras de 
deficiência e direitos econômicos, sociais e culturais. Estas 
normativas internacionais evoluíram para a construção de 
um arcabouço legislativo que reconheceu e definiu direitos, 
criando obrigações internacionais para os Estados e 
estabelecendo órgãos de monitoramento do cumprimento 
destas obrigações. 
 
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, com sede 
em São José, Costa Rica, é uma instituição judicial 
autônoma da Organização dos Estados Americanos 
destinada a aplicar e interpretar a Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos e outros tratados do Sistema 
Interamericano de Proteção. Criada em 1979, é composta de 
juristas da mais alta reputação moral e reconhecida 
competência no campo dos direitos humanos, eleitos a título 
pessoal. A Corte possui competência contenciosa e 
consultiva. 
 
O sistema europeu 
O sistema europeu nasceu com o advento da Convenção 
Europeia de Direitos Humanos de 1950, sendo criadas, 
naquele momento, uma Comissão e a Corte Europeia de 
Direitos Humanos 
Primeiramente, esse sistema protegeu direitos civis e 
políticos. Posteriormente, com a Carta Social Europeia de 
1961, os econômicos, sociais e culturais também foram 
incorporados. Atualmente, a Corte Europeia de Direitos 
Humanos acumula as funções consultiva e contenciosa 
(OLIVEIRA; VAZ, 2013). 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
7MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
SISTEMA DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
DAS NAÇÕES UNIDAS 
A promoção e proteção dos direitos humanos é um dos 
principais objetivos da Nações Unidas. Com a adoção da 
Declaração Universal de Direitos Humanos, em 10 de 
dezembro de 1948, a ONU começou a desenvolver diversos 
padrões e normas internacionais de Direitos Humanos, bem 
como mecanismos para promover e proteger esses direitos. 
Essa universalização dos direitos humanos propiciou a 
formação de um sistema global de proteção dos direitos 
humanos no âmbito das Nações Unidas, cujos principais 
mecanismos são: o Conselho de Direitos Humanos da ONU, 
a Revisão Periódica Universal, os Relatores Especiais e os 
Órgãos de Monitoramento.CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS DAS NAÇÕES 
UNIDAS 
O Conselho de Direitos Humanos é um órgão 
intergovernamental do sistema ONU composto por 47 
Estados responsáveis por fortalecer a promoção e proteção 
dos direitos humanos em todo o mundo. O Conselho foi 
criado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 15 de 
março de 2006, sendo o sucessor da Comissão das Nações 
Unidas para os Direitos Humanos, tendo por objetivo 
principal a resolução de situações de violações de direitos 
humanos, emanando recomendações. O Conselho de 
Direitos Humanos também trabalha em estreita colaboração 
com os Procedimentos Especiais das Nações Unidas 
(Relatores Especiais) estabelecidos pela antiga Comissão de 
Direitos Humanos e assumida pelo Conselho. 
 
ÓRGÃOS DE MONITORAMENTO DAS CONVENÇÕES 
Há nove convenções internacionais de direitos humanos, 
sendo o mais recente -sobre desaparecimentos forçados - 
que entrou em vigor em 23 de dezembro de 2010. Desde a 
adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 
1948, todos os Estados Membros das Nações Unidas 
ratificaram pelo menos uma dessas Convenções, e 80 por 
cento ratificaram quatro ou mais. Existem atualmente dez 
órgãos de monitoramento das Convenções, formadas por 
comissões de peritos independentes. Nove destes órgãos 
monitoram a implementação, enquanto o décimo órgão, o 
Subcomitê de Prevenção da Tortura, criado no âmbito do 
Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura, 
monitora os centros de detenção dos Estados Partes que 
aderiram o Protocolo Facultativo. Os órgãos de tratados são 
criados em conformidade com as disposições previstas na 
Convenção por eles monitorada. O Alto Comissariado das 
Nações Unidas para Direitos Humanos apóia o trabalho dos 
órgãos de monitoramento e os auxilia na harmonização dos 
métodos de trabalho e requisitos de informação através de 
suas secretarias. 
 
A ESTRUTURA NORMATIVA DO SISTEMA GLOBAL 
E DO SISTEMA INTERAMERICANO 
DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS 
 
O sistema global de proteção dos direitos humanos, da 
ONU, contém normas de alcance geral e de alcance 
especial. As normas de alcance geral e destinadas a todos 
os indivíduos, genérica e abstratamente, são os Pactos 
Internacionais de Direitos Civis e Políticos e o de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais. 
As normas de alcance especial são destinadas a 
indivíduos ou grupos específicos, tais como: mulheres, 
refugiados, crianças entre outros. Dentre as normas 
especiais do sistema global da ONU, destacam-se a 
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas 
Cruéis, Desumanos e Degradantes, a Convenção para a 
Eliminação da Discriminação contra a Mulher, a Convenção 
para a Eliminação de todas as formas de Discriminação 
Racial e a Convenção sobre os Direitos da Criança. 
Nos sistema global da ONU, o Brasil ratificou a maior 
parte dos instrumentos internacionais de proteção aos 
direitos humanos, tais como o Pacto Internacional de Direitos 
Civis e Políticos, em 24/01/92; o Pacto de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais, 24/01/92; a Convenção 
para a Eliminação de toda a Discriminação contra a Mulher, 
em 01/02/84; a Convenção para a Eliminação de todas as 
formas de Discriminação Racial, em 27/03/68; e a 
Convenção sobre os Direitos da Criança, em 24/09/90. 
Porém, o Brasil ainda não reconhece a competência dos 
seus órgãos de supervisão e monitoramento, os respectivos 
Comitê de Direitos Humanos, o Comitê contra a 
Discriminação Racial, o Comitê contra a Tortura, no que 
tange à apreciação de denúncias de casos individuais de 
violação dos direitos humanos. 
Assim, o Brasil aderiu aos mencionados tratados 
internacionais, porém, ainda não reconhece a competências 
de seus órgãos de supervisão, impede a fiscalização de suas 
obrigações internacionais por parte daqueles órgãos. Na 
prática, tal fato representa a impossibilidade de tais órgãos 
receberem denúncias individuais de casos de violações de 
direitos humanos ocorridos no país, através do sistema de 
petições ou denúncias individuais. A possibilidade de acionar 
outros órgãos internacionais de supervisão, além da 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, 
seria uma garantia a mais da proteção dos direitos humanos 
no Brasil. 
Assim, no sistema global, além do sistema de denúncias 
individuais, há também o sistema de investigações e o de 
relatórios. Ao ratificar os tratados internacionais 
mencionados, o Brasil assumiu a obrigação de enviar 
relatórios periódicos para os Comitês e de sujeitar-se a uma 
eventual investigação sobre a situação dos direitos humanos 
no seu território. Uma forma de participação e de intervenção 
das organizações de direitos humanos no sistema da ONU é 
o encaminhamento de relatórios próprios aos respectivos 
Comitês, para que sejam analisados juntamente com os 
relatórios enviados pelos Estados. 
O sistema da ONU possui dois tipos de procedimento: os 
convencionais e os não convencionais. 
O procedimento convencional requer a sua previsão 
expressa em tratados, pactos e convenções internacionais, e 
é supervisionado pelos órgãos internacionais de supervisão, 
os Comitês (através do sistema de denúncias, relatórios e 
investigações). Os procedimentos não convencionais são 
mecanismos não previstos em tratados que contribuem para 
a maior eficácia do sistema internacional de proteção. Os 
mecanismos não convencionais são bastante específicos e 
são acionados em caso de não assinatura dos tratados 
internacionais pelos países violadores de direitos humanos 
num caso específico, como por exemplo, o sistema de ações 
urgentes. Nestes casos, a ONU analisará as violações com 
base em requisitos como a persistência, a sistematicidade, a 
gravidade e a prevenção, para decidir se intervirá através de 
um dos seus órgãos, tomando providências concretas. 
 
O Sistema Regional Interamericano de Proteção aos 
Direitos Humanos: instrumentos de alcance geral e 
especial 
O sistema interamericano de proteção aos direitos 
humanos, do qual participam os estados membros da OEA, 
integra o sistema regional de proteção juntamente com os 
sistema europeu e a sistema africano. 
O sistema interamericano de promoção dos direitos 
humanos teve início formal com a aprovação da Declaração 
Americana de Direitos e Deveres do Homem em 1948 na 
Colômbia. A Declaração Americana é um instrumento de 
alcance geral que integra o sistema interamericano, 
destinada a indivíduos genéricos e abstratos, estabelecendo 
os direitos essenciais da pessoa independente de ser 
nacional de determinado Estado, tendo como fundamento os 
atributos da pessoa humana. Além da Declaração 
Americana, há outros instrumentos de alcance geral que 
fazem parte do sistema interamericano, como a Convenção 
Americana sobre os Direitos Humanos ou “Pacto de San 
José”(1969), ratificada pelo Brasil em 25/09/92 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
8MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
Além dos instrumentos de alcance geral, os sistema 
interamericano também é integrado por instrumentos de 
alcance especial, tais como: a Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos e a Corte Interamericana de 
Direitos Humanos. Ao ratificar a Convenção Americana, o 
Brasil aceitou compulsoriamente a competência da 
Comissão para receber denúncias de casos individuais de 
violações de direitos humanos. 
Assim, no caso do Brasil, até o presente, o único órgão 
internacional que têm competência para aceitar denúncias de 
casos individuais ;e a Comissão Interamericana conforme 
estabelece a Convenção Americana no seu artigo 44: 
“Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade não-
governamental legalmente reconhecida em um ou mais 
Estados-membros da Organização, pode apresentar à 
Comissão petições que contenham denúncias ou queixas de 
violação desta Convenção por um Estado-parte.” 
Além do recebimentode denúncias, a Comissão tem 
duas funções: promover e estimular em termos gerais os 
direitos humanos através da elaboração de relatórios gerais; 
elaborar estudos e relatórios sobre a situação dos direitos 
humanos nos países membros da OEA; realizar visitas in 
loco aos países membros e, apresentar um Relatório Anual 
na qual são reproduzidos relatórios finais dos casos 
concretos, nos quais já houve uma decisão sobre a 
responsabilidade internacional dos países denunciados. A 
publicação de um relatório final no Relatório Anual da 
Comissão divulgado para os Estados membros da 
Assembléia Geral da OEA é a sanção mais forte a que pode 
estar submetido um Estado, que ainda não tenha 
reconhecido a competência da jurisdição da corte 
Interamericana, proveniente do sistema interamericano. 
A Corte Interamericana, diferentemente da Comissão, é 
um órgão de caráter jurisdicional, que foi criado pela 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos com o 
objetivo de supervisionar o seu cumprimento, como função 
complementar a função conferida pela mesma a Comissão. 
Assim, a legitimidade processual para o envio de casos 
para a Corte é somente concedida para a Comissão os 
Estado-parte, não sendo permitido o envio de casos pelas 
próprias vítimas de violações, seus representantes, 
familiares ou pelas organizações não-governamentais. Para 
que os casos não sejam encaminhados à Corte 
primeiramente terão que passar pelo exame da Comissão, 
esgotando o seu procedimento: 
“Art. 61-1. Somente os Estados-parte e a Comissão têm 
direito de submeter um caso à decisão da Corte”. 
“Art. 62-1. Todo Estado-parte pode, no momento do 
depósito de seu instrumento de ratificação desta Convenção 
ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, 
declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e 
sem convenção especial, a competência da Corte em todos 
os casos relativos à interpretação ou aplicação desta 
Convenção.” 
No caso do Brasil, recentemente em 07 de setembro de 
1998, o Presidente da República aceitou a competência da 
Corte, após decorridos seis anos de ratificação da 
Convenção Americana pelo Brasil (25/09/92). Porém a 
aceitação ainda terá que ser ratificada pelo Congresso 
Nacional para ter validade. Assim nos próximos anos, a 
Corte poderá examinar casos sobre a s violações de direitos 
humanos ocorridos no Brasil. 
A Corte possui duas funções principais: a função 
contenciosa, que é a análise dos casos individuais de 
violações de direitos humanos encaminhados pela Comissão 
ou pelos Estados-parte; e a função consultiva. A sua função 
consultiva refere-se a sua capacidade para interpretar a 
Convenção e outros instrumentos internacionais de direitos 
humanos. Qualquer dos Estados partes da OEA podem 
solicitar à Corte uma opinião consultiva, mesmo os que não 
são partes na Convenção Americana ou outros órgãos 
enumerados no Capítulo X da Carta da Organização, 
conforme o artigo 64 da Convenção Americana. 
A função consultiva da Corte foi usada com mais 
frequência nos seus primeiros anos de funcionamento, e as 
Opiniões Consultivas versaram sobre temas como: os limites 
de sua autoridade; os limites das ações dos Estados; 
discriminação; habeas corpus; garantias judiciais; pena de 
morte; responsabilidade do Estado, entre outros temas 
cruciais para a efetiva proteção dos direitos humanos. 
 
 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
PREÂMBULO 
CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade 
inerente a todos os membros da família humana e seus 
direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da 
justiça e da paz no mundo, CONSIDERANDO que o 
desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem 
resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da 
Humanidade, e que o advento de um mundo em que os 
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da 
liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade, 
 
CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do 
homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o 
homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião 
contra a tirania e a opressão, 
 
CONSIDERANDO ser essencial promover o 
desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, 
 
CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas 
reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos do homem e da 
mulher, e que decidiram promover o progresso social e 
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, 
 
CONSIDERANDO que os Estados Membros se 
comprometeram a promover, em cooperação com as Nações 
Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades 
fundamentais do homem e a observância desses direitos e 
liberdades, 
 
CONSIDERANDO que uma compreensão comum 
desses direitos e liberdades é da mais alta importância para 
o pleno cumprimento desse compromisso, 
 
A Assembleia Geral das Nações Unidas proclama a 
presente “Declaração Universal dos Direitos do Homem” 
como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e 
todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e 
cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta 
Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, 
por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela 
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e 
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua 
observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos 
próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos 
territórios sob sua jurisdição. 
 
Artigo 1 
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir 
em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. 
 
Artigo 2 
I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos 
e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem 
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, 
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem 
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra 
condição. 
II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na 
condição política, jurídica ou internacional do país ou 
território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um 
território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer 
sujeito a qualquer outra limitação de soberania. 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
9MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
Artigo 3 
Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à 
segurança pessoal. 
 
Artigo 4 
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a 
escravidão e o tráfico de escravos estão proibidos em todas 
as suas formas. 
 
Artigo 5 
Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou 
castigo cruel, desumano ou degradante. 
 
Artigo 6 
Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, 
reconhecido como pessoa perante a lei. 
 
Artigo 7 
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem 
qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito 
a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a 
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal 
discriminação. 
 
Artigo 8 
Todo o homem tem direito a receber dos tribunais 
nacionais competentes remédio efetivo para os atos que 
violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos 
pela constituição ou pela lei. 
 
Artigo 9 
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
 
Artigo 10 
Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma 
justa e pública audiência por parte de um tribunal 
independente e imparcial, para decidir de seus direitos e 
deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal 
contra ele. 
 
Artigo 11 
I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o 
direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade 
tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento 
público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as 
garantias necessárias a sua defesa. 
II) Ninguém poderá ser culpadopor qualquer ação ou 
omissão que, no momento, não constituíam delito perante o 
direito nacional ou internacional. Também não será imposta 
pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, 
era aplicável ao ato delituoso. 
 
 
Artigo 12 
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida 
privada, na sua família, no seu lar ou na sua 
correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. 
Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais 
interferências ou ataques. 
 
 
Artigo 13 
I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e 
residência dentro das fronteiras de cada Estado. 
II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, 
inclusive o próprio, e a este regressar. 
 
Artigo 14 
I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de 
procurar e de gozar asilo em outros países. 
II) Este direito não pode ser invocado em casos de 
perseguição legitimamente motivada por crimes de direito 
comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das 
Nações Unidas. 
Artigo 15 
I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. 
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua 
nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. 
 
Artigo 16 
I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer 
restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de 
contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais 
direitos em relação ao casamento, sua duração e sua 
dissolução. 
II) O casamento não será válido senão com o livre e 
pleno consentimento dos nubentes. 
III) A família é o núcleo natural e fundamental da 
sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do 
Estado. 
 
Artigo 17 
I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em 
sociedade com outros. 
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua 
propriedade. 
 
Artigo 18 
Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, 
consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar 
de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa 
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela 
observância, isolada ou coletivamente, em público ou em 
particular. 
 
Artigo 19 
Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e 
expressão; este direito inclui a liberdade de, sem 
interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir 
informações e ideias por quaisquer meios, 
independentemente de fronteiras. 
 
Artigo 20 
I) Todo o homem tem direito à liberdade de reunião e 
associação pacíficas. 
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma 
associação. 
 
Artigo 21 
I) Todo o homem tem o direito de tomar parte no governo 
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes 
livremente escolhidos. 
II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço 
público do seu país. 
III) A vontade do povo será a base da autoridade do 
governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas 
e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou 
processo equivalente que assegure a liberdade de voto. 
 
Artigo 22 
Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito 
à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela 
cooperação internacional e de acordo com a organização e 
recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e 
culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre 
desenvolvimento de sua personalidade. 
 
Artigo 23 
I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha 
de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à 
proteção contra o desemprego. 
II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a 
igual remuneração por igual trabalho. 
III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma 
remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim 
como a sua família, uma existência compatível com a 
dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, 
outros meios de proteção social. 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
10MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a 
neles ingressar para proteção de seus interesses. 
 
Artigo 24 
Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a 
limitação razoável das horas de trabalho e a férias 
remuneradas periódicas. 
 
Artigo 25 
I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz 
de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, 
inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados 
médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à 
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, 
viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de 
subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 
II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e 
assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou 
fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. 
 
Artigo 26 
I) Todo o homem tem direito à instrução. A instrução será 
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. 
A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico 
profissional será acessível a todos, bem como a instrução 
superior, esta baseada no mérito. 
II) A instrução será orientada no sentido do pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e do 
fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas 
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a 
compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações 
e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das 
Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do 
gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. 
 
Artigo 27 
I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da 
vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar 
do progresso científico e de fruir de seus benefícios. 
II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses 
morais e materiais decorrentes de qualquer produção 
científica, literária ou artística da qual seja autor. 
 
Artigo 28 
Todo o homem tem direito a uma ordem social e 
internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos 
na presente Declaração possam ser plenamente realizados. 
 
Artigo 29 
I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, 
na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua 
personalidade é possível. 
II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo o 
homem estará sujeito apenas às limitações determinadas 
pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido 
reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de 
outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da 
ordem pública e do bem-estar de uma sociedade 
democrática. 
III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese 
alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e 
princípios das Nações Unidas. 
 
Artigo 30 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser 
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, 
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou 
praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer 
direitos e liberdades aqui estabelecidos. 
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 E OS 
TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO 
DOS DIREITOS HUMANOS 
 
A Constituição faz menção expressa à promoção e 
proteção dos direitos humanos quando afirma que sua 
prevalência constitui principio que rege as relações 
internacionais do Estado brasileiro (artigo 4°) , ou ainda, 
quando estabelece no artigo 7° do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias (ADCT) que o Brasil propugnará 
pela formação de um Tribunal Internacional dos Direitos 
Humanos. 
Todavia, a mais importante referência do Texto de 1988 
constitui a seguinte: Artigo 5°, parágrafo 2°. 
"Os direitos e garantias expressos nesta Constituição 
não excluem outros decorrentes do regime. e dos princípios 
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte". 
Tal redação revelou-se"campo minado" ao longo da 
recente história constitucional. Parece clara a opção do 
legislador constituinte, ciente de que sua obra resulta em um 
marco jurídico que se estende no tempo, de registrar no 
artigo 5°, parágrafo 2°, a sua "cláusula aberta" ou "cláusula 
de receptividade", a qual garante a possibilidade de extensão 
do texto constitucional em relação a outros direitos e 
garantias que não estejam expressos no artigo 5° Cabe aqui 
a interpretação de que outros direitos e garantias também 
possuam hierarquia constitucional, propiciando um 
verdadeiro bloco da constitucionalidade. 
Todavia, não é esta a interpretação promovida pelo 
Supremo Tribunal Federal. 
Em julgados de toda a década de 90, o tribunal manteve 
posição firmada desde 1977 de que os tratados possuem 
status infraconstitucional com equivalência à lei ordinária. Tal 
posicionamento conduz à ilação de que os tratados de 
direitos humanos podem ser objeto de controle de 
constitucionalidade e de que lei federal pode vir a revogar 
tratado já incorporado ao ordenamento jurídico interno. 
No julgamento do leading case após a promulgação da 
Constituição, o Habeas Corpus n°.72.131/95, o STF 
reafirmou sua jurisprudência. Ao apreciar o aparente conflito 
de normas existente entre a Constituição Federal de1988, a 
qual estabelece a permissão de duas forma de prisão civil 
(depositário infiel e devedor de alimentos - artigo 5° inciso 
LXVII), e o Pacto de San José da Costa Rica, o qual 
restringe tal permissão apenas ao devedor de alimentos, 
estabeleceu a corte que "nada interfere na questão do 
depositário infiel em matéria de alienação fiduciária o 
disposto no parágrafo 7° da Convenção de San José da 
Costa Rica". Ainda, no Habeas Corpus n° 77.631/98, afirmou 
que "os tratados internacionais não podem transgredir a 
normatividade emergente da Constituição, pois, além de não 
disporem de autoridade para restringir a eficácia jurídica das 
cláusulas constitucionais, não possuem forma para conter ou 
para delimitar a esfera de abrangência normativa dos 
preceitos inscritos no texto da Lei Fundamental." 
Recentemente, em julgado de 15 de maio de 2007 (RHC 
90759/ MG - Minas Gerais), o STF negou provimento a um 
recurso em habeas corpus que questionava a possibilidade 
do depositário infiel ser preso em virtude do disposto no 
Pacto de San José da Costa Rica. Já o Ministro Marco 
Aurélio, voto vencido, ressaltou que "realmente, o Pacto de 
San José da Costa Rica não implicou a derrogação da 
Constituição Federal, mas resultou no afastamento das 
regras comuns alusivas ao depósito". 
Alguns autores preferem resolver o aparente conflito de 
normas por meio de uma regra de hermenêutica específica 
ao campo dos direitos humanos: a aplicação da norma mais 
favorável à vítima. No caso de alguém que não cumpriu o 
dever de pagar as prestações de seu carro e, conforme seu 
contrato de alienação fiduciária, é considerado depositário, 
na circunstância descrita considerado infiel e assim passível 
de prisão civil, qual a regra que deve prevalecer: a 
Constituição Federal ou o Pacto de San José? 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
11MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
Recente alteração constitucional, a Emenda n° 45, de 08 
de dezembro de 2004, mais conhecida como Reforma do 
Poder Judiciário, veio a trazer duas importantes inovações 
ao abrigo constitucional aos direitos humanos: elucidou a 
possibilidade do status constitucional dos tratados de direitos 
humanos e estabeleceu a federalização das violações de 
direitos humanos. 
No tocante ao status constitucional, a emenda precisou a 
hierarquia dos tratados de direitos humanos. O novo 
parágrafo do artigo 5° da Constituição Federal estabelece, in 
verbis: 
Art. 5°, Parágrafo 3°. Os tratados e convenções 
internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, 
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 
três quintos dos votos dos respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas constitucionais. 
Na espec1e, é possível concluir que, independentemente 
de serem elevados ou não ao caráter de emenda 
constitucional, o Poder Constituinte Reformador emprestou 
especial status aos tratados e convenções dessa natureza. 
Apenas por esse fato já seria possível afastar qualquer 
equiparação entre eles e a legislação ordinária. 
Ganhou destaque, assim, a tese da supralegalidade dos 
referidos pactos. Segundo seus defensores, os tratados e 
convenções internacionais ratificados pelo Brasil estão 
localizados em um ponto inferior à Constituição, porém 
superior às demais normas do ordenamento jurídico. 
Como não poderia ser de outra forma, a tese começou a 
ganhar espaço na Suprema Corte brasileira, tendo como 
marco inicial o voto do Ministro Sepúlveda Pertence no RHC 
79.785/RJ, em sessão realizada em 29 de março de 2000. 
Todavia, a vitória da corrente ora tratada ocorreu bem 
depois, mais precisamente em 03 de dezembro de 2008, 
quando o Plenário do Supremo Tribunal Federal arquivou o 
Recurso Extraordinário 349.703 e negou provimento ao RE 
466.343, que discutiam a prisão civil de alienante fiduciário 
infiel. Na mesma oportunidade os Ministros estenderam a 
proibição de prisão civil por dívida às hipóteses de 
infidelidade no depósito de bens e alienação fiduciária. 
Como consequência do acima narrado, o STF revogou a 
Súmula 619, que continha a seguinte redação: "a prisão do 
depositário judicial pode ser decretada no próprio processo 
em que se constituiu o encargo, independentemente da 
propositura de ação de depósito". Nesse quadro, merece 
destaque o fato de o voto do Ministro Celso de Mello, ter sido 
no sentido não da supralegalidade, mas sim do valor 
constitucional dos tratados internacionais de direitos 
humanos. Este entendimento acabou sendo acompanhado 
pelos Ministros Cezar Peluso, Eros Grau e Ellen Gracie. 
Independentemente da linha adotada pelos membros da 
mais alta Corte do país, é certo que restou afastada do 
nosso ordenamento constitucional a possibilidade da prisão 
civil do depositário infiel. Deve-se, entretanto, salientar que o 
disposto no artigo 5°, inciso LXVII, da Constituição Federal 
não foi revogado pela adesão do Brasil ao Pacto de San 
Jose da Costa Rica. É mais correto dizer que a norma, 
quanto ao ponto estudado, teve sua aplicabilidade obstada 
em face do que o Ministro Gilmar Mendes chama de "efeito 
paralisante desses tratados em relação à legislação 
infraconstitucional que disciplina a matéria". 
Com efeito, é possível concluir que o posicionamento 
adotado pelos Ministros do STF decorre da forte corrente 
internacional, iniciada após a Segunda Guerra Mundial, no 
sentido da proteção dos direitos humanos fundamentais, 
tendo, no Brasil, resultado na promulgação da Constituição 
Federal de 1988, que trouxe em seu texto uma grande carga 
de referência aos aludidos direitos. 
Cabe enfatizar, desde então, que os tratados de direitos 
humanos, compreendidos como gênero de que são 
espécies as convenções, devem ser interpretados de forma 
mais ampla, englobando também direito humanitário e direito 
dos refugiados. 
Saliente-se aqui a outra inovação apresentada pela 
Reforma do Poder Judiciário: a federalização das violações 
de direitos humanos. De acordo com a nova redação, o 
artigo 109 passa a contar com a seguinte redação: 
"Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
V - A as causas relativas a direitos humanos a que se refere 
o § 5° deste artigo; § 5°Nas hipóteses de grave violação de 
direitos humanos, o Procurador Geral da República, com a 
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decorrentes detratados internacionais de direitos humanos 
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o 
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito 
ou processo, incidente de deslocamentode competência 
para a Justiça Federal." 
 
PROCESSO DE INCORPORAÇÃO 
DE TRATADOS INTERNACIONAIS DE 
DIREITOS HUMANOS AO DIREITO BRASILEIRO 
 
Os tratados internacionais são, no mundo moderno, a 
fonte principal do direito internacional, razão por que sua 
formação dar-se-á sempre formalmente, de acordo com os 
princípios e preceitos específicos. São leis do plano 
internacional, consubstanciadas em textos formais e escritos, 
celebrados por pessoas jurídicas de direito público externo, 
que podem ser Estados soberanos ou, ainda, organizações 
internacionais. 
Quanto à incorporação dos tratados internacionais ao 
direito dos Estados soberanos (ou, tecnicamente falando, 
seu consentimento definitivo), esta ocorre de acordo com as 
regras do direito interno do respectivo Estado, regras estas 
normalmente estabelecidas na Constituição, como é o caso 
da República Federativa do Brasil. 
No mundo hodierno, a competência para esse 
consentimento definitivo do tratado internacional pode ser, 
conforme as regras internas, exclusiva do Poder Executivo, 
dividida igualmente com atos específicos entre os Poderes 
Legislativo e Executivo, ou com a primazia do Poder 
Legislativo. 
No Brasil, a competência para incorporação ou 
consentimento definitivo do tratado internacional é 
compartilhada entre o Legislativo e o Executivo, com atuação 
específica de cada Poder, nos termos expressos 
da Constituição de 1988, passando por aprovação e 
promulgação, em três fases distintas, a saber: a celebração, 
o referendo ou aprovação e a promulgação. A celebração é 
ato da competência privativa do Presidente da República 
(Constituição de 1988, art. 84, inciso VIII), a aprovação ou 
referendo é da competência exclusiva do Congresso 
Nacional (Constituição, art. 49, inciso I; art. 84, inciso VIII), e 
a promulgação é da competência privativa do Presidente da 
República (Constituição de 1988, art. 84, inciso IV). 
A forma da autorização parlamentar é o decreto 
legislativo do Congresso Nacional, pelo que, assinado o 
tratado pelo presidente da República, aprovado pelo 
Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, segue-se 
a sua ratificação para realmente se incorporar ao Direito 
brasileiro. A promulgação e publicação incorporam os 
tratados internacionais ao Direito interno, colocando-os, em 
regra, no mesmo nível das leis ordinárias, excepcionando-se 
os tratados e convenções internacionais aprovados na forma 
do artigo 5º, parágrafo 3º da Constituição Federal após a EC 
45/2004, que tratem sobre direitos humanos e forem 
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional em dois 
turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, 
os quais serão equiparados às emendas constitucionais com 
hierarquia superior às leis ordinárias. 
Portanto, os tratados internacionais ingressam na ordem 
jurídica interna brasileira mediante o preenchimento dos 
seguintes requisitos: (a) negociação pelo Estado brasileiro no 
plano internacional; (b) assinatura do instrumento pelo 
Estado brasileiro; (c) mensagem do Poder Executivo ao 
Congresso Nacional para discussão e aprovação do 
instrumento; (d) aprovação parlamentar mediante decreto 
legislativo; (e) ratificação do instrumento; (f) promulgação do 
texto legal do tratado mediante decreto presidencial. 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
12MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL DE 1988. DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS. 
DOS DIREITOS SOCIAIS. DA NACIONALIDADE. 
DOS DIREITOS POLÍTICOS. 
 
TÍTULO I 
Dos Princípios Fundamentais 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
(Vide Lei nº 13.874, de 2019) 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o 
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, 
nos termos desta Constituição. 
Art. 2º São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República 
Federativa do Brasil: 
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; 
II - garantir o desenvolvimento nacional; 
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais; 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas 
relações internacionais pelos seguintes princípios: 
I - independência nacional; 
II - prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - não-intervenção; 
V - igualdade entre os Estados; 
VI - defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - cooperação entre os povos para o progresso da 
humanidade; 
X - concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil 
buscará a integração econômica, política, social e cultural 
dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações. 
 
TÍTULO II 
Dos Direitos e Garantias Fundamentais 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, 
nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e 
obrigações, nos termos desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei; 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante; 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo 
vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou à 
imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a 
suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo 
se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos 
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada 
em lei; 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura 
ou licença; 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e 
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em 
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, 
ou, durante o dia, por determinação judicial; (Vide 
Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
(Vide Lei nº 9.296, de 1996) 
 XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a leiestabelecer; 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional; 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo 
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele 
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, 
em locais abertos ao público, independentemente de 
autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas 
exigido prévio aviso à autoridade competente; 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, 
vedada a de caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a 
permanecer associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente; 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por 
interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade 
competente poderá usar de propriedade particular, 
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver 
dano; 
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em 
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de 
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua 
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de 
financiar o seu desenvolvimento; 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de 
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, 
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras 
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, 
inclusive nas atividades desportivas; 
 DIREITOS HUMANOS 
 
 
13MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL MANUAL DE ESTUDOS CURSO OFICIAL
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico 
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, 
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e 
associativas; 
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos 
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem 
como proteção às criações industriais, à propriedade das 
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; 
XXX - é garantido o direito de herança; 
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no 
País será regulada pela lei brasileira em benefício do 
cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja 
mais favorável a lei pessoal do "de cujus"; 
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do 
consumidor; 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
(Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011) 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente 
do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa 
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para 
defesa de direitos e esclarecimento de situações de 
interesse pessoal; 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada; 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos 
contra a vida; 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem 
pena sem prévia cominação legal; 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o 
réu; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos 
direitos e liberdades fundamentais; 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; 
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e 
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e 
os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo 
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem; (Regulamento) 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação 
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, 
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e 
adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o 
sexo do apenado; 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade 
física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para 
que possam permanecer com seus filhos durante o período 
de amamentação; 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o 
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da 
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por 
crime político ou de opinião; 
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente; 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo legal; 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou 
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos; 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória; 
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 
(Regulamento) 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem; 
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou 
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária 
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou 
crime propriamente militar, definidos em lei; 
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde

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