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VIGILÂNCIA EM SAÚDE Aula 5 – Internato APS – Profº Paulo Apratto 18/05/22 Vigilância epidemiológica o É o conjunto de procedimentos que servirá para vigiar algo o Vigilante - alguém para observar movimentações suspeitas na rua à procura de perigo: a vigilância epidemiológica terá um objetivo semelhante o A vigilância tem preocupação de vigiar a ocorrência de doenças na população, à procura de anormalidades que possam indicar riscos epidemiológicos o Seu uso foi regulamentado em 1997 o "A expressão vigilância epidemiológica passou a ser aplicada ao controle das doenças transmissíveis na década de 1950, para designar à etapa de ataque da campanha de erradicação da malária" o Significava “a observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos” o "Tratava-se da vigilância de pessoas com medidas de isolamento ou de quarentena, aplicadas individualmente e não de forma coletiva" o "Vigilância epidemiológica é o processo sistemático e contínuo de coleta, análise, interpretação e disseminação de informação com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de problemas de saúde o Ainda que originalmente o termo ‘vigilância epidemiológica’ tenha focalizado as doenças infecciosas, em especial aquelas que provocam grandes epidemias (como a malária e a varíola), hoje em dia o conceito se ampliou de forma a incluir também outros problemas de saúde, como a doenças crônico degenerativas, os acidentes e violências, os fatores de riscos e os riscos ambientais” o Inicialmente foi implantada em São Paulo o As primeiras intervenções de prevenção e controle de doenças, aconteceram no início do século XX o Foram orientadas pelo avanço da era bacteriológica e pela descoberta dos ciclos epidemiológicos de doenças infecciosas e parasitárias o Essas intervenções consistiram na organização de grandes campanhas sanitárias e visavam controlar doenças que comprometiam a atividade econômica, a exemplo da febre amarela, peste e varíola o O modelo operacional baseava-se em atuações verticais, sob inspiração militar o Compreendia três fases – preparatória, de ataque, de consolidação e de manutenção o Na década de 1960, o programa de erradicação da varíola criou uma fase de vigilância epidemiológica, que se seguia à de vacinação em massa da população o O objetivo era, além da busca ativa de casos de varíola, a detecção precoce de surtos e o bloqueio imediato da transmissão da doença o Essa medida consagrou-se como fundamental para a erradicação da varíola no mundo e serviu para a organização do sistema de vigilância epidemiológica o A vigilância epidemiológica foi tema central da 21ª Assembleia Mundial de Saúde, em 1968, na qual se estabeleceu o conceito que permitia aplicação a variados problemas de saúde pública, além das doenças transmissíveis, malformações congênitas, envenenamentos na infância, leucemia, abortos, acidentes, doenças profissionais, comportamentos como fatores de risco, riscos ambientais" etc o No Brasil, a Campanha de Erradicação da Varíola é reconhecida como marco das ações de vigilância no país, tendo fomentado e apoiado a organização de unidades de vigilância epidemiológica na estrutura das secretarias estaduais de saúde o A vigilância epidemiológica tem o objetivo de "fornecer orientação técnica para os profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de execução de ações de controle de doenças e agravos, tornando disponíveis informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, e fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida. A vigilância epidemiológica constitui-se para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde" o A vigilância epidemiológica desenvolve ações de modo contínuo, permitindo conhecer o comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, para que as medidas de intervenção possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia o As competências dos níveis do sistema de saúde (municipal, estadual e federal) "abrangem o espectro das funções de vigilância epidemiológica, porém com graus de especificidade variáveis" o "As ações executivas são inerentes ao nível municipal e seu exercício exige conhecimento analítico da situação de saúde local" o Cabe aos níveis nacional e estadual conduzirem ações de caráter estratégico, de coordenação em seu âmbito de ação e de longo alcance, além de atuarem de forma complementar ou suplementar aos demais níveis o A eficiência do SNVE depende do desenvolvimento das funções realizadas nos diferentes níveis o Quanto mais capacitada e eficiente a instância local, mais oportunamente poderão ser executadas as medidas de controle o Os dados e informações produzidos possibilita melhor compreensão do quadro sanitário estadual e nacional o Vigilância epidemiológica: “... Ciência que estuda o processo saúde doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração, e avaliação das ações de saúde.” o "O processo de vigilância das doenças na população é relevante e na Constituição Federal do Brasil de 1988 prevê essa ação como uma das atribuições fundamentais do sistema de saúde, como descrito abaixo: o Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:[...]II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador" IMPORTÂNCIA DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA o Acesso às informações de saúde de uma população o Direciona a alocação de esforços e recursos, tanto públicos como privados o Indicadores de morbidade e mortalidade hospitalares etc A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) o Esses sistemas, embora não sejam os únicos, são os mais importantes na vigilância epidemiológica no Brasil o Quando situações excepcionais acontecem, como é o caso da pandemia de COVID-19, novos sistemas são alimentados, criados pelos governos estaduais, que monitoram o número de respiradores hospitalares, hospitalizações e complicações, entre outros NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA o Um dos pontos da vigilância epidemiológica é a notificação de doenças e agravos de notificação compulsória o "Essas doenças e agravos são uma lista de condições que os gestores da vigilância julgam ser de importância pública, de acordo com critérios pré-estabelecidos" OS CRITÉRIOS DAS CONDIÇÕES QUE DEVEM SER NOTIFICADAS SÃO OS SEGUINTES: i. Magnitude: doenças com alto impacto na mortalidade ou impacto na expectativa de vida ii. Potencial de disseminação: doenças altamente contagiosas ou com populações muito suscetíveis, podendo levar a epidemias São funções da vigilância epidemiológica: • Coleta de dados • Processamento de dados coletados • Análise e interpretação dos dados processados • Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas • Promoção das ações de prevenção e controle indicadas • Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas • Divulgação de informações pertinentes iii. Transcendência: a percepção social (por exemplo: medo ou estigmatização) e econômica de uma doença iv. Compromissos internacionais: acordos do governo brasileiro com organismosinternacionais visando eliminação ou erradicação de doenças v. Epidemias e eventos inusitados: situações que possam caracterizar emergências em saúde" OS PARÂMETROS PARA INCLUSÃO DE DOENÇAS E AGRAVOS NA LISTA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA o Magnitude: "aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes contingentes populacionais e se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos" o Potencial de disseminação: "representado pelo elevado poder de transmissão da doença, através de vetores ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva" o Transcendência: "expressa-se por características subsidiárias que conferem relevância especial à doença ou agravo, destacando-se: severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de sequelas; relevância social, avaliada, pelo valor imputado pela sociedade à ocorrência da doença, e que se manifesta pela sensação de medo, de repulsa ou de indignação; e relevância econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições comerciais, redução da força de trabalho, absenteísmo escolar e laboral, custos assistenciais e previdenciários, entre outros o Vulnerabilidade: medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre indivíduos e coletividades" o o Compromissos internacionais: "relativos ao cumprimento de metas continentais ou mundiais de controle, de eliminação ou de erradicação de doenças, previstas em acordos firmados pelo governo brasileiro com organismos internacionais" o O Regulamento Sanitário Internacional (RSI-2005) estabelece que sejam notificados todos os eventos considerados de emergência de saúde pública de importância internacional o Ocorrência de emergências de saúde pública, epidemias e surtos: são situações que impõe notificação imediata de todos os eventos de saúde que impliquem risco de disseminação de doenças com o objetivo de delimitar a área de ocorrência, elucidar o diagnóstico e deflagrar medidas de controle o Mecanismos próprios de notificação devem ser instituídos, com base na apresentação clínica e epidemiológica do evento o "O caráter compulsório da notificação implica responsabilidades formais para todo cidadão e uma obrigação inerente ao exercício da Medicina, bem como de outras profissões na área de saúde" o A notificação nem sempre é realizada, o que ocorre por desconhecimento de sua importância e, também, por descrédito nas ações que dela devem resultar o Todas as unidades de saúde (públicas, privadas e filantrópicas) devem fazer parte do sistema, e todos os profissionais de saúde e mesmo a população em geral" Aspectos que devem ser considerados na notificação: • Notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a confirmação do caso para se efetuar a notificação • A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário em caso de risco para a comunidade • O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa o "Além da notificação compulsória, o sistema de vigilância epidemiológica pode definir doenças e agravos como de notificação simples" o O sistema nacional de agravos de notificação (SINAN) é o principal instrumento de coleta dos dados de notificação compulsória" o O registro rotineiro de dados sobre saúde, derivados da produção de serviços ou de sistemas de informação específicos, constitui valiosa fonte de informação sobre a ocorrência de doenças e agravos sob vigilância epidemiológica o Os principais sistemas de informação o Seu uso para a vigilância epidemiológica deve ser estimulado, objetivando aprimorar a qualidade do registro e compatibilizar as informações oriundas de diferentes fontes. o Laboratórios: os resultados laboratoriais vinculados à rotina da vigilância epidemiológica complementam o diagnóstico de confirmação de casos e, muitas vezes, servem como fonte de conhecimento de casos ou de eventos que não foram notificados COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES o O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de informação para ação o A qualidade da informação depende, sobretudo, da adequada coleta de dados gerados no local onde ocorre o evento sanitário (dado coletado) o É nesse nível que os dados devem primariamente ser tratados e estruturados, para se constituírem em um poderoso instrumento – a informação – capaz de subsidiar um processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações o A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. O valor da informação (dado analisado) depende da precisão com que o dado é gerado o É fundamental a capacitação para o diagnóstico de casos e a realização de investigações epidemiológicas o "o princípio organizacional, o sistema de vigilância deve abranger o maior número possível de fontes geradoras, cuidando-se de que seja assegurada a regularidade e oportunidade da transmissão dos dados" o o "a partir de fontes selecionadas e confiáveis, pode- se acompanhar as tendências da doença ou agravo, com o auxílio de estimativas de casos" o "o fluxo, a periodicidade e os tipos de dados coletados devem corresponder às necessidades de utilização previamente estabelecidas, com base em indicadores adequados às características próprias de cada doença ou agravo sob vigilância" o "a prioridade de conhecimento do dado sempre será concedida à instância responsável pela execução das medidas de prevenção e controle" o "quando for necessário o envolvimento de outro nível do sistema, o fluxo deverá ser suficientemente rápido para que não ocorra atraso na adoção de medidas de prevenção e controle" TIPOS DE DADOS Os dados e informações que alimentam o sistema de vigilância epidemiológica são os seguintes: DADOS DEMOGRÁFICOS, AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS o Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais, com vistas à definição de denominadores para o cálculo de taxas" o O número de habitantes, de nascimentos e de óbitos devem ser discriminados segundo características de sua distribuição por sexo, idade, situação do domicílio, escolaridade, ocupação, condições de saneamento, entre outras" o A disponibilidade de indicadores demográficos e socioeconômicos é primordial para a caracterização da dinâmica populacional e das condições gerais de vida, as quais se vinculam os fatores condicionantes da doença ou agravo sob vigilância" o Dados sobre aspectos climáticos e ecológicos, também, podem ser necessários para a compreensão do fenômeno analisado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009) DADOS DE MORBIDADE o São os mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata ou precoce de problemas sanitários" o Correspondem à distribuição de casos segundo a condição de portadores de infecções ou de patologias específicas, como também de sequelas" o "tratam-se, em geral, de dados oriundos da notificação de casos e surtos, da produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigações epidemiológicas, da busca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras fontes" o "seu uso apresenta dificuldades relacionadas à representatividade e abrangência dos sistemas de informações disponíveis, à possibilidade de duplicação de registros e a deficiências de métodos e critérios de diagnóstico utilizados" NOTIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS DE SAÚDE PÚBLICA, SURTOS E EPIDEMIAS o A detecçãoprecoce de emergências de saúde pública, surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica local está bem estruturado, com acompanhamento constante da situação geral de saúde e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeito à notificação o Essa prática possibilita a constatação de qualquer situação de risco ou indício de elevação do número de casos de uma patologia, ou a introdução de outras doenças não incidentes no local e, consequentemente, o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial, para a adoção imediata das medidas de controle NOTIFICAÇÃO o É a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes o Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilância epidemiológica, a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-ação o A listagem das doenças de notificação nacional é estabelecida pelo Ministério da Saúde entre as consideradas de maior relevância sanitária para o país"
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