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Apostila de Vigilância Epidemiológica

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VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
 
1. ASPECTOS CONCEITUAIS E HISTÓRICOS
Década de 50 – a expressão vigilância epidemiológica passa a ser aplicada ao controle de doenças transmissíveis e originalmente baseava-se na vigilância de pessoas com base em medidas de controle individuais de isolamento e quarentena, tendo como conceito: “Observação sistemática e ativa de casos suspeitos ou confirmados de doenças transmissíveis e de seus contatos”.
Vigilância de campanhas: “detecção ativa de casos da doença alvo, com vistas a desencadear as medidas urgentes para bloquear a transmissão”, exemplo a campanha de erradicação da varíola.
Década de 60 - conceito internacional – “o conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer a história natural da doença, bem como detectar ou prever alterações de seus fatores condicionantes, com a finalidade de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e eficientes que levem à prevenção e ao controle de determinadas doenças”.
1968 – vigilância epidemiológica como tema central da 21ª Assembléia Mundial de Saúde, na qual se estabelece a ampliação do conceito e aplicação a variados problemas de saúde pública, além das doenças transmissíveis como: malformações congênitas, leucemia, abortos, acidentes, comportamentos como fatores de risco, riscos ambientais, dentre outros. 
Final da década de 60 e início da década de 70 a campanha de erradicação da varíola foi um marco histórico da institucionalização das ações de vigilância no Brasil tendo fomentado e apoiado à organização de unidades de vigilância epidemiológica na estrutura das Secretarias Estaduais de Saúde. O modelo da campanha inspirou a Fundação SESP a organizar, em 1969, um sistema de notificação semanal de doenças selecionadas e disseminar informações através de um boletim epidemiológico quinzenal. A campanha de erradicação da varíola também motivou a aplicação dos princípios de vigilância a outras doenças evitáveis por imunização.
1975 – por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde foi instituído o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) tornando obrigatório à notificação das doenças transmissíveis consideradas de relevância sanitária no país.
1990 – Sistema único de Saúde (Lei 8080) incorpora a SNEV, amplia o conceito de vigilância epidemiológica: “ Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. Além da ampliação do conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada pela descentralização de responsabilidades e integralidade da prestação de serviços.
NOB/SUS/96- estabelece que estados e municípios devem assumir a execução de ações de Vigilância Epidemiológica e ações do PNI- programa nacional de imunizações. Prevê repasse de recursos fundo a fundo , destinados a custear essas novas atribuições e impantar os sistemas locais de VE.
Portaria 1399 GM/MS de 15-11-1999- Definiu as atribuições da União, estados e municípios na área de epidemiologia. Regulamentou o documento anterior, e definiu critérios e a sistemática de financiamento fundo a fundo, instituindo o TFECD- teto financeiro de epidemiologia e controle de doenças.
Portaria 1172 GM/MS de 15-6-2004- Redefine as novas atribuições dos gestores no âmbito do Sistema de Vigilância em saúde e revoga a portaria 1399.
2. OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
2.1. Informar sobre a magnitude e a distribuição dos agravos à saúde, na população, usualmente em termos de morbidade e mortalidade; os dados produzidos pela vigilância epidemiológica são muito úteis para apontar os grupos mais afetados ou sob alto risco de adoecer, a variação geográfica dos casos e a tendência do evento com o passar do tempo.
2.2. Constitui-se em importante instrumento para o planejamento, organização, monitoramento e avaliação das ações e serviços de saúde.
3. PRINCIPAIS ATIVIDADES DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
3.1. Coleta de dados e informações.
3.2. Investigação epidemiológica.
3.3. Análise e interpretação de dados.
3.4. Recomendação ou aplicação de medidas de controle;
3.5. Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;
3.6. Divulgação das informações pertinentes.
3.1. Coleta de dados e informações
O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da disponibilidade de dados que sirvam para subsidiar o processo de produção de “INFORMAÇÃO PARA A AÇÃO”. A qualidade da informação depende, sobretudo, da adequada coleta de dados gerados no local onde ocorre o evento. É também nesse nível que os dados devem primariamente ser tratados e estruturados para se constituírem em um poderoso instrumento – a informação - capaz de subsidiar um processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações.	
3.1.1. Fonte de dados utilizados pela vigilância epidemiológica
· Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos – Coletados através de sistemas próprios da saúde , como é o caso do SINASC , ou de sistemas do IBGE e outras fontes, são dados que permitem quantificar/caracterizar a população ou grupos populacionais com vistas á definição de denominadores para o cálculo de taxas. Dados sobre o número de habitantes, nascimentos e óbitos devem ser discriminados segundo características de sua distribuição: sexo, idade, escolaridade, ocupação principal, condições de saneamento, etc... A disponibilidade de indicadores demográficos e socioeconômicos é primordial para a caracterização da dinâmica populacional e das condições de vida, às quais se vinculam os fatores condicionantes da doença ou agravo sob vigilância. Dados sobre aspectos climáticos e ecológicos também podem ser necessários para a compreensão do problema.
· Morbidade – referem-se a doenças e/ou agravos registrados em sistemas como o SINAN,CATs, internações hospitaleares e outros...São os dados mais usados na vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata ou precoce de problemas de saúde de relevância. Correspondem à distribuição de casos segundo a condição de portadores de infecção ou patologias específicas, como também de seqüelas. A qualidade dos indicadores depende diretamente da cobertura da rede de serviços, assim como da qualidade e agilidade dos registros realizados na notificação de casos e surtos, nos mapas de produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigações epidemiológicas, busca ativa de casos, estudos epidemiológicos, inquéritos amostrais, etc...
· Mortalidade – São dados retirados das declarações de óbito e processadas no SIM – sistema de informação da mortalidade, o mais antigo e padronizado do país. Tem fundamental importância para o cáculo de indicadores da magnitude e gravidade dos agravos que levaram ao óbito. No caso particular de doenças de maior letalidade, às vezes são mais fidedignos do que os dados de morbidade daquela doença, por se referirem a fatos vitais bem marcantes. O SIM apresenta variáveis graus de cobertura nas diversas regiões do país, algumas delas com subregistro elevado de óbitos (devido a sepultamento sem D.O), além da significativa proporção de óbitos com causa mal definida, o que impõe cautela quanto a utilização desses dados. Daí a importância de se contar com os Comitês de Investigação de Óbito no caso de alguns agravos que se quer conhecer e enfrentar de forma decisiva ( caso de morte materna e infantil e acidentes de trabalho, no Paraná)
· Dados de ações de controle de doenças ou serviços de saúde: são obtidos na operacionalização das ações de controle, como por ex: número de doses de vacina aplicadas (PNI); índice de infestação predial por Aedes aegypti (PNCD); cobertura do preventivo de câncer, etc.
· Dados de laboratório:por serem locais de confirmação diagnóstica, os laboratórios constituem recursos valiosos para detectar e confirmar doenças sujeitas à notificação. Sua participação deve ser estimulada como fonte de notificação e vigilância laboratorial, porque, muitas vezes, as doenças não foram detectadas pelo sistema formal de notificação.
· Imprensa e população - no caso da recente gripe H1N1 a imprensa acompanhou desde os primeiros casos no México e foi fundamental na divulgação das medidas de prevenção que poderiam ser adotadas por parte da população.
· Notificação de surtos e epidemias – A detecção precoce de surtos e epidemias ocorre quando o sistema de vigilância epidemiológica local está bem estruturado, com acompanhamento sistemático da situação de saúde e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeita a notificação compulsória. Essa prática possibilita a constatação de qualquer indício de elevação do número de casos de um agravo ou mesmo a introdução de uma doença e, conseqüentemente o diagnóstico de uma situação epidêmica inicial para a adoção das medidas de controle necessárias.
3.1.2. Sistemas de informação
· Sistema de Informação de Agravos de Notificação Compulsória – SINAN.
· Sistema de avaliação do Programa de Imunização (SI API) – possibilita a avaliação do programa, em todas as instâncias, por imunobiológico e por faixa etária, emitindo relatórios de doses aplicadas, cobertura vacinal, taxa de abandono, homogeneidade de cobertura por município.
· Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) – utiliza como instrumento de coleta de dados as declarações de óbitos.
· Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) – utiliza como instrumento a declaração de nascidos vivos.
· Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)– sistema de informação que disponibiliza indicadores sociais.
· Sistema de Informações Hospitalares (SIH SUS) – embora não tenha sido concebido sob a lógica epidemiológica (foi concebido com o propósito de operar o sistema de pagamento das internações hospitalares), conta com um detalhado banco de dados sobre atendimento, diagnóstico das internações hospitalares, condição de alta, dentre outros.
· Sistema de Informação da Qualidade da Água para Consumo Humano (VIGIÁGUA).
· Sistema de Informação Ambulatorial (SIA- SUS).
· Outros sistemas de programas específicos ( SISFAD; SISMAL, SIVEP GRIPE, SISCOLO,etc...)
3.2. INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
Lista de doenças de notificação compulsória (DNC): a lista das doenças de notificação compulsória ( ver em anexo) é estabelecida pelo Ministério da Saúde, entre as doenças de maior relevância sanitária para o país. Os dados correspondentes compõem o Sistema Nacional de Agravos de Notificação Compulsória (SINAN). Estados e municípios podem acrescentar a lista nacional agravos considerados de relevância local.
Instrumento para coleta de dados: fichas individuais de notificação em formatos padronizado para cada tipo de agravo e amplamente conhecidos. Os dados registrados na ficha permitem a análise de cada caso suspeito, subsidiando o raciocínio epidemiológico do profissional envolvido na investigação epidemiológica.
Eventos inusitados: quando se tratar de evento inusitado, um protocolo de investigação (ficha de investigação especial) deverá ser elaborado considerando-se as características clínicas epidemiológicas da doença ou agravo suspeito, logo após o conhecimento dos primeiros casos. 
Fluxo de informações: O sistema de informação de agravos de notificação compulsória - SINAN deve ser operado preferencialmente, a partir das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
UBS - Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
Remessa da Secretaria Municipal de Saúde para Secretaria Estadual de Saúde: semanal
Remessa da Secretaria Estadual de Saúde para Ministério da Saúde: quinzenal.
Surtos e emergências em saúde pública: Em caso de surtos e emergências em saúde pública, a notificação deverá ser realizada, também, via internet, para o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – CIEVS da Secretaria de Vigilância em Saúde/MS.
3.2.1. Critérios para seleção de agravos prioritários à vigilância epidemiológica
Magnitude: refere-se ao tamanho do dano que provoca, ou seja , a quantidados de eventos ( mortes, doenças) que causa em um determinado período . Mede-se pelo cálculo de coeficientes ou taxas de incidência, prevalência, mortalidade, anos potenciais de vida perdidos e outros.
Potencial de disseminação: expressa- se pelo grau de transmissibilidade da doença, pela possibilidade da sua disseminação por vetores e demais fontes de infecção, colocando sob risco outros indivíduos ou coletividades.
Transcendência: tem sido definida como um conjunto de características apresentadas por doenças e agravos, de acordo com a especificidade clínica e epidemiológica, destacando-se:
· Severidade: medida por coeficientes de letalidade, hospitalização e seqüelas;
· Relevância social: significa o valor que a sociedade imputa à ocorrência do evento, por estigmatização dos doentes, medo e indignação etc...
· Relevância econômica: situações de saúde que afetam o desenvolvimento econômico, em razão das restrições comerciais, perdas de vida, absenteísmo ao trabalho, custo de diagnóstico e tratamento, dentre outros.
Vulnerabilidade: medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre os indivíduos e coletividades.
Compromissos internacionais: relaciona-se a acordos firmados pelos países membros da Organização Mundial de Saúde – OMS, que visam à adoção de esforços conjuntos para o alcance de metas continentais, ou até mesmo mundiais, de controle, eliminação ou erradicação de algumas doenças ex: sarampo.
Regulamento Sanitário Internacional: as doenças que estão definidas como de notificação internacional são incluídas, obrigatoriamente, nas listas de todos os países membros da OMS ex: cólera, peste, febre amarela, dentre outros.
Epidemias, surtos e agravos inusitados: todas as suspeitas se epidemias ou de ocorrência de agravo inusitado devem ser investigadas e imediatamente notificadas aos níveis hierárquicos superiores, pelo meio mais rápido de comunicação disponível. Mecanismos próprios de notificação devem ser instituídos, definidos de acordo com a apresentação clínica e epidemiológica do evento. 
3.2.2. Investigação epidemiológica de casos e epidemias
Trabalho de campo realizado a partir de casos notificados e de seus contatos. Deve ser iniciada, imediatamente, após a notificação, e tem como principais objetivos:
· Identificar fonte e modo de transmissão.
· Identificar grupos expostos e maior risco.
· Identificar fatores determinantes.
· Confirmar diagnóstico.
· Determinar as principais características epidemiológicas.
Investigação epidemiológica deve ser realizada para esclarecimento de casos de óbitos, surtos ou epidemias. A investigação epidemiológica deve ser realizada sempre que ocorrer:
· Doença de notificação compulsória.
· Número de casos que exceda a freqüência normal.
· Fonte comum de infecção – epidemias ligadas a fonte comum podem produzir grande número de casos em pouco tempo.
· Evolução severa – quando houver suspeita de que a evolução clínica de uma doença é mais grave que o habitual.
· Doença desconhecida na região
3.2.3. Definição de caso com propósito de vigilância
A definição de caso é importante para uniformização do conceito, com o objetivo de possibilitar a comparação entre a sua ocorrência em diferentes áreas geográficas e épocas.
A definição de “caso” ideal é aquela que é sensível, suficientemente, para não perder qualquer ocorrência e específica o bastante para não permitir que casos falso positivos permaneçam no sistema.
Sensibilidade: capacidade de o sistema detectar casos
Especificidade: capacidade de excluir os não casos
Podem ser classificados como:
· Caso suspeito: pessoa cuja história clínica e epidemiológica, sintomas e possível exposição a uma fonte de infecção/contaminação sugerem estar desenvolvendoou em vias de desenvolver alguma doença.
Exemplo da definição de caso suspeito de sarampo: todo paciente que, independente da idade e situação vacinal, apresentar febre e exantema maculopapilar, acompanhados de um ou mais dos seguintes sintomas: tosse, coriza e conjuntivite.
· Caso confirmado: pessoa de quem foi isolado e identificado o agente etiológico ou de quem foram obtidos outras evidências epidemiológicas ou laboratoriais da presença do agente etiológico. A confirmação do caso está condicionada, sempre, à observância dos critérios estabelecidos, para sua definição, pelo sistema de vigilância.
Exemplo: Todo caso suspeito comprovado como caso de sarampo a partir de, pelo menos, um dos seguintes critérios:
· Laboratorial: caso suspeito cujo exame laboratorial teve como resultado “reagente” ou “positivo para IGM”, e a análise clínica epidemiológica indica a confirmação do sarampo.
· Vínculo epidemiológico: caso suspeito, contato de um ou mais casos de sarampo, confirmados pelo laboratório, que apresentou os primeiros sintomas de 7 a 18 dias da exposição ao caso confirmado.
· Caso descartado: pessoa que não preenche os critérios de confirmação e compatibilidade ou para a qual é diagnosticada outra patologia diferente a que se está apurando.
3.2.4 Estratégias utilizadas para detecção de casos
· Vigilância passiva: notificações voluntárias e espontâneas que ocorrem na rotina dos serviços de saúde.
· Vigilância ativa: utilizada na rotina das atividades de investigação epidemiológica quando da busca ativa de casos secundários de doenças de notificação compulsória e outros agravos inusitados, caso primário ou índice, na busca ativa de faltosos. Também utilizada em situações alarmantes ou em programas de erradicação e/ou controle de agravos prioritários ex: HIV/aids; rubéola; dengue; erradicação da poliomielite; eliminação do sarampo.
· Vigilância sindrômica: vigilância de um grupo de doenças que apresentam sinais, sintomas e fisiopatologia comuns a etiologias diversas. Essa estratégia apresenta definições de casos simples e de fácil notificação, possibilita a captura de grande volume de dados e facilita a análise e redução da sobrecarga dos serviços de saúde, ex: síndrome ictérica aguda; síndrome febril ícterohemorrágica aguda; síndrome respiratória aguda; síndrome neurológica aguda, dentre outras. A vigilância sindrômica pode ser aplicada, com êxito, utilizando um sistema sensível de vigilância epidemiológica que permita intervenções rápidas, para evitar a ocorrência de surtos/ epidemias.
· Vigilância sentinela: seleção de um ou mais estabelecimentos de saúde, onde se concentram os esforços para obtenção das informações epidemiológicas desejadas, ex: monitoramento das doenças diarréicas agudas.
· Vigilância epidemiológica no âmbito hospitalar: serviço que tem como principal objetivo realizar ações de vigilância no âmbito hospitalar, onde se concentram os esforços para obtenção das informações epidemiológicas desejadas, estratégia indicada para situações que exigem preocupação especial ou, simplesmente, para completar o sistema rotineiro de informação. Desenvolve um conjunto de ações que visam à detecção de casos de agravos suspeitos ou confirmados de DNC atendidos no hospital, utilizando para isso normas e rotinas do sistema de vigilância epidemiológica e compõem o subsistema nacional de vigilância epidemiológica.
3.3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS 
· Os dados coletados pelos sistemas rotineiros de informação e nas investigações epidemiológicas são consolidados e ordenados de acordo com as características de pessoa, tempo e lugar, em tabelas, gráficos, mapas de área em estudo, dentre outros. Essa disposição fornecerá uma visão do conjunto de variáveis selecionadas para análise, por tipo de doença ou evento investigado, e sua comparação temporal com períodos semelhantes em anos anteriores.
Pessoa – quem adoeceu?
Tempo – quando adoeceu?
Lugar – onde adoeceu?
· É bom lembrar que, além das freqüências absolutas, devem ser calculados coeficientes (incidência, prevalência, letalidade e mortalidade, entre outros) que permita uma melhor comparação das ocorrências.
· A partir do processamento dos dados, deve-se realizar uma análise criteriosa, de maior ou menos complexidade, a depender da sua disponibilidade e da formação profissional da equipe, transformando-os em INFORMAÇÃO, capaz de orientar a adoção das medidas de controle. Quanto mais oportuna for a análise, mais eficiente será o sistema de vigilância epidemiológica.
3.4. RECOMENDAÇÃO/APLICAÇÃO DAS MEDIDAS DE CONTROLE
· Logo após a identificação das fontes de infecção, dos modos de transmissão e da população exposta a elevado risco de infecção, deve- se recomendar as medidas adequadas de controle.
· As medidas de controle devem ser implementadas imediatamente, pois esse é o objetivo primordial da maioria das investigações epidemiológicas.
· Essas medidas podem ser direcionadas para qualquer elo da cadeia epidemiológica – quer seja o agente, a fonte de infecção ou os reservatórios específicos, visando a interrupção da cadeia de transmissão ou à redução da suscetibilidade do hospedeiro.
3.5. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA/ EFETIVIDADE DAS MEDIDAS ADOTADAS
· O impacto das ações de controle adotadas na ocorrência de novos casos pode ser avaliado relacionando-se a medida dessas ocorrências com alguns parâmetros, que variam com as ações desenvolvidas, como vacinação contra tétano e diminuição de casos da doença.
· As doenças imunopreveníveis requerem uma medida simples, relativamente, para que se interrompa a transmissão. Quando ocorre um caso suspeito de rubéola, por exemplo, é importante que ele seja notificado imediatamente, a fim de que a vacinação dos contatos suscetíveis seja realizada, o mais rapidamente possível, na tentativa de evitar a ocorrência de novos casos.
· Para diminuir a ocorrência de novos casos de tuberculose, por exemplo, deve-se proceder a detecção de sintomáticos respiratórios e a realização de tratamento supervisionado, precocemente, o que deverá levar a uma redução do abando de tratamento.
3.6. DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES PERTINENTES
· A disseminação da informação é útil para todos os setores e profissionais participantes do sistema de vigilância epidemiológica, como também para aqueles que possam contribuir para elucidação dos elos da cadeia epidemiológica, especialmente da fonte geradora da doença sob investigação através de contato direto; reuniões de avaliação; boletins epidemiológicos.
4. AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
· Utilidade: Dados de vigilância devem ser utilizados para a formulação de políticas de saúde ou para o gerenciamento de programas de intervenção. Se dados de vigilância estão disponíveis mas não são utilizados na formulação de políticas ou aperfeiçoamento de programas, deve-se investigar as razões para essa falta de uso.
· Oportunidade: agilidade do sistema em cumprir todas as etapas, desde a notificação do caso até a distribuição de informações. 
· Aceitabilidade: disposição favorável dos profissionais e das instituições que conduzem o sistema, permitindo que as informações geradas sejam exatas, consistentes e regulares. Em geral, a aceitação está vinculada à importância do problema e à interação do sistema com órgãos de saúde e a sociedade em geral.
· Simplicidade: deve ser utilizada como princípio orientador dos sistemas de vigilância, com vistas a facilitar a operacionalização e reduzir os gastos.
· Flexibilidade: capacidade de adaptação do sistema a novas situações epidemiológicas ou operacionais (inserção de outras doenças, atuação em casos emergenciais, implantação de normas atualizadas, incorporação de novos fatores de risco, etc...).
· Representatividade: possibilidade do sistema identificar todos os subgrupos da população onde ocorrem os casos.
 5. INVESTIGAÇÃO DE SURTOS
As dez etapas de Investigação de Surto
1. Preparar para o trabalho de campo.
2. Estabelecer a existência de um surto.
3. Verificar diagnóstico.
4. Identificar e contar casos.
5. Organizaras informações por Tempo, Lugar e Pessoa.
6. Formular hipóteses
7. Testar hipóteses.
8. Refinar hipóteses e desenvolver estudos adicionais.
9. Implementar medidas de controle
10. Comunicar os resultados
1. Preparar para o trabalho de campo
· Realizar reunião com as áreas técnicas envolvidas de acordo com a suspeita inicial, equipes de campo e laboratório, com o objetivo de definir a equipe, liderança, divisão de tarefas, integração das áreas, levantamento das necessidades, solicitar veículos, etc...
· Realizar levantamento bibliográfico sobre o tema; consultar o guia de vigilância epidemiológica e a existência de protocolos (quando houver).
2. Estabelecer a existência do surto
Objetivos:
· Certificar se realmente está ocorrendo um surto na localidade referida
· Caracterizar se o evento é a alteração do padrão epidemiológico de algum agravo existente na região ou trata-se de uma nova entidade clínica para o local, nação, etc...
Como fazer?
1. Determinar o número de casos esperados
2. Comparar com o número de casos observados
3. Confirmar diagnóstico
Objetivos: 
· Descartar os casos classificados erroneamente, por diagnósticos clínicos laboratoriais, erros de preenchimento das fichas, etc...
Como fazer?
1. Revisar todas as fichas de investigação (quando houver) e prontuários clínicos
2. Entrevistar profissionais de saúde que atenderam os pacientes
3. Entrevistar os pacientes ou parentes
4. Padronizar a classificação e caracterizar o quadro clínico.
4. Identificar e contar os casos
Objetivos:
· Padronizar a identificação de novos casos
· Excluir aqueles que não são casos
· Identificar o maior número possível de casos suspeitos
Como fazer?
1. Criar uma planilha de casos (manual ou eletrônica)
2. Elaborar a definição de caso e divulgá-la.
 5. Organizar as informações
A epidemiologia tem sido descrita como estudo dos determinantes da distribuição de doenças na população; os principais determinantes são o tempo, o lugar e a pessoa.
· Quem foi afetado? Pessoa
 Como?
· Quando foram afetados? Tempo 
 Por que?
· Onde foram afetados? Lugar 
Pessoa: 
· Descrever o número de casos em detalhes
· Identificar fatores comuns aos casos (sexo, idade, raça, estado civil, etc...)
· Obter denominadores para calcular taxas
· Comparar os grupos
Tempo: 
· Um surto ou epidemia é uma concentração de novos casos no tempo.
· A existência de uma epidemia é reconhecida por uma curva epidêmica
Como fazer?
1. Distribuição de casos por data de início de sintomas.
2. Histograma. 
3. Magnitude do surto e tendência temporal
4. Intervalo de tempo: menor que períodos de incubação conhecidos/suspeitados (ex: hora, dias, semanas, meses.
Lugar: 
· A distribuição geográfica dos casos indica onde uma doença é mais ou menos importante e fornece indícios para identificar /localizar sua fonte ou causa.
· Variáveis – país, estado, cidade, bairro, residência, escola, hospital, etc...
· 
6. Formular hipóteses
7. Testar hipóteses 
8. Refinar hipótese e estudos adicionais
Estudos epidemiológicos
· Não há associação estatística – novas hipóteses
· Associação estatísticas – refinar hipóteses
Estudos adicionais
· Laboratório
· Ambiental
· outros
 9. Implementar medidas de controle
Objetivos:
· Controlar a fonte do organismo patogênico
· Interromper a transmissão
· Controlar a resposta de hospedeiro à exposição
10. Comunicar os resultados
Objetivos:
· Apresentar resultados e recomendações
· Documentar experiências (referências)
· Compartilhar experiências
· Disseminar a informação
Formas: oral (apresentações, entrevistas) escrita (relatórios, boletins, notas, artigos, etc...)
· Como proceder: definição do interlocutor da equipe com a imprensa; fluxo de informação (boletins diários); comunicação clara e objetiva.
Bibliografia consultada:
Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Guia de Vigilância Epidemiológica, 1995 – Brasília (DF).
___, Ministério da Saúde, Curso Básico de Vigilância Epidemiológica, 1995 – Brasília (DF).
___, Ministério da Saúde, Etapas da Investigação de Surto. Disponível em http://epilibertas.blogspot.com/2007/12/etapas.
___, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria nº 5, de 21 de fevereiro de 2006. Disponível em dtr 2004.saúde.gov.Br/ - Brasília (DF).
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Vigilância Epidemiológica, 1998 – Editora Fiocruz (RJ).
Pereira MG. Epidemiologia Teoria e Prática, 2000 – Editora Guanabara Koogan (RJ).
Waldeman E. Vigilância em Saúde Pública, Saúde e Cidadania, 1995 – São Paulo (SP).
Brasil, CONASS- Para entender a gestão do SUS- coleção Progestores – CONASS/MS-Brasília- 2003

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