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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE DISCIPLINA: Política de seguridade social I: previdência Docente: Ketnen Rose Medeiros Barreto Discente: Stefany Alvarenga Batista Fichamento do capítulo 2 do livro: Política Social: fundamentos e história: BEHRING, Elaine Rossetti e BOSCETTI, Ivanete. 2ª edição, São Paulo: Cortez, 2007. “ Não se pode indicar com precisão um período específico de surgimento das primeiras iniciativas reconhecíveis de políticas sociais, pois, como processo social, elas se gestaram na confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo com a revolução industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal.” (Pág. 47) “As sociedades pré-capitalistas não privilegiavam as forças de mercado e assumiam algumas responsabilidades sociais, não com o fim de garantir o bem comum, mas com o intuito de manter a ordem social e punir a vagabundagem.Ao lado da caridade privada e de ações filantrópicas, algumas iniciativas pontuais com características assistenciais são identificadas como protoformas de políticas sociais.” (Pág. 47) “As mais exaltadas e frequentemente citadas como legislações seminais são [...] • Estatuto dos trabalhadores, de 1349. • Estatuto dos artesões, de 1563. • Lei dos pobres elisabetanas, que se sucederiam entre 1531 e 1601. • Lei de domicílio , de 1662. • Speenhamland Act, de 1795. • Lei revisora das lei dos pobres ou Nova Lei dos pobres [...], de 1834.” (Pág. 47-48) “Essas legislações estabeleciam um “código coercitivo do trabalho” [...] E seu caráter era punitivo e repressivo e não protetor [...] Essas regulamentações [...] Tinham alguns fundamentos comuns: estabelecer o imperativo do trabalho a todos que defendiam de sua força de trabalho para sobreviver; obrigar o pobre a aceitar qualquer trabalho que ele fosse oferecido.” (Pág. 48) “[...] as legislações [...] Tinham como função principal manter a ordem de castas e impedir a livre circulação da força de trabalho o que tinha contribuído para retardar a Constituição do livre mercado de trabalho” (Pág. 48) “Pode parecer exagerado atribuir a uma lei assistencial o “poder” de impedir o estabelecimento do livre mercado, mas o fato é que enquanto as anteriores leis dos pobres induziam o trabalhador a aceitar qualquer trabalho a qualquer preço, a lei Speenhamland, ao contrário, permitia o trabalhador minimamente “negociar” o valor da sua força de trabalho, impondo limites (ainda que restritos) ao mercado de trabalho competitivo que se estabelecia” (Pág. 49) “O imperativo da liberdade e competitividade na compra e venda da força de trabalho fez com que o capitalismo regredisse mesmo em relação a essas forças restritivas de “proteção assistencial” à população pobre. A “descoberta” do trabalho livre como produtor de valor de troca e sua potencialidade na e para a acumulação capitalista ( Marx, 1987:41) precisou o significado do trabalho para as relações sociais.” (Pág 50) “No capitalismo, ao ser tratada como mercadoria, a força está trabalho possui duplo caráter ser produtora de valor de uso e de troca...” (Pág. 50) “Assim, o valor de troca se constitui a partir do dispêndio de energia humana que cria o valor das mercadorias e consiste na relação que se estabelece entre uma coisa e outra, entre um produto e outro.” (Pág. 50- 51) “As relações capitalistas constituem relações de produção de valores de troca (mercadorias) para acumulação de capital, através da expropriação da mais-valia adicionada ao valor pelo trabalho livre, condição da produção capitalista e razão pela qual se provoca a separação entre a força de trabalho e a propriedade dos meios de produção.” (Pág 51) “Se as legislações sociais pré-capitalistas eram punitivas, restritivas e agiam na intersecção da assistência social e do trabalho forçado, o “abandono” dessas tímidas e repressivas medidas de proteção no auge da revolução industrial lança os pobres à “servidão da liberdade sem proteção” no contexto de plena subsunção do trabalho ao capital, provocando o pauperismo como fenômeno mais agudo decorrente da chamada questão social. Foram as “lutas pela jornada normal de trabalho” (Marx, 1987) que provocaram o surgimento de novas regulamentações sociais e do trabalho pelo estado[...].” (Pág. 51) “As políticas sociais e a formatação de padrões de proteção social são desdobramentos e até mesmo respostas e formas de enfrentamento [...] às expressões multifacetadas da questão social no capitalismo, cujo fundamento se encontra nas relações de exploração do capital sobre o trabalho.” (Pág. 51) “Uma interpretação da questão social como elemento constitutivo da relação entre o Serviço social e a realidade, tendo como mediação as estratégias de enfrentamentos adotadas pelo estado e pelas classes [...] tem algumas implicações. [...] E o debate deve incorporar, necessariamente, os componentes de resistência e de ruptura presentes nas expressões e na Constituição de formas de enfrentamento da questão social, ou seja, esse conceito está impregnado de luta de classes, sem o que se pode recair no culto da técnica dos mapas da “exclusão”, das fotografias, da vigilância da exclusão tão em voga nos dias de hoje.” (Pág. 53) “O importante capítulo de O capital (Marx,1998) acerca da jornada de trabalho é uma referência decisiva para interpretar a relação entre questão social e política social [...] Marx Dá ainda mais densidade a sua tese acerca do lugar central E da condição estrutural do trabalho como fonte de valor para o capital [...] Mostrando a disputa feroz em torno do tempo de trabalho entre os detentores dos meios de produção – a burguesia - e os trabalhadores na medida em que o tempo médio de trabalho socialmente necessário é fundamental para o processo de valorização do capital e também de reprodução da força de trabalho.” (Pág 53-54) “A luta em torno da jornada de trabalho e as respostas das classes e do Estado são, portanto, as primeiras expressões contundentes da questão social [...] Começa a ocorrer o deslocamento do problema da desigualdade e da exploração como questão social, a ser tratada no âmbito estatal e pelo direito formal, que discute a igualdade de oportunidades, em detrimento da igualdade de condições. [...] Quando os capitalistas passam a incrementar cada vez mais a maquinaria e a se interessar por uma jornada ”normal ” de trabalho [...]” (Pág 55) “O estabelecimento da jornada normal de trabalho foi, desta forma, o resultado de uma luta “multissecular entre capitalista e trabalhador”” (Pág. 55) “O período que vai de meados do século XIX Até a terceira década do século XX, portanto, é profundamente marcado pelo predomínio do liberalismo e de seu principal sustentáculo: o princípio do trabalho como mercadoria e sua regulamentação pelo livre mercado.” (Pág. 56) “O predomínio do mercado como supremo regulador das relações sociais, contudo só pode se realizar na condição de uma suposta ausência de intervenção estatal” (Pág 56) “A síntese que segue de alguns elementos essenciais do liberalismo ajuda a melhorar compreender a reduzida intervenção estatal na forma de políticas sociais nesse período: • Predomínio do individualismo [...] • O bem-estar individual maximiza o bem-estar coletivo [...] • predomínio da liberdade e competitividade [...] • naturalização da miséria [...] • predomínio da lei da necessidade [...] • manutenção de um estado mínimo [...] • as políticas sociais estimulam o ócio e o desperdício [...] • a política social deve ser um paliativo [...]” (Pág 61-62) “Com predomínio desses princípios ferozmente defendidos pelos liberais e assumidos pelo estado capitalista, não é difícil compreender que a resposta dada a questão social no final do século XIX Foi sobretudo repressiva e apenas incorporou algumas demandas da classe trabalhadora, transformando as reivindicaçõesem leis que estabeleciam melhorias tímidas e parciais nas condições de vida dos trabalhadores, sem atingir, portanto o cerne da questão social. “ (Pág 63) “Não se trata, então, de estabelecer uma linha evolutiva linear entre o estado liberal e o estado social, mas sim chamar atenção para o fato de que ambos têm um ponto em comum: o reconhecimento de direitos sem colocar em xeque os fundamentos do capitalismo.” (Pág 63) “ [...] A classe trabalhadora conseguiu assegurar importantes conquistas na dimensão dos direitos políticos, como o direito de voto, de organização em sindicatos e partidos, dele vi expressão e manifestação tais conquistas, com tudo, não conseguir impor a ruptura com o capitalismo.” (Pág 63- 64) “ O surgimento das políticas sociais foi gradual e diferenciado entre os países, dependendo dos movimentos de organização e pressão da classe trabalhadora, do grau de desenvolvimento das forças produtivas, e das correlações e composições de força no âmbito do Estado.” (Pág. 64) “O modelo bismarckiano é identificado como sistema de seguros sociais, pois suas características assemelham-se a de seguros privados. Em relação aos direitos, os benefícios cobrem principalmente os trabalhadores contribuintes e suas famílias; o acesso é condicionado a uma contribuição direta anterior e o montante das prestações é proporcional à contribuição efetuada.” ( Pág 66) “O enfraquecimento das bases materiais e subjetivas de sustentação dos argumentos liberais [...] como resultado de alguns processos políticos econômicos político-econômicos , dos quais vale destacar [...] O crescimento do movimento operário, que passou a ocupar espaços políticos e sociais importantes, como o parlamento, obrigando a burguesia a “entregar os anéis para não perder os dedos”. (Pág. 67) Fichamento do capítulo 3 do livro: Política Social: fundamentos e história: BEHRING, Elaine Rossetti e BOSCETTI, Ivanete. 2ª edição, São Paulo: Cortez, 2007. “A primeira grande crise do capital, com a depressão de 1929-1932,Seguida dos efeitos da Segunda Guerra Mundial, consolidou a convicção sobre a necessidade de regulamentação estatal para seu enfrentamento. Essa só foi possível pela conjugação de alguns fatores como: a) De políticas keynesianas com vistas de gerar pleno emprego e crescimento econômico no mercado capitalista liberal; b) Instituição de serviços e políticas sociais com vistas a criar demandas e ampliar o mercado de consumo; c) Um amplo acordo entre esquerda e direita, entre capital e trabalho” (Pág 91-92) “ O chamado “consenso do pós-guerra”” (Pág 92) “Esse “consenso” materializado pela Assunção ao poder de partidos social democratas, institucionalizou a possibilidade de estabelecimento de políticas abrangentes e mais universalizadas, baseados na cidadania, de compromisso governamental com aumento de recursos para a expansão de benefícios sociais, de consenso político em favor da economia mista e de um amplo sistema de bem-estar e de comprometimento estatal com o crescimento econômico e pleno emprego” (Pág 92) “É certo que essas iniciativas têm sua origem nas reivindicações da classe trabalhadora durante o século XIX,Tendo sido ampliadas com consenso pós guerra, sobretudo com a influência do plano Beveridge” (Pág 93) “Os princípios que estruturam o Welfare State, são aqueles apontados no plano Beveridge: 1) Responsabilidade estatal na manutenção das condições de vida dos cidadãos; 2)Universalidade dos serviços sociais; 3)Implantação de uma “rede de segurança” de serviços de assistência social.” ( Pág 94) “Desse modo é importante reconhecer que o termo welfare state origina-se na Inglaterra e é comumente utilizado na linguagem anglo-saxônica mas há outras designações, que nem sempre se referem ao mesmo fenômeno e não podem ser tratadas como sinônimo de Welfare state.” (Pág 97) “Entretanto, parece consensual entre os autores que os seguros sociais ou seja a garantia compulsória de prestação de substituição de renda em momentos de riscos derivados da perca do trabalho assalariado pelo estado foi uma inovação da Alemanha na era Bismarckiana. Já o modelo Beveridgiano, surgido na Inglaterra, tem como principal objetivo a luta contra a pobreza. Nesse sistema de proteção social, os direitos são universais destinados a todos os cidadãos incondicionalmente ou submetidos a condições de recursos (testes de meios), e o estado deve garantir mínimos sociais a todos em condições de necessidade.” (Pág 97) “O que se pode depreender dessas análises é que as políticas sociais vivenciaram forte expansão após a Segunda Guerra Mundial, tendo como fator decisivo a intervenção do estado na regulação das relações sociais e econômicas.” (Pág. 98) “Apesar dos limites metodológicos de análises que injeção os países em supostos modelos com características homogêneas ou trabalho de Esping- Andersen Revela a importância da expansão das políticas sociais no período aqui analisado (1945-1970), Ao mesmo tempo em que demonstra que essa expansão não seguiu o mesmo padrão de desenvolvimento em todos os países capitalistas. E isso pode ser verificado também a partir do aumento dos gastos sociais com políticas de proteção social conforme aponta o estudo de Pierson (1991:128).” (Pág. 100) “Não é surpreendente, assim, que a expansão das políticas sociais e dos direitos por elas a segurados, após a Segunda Guerra Mundial, seja considerado um elemento central e indissociável da cidadania.” ( Pág. 101) “A formulação de T. H. Marshall (1967) Sobre a cidadania, num contexto de ampla utilização das estratégias fordistas-keynesianas, é paradigmática das transformações societárias daqueles anos, em que o tema da política social ganha um novo estatuto teórico [...] Com destaque para um padrão de bem- estar social europeu.” (Pág 101) “Para Marshall, há tendência moderna para a igualdade social, a qual a convergiria para o socialismo.” (Pág 101) “Para T. H. Marshall, O conceito de cidadania, em sua fase madura, comporta: as liberdades individuais, expressas pelos direitos civis [...],institucionalizados pelos tribunais de justiça; os direitos políticos [...] Por meio do parlamento do governo, bem como dos partidos e sindicatos; e os direitos sociais, caracterizados como o acesso a um mínimo de bem-estar econômico e de segurança, com vistas a levar a vida de um ser civilizado. “ (Pág 102) “Contudo, os anos de ouro do capitalismo regulado começaram a se exaurir no final dos anos 1960 . As taxas de crescimento a capacidade do estado de exercer suas funções mediadoras civilizadoras cada vez mais amplas, absorção das novas gerações no mercado de trabalho, restrito já naquele momento pelas tecnologias poupadoras de mão-de-obra não são as mesmas, contrariando as expectativas de pleno emprego, base fundamental daquela experiência. [...] As elites político-econômicas, então, começaram a questionar e a responsabilizar pela crise a tua atuação agigantada do Estado mediador civilizador, especialmente naqueles setores que não revertiam diretamente em favor de seus interesses. E aí sim incluíam as políticas sociais. “ (Pág 103)
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