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Indaial – 2021 ComerCial Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt 2a Edição Contabilidade Elaboração: Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S345c Schlotefeldt, Josiane de Oliveira Contabilidade comercial. / Josiane de Oliveira Schlotefeldt – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 186 p.; il. ISBN 978-65-5663-837-9 ISBN Digital 978-65-5663-833-1 1.Contabilidade mercantil. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 657 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Contabilidade Comercial. A atividade empresarial movimenta o país e o mundo, gerando riqueza, empregos, produção de mercadorias e serviços, pagamento de tributos e desenvolvendo tecnologias. Um contador terá papel imprescindível para as empresas, sendo capaz de orientar os empreendedores em diversas áreas de seus negócios, com o objetivo de auxiliá-los na tomada de decisão para o futuro das companhias. Para cumprir com esse papel importantíssimo, deverá possuir conhecimentos e competências em áreas como constituição de empresas, elaboração de demonstrações contábeis, tributação incidentes em compras, vendas e em outras operações, controles de estoques e folha de pagamento. Essas são as áreas que mais impactam as empresas brasileiras, por isso elaboramos este livro didático, a fim de incluir os principais conteúdos que farão diferença na vida desse profissional no que se refere a assuntos sobre comercialização. A contabilidade possui inúmeras áreas de atuação e a contabilidade comercial é uma delas. Especificamente nesse ramo, o objetivo é atender empresas que tenham suas atividades voltadas para compra e venda de mercadorias. Assim, na Unidade 1, estudaremos esse conceito, que trata da definição de contabilidade comercial, da importância do contador para as empresas comerciais, das formas de constituição de empresas mais utilizadas no Brasil, da escrituração contábil e das principais demonstrações contábeis: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Na Unidade 2, o foco serão os tributos. Não é de hoje que sabemos que a carga tributária do país é uma das mais altas do mundo, e que muitas empresas fecham as portas nos primeiros anos de vida, sendo um dos motivos os tributos. Por isso, preparamos conteúdos bem práticos, com a análise de diversos cenários, para verificar o comportamento dos tributos de diferentes maneiras. Abordaremos os principais tributos incidentes sobre compras e vendas, estudando outras operações diversas que afetam as compras e vendas de mercadorias, como é o caso das devoluções de compra e venda, bonificações, descontos comerciais, fretes sobre compras e fretes sobre vendas – tudo regado a muita contabilidade, para relacionar a teoria com a prática. Na Unidade 3, veremos o conteúdo de controle de estoque permanente e folha de pagamento. Sabe-se que as empresas necessitam ter um eficiente controle de estoque, pois ele impacta diretamente no custo das mercadorias vendidas, o que influencia no resultado do período. Nesse sentido, estudaremos o método PEPS e Custo Médio, a fim de contribuir para uma melhor gestão dos estoques das organizações. Por fim, mas nunca menos importante, a folha de pagamento representa uma das maiores joias dentro de uma empresa, pois corresponde aos proventos e descontos devidos ao APRESENTAÇÃO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. GIO maior capital que uma entidade possui: as pessoas. Por isso, estudaremos os proventos, como salário, pró-labore e salário-família, e salário-maternidade; os descontos, como INSS, IRRF, vale-transporte; e as obrigações da empresa, como INSS Patronal, FGTS, férias e décimo terceiro salário. Conforme comentamos anteriormente, as empresas comerciais precisam de contadores capacitados para atuar ao lado da administração, de modo que este livro busca propiciar os principais conhecimentos acerca de tudo que permeia as empresas comerciais, contribuindo com mais um passo rumo à excelência profissional do contador. Bons estudos e sucesso! Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. QR CODE ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS ................... 1 TÓPICO 1 - SOCIEDADES COMERCIAIS ................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE COMERCIAL ..................................................................3 2.1 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE ENTIDADES COMERCIAIS ...............73 DEFINIÇÃO DE EMPRESA COMERCIAL ..............................................................................8 3.1 SOCIEDADES COMERCIAIS ................................................................................................................. 9 3.2 FORMALIZAÇÃO DA SOCIEDADE COMERCIAL ............................................................................ 16 4 A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS .................................... 19 4.1 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE JURÍDICA .....................................................................23 4.2 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE CONTÁBIL ....................................................................24 4.3 PLANO DE CONTAS ............................................................................................................................ 27 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 32 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 33 TÓPICO 2 - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................ 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 35 2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................................ 35 2.1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA ....................................................................................................... 37 2.2 DEDUÇÕES E ABATIMENTOS ........................................................................................................... 37 2.3 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA ................................................................................................... 37 2.4 CUSTOS OPERACIONAIS................................................................................................................... 37 2.5 LUCRO OPERACIONAL BRUTO ........................................................................................................38 2.6 DESPESAS OPERACIONAIS ..............................................................................................................38 2.7 OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS ...............................................................................................39 2.8 LUCRO (PREJUÍZO) OPERACIONAL ...............................................................................................39 2.9 OUTRAS RECEITAS .............................................................................................................................39 2.10 OUTRAS DESPESAS ........................................................................................................................39 2.11 RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS DEDUÇÕES (OU ANTES DA TRIBUTAÇÃO) ....... 40 2.12 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ............................................................... 40 2.13 IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ...................................................................... 40 2.14 RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS AS DEDUÇÕES .................................................................. 40 2.15 PARTICIPAÇÕES .............................................................................................................................. 40 2.16 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO .................................................................................................. 40 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 49 TÓPICO 3 - BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................. 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 51 2 BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................................. 51 2.1 APLICAÇÕES FINANCEIRAS ..............................................................................................................53 2.2 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE ......................................................................................55 2.3 ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES ........................................................................................... 57 2.4 ADIANTAMENTO DE CLIENTES........................................................................................................59 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 63 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 66 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................67 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69 UNIDADE 2 — OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS ..................................... 71 TÓPICO 1 — TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS ..................................73 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................73 2 REGIMES DE TRIBUTAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS ...............................................73 2.1 TRIBUTOS CUMULATIVOS E NÃO CUMULATIVOS ....................................................................... 77 2.1.1 Cumulatividade (tributos cumulativos) ................................................................................. 77 2.1.2 Não Cumulatividade (tributos não cumulativos) ...............................................................78 2.2 TRIBUTOS CONFORME O REGIME DE TRIBUTAÇÃO ................................................................. 80 2.2.1 Tributos no Lucro Real ..............................................................................................................82 2.2.2 Tributos no lucro presumido ..................................................................................................92 2.2.3 tributos no Simples Nacional .................................................................................................95 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 101 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................102 TÓPICO 2 - OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E AS VENDAS DE MERCADORIAS ...................................................................................................................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................103 2 DEVOLUÇÕES ..................................................................................................................103 2.1 DEVOLUÇÕES NO LUCRO REAL .....................................................................................................104 2.2 DEVOLUÇÕES NO LUCRO PRESUMIDO .......................................................................................105 2.3 DEVOLUÇÕES NO SIMPLES NACIONAL ......................................................................................106 2.4 DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR ....................106 2.4.1 Devoluções de vendas efetuadas em exercício social anterior – Lucro Real .......... 107 2.4.2 Devoluções de vendas efetuadas em exercício social anterior – Lucro Presumido ....................................................................................................................109 2.4.3 Devoluções de vendas efetuadasem exercício social anterior – Simples Nacional .....................................................................................................................................110 3 DESCONTOS COMERCIAIS ............................................................................................. 112 4 FRETES SOBRE COMPRAS ............................................................................................. 113 4.1 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL ................................................113 4.2 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO ..................................114 4.3 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL ...................................114 5 FRETES SOBRE VENDAS ................................................................................................ 115 6 BONIFICAÇÕES ............................................................................................................... 115 6.1 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO REAL ......................................................................116 6.2 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO ........................................................ 117 6.3 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL ........................................................118 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 121 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................123 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................124 UNIDADE 3 — OUTRAS OPERAÇÕES RELEVANTES NAS EMPRESAS ............................125 TÓPICO 1 — INVENTÁRIO PERMANENTE NA PRÁTICA .................................................... 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 127 2 MÉTODO PEPS.................................................................................................................128 3 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO ............................................................................................129 4 INVENTÁRIO PERMANENTE NA PRÁTICA ..................................................................... 131 4.1 MÉTODO PEPS NO SIMPLES NACIONAL ...................................................................................... 132 4.2 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO NO SIMPLES NACIONAL .............................................................. 134 4.3 MÉTODO PEPS NO LUCRO PRESUMIDO ..................................................................................... 136 4.4 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO PELO LUCRO PRESUMIDO ......................................................... 139 4.5 MÉTODO PEPS NO LUCRO REAL ...................................................................................................141 4.6 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO NO LUCRO REAL ...........................................................................144 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 151 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................152 TÓPICO 2 - FOLHA DE PAGAMENTO .................................................................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................153 2 FOLHA DE PAGAMENTO .................................................................................................153 2.1 SALÁRIO BRUTO E ADICIONAIS ..................................................................................................... 155 2.2 DESCONTOS ....................................................................................................................................... 156 2.3 DESPESAS ADICIONAIS .................................................................................................................. 159 2.4 PRÓ-LABORE ......................................................................................................................................167 2.5 APLICAÇÃO PRÁTICA DOS CONTEÚDOS .................................................................................... 169 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................178 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................182 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................183 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................184 1 UNIDADE 1 - A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o conceito de contabilidade comercial, bem como sua aplicabilidade; • compreender a importância das sociedades comerciais para o Brasil; • compreender o papel do profi ssional contábil para com essas sociedades; • compreender o conceito de sociedade comercial e seus tipos; • compreender a legislação pertinente às sociedades comerciais, bem como a cons- tituição e escrituração dessas empresas; • compreender, analisar e estruturar a Demonstração do Resultado; • compreender, analisar e estruturar o Balanço Patrimonial. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoa- tividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SOCIEDADES COMERCIAIS TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO TÓPICO 3 – BALANÇO PATRIMONIAL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 SOCIEDADES COMERCIAIS 1 INTRODUÇÃO Neste primeiro tópico estudaremos a contabilidade comercial aplicada às empresas comerciais. Salienta-se que iremos nos referir às sociedades comerciais muitas vezes como “empresas comerciais” ou “organizações comerciais” com o intuito de facilitar o entendimento e alguns termos não ficarem repetitivos. Para isso, faz-se necessário compreendermos os conceitos básicos tanto da contabilidade como de empresas comerciais, bem como a legislação incidente sobre essas empresas. Veremos que as empresas comerciais possuem muita importância no nosso país e que o profissional contábil deve conhecer sobre as particularidades dessas entidades. Podemos destacar que essas particularidades já iniciam no momento da constituição da empresa e vão até aos demonstrativos contábeis, como a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial. 2 DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE COMERCIAL A Contabilidade, como ciência social, possui um campo de atuação muito vasto. Possui o objetivo de registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja pessoa fí- sica, entidade com fins não lucrativos, empresa, até mesmo pessoa de Direito Público, como Estado, Município, União, Autarquia (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). No mercado empresarial existem as mais diversas organizações, o que as difere é a atividade desenvolvida por cada uma. Dessa forma, podemos encontrar indústrias, transportadoras, empresas financeiras, agrícolas, de pecuária, construção civil, públicas e comerciais, entre outras. Para cada tipo de atividade, existe um ramo da Contabilidade, conforme mostra a Tabela 1. TABELA 1 – RAMIFICAÇÃODA CONTABILIDADE DE ACORDO COM AS ATIVIDADES EMPRESARIAIS Atividade Empresarial Ramo da Contabilidade Indústria Contabilidade Industrial Transportes Contabilidade de Transportes Empresas Financeiras Contabilidade de Empresas Financeiras Agrícola e Pecuária Contabilidade Rural TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 Construção civil Contabilidade de Construtoras Públicas Contabilidade Pública Comércio Contabilidade Comercial FONTE: A autora Ao analisarmos a Tabela 1, podemos deduzir, então, que existem várias Contabili- dades? Ribeiro (2017, p. 18) esclarece que não: “A Contabilidade é uma só. O que existe são ramificações da Contabilidade, criadas para permitir a cada tipo de entidade a aplicação adequada dos conceitos e princípios contábeis, segundo suas características próprias”. Não podemos esquecer que a contabilidade visa a fornecer informações úteis para a tomada de decisão dos seus diferentes usuários. Conforme a NBC TG 26 – Apre- sentação das Demonstrações Contábeis: “O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas” (CFC, 2017, p. 5-6). Dessa forma, os usuários da informação contábil de empresas comerciais pre- cisam de informações que sejam adequadas a esta atividade, distintas daquelas dos usuários de empresas rurais ou de instituições financeiras, por exemplo. Com relação à Contabilidade Comercial, precisamos observar o que Luz (2015, p. 68) afirma sobre a contabilidade e o setor de comércio: “A contabilidade é uma ciên- cia que procura, por meio de técnicas específicas, informar a seus usuários a situação financeira das entidades em geral. A atividade comercial necessita de inúmeras infor- mações para assegurar sua eficiência e eficácia, as quais provém do sistema contábil”. Essa ramificação da contabilidade, ou seja, a Contabilidade Comercial, pode ser definida como: o ramo da Contabilidade que possibilita o controle da movimentação do patrimônio das empresas comerciais (RIBEIRO, 2017). Podemos complementar dizendo que a Contabilidade Comercial é o ramo da Contabilidade aplicado ao estudo e ao controle do patrimônio das empresas comerciais, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e suas variações, bem como sobre o resultado decorrente da atividade mercantil (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). Na visão de Araújo (2009), a Contabilidade Comercial é a especialidade contábil que está voltada para as empresas que tem suas atividades para compra e venda de mercadorias. No Brasil, a partir de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019a), verificou-se que, em 2017, o setor de Comércio foi o mais repre- sentativo entre entidades empresariais brasileiras, contando com 1.886.139 empresas, representando 37,5% do total de segmentos econômicos existentes. Nessa pesquisa, no 5 que se refere ao número de empresas e pessoal ocupado, a atividade de Comércio ficou na frente). A Tabela 2 apresenta os resultados na íntegra. TABELA 2 – EMPRESAS E PESSOAL OCUPADO, SEGUNDO AS SEÇÕES DA CNAE 2.0, EM 2017 FONTE: Adaptada de IBGE (2019a, p. 30) 6 A classifi cação dessa pesquisa teve como referência a Classifi cação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Assim, todas as empresas brasileiras foram classifi - cadas conforme sua atividade econômica e a que mais se destacou foi a seção G – Co- mércio, contendo empresas de comércio varejista e atacadista. A partir dos dados que foram expostos, percebemos a importância do setor de comércio para a economia do nosso país, não é mesmo? Sendo assim, a Contabilidade Comercial torna-se imprescindível para o acadêmico de Contabilidade, que é um futuro contador e que muito provavelmente atenderá diversas empresas comerciais. Basicamente, a CNAE é um código numérico que varia entre atividades empre- sariais classifi cadas na letra A até a letra U, conforme apresentado na Tabela 3. TABELA 3 – ATIVIDADES ECONÔMICAS NA CNAE FONTE: <https://concla.ibge.gov.br/busca-online-cnae.html?view=estrutura>. Acesso em: 20 out. 2021. NOTA Futuramente, nas disciplinas Estágio – Plano de Negócios e Estágio II – Prática Contábil você utilizará o CNAE para suas atividades práticas. Por isso é importante se acostumar com esse termo desde agora! Que tal acessar o QR CODE e já se inteirar sobre o assunto? 7 2.1 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE ENTIDADES COMERCIAIS Como vimos na seção anterior, as empresas comerciais são responsáveis pela maior fatia de mercado empresarial em atuação no Brasil. Até algum tempo atrás, era muito modesta a perspectiva profissional do contador de empresas comerciais pela pequena dimensão dessas entidades (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). Contudo, com o tempo, esse cenário se modificou: Com o desenvolvimento dos conglomerados em que a atividade de distribuição é um dos pontos básicos e mesmo com a ampliação e modernização das empresas mercantis, que atuam em grandes mercados, às vezes ultrapassando até as fronteiras geográficas de um país, multiplicam-se as oportunidades para tais profissionais (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 7). Além disso, as oportunidades surgirão para aqueles que tiverem conhecimento em custos comerciais, fazendo com que contadores da área tornem-se cada vez mais importantes e requeridos profissionalmente (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). O profissional envolvido com o estudo e aplicação dos conceitos de contabili- dade comercial deve ter um amplo domínio das técnicas de escrituração e da legislação pertinente a essas técnicas. O método das partidas dobradas (mecanismo de débito e crédito, provavelmente estudado em Contabilidade Geral) é a essência do reconheci- mento dos fatos contábeis. A geração e disponibilização de informações úteis aos gestores depende de uma política contábil adequada, que se inicia pela estruturação de um plano de contas que atenda às necessidades da organização. Vale dar destaque às operações contábeis tradicionais, que impactam significativamente no patrimônio e no resultado, como de- preciação, ajustes para perdas prováveis e o cálculo do custo das mercadorias vendidas. Essa atenção especial deve acontecer na contabilização, no cálculo e na evidenciação das demonstrações contábeis (LUZ, 2015). Dentro da apuração do resultado, é importante diferenciar as despesas que de- vem ser atribuídas a determinado período dos gastos e custos que se incorporam ao Ativo. A apuração do Resultado com mercadorias, que é básico para muitas empresas co- merciais, é muito mais do que uma simples diferença entre valores de vendas e de custos. No cálculo das vendas líquidas e na elaboração do custo das vendas, muitos detalhes devem ser considerados. O próprio custo da mercadoria envolve mais fatores do que apenas o valor de compra, como tributos incidentes sobre as vendas e fretes. Até aqui, já descobrimos que a contabilidade é muito importante para as em- presas comerciais e que inclusive, existe uma ramificação contábil especificamente para o setor de comércio: a contabilidade comercial. Vimos também que aprender sobre 8 essa disciplina é de fundamental relevância para os acadêmicos do curso de Ciências Contábeis, pois as empresas com atividades de comércio são representativas no nosso país. Por fim, considerando a grande expressividade das empresas comerciais, o conta- dor precisa compreender e aplicar corretamente as questões contábeis nessas organi- zações, e para isso, deve buscar aprofundamento teórico e prático neste ramo. Para que ocorra este aprofundamento teórico e prático do contador sobre es- sas empresas, precisamos compreender o que é uma empresa comercial, a legislação aplicável e as especificidades desse setor. É o que veremos a seguir ao tratar das Socie- dades Comerciais. 3 DEFINIÇÃO DE EMPRESA COMERCIAL Anteriormente, estudamos a contabilidade comercial, a importância das empresas comerciaispara o país e o papel do contador nessas empresas. Todavia, ainda não falamos especificamente o que é uma empresa comercial, não é verdade? Para compreendermos o que é uma empresa comercial, inicialmente, devemos entender o que é comércio, que nada mais é do que a troca de mercadorias por dinheiro ou de uma mercadoria por outra (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). São remotas as origens do comércio: Na Antiguidade, os fenícios, provavelmente, foram o povo que mais se notabilizou na atividade comercial [...]. A Fenícia dispunha de pouca terra para o desenvolvimento de uma agricultura de grande qualidade. Assim, teve de voltar-se à atividade comercial, construindo grande frota que realizava extensas atividades comerciais com o Ocidente, bem como, por terra, com o Oriente (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 3). Mais recentemente, entre os séculos XII e XVI, países como Itália e Portugal desenvolveram intensa atividade comercial. Já no Brasil, esse desenvolvimento acontece desde a época da abertura dos portos, no início do século XIX, favorecido pela excepcional variedade de produtos primários e secundários que produz (IUDÍCIBUS; MARION, 2019), como agricultura, pesca, pecuária e roupas e alimentos. Conceitualmente, uma empresa comercial é aquela cujo principal objetivo é aproximar o produtor do consumidor. Sua atividade principal pode ser resumida nas operações de compra e venda de mercadorias (RIBEIRO, 2017). O SEBRAE (2019) refere as empresas comerciais como sendo aquelas que vendem mercadorias diretamente ao consumidor – no caso do comércio varejista – ou aquelas que compram do produtor para vender ao varejista – comércio atacadista. O comércio atacadista revende mercadorias novas ou usadas a varejistas, usuários industriais, agrícolas, comerciais, institucionais e profissionais, ou a outros 9 atacadistas, ou atua como representante comercial ou agente do comércio na compra ou venda de mercadorias a esses usuários (IBGE, 2019b). É importante notar que a mercadoria vendida por tais entidades (atacados) nunca chega diretamente ao consumidor individual fi nal; sempre segue para outras empresas que aplicam mais trabalho e produzem outro produto ou para empresas mercantis colocadas num grau inferior da cadeia de distribuição (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). Já o comércio varejista revende mercadorias novas e usadas, principalmente ao público em geral, para consumo ou uso pessoal ou doméstico (IBGE, 2019b). Comercializa, usualmente, bens de consumo que vão diretamente para o consumidor. Evidentemente, há também empresas com características mistas: que são varejistas e atacadistas ao mesmo tempo (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). O Quadro 1 apresenta um comparativo entre o comércio varejista e o atacadista. QUADRO 1 – COMÉRCIO VAREJISTA E ATACADISTA Comércio Varejista Comércio Atacadista Comércio considerado “popular”, em que a maioria das pessoas está acostu- mada a comprar. O cliente se direciona a uma loja, escolhe o produto e com- pra, com os preços que a loja acha ser o ideal. As compras ocorrem em menor quantidade de produtos e a negocia- ção de preços das mercadorias ocorre conforme as normas impostas e ofere- cidas pelas lojas. Comércio direcionado aos lojistas, ou seja, àquelas pessoas que compram produtos em uma grande quantidade para conseguir revender depois. O pre- ço para esse tipo de comércio é dife- rente do oferecido aos varejistas, logo, neste caso o preço dos produtos pode ser reduzido. FONTE: Adaptado de <<https://bit.ly/3DUza3E>; <https://bit.ly/3vxJxHz>. Acesso em: 20 out. 2021. 3.1 SOCIEDADES COMERCIAIS Para que as empresas comerciais possam desenvolver suas atividades, é preci- so que estejam devidamente constituídas e legalizadas. É necessário que seja formada uma sociedade. 10 Sociedade é a reunião de duas ou mais pessoas que se submetem a um regu- lamento, a fim de exercer uma atividade comum. Para Iudícibus e Marion (2019, p. 9) sociedade é: O contrato em que duas pessoas ou mais se obrigam a conjugar esforços ou recursos para a consecução de um fim comum, ou celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si dos resultados. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. Podem exercer a atividade de empresários os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. A Sociedade Empresária tem seus instrumentos de constituição e alterações registradas na Junta Comercial. Já as Sociedades Simples são registradas em Cartório. Quanto à divisão de Empresária versus simples, considera-se em- presária a sociedade que tem por objetivo o exercício de atividade própria de empresário; por outro lado, consideram-se Simples as de- mais. De maneira geral, sociedade Simples é, sobretudo, aquela que explora atividade de prestação de serviços decorrentes de atividade intelectual e de cooperativa (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 9). As Sociedades estão previstas na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que é o nosso Código Civil, a partir do Art. 981 até o Art. 1.141. Vejamos as Disposições Gerais do Capítulo único desse Código: “Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (Art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1.039 11 FONTE: Adaptado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 20 out. 2021. especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo. Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação. Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (Arts. 45 e 1.150). NOTA • A respeito do Art. 967, é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. • Os Arts. 1.039 a 1.092 tratam da Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples, Sociedade Limitada, Sociedade Anônima e Sociedade em Comandita por Ações. • O Art. 968 trata da inscrição do empresário. • O Art. 45 trata da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado. • O Art. 1.150 aborda o Registro Público de Empresas Mercantis para o empresário e sociedade empresária. Existem vários tipos de sociedade, como: Sociedade por Quotas de Responsa- bilidade Limitada, Sociedades Anônimas, Sociedades em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples, Sociedade em Comandita por Ações. O Código Civil classifica essestipos de sociedades em Sociedade não Personificada e Sociedade Personificada. A Sociedade não Personificada é constituída oral ou documentalmente e não formaliza o arquivamento ou registro. Já a Sociedade Personificada é legalmente cons- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art968 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art45 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1150 12 tituída e registrada em órgão competente, adquirindo personalidade formal, podendo ser chamada de jurídica (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). O Quadro 2 apresenta um resumo sobre essa classificação. QUADRO 2 – RESUMO DAS SOCIEDADES RESUMO DAS SOCIEDADES Sociedades pelo Código Civil Tipos Detalhes Não personificada (não inscritos: cons- tituída de forma oral e documental, po- rém não registrada) Sociedade Co- mum (sociedade de fato, sem re- gistro) No que for compatível, em ambas se aplicam as dispo- sições da Sociedade Simples Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obriga- ções. Também conhecida como Sociedade Irregular. Sociedade em Conta de Partici- pação Um dos sócios é Ostensivo (empreendedor, dirige o negócio e assume todas as responsabili- dades). Outros sócios são Parti- cipantes, apenas investidores. Personificada (legalmente consti- tuída e registrada no órgão competente, passando a ser de- nominada pessoa jurídica) Empresária Atividade própria de empresá- rio com registro na Junta Co- mercial • Sociedade em Nome Coletivo • Sociedade em Comandita Simples • Sociedade Limitada • Sociedade por Ações (Lei das S.A.) •Sociedade em Comandita por Ações (Lei das S.A.) Simples Atividade de não empresário com registro no Cartório Civil • Sociedade Simples “Pura” ou Sociedade em Nome Coletivo • Sociedade em Comandita Simples • Sociedade Limitada • Cooperativa Cooperativas (Legislação Es- pecial e CC) • Responsabilidade dos sócios limitada • Responsabilidade dos sócios ilimitada FONTE: Adaptado de Iudícibus; Marion (2019) NOTA Empresária: quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Simples: quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda com auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 13 Uma das formas mais comuns de sociedade é a Sociedade por Cotas de Res- ponsabilidade Limitada ou Sociedade Ltda., representada pela sigla Ltda., em que a res- ponsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas de capital social, ou seja, se as dívidas contraídas forem maiores que o capital social, os seus bens pessoais, via de regra, não serão atingidos (DESIDÉRIO, 2016). As Sociedades Ltda. estão regulamentadas no Código Civil, nos Arts. 1.052 a 1.087. Vejamos os principais itens dessa Lei, no que se refere às Sociedades Ltda.: Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. (Vide Lei nº 13. 784, de 2019) §1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) §2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do Art. 997, e, se for o caso, a firma social. Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. § 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade. § 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços. Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte. § 1o No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem ser exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art997 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art997 14 § 2o Sem prejuízo do disposto no Art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização. Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do Art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes. Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no Art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas. Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital. FONTE: Adaptado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 20 out. 2021. NOTA • O Art. 997 trata da constituição da sociedade por meio de contrato escrito e o que deve ser mencionado nele. • No Art. 1.003, a cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a esses e à sociedade. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. • No Art. 1.004, os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos 30 dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante essa pelo dano emergente da mora. Ao longo da leitura dos artigos, em 2019, foi aprovada a Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019, que alterou o Código Civil. Entre outras alterações ocorridas, houve a inclusão no Art. 1.052, que trata das Sociedades Ltda.: “§1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. §2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social”. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1052 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1003 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1004 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1052%C2%A71 15 Assim, essas mudanças significam que: A partir de agora, é possível abrir uma empresa sozinho, protegendo o patrimônio particular e sem precisar investir muito dinheiro. Foi criada uma natureza jurídica para a constituição de empresas, a chamada Sociedade Limitada Unipessoal, nela não existe capital social mínimo, nem a necessidade de inclusão de sóciose o empresário responde apenas com o patrimônio investido no CNPJ (TERRA, 2019). Um efeito provável com esse cenário é que profissionais que exerçam atividade regulamentada, como médicos, contadores e fisioterapeutas, possam aderir a Socieda- de Limitada Unipessoal. Antes, eles só poderiam abrir empresas sozinhos se fosse atra- vés de uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), já que o Código Civil não considera empresários aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. Segundo Terra (2019), isso era um grande problema pois muitas vezes o pro- fissional queria abrir sua empresa, mas acabava adiando o projeto porque não tinha o capital social inicial necessário ou outros sócios para incluir no contrato. A Sociedade Limitada Unipessoal pode ser uma solução para esses profissionais. É importante lembrar que, em setembro de 2021, a Lei nº 14.195 estabeleceu o fim das EIRELIs e as empresas que estavam registradas nessa modalidade serão trans- formadas automaticamente em Sociedade Limitada Unipessoal (SLU) (BRASIL, 2021). O Quadro 3 apresenta as diferenças entre sociedade unipessoal e outros forma- tos mais comumente utilizados de sociedades comerciais. QUADRO 3 – COMPARATIVO ENTRE SOCIEDADES COMERCIAIS COMUMENTE UTILIZADAS E A SOCIEDADE UNIPESSOAL Empresário Individual Sociedade Ltda. Sociedade Limitada Unipes- soal O patrimônio particular do dono se confunde com o patrimônio da empre- sa. Isso quer dizer que as dívidas e obrigações da empresa podem atingir os bens pessoais do sócio. É necessário ter dois ou mais sócios. O patrimônio particular dos empresá- rios é protegido, e apenas o patrimônio da Pessoa Jurídica responde pelas dívidas e obrigações da Empresa. Une o melhor dos dois mun- dos: o empresário pode abrir a empresa sozinho, proteger seu patrimônio particular (apenas o patrimônio da Pessoa Jurídica responde pelas dívidas e obri- gações da Empresa) e, diferen- temente da EIRELI, não é ne- cessário fazer a integralização de um capital social mínimo. FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3jlp6Jn>. Acesso em: 20 out. 2021. 16 3.2 FORMALIZAÇÃO DA SOCIEDADE COMERCIAL A Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, e o Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996, que regulamenta a Lei nº 8.934/1994, disciplinam sobre o registro do ato constitutivo do empresário e da sociedade empresária e regulam o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), que é composto pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio e as Juntas Comerciais (BRASIL, 1994; 1996). A Junta Comercial tem jurisdição estadual, sendo que, em cada Estado brasileiro, há uma unidade com as prerrogativas de executar serviços de registro, compreendendo a matrícula e seu cancelamento, o arquivamento dos atos constitutivos e a autenticação de documentos de empresários (LUZ, 2015). As sociedades comerciais devem ser registradas em Junta Comercial. No Decreto nº 1.800/1996, são listados os principais artigos sobre as Juntas Comerciais. Art. 7º Compete às Juntas Comerciais: I- Executar os serviços de registro de empresas mercantis, neles compreendidos: a) o arquivamento dos atos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de empresas mercantis, de cooperativas, das declarações de microempresas e empresas de pequeno porte, bem como dos atos relativos a consórcios e grupo de sociedades de que trata a lei de sociedade por ações; b) o arquivamento dos atos concernentes a sociedades mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no País; c) o arquivamento de atos ou documentos que, por determinação legal, seja atribuído ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e daqueles que possam interessar ao empresário ou às empresas mercantis; d) a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio, nos termos de lei própria; e) a emissão de certidões dos documentos arquivados. II- Elaborar a tabela de preços de seus serviços, observados os atos especificados em instrução normativa do Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC; III- Processar, em relação aos agentes auxiliares do comércio: a) a habilitação, nomeação, matrícula e seu cancelamento dos tradutores públicos e intérpretes comerciais; b) a matrícula e seu cancelamento de leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. 17 FONTE: Adaptado de <https://uniasselvi.me/3pvlnfX>. Acesso em: 20 out. 2021. Para as sociedades empresárias e empresários individuais, são de interesse o registro e o arquivamento do ato constitutivo e dos documentos que comprovem a capacidade jurídica regular e a legalidade dos demais atos societários práticos. O ato constitutivo é o requerimento de empresário e o da sociedade é o contrato social, e é a partir do seu arquivamento pela Junta Comercial que a pessoa jurídica passa a existir legalmente. De acordo com o Art. 45 do Código Civil: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro (BRASIL, 2002). A elaboração de um contrato com as principais regras que regerão a sociedade é a primeira etapa que deve ser desenvolvida na constituição de uma empresa. Algumas IV- Elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações, bem como as resoluções de caráter administrativo necessárias ao fiel cumprimento das normas legais, regulamentares e regimentais. V- Expedir carteiras de exercício profissional para agentes auxiliares do co- mércio, titular de firma mercantil individual e para administradores de sociedades mercantis e cooperativas, registradas no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, conforme instrução normativa do Departamento Nacional de Regis- tro do Comércio (DNRC). VI- Proceder ao assentamento dos usos e práticas mercantis. VII- Prestar ao Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC as informações necessárias: a) à organização, formação e atualização do cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no País; b) à realização de estudos para o aperfeiçoamento dos serviços de Registro Pú- blico de Empresas Mercantis e Atividades Afins; c) ao acompanhamento e à avaliação da execução dos serviços de Registro Pú- blico de Empresas Mercantis e Atividades Afins; d) à catalogação dos assentamentos de usos e práticas mercantis procedidos. VIII- Organizar, formar, atualizar e auditar, observadas as instruções nor- mativas do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), o Cadastro Estadual de Empresas Mercantis (CEE), integrante do Cadastro Nacional de Empre- sas Mercantis (CNE). 18 cláusulas fundamentais do contrato que devem ser exaustivamente discutidas antes do registro da empresa são: a) o tipo de sociedade adotado: •empresa individual, sociedade simples, sociedade empresária (Ltda, S.A.) etc.; b) a declaração precisa do objeto social: • o ramo de negócio que a empresa exercerá; c) o capital social, a participação e a responsabilidade de cada sócio: • o valor do capital social, o quinhão de cada sócio; d) a qualificação dos sócios: • nome, nacionalidade, estado civil, número da identidade, residência; e) a denominação da empresa e sede: • o nome comercial da empresa, bem como a sua localização, município; f) o prazo de duração da sociedade: • normalmente o prazo é indeterminado; g) outras informações: • destaque dos sócios-gerentes; • forma de integralização do capital; • atitudes no caso de falecimento desócios etc. (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 71). O Quadro 4 resume os passos básicos para a constituição de empresas. QUADRO 4 – PASSOS PARA CONSTITUIÇÃO DE EMPRESAS Passos Descrição 1- Averiguar possíveis semelhanças na denominação, marca, logotipo, expressão etc. Busca da denominação, caso já existente, pode ser na Junta Comercial. 2- Registro do Contrato Social ou Estatuto e obtenção da CNPJ (Ca- dastro Nacional de Pessoas Jurídi- cas) Ir até a Junta Comercial ou órgão competente. Preencher a ficha de Cadastro Nacional de Socie- dade. A obtenção do Cadastro Nacional de Pes- soa Jurídica (CNPJ) também ocorre nessa opor- tunidade. 3- Registro de Invenção, modelos e desenhos, marcas, sinais ou ex- pressões de propaganda etc. Ir até o Instituto Nacional de Propriedade Indus- trial (INPI). Serão observadas: originalidade, falta de concordância com registros existentes e lici- tude (não ser contrária à lei, à moral, nem atentar contra os bons costumes etc.). 4- Registros específicos, inscrições Ir até a Secretaria da Fazenda Estadual para reali- zar a Inscrição Estadual. Nesse momento, haverá o preenchimento do CADESP (Cadastro de Con- tribuintes de ICMS), juntando-se alguns fiscais. 5- Matrícula no INSS Tal matrícula já é feita acoplada ao registro na Junta Comercial. Caso contrário, ir ao INSS. 6- Órgãos fiscalizadores de exercí- cios profissionais Registros junto aos Conselhos Regionais ou Or- dens que fiscalizam o exercício de profissionais liberais. FONTE: Adaptada de Iudícibus; Marion (2019) 19 4 A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS Ao longo da unidade, percebemos que o Código Civil regulamenta diversos assuntos de âmbito empresarial. No que se refere à escrituração contábil, isso não é diferente. A seguir, podemos conferir sobre o que ele diz a respeito da contabilidade. Os artigos sobre assunto são os Arts. 1.179 a 1.195. IMPORTANTE Futuramente, nas disciplinas Estágio – Plano de Negócios e Estágio II – Prática Contábil, será estudado mais afundo sobre a constituição de empresas e procedimentos necessários. Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1o Salvo o disposto no Art. 1.180, o número e a espécie de livros fi cam a critério dos interessados. § 2o É dispensado das exigências deste Artigo o pequeno empresário a que se refere o Art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fi chas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fi chas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fi chas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. 20 Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no Art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abrevia- turas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado. Art. 1.184. No Diário, serão lançadas, com individuação, clareza e carac- terização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. §1o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não ex- cedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e con- servados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. §2o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado eco- nômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legal- mente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele. Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre: I- a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários; II- o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício. Art. 1.187. Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: I- os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor; 21 II- os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva; III- o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição; IV- os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liquidação, salvo se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente. Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anualmente, à sua amortização: I- as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspondente a dez por cento do capital social; II- os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no período antecedente ao início das operações sociais, à taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto; III- a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido pelo empresário ou sociedade. Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades dessa, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas. Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. Art. 1.191. O juiz só poderáautorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, 22 comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. § 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por eles nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. § 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz. Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros. Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário. Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. Art. 1.195. As disposições deste Capítulo aplicam-se às sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade com sede em país estrangeiro. FONTE: Adaptado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 20 out. 2021. NOTA Com relação ao Art. 970, a lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. 23 4.1 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE JURÍDICA Os livros de escrituração têm diferentes fi nalidades. Alguns servem para registrar as compras, outros para vendas, controlar estoque, lucros ou prejuízos. Podemos classifi cá-los em obrigatórios e auxiliares, conforme mostra o Quadro 5. QUADRO 5 – LIVROS OBRIGATÓRIOS E AUXILIARES CONTÁBEIS E FISCAIS Livros Obrigatórios Livros Auxiliares Diário Razão Caixa (para empresas do Lucro Pre- sumido e Simples Nacional) Registro de Inventário Registro de Compras Livros estaduais Livros Municipais Caixa Conta-corrente Contas a receber Contas a pagar FONTE: Adaptada de Brasil (2006); CFC (2014); Ribeiro (2017) NOTA DICA Na disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário, veremos esse e outros regimes de tributação com mais profundidade, como o Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e o Simples Nacional. Acadêmico, chamou a sua atenção sobre a obrigatoriedade do Livro Di- ário para as empresas? Você já deve ter estudado sobre ele em Contabili- dade Geral, não é mesmo? Caso não se recorde mais sobre o assunto, dê uma olhada no Caderno de Estudos de Contabilidade Geral por meio do seguinte QR Code: 24 Os livros obrigatórios são exigidos pela legislação. Entre essas leis, podemos citar o Código Civil, o Regulamento do Imposto de Renda e a Lei das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Já os livros auxiliares são utilizados pelas empresas sem que haja exigência legal, podendo servir de suporte aos livros obrigatórios. 4.2 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE CONTÁBIL Os primeiros lançamentos contábeis a serem registrados pelas empresas co- merciais referem-se aos fatos que ocorrem na fase de constituição da empresa. Esses são os primeiros lançamentos do Livro Diário. A partir desse momento, estudaremos a contabilização dos fatos que ocorrem na fase de constituição das sociedades limitadas, que, como vimos anteriormente, é a forma de sociedade mais comum entre as empre- sas comerciais brasileiras. Na constituição da empresa, quando os sócios se reúnem para discutir as cláu- sulas do contrato social, um dos itens debatidos é a estipulação do capital social (o valor monetário) e a forma de integralização desse capital (em dinheiro, em imóvel, em veículo). Os sócios, portanto, estipulam o valor total do capital e a parte que cabe a cada um. No momento em que os sócios assinam o Contrato Social, há o comprometimento em cumprir todas as cláusulas do contrato; entre elas está a de fornecer o capital assu- mido. A esse ato se denomina subscrição de capital, ou seja, capital comprometido, assumido. Já que se trata de um compromisso assumido e assinado, a contabilidade da empresa registra esse fato, ou seja, já registra em seu patrimônio o capital que os sócios se comprometeram a repassar para a empresa. Entretanto, subscrição de capital é diferente da integralização do capital. A subscrição é o registro na contabilidade do compromisso firmado em que ainda não houve a entrada de valores ou bens referentes a esse capital. A Figura 1 representa dois sócios no momento da subscrição de capital. FIGURA 1 – SUBSCRIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL FONTE: <https://bit.ly/3aYiSu4>. Acesso em: 20 out. 2021. 25 Integralização do capital é o momento em que os sócios cumprem o que assinaram no contrato social, ou seja, a empresa recebe o valor estipulado, seja em forma de dinheiro ou bens. A Figura 2 demonstra o momento em que dois sócios levam até a empresa o seu capital para integralizar. FIGURA 2 – INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL FONTE: <https://bit.ly/3aTG5O6>. Acesso em: 20 out. 2021. EXEMPLO PRÁTICO Augusto Lima e Pascoal Camelo constituíram uma sociedade por Quotas de Responsabilidade Ltda., a fim de explorar o comércio de roupas, com o nome de “Lima e Camelo Modas Ltda.”, com o capital de R$ 200.000,00, sendo que: • o capital foi dividido em 200 quotas, no valor de R$ 1.000,00 cada, subscritas pelos sócios quotistas em partes iguais, devidamente registrado na Junta Comercial, conforme contrato arquivado sob nº 53.678; • os sócios realizaram integralmente suas quotas, em dinheiro; • os sócios abriram conta bancária para o movimento no Banco Tavares e depositaram o montante do Capital realizado. Contabilização: 1- Pela subscrição do Capital Social: D – CAPITAL A INTEGRALIZAR (PL) R$ 200.000,00 C – CAPITAL SOCIAL (PL) R$ 200.000,00 2- Pela integralização das quotas do Capital Social: D – CAIXA (AC) R$ 200.000,00 C – CAPITAL A INTEGRALIZAR (PL) R$ 200.000,00 26 3- Pela abertura de conta bancária com o depósito da importância: D – BANCO TAVARES (AC) R$ 200.000,00 C – CAIXA (AC) R$ 200.000,00 Vejamos os razonetes de todas as contas utilizadas na abertura da empresa Lima e Camelo Modas Ltda.: CAPITAL A REALIZAR (PL) (1) 200.000,00 200.000,00 (2) CAPITAL SOCIAL (PL) 200.000,00 (1) CAIXA (AC) (2) 200.000,00 200.000,00 (3) BANCO TAVARES (AC) (3) 200.000,00 Os procedimentos contábeis para abertura de uma Sociedade Ltda. podem ser resumidos em três lançamentos (RIBEIRO, 2017): • registro da subscrição do Capital, que corresponde ao compromisso assumido pelos sócios em realizar as suas quotas; • registro da integralização do Capital, que corresponde ao pagamento em dinheiro ou em bens ou, ainda, em bens, direitos e obrigações; • registro do depósito bancário do valor realizado em dinheiro. Ribeiro (2017, p. 35) acrescenta que a realização do Capital poderá́ ocorrer de três formas: a) em dinheiro integralmente; b) em bens, em direitos ou em bens, direitos e obrigações – a realização é individualizada, ou seja, cada sócio realiza sua parte; c) em dinheiro ou em bens, direitos e obrigações, parcialmente – permanecendo abertas nos Razonetes as contas dos sócios, até que eles realizem o restante do Capital, o qual poderá́ ser realizado, inclusive, com lucros apurados no exercício pela própria empresa. Após aprendermos os procedimentos jurídicos e contábeis da constituição de uma Sociedade Ltda., é importante compreendermos o plano de contas das empresas comerciais.27 4.3 PLANO DE CONTAS A seguir, apresenta-se uma sugestão de plano de contas para uma empresa do setor de comércio. 1 ATIVO 1.1 CIRCULANTE 1.1.1 Disponível 1.1.1.001 Caixa 1.1.1.002 Bancos Conta Movimento 1.1.2 Realizações 1.1.2.001 Clientes 1.1.2.002 (–) Duplicatas Descontadas 1.1.2.003 Aplicações Financeiras DICA Acadêmico, você já deve ter ouvido falar, ou estudado em Contabilidade Geral, o Pla- no de Contas. Para refrescar sua memória, acesse o livro de Contabilidade Geral pelo seguinte QR Code: Sem dúvida, quanto maior o tamanho da empresa, maior a necessidade de detalhar contabilidade através do plano de contas. Contudo, além do tamanho, o plano de contas varia diretamente a partir do ramo de atividade da empresa. Por causa disso, difi cilmente se encontra a conta “Estoque de Mercadorias” em uma empresa prestadora de serviços e que comumente não comercializa produtos. Assim, também não se destacará a conta “Mão de obra” numa empresa comercial, já que tal nomenclatura se refere ao pessoal de fábrica de uma indústria. Também não é comum encontrar a conta “Imposto sobre Serviços” em uma empresa de natureza industrial. As características operacionais da empresa são fundamentais na elaboração do plano de contas. Por exemplo, no caso de um supermercado (que só vende à vista), não se fará constar a conta “Duplicata a Receber” no Ativo Circulante, mas será elencada a conta “Fornecedores” no Passivo Circulante, pois esse tipo de empresa compra a prazo (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). 28 1.1.2.004 Impostos a Recuperar 1.1.2.005 Despesas do Exercício Seguinte 1.1.2.006 (–) Provisão para Devedores Duvidosos 1.1.3 Estoques 1.1.3.001 Estoque de Mercadorias 1.1.3.002 (–) Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado 1.2 NÃO CIRCULANTE 1.2.1 Realizável a Longo prazo 1.2.1.001 Títulos a Receber 1.2.2 Investimentos 1.2.2.001 Participações em Outras Cias 1.2.2.002 Imóveis para Renda 1.2.3 Imobilizado 1.2.3.001 Equipamentos de Informática 1.2.3.002 Imóveis 1.2.3.003 Instalações 1.2.3.004 Máquinas e Equipamentos 1.2.3.005 Móveis e Utensílios 1.2.3.006 Veículos 1.2.3.007 (–) Depreciação Acumulada 1.2.4 Intangível 1.2.4.001 Marcas e Patentes 1.2.4.002 Capital Intelectual 1.2.4.002 (–) Amortização Acumulada 2 PASSIVO 2.1 CIRCULANTE 2.1.1 Obrigações 2.1.1.001 Fornecedores 2.1.1.002 Aluguéis a Pagar 2.1.1.003 Empréstimos a Pagar 2.1.1.004bICMS a Recolher 2.1.1.005 Imposto de Renda a Pagar 2.1.1.006 IR Fonte a Recolher 2.1.1.007 Contribuições Previdenciárias a Recolher 2.1.1.008 FGTS a Recolher 2.1.1.009 Honorários dos Sócios a Pagar 2.1.1.010 Salários a Pagar 2.1.1.011 Dividendos a pagar 2.1.1.012 Outras Obrigações a Pagar 2.2 NÃO CIRCULANTE 2.2.1 Obrigações 2.2.1.001 Financiamentos a Pagar 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 Capital 2.3.1.001 Capital 29 2.3.1.002 (–) Capital a Realizar 2.3.2 Reservas de Capital 2.3.2.001 Ágio na Emissão de Ações 2.3.3 Ajuste de Avaliação Patrimonial 2.3.3.001 Aumentos Atribuídos a Bens do Ativo 2.3.4 Reservas de Lucros 2.3.4.001 Reserva Legal 2.3.5 Ações em Tesouraria 2.3.5.001 Aquisição de Ações Próprias 2.3.6 Lucros ou Prejuízos Acumulados 2.3.6.001 Lucros Acumulados 2.3.6.002 (–) Prejuízos Acumulados 3 DESPESAS 3.3 DESPESAS OPERACIONAIS 3.3.1 Despesas com Vendas 3.3.1.001 Comissões sobre Vendas 3.3.1.006 Fretes e Carretos 3.3.1.007 Material de Embalagem 3.3.1.008 Propaganda e Publicidade 3.3.1.009 Despesas com Devedores Duvidosos 3.3.2 Despesas Administrativas 3.3.2.001 Aluguel 3.3.2.002 Energia Elétrica 3.3.2.003 Água 3.3.2.004 Correios 3.3.2.005 Depreciações 3.3.2.006 Amortizações 3.3.2.007 Fretes e Carretos 3.3.2.008 Material de Expediente 3.3.2.009 Prêmios de Seguro 3.3.2.010 Comunicações 3.3.2.011 Impostos e Taxas 3.3.2.012 Serviços de Terceiros 3.3.2.013 Multas Fiscais 3.3.2.014 Salários 3.3.2.015 Honorários da Diretoria 3.3.2.016 Décimo Terceiro Salário 3.3.2.017 Encargos Sociais 3.3.2.018 Férias 3.3.3 Despesas Financeiras 3.3.3.001 Despesas Bancárias 3.3.3.002 Juros Passivos 3.3.3.003 Descontos Concedidos 3.3.4 Outras Despesas Operacionais 3.3.4.001 Prejuízo de Participação em outras Cias 30 3.3.4.002 Despesas Eventuais 4 RECEITAS 4.1 RECEITAS OPERACIONAIS 4.1.1 Receitas de Vendas 4.1.1.001 Venda de Mercadorias 4.1.1.002 (–) Vendas Anuladas 4.1.1.003 (–) ICMS sobre Vendas 4.1.1.004 (–) PIS sobre Faturamento 4.1.2 Receitas Financeiras 4.1.2.001 Rendimentos de Aplicações Financeiras 4.1.2.002 Descontos Obtidos 4.1.2.003 Juros Ativos 4.1.3 Outras Receitas Operacionais 4.1.3.001 Lucros de Participações em Outras Cias 4.1.3.002 Reversão de Provisão Para Devedores Duvidosos 4.1.3.003 Receitas Eventuais 5 CONTAS DE APURAÇÃO DE RESULTADOS 5.1 APURAÇÃO DE RESULTADO 5.1.1 Apuração de Resultado 5.1.1.001 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 5.1.1.002 Resultado com Vendas de Mercadorias (RVM) 5.1.1.003 Apuração do Resultado do Exercício (ARE) Após conhecermos um plano de contas aplicado a empresas comerciais, finalizamos o Tópico 1 desta Unidade. Espero que você esteja gostando da disciplina de Contabilidade Comercial! A seguir, veremos um material complementar bem interessante sobre como as Sociedades Unipessoais podem ajudar o empresário na abertura do CNPJ. NOVA SOCIEDADE LTDA UNIPESSOAL AJUDA EMPRESÁRIO NA ABERTURA DO CNPJ A partir de agora é possível abrir uma empresa sozinho, protegendo o patrimônio particular e sem precisar investir muito dinheiro. Foi criada uma natureza jurídica para a constituição de empresas, a chamada Sociedade Limitada Unipessoal, nela não existe capital social mínimo, nem a necessidade de inclusão de sócios e o empresário responde apenas com o patrimônio investido no CNPJ. Antes da criação da Ltda. Unipessoal, para abrir uma empresa sem sócios existiam duas opções: • Empresário Individual (EI): não exige capital social mínimo, porém o sócio responde com o patrimônio particular do CPF. 31 • Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) (modelo empresarial extinto em 2021): o sócio responde apenas com o patrimônio investido na empresa, porém o capital social mínimo deve ser de 100 salários-mínimos, R$110.000,00. Um efeito provável com o novo cenário é que profissionais que exerçam atividade regulamentada, como médicos, contadores e fisioterapeutas, possam aderir a Sociedade Limitada Unipessoal. Antes, eles só poderiam abrir empresas sozinhos se fosse através de uma EIRELI, já que o Código Civil não considera empresários aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. “Isso é um grande problema atual – muitas vezes o profissional queria abrir sua empresa, mas acabava adiando o projeto porque não tinha o capital social inicial necessário ou outros sócios para incluir no contrato. A Sociedade Limitada Unipessoal pode ser uma solução para esses profissionais”, explica o especialista Charles Gularte, Vice-Presidente de Operações da Contabilizei. A Sociedade Limitada Unipessoal foi criada pela MP 881/2019, que pos- sibilitou que uma única pessoa participasse do quadro societário de uma socie- dade limitada. Essa nova legislação que foi publicada no dia 14 de junho (IN DREI 63/2019) regulamentou essa possibilidade frente às Juntas Comerciais. FONTE: Adaptado de <https://uniasselvi.me/3pzKbn5>. Acesso em: 20 out. 2021. 32 Neste tópico, você aprendeu que: • Contabilidade Comercial é o ramo da Contabilidade que possibilita o controle da movimentação do patrimônio das empresas comerciais. • O profissional envolvido com o estudo e aplicação dos conceitos de contabilidade comercial deve ter um amplo domínio das técnicas de escrituração e da legislação pertinente a essas técnicas. • Empresa comercial é aquela cujo principal objetivo é aproximar o produtor do consumidor. Sua atividade principal pode ser resumida nas operações de compra e venda de mercadorias. • As Sociedades estão previstas na Lei nº 10.406/2002, que é o nosso Código Civil. • Existem vários tipos de sociedade, como: Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, Sociedades
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