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Indaial – 2021 ComerCial Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt 2a Edição Contabilidade Elaboração: Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S345c Schlotefeldt, Josiane de Oliveira Contabilidade comercial. / Josiane de Oliveira Schlotefeldt – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 186 p.; il. ISBN 978-65-5663-837-9 ISBN Digital 978-65-5663-833-1 1.Contabilidade mercantil. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 657 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Contabilidade Comercial. A atividade empresarial movimenta o país e o mundo, gerando riqueza, empregos, produção de mercadorias e serviços, pagamento de tributos e desenvolvendo tecnologias. Um contador terá papel imprescindível para as empresas, sendo capaz de orientar os empreendedores em diversas áreas de seus negócios, com o objetivo de auxiliá-los na tomada de decisão para o futuro das companhias. Para cumprir com esse papel importantíssimo, deverá possuir conhecimentos e competências em áreas como constituição de empresas, elaboração de demonstrações contábeis, tributação incidentes em compras, vendas e em outras operações, controles de estoques e folha de pagamento. Essas são as áreas que mais impactam as empresas brasileiras, por isso elaboramos este livro didático, a fim de incluir os principais conteúdos que farão diferença na vida desse profissional no que se refere a assuntos sobre comercialização. A contabilidade possui inúmeras áreas de atuação e a contabilidade comercial é uma delas. Especificamente nesse ramo, o objetivo é atender empresas que tenham suas atividades voltadas para compra e venda de mercadorias. Assim, na Unidade 1, estudaremos esse conceito, que trata da definição de contabilidade comercial, da importância do contador para as empresas comerciais, das formas de constituição de empresas mais utilizadas no Brasil, da escrituração contábil e das principais demonstrações contábeis: o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Na Unidade 2, o foco serão os tributos. Não é de hoje que sabemos que a carga tributária do país é uma das mais altas do mundo, e que muitas empresas fecham as portas nos primeiros anos de vida, sendo um dos motivos os tributos. Por isso, preparamos conteúdos bem práticos, com a análise de diversos cenários, para verificar o comportamento dos tributos de diferentes maneiras. Abordaremos os principais tributos incidentes sobre compras e vendas, estudando outras operações diversas que afetam as compras e vendas de mercadorias, como é o caso das devoluções de compra e venda, bonificações, descontos comerciais, fretes sobre compras e fretes sobre vendas – tudo regado a muita contabilidade, para relacionar a teoria com a prática. Na Unidade 3, veremos o conteúdo de controle de estoque permanente e folha de pagamento. Sabe-se que as empresas necessitam ter um eficiente controle de estoque, pois ele impacta diretamente no custo das mercadorias vendidas, o que influencia no resultado do período. Nesse sentido, estudaremos o método PEPS e Custo Médio, a fim de contribuir para uma melhor gestão dos estoques das organizações. Por fim, mas nunca menos importante, a folha de pagamento representa uma das maiores joias dentro de uma empresa, pois corresponde aos proventos e descontos devidos ao APRESENTAÇÃO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. GIO maior capital que uma entidade possui: as pessoas. Por isso, estudaremos os proventos, como salário, pró-labore e salário-família, e salário-maternidade; os descontos, como INSS, IRRF, vale-transporte; e as obrigações da empresa, como INSS Patronal, FGTS, férias e décimo terceiro salário. Conforme comentamos anteriormente, as empresas comerciais precisam de contadores capacitados para atuar ao lado da administração, de modo que este livro busca propiciar os principais conhecimentos acerca de tudo que permeia as empresas comerciais, contribuindo com mais um passo rumo à excelência profissional do contador. Bons estudos e sucesso! Profª. Josiane de Oliveira Schlotefeldt Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. QR CODE ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS ................... 1 TÓPICO 1 - SOCIEDADES COMERCIAIS ................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE COMERCIAL ..................................................................3 2.1 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE ENTIDADES COMERCIAIS ...............73 DEFINIÇÃO DE EMPRESA COMERCIAL ..............................................................................8 3.1 SOCIEDADES COMERCIAIS ................................................................................................................. 9 3.2 FORMALIZAÇÃO DA SOCIEDADE COMERCIAL ............................................................................ 16 4 A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS .................................... 19 4.1 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE JURÍDICA .....................................................................23 4.2 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE CONTÁBIL ....................................................................24 4.3 PLANO DE CONTAS ............................................................................................................................ 27 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 32 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 33 TÓPICO 2 - DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................ 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 35 2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ........................................................ 35 2.1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA ....................................................................................................... 37 2.2 DEDUÇÕES E ABATIMENTOS ........................................................................................................... 37 2.3 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA ................................................................................................... 37 2.4 CUSTOS OPERACIONAIS................................................................................................................... 37 2.5 LUCRO OPERACIONAL BRUTO ........................................................................................................38 2.6 DESPESAS OPERACIONAIS ..............................................................................................................38 2.7 OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS ...............................................................................................39 2.8 LUCRO (PREJUÍZO) OPERACIONAL ...............................................................................................39 2.9 OUTRAS RECEITAS .............................................................................................................................39 2.10 OUTRAS DESPESAS ........................................................................................................................39 2.11 RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS DEDUÇÕES (OU ANTES DA TRIBUTAÇÃO) ....... 40 2.12 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ............................................................... 40 2.13 IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO LÍQUIDO ...................................................................... 40 2.14 RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS AS DEDUÇÕES .................................................................. 40 2.15 PARTICIPAÇÕES .............................................................................................................................. 40 2.16 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO .................................................................................................. 40 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 48 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 49 TÓPICO 3 - BALANÇO PATRIMONIAL ................................................................................. 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 51 2 BALANÇO PATRIMONIAL .................................................................................................. 51 2.1 APLICAÇÕES FINANCEIRAS ..............................................................................................................53 2.2 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE ......................................................................................55 2.3 ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES ........................................................................................... 57 2.4 ADIANTAMENTO DE CLIENTES........................................................................................................59 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 63 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 66 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................67 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69 UNIDADE 2 — OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS ..................................... 71 TÓPICO 1 — TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS ..................................73 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................73 2 REGIMES DE TRIBUTAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS ...............................................73 2.1 TRIBUTOS CUMULATIVOS E NÃO CUMULATIVOS ....................................................................... 77 2.1.1 Cumulatividade (tributos cumulativos) ................................................................................. 77 2.1.2 Não Cumulatividade (tributos não cumulativos) ...............................................................78 2.2 TRIBUTOS CONFORME O REGIME DE TRIBUTAÇÃO ................................................................. 80 2.2.1 Tributos no Lucro Real ..............................................................................................................82 2.2.2 Tributos no lucro presumido ..................................................................................................92 2.2.3 tributos no Simples Nacional .................................................................................................95 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 101 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................102 TÓPICO 2 - OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E AS VENDAS DE MERCADORIAS ...................................................................................................................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................103 2 DEVOLUÇÕES ..................................................................................................................103 2.1 DEVOLUÇÕES NO LUCRO REAL .....................................................................................................104 2.2 DEVOLUÇÕES NO LUCRO PRESUMIDO .......................................................................................105 2.3 DEVOLUÇÕES NO SIMPLES NACIONAL ......................................................................................106 2.4 DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR ....................106 2.4.1 Devoluções de vendas efetuadas em exercício social anterior – Lucro Real .......... 107 2.4.2 Devoluções de vendas efetuadas em exercício social anterior – Lucro Presumido ....................................................................................................................109 2.4.3 Devoluções de vendas efetuadasem exercício social anterior – Simples Nacional .....................................................................................................................................110 3 DESCONTOS COMERCIAIS ............................................................................................. 112 4 FRETES SOBRE COMPRAS ............................................................................................. 113 4.1 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL ................................................113 4.2 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO ..................................114 4.3 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL ...................................114 5 FRETES SOBRE VENDAS ................................................................................................ 115 6 BONIFICAÇÕES ............................................................................................................... 115 6.1 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO REAL ......................................................................116 6.2 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO ........................................................ 117 6.3 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL ........................................................118 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 119 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 121 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................123 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................124 UNIDADE 3 — OUTRAS OPERAÇÕES RELEVANTES NAS EMPRESAS ............................125 TÓPICO 1 — INVENTÁRIO PERMANENTE NA PRÁTICA .................................................... 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 127 2 MÉTODO PEPS.................................................................................................................128 3 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO ............................................................................................129 4 INVENTÁRIO PERMANENTE NA PRÁTICA ..................................................................... 131 4.1 MÉTODO PEPS NO SIMPLES NACIONAL ...................................................................................... 132 4.2 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO NO SIMPLES NACIONAL .............................................................. 134 4.3 MÉTODO PEPS NO LUCRO PRESUMIDO ..................................................................................... 136 4.4 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO PELO LUCRO PRESUMIDO ......................................................... 139 4.5 MÉTODO PEPS NO LUCRO REAL ...................................................................................................141 4.6 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO NO LUCRO REAL ...........................................................................144 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 151 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................152 TÓPICO 2 - FOLHA DE PAGAMENTO .................................................................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................153 2 FOLHA DE PAGAMENTO .................................................................................................153 2.1 SALÁRIO BRUTO E ADICIONAIS ..................................................................................................... 155 2.2 DESCONTOS ....................................................................................................................................... 156 2.3 DESPESAS ADICIONAIS .................................................................................................................. 159 2.4 PRÓ-LABORE ......................................................................................................................................167 2.5 APLICAÇÃO PRÁTICA DOS CONTEÚDOS .................................................................................... 169 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................178 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................182 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................183 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................184 1 UNIDADE 1 - A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o conceito de contabilidade comercial, bem como sua aplicabilidade; • compreender a importância das sociedades comerciais para o Brasil; • compreender o papel do profi ssional contábil para com essas sociedades; • compreender o conceito de sociedade comercial e seus tipos; • compreender a legislação pertinente às sociedades comerciais, bem como a cons- tituição e escrituração dessas empresas; • compreender, analisar e estruturar a Demonstração do Resultado; • compreender, analisar e estruturar o Balanço Patrimonial. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoa- tividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – SOCIEDADES COMERCIAIS TÓPICO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO TÓPICO 3 – BALANÇO PATRIMONIAL Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 SOCIEDADES COMERCIAIS 1 INTRODUÇÃO Neste primeiro tópico estudaremos a contabilidade comercial aplicada às empresas comerciais. Salienta-se que iremos nos referir às sociedades comerciais muitas vezes como “empresas comerciais” ou “organizações comerciais” com o intuito de facilitar o entendimento e alguns termos não ficarem repetitivos. Para isso, faz-se necessário compreendermos os conceitos básicos tanto da contabilidade como de empresas comerciais, bem como a legislação incidente sobre essas empresas. Veremos que as empresas comerciais possuem muita importância no nosso país e que o profissional contábil deve conhecer sobre as particularidades dessas entidades. Podemos destacar que essas particularidades já iniciam no momento da constituição da empresa e vão até aos demonstrativos contábeis, como a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial. 2 DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE COMERCIAL A Contabilidade, como ciência social, possui um campo de atuação muito vasto. Possui o objetivo de registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja pessoa fí- sica, entidade com fins não lucrativos, empresa, até mesmo pessoa de Direito Público, como Estado, Município, União, Autarquia (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). No mercado empresarial existem as mais diversas organizações, o que as difere é a atividade desenvolvida por cada uma. Dessa forma, podemos encontrar indústrias, transportadoras, empresas financeiras, agrícolas, de pecuária, construção civil, públicas e comerciais, entre outras. Para cada tipo de atividade, existe um ramo da Contabilidade, conforme mostra a Tabela 1. TABELA 1 – RAMIFICAÇÃODA CONTABILIDADE DE ACORDO COM AS ATIVIDADES EMPRESARIAIS Atividade Empresarial Ramo da Contabilidade Indústria Contabilidade Industrial Transportes Contabilidade de Transportes Empresas Financeiras Contabilidade de Empresas Financeiras Agrícola e Pecuária Contabilidade Rural TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 Construção civil Contabilidade de Construtoras Públicas Contabilidade Pública Comércio Contabilidade Comercial FONTE: A autora Ao analisarmos a Tabela 1, podemos deduzir, então, que existem várias Contabili- dades? Ribeiro (2017, p. 18) esclarece que não: “A Contabilidade é uma só. O que existe são ramificações da Contabilidade, criadas para permitir a cada tipo de entidade a aplicação adequada dos conceitos e princípios contábeis, segundo suas características próprias”. Não podemos esquecer que a contabilidade visa a fornecer informações úteis para a tomada de decisão dos seus diferentes usuários. Conforme a NBC TG 26 – Apre- sentação das Demonstrações Contábeis: “O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas” (CFC, 2017, p. 5-6). Dessa forma, os usuários da informação contábil de empresas comerciais pre- cisam de informações que sejam adequadas a esta atividade, distintas daquelas dos usuários de empresas rurais ou de instituições financeiras, por exemplo. Com relação à Contabilidade Comercial, precisamos observar o que Luz (2015, p. 68) afirma sobre a contabilidade e o setor de comércio: “A contabilidade é uma ciên- cia que procura, por meio de técnicas específicas, informar a seus usuários a situação financeira das entidades em geral. A atividade comercial necessita de inúmeras infor- mações para assegurar sua eficiência e eficácia, as quais provém do sistema contábil”. Essa ramificação da contabilidade, ou seja, a Contabilidade Comercial, pode ser definida como: o ramo da Contabilidade que possibilita o controle da movimentação do patrimônio das empresas comerciais (RIBEIRO, 2017). Podemos complementar dizendo que a Contabilidade Comercial é o ramo da Contabilidade aplicado ao estudo e ao controle do patrimônio das empresas comerciais, com o fim de oferecer informações sobre sua composição e suas variações, bem como sobre o resultado decorrente da atividade mercantil (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). Na visão de Araújo (2009), a Contabilidade Comercial é a especialidade contábil que está voltada para as empresas que tem suas atividades para compra e venda de mercadorias. No Brasil, a partir de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019a), verificou-se que, em 2017, o setor de Comércio foi o mais repre- sentativo entre entidades empresariais brasileiras, contando com 1.886.139 empresas, representando 37,5% do total de segmentos econômicos existentes. Nessa pesquisa, no 5 que se refere ao número de empresas e pessoal ocupado, a atividade de Comércio ficou na frente). A Tabela 2 apresenta os resultados na íntegra. TABELA 2 – EMPRESAS E PESSOAL OCUPADO, SEGUNDO AS SEÇÕES DA CNAE 2.0, EM 2017 FONTE: Adaptada de IBGE (2019a, p. 30) 6 A classifi cação dessa pesquisa teve como referência a Classifi cação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Assim, todas as empresas brasileiras foram classifi - cadas conforme sua atividade econômica e a que mais se destacou foi a seção G – Co- mércio, contendo empresas de comércio varejista e atacadista. A partir dos dados que foram expostos, percebemos a importância do setor de comércio para a economia do nosso país, não é mesmo? Sendo assim, a Contabilidade Comercial torna-se imprescindível para o acadêmico de Contabilidade, que é um futuro contador e que muito provavelmente atenderá diversas empresas comerciais. Basicamente, a CNAE é um código numérico que varia entre atividades empre- sariais classifi cadas na letra A até a letra U, conforme apresentado na Tabela 3. TABELA 3 – ATIVIDADES ECONÔMICAS NA CNAE FONTE: <https://concla.ibge.gov.br/busca-online-cnae.html?view=estrutura>. Acesso em: 20 out. 2021. NOTA Futuramente, nas disciplinas Estágio – Plano de Negócios e Estágio II – Prática Contábil você utilizará o CNAE para suas atividades práticas. Por isso é importante se acostumar com esse termo desde agora! Que tal acessar o QR CODE e já se inteirar sobre o assunto? 7 2.1 HORIZONTES DA ESPECIALIZAÇÃO DO CONTADOR DE ENTIDADES COMERCIAIS Como vimos na seção anterior, as empresas comerciais são responsáveis pela maior fatia de mercado empresarial em atuação no Brasil. Até algum tempo atrás, era muito modesta a perspectiva profissional do contador de empresas comerciais pela pequena dimensão dessas entidades (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). Contudo, com o tempo, esse cenário se modificou: Com o desenvolvimento dos conglomerados em que a atividade de distribuição é um dos pontos básicos e mesmo com a ampliação e modernização das empresas mercantis, que atuam em grandes mercados, às vezes ultrapassando até as fronteiras geográficas de um país, multiplicam-se as oportunidades para tais profissionais (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 7). Além disso, as oportunidades surgirão para aqueles que tiverem conhecimento em custos comerciais, fazendo com que contadores da área tornem-se cada vez mais importantes e requeridos profissionalmente (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). O profissional envolvido com o estudo e aplicação dos conceitos de contabili- dade comercial deve ter um amplo domínio das técnicas de escrituração e da legislação pertinente a essas técnicas. O método das partidas dobradas (mecanismo de débito e crédito, provavelmente estudado em Contabilidade Geral) é a essência do reconheci- mento dos fatos contábeis. A geração e disponibilização de informações úteis aos gestores depende de uma política contábil adequada, que se inicia pela estruturação de um plano de contas que atenda às necessidades da organização. Vale dar destaque às operações contábeis tradicionais, que impactam significativamente no patrimônio e no resultado, como de- preciação, ajustes para perdas prováveis e o cálculo do custo das mercadorias vendidas. Essa atenção especial deve acontecer na contabilização, no cálculo e na evidenciação das demonstrações contábeis (LUZ, 2015). Dentro da apuração do resultado, é importante diferenciar as despesas que de- vem ser atribuídas a determinado período dos gastos e custos que se incorporam ao Ativo. A apuração do Resultado com mercadorias, que é básico para muitas empresas co- merciais, é muito mais do que uma simples diferença entre valores de vendas e de custos. No cálculo das vendas líquidas e na elaboração do custo das vendas, muitos detalhes devem ser considerados. O próprio custo da mercadoria envolve mais fatores do que apenas o valor de compra, como tributos incidentes sobre as vendas e fretes. Até aqui, já descobrimos que a contabilidade é muito importante para as em- presas comerciais e que inclusive, existe uma ramificação contábil especificamente para o setor de comércio: a contabilidade comercial. Vimos também que aprender sobre 8 essa disciplina é de fundamental relevância para os acadêmicos do curso de Ciências Contábeis, pois as empresas com atividades de comércio são representativas no nosso país. Por fim, considerando a grande expressividade das empresas comerciais, o conta- dor precisa compreender e aplicar corretamente as questões contábeis nessas organi- zações, e para isso, deve buscar aprofundamento teórico e prático neste ramo. Para que ocorra este aprofundamento teórico e prático do contador sobre es- sas empresas, precisamos compreender o que é uma empresa comercial, a legislação aplicável e as especificidades desse setor. É o que veremos a seguir ao tratar das Socie- dades Comerciais. 3 DEFINIÇÃO DE EMPRESA COMERCIAL Anteriormente, estudamos a contabilidade comercial, a importância das empresas comerciaispara o país e o papel do contador nessas empresas. Todavia, ainda não falamos especificamente o que é uma empresa comercial, não é verdade? Para compreendermos o que é uma empresa comercial, inicialmente, devemos entender o que é comércio, que nada mais é do que a troca de mercadorias por dinheiro ou de uma mercadoria por outra (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). São remotas as origens do comércio: Na Antiguidade, os fenícios, provavelmente, foram o povo que mais se notabilizou na atividade comercial [...]. A Fenícia dispunha de pouca terra para o desenvolvimento de uma agricultura de grande qualidade. Assim, teve de voltar-se à atividade comercial, construindo grande frota que realizava extensas atividades comerciais com o Ocidente, bem como, por terra, com o Oriente (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 3). Mais recentemente, entre os séculos XII e XVI, países como Itália e Portugal desenvolveram intensa atividade comercial. Já no Brasil, esse desenvolvimento acontece desde a época da abertura dos portos, no início do século XIX, favorecido pela excepcional variedade de produtos primários e secundários que produz (IUDÍCIBUS; MARION, 2019), como agricultura, pesca, pecuária e roupas e alimentos. Conceitualmente, uma empresa comercial é aquela cujo principal objetivo é aproximar o produtor do consumidor. Sua atividade principal pode ser resumida nas operações de compra e venda de mercadorias (RIBEIRO, 2017). O SEBRAE (2019) refere as empresas comerciais como sendo aquelas que vendem mercadorias diretamente ao consumidor – no caso do comércio varejista – ou aquelas que compram do produtor para vender ao varejista – comércio atacadista. O comércio atacadista revende mercadorias novas ou usadas a varejistas, usuários industriais, agrícolas, comerciais, institucionais e profissionais, ou a outros 9 atacadistas, ou atua como representante comercial ou agente do comércio na compra ou venda de mercadorias a esses usuários (IBGE, 2019b). É importante notar que a mercadoria vendida por tais entidades (atacados) nunca chega diretamente ao consumidor individual fi nal; sempre segue para outras empresas que aplicam mais trabalho e produzem outro produto ou para empresas mercantis colocadas num grau inferior da cadeia de distribuição (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). Já o comércio varejista revende mercadorias novas e usadas, principalmente ao público em geral, para consumo ou uso pessoal ou doméstico (IBGE, 2019b). Comercializa, usualmente, bens de consumo que vão diretamente para o consumidor. Evidentemente, há também empresas com características mistas: que são varejistas e atacadistas ao mesmo tempo (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). O Quadro 1 apresenta um comparativo entre o comércio varejista e o atacadista. QUADRO 1 – COMÉRCIO VAREJISTA E ATACADISTA Comércio Varejista Comércio Atacadista Comércio considerado “popular”, em que a maioria das pessoas está acostu- mada a comprar. O cliente se direciona a uma loja, escolhe o produto e com- pra, com os preços que a loja acha ser o ideal. As compras ocorrem em menor quantidade de produtos e a negocia- ção de preços das mercadorias ocorre conforme as normas impostas e ofere- cidas pelas lojas. Comércio direcionado aos lojistas, ou seja, àquelas pessoas que compram produtos em uma grande quantidade para conseguir revender depois. O pre- ço para esse tipo de comércio é dife- rente do oferecido aos varejistas, logo, neste caso o preço dos produtos pode ser reduzido. FONTE: Adaptado de <<https://bit.ly/3DUza3E>; <https://bit.ly/3vxJxHz>. Acesso em: 20 out. 2021. 3.1 SOCIEDADES COMERCIAIS Para que as empresas comerciais possam desenvolver suas atividades, é preci- so que estejam devidamente constituídas e legalizadas. É necessário que seja formada uma sociedade. 10 Sociedade é a reunião de duas ou mais pessoas que se submetem a um regu- lamento, a fim de exercer uma atividade comum. Para Iudícibus e Marion (2019, p. 9) sociedade é: O contrato em que duas pessoas ou mais se obrigam a conjugar esforços ou recursos para a consecução de um fim comum, ou celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens e serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si dos resultados. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. Podem exercer a atividade de empresários os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. A Sociedade Empresária tem seus instrumentos de constituição e alterações registradas na Junta Comercial. Já as Sociedades Simples são registradas em Cartório. Quanto à divisão de Empresária versus simples, considera-se em- presária a sociedade que tem por objetivo o exercício de atividade própria de empresário; por outro lado, consideram-se Simples as de- mais. De maneira geral, sociedade Simples é, sobretudo, aquela que explora atividade de prestação de serviços decorrentes de atividade intelectual e de cooperativa (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 9). As Sociedades estão previstas na Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que é o nosso Código Civil, a partir do Art. 981 até o Art. 1.141. Vejamos as Disposições Gerais do Capítulo único desse Código: “Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (Art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Art. 983. A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Parágrafo único. Ressalvam-se as disposições concernentes à sociedade em conta de participação e à cooperativa, bem como as constantes de leis http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1.039 11 FONTE: Adaptado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 20 out. 2021. especiais que, para o exercício de certas atividades, imponham a constituição da sociedade segundo determinado tipo. Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária. Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas que regem a transformação. Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (Arts. 45 e 1.150). NOTA • A respeito do Art. 967, é obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. • Os Arts. 1.039 a 1.092 tratam da Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples, Sociedade Limitada, Sociedade Anônima e Sociedade em Comandita por Ações. • O Art. 968 trata da inscrição do empresário. • O Art. 45 trata da existência legal das pessoas jurídicas de direito privado. • O Art. 1.150 aborda o Registro Público de Empresas Mercantis para o empresário e sociedade empresária. Existem vários tipos de sociedade, como: Sociedade por Quotas de Responsa- bilidade Limitada, Sociedades Anônimas, Sociedades em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples, Sociedade em Comandita por Ações. O Código Civil classifica essestipos de sociedades em Sociedade não Personificada e Sociedade Personificada. A Sociedade não Personificada é constituída oral ou documentalmente e não formaliza o arquivamento ou registro. Já a Sociedade Personificada é legalmente cons- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art968 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art45 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1150 12 tituída e registrada em órgão competente, adquirindo personalidade formal, podendo ser chamada de jurídica (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). O Quadro 2 apresenta um resumo sobre essa classificação. QUADRO 2 – RESUMO DAS SOCIEDADES RESUMO DAS SOCIEDADES Sociedades pelo Código Civil Tipos Detalhes Não personificada (não inscritos: cons- tituída de forma oral e documental, po- rém não registrada) Sociedade Co- mum (sociedade de fato, sem re- gistro) No que for compatível, em ambas se aplicam as dispo- sições da Sociedade Simples Os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obriga- ções. Também conhecida como Sociedade Irregular. Sociedade em Conta de Partici- pação Um dos sócios é Ostensivo (empreendedor, dirige o negócio e assume todas as responsabili- dades). Outros sócios são Parti- cipantes, apenas investidores. Personificada (legalmente consti- tuída e registrada no órgão competente, passando a ser de- nominada pessoa jurídica) Empresária Atividade própria de empresá- rio com registro na Junta Co- mercial • Sociedade em Nome Coletivo • Sociedade em Comandita Simples • Sociedade Limitada • Sociedade por Ações (Lei das S.A.) •Sociedade em Comandita por Ações (Lei das S.A.) Simples Atividade de não empresário com registro no Cartório Civil • Sociedade Simples “Pura” ou Sociedade em Nome Coletivo • Sociedade em Comandita Simples • Sociedade Limitada • Cooperativa Cooperativas (Legislação Es- pecial e CC) • Responsabilidade dos sócios limitada • Responsabilidade dos sócios ilimitada FONTE: Adaptado de Iudícibus; Marion (2019) NOTA Empresária: quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Simples: quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda com auxílio de colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. 13 Uma das formas mais comuns de sociedade é a Sociedade por Cotas de Res- ponsabilidade Limitada ou Sociedade Ltda., representada pela sigla Ltda., em que a res- ponsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas de capital social, ou seja, se as dívidas contraídas forem maiores que o capital social, os seus bens pessoais, via de regra, não serão atingidos (DESIDÉRIO, 2016). As Sociedades Ltda. estão regulamentadas no Código Civil, nos Arts. 1.052 a 1.087. Vejamos os principais itens dessa Lei, no que se refere às Sociedades Ltda.: Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. (Vide Lei nº 13. 784, de 2019) §1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) §2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do Art. 997, e, se for o caso, a firma social. Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. § 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade. § 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços. Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte. § 1o No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem ser exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio falecido. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art997 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art997 14 § 2o Sem prejuízo do disposto no Art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização. Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do Art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes. Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no Art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas. Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se distribuírem com prejuízo do capital. FONTE: Adaptado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 20 out. 2021. NOTA • O Art. 997 trata da constituição da sociedade por meio de contrato escrito e o que deve ser mencionado nele. • No Art. 1.003, a cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a esses e à sociedade. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. • No Art. 1.004, os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos 30 dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante essa pelo dano emergente da mora. Ao longo da leitura dos artigos, em 2019, foi aprovada a Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019, que alterou o Código Civil. Entre outras alterações ocorridas, houve a inclusão no Art. 1.052, que trata das Sociedades Ltda.: “§1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. §2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social”. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1052 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1003 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1004 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm#art1052%C2%A71 15 Assim, essas mudanças significam que: A partir de agora, é possível abrir uma empresa sozinho, protegendo o patrimônio particular e sem precisar investir muito dinheiro. Foi criada uma natureza jurídica para a constituição de empresas, a chamada Sociedade Limitada Unipessoal, nela não existe capital social mínimo, nem a necessidade de inclusão de sóciose o empresário responde apenas com o patrimônio investido no CNPJ (TERRA, 2019). Um efeito provável com esse cenário é que profissionais que exerçam atividade regulamentada, como médicos, contadores e fisioterapeutas, possam aderir a Socieda- de Limitada Unipessoal. Antes, eles só poderiam abrir empresas sozinhos se fosse atra- vés de uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), já que o Código Civil não considera empresários aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. Segundo Terra (2019), isso era um grande problema pois muitas vezes o pro- fissional queria abrir sua empresa, mas acabava adiando o projeto porque não tinha o capital social inicial necessário ou outros sócios para incluir no contrato. A Sociedade Limitada Unipessoal pode ser uma solução para esses profissionais. É importante lembrar que, em setembro de 2021, a Lei nº 14.195 estabeleceu o fim das EIRELIs e as empresas que estavam registradas nessa modalidade serão trans- formadas automaticamente em Sociedade Limitada Unipessoal (SLU) (BRASIL, 2021). O Quadro 3 apresenta as diferenças entre sociedade unipessoal e outros forma- tos mais comumente utilizados de sociedades comerciais. QUADRO 3 – COMPARATIVO ENTRE SOCIEDADES COMERCIAIS COMUMENTE UTILIZADAS E A SOCIEDADE UNIPESSOAL Empresário Individual Sociedade Ltda. Sociedade Limitada Unipes- soal O patrimônio particular do dono se confunde com o patrimônio da empre- sa. Isso quer dizer que as dívidas e obrigações da empresa podem atingir os bens pessoais do sócio. É necessário ter dois ou mais sócios. O patrimônio particular dos empresá- rios é protegido, e apenas o patrimônio da Pessoa Jurídica responde pelas dívidas e obrigações da Empresa. Une o melhor dos dois mun- dos: o empresário pode abrir a empresa sozinho, proteger seu patrimônio particular (apenas o patrimônio da Pessoa Jurídica responde pelas dívidas e obri- gações da Empresa) e, diferen- temente da EIRELI, não é ne- cessário fazer a integralização de um capital social mínimo. FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3jlp6Jn>. Acesso em: 20 out. 2021. 16 3.2 FORMALIZAÇÃO DA SOCIEDADE COMERCIAL A Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, e o Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996, que regulamenta a Lei nº 8.934/1994, disciplinam sobre o registro do ato constitutivo do empresário e da sociedade empresária e regulam o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), que é composto pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio e as Juntas Comerciais (BRASIL, 1994; 1996). A Junta Comercial tem jurisdição estadual, sendo que, em cada Estado brasileiro, há uma unidade com as prerrogativas de executar serviços de registro, compreendendo a matrícula e seu cancelamento, o arquivamento dos atos constitutivos e a autenticação de documentos de empresários (LUZ, 2015). As sociedades comerciais devem ser registradas em Junta Comercial. No Decreto nº 1.800/1996, são listados os principais artigos sobre as Juntas Comerciais. Art. 7º Compete às Juntas Comerciais: I- Executar os serviços de registro de empresas mercantis, neles compreendidos: a) o arquivamento dos atos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de empresas mercantis, de cooperativas, das declarações de microempresas e empresas de pequeno porte, bem como dos atos relativos a consórcios e grupo de sociedades de que trata a lei de sociedade por ações; b) o arquivamento dos atos concernentes a sociedades mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no País; c) o arquivamento de atos ou documentos que, por determinação legal, seja atribuído ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e daqueles que possam interessar ao empresário ou às empresas mercantis; d) a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio, nos termos de lei própria; e) a emissão de certidões dos documentos arquivados. II- Elaborar a tabela de preços de seus serviços, observados os atos especificados em instrução normativa do Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC; III- Processar, em relação aos agentes auxiliares do comércio: a) a habilitação, nomeação, matrícula e seu cancelamento dos tradutores públicos e intérpretes comerciais; b) a matrícula e seu cancelamento de leiloeiros, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais. 17 FONTE: Adaptado de <https://uniasselvi.me/3pvlnfX>. Acesso em: 20 out. 2021. Para as sociedades empresárias e empresários individuais, são de interesse o registro e o arquivamento do ato constitutivo e dos documentos que comprovem a capacidade jurídica regular e a legalidade dos demais atos societários práticos. O ato constitutivo é o requerimento de empresário e o da sociedade é o contrato social, e é a partir do seu arquivamento pela Junta Comercial que a pessoa jurídica passa a existir legalmente. De acordo com o Art. 45 do Código Civil: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro (BRASIL, 2002). A elaboração de um contrato com as principais regras que regerão a sociedade é a primeira etapa que deve ser desenvolvida na constituição de uma empresa. Algumas IV- Elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações, bem como as resoluções de caráter administrativo necessárias ao fiel cumprimento das normas legais, regulamentares e regimentais. V- Expedir carteiras de exercício profissional para agentes auxiliares do co- mércio, titular de firma mercantil individual e para administradores de sociedades mercantis e cooperativas, registradas no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, conforme instrução normativa do Departamento Nacional de Regis- tro do Comércio (DNRC). VI- Proceder ao assentamento dos usos e práticas mercantis. VII- Prestar ao Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC as informações necessárias: a) à organização, formação e atualização do cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no País; b) à realização de estudos para o aperfeiçoamento dos serviços de Registro Pú- blico de Empresas Mercantis e Atividades Afins; c) ao acompanhamento e à avaliação da execução dos serviços de Registro Pú- blico de Empresas Mercantis e Atividades Afins; d) à catalogação dos assentamentos de usos e práticas mercantis procedidos. VIII- Organizar, formar, atualizar e auditar, observadas as instruções nor- mativas do Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), o Cadastro Estadual de Empresas Mercantis (CEE), integrante do Cadastro Nacional de Empre- sas Mercantis (CNE). 18 cláusulas fundamentais do contrato que devem ser exaustivamente discutidas antes do registro da empresa são: a) o tipo de sociedade adotado: •empresa individual, sociedade simples, sociedade empresária (Ltda, S.A.) etc.; b) a declaração precisa do objeto social: • o ramo de negócio que a empresa exercerá; c) o capital social, a participação e a responsabilidade de cada sócio: • o valor do capital social, o quinhão de cada sócio; d) a qualificação dos sócios: • nome, nacionalidade, estado civil, número da identidade, residência; e) a denominação da empresa e sede: • o nome comercial da empresa, bem como a sua localização, município; f) o prazo de duração da sociedade: • normalmente o prazo é indeterminado; g) outras informações: • destaque dos sócios-gerentes; • forma de integralização do capital; • atitudes no caso de falecimento desócios etc. (IUDÍCIBUS; MARION, 2019, p. 71). O Quadro 4 resume os passos básicos para a constituição de empresas. QUADRO 4 – PASSOS PARA CONSTITUIÇÃO DE EMPRESAS Passos Descrição 1- Averiguar possíveis semelhanças na denominação, marca, logotipo, expressão etc. Busca da denominação, caso já existente, pode ser na Junta Comercial. 2- Registro do Contrato Social ou Estatuto e obtenção da CNPJ (Ca- dastro Nacional de Pessoas Jurídi- cas) Ir até a Junta Comercial ou órgão competente. Preencher a ficha de Cadastro Nacional de Socie- dade. A obtenção do Cadastro Nacional de Pes- soa Jurídica (CNPJ) também ocorre nessa opor- tunidade. 3- Registro de Invenção, modelos e desenhos, marcas, sinais ou ex- pressões de propaganda etc. Ir até o Instituto Nacional de Propriedade Indus- trial (INPI). Serão observadas: originalidade, falta de concordância com registros existentes e lici- tude (não ser contrária à lei, à moral, nem atentar contra os bons costumes etc.). 4- Registros específicos, inscrições Ir até a Secretaria da Fazenda Estadual para reali- zar a Inscrição Estadual. Nesse momento, haverá o preenchimento do CADESP (Cadastro de Con- tribuintes de ICMS), juntando-se alguns fiscais. 5- Matrícula no INSS Tal matrícula já é feita acoplada ao registro na Junta Comercial. Caso contrário, ir ao INSS. 6- Órgãos fiscalizadores de exercí- cios profissionais Registros junto aos Conselhos Regionais ou Or- dens que fiscalizam o exercício de profissionais liberais. FONTE: Adaptada de Iudícibus; Marion (2019) 19 4 A ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL NAS SOCIEDADES COMERCIAIS Ao longo da unidade, percebemos que o Código Civil regulamenta diversos assuntos de âmbito empresarial. No que se refere à escrituração contábil, isso não é diferente. A seguir, podemos conferir sobre o que ele diz a respeito da contabilidade. Os artigos sobre assunto são os Arts. 1.179 a 1.195. IMPORTANTE Futuramente, nas disciplinas Estágio – Plano de Negócios e Estágio II – Prática Contábil, será estudado mais afundo sobre a constituição de empresas e procedimentos necessários. Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1o Salvo o disposto no Art. 1.180, o número e a espécie de livros fi cam a critério dos interessados. § 2o É dispensado das exigências deste Artigo o pequeno empresário a que se refere o Art. 970. Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fi chas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fi chas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fi chas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. 20 Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no Art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abrevia- turas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado. Art. 1.184. No Diário, serão lançadas, com individuação, clareza e carac- terização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. §1o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não ex- cedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e con- servados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. §2o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado eco- nômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legal- mente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. Art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele. Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre: I- a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários; II- o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício. Art. 1.187. Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: I- os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor; 21 II- os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa, podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este for inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva; III- o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição; IV- os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liquidação, salvo se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente. Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda, anualmente, à sua amortização: I- as despesas de instalação da sociedade, até o limite correspondente a dez por cento do capital social; II- os juros pagos aos acionistas da sociedade anônima, no período antecedente ao início das operações sociais, à taxa não superior a doze por cento ao ano, fixada no estatuto; III- a quantia efetivamente paga a título de aviamento de estabelecimento adquirido pelo empresário ou sociedade. Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades dessa, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas. Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. Art. 1.191. O juiz só poderáautorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, 22 comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. § 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por eles nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão. § 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz. Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros. Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário. Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. Art. 1.195. As disposições deste Capítulo aplicam-se às sucursais, filiais ou agências, no Brasil, do empresário ou sociedade com sede em país estrangeiro. FONTE: Adaptado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 20 out. 2021. NOTA Com relação ao Art. 970, a lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. 23 4.1 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE JURÍDICA Os livros de escrituração têm diferentes fi nalidades. Alguns servem para registrar as compras, outros para vendas, controlar estoque, lucros ou prejuízos. Podemos classifi cá-los em obrigatórios e auxiliares, conforme mostra o Quadro 5. QUADRO 5 – LIVROS OBRIGATÓRIOS E AUXILIARES CONTÁBEIS E FISCAIS Livros Obrigatórios Livros Auxiliares Diário Razão Caixa (para empresas do Lucro Pre- sumido e Simples Nacional) Registro de Inventário Registro de Compras Livros estaduais Livros Municipais Caixa Conta-corrente Contas a receber Contas a pagar FONTE: Adaptada de Brasil (2006); CFC (2014); Ribeiro (2017) NOTA DICA Na disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário, veremos esse e outros regimes de tributação com mais profundidade, como o Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e o Simples Nacional. Acadêmico, chamou a sua atenção sobre a obrigatoriedade do Livro Di- ário para as empresas? Você já deve ter estudado sobre ele em Contabili- dade Geral, não é mesmo? Caso não se recorde mais sobre o assunto, dê uma olhada no Caderno de Estudos de Contabilidade Geral por meio do seguinte QR Code: 24 Os livros obrigatórios são exigidos pela legislação. Entre essas leis, podemos citar o Código Civil, o Regulamento do Imposto de Renda e a Lei das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Já os livros auxiliares são utilizados pelas empresas sem que haja exigência legal, podendo servir de suporte aos livros obrigatórios. 4.2 CONSTITUIÇÃO DA EMPRESA – PARTE CONTÁBIL Os primeiros lançamentos contábeis a serem registrados pelas empresas co- merciais referem-se aos fatos que ocorrem na fase de constituição da empresa. Esses são os primeiros lançamentos do Livro Diário. A partir desse momento, estudaremos a contabilização dos fatos que ocorrem na fase de constituição das sociedades limitadas, que, como vimos anteriormente, é a forma de sociedade mais comum entre as empre- sas comerciais brasileiras. Na constituição da empresa, quando os sócios se reúnem para discutir as cláu- sulas do contrato social, um dos itens debatidos é a estipulação do capital social (o valor monetário) e a forma de integralização desse capital (em dinheiro, em imóvel, em veículo). Os sócios, portanto, estipulam o valor total do capital e a parte que cabe a cada um. No momento em que os sócios assinam o Contrato Social, há o comprometimento em cumprir todas as cláusulas do contrato; entre elas está a de fornecer o capital assu- mido. A esse ato se denomina subscrição de capital, ou seja, capital comprometido, assumido. Já que se trata de um compromisso assumido e assinado, a contabilidade da empresa registra esse fato, ou seja, já registra em seu patrimônio o capital que os sócios se comprometeram a repassar para a empresa. Entretanto, subscrição de capital é diferente da integralização do capital. A subscrição é o registro na contabilidade do compromisso firmado em que ainda não houve a entrada de valores ou bens referentes a esse capital. A Figura 1 representa dois sócios no momento da subscrição de capital. FIGURA 1 – SUBSCRIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL FONTE: <https://bit.ly/3aYiSu4>. Acesso em: 20 out. 2021. 25 Integralização do capital é o momento em que os sócios cumprem o que assinaram no contrato social, ou seja, a empresa recebe o valor estipulado, seja em forma de dinheiro ou bens. A Figura 2 demonstra o momento em que dois sócios levam até a empresa o seu capital para integralizar. FIGURA 2 – INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL FONTE: <https://bit.ly/3aTG5O6>. Acesso em: 20 out. 2021. EXEMPLO PRÁTICO Augusto Lima e Pascoal Camelo constituíram uma sociedade por Quotas de Responsabilidade Ltda., a fim de explorar o comércio de roupas, com o nome de “Lima e Camelo Modas Ltda.”, com o capital de R$ 200.000,00, sendo que: • o capital foi dividido em 200 quotas, no valor de R$ 1.000,00 cada, subscritas pelos sócios quotistas em partes iguais, devidamente registrado na Junta Comercial, conforme contrato arquivado sob nº 53.678; • os sócios realizaram integralmente suas quotas, em dinheiro; • os sócios abriram conta bancária para o movimento no Banco Tavares e depositaram o montante do Capital realizado. Contabilização: 1- Pela subscrição do Capital Social: D – CAPITAL A INTEGRALIZAR (PL) R$ 200.000,00 C – CAPITAL SOCIAL (PL) R$ 200.000,00 2- Pela integralização das quotas do Capital Social: D – CAIXA (AC) R$ 200.000,00 C – CAPITAL A INTEGRALIZAR (PL) R$ 200.000,00 26 3- Pela abertura de conta bancária com o depósito da importância: D – BANCO TAVARES (AC) R$ 200.000,00 C – CAIXA (AC) R$ 200.000,00 Vejamos os razonetes de todas as contas utilizadas na abertura da empresa Lima e Camelo Modas Ltda.: CAPITAL A REALIZAR (PL) (1) 200.000,00 200.000,00 (2) CAPITAL SOCIAL (PL) 200.000,00 (1) CAIXA (AC) (2) 200.000,00 200.000,00 (3) BANCO TAVARES (AC) (3) 200.000,00 Os procedimentos contábeis para abertura de uma Sociedade Ltda. podem ser resumidos em três lançamentos (RIBEIRO, 2017): • registro da subscrição do Capital, que corresponde ao compromisso assumido pelos sócios em realizar as suas quotas; • registro da integralização do Capital, que corresponde ao pagamento em dinheiro ou em bens ou, ainda, em bens, direitos e obrigações; • registro do depósito bancário do valor realizado em dinheiro. Ribeiro (2017, p. 35) acrescenta que a realização do Capital poderá́ ocorrer de três formas: a) em dinheiro integralmente; b) em bens, em direitos ou em bens, direitos e obrigações – a realização é individualizada, ou seja, cada sócio realiza sua parte; c) em dinheiro ou em bens, direitos e obrigações, parcialmente – permanecendo abertas nos Razonetes as contas dos sócios, até que eles realizem o restante do Capital, o qual poderá́ ser realizado, inclusive, com lucros apurados no exercício pela própria empresa. Após aprendermos os procedimentos jurídicos e contábeis da constituição de uma Sociedade Ltda., é importante compreendermos o plano de contas das empresas comerciais.27 4.3 PLANO DE CONTAS A seguir, apresenta-se uma sugestão de plano de contas para uma empresa do setor de comércio. 1 ATIVO 1.1 CIRCULANTE 1.1.1 Disponível 1.1.1.001 Caixa 1.1.1.002 Bancos Conta Movimento 1.1.2 Realizações 1.1.2.001 Clientes 1.1.2.002 (–) Duplicatas Descontadas 1.1.2.003 Aplicações Financeiras DICA Acadêmico, você já deve ter ouvido falar, ou estudado em Contabilidade Geral, o Pla- no de Contas. Para refrescar sua memória, acesse o livro de Contabilidade Geral pelo seguinte QR Code: Sem dúvida, quanto maior o tamanho da empresa, maior a necessidade de detalhar contabilidade através do plano de contas. Contudo, além do tamanho, o plano de contas varia diretamente a partir do ramo de atividade da empresa. Por causa disso, difi cilmente se encontra a conta “Estoque de Mercadorias” em uma empresa prestadora de serviços e que comumente não comercializa produtos. Assim, também não se destacará a conta “Mão de obra” numa empresa comercial, já que tal nomenclatura se refere ao pessoal de fábrica de uma indústria. Também não é comum encontrar a conta “Imposto sobre Serviços” em uma empresa de natureza industrial. As características operacionais da empresa são fundamentais na elaboração do plano de contas. Por exemplo, no caso de um supermercado (que só vende à vista), não se fará constar a conta “Duplicata a Receber” no Ativo Circulante, mas será elencada a conta “Fornecedores” no Passivo Circulante, pois esse tipo de empresa compra a prazo (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). 28 1.1.2.004 Impostos a Recuperar 1.1.2.005 Despesas do Exercício Seguinte 1.1.2.006 (–) Provisão para Devedores Duvidosos 1.1.3 Estoques 1.1.3.001 Estoque de Mercadorias 1.1.3.002 (–) Provisão para Ajuste ao Valor de Mercado 1.2 NÃO CIRCULANTE 1.2.1 Realizável a Longo prazo 1.2.1.001 Títulos a Receber 1.2.2 Investimentos 1.2.2.001 Participações em Outras Cias 1.2.2.002 Imóveis para Renda 1.2.3 Imobilizado 1.2.3.001 Equipamentos de Informática 1.2.3.002 Imóveis 1.2.3.003 Instalações 1.2.3.004 Máquinas e Equipamentos 1.2.3.005 Móveis e Utensílios 1.2.3.006 Veículos 1.2.3.007 (–) Depreciação Acumulada 1.2.4 Intangível 1.2.4.001 Marcas e Patentes 1.2.4.002 Capital Intelectual 1.2.4.002 (–) Amortização Acumulada 2 PASSIVO 2.1 CIRCULANTE 2.1.1 Obrigações 2.1.1.001 Fornecedores 2.1.1.002 Aluguéis a Pagar 2.1.1.003 Empréstimos a Pagar 2.1.1.004bICMS a Recolher 2.1.1.005 Imposto de Renda a Pagar 2.1.1.006 IR Fonte a Recolher 2.1.1.007 Contribuições Previdenciárias a Recolher 2.1.1.008 FGTS a Recolher 2.1.1.009 Honorários dos Sócios a Pagar 2.1.1.010 Salários a Pagar 2.1.1.011 Dividendos a pagar 2.1.1.012 Outras Obrigações a Pagar 2.2 NÃO CIRCULANTE 2.2.1 Obrigações 2.2.1.001 Financiamentos a Pagar 2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 Capital 2.3.1.001 Capital 29 2.3.1.002 (–) Capital a Realizar 2.3.2 Reservas de Capital 2.3.2.001 Ágio na Emissão de Ações 2.3.3 Ajuste de Avaliação Patrimonial 2.3.3.001 Aumentos Atribuídos a Bens do Ativo 2.3.4 Reservas de Lucros 2.3.4.001 Reserva Legal 2.3.5 Ações em Tesouraria 2.3.5.001 Aquisição de Ações Próprias 2.3.6 Lucros ou Prejuízos Acumulados 2.3.6.001 Lucros Acumulados 2.3.6.002 (–) Prejuízos Acumulados 3 DESPESAS 3.3 DESPESAS OPERACIONAIS 3.3.1 Despesas com Vendas 3.3.1.001 Comissões sobre Vendas 3.3.1.006 Fretes e Carretos 3.3.1.007 Material de Embalagem 3.3.1.008 Propaganda e Publicidade 3.3.1.009 Despesas com Devedores Duvidosos 3.3.2 Despesas Administrativas 3.3.2.001 Aluguel 3.3.2.002 Energia Elétrica 3.3.2.003 Água 3.3.2.004 Correios 3.3.2.005 Depreciações 3.3.2.006 Amortizações 3.3.2.007 Fretes e Carretos 3.3.2.008 Material de Expediente 3.3.2.009 Prêmios de Seguro 3.3.2.010 Comunicações 3.3.2.011 Impostos e Taxas 3.3.2.012 Serviços de Terceiros 3.3.2.013 Multas Fiscais 3.3.2.014 Salários 3.3.2.015 Honorários da Diretoria 3.3.2.016 Décimo Terceiro Salário 3.3.2.017 Encargos Sociais 3.3.2.018 Férias 3.3.3 Despesas Financeiras 3.3.3.001 Despesas Bancárias 3.3.3.002 Juros Passivos 3.3.3.003 Descontos Concedidos 3.3.4 Outras Despesas Operacionais 3.3.4.001 Prejuízo de Participação em outras Cias 30 3.3.4.002 Despesas Eventuais 4 RECEITAS 4.1 RECEITAS OPERACIONAIS 4.1.1 Receitas de Vendas 4.1.1.001 Venda de Mercadorias 4.1.1.002 (–) Vendas Anuladas 4.1.1.003 (–) ICMS sobre Vendas 4.1.1.004 (–) PIS sobre Faturamento 4.1.2 Receitas Financeiras 4.1.2.001 Rendimentos de Aplicações Financeiras 4.1.2.002 Descontos Obtidos 4.1.2.003 Juros Ativos 4.1.3 Outras Receitas Operacionais 4.1.3.001 Lucros de Participações em Outras Cias 4.1.3.002 Reversão de Provisão Para Devedores Duvidosos 4.1.3.003 Receitas Eventuais 5 CONTAS DE APURAÇÃO DE RESULTADOS 5.1 APURAÇÃO DE RESULTADO 5.1.1 Apuração de Resultado 5.1.1.001 Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 5.1.1.002 Resultado com Vendas de Mercadorias (RVM) 5.1.1.003 Apuração do Resultado do Exercício (ARE) Após conhecermos um plano de contas aplicado a empresas comerciais, finalizamos o Tópico 1 desta Unidade. Espero que você esteja gostando da disciplina de Contabilidade Comercial! A seguir, veremos um material complementar bem interessante sobre como as Sociedades Unipessoais podem ajudar o empresário na abertura do CNPJ. NOVA SOCIEDADE LTDA UNIPESSOAL AJUDA EMPRESÁRIO NA ABERTURA DO CNPJ A partir de agora é possível abrir uma empresa sozinho, protegendo o patrimônio particular e sem precisar investir muito dinheiro. Foi criada uma natureza jurídica para a constituição de empresas, a chamada Sociedade Limitada Unipessoal, nela não existe capital social mínimo, nem a necessidade de inclusão de sócios e o empresário responde apenas com o patrimônio investido no CNPJ. Antes da criação da Ltda. Unipessoal, para abrir uma empresa sem sócios existiam duas opções: • Empresário Individual (EI): não exige capital social mínimo, porém o sócio responde com o patrimônio particular do CPF. 31 • Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) (modelo empresarial extinto em 2021): o sócio responde apenas com o patrimônio investido na empresa, porém o capital social mínimo deve ser de 100 salários-mínimos, R$110.000,00. Um efeito provável com o novo cenário é que profissionais que exerçam atividade regulamentada, como médicos, contadores e fisioterapeutas, possam aderir a Sociedade Limitada Unipessoal. Antes, eles só poderiam abrir empresas sozinhos se fosse através de uma EIRELI, já que o Código Civil não considera empresários aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística. “Isso é um grande problema atual – muitas vezes o profissional queria abrir sua empresa, mas acabava adiando o projeto porque não tinha o capital social inicial necessário ou outros sócios para incluir no contrato. A Sociedade Limitada Unipessoal pode ser uma solução para esses profissionais”, explica o especialista Charles Gularte, Vice-Presidente de Operações da Contabilizei. A Sociedade Limitada Unipessoal foi criada pela MP 881/2019, que pos- sibilitou que uma única pessoa participasse do quadro societário de uma socie- dade limitada. Essa nova legislação que foi publicada no dia 14 de junho (IN DREI 63/2019) regulamentou essa possibilidade frente às Juntas Comerciais. FONTE: Adaptado de <https://uniasselvi.me/3pzKbn5>. Acesso em: 20 out. 2021. 32 Neste tópico, você aprendeu que: • Contabilidade Comercial é o ramo da Contabilidade que possibilita o controle da movimentação do patrimônio das empresas comerciais. • O profissional envolvido com o estudo e aplicação dos conceitos de contabilidade comercial deve ter um amplo domínio das técnicas de escrituração e da legislação pertinente a essas técnicas. • Empresa comercial é aquela cujo principal objetivo é aproximar o produtor do consumidor. Sua atividade principal pode ser resumida nas operações de compra e venda de mercadorias. • As Sociedades estão previstas na Lei nº 10.406/2002, que é o nosso Código Civil. • Existem vários tipos de sociedade, como: Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada, SociedadesAnônimas, Sociedades em Nome Coletivo, Sociedade em Comandita Simples, Sociedade em Comandita por Ações, Unipessoal. • Uma das formas mais comuns de sociedade é a Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada, representada pela sigla Ltda., em que a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas de capital social. • Compete às Juntas Comerciais executar os serviços de registro de empresas mercantis, neles compreendidos. • O Livro Diário e o Livro Razão são obrigatórios. • Os Livros Auxiliares dão suporte aos livros obrigatórios, sendo alguns exemplos: Conta-corrente, Contas a Receber e Contas a Pagar. • Os primeiros lançamentos a serem registrados no Livro Diário das empresas comerciais referem-se aos fatos que ocorrem na fase de constituição das empresas. • A subscrição é o registro na contabilidade do compromisso firmado em que ainda não houve a entrada de valores ou bens referentes a esse capital. • Integralização do capital é o momento em que os sócios cumprem o que assinaram no contrato social, ou seja, a empresa recebe o valor estipulado, seja em forma de dinheiro ou bens. RESUMO DO TÓPICO 1 33 1 No mercado empresarial, existem as mais diversas organizações, o que as difere é a atividade desenvolvida por cada uma. Dessa forma, podemos encontrar indústrias, transportadoras, empresas financeiras, agrícolas, de pecuária, construção civil, públicas e comerciais, entre outras. Para cada tipo de atividade, existe um ramo da Contabilidade. Diante disso, disserte sobre o que é contabilidade comercial. 2 Existem empresas que vendem mercadorias diretamente ao consumidor, no caso do comércio varejista, ou aquelas que compram do produtor para vender ao varejista, referente ao comércio atacadista. Com base na empresa que tem como principal objetivo aproximar o produtor do consumidor, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Industrial. b) ( ) Agrícola. c) ( ) Transportadora. d) ( ) Comercial. 3 No Brasil, o desenvolvimento da atividade comercial acontece desde a época da abertura dos portos, no início do século XIX, favorecido pela excepcional variedade de produtos primários e secundários que produz (IUDÍCIBUS; MARION, 2019), como: agricultura, pesca, pecuária e roupas e alimentos. Em relação à atividade principal das empresas comerciais, assinale a alternativa CORRETA: FONTE: IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. Contabilidade Comercial. 11 ed. Atlas: São Paulo, 2019. a) ( ) Nas operações de compra de mercadorias. b) ( ) Nas operações de venda de mercadorias. c) ( ) Nas operações de compra e de venda de mercadorias. d) ( ) Nas operações com prestação de serviço. 4 Os livros de escrituração têm diferentes finalidades. Alguns servem para registrar as compras, outros para vendas, controlar estoque, lucros ou prejuízos. Em qual livro de escrituração começa o controle contábil das empresas comerciais? 5 Alberto Cotegipe e Sidônio Cruz constituíram uma sociedade Ltda. no ramo de comércio de utensílios domésticos em geral, com capital no valor de R$ 90.000, dividido igualmente para cada um, devidamente registrado na Junta Comercial, sob nº 15. O Capital foi realizado como segue: • em dinheiro: R$ 80.000; • diversos móveis avaliados em R$ 10.000. Faça as contabilizações pertinentes à subscrição do capital e a posterior integralização. AUTOATIVIDADE 34 35 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 1 INTRODUÇÃO Até aqui, já aprendemos sobre a contabilidade comercial e os procedimentos de constituição de sociedades comerciais, jurídica e contabilmente. No entanto, as contabilizações realizadas foram, basicamente, relacionadas à subscrição e à integralização do capital social. Neste tópico, estudaremos a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), uma demonstração contábil obrigatória para as empresas, a fim de aprendermos a montar e elaborar uma DRE, além de compreendermos como a sua estrutura é formada. 2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Sucintamente, vimos a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) na disciplina de Contabilidade Geral, não é mesmo?! A partir de agora, estudaremos esse demonstrativo contábil com mais profundidade. A DRE é um relatório contábil destinado a evidenciar a composição do resultado formado em um determinado período de operações da empresa. A DRE é um resumo ordenado das receitas e das despesas da empresa em determinado período (12 meses). É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas, subtraem-se as despesas, e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo) (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). Ribeiro (2017) acrescenta, ainda, a respeito da DRE, que evidenciará a formação do resultado, mediante confronto entre as receitas e os correspondentes custos e despesas. A DRE, portanto, é uma demonstração contábil que evidencia o resultado econômico, isto é, o lucro ou o prejuízo apurado pela empresa no desenvolvimento de suas atividades durante determinado período, o qual, geralmente, é igual a um ano (RIBEIRO, 2017, p. 367). A Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, dispõe sobre a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício: 36 Um modelo de DRE pode ser visto no Quadro 6. QUADRO 6 – MODELO DE DRE Art. 187. A Demonstração do Resultado do Exercício discriminará: I- a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II- a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III- as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV- o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Re- dação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) V- o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI- as participações de debêntures, empregados, administradores e partes bene- ficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fun- dos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) VII- o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. §1º Na determinação do resultado do exercício, serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm#art37 37 FONTE: Adaptada de Ribeiro (2017) A seguir, entenderemos melhor os itens que fazem parte dessa demonstração, segundo Iudícibus e Marion (2019) e Ribeiro (2017). 2.1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA Corresponde ao valor bruto auferido nas vendas de mercadorias, de produtos e de serviços. No Plano de Contas, essas três contas integram o grupo das Receitas Operacionais, e recebem a intitulação de Receita Bruta de Venda de Mercadorias. 2.2 DEDUÇÕES E ABATIMENTOS Neste grupo da DRE, devem ser apresentados todos os valores que devam ser deduzidos ou abatidos da receita operacional bruta, para se conhecer a receita operacional líquida. São os Abatimentos sobre Vendas, Vendas Anuladas, Descontos Incondicionais Concedidos e todas as contas que registram os tributos incidentes sobre as vendas, sendo, os mais comuns, o ICMS, o PIS e a COFINS. 2.3 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA Este valor é obtido se subtraindo, da Receita Operacional Bruta, o total das deduções e dos abatimentos. 2.4 CUSTOS OPERACIONAIS Correspondem aos custos das mercadorias vendidas. 38 2.5 LUCRO OPERACIONAL BRUTO Valor obtido se subtraindo, da Receita Operacional Líquida, o montante dos custos operacionais. 2.6 DESPESAS OPERACIONAIS Neste grupo, devemser apresentados os montantes das despesas operacionais, devidamente segregados, conforme a natureza de cada um. As despesas operacionais são aquelas necessárias à gestão do patrimônio da empresa, isto é, para que se possa operar a empresa, há essas despesas no dia a dia. Essas despesas são agrupadas, a saber: • Despesas com as Vendas: compreendem todas as despesas incorridas no setor comercial da empresa, isto é, aquelas necessárias para que a empresa realize as transações comerciais de compra e de venda de mercadorias dela. Embora, na DRE, as Despesas com as Vendas devam ser informadas em montante único, dependendo da complexidade da empresa, no Plano de Contas, essas despesas podem ser subdivididas em Comissões dos Vendedores, Propaganda e Publicidade, Despesas com Viagens, Despesas com Entregas, dentre outras. • Despesas Financeiras: englobam despesas incorridas com a movimentação de dinheiro como as bancárias, os juros, os descontos concedidos etc. A Lei nº 6.404/76 estabelece que, na DRE, o montante das despesas financeiras seja apresentado diminuído do montante das receitas financeiras. Contudo, nada impede de apresentar, na DRE, o montante das despesas financeiras e o das receitas financeiras. São exemplos de receitas financeiras: Juros Ativos, Descontos Obtidos e Rendimentos de Aplicações Financeiras. DICA Acadêmico, ficou com dúvida quanto à apresentação das des- pesas financeiras e das receitas financeiras? Dá uma olhada no modelo de DRE que já estudamos. 39 • Despesas Gerais e Administrativas: compreendem as despesas incorridas com a administração geral da empresa. Neste grupo, podem aparecer subgrupos de despesas, iguais a alguns subgrupos das despesas com as vendas, como as com pessoal (salários, encargos etc.) e com ocupação (aluguéis, água e esgoto, energia elétrica, comunicações etc.). A diferença é que as despesas administrativas estão ligadas ao setor administrativo da empresa, e, as com vendas, ao setor de vendas. • Outras Despesas Operacionais: devem figurar as despesas consideradas operacionais, porém, que não se ajustam nos três grupos anteriores. São despesas às quais a gestão do patrimônio está sujeita, porém, não podem ser consideradas normais ao desenvolvimento das atividades, como as multas de trânsito e fiscais, as perdas ocasionais, dentre outras. 2.7 OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS Compreendem receitas que não se ajustam nos grupos das receitas brutas ou financeiras. Referem-se a ganhos com aluguéis de imóveis, de veículos, com perdas recuperadas e outras. 2.8 LUCRO (PREJUÍZO) OPERACIONAL Corresponde à diferença entre o montante das receitas operacionais (receita operacional líquida + outras receitas operacionais) e o montante das despesas operacionais (com vendas + financeiras – receitas financeiras + gerais e administrativas + outras receitas operacionais). 2.9 OUTRAS RECEITAS Correspondem ao resultado positivo alcançado nas transações, envolvendo elementos patrimoniais do Ativo Não Circulante, classificados nos subgrupos: Investimentos, Imobilizado e Intangível. 2.10 OUTRAS DESPESAS Correspondem ao resultado negativo alcançado nas transações envolvendo elementos patrimoniais do Ativo Não Circulante, classificados nos subgrupos: Investimentos, Imobilizado e Intangível. 40 2.11 RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DAS DEDUÇÕES (OU ANTES DA TRIBUTAÇÃO) Corresponde ao resultado operacional líquido diminuído ou adicionado das outras despesas e das outras receitas. 2.12 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Trata-se de uma obrigação da empresa para com o Governo Federal, calculada sobre o Resultado do Exercício. Veremos esse tributo mais adiante. 2.13 IMPOSTO DE RENDA SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Corresponde ao compromisso da empresa com o Governo Federal, referente ao imposto sobre o Lucro Real. Veremos esse tributo mais adiante. 2.14 RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS AS DEDUÇÕES Corresponde ao Resultado do Exercício depois de deduzidos os tributos incidentes sobre ele. 2.15 PARTICIPAÇÕES Correspondem às participações que devem incidir sobre o Resultado do Exercício. 2.16 LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO É o Resultado do Exercício, depois de deduzidos os valores relativos aos tributos e às participações. EXEMPLO PRÁTICO Agora que já estudamos a parte teórica da DRE, que tal observamos esse contexto a partir de um exemplo prático? Esse exemplo conterá os lançamentos desde a abertura da empresa até o encerramento do exercício e a apuração do resultado. 41 Em janeiro de X9, Iara Mendes e Emanuela Botelho constituíram uma sociedade por Quotas de Responsabilidade Ltda., a fim de explorar o comércio de móveis, com o nome de Mendes e Botelho Comércio de Móveis Ltda., com o Capital de R$ 300.000,00, sendo que: 1- O capital foi dividido em 300 quotas, no valor de R$ 1.000,00 cada, subscritas pelas sócias quotistas em partes iguais, devidamente, registrado na Junta Comercial, conforme contrato arquivado sob nº 11.678: D – CAPITAL SUBSCRITO R$ 300.000,00 C – CAPITAL SOCIAL R$ 300.000,00 2- As sócias realizaram, integralmente, as quotas delas em dinheiro: D – CAIXAR$ 300.000,00 C – CAPITAL SUBSCRITO R$ 300.000,00 3- As sócias abriram uma conta bancária para o movimento no Banco Puentes, e depositaram o montante do capital realizado. D – BANCO PUENTES R$ 300.000,00 C – CAIXA R$ 300.000,00 4- Foram adquiridos móveis e utensílios para a loja, a prazo, no valor de R$ 100.000,00. D – MÓVEIS E UTENSÍLIOS R$ 100.000,00 C – CONTAS A PAGAR R$ 100.000,00 5- Foi adquirido um veículo para uso na empresa, a prazo, no valor de R$ 50.000,00. D – VEÍCULOS R$ 50.000,00 C – CONTAS A PAGAR R$ 50.000,00 6- Houve um saque da conta corrente do Banco Puentes, no valor de R$ 10.000,00. D – CAIXA R$ 10.000,00 C – BANCO PUENTES R$ 10.000,00 7- Foram pagas, pelo Caixa, despesas com a constituição da empresa, como taxas de alvará, no valor de R$ 500,00. D – DESPESAS COM TAXAS R$ 500,00 C – CAIXA R$ 500,00 42 8- Foram adquiridos 50 móveis para estoque a prazo: 20 são mesas, que custaram R$ 1.000,00 cada, e 30 são cadeiras, que custaram R$ 300,00 cada. Essa compra totalizou R$ 29.000,00. D – ESTOQUE R$ 29.000,00 C – FORNECEDORES R$ 29.000,00 9- Houve o pagamento de despesa com material de escritório, pelo caixa, no valor de R$ 400,00. D – DESPESA COM MATERIAL DE ESCRITÓRIO R$ 400,00 C – CAIXA R$ 400,00 10- Foram vendidas cinco mesas e 20 cadeiras pelo valor de R$ 40.000,00, a prazo. Considera-se ICMS s/ vendas com alíquota de 18%. D – CLIENTES A RECEBEREM R$ 40.000 C – RECEITA DE VENDAS DE MERCADORIAS R$ 40.000 D – CMV R$ 11.000,00 C – ESTOQUE R$ 11.000,00 D – ICMS S/ VENDAS R$ 7.200,00 C – ICMS A PAGAR R$ 7.200,00 11- Foram pagas despesas, com publicidade e propaganda, pelo caixa, no valor de R$ 300,00. D – DESPESAS COM PUBLICIDADE E PROPAGANDA R$ 300,00 C – CAIXA R$ 300,00 12- Foi descontado, da conta bancária, o valor de R$ 50,00 de tarifa. D – TARIFAS BANCÁRIAS R$ 50,00 C – BANCO PUENTES R$ 50,00 13- Foi pago, a fornecedores, o valor de R$ 5.000,00, pelo banco. D – FORNECEDORES R$ 5.000,00 C – BANCO PUENTES R$ 5.000,00 14- Foi paga a conta de energia elétrica, pelo caixa, no valor de R$ 300,00. D – DESPESA COM ENERGIA ELÉTRICA R$ 300,00 C – CAIXA R$ 300,00 15- Foi feita a previsão com salários dos vendedores de janeiro, no valor de R$ 5.000,00. 43 D – SALÁRIOS DOS VENDEDORES R$ 5.000,00 C – SALÁRIOS A PAGAR R$ 5.000,00 16- Foi feita a previsão com salários do setor administrativo de janeiro, no valor de R$ 3.000,00. D – SALÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO R$ 3.000,00 C – SALÁRIOS A PAGAR R$ 3.000,00 17- Foi feita a previsão com honorários do contador, no valor de R$ 1.000,00. D – HONORÁRIOS R$ 1.000,00 C – HONORÁRIOS A PAGAR R$ 1.000,00 A partir das operações que ocorreram em janeiro de X9, apuraremos o re- sultado e elaboraremos a Demonstração do Resultado do Exercício. É importante lembrar que precisamos zerar as contas de Receita e Despesa e transferir para a conta de transição Apuração do Resultadodo Exercício (ARE). Apuração do Resultado do Exercício D – ARE R$ 500,00 C – DESPESAS COM TAXAS R$ 500,00 D – ARE R$ 400,00 C – MATERIAL DE ESCRITÓRIO R$ 400,00 D – ARE R$ 11.000,00 C – CMV R$ 11.000,00 D – ARE R$ 7.200,00 C – ICMS S/ VENDAS R$ 7.200,00 D – ARE R$ 300,00 C – DESPESA COM PUBLICIDADE E PROPAGANDA R$ 300,00 D – ARE R$ 50,00 C – TARIFAS BANCÁRIAS R$ 50,00 D – ARE R$ 300,00 C – DESPESA COM ENERGIA ELÉTRICA R$ 300,00 D – ARE R$ 5.000,00 C – SALÁRIOS DOS VENDEDORES R$ 5.000,00 D – ARE R$ 3.000,00 C – SALÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO R$ 3.000,00 D – ARE R$ 1.000,00 C – HONORÁRIOS R$ 1.000,00 44 D – RECEITAS COM VENDAS R$ 40.000 C – ARE R$ 40.000 Nesse momento, analisaremos como ficou o razonete da conta ARE. Percebemos que, no encerramento das despesas, houve uma apuração de R$ 28.750, e, para as receitas, um valor de R$ 40.000. Isso significa que foi apurado um resultado positivo, ou seja, um lucro de R$ 11.250. ARE 500 40.000 400 11.000 7.200 300 50 300 5.000 3.000 1.000 28.750 40.000 Agora que sabemos o valor do lucro, precisamos zerar a conta ARE com um débito, visto que é uma conta, apenas, de transição. O valor a crédito será transferido para a conta Lucros, no Balanço Patrimonial. D – ARE R$ 11.250 C – LUCROS ACUMULADOS R$ 11.250 ARE 500 40.000 400 11.000 7.200 300 50 300 5.000 3.000 1.000 28.750 40.000 11.250 Nesse momento, elaboraremos a Demonstração do Resultado do Exercí- cio a partir dos valores apresentados. 45 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) R$ 1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA {= a} 40.000 a) Vendas de Mercadorias 40.000 1.1 (–) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA {= a + b + c} (7.200,00) a) Devoluções de Vendas – b) Abatimentos – c) Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas (ICMS, PIS, COFINS, ISS) 7.200,00 2 = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA {1 – 1.1} 32.800 3 (–) CUSTO DAS VENDAS {= a} (11.000,00) a) Custo das Mercadoria Vendidas (CMV) 11.000,00 4 = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO {2 – 3} 21.800 5 (–) DESPESAS OPERACIONAIS {=a + b + c} (10.550,00) a) Despesas com vendas 5.300,00 • Despesas com publicidade 300,00 • Salários dos vendedores 5.000,00 b) Despesas administrativas 5.200,00 • Taxas 500,00 • Material de escritório 400,00 • Energia elétrica 300,00 • Salários da administração 3.000,00 • Honorários 1.000,00 c) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO {=b – a} 50,00 a) (+) Receitas financeiras – b) (–) Despesas financeiras 50,00 • Tarifas bancárias 50,00 6 = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO {4 – 5} 11.250 FONTE: A autora Ao alocar as despesas nos devidos grupos delas, conforme apresentado na DRE, chegamos a um resultado líquido do exercício no valor de R$ 11.250, ou seja, um lucro. Perceba que o valor final da DRE tem que ser igual ao valor trans- ferido para lucros/prejuízos acumulados no balanço. Lembre-se de alocar, corretamente, as despesas, conforme a classifica- ção: administrativas, de vendas e financeiras. Isso auxilia o proprietário para um controle das despesas por setor. Após aprendermos sobre a Demonstração do Resultado do Exercício a partir da parte teórica e da parte prática, com lançamentos contábeis, apuração do resultado do 46 exercício e elaboração da DRE, acompanhe os principais itens do CPC 261, que tratam da Apresentação das Demonstrações Contábeis, no que se refere à DRE. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 26 (R1) Apresentação das Demonstrações Contábeis Objetivo 1. O objetivo deste Pronunciamento Técnico é definir a base para a apre- sentação das demonstrações contábeis, para assegurar a comparabilidade com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade e com as de- monstrações contábeis de outras entidades. Nesse cenário, este Pronunciamento estabelece requisitos gerais para a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para o seu conteúdo. 81A. A demonstração do resultado e outros resultados abrangentes (demonstra- ção do resultado abrangente) devem apresentar, além das seções da demonstra- ção do resultado e de outros resultados abrangentes: (a) total do resultado (do período); (b) total de outros resultados abrangentes; (c) resultado abrangente do período, sendo o total do resultado e de outros resul- tados abrangentes. Se a entidade apresenta a demonstração do resultado separada da demonstra- ção do resultado abrangente, ela não deve apresentar a demonstração do resul- tado incluída na demonstração do resultado abrangente. 82. Além dos itens requeridos em outros pronunciamentos, a demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas, também, às determinações legais: (a) receitas, apresentando, separadamente, receita de juros calculada, utilizando o método de juros efetivos; (aa) ganhos e perdas decorrentes do desreconhecimento de ativos financeiros mensurados pelo custo amortizado; (b) custos de financiamento; (ba) perda por redução ao valor recuperável (incluindo reversões de perdas por redução ao valor recuperável ou ganhos na redução ao valor recuperável), deter- minado de acordo com a Seção 5.5 do CPC 48; (c) parcela dos resultados de empresas investidas, reconhecida por meio do mé- todo da equivalência patrimonial; (ca) se o ativo financeiro for reclassificado da categoria de mensuração ao custo amortizado, de modo que seja mensurado ao valor justo por meio do resultado, 47 qualquer ganho ou perda decorrente da diferença entre o custo amortizado an- terior do ativo financeiro e seu valor justo na data da reclassificação (conforme definido no CPC 48); (cb) se o ativo financeiro for reclassificado da categoria de mensuração ao valor justo, por meio de outros resultados abrangentes, de modo que seja mensurado ao valor justo por meio do resultado, qualquer ganho ou perda acumulado reco- nhecido, anteriormente, em outros resultados abrangentes, que sejam reclassifi- cados para o resultado; (d) tributos sobre o lucro; (e) um único valor para o total de operações descontinuadas (ver Pronunciamento Técnico CPC 31); (f) em atendimento à legislação societária brasileira vigente, na data da emissão deste Pronunciamento, a demonstração do resultado deve incluir, ainda, as se- guintes rubricas: (i) custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos; (ii) lucro bruto; (iii) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; (iv) resultado antes das receitas e despesas financeiras; (v) resultado antes dos tributos sobre o lucro; (vi) resultado líquido do período. FONTE: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57>. Acesso em: 24 abr. 2021. http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57 48 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório contábil destinado a evidenciar a composição do resultado formado em um determinado período de operações da empresa. • A DRE é apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas, subtraem- se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). • A DRE é composta por receita operacional bruta, deduções e abatimentos, receita operacional líquida, custos operacionais, lucro operacional bruto, despesas operacionais, outras receitas operacionais, lucro ou prejuízo operacional, outras receitas, outras despesas, resultado antes dos tributos sobre o lucro, contribuição social sobre o lucro, Imposto de Renda sobre o lucro, resultado do exercício após as deduções, participações e lucro líquido do exercício. 49 1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um relatório contábil destinado a evidenciar a composição do resultado formado em um determinado período de operações da empresa. A forma adequada de apresentação da DRE é: a) ( ) Horizontal. b) ( ) Dispor receitas de um ladoe despesas de outro. c) ( ) Dedutiva, ou vertical. d) ( ) Mista (horizontal e vertical). 2 De forma relativa ao “custo das mercadorias vendidas” e às “despesas com vendas”, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O primeiro afeta o resultado operacional (líquido) e as segundas afetam o resultado operacional bruto. b) ( ) Ambos afetam o resultado operacional (líquido), mas só as segundas afetam o resultado operacional bruto. c) ( ) O primeiro afeta o resultado operacional bruto, e ambos afetam o resultado operacional (líquido). d) ( ) Ambos afetam o resultado operacional bruto, mas só as segundas afetam o resultado operacional (líquido). 3 As despesas operacionais são aquelas necessárias à gestão do patrimônio da empresa, isto é, para que se possa operar a empresa, há essas despesas no dia a dia. Acerca das despesas operacionais, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) São decorrentes da venda de investimentos e imobilizado. b) ( ) Contribuem para a manutenção da atividade da empresa. c) ( ) São proporcionais à receita operacional bruta. d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 5 Por que as diversas contas de receitas e de despesas não aparecem no Balanço Patrimonial que é publicado? 6 A partir do balancete da empresa Sapatos Brasil Ltda., apresentado do mês de setembro de X1, faça o encerramento das contas de resultado, apure o resultado do exercício e preencha a Demonstração do Resultado do Exercício. BALANCETE DE VERIFICAÇÃO R$ Capital Social 200.000,00 Banco 35.000,00 Salários dos Vendedores 4.000,00 Tarifas Bancárias 20,00 AUTOATIVIDADE 50 Móveis e Utensílios 60.000,00 Despesas com Taxas 100,00 Estoque 26.000,00 Receita de Vendas 36.000,00 Despesa com Publicidade e Propaganda 200,00 Veículos 94.000,00 Fornecedores 15.000,00 Despesa com Material de Escritório 500,00 CMV 14.000,00 ICMS s/ Vendas 3.000,00 ICMS a Pagar 3.000,00 Energia Elétrica 100,00 Salário da Administração 2.500,00 FONTE: A autora DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) R$ 1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA {= a} a) Vendas de Mercadorias 1.1 (–) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA {= a + b + c} a) Devoluções de Vendas b) Abatimentos c) Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas (ICMS, PIS, CO- FINS, ISS) 2 RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA {1 – 1.1} 3 (–) CUSTO DAS VENDAS {= a} a) Custo das Mercadorias Vendidas – CMV 4 RESULTADO OPERACIONAL BRUTO {2 – 3} 5 (–) DESPESAS OPERACIONAIS {= a + b + c} a) Despesas com vendas Publicidade Salários dos vendedores b) Despesas administrativas Taxas Material de escritório Energia elétrica Salários da administração c) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO {= b – a} a) (+) Receitas financeiras b) (–) Despesas financeiras Tarifas bancárias 6 RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO {4 – 5} FONTE: A autora 51 TÓPICO 3 - BALANÇO PATRIMONIAL 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, estudaremos sobre o Balanço Patrimonial e algumas operações relevantes que ocorrem nas empresas comerciais e afetam essa demonstração contábil. Essas operações compreendem aquelas com aplicações fi nanceiras, assinaturas a apropriar, seguros a apropriar, adiantamento a fornecedores e adiantamento de clientes. Será possível perceber que é muito importante entender o que signifi ca cada operação, como são contabilizadas e como impactam no Balanço Patrimonial. 2 BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil abordada em Contabilidade geral, em que se debita e credita diversas contas do Balanço, além de já tê-lo fechado fazendo o Ativo ser igual ao Passivo mais o Patrimônio Líquido. UNIDADE 1 DICA Para relembrar as noções básicas do balanço patrimonial, acesse o seguinte QR Code. O Balanço Patrimonial refl ete a posição fi nanceira em determinado momento, normalmente no fi m do ano ou após um período prefi xado. Essa demonstração contábil é constituída por duas colunas: a do lado direito é o Passivo e o Patrimônio Líquido, enquanto a coluna do lado esquerdo é o Ativo (IUDÍCIBUS; MARION, 2019). FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO BALANÇO PATRIMONIAL FONTE: Adaptada de Iudícibus; Marion (2016) 52 Se considerarmos o exemplo anterior, da empresa Mendes e Botelho Comércio de Móveis Ltda., como ficará o Balanço Patrimonial após o lançamento dos lucros? Para responder, precisamos fazer o levantamento dos saldos das contas patrimoniais. TABELA 4 – LEVANTAMENTO DAS CONTAS PATRIMONIAIS DA EMPRESA MENDES E BOTELHO COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA. Contas Saldo Final Classificação Caixa 8.500,00 ATIVO Banco Puentes 284.950,00 ATIVO Estoque 18.000,00 ATIVO Clientes a Receber 40.000,00 ATIVO Móveis e Utensílios 100.000,00 ATIVO Veículos 50.000,00 ATIVO Fornecedores 24.000,00 PASSIVO Contas a pagar 150.000,00 PASSIVO Salários a pagar 8.000,00 PASSIVO ICMS a pagar 7.200,00 PASSIVO Honorários a pagar 1.000,00 PASSIVO Capital Social 300.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Lucros Acumulados 11.250,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO FONTE: A autora Nesse momento, surge a dúvida: se fizermos um Balanço Patrimonial com esses saldos, nossa demonstração irá fechar? Observe os lançamentos apresentados na Tabela 5. TABELA 5 – BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA MENDES E BOTELHO COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA. Janeiro de X9 R$ R$ ATIVO 501.450,00 PASSIVO + PL 501.450,00 ATIVO CIRCULANTE 351.450,00 PASSIVO CIRCULANTE 190.200,00 Caixa 8.500,00 Fornecedores 24.000,00 Banco Puentes 284.950,00 Contas a pagar 150.000,00 Estoque 18.000,00 Salários a pagar 8.000,00 Clientes a Receber 40.000,00 ICMS a pagar 7.200,00 Honorários a pagar 1.000,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE 150.000,00 IMOBILIZADO 150.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 311.250,00 Móveis e Utensílios 100.000,00 Capital Social 300.000,00 53 Veículos 50.000,00 Lucros Acumulados 11.250,00 FONTE: A autora A resposta para a pergunta anterior é sim, pois, ao fazermos o levantamento correto dos saldos das contas patrimoniais, conseguimos fechar o balanço patrimonial com sucesso. O Ativo Circulante contém os itens mais líquidos do balanço, ou seja, aqueles itens que são transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo (me- nos de um ano). Podemos perceber que, no primeiro mês de atuação da empresa, o seu Ativo Circulante somou R$ 351.450,00. A empresa também conta com um Imobilizado, contendo os móveis e uten- sílios e o veículo adquirido, totalizando R$ 150.000,00. Esses bens são destinados à manutenção da atividade operacional da empresa. Ao somarmos o Ativo Circulante e o Ativo Não Circulante, chegamos ao valor total do Ativo, que é R$ 501.450,00. Já no lado direito, no Passivo, a empresa conta com um Passivo Circulante no valor de R$ 190.200,00. Esse grupo contém as obrigações que normalmente são pagas dentro de um ano. Ainda no lado direito, temos o Patrimônio Líquido, que representa os investi- mentos dos proprietários (capital social) e mais o lucro acumulado. Assim, o Patrimônio Líquido totalizou R$ 311.250,00. Se somarmos o Passivo com o Patrimônio Líquido, teremos um total de R$ 501.450,00, que é o mesmo valor do Ativo Total. É por isso que essa demonstração se chama “balanço”, pois ambos os lados direito e esquerdo precisam estar equilibrados. É importante ressaltarmos que o Balanço Patrimonial possui outras contas den- tro do Ativo e do Passivo que também são muito importantes, principalmente para as empresas comerciais. Por isso, a seguir, veremos as aplicações financeiras, as despesas pagas antecipadamente, o adiantamento a fornecedores e o adiantamento de clientes. 2.1 APLICAÇÕES FINANCEIRAS As aplicações financeiras são contabilizadas no ativo circulante quando de li- quidez imediata. São as aplicações financeiras de curto prazo e de alta liquidez. Essas aplicações visam a rentabilizar as disponibilidades em dinheiro. Caso os re- cursos da empresa sejam excedentes, ou seja, “estiverem sobrando”, e a empresa não tenha 54 intenção de investir em sua atividade principal (como em ativos imobilizados), para protegê- -los, podem ser investidos nomercado financeiro, em forma de aplicação financeira. Para evitar que os excessos de caixa permaneçam parados em suas contas bancárias sem a obtenção de rendimentos, as empresas podem efetuar aplicações a curtíssimo prazo nos próprios bancos, em que tiverem contas-correntes, comprando títulos de liquidez imediata. As Aplicações de Liquidez Imediata compreendem as aplicações de recursos fi- nanceiros feitas por poucos dias, as quais, devido à possibilidade de serem transformadas em dinheiro a qualquer momento, figuram no Balanço Patrimonial, no Ativo Circulante. Portanto, a principal característica desse tipo de investimento é a liquidez ime- diata, ou seja, a possibilidade de serem resgatados a qualquer momento, dependendo da vontade da empresa investidora, que irá resgatar, junto ao montante investido, os ren- dimentos correspondentes ao número de dias em que o recurso permaneceu aplicado. Em outras palavras, tecnicamente, em uma aplicação financeira, a empresa com- pra um título oferecido por uma instituição, com o objetivo de obter uma remuneração para os recursos aplicados. São aplicações normalmente feitas em títulos públicos, ga- rantidos pelo governo e seus rendimentos geram encargos financeiros para a empresa. Os encargos podem variar conforme a legislação tributária, sendo os mais comuns o Imposto sobre a Renda, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), entre outras taxas. EXEMPLO PRÁTICO Para entender melhor como contabilizar uma aplicação, ainda seguindo o exemplo da empresa Mendes e Botelho Comércio de Móveis Ltda., em 1º de fevereiro de X9, aplicou a importância de R$ 10.000,00, a curto prazo, no Banco Puentes, em que mantém sua conta corrente. Na semana seguinte, resgatou a importância de R$ 10.200,00, sendo R$ 10.000,00 correspondente ao capital investido e R$ 200,00 aos rendimentos. O banco reteve a importância de R$ 30,00 referente ao IOF. 01/02/X9 D – Aplicações Financeiras R$ 10.000,00 C – Banco Puentes R$ 10.000,00 08/02/X9 D – Banco Puentes R$ 10.170,00 D – Despesa com IOF R$ 30,00 C – Aplicações Financeiras R$ 10.000,00 C – Rendimentos da aplicação financeira R$ 200,00 55 2.2 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE Existem certos ativos provenientes de desembolsos realizados no período corrente que beneficiam o exercício seguinte ou subperíodos de tal exercício. É o caso do prêmio de seguro pago antecipadamente, em geral, remunerando a seguradora por um ano de cobertura de seguro, ou ainda, temos como exemplo a assinatura de revistas ou periódicos, que também tem duração de normalmente 12 meses. São as despesas pagas antecipadamente. Toda empresa precisa de segurança. Essa afirmativa é verdadeira e não há quem a conteste. Contudo, para ter segurança, é preciso que o empresário tome algumas medidas importantes para que tudo esteja bem protegido. Uma delas é a contratação de um seguro empresarial. É comum as empresas contratarem seguros, tanto para o veículo da empresa como para suas máquinas e equipamentos, e seu imóvel. Também é comum as empresas contratarem revistas ou periódicos – quantas vezes você já chegou em uma empresa e tinha à disposição revistas ou jornais para leitura? Esse também é um exemplo de despesa paga antecipadamente, registrada no ativo circulante. Talvez, nesse momento, surja a dúvida: se é uma despesa, por que é considerado um Ativo? Precisamos entender como ocorre a negociação, tanto da contratação do seguro como da revista. Quando uma empresa contrata um seguro ou revista, acaba contratando para uma duração de 12 meses. Por exemplo, em fevereiro de X9, uma assinatura de revista para 12 meses custa R$ 1.000,00. Não faz sentido contabilizarmos esse valor diretamente na despesa de fevereiro, pois os R$ 1.000,00 serão distribuídos ao longo de um ano, ou seja, em fevereiro, março, abril, e assim por diante. Dessa forma, considera-se que a assinatura ou o seguro são direitos da empresa, isto é, que ela contratou e que durarão por um ano. Por esse motivo, são considerados Ativos. Com o passar dos meses, será apropriado na despesa o proporcional a um mês. Primeiro, no dia da aplicação, debitamos o valor investido na conta Aplicações Financeiras e o creditamos no Banco Puentes. No dia do resgate, creditamos o valor que foi investido da conta Aplicações Financeiras, para zerá-la, visto que todo o valor foi resgatado. Foi creditada a conta Rendimentos no valor de R$ 200,00, pois foi esse o valor que rendeu em uma semana. Foi debitada a conta Despesa com IOF no valor de R$ 30,00. Dessa forma, debitamos no Banco Puentes o valor líquido, ou seja, R$ 10.170,00. 56 EXEMPLO PRÁTICO Vejamos como ficará a contabilização na empresa Mendes e Botelho Co- mércio de Móveis: A empresa Mendes e Botelho Comércio de Móveis resolveu contratar um seguro para o veículo que a empresa utilizará para fazer as entregas dos móveis. No dia 1º de fevereiro de X9, a sócia Iara Mendes foi até uma securitizadora e contratou um seguro no valor de R$ 2.500,00, a prazo. O seguro será pago em 5 parcelas de R$ 500,00, com o primeiro vencimento para o dia 28/02. O período de duração do contrato será de 12 meses. Analisando o contexto, o valor total do seguro será pago em cinco par- celas, então, a primeira coisa que devemos fazer é registrar na contabilidade no dia 1º de fevereiro essa obrigação no Passivo. Em contrapartida, como já mencio- namos anteriormente, esse seguro terá validade de um ano, então torna-se um Direito, logo, deve ser contabilizado no Ativo. D – Seguros a apropriar (AC) R$ 2.500,00 C – Seguros a pagar (PC) R$ 2.500,00 Com o passar do mês de fevereiro, precisamos fazer o pagamento da pri- meira parcela, que vence dia 28/02. Considerando que a empresa pagou neste dia, o lançamento será: D – Seguros a pagar (PC) R$ 500,00 C – Banco Puentes R$ 500,00 Além do mais, não podemos esquecer que o contrato do seguro tem va- lidade de 12 meses. O seguro foi contratado dia 1º de fevereiro, isso significa que, ao final desse mês, já passou 1/12 avos do contrato. É, nesse momento, que ire- mos lançar a despesa correspondente a 1 mês de contrato. Ao mesmo tempo, descontaremos esse valor do Ativo, visto que já não temos mais o direito de usu- fruir o seguro por 12 meses, e sim por 11 meses. É importante lembrarmos que a despesa não será o mesmo valor do paga- mento da parcela, pois o pagamento será realizado em 5 parcelas, já a despesa é distribuída pelos 12 meses de duração do contrato. Dessa forma, ao dividirmos R$ 2500,00 por 12 meses, teremos uma despesa mensal com seguro de R$ 208,33. O lançamento fica assim: D – Despesa com seguros (DR) R$ 208,33 C – Seguros a apropriar (AC) R$ 208,33 57 Entre as outras despesas pagas antecipadamente, outro bom exemplo é a assinatura de revistas. EXEMPLO PRÁTICO Supondo-se que, no dia 1º de fevereiro, além de contratar um seguro para o veículo, a empresa Mendes e Botelho realizou a assinatura de uma revista especializada em decoração para casa e escritório, que ficará disponível no hall de entrada da loja para os clientes lerem. A assinatura para 1 ano custará R$ 480,00 e será paga em 3 parcelas, sendo que a primeira é para o dia 28/02. A contabilização da aquisição da assinatura no dia 01/02 será: D – Assinaturas a apropriar (AC) R$ 480,00 C – Assinaturas a pagar (PC) R$ 480,00 A contabilização do pagamento da primeira parcela no dia 28/02 ficará: D – Assinaturas a pagar R$ 160,00 C – Banco Puentes R$ 160,00 A contabilização da apropriação da despesa ao final do mês de fevereiro: D – Despesa com assinaturas (DR) R$ 40,00 C – Assinaturas a apropriar (AC) R$ 40,00 NOTA Ao final deste tópico, veremos como ficarão, no Balanço Patri- monial, todas essas novas operações que aprendemos. 2.3 ADIANTAMENTOS A FORNECEDORES Adiantamento a fornecedores é o pagamento feito antecipadamente, pela empresa, a seus fornecedores na aquisição de mercadorias, insumos e bens. Nesse caso, a empresa paga ao fornecedor antes de receber a mercadoria, gerando, assim, umdireito de receber a mercadoria desse fornecedor. Esse tipo de operação normalmente acontece em empresas comerciais. Quando a empresa pretende adquirir uma grande quantidade de estoque, pode fazer um adiantamento ao fornecedor, para garantir o pagamento de parte dessa mercadoria. 58 Esses adiantamentos visam à expectativa de se tornarem bens, ou estoque. Assim, a finalidade do adiantamento é o respectivo bem ou direito que foi objeto na negociação realizada. Se essa operação gera um direito, deve ser contabilizada no Ativo. EXEMPLO PRÁTICO Supondo-se que, no dia 03/02/X9, a empresa Mendes e Botelho Comércio de Móveis tenha negociado com um fornecedor de móveis a compra de 50 unidades de cadeiras que custam R$ 250,00 cada, e 20 unidades de mesas que custam R$ 800,00 cada, totalizando uma compra de R$ 28.500,00. A entrega dessas mercadorias ocorrerá no dia 15/02/X9, porém, a sócia Emanuela Botelho adiantou para o fornecedor, por meio do banco Puentes, o valor de R$ 10.000,00, para garantir as mercadorias. O restante será pago em duas parcelas: 15/03 e 15/04. Como ficará a contabilização? Assim: D – Adiantamento a fornecedores (AC) R$ 10.000,00 C – Banco Puentes (AC) R$ 10.000,00 Percebe-se que, no momento do adiantamento, só registramos na contabilidade o direito a receber do fornecedor as mercadorias no valor de R$ 10.000,00 e a saída do banco. O lançamento no estoque será realizado quando a mercadoria chegar, no dia 15/02. Suponhamos que, então, no dia 15/02, as mercadorias (mesas e cadeiras) ad- quiridas chegaram na com a nota fiscal de compra, no valor de R$ 28.500,00. O lan- çamento contábil, uma vez que já adiantamos R$ 10.000,00, ficará da seguinte forma: D – Estoque (AC) R$ 28.500,00 C – Fornecedores (PC) R$ 18.500,00 C – Adiantamento a Fornecedores (AC) R$ 10.000,00 Percebemos que o valor total das mercadorias foi contabilizado no estoque. A contrapartida ocorreu a crédito na conta Adiantamento a Fornecedores no valor de R$ 10.000,00, dessa forma, essa conta agora foi zerada. Para finalizar, houve o crédito na conta Fornecedores no valor da diferença entre o valor da compra de mercadorias e o adiantamento, ou seja: 28.500,00 – 10.000,00 = 18.500,00. Dessa forma, a empresa ainda fica devendo ao fornecedor o valor de R$ 18.500,00. 59 EXEMPLO PRÁTICO No dia 16/02, um cliente da empresa Mendes e Botelho Comércio de Mó- veis entrou em contato e fez o pedido de quatro cadeiras. A empresa avisou que o pedido custará R$ 1.600,00 e que será entregue dia 20/02. O cliente adiantou, nes- sa data, R$ 500,00 como parte do valor da compra e pagará o restante na entrega. O lançamento do adiantamento do cliente ficará assim: D – Banco Puentes R$ 500,00 C – Adiantamento de Clientes (PC) R$ 500,00 Percebe-se que o valor do adiantamento entrou no banco e a contrapar- tida foi realizada na conta de Adiantamento de Clientes, no Passivo. Dessa forma, registramos a obrigação de entregar ao cliente a mercadoria na data estipulada. O lançamento da entrega da mercadoria ficará: Todos esses novos lançamentos que aprendemos se referem ao Ativo Circulan- te. O próximo item que estudaremos refere-se ao Passivo Circulante, os Adiantamentos de Clientes. 2.4 ADIANTAMENTO DE CLIENTES Após entendermos o processo dos adiantamentos a fornecedores, veremos os adiantamentos de clientes. Nesse caso, é o contrário do adiantamento a fornecedor, pois agora estamos do outro lado. O cliente é quem adianta um valor para a empresa. Dessa forma, em vez de termos um direito a receber, temos uma obrigação com ele. Isso mesmo, uma obrigação. Por vezes, as empresas podem receber de seus clientes, valores a título de adiantamentos. Esses valores se dão por ocasião de compras de produtos ou mer- cadorias que eles realizam e que ainda serão produzidos ou entregues para revenda ou ainda para futuras prestações de serviços. Se o cliente pagou mesmo sem ter recebido a mercadoria, a empresa tem a obrigação de entregar a mercadoria adquirida para o cliente. Os valores recebidos devem ser registrados em conta específica de “Adianta- mentos de Clientes”, no Passivo Circulante, e serão baixados quando a mercadoria for entregue ou o serviço for prestado. 60 Dia 20/02 D – Banco Puentes R$ 1.100,00 D – Adiantamento de Clientes (PC) R$ 500,00 C – Receita de Vendas R$ 1.600,00 D – CMV R$ 1.033,32 C – Estoque R$ 1.033,32 D – ICMS s/ vendas R$ 288,00 C – ICMS a pagar R$ 288,00 Para compreender os lançamentos, no momento em que a mercadoria foi entregue, devemos registrar a receita com vendas e, mesmo tendo o cliente adiantado um valor, o valor da receita é o total da compra, ou seja, R$ 1.600,00. Zeramos a conta de Adiantamento de Clientes ao debitar R$ 500,00, visto que agora não temos mais a obrigação com o cliente. Além disso, debitamos o restante, ou seja, R$ 1.100,00 que faltava o cliente pagar, e que ele quitou no momento da entrega da mercadoria, conforme o combinado. Calculamos R$ 1.033,32 de CMV, que adveio do custo médio entre as cadeiras que constavam no estoque. Em janeiro, foram compradas 30 cadeiras por R$ 300 cada, totalizando R$ 9.000,00. No entanto, foram vendidas 20 cadeiras, sobrando, assim, 10 cadeiras por R$ 300,00 cada, totalizando no estoque R$ 3.000,00. Em março, foram adquiridas 50 cadeiras por R$ 250,00 cada, ou seja, um total de R$ 12.500,00. Agora precisamos descobrir o custo médio dessas cadeiras, pois elas têm valores diferentes. Se somarmos os totais em estoque: R$ 3.000,00 + R$ 12.500,00, temos um total final de R$ 15.500,00 e 60 unidades. Para descobrir o custo dessas mercadorias, temos que dividir 15.500 por 60 = 258,33. Isso significa que temos, em estoque, 60 unidades de R$ 258,33, totalizando R$ 15.500,00. Só agora podemos calcular o CMV. Se vendemos 4 cadeiras, temos um custo de R$ 258,33 x 4 unidades, ou seja: R$ 1.033,32. ESTOQUE DA EMPRESA MENDES E BOTELHO EM 20 DE FEVEREIRO DE X9 Data Entradas Saídas Saldo Final QTD R$ TOTAL QTD UNIT R$ QTD UNIT R$ Janeiro 30 300,00 9.000,00 20 300,00 6.000,00 10 300,00 3.000,00 15/fevereiro 50 250,00 12.500,00 60 258,33 15.500,00 20/fevereiro 4 258,33 1.033,32 56 258,33 14.466,48 FONTE: A autora 61 EXEMPLO PRÁTICO Depois de todas essas novas operações, e considerando que não houve nenhuma outra operação no mês de fevereiro, veremos como fi cou a Demons- tração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial da empresa Mendes e Botelho Comércio de Móveis em 29 de fevereiro de X9? DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO DA EMPRESA MENDES E BOTELHO COMÉRCIO DE MÓVEIS EM 29 DE FEVEREIRO DE X9 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE R$ 1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA {= a} 1.600,00 a) Vendas de Mercadorias 1.600,00 1.1 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA {= a + b + c) (288,00) a) Devoluções de Vendas - b) Abatimentos - c) Impostos e Contribuições incidentes sobre Vendas (ICMS, PIS, COFINS, ISS) 288,00 2 = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA {1 – 1.1} 1.312,00 3 (-) CUSTO DAS VENDAS {= a} (1.033,32) a) Custo das Mercadoria Vendidas – CMV 1.033,32 4 = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO {2 – 3} 278,68 5 (-) DESPESAS OPERACIONAIS {= a + b + c} (78,33) b) Despesas administrativas 248,33 Seguros 208,33 Assinaturas 40,00 c) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO {= b – a} 170,00 a) (+) Receitas fi nanceiras 200,00 b) (-) Despesas fi nanceiras 30,00 Tarifas bancárias 30,00 6 = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO {4 – 5} 200,35 FONTE: A autora NOTA O Custo Médio Ponderado do estoque já foi estudado em Contabilidade Geral. Para relembrar esse tema, acesse o Caderno de Estudos de Contabilidade Geral a partir do seguinte QR Code: 62 Lembre-se de zerar todas as contas de receita e despesa e transferir o lucro de R$ 200,35 para a conta de Lucros Acumulados no Balanço Patrimonial. Assim, o Balanço Patrimonial de 29 de fevereiro de X9 foi de: BALANÇO PATRIMONIAL DA EMPRESA MENDES E BOTELHO COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA. EM FEVEREIRO DE X9 R$ R$ ATIVO 522.758,35 PASSIVO + PL 522.758,35 ATIVOCIRCULANTE 372.758,35 PASSIVO CIRCU- LANTE 211.308,00 Caixa 8.500,00 Fornecedores 42.500,00 Banco Puentes 276.060,00 Contas a pagar 150.000,00 Estoque 45.466,68 Salários a pagar 8.000,00 Clientes a Receber 40.000,00 ICMS a pagar 7.488,00 Honorários a pagar 1.000,00 DESPESAS PAGAS ANTECIPADAMENTE 2.731,67 Seguros a pagar 2.000,00 Seguros a apropriar 2.291,67 Assinaturas a pa- gar 320,00 Assinaturas a apropriar 440,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE 150.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 311.450,35 IMOBILIZADO 150.000,00 Capital Social 300.000,00 Móveis e Utensílios 100.000,00 Lucros Acumulados 11.450,35 Veículos 50.000,00 FONTE: A autora Vamos recapitular? Fizemos lançamentos na conta de aplicação finan- ceira, porém, ela foi zerada com o resgate da aplicação, por isso não aparece no balanço. As contas de Adiantamento a fornecedores e Adiantamento de clientes também foram zeradas e, assim, não aparecem no balanço. Já as contas de Seguros a apropriar e Assinaturas a apropriar estão no balanço, pois temos ainda 1/11 avos de direito a usufruir os serviços. As contas de Seguros a pagar e Assinaturas a pagar também aparecem no balanço, visto que pagamos apenas uma parcela de cada uma delas. O saldo das contas banco, estoque, fornecedores e ICMS a pagar foram alterados devido às operações realizadas. Além disso, a conta de Lucros Acumu- lados aumentou R$ 250,35, que é referente ao lucro do mês de fevereiro. Esperamos que tenha gostado de aprofundar seu conhecimento sobre Balanço Patrimonial nas empresas comerciais. Na leitura complementar a seguir, será abordada a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis), no que diz respeito ao Balanço Patrimonial. A parte teórica é muito importante para entendermos a prática. 63 NBC TG 26 (R5) – APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Balanço patrimonial Informação a ser apresentada no balanço patrimonial 54. O balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a legislação, as seguintes contas: (Alterado pela NBC TG 26 (R3)) a) caixa e equivalentes de caixa; b) clientes e outros recebíveis; c) estoques; d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”); e) total de ativos classificados como disponíveis para venda (NBC TG 38) e ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; f) ativos biológicos dentro do alcance da NBC TG 29; (Alterada pela NBC TG 26 (R3)) g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; h) propriedades para investimento; i) imobilizado; j) intangível; k) contas a pagar comerciais e outras; l) provisões; m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”); n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido na NBC TG 32 – Tributos sobre o Lucro; o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido na NBC TG 32; p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31; q) participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e r) capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade. 57. Esta Norma não prescreve a ordem ou o formato que deva ser utilizado na apresen- tação das contas do balanço patrimonial, mas a ordem legalmente instituída no Brasil deve ser observada. O item 54 simplesmente lista os itens que são suficientemente diferentes na sua natureza ou função para assegurar uma apresentação individualizada no balanço patrimonial. Adicionalmente: LEITURA COMPLEMENTAR 64 a) contas do balanço patrimonial devem ser incluídas sempre que o tamanho, natureza ou função de um item ou agregação de itens similares apresentados separadamente seja relevante na compreensão da posição financeira da entidade; b) a nomenclatura de contas utilizada e sua ordem de apresentação ou agregação de itens semelhantes podem ser modificadas de acordo com a natureza da entidade e de suas transações, no sentido de fornecer informação que seja relevante na com- preensão da posição financeira e patrimonial da entidade. Por exemplo, uma institui- ção financeira pode ter que modificar a nomenclatura acima referida no sentido de fornecer informação relevante no contexto das operações de instituições financeiras. 58. A entidade deve julgar a adequação da apresentação de contas adicionais separa- damente com base na avaliação: a) da natureza e liquidez dos ativos; b) da função dos ativos na entidade; c) dos montantes, natureza e prazo dos passivos. Distinção entre circulante e não circulante 60. A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circu- lantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial, de acordo com os itens 66 a 76, exceto quando uma apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez. 62. Quando a entidade fornece bens ou serviços dentro de ciclo operacional claramente identificável, a classificação separada de ativos e passivos circulantes e não circulantes no balanço patrimonial proporciona informação útil ao distinguir os ativos líquidos que estejam continuamente em circulação como capital circulante dos que são utilizados nas operações de longo prazo da entidade. Essa classificação também deve destacar os ativos que se espera sejam realizados dentro do ciclo operacional corrente, bem como os passivos que devam ser liquidados dentro do mesmo período. Ativo circulante 66. O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguin- tes critérios: a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido na NBC TG 03), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. 65 Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulante. 67. Esta Norma utiliza o termo “não circulante” para incluir ativos tangíveis, intangíveis e ativos financeiros de natureza associada a longo prazo. Não se proíbe o uso de descri- ções alternativas desde que seu sentido seja claro. 67A. O ativo não circulante deve ser subdividido em realizável a longo prazo, investimen- tos, imobilizado e intangível. Passivo circulante 69. O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos se- guintes critérios: a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço (ver item 73). Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação. (Redação alterada pela Resolução CFC n.º 1.376/2011) Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. Informação a ser apresentada no balanço patrimonial ou em notas explicativas 77. A entidade deve divulgar, seja no balanço patrimonial seja nas notas explicativas, rubricas adicionais às contas apresentadas (subclassificações), classificadas de for- ma adequada às operações da entidade. (Redação alterada pela Resolução CFC n.º 1.376/2011) FONTE: Adaptado de <https://cfc.org.br/wp-content/uploads/2018/04/Publicacao_NBC_TG_COMPLETAS. pdf>. Acesso em: 21 out. 2021. 66 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeuque: • O Balanço Patrimonial reflete a posição financeira em determinado momento, nor- malmente no fim do ano ou de um período prefixado. • As aplicações financeiras, despesas pagas antecipadamente, adiantamento a forne- cedores e adiantamento de clientes são contas patrimoniais e aparecem no Balanço Patrimonial. • As aplicações financeiras fazem parte do Ativo, pois é uma aplicação que dará rendi- mentos. Dessa forma, é um direito. • As despesas pagas antecipadamente são contas do Ativo, pois representam um di- reito de usufruir determinado produto ou serviço por um período determinado. • A conta de adiantamento a fornecedores faz parte do Ativo, pois representa um direi- to que a empresa tem de receber a mercadoria que foi comprada. • A conta de adiantamento de clientes faz parte do Passivo, por representar uma obri- gação com o cliente, visto que este pagou antecipado antes de receber a mercadoria. • As aplicações financeiras são contabilizadas no ativo circulante, quando são de liqui- dez imediata. São as aplicações financeiras de curto prazo e de alta liquidez. • Exemplos de despesas pagas antecipadamente são os seguros de veículos e assina- turas de revistas ou periódicos. • Adiantamento a fornecedores é o pagamento feito antecipadamente pela empresa a seus fornecedores, na aquisição de mercadorias, insumos e bens. • No caso do adiantamento de clientes, o cliente é que adianta um valor para a empresa. Dessa forma, em vez de termos um direito a receber, tem-se uma obrigação com ele. 67 1 A partir do saldo das contas da empresa Winchester Comércio de Bebidas Ltda., em outubro de X1, elabore o Balanço Patrimonial: Capital Social 200.000,00 Banco 35.000,00 Assinaturas a apropriar 3.000,00 Seguros a pagar 2.000,00 Móveis e Utensílios 52.000,00 Capital a integralizar 10.000,00 Estoque 26.000,00 Adiantamento a Fornecedores 36.000,00 Aplicações Financeiras 3.500,00 Veículos 100.000,00 Fornecedores 15.000,00 Adiantamento de Clientes 5.000,00 Lucros Acumulados 14.000,00 ICMS a Pagar 3.000,00 Salários a pagar 15.000,00 Seguros a apropriar 1.500,00 Assinaturas a pagar 3.000,00 FONTE: A autora Balanço Patrimonial da Empresa Winchester em outubro/X1 R$ R$ ATIVO PASSIVO + PL AUTOATIVIDADE 68 FONTE: A autora R.: 2 No dia 1º de dezembro de X4, a empresa Aquários e Cia resolveu adquirir, a prazo, a assinatura de uma revista sobre decoração. A seguir, apresentam-se as informações desse contrato: • Valor total do contrato: R$ 1.000,00 • Pagamento: em 5 parcelas iguais. Primeiro vencimento para dia 31/12. • Duração do contrato: 12 meses. Faça o lançamento contábil no momento do contrato e o lançamento do pagamento, bem como da apropriação da despesa com assinatura. R.: 3 Um cliente da empresa Aurora Bicicletas efetuou um adiantamento para a empresa, no valor de R$ 1.500,00, e o valor entrou no banco. Efetue a contabilização desse valor. R.: 4 Por que um adiantamento a fornecedores referente à compra de mercadorias para estoque é registrado no Ativo? R.: 69 REFERÊNCIAS ARAÚJO, I. da P. S. Introdução à contabilidade: atualizada em conformidade com a Lei no 11.638/2007. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm. Acesso em: 29 ago. 2021. BRASIL. Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8934.htm. Acesso em: 29 ago. 2021. BRASIL. Decreto nº 1.800, de 30 de janeiro de 1996. Regulamenta a Lei nº 8.934 sobre o registro público de empresas mercantis. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto/d1800.htm. Acesso em: 29 ago. 2021. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm. Acesso em: 29 ago. 2021. BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o estatuto nacional da microempresa e empresa de pequeno porte. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 29 ago. 2021. BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta o imposto de renda. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/de- creto/D9580.htm. Acesso em: 29 ago. 2021. BRASIL. Lei nº 14.195, de 26 de agosto de 2021. Dispõe sobre a facilitação para abertura de empresas e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14195.htm. Acesso em: 29 ago. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). ITG 2000 Escrituração Contábil. CFC, 2014. Disponível em: https://uniasselvi.me/30Y86T2. Acesso em: 20 out. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). NBC TG 26. Apresentação das De- monstrações Contábeis. CFC, 2017. Disponível em: https://uniasselvi.me/30MLNPY. Acesso em: 20 out. 2021. DESIDÉRIO, M. Aprenda a escolher o melhor tipo societário para seu negócio. Revista Exame, 26 ago. 2016. Disponível em: https://exame.com/pme/aprenda-a-escolher-o- -melhor-tipo-societario-para-seu-negocio/. Acesso em: 20 out. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8934.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1800.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1800.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14195.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14195.htm 70 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Estatísticas do Ca- dastro Central de Empresas 2017. Rio de Janeiro, 2019a. Disponível em: https:// biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101658.pdf. Acesso em: 29 ago. 2021. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). CNAE – Subclasse 2.3 – notas explicativas. Rio de Janeiro: IBGE, 2019b. Disponível em: https://concla.ibge.gov. br/busca-online-cnae.html?secao=G&tipo=cnae&versao=9&view=secao. Acesso em: 20 out. 2021. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). CNAE – Subclasse 2.3 – notas explicativas. Rio de Janeiro: IBGE, 2019c. Disponível em: https://concla.ibge.gov. br/busca-online-cnae.html?secao=G&tipo=cnae&versao=9&view=secao. Acesso em: 20 out. 2021. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. Contabilidade Comercial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019. IBGE. CONGLA – Comissão Nacional de Classificação. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://cnae.ibge.gov.br/?option=com_cnae&view=estrutura&Itemi- d=6160&chave=&tipo=cnae&versao_classe=7.0.0&versao_subclasse=9.1.0. Acesso em: 20 out. 2021. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. Contabilidade Comercial. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. LUZ, E. Contabilidade Comercial. Curitiba: Intersaberes, 2015. PORTAL EDUCAÇÃO. Comércio atacadista e comércio varejista. Portal Educação, c2020. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteu- do/comercio/34155. Acesso em: 29 ago. 2021. RIBEIRO, O. Contabilidade comercial. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. Tudo sobre ramos de atividades e como escolher o seu. Sebrae, 2019. Disponível em: ht- tps://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigoshome/ramos-de-ativida- des,8ef89e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD. Acesso em: 29 ago. 2021. TERRA. Nova Sociedade Ltda Unipessoal ajuda empresário na abertura do CNPJ. Terra, 2019. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/dino/nova-so- ciedade-ltda-unipessoal-ajuda-empresario-na-abertura-do-cnpj,d8236ba-181cb07648e95280829edeebep8obyefv.html. Acesso em: 20 out. 2021. https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/comercio/34155 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/comercio/34155 https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigoshome/ramos-de-atividades,8ef89e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigoshome/ramos-de-atividades,8ef89e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigoshome/ramos-de-atividades,8ef89e665b182410VgnVCM100000b272010aRCRD 71 OPERAÇÕES ENVOLVENDO COMPRAS E VENDAS UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os tributos que incidem sobre compras e vendas; • identifi car os tributos em cada regime de tributação; • apurar e contabilizar os tributos incidentes sobre compras e vendas em cada regime de tributação; • conhecer as operações que afetam as compras e vendas de mercadorias; • contabilizar devolução de vendas e compras; • contabilizar fretes sobre vendas e compras; • contabilizar bonifi cações; • compreender os descontos comerciais. Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS TÓPICO 2 – OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 72 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 73 TÓPICO 1 — TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO As empresas comerciais são impulsionadas pelas vendas de seus produtos e mercadorias, por isso, é muito importante estudarmos as operações que envolvem tan- to as vendas quanto as compras de mercadorias, visto que são de suma importância e qualquer erro pode impactar signifi cativamente na gestão. Os tributos são assuntos relevantes para abordar nas operações das empresas, então, neste tópico, estudaremos os tributos incidentes sobre compras e vendas de mercadorias, que variam conforme o regime de tributação no qual a empresa está en- quadrada, mas que, de modo geral, podem ser resumidos em: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Sobre Serviço (ISS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Finan- ciamento da Seguridade Social (Cofi ns). 2 REGIMES DE TRIBUTAÇÃO E SUAS CARACTERÍSTICAS No Brasil, existem três regimes de tributação diferentes: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional e cada um possui suas características. Dependendo de qual regime a empresa está enquadrada, as alíquotas dos tributos variam, bem como os próprios tributos, além de que é possível ou não se benefi ciar de créditos tributários. Para entender melhor, veremos algumas tabelas a seguir. NOTA Acadêmico, você já concluiu a disciplina de Di- reito Tributário e Empresarial? Lá, você deve ter visto sobre os regimes de tributação existentes no Brasil (Unidade 2), não é mesmo? Para re- lembrar, acesse o Caderno de Estudos por meio do QR Code a seguir ou pelo link: https://biblio- tecavirtual.uniasselvi.com.br/livros/livro/35250. 74 TABELA 1 – OBRIGATORIEDADE AOS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO Características Lucro Real Lucro Presumido Simples Nacional Obrigatoriedade Receita anual superior a R$ 78 milhões; Atividades bancárias; Gestão de créditos, factoring; Obtém rendimentos do exterior do país; - - FONTE: Adaptada de Brasil (2018) Em primeiro lugar, as empresas que possuem uma receita anual superior a R$ 78 milhões de reais, ou que possuem atividades bancárias e de crédito, factoring, ou que obtêm rendimentos do exterior são obrigadas a se enquadrarem no Lucro Real, não podendo escolher o Lucro Presumido ou o Simples Nacional. Então, a partir disso, já sabemos que empresas com essas características automaticamente devem ser tributadas pelo Lucro Real. No que se refere ao Lucro Presumido ou Simples Nacional, nenhuma empresa está obrigada a ser dos respectivos regimes. Isso significa que empresas que tem receita anual de até R$ 78 milhões podem escolher livremente entre o Lucro Presumido e o Simples Nacional? A resposta é não. A seguir, veremos as características de empresas que podem se enquadrar no Simples Nacional e no Lucro Presumido. A Tabela 2 apresenta as empresas que podem optar pelo Lucro Presumido ou Simples Nacional, ou seja, empresas que possuem uma receita anual de até R$ 78 milhões podem ser do Lucro Presumido (do contrário, são obrigadas a optar pelo Lucro Real > R$ 78 milhões). Empresas com receita anual de até R$ 4,8 milhões podem ser do Simples Nacional (se for acima disso, deverão optar pelo Lucro Presumido ou pelo Lucro Real). Qualquer empresa pode ser do Lucro Real, independentemente do seu faturamento. TABELA 2 – EMPRESAS AUTORIZADAS AOS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO Características Lucro Real Lucro Presumido Simples Nacional Empresas autorizadas a opção – Receita anual de até R$ 78 milhões Receita anual de até R$ 4,8 milhões FONTE: Adaptada de Brasil (2018) Após entendermos as obrigatoriedades e as possibilidades de cada regime de tributação, está correto pensar que todas as empresas com até R$ 4,8 milhões de 75 receita anual podem ser do Simples Nacional? A resposta é não. Há algumas atividades não aceitas para o Simples Nacional. De acordo com a Tabela 3, são diversos itens que merecem atenção no Simples Nacional. Conforme a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, não poderão enquadrar-se no Simples Nacional as empresas que possuem atividades obrigadas ao Lucro Real. TABELA 3 – EMPRESAS NÃO AUTORIZADAS AOS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO CARACTERÍSTICAS LUCRO REAL LUCRO PRESUMIDO SIMPLES NACIONAL Empresas não autorizadas – Aquelas obriga- das ao Lucro Real: atividades ban- cárias, de crédi- to, factoring; que obtém rendimen- tos do exterior do país etc. Aquelas obrigadas ao Lucro Real, que tenha sócio domiciliado no exterior, de cujo capital participe entidade da administração pública, possua débito com o INSS ou ente federativo, pres- te serviço de transporte intermuni- cipal e interestadual de passageiros, setor de energia elétrica, importação ou fabricação de automóveis e mo- tocicletas, importação de combustí- veis, produção ou venda no atacado de: cigarros, armas, munições, be- bidas não alcoólicas, bebidas alcoó- licas, cessão ou locação de mão de obra, loteamentos e incorporação de imóveis, locação de imóveis próprios. FONTE: Adaptada de Brasil (2018) Além disso, não podem optar pelo Simples Nacional as empresas que tenham as seguintes características: tenha sócio domiciliado no exterior, de cujo capital participe entidade da administração pública, possua débito com o INSS ou ente federativo. Por fim, para empresas que prestem serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, do setor de energia elétrica, importação ou fabricação de automóveis e motocicletas, de importação de combustíveis, de produção ou venda no atacado de cigarros, armas, munições, bebidas não alcoólicas e bebidas alcoólicas, de cessão ou locação de mão de obra, loteamentos e incorporação de imóveis, de locação de imóveis próprios, ficam vedadas ao ingresso no Simples Nacional. 76 No que se refere ao Lucro Presumido, só não podem optar por tal regime as empresas que são obrigadas ao Lucro Real. Por fi m, qualquer empresa pode optar pelo Lucro Real. DICA ESTUDOS FUTUROS Para mais esclarecimentos quanto às vedações ao Simples Nacional, acesse a Lei nº 123/2006 pelo QR Code ou pelo link: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm Sobre a possibilidade de escolha do melhorregime de tributação, esse tema será mais aprofundado na disciplina de Contabilida- de e Planejamento Tributário. Após essa breve introdução às características de cada regime de tributação, trataremos dos tributos de cada um e como incidem nas operações de compras e vendas, foco deste tópico. Antes de seguirmos com o conteúdo, é muito importante compreender a diferença entre um tributo Cumulativo e Não Cumulativo. TABELA 4 – DIFERENÇAS ENTRE TRIBUTO CUMULATIVO E NÃO CUMULATIVO Lançamento Cumulativo Não cumulativo Compra NÃO há crédito fi scal SIM Crédito Fiscal Venda SIM Débito Fiscal SIM Débito Fiscal A PAGAR Calcula-se o tributo sobre as vendas. Débito Fiscal Calcula-se o tributo utilizando a diferença entre o total a pagar sobre as vendas e o valor que já foi pago sobre as compras. Débito Fiscal – Crédito Fiscal = tributo a pagar FONTE: A autora 77 NOTA Por “Crédito Fiscal”, entende-se o direito do contribuinte à restitui- ção, reembolso, compensação ou ressarcimento de tributo pago. Por “Débito Fiscal”, entende-se a obrigação do contribuinte em pagar um tributo. A Tabela 4 significa que, na compra, os tributos cumulativos não geram um di- reito a crédito fiscal, mas, na venda, geram um débito fiscal. Dessa forma, o valor a pagar de tributos é o valor do débito fiscal. 2.1 TRIBUTOS CUMULATIVOS E NÃO CUMULATIVOS Nos tributos não cumulativos, a compra gera um crédito fiscal e a venda gera um débito fiscal. O valor a pagar nesse caso, é o tributo sobre a venda menos o tributo sobre a compra. A seguir, veremos um exemplo. 2.1.1 Cumulatividade (tributos cumulativos) Uma empresa comercial adquiriu uma mercadoria a prazo para estoque (efetuou uma compra). O valor da nota fiscal foi R$ 100,00, em que a mercadoria custou R$ 96,35 e o restante foi referente ao PIS e ao Cofins, nesse caso, usaremos 3,65% de alíquota, totalizando R$ 3,65. No caso da cumulatividade, tanto o valor da mercadoria quanto o valor de PIS e Cofins ou ICMS, por exemplo, será um custo, e tudo entrará no Estoque, compondo o custo da mercadoria. O lançamento contábil ficará assim: D – Estoque R$ 100,00 C – Fornecedores R$ 100,00 Continuando o exemplo, a empresa não efetuou mais compras e não havia estoque inicial. No mesmo período, a empresa vendeu as mercadorias do estoque a prazo, totalizando uma receita de R$ 300,00. Sobre essa venda, houve a tributação de PIS e Cofins, por exemplo, totalizando R$ 10,95. Resumidamente, o lançamento contábil ficará assim: D – Clientes a receber R$ 300,00 78 C – Receita com mercadorias R$ 300,00 D – CMV R$ 100,00 C – Estoque R$ 100,00 D – Despesa com PIS e Cofins R$ 10,95 C – PIS e Cofins a pagar R$ 10,95 Qual o valor de PIS e Cofins que a empresa irá pagar nesse período de apuração? A resposta é R$ 10,95. Nesse caso, aquele valor de PIS e Cofins, que estava embutido na compra, é considerado um custo e, por isso, entrou junto no valor do estoque, sendo baixado no momento da venda. A seguir, veremos um exemplo no caso de tributos Não Cumulativos. 2.1.2 Não Cumulatividade (tributos não cumulativos) Uma empresa comercial adquiriu uma mercadoria a prazo para estoque (efetuou uma compra). O valor da nota fiscal foi R$ 100,00, porém, embutido nesse valor, há que se considerar PIS e Cofins, por exemplo. Para o caso de não cumulatividade, considera- se 1,65% de PIS e 7,60% de Cofins sobre o total da nota fiscal, totalizando: R$ 9,25. Devido a não cumulatividade desse caso, PIS e Cofins não são considerados custos e não vão para o estoque. Eles são considerados “Tributos a recuperar” no Ativo e podem abater o valor a pagar no final do período. Assim, o lançamento contábil dessa compra será: D – Estoque R$ 90,75 D – PIS e Cofins a recuperar (AC) R$ 9,25 C – Fornecedores R$ 100,00 Continuando o exemplo, a empresa não efetuou mais compras e não havia estoque inicial. No mesmo período, vendeu as mercadorias do estoque a prazo, totalizando uma receita de R$ 300,00. Sobre essa venda, houve a tributação de PIS e Cofins, totalizando R$ 27,75. Os lançamentos contábeis ficarão da seguinte forma: D – Clientes a receber R$ 300,00 C – Receita com mercadorias R$ 300,00 79 D – CMV R$ 90,75 C – Estoque R$ 90,75 D – Despesa com PIS e Cofins R$ 27,75 C – PIS e Cofins a pagar R$ 27,75 A partir desse caso de Não Cumulatividade, qual o valor de PIS e Cofins que a empresa irá pagar nesse período de apuração? A resposta é R$ 18,50. No entanto, de onde surgiu esse valor? Lembra daquele valor de PIS e Cofins sobre compras lançado em “PIS e Cofins a recuperar” no Ativo? Devido a não cumulatividade do caso, o valor de R$ 9,25 é abatido do valor total a pagar, ou seja: R$ 27,75 (vendas) – R$ 9,25 (compras) = R$ 18,50 (total a pagar no período). Na não cumulatividade, o tributo incidirá somente no valor acrescido, ou seja, o imposto, pago na etapa anterior (compra), será descontado na etapa subsequente (venda), utilizando como base de cálculo, somente a diferença dos valores entre as etapas. Além disso, não podemos esquecer que, nos casos de não cumulatividade, há mais um lançamento contábil: D – PIS e Cofins a pagar (PC) R$ 9,25 C – PIS e Cofins a recuperar (AC) R$ 9,25 Esse lançamento é a transferência do valor que foi pago sobre as compras (a recuperar) para a conta de passivo. Dessa forma, zeramos os tributos a recuperar no final do período e abatemos do valor que havia para pagar. Em razonete, os lançamentos ficariam assim: PIS e Cofins a Recuperar (AC) R$ 9,75 R$ 9,75 (3) R$ 9,75 R$ 9,75 SF 0 PIS e Cofins a Pagar (PC) R$ 9,75 R$ 27,75 (2) R$ 9,75 R$ 27,75 R$ 18,50 SF Em que (1) Compra; (2) Venda; (3) Transferência entre contas. 80 Esperamos que agora tenha ficado mais clara a diferença entre tributo cumula- tivo e não cumulativo. 2.2 TRIBUTOS CONFORME O REGIME DE TRIBUTAÇÃO No Lucro Real, os tributos PIS, Cofins, IPI e ICMS são não cumulativos, o que gera crédito desses tributos, enquanto o ISS é cumulativo. No Lucro Presumido, apenas o ICMS e IPI são não cumulativos, os demais seguem a cumulatividade. Já no Simples Nacional, todos os tributos são cumulativos, de modo geral. TABELA 5 – TRIBUTOS INCIDENTES NOS REGIMES DE TRIBUTAÇÃO Regimes Tributos Federais Tributos Estaduais Tributos Municipais Cumulativos Não cumulativos Cumulativos Não cumulativos Cumulativos Não Cumulativos Lucro Real - PIS, Cofins, IPI - ICMS ISS - Lucro Presumido PIS, Cofins IPI - ICMS ISS - Simples Nacional Cumulativos Todos os tributos em única guia: Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DASN). PIS, Cofins, IPI, ICMS, IRPJ, CSLL, ISS FONTE: A autora NOTA Para não confundir: DIFERENÇA ENTRE DÉBITO E CRÉDITO FISCAL E CONTÁBIL FONTE: A autora Crédito Fiscal Crédito Contábil Débito Fiscal Débito Contábil Um crédito fis- cal gera um dé- bito contábil na conta de Ativo de tributos a re- cuperar: D – Tributos a recuperar (AC) Um crédito con- tábil é todo re- gistro que gera um lançamento a crédito: C – Caixa C – Clientes C – Tributos a pagar Um débito fiscal gera um crédito contábil na con- ta de Passivo de tributos a pagar: C – Tributos a pagar (PC) Um débito con- tábil é todo re- gistro que gera um lançamento a débito: D – Caixa D – Tributos a recuperar D – Estoque 81 A Tabela 5 apresenta os regimes de tributação em cada linha e os tributos con- cernentes a cada um em cada coluna. Percebemos que os tributos estão separados em Federais, Estaduais, e Municipais, além de estarem separados por Cumulativos e Não Cumulativos. No Lucro Real, os tributos PIS, Cofi ns, IPI e ICMS são não cumulativos, ou seja, geram créditos fi scais, podendo ser abatidos dos tributos das vendas, sendo apenas o ISS cumulativo. No Lucro Presumido os tributos cumulativos são PIS, Cofi ns e ISS, sendo não cumulativos apenas o IPI e ICMS. Já no Simples Nacional, nenhum tributo é não cumulativo. Além disso, todos os tributos estão concentrados em um único, por isso chama-se SimplesNacional. NOTA Nesse momento, pode surgir a dúvida: por que no Lucro Real o PIS e Cofi ns são não cumulativos e no Lucro Presumido e Simples Nacional são cumulativos? Segundo a disciplina de Contabilida- de e Planejamento Tributário, o comportamento dos tributos na Contabilidade pode ser defi nido de acordo com a forma de apuração do lucro adotada pela empresa, ou seja, do regime de tributação. Por isso, em determinado regime, o tributo é cumula- tivo, e em outro, não cumulativo. Após compreendermos tributos cumulativos e não cumulativos, e quais os tri- butos incidentes para cada regime de tributação, passaremos para o tema das alíquotas desses tributos. No dicionário da língua portuguesa, alíquota é: “percentual ou valor que serve de base para o cálculo de um imposto” (DICIO, 2021). Na disciplina de Direito Tributário e Empresarial, conferimos a legislação e veri- fi camos como são formadas as alíquotas dos tributos, teoricamente. Agora, veremos a aplicação com a utilização de exemplos práticos. ESTUDOS FUTUROS Na disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário, estuda- remos com mais profundidade a legislação tributária. 82 TABELA 6 – ALÍQUOTAS DOS TRIBUTOS POR REGIME DE TRIBUTAÇÃO Regime Alíquotas Mensal Trimestral PIS Cofins ICMS IPI ISS IRPJ CSLL Lucro Real 1,65% 7,60% Conforme Estado Confor- me pro- duto Conforme o município: 15% e 10% 9%(0,65% s/ receitas financei- ras) ( 4 % s/ re- c e i t a s f inan- ceiras) M í n i m a : 2% M á x i m a : 5% Incide Sobre Receita Bruta e Receita Financeira Receita Bruta e Receita Finan- ceira Produto Produto Serviço Lucro Real Lucro Real Lucro Presumido 0,65% 1,65% Conforme Estado Confor- me pro- duto Conforme o município: 15% e 10% (conforme percentu- ais de pre- sunção) 9% (conforme percentuais de presunção) M í n i m a : 2% M á x i m a : 5% Incide Sobre Receita Bruta Receita Bruta Produto Produto Serviço Lucro Pre- s u m i d o (conforme f a t u r a - mento) Lucro Presumido (conforme faturamento) Simples Nacional Conforme anexos do regime Incide Sobre Faturamento FONTE: A autora 2.2.1 Tributos no Lucro Real Nas alíquotas dos tributos no Lucro Real, para cada regime, haverá uma nota fiscal de venda e compra (quando houver incidência), para exemplificar na prática como ocorre a aplicação da alíquota, e a contabilização. 83 No Lucro Real, o Programa de Integração Social (PIS) possui uma alíquota de 1,65% sobre a receita bruta e compras e 0,65% sobre as receitas financeiras. É um tribu- to cobrado mensalmente. No Lucro Real, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Co- fins) também é cobrada mensalmente e possui uma alíquota de 7,60% sobre a receita bruta e compras e 4% sobre as receitas financeiras. A Figura 1 apresenta uma nota fiscal de compra de mercadorias para revenda em junho de 2019. A empresa Comercial Brasil Ltda adquiriu a prazo do Fornecedor ABC Ltda. 10 unidades para o estoque, totalizando R$ 130.000,00. Nesse caso, como PIS e Cofins no Lucro Real são não cumulativos, há o crédito na compra. FIGURA 1 – NOTA FISCAL DE COMPRA FONTE: A autora 84 Cálculo: PIS = 130.000,00 × 1,65% = 2.145,00 Cofins = 130.000,00 × 7,6% = 9.880,00 Contabilização: D – Estoque R$ 102.375,00 D – Pis a recuperar R$ 2.145,00 D – Cofins a recuperar R$ 9.880,00 D – ICMS a recuperar R$ 15.600,00 (sobre o ICMS falaremos mais adiante) D – IPI a recuperar R$ 13.000,00 (sobre o IPI falaremos a mais adiante) C – Fornecedores R$ 143.000,00 Além do mais, a empresa Comercial Brasil Ltda teve rendimentos da aplicação neste mês. Neste caso, há incidência de PIS e Cofins sobre a receita financeira do período. FIGURA 2 – RENDIMENTOS DE APLICAÇÃO FINANCEIRA FONTE: A autora Cálculo: PIS: 561,28 × 0,65% = 3,65 Cofins: 561,28 × 4% = 22,45 Contabilização: D – PIS s/ receita financeira R$ 3,65 C – PIS a pagar R$ 3,65 D – Cofins s/ receita financeira R$ 22,45 C – Cofins a pagar R$ 22,45 85 Não podemos esquecer da incidência de PIS e Cofins sobre vendas. A empresa Comercial Brasil Ltda vendeu a prazo 5 mercadorias, totalizando uma venda de R$ 90.000,00. FIGURA 3 – NOTA FISCAL DE VENDA FONTE: A autora Cálculo: PIS: 90.000,00 × 1,65% = 1.485,00 Cofins: 90.000,00 × 7,6% = 6.840,00 Contabilização: D – Clientes a receber R$ 99.000,00 C – Receita de vendas R$ 99.000,00 86 D – CMV R$ 51.187,50 C – Estoque R$ 51.187,50 D – PIS sobre vendas R$ 1.485,00 C – PIS a pagar R$ 1.485,00 D – Cofins sobre vendas R$ 6.840,00 C – Cofins a pagar R$ 6.840,00 Apuração do PIS e Cofins de junho: considerando que não houve nenhuma outra compra e nenhuma outra venda, apuraremos o PIS e o Cofins do período de junho/2019. Para tanto, temos que confrontar os valores a recuperar e a pagar: PIS a Recuperar (AC) (1) 2.145,00 1.488,65 (4) 2.145,00 1.488,65 SF 656,35 PIS a Pagar (PC) 1.488,65 3,65 (2) 1.485,00 (3) 1.488,65 1.488,65 SF 0 Cofins a Recuperar (AC) (1) 9.880,00 6.862,45 (4) 9.880,00 6.862,45 SF 3.017,55 Cofins a Pagar (PC) (4)6.862,45 22,45 (2) 6.840,00 (3) 6.862,45 6.862,45 SF 0 Em que: (1) Créditos fiscais da compra; (2) Débito fiscal da aplicação financeira; (3) Débito fiscal da venda; (4) Transferência entre contas. Ao efetuar os lançamentos em razonetes, percebemos que o saldo a pagar era menor que o saldo a recuperar de tributos. Assim, zeramos as contas de PIS e Cofins a pagar e transferimos o saldo para PIS e Cofins a recuperar. Não haverá PIS e Cofins a pagar nesse período, e o saldo final de R$ 656,35 e R$ 3.017,55 ficará acumulado para o mês seguinte. Considerando os demais tributos, IRPJ e CSLL são sobre o Lucro – tema que será abordado na disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário. O Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é mensal e es- tadual. Dessa forma, a alíquota varia conforme cada Estado. Além disso, incide sobre compras e vendas. 87 A Figura 4 resume as alíquotas gerais e interestaduais de cada Estado. FIGURA 4 – ALÍQUOTAS GERAIS E INTERESTADUAIS DE CADA ESTADO FONTE: <http://www.fbsolutions.com.br/artigos/tabela-icms-2019-atualizada-com-as-aliquo- tas-dos-estados/>. Acesso em: 1 fev. 2020. A Figura 4 demonstra as alíquotas internas de cada estado. Por exemplo, a alíquota interna do estado do Acre é 17% e a alíquota interna do Rio Grande do Sul é 18%. DICA Acesse a Lei Kandir para matar a curiosidade por meio do QR Code a seguir ou do link: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87. htm. Também é possível acessar a lei de cada Estado da federação. 88 No entanto, quando ocorrem operações de um Estado para o outro, aplica- se uma alíquota interestadual. Por exemplo, todas as operações interestaduais para o Estado de Santa Catarina possuem uma alíquota de 12% (independente do Estado de origem). Já nas operações interestaduais para o Mato Grosso, a alíquota pode ser 7% ou 12% (dependendo do Estado de origem). Já sabemos que o ICMS, no Lucro Real, é um imposto não cumulativo, incidindo tanto na compra quanto na venda. Utilizaremos as notas fiscais nº 1 e nº 1.000 do exemplo de PIS e Cofins, para calcular o ICMS. É importante prestar atenção que a compra foi feita pela Comercial Brasil Ltda. que é uma empresa situada em Santa Catarina. Já o fornecedor, a empresa ABC, está situada no Rio Grande do Sul. Por isso, a alíquota utilizada foi de 12%, visto que todas as mercadorias que entram em Santa Catarina devem possuir a alíquota de ICMS de 12%. Cálculo: 130.000,00 × 12% = 15.600,00 A contabilização é sempre como débito na conta de ICMS a recuperar. Ao observarmos a nota fiscal de venda, percebemos que a Comercial Brasil Ltda. efetuou uma venda para um cliente domiciliado em Santa Catarina. A alíquota utilizada foi de 17%. Cálculo: 90.000,00 × 17% = 15.300,00 Contabilização: D – ICMS s/ vendas R$ 15.300,00 C – ICMS a pagar R$ 15.300,00 Considerando que não houve nenhuma outra compra e nenhuma outravenda, apuraremos o ICMS do período de junho/2019. Para tanto, temos que confrontar os valores a recuperar e a pagar: ICMS a Recuperar (AC) (1)15.600,00 15.300,00 (3) 15.600,00 15.300,00 SF 300,00 89 ICMS a Pagar (PC) (3) 15.300,00 15.300,00 (2) 15.300,00 15.300,00 SF 0 Em que: (1) Compra; (2) Venda; (3) Transferência entre contas. Ao efetuar os lançamentos em razonetes, percebemos que o saldo a pagar era menor que o saldo a recuperar de tributos. Assim, zeramos a conta de ICMS a pagar e transferimos o saldo para ICMS a recuperar. Não haverá ICMS a pagar nesse período e o saldo final de R$ 300,00 ficará acumulado para o mês seguinte. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) possui uma alíquota que varia de acordo com cada produto. É um imposto mensal e incide sobre compras e vendas em indústrias. É o Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, que regulamenta a cobrança, a fiscalização, a arrecadação e a administração desse imposto. DICA DICA Veja mais sobre o Decreto nº 7.212/2010 por meio do QR Code ou do link: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/ D7212.htm. Nesse momento, pode surgir a dúvida: existem tantos produtos no mer- cado, como é que classificamos e aplicamos a alíquota correta? Existe a Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI). Cada produto é classificado de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). É uma infinidade de produtos. Dá uma olhadinha pelo QR Code ou pelo link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2016/Decreto/Anexo/AND8950.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Decreto/Anexo/AND8950.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Decreto/Anexo/AND8950.pdf 90 Já sabemos que o IPI é um imposto não cumulativo, incidindo tanto na compra, quanto na venda. Vamos utilizar como exemplo, as notas fiscais nº 1 e nº 1.000 do exem- plo de PIS e Cofins, para calcular o IPI. A alíquota utilizada no exemplo foi de 10%. Cálculo: 130.000,00 × 10% = 13.000,00 A contabilização é sempre a débito na conta de IPI a recuperar. Ao observarmos a nota fiscal de venda, devemos calcular IPI também. Cálculo: 90.000,00 × 10% = 9.000,00 Contabilização: D – IPI s/ vendas R$ 9.000,00 C – IPI a pagar R$ 9.000,00 Considerando que não houve nenhuma outra compra e nenhuma outra venda, iremos apurar o IPI do período de junho/2019. Para tanto, temos que confrontar os va- lores a recuperar e a pagar: IPI a Recuperar (AC) (1)13.000,00 9.000,00 (3) 13.000,00 9.000,00 SF 4.000,00 IPI a Pagar (PC) (3)9.000,00 9.000,00 (2) 9.000,00 9.000,00 SF 0 Em que: (1) Compra; (2) Venda; (3) Transferência entre contas. 91 Ao efetuar os lançamentos em razonetes, percebemos que o saldo a pagar era menor que o saldo a recuperar de tributos. Assim, zeramos a conta de IPI a pagar e transferimos o saldo para IPI a recuperar. Não haverá IPI a pagar nesse período, e o saldo final de R$ 4.000,00 ficará acumulado para o mês seguinte. Continuando, o Imposto Sobre Serviço (ISS) é um imposto municipal e mensal. É calculado sobre o valor do serviço prestado, e a Constituição Federal (1988) indica que a alíquota mínima possível é 2% e a máxima 5%. Cada município possui a sua legislação, e a alíquota varia de serviço para serviço. DICA Consulte a Lei Complementar nº 116/2003, que é a lei geral sobre o ISS, acessando o QR Code a seguir ou pelo link: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm. FIGURA 5 – NOTA FISCAL DE SERVIÇOS FONTE: A autora Digamos que a empresa Comercial Brasil também preste serviços. No caso da NFS nº 5, foi um serviço no valor de R$ 4.500,00 com uma alíquota de 5%. Sabemos 92 que o ISS é um imposto cumulativo, em que não há possibilidade de crédito, apenas de pagamento. D – ISS s/ prestação de serviço R$ 225,00 C – ISS a pagar (PC) R$ 225,00 Conforme o lançamento contábil, e considerando que não houve outras prestações de serviço no período, o valor de ISS a pagar no mês é R$ 225,00. 2.2.2 Tributos no lucro presumido Após entendermos as alíquotas no Lucro Real, passaremos a estudar as alíquotas no Lucro Presumido. No Lucro Presumido, o PIS possui uma alíquota de 0,65% e o Cofins de 3%. Ambos incidem sobre a receita bruta. Diferentemente do Lucro Real, nesse regime, não incide PIS e Cofins sobre receitas financeiras e não há direito a crédito desses tributos na entrada. Dessa forma, em uma compra de mercadorias só há o crédito de ICMS e IPI (se for indústria). Por exemplo, compra de mercadorias para revenda no valor de R$ 10.000,00 com ICMS de 12%: D – Estoque R$ 8.800,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.200,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 Já no que se refere a IPI, ICMS e ISS, os lançamentos ocorrem da mesma forma, e as alíquotas variam conforme o produto (no caso do IPI), Estado e produto (no caso do ICMS) e conforme o serviço e município (no caso do ISS). Outra diferença existente entre os regimes é que, no Lucro Presumido, há o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), com uma alíquota de 15% e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) com uma alíquota de 9%. No entanto, não é sobre a receita bruta que incidem esses tributos, e sim sobre a presunção do lucro, ou lucro presumido. Além disso, ambos os tributos são trimestrais. Na disciplina de Direito Tributário e Empresarial (Tópico 3 – Relação Jurídica Tributária), vimos resumidamente que a apuração do IRPJ e da CSLL ocorre de forma presumida, com a aplicação de um percentual que depende da atividade econômica exercida pela empresa. Nesse momento, veremos que o regulamento do imposto de renda (Decreto nº 9.580/2018) regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do 93 IRPJ. A seguir, estão descritos os principais artigos desse decreto, que auxiliam, e muito, no entendimento do cálculo do IRPJ e CSLL no Lucro Presumido. Art. 208. A receita bruta compreende: I- o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II- o preço da prestação de serviços em geral; III- o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV- as receitas da atividade ou do objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas no inciso I ao inciso III do caput. Art. 222. Os ganhos de capital, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo Art. 208 serão acrescidos à base de cálculo de que trata esta Subseção, para efeito de incidência do imposto sobre a renda. Art. 591. A base de cálculo do imposto sobre a renda e do adicional, em cada trimestre, será determinada por meio da aplicação do percentual sobre a receita bruta definida pelo Art. 208, auferida no período de apuração, deduzida das devoluções e das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos. FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 21 out. 2021. Considerando o exposto, veremos do que se trata o percentual de presunção abordado no Artigo 591. Ele é de suma importância para as empresas do Lucro Presumido. FIGURA 6 – PERCENTUAIS DE PRESUNÇÃO FONTE: Adaptado de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm>. Acesso em: 21 out. 2021. 94 No Lucro Presumido, presume-se um percentual de lucro para determinada atividade, ou seja, para as empresas que revendem combustíveis, por exemplo, o lucro para calcular IRPJ é 1,6% e para CSLL é 12%. Já para comércios, indústrias, transportes de cargas e serviços hospitalares a presunção do lucro para o IRPJ é 8% e para CSLL é 12%. Para transporte de passageiros, a presunção de lucro é 16% para IRPJ e 12% para CSLL. Por último, para serviços em geral, intermediação de negócios e locação de bens a presunção é 32% de lucro tanto para IRPJ como para CSLL. Dessa forma, a estrutura de cálculo fica assim: TABELA 7 – ESTRUTURA DE CÁLCULO IRPJ E CSLL NO LUCRO PRESUMIDO Receita de venda ou prestação de serviços (-) Devoluções, descontos incondicionais, IPI,ICMS ST = Receita bruta Percentual de presunção Base de cálculo × Percentual de presunção = Lucro sobre vendas + Outras receitas = Lucro Presumido Percentual do tributo (IRPJ ou CSLL) Lucro Presumido × Percentual do tributo = Valor do tributo FONTE: A autora Com um exemplo prático, ficará mais fácil o entendimento. Uma empresa do setor de comércio, optante pelo lucro presumido, obteve no primeiro trimestre de 2019 uma receita de vendas no valor de R$ 50.000,00. Nesse período, um cliente efetuou uma devolução no valor de R$ 500,00. A empresa obteve R$ 1.000,00 de juros de aplicação bancária. A partir dessas informações, qual o valor de IRPJ e CSLL a pagar? Formaremos o cálculo seguindo a estrutura da Tabela 8: TABELA 8 – CÁLCULO DO IRPJ E CSLL NO LUCRO PRESUMIDO IRPJ CSLL Receita de vendas 50.000,00 50.000,00 (–) Devoluções - 500,00 - 500,00 95 = Receita bruta 49.500,00 49.500,00 Percentual de presunção 8% 12% Base de cálculo × % 49.500 × 8% 49.500 × 12% = Lucro s/ vendas 3.960,00 5.940,00 + Outras Receitas 1.000,00 1.000,00 = Lucro Presumido 4.960,00 6.940,00 Percentual do tributo 15% 9% Lucro Presumido × % 4.960,00 × 15% 6.940,00 × 9% = Valor do tributo 744,00 624,60 FONTE: A autora Conforme o cálculo realizado no exemplo, iniciamos utilizando o valor das vendas do período e diminuiu-se o valor das devoluções de venda. A partir disso, chegamos na receita bruta. Sobre a receita bruta aplicamos os percentuais de presunção, que no caso do exemplo é uma empresa do setor de comércio, tendo 8% de presunção para IRPJ e 12% para CSLL, e chegamos ao lucro sobre vendas. E só depois de aplicarmos o percentual de presunção que adicionamos as outras receitas e somamos ao lucro sobre vendas, chegando finalmente ao LUCRO PRESUMIDO. É sobre o lucro presumido que aplicamos as alíquotas de 15% para IRPJ e 9% para CSLL. Dessa forma, no primeiro trimestre de 2019 a empresa irá pagar R$ 744,00 de IRPJ e R$ 624,60 de CSLL. Os lançamentos contábeis ficariam assim: D – Despesa com IRPJ R$ 744,00 C – IRPJ a pagar R$ 744,00 D – Despesa com CSLL R$ 624,60 C – CSLL a pagar R$ 624,60 2.2.3 tributos no Simples Nacional E agora, o último regime de tributação: Simples Nacional. Diferentemente dos demais regimes, as alíquotas do Simples Nacional variam conforme a faixa de fatura- mento da empresa e do seu setor de atuação. E não podemos esquecer: todos os tribu- tos são pagos em uma única guia de arrecadação: PIS, Cofins, IRPJ, CSLL e ICMS, ISS, IPI (quando for o caso). A Lei do Simples Nacional é a Lei nº 123/2006. Lá, constam cinco anexos que nor- teiam a tributação das empresas, conforme seu faturamento e atividade. Conforme a Ta- bela 9, o Anexo I refere-se a comércio, o Anexo II, à indústria, e os Anexos III a V, a serviços. 96 TABELA 9 – ANEXOS DO SIMPLES NACIONAL ANEXO SETOR ANEXO I Comércio ANEXO II Indústria ANEXO III Locação de bens móveis e de prestação de serviços não relacionados no anexo IV. ANEXO IV Prestação de serviços de construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, execução de pro- jetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores; serviço de vigilância, limpeza ou conservação; serviços advocatícios. ANEXO V Prestação de serviços de medicina veterinária; serviços de comissaria, de despachantes, de tradução e de interpretação; engenharia, medição, car- tografia, topografia, geologia, geodésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, desenho e agronomia; representação co- mercial e demais atividades de intermediação de negócios e serviços de terceiros; perícia, leilão e avaliação; auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, controle e administração; jornalismo e publicidade; agencia- mento, exceto de mão de obra; outras atividades do setor de serviços que tenham por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não,desde que não su- jeitas à tributação na forma dos Anexos III ou IV desta Lei Complementar. FONTE: Adaptada de <htm>. Acesso em: 21 out. 2021. Com base nesses cinco anexos que classificam os setores, esta Lei também apresenta uma classificação em faixas, indicando em cada setor, conforme os valores da receita bruta nos últimos 12 meses, a alíquota e a parcela a deduzir: FIGURA 7 – FAIXA E ALÍQUOTAS DOS ANEXOS DO SIMPLES NACIONAL 97 FONTE: Adaptada de <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 21 out. 2021. O valor devido mensalmente pelas empresas do Simples será determinado mediante aplicação de alíquota efetiva, ou seja, não podemos pegar a alíquota que consta nos anexos e aplicar ao faturamento mensal, precisamos encontrar a alíquota efetiva. O cálculo é feito conforme segue: RBT12 × Aliq-PD RBT12 Em que: RBT12 corresponde à receita bruta acumulada nos doze meses anteriores ao período de apuração; Aliq é a alíquota nominal constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar; PD: parcela a deduzir constante dos Anexos I a V desta Lei Complementar. Vamos pegar como exemplo o Anexo I – Comércio. Em empresas que possuem receita bruta de até R$ 180.000,00 nos últimos 12 meses, aplica-se uma alíquota nominal de 4%. Suponha que a empresa tenha uma receita bruta dos últimos 12 meses de R$ 140.000,00, e que a receita bruta do mês seja R$ 10.000,00. 98 Valor a pagar: R$ 10.000,00 × 4% = R$ 400,00 A contabilização fica assim: D – Simples Nacional (DR) R$ 400,00 C – Simples Nacional a pagar (DR) R$ 400,00 Agora veremos um exemplo do Anexo I, com receita bruta dos últimos 12 meses entre R$ 180.000,01 até R$ 360.000,00. Suponha que a empresa tenha uma receita bru- ta dos últimos 12 meses no valor de R$ 300.000,00 e que a receita bruta do mês seja R$ 25.000,00. Percebemos que, nesse caso, conforme a segunda faixa, há a parcela a deduzir. Valor a pagar: R$ 25.000,00 × 5,32% = R$ 1.330,00 A contabilização fica assim: D – Simples Nacional (DR) R$ 1.330,00 C – Simples Nacional a pagar (DR) R$ 1.330,00 TRIBUTOS, PRECIFICAÇÃO, LUCRATIVIDADE Todo empresário deve conhecer qual a melhor maneira de precificar seus produtos ou serviços, independente de qual for o método utilizado é essencial entender a influência da carga tributária nos preços de venda. É comum, a definição de preços baseado em um percentual sobre a com- pra de mercadorias, nos casos de comércio em geral, ou baseado no valor do custo de mão de obra, no caso de serviços. Nesse momento, surgem as primeiras perguntas: a) Como se calcular a influência da carga tributária nos preços de venda? b) Qual o melhor método de se calcular os preços de venda? c) Quais outros conhecimentos preciso ter sobre as variáveis da minha empresa? Primeiramente, deve-se saber que os tributos sobre vendas (carga tribu- tária) são custos diretos e variáveis, ou seja, estão diretamente relacionados com 99 a variação de vendas. Assim, havendo variação de vendas, haverá variação de tributos em um percentual pré-determinado e de fácil cálculo. Logo, um dos melhores métodos de se definir os preços de venda é aque- le que leva em consideração todos os custos diretos, indiretos e variáveis re- lacionados com o produto ou serviço ofertado, como por exemplo: os tributos, comissões, custo da mercadoria e mão de obra. Dessa forma, torna-se possível estimar melhor a lucratividade dos produ- tos e serviços, a ponto de se definir mais precisamente os preços. Nesse raciocínio, outra variável necessária é: qual o regime tribu- tário da minha empresa? Em regra, as opções são três: a) Simples Nacional. b) Lucro Presumido. c) Lucro Real. Nas duas primeiras opções, os principais tributos (ICMS, ISS, IRPJ, CSLL, PIS, Cofins) são calculados sobre o valor do faturamento apurado no período. Já na apuração pelo Lucro Real, desses seis tributos, o IRPJ e a CSLL são calculados sobreo valor do lucro bruto. Contudo, para fins de simulação, podem ser confrontados com o fatura- mento, para se estimar um percentual. Considerando que a maioria das pequenas e médias empresas Brasileiras são optantes pelo Simples Nacional, trabalharemos os seguintes exemplos, sem levar em consideração o INSS e com base nas mudanças para 2018: a) Exemplo um: compra a mercadoria a R$ 100,00 e possui uma média de fatu- ramento mensal de R$ 50.000,00 (vendendo 250 unidades a R$ 200,00 cada). I. Nesse caso, a influência dos principais tributos (ICMS, IRPJ, CSLL, PIS, Cofins) será de aproximadamente 4,17%, ou R$ 8,34 unitário e R$ 2.085,00 mensais. b) Exemplo dois: presta serviços a R$ 1.500,00 por demanda, com faturamento mensal de R$ 60.000,00 e mão de obra total de R$ 40.000,00 e enquadrada na forma do anexo III da nova tabela do Simples Nacional para 2018. I. Nesse caso, a influência dos principais tributos (ISS, IRPJ, CSLL, PIS, Cofins) será de aproximadamente 6,40%, ou R$ 96,13 ou 3.845,20 mensal. 100 Portanto, não se esgotando os conhecimentos necessários sobre o tema, ou se negando a necessidade de um especialista contador para melhor apurar os tributos sobre as vendas e, consequente, a influência da carga tributária sobre os preços de venda, todo empresário deve lembrar que os tributos são custos diretos e variáveis, que são apurados de acordo com o regime tributário escolhido e que em cada produto ou serviço ofertado devemos agregar esse custo e assim, man- ter uma boa adimplência tributária e lucratividade do empreendimento. FONTE: <https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/a-influencia-da-carga-tributaria-nos- -precos-de-venda,eaa3ace85e4ef510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 21 out. 2021. 101 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • No Brasil, há basicamente três regimes de tributação: Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional; • Qualquer empresa pode ser do Lucro Real. • São obrigadas ao Lucro Real, as empresas com faturamento maior que R$ 78 milhões nos últimos 12 meses e com atividades do setor financeiro. • Podem ser do Lucro Presumido as empresas que não estão obrigadas ao Lucro Real. • Podem ser do Simples Nacional as empresas que não estão obrigadas ao Lucro Real e aquelas empresas com faturamento de até R$ 4.800.000,00 nos últimos 12 meses. • No Lucro Real e no Lucro Presumido, os tributos ICMS e IPI são não cumulativos, e a alíquota varia conforme o produto e Estado. • No Lucro Real, o PIS e a Cofins são não cumulativos (alíquotas de 1,65% e 7,60%) e, no Lucro Presumido, são cumulativos (alíquotas de 0,65% e 3%). • No Simples Nacional, todos os tributos são cumulativos e as alíquotas variam conforme faturamento e atividade. • O ISS é sempre cumulativo e a alíquota varia conforme os municípios. • No Lucro Real, os tributos incidentes nas vendas ou prestação de serviços são: PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS. • No Lucro Presumido e no Simples Nacional, os tributos incidentes nas vendas ou prestação de serviços são: PIS, Cofins, IRPJ, CSLL, ICMS, IPI e ISS. 102 1 Sabendo-se que as empresas comerciais são impulsionadas pelas vendas de seus produtos e mercadorias, é muito importante estudarmos as operações que envolvem tanto as vendas quanto as compras de mercadorias, visto que são de suma importância e qualquer erro pode impactar significativamente na gestão. Diante disso, responda as questões a seguir: a) Quais os regimes de tributação existentes no Brasil? b) Quais os tributos não cumulativos no Lucro Real? c) Quais os tributos não cumulativos no Lucro Presumido? d) Quais as alíquotas de PIS e Cofins no Lucro Real? e) Quais as alíquotas de PIS e Cofins no Lucro Presumido? f) Explique a dinâmica dos tributos no Simples Nacional. 2 Qualquer empresa pode ser do Lucro Real, no entanto, existem algumas atividades e valor de faturamento que são obrigadas ao Lucro Real. Cite-as. 3 Dependendo de qual regime a empresa está enquadrada, as alíquotas dos tributos variam, bem como os próprios tributos, além de que é possível ou não se beneficiar de créditos tributários. Qualquer empresa pode ser do Lucro Presumido? E do Simples Nacional? Comente: 4 Nos tributos não cumulativos, a compra gera um crédito fiscal e a venda gera um débito fiscal. O valor a pagar nesse caso, é o tributo sobre a venda menos o tributo sobre a compra. Diante do exposto, responda o que quer dizer crédito fiscal? AUTOATIVIDADE 103 OPERAÇÕES DIVERSAS QUE AFETAM AS COMPRAS E AS VENDAS DE MERCADORIAS 1 INTRODUÇÃO As compras e as vendas de mercadorias, por si só, já geram diversos lançamentos contábeis e envolvem vários tributos, conforme vimos no Tópico 1 desta Unidade. Em alguns regimes de tributação, há créditos fiscais na entrada de mercadorias; em outros, não. Na saída de mercadorias, há a incidência de mais tributos, e a forma de cálculo, também, depende do regime de tributação da empresa. Neste tópico, veremos outras operações que afetam as compras e as vendas de mercadorias, como as devoluções, os abatimentos, os descontos comerciais e os gastos com transporte. 2 DEVOLUÇÕES Quando alguém (empresa ou pessoa) se vê prejudicado ao receber uma merca- doria cuja qualidade, preço ou outro fator esteja em desacordo com o pedido inicial, pode adotar uma das seguintes medidas: devolver a mercadoria ou solicitar um abatimento. Para o vendedor, a devolução, ou o abatimento da mercadoria vendida, deverá ser registrado em contas próprias. Por mais que altere o valor das vendas, estaria errado fazer, simplesmente, um lançamento de estorno. De um modo geral, a devolução da venda é debitada em conta de devolução, e creditada em conta Caixa, Clientes ou Banco. Além disso, precisamos fazer a entrada dessa mercadoria, novamente, no estoque, debitando a conta Estoque e creditando o CMV. Por exemplo, o cliente devolveu uma mercadoria que tinha sido vendida por R$ 10.000,00, à vista, e que tinha um custo de R$ 3.000,00. O lançamento na empresa vendedora fica assim: D – Devolução de vendas de mercadorias R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 O lançamento, para o comprador (cliente), deve ser realizado na entrada de uma conta do Ativo, sendo Caixa, Banco ou Fornecedores, e na saída do Estoque. Fica assim: UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 104 D – Caixa R$ 10.000,00 C – Estoque R$ 10.000,00 No tópico anterior, vimos os tributos incidentes sobre compras e vendas, mas se eles incidem sobre essas operações, é correto considerar que eles, também, incidem sobre as devoluções, sejam de compra ou de venda. Isso depende do regime de tributa- ção, é claro. Veremos como ficariam os lançamentos em cada um dos regimes, iniciando pelo Lucro Real. 2.1 DEVOLUÇÕES NO LUCRO REAL Utilizando o exemplo anterior, no qual o cliente devolveu uma mercadoria que tinha sido vendida por R$ 10.000,00, à vista, e que tinha um custo de R$ 3.000,00, se a empresa vendedora fosse do Lucro Real, o lançamento, na empresa vendedora, fica assim: D – Devolução de vendas R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 Pensou que acabou? Precisamos nos lembrar de que, no momento da venda, houve o cálculo de tributos, então, na devolução, também, acontecerá isso, pois já que a empresa teve uma devolução, precisamos fazer um estorno dos tributos que tinham sido pagos. Dessa forma, faremos um lançamento na conta do imposto a recuperar, no ativo circulante, e o estorno na conta de despesa com o imposto (Nesse caso, utilizamos 17% para o ICMS). D – PIS a recuperar R$ 165,00 C – PIS s/ vendas R$ 165,00 D – COFINS a recuperar R$ 760,00 C – COFINS s/ vendas R$ 760,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.700,00 C – ICMS s/ vendas R$ 1.700,00 Lembre-se: neste regime de tributação, as alíquotas de PIS e COFINS são 1,65% e 7,60%, respectivamente. Poderia haver o lançamento em IPI a recuperar, caso fosse uma indústria.Supondo que o cliente, também, seja do Lucro Real, o lançamento da devolução de compra ficaria assim: D – Caixa R$ 10.000,00 C – Estoque R$ 7.375,00 105 C – PIS a pagar R$ 165,00 C – COFINS a pagar R$ 760,00 C – ICMS a pagar R$ 1.700,00 Você deve estar se questionando: qual é o motivo de o estoque sair só R$ 7.375,00, e não os R$ 10.000,00? A explicação é a seguinte: você se lembra de que, quando o tributo é não cumulativo, ele gera um crédito fiscal no momento da compra? Dessa forma, o valor do imposto a recuperar não vai para o estoque, mas, sim, para uma conta do ativo: Pis a recuperar, por exemplo. No momento da devolução, acontecerá a mesma coisa, assim, precisamos fazer a saída do estoque e o estorno dos tributos a recuperar, gerando um crédito nos tributos a pagar. 2.2 DEVOLUÇÕES NO LUCRO PRESUMIDO Utilizando o mesmo exemplo, o lançamento do vendedor ficaria assim: D – Devolução de vendas R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.700,00 C – ICMS s/ vendas R$ 1.700,00 D – PIS a recuperar R$ 65,00 C – PIS s/ vendas R$ 65,00 D – COFINS a recuperar R$ 300,00 C – COFINS s/ vendas R$ 300,00 Lembre-se de que as alíquotas de PIS e COFINS, no Lucro Presumido, são: 0,65% e 3%. Suponha que o cliente seja do Lucro Presumido. O lançamento da devolução de compra ficaria assim: D – Caixa R$ 10.000,00 C – Estoque R$ 8.300,00 C – ICMS a pagar R$ 1.700,00 Veja que, nesse caso, não há o lançamento de PIS e de COFINS a pagar. Por quê? Porque, no Lucro Presumido, o PIS e a COFINS são cumulativos, ou seja, não geram um direito a crédito na compra. Dessa forma, como a empresa não se beneficiou com um crédito quando comprou, não precisará pagar PIS e COFINS no momento da devolução. 106 2.3 DEVOLUÇÕES NO SIMPLES NACIONAL Utilizando o mesmo exemplo, o lançamento do vendedor ficaria assim, considerando que a alíquota efetiva, nesse caso, seja de 5,32% (mas a alíquota varia, conforme a faixa de faturamento, conforme vimos no tópico anterior): D – Devolução de vendas R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 D – Estoque R$ 3.000,00 C – CMV R$ 3.000,00 D – Simples Nacional a pagar R$ 532,00 C – Simples Nacional s/ vendas R$ 532,00 Suponha que o cliente, também, seja do Simples Nacional. O lançamento da devolução de compra ficaria assim: D – Caixa R$ 10.000,00 C – Estoque R$ 10.000,00 Perceba que, no caso do Simples Nacional, na devolução de compra, não há nenhum lançamento em tributos a recuperar, visto que, nesse Simples Nacional, todos os tributos são cumulativos, ou seja, não geram direito a crédito fiscal. Assim, esse comprador não conseguiu aproveitar créditos no momento da compra, e, também, não pagará no momento da devolução. 2.4 DEVOLUÇÕES DE VENDAS EFETUADAS EM EXERCÍCIO SOCIAL ANTERIOR Pode acontecer de uma venda realizada em outubro de 2019 ser devolvida, por algum motivo, em janeiro de 2020. Dessa forma, essa devolução é referente a uma venda feita no exercício anterior, ou seja, em 2019. Nesse caso, o exercício social de 2019 já foi encerrado, incluindo os lucros ou os prejuízos já apurados. Por isso, há a necessidade de tratamento diferenciado daquelas devolvidas no mesmo exercício, pois a receita pela venda já foi contabilizada no exercício anterior, e essa conta, definitivamente, encerrada na apuração do resultado. Logo, não se pode mais falar de cancelamento da receita, como é feito na situação de devolução normal (devolução e venda dentro do mesmo exercício social). Não faz muito sentido contabilizar essas devoluções como as do mesmo exercício, já que elas nada têm a ver com as vendas efetuadas nesse exercício. Assim, é, tecnicamente, correto proceder com um registro que não mais estará cancelando vendas, nem alterando as receitas líquidas ou o lucro bruto apurado no exercício. Para 107 tanto, o registro será feito em forma de cancelamento, nesse exercício, de um lucro bruto apurado no exercício anterior, o qual, ora, será tratado como uma despesa operacional. Pode-se abrir uma conta especial para o registro da receita perdida do exercício anterior, e outra para o registro do custo recuperado, totalizando-as em um único grupo, intitulado de "Prejuízo na Devolução de Vendas de Exercício Anterior", ou, então, utilizar uma única conta para esse mesmo fim. Veremos como se dá o lançamento contábil em cada regime de tributação, iniciando pelo Lucro Real. 2.4.1 Devoluções de vendas efetuadas em exercício social anterior – Lucro Real Considere a empresa Comercial Brasil, enquadrada no Lucro Real, que efetuou uma venda de mercadorias no valor de R$ 62.500,00, com um custo da mercadoria vendida no valor de R$ 25.000,00, em novembro de 2019. O comprador devolveu a mercadoria em janeiro de 2020. Houve a incidência de 17% de ICMS, nesse caso. 1) Lançamento do registro da devolução em janeiro de 2020. D – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior (DRE) R$ 62.500,00 C – Clientes (AC) R$ 62.500,00 2) Pelo registro do ICMS D – ICMS a recuperar (AC) R$ 10.625,00 C – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 10.625,00 3) Pelo registro do crédito fiscal de PIS e COFINS: D – PIS a recuperar (AC) R$ 1.031,25 D – COFINS a recuperar (AC) R$ 4.750,00 C – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 5.781,25 4) Registro da reentrada das mercadorias no estoque: D – Estoque (AC) R$ 25.000,00 C – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 25.000,00 Perceba que fizemos os mesmos lançamentos contábeis de uma devolução dentro do exercício, no entanto, substituímos todas as contas de resultado que seriam utilizadas pela conta de Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior. Nesse caso, não podemos nos esquecer de contabilizar os tributos a recuperar e o retorno ao estoque. 108 O razonete da conta fica assim, demonstrando que a devolução, fora do prazo, gerou um prejuízo de R$ 21.093,75. TABELA 10 – PREJUÍZO NA DEVOLUÇÃO DE VENDAS DO EXERCÍCIO ANTERIOR 62.500,00 10.625,00 (2) 5.781,25 (3) 25.000,00 (4) SF 21.093,75 FONTE: O autor Como aparece na DRE? Supondo que, em janeiro de 2020, antes da devolução, a empresa tenha tido R$ 200.000,00 de vendas, R$ 50.000 de CMV, 26,25% de tributos sobre vendas e R$ 20.000,00 de Despesas Operacionais. QUADRO 1 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS A DEVOLUÇÃO DO EXERCÍCIO ANTERIOR DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM 31/01/20 RECEITA OPERACIONAL BRUTA R$ 200.000,00 Vendas de mercadorias R$ 200.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA R$ (52.500,00) Impostos e contribuições sobre vendas R$ 52.500,00 = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA R$ 147.500,00 (-) CUSTO DAS VENDAS R$ (50.000,00) CMV R$ 50.000,00 = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO R$ 97.500,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS (R$ 41.093,75) Despesas administrativas, vendas R$ 20.000,00 Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 21.093,75 = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO R$ 56.406,25 FONTE: O autor Vamos ver como fica o lançamento, para uma empresa, do Lucro Presumido? 109 2.4.2 Devoluções de vendas efetuadas em exercício social anterior – Lucro Presumido Considere a empresa Comercial Brasil, enquadrada no Lucro Presumido, que efetuou uma venda de mercadorias no valor de R$ 62.500,00, com um custo da mercadoria vendida no valor de R$ 25.000,00, em novembro de 2019. A devolução foi feita em janeiro de 2020. Houve a incidência de 17% de ICMS, neste caso. 1) Lançamento do registro da devolução em janeiro de 2020 D – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior (DRE) R$ 62.500,00 C – Clientes (AC) R$ 62.500,00 2) Pelo registro do ICMS D – ICMS a recuperar (AC) R$ 10.625,00 C – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 10.625,00 3) Pelo registro do crédito fiscal de PIS e COFINS: D – PIS a recuperar (AC) R$ 406,25 D – COFINS a recuperar (AC) R$ 1.875,00 C – Prejuízona Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 2.281,25 4) Registro da reentrada das mercadorias no estoque: D – Estoque (AC) R$ 25.000,00 C – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 25.000,00 No caso do Lucro Presumido, o que muda são as alíquotas de PIS e de COFINS, as quais são, respectivamente, 0,65% e 3%. TABELA 11 – PREJUÍZO NA DEVOLUÇÃO DE VENDAS DO EXERCÍCIO ANTERIOR 62.500,00 10.625,00 (2) 2.281,25 (3) 25.000,00 (4) SF 24.593,75 FONTE: O autor Como aparece na DRE? 110 Supondo que, em janeiro de 2020, antes da devolução, a empresa tenha tido R$ 200.000,00 de vendas, R$ 50.000 de CMV, 20,65% de tributos sobre vendas e R$ 20.000,00 de Despesas Operacionais. QUADRO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS DEVOLUÇÃO DO EXERCÍCIO ANTERIOR DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM 31/01/20 RECEITA OPERACIONAL BRUTA R$ 200.000,00 Vendas de mercadorias R$ 200.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA R$ (41.300,00) Impostos e contribuições sobre vendas R$ 41.300,00 = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA R$ 158.700,00 (-) CUSTO DAS VENDAS R$ (50.000,00) CMV R$ 50.000,00 = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO R$ 108.700,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS (R$ 44.593,75) Despesas administrativas, vendas R$ 20.000,00 Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 24.593,75 = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO R$ 64.106,25 FONTE: O autor Agora, veremos como ficam os lançamentos em uma empresa do Simples Nacional. 2.4.3 Devoluções de vendas efetuadas em exercício social anterior – Simples Nacional Considere a empresa Comercial Brasil, enquadrada no Simples Nacional, que efetuou uma venda de mercadorias no valor de R$ 62.500,00, com um custo da merca- doria vendida no valor de R$ 25.000,00, em novembro de 2019. A devolução foi feita em janeiro de 2020. Vamos considerar a alíquota efetiva de 5,32% para o cálculo do imposto. 1) Lançamento do registro da devolução em janeiro de 2020. D – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior (DR) R$ 62.500,00 C – Clientes (AC) R$ 62.500,00 2) Pelo registro do Simples Nacional pago: D – Simples Nacional a pagar R$ 3.325,00 C – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 3.325,00 111 3) Registro da reentrada das mercadorias no estoque: D – Estoque (AC) R$ 25.000,00 C – Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 25.000,00 No caso do Simples Nacional, não há o lançamento de impostos para recuperar, mas, sim, o lançamento de estorno em Simples Nacional a pagar no Passivo Circulante. TABELA 12 – PREJUÍZO NA DEVOLUÇÃO DE VENDAS DO EXERCÍCIO ANTERIOR 62.500,00 3.325,00 (2) 25.000 (3) SF 34.175,00 FONTE: O autor Como aparece na DRE? Supondo que, em janeiro de 2020, antes da devolução, a empresa tenha tido R$ 200.000,00 de vendas, R$ 50.000 de CMV, 5,32% de tributos sobre vendas e R$ 20.000,00 de Despesas Operacionais. TABELA 13 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO APÓS A DEVOLUÇÃO DO EXERCÍCIO ANTERIOR DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO EM 31/01/20 RECEITA OPERACIONAL BRUTA R$ 200.000,00 Vendas de mercadorias R$ 200.000,00 (-) DEDUÇÕES DA RECEITA R$ (10.640,00) Impostos e contribuições sobre vendas R$ 10.640,00 = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA R$ 189.360,00 (-) CUSTO DAS VENDAS R$ (50.000,00) CMV R$ 50.000,00 = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO R$ 139.360,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS (R$ 54.175,00) Despesas administrativas, vendas R$ 20.000,00 Prejuízo na Devolução de Vendas do Exercício Anterior R$ 34.175,00 = RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO R$ 85.185,00 FONTE: O autor 112 3 DESCONTOS COMERCIAIS Descontos comerciais (os chamados descontos incondicionais) são aqueles con- cedidos ao comprador no momento da compra, seja pela grande quantidade que está sendo vendida, ou o cliente é um comprador especial, ou por diversos outros motivos. Normalmente, apesar de aparecerem nas notas fiscais, os valores de descontos incondicionais não são registrados na contabilidade, em que as vendas e compras são contabilizadas diretamente pelo valor líquido. Veja este exemplo na nota fiscal de venda da empresa Comercial Brasil: FIGURA 8– NOTA FISCAL DE VENDA DA COMERCIAL BRASIL FONTE: O autor Nesse caso, o valor dos produtos era R$ 90.000,00 e no momento da venda a empresa Comercial Brasil deu um desconto de R$ 1.000,00 ao cliente XYZ Comercial Ltda. Isso gerou um valor total da venda no valor de R$ 89.000,00. Sendo assim, é importante notarmos que os tributos serão calculados sobre os R$ 89.000,00 e não sobre os R$ 90.000,00. Caso não haja a atenção necessária nesses 113 fatos, a empresa pagará mais impostos que o necessário. Da mesma forma, o cliente XYZ vai registrar uma compra no valor de R$ 89.000,00 no seu estoque. 4 FRETES SOBRE COMPRAS Os fretes sobre compras são custos das mercadorias e devem ser incorporados no estoque de mercadorias ou matéria-prima, dependendo do setor, quando se referirem à compra de matéria prima ou mercadoria para revenda. E assim como as compras, em alguns casos os fretes geram direito a crédito fiscal, tanto de ICMS, como de PIS e COFINS. 4.1 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Conforme a Lei 10.833/2003 (BRASIL, 2003), que trata sobre a não cumulativi- dade do PIS e da COFINS, a empresa do Lucro Real pode descontar créditos calculados em relação aos fretes sobre bens adquiridos para revenda e bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou pro- dutos destinados à venda. O que significa isso? Que a empresa do Lucro Real pode aproveitar créditos de PIS e COFINS nos seus fretes sobre compras de matéria-prima ou mercadorias para revenda, que foram pagos por sua conta, ou seja, que a empresa teve que pagar para suas compras chegarem até a empresa. Podemos analisar o conhecimento de frete do exemplo: FIGURA 9 – CONHECIMENTO DE FRETE FONTE: O Autor 114 Podemos perceber que a mercadoria, que nesse caso é cimento, vai para Dourados/MS na empresa Material de Construção e Projeto Eng. Ltda. Ao olharmos mais abaixo o tomador do serviço, identificamos que foi a própria Material de Construção e Projeto Eng Ltda que solicitou o serviço, ou seja, que pagou o serviço. Dessa forma, considerando que a empresa é do Lucro Real, pode creditar-se de PIS e COFINS. Além disso, sobre o frete há ICMS, logo há também o direito a crédito desse imposto. Em uma empresa do Lucro Real, o lançamento de um frete sobre compras de mercadorias ou matéria prima, pago pelo comprador, no valor de R$ 5.000,00 a prazo, e 12% de ICMS, ficaria assim: D – Estoque R$ 3.937,50 D – ICMS a recuperar R$ 600,00 D – PIS a recuperar R$ 82,50 D – COFINS a recuperar R$ 380,00 C – Contas a pagar R$ 5.000,00 4.2 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO Diferente do Lucro Real, no Lucro Presumido o PIS e a COFINS são tributos cumulativos, ou seja, não geram direito a crédito, e logo, os fretes sobre compras também não dão direito a esse crédito. No entanto, no que se refere ao ICMS, há o aproveitamento do crédito. Vamos utilizar o exemplo de um frete sobre compras a prazo de uma empresa do Lucro Presumido, no valor de R$ 5.000,00 com 12% de ICMS. D – Estoque R$ 4.400,00 D – ICMS a recuperar R$ 600,00 C – Contas a pagar R$ 5.000,00 4.3 FRETES SOBRE COMPRAS EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL Já sabemos que no Simples Nacional todos os tributos são cumulativos e dessa forma, não geram direito a crédito fiscal de nenhum imposto. Como exemplo, o lançamento contábil de um frete sobre compras de uma empresa do Simples Nacional, no valor de R$ 5.000,00 ficaria assim: D – Estoque R$ 5.000,00 C – Contas a pagar R$ 5.000,00 115 A Tabela 14 apresenta um comparativo entre os regimes, no que se refere ao lançamento contábil, bem como aproveitamento de crédito fiscal nos fretes sobre compras. TABELA 14 – COMPARATIVO DE APROVEITAMENTO DE CRÉDITO EM FRETES Regime Crédito de ICMS Crédito de PISe COFINS Lançamento Contábil Lucro Real Sim Sim (se o frete foi pago pelo comprador) D – Estoque D – Impostos a recuperar Lucro Presumido Sim Não D – Estoque D – ICMS a recuperar Simples Nacional Não Não D - Estoque FONTE: O autor Vale lembrar que só gera o direito a crédito de ICMS se o conhecimento de frete tiver o imposto destacado, ou seja, se vier de uma empresa do Simples Nacional, não haverá a possibilidade de aproveitar o imposto. 5 FRETES SOBRE VENDAS Diferentemente do frete sobre compras, o frete sobre vendas não passa pelo estoque, nem pelo custo da mercadoria vendida, e é lançado diretamente em despesas com transporte nas vendas. O lançamento, tanto para empresas do Lucro Real, Presumido ou Simples Nacional, ficaria assim: D – Despesas com transporte nas vendas C – Contas a pagar 6 BONIFICAÇÕES Uma bonificação de mercadoria ou produto é uma quantidade do estoque que é oferecida ao cliente por diversos motivos, seja por ser um bom comprador ou uma promoção. Existe aquela bonificação que está ligada com uma operação de compra, como é o caso dos descontos comerciais que foi comentado anteriormente. 116 Há também aquela bonificação que não está vinculada a uma operação de compra, em que o vendedor resolve em qualquer tempo, independente de venda anterior, dar bonificações ao cliente. Nesses casos, a bonificação concedida pelo vendedor é uma despesa com bonificação, não passando pelo custo da mercadoria vendida. Para quem recebe a bonificação irá fazer um lançamento de entrada no estoque (caso seja mercadoria) ou em despesa. Já o crédito, será em receita com bonificação. Vejamos como fica o lançamento das bonificações em cada regime de tributação, iniciando pelo Lucro Real. 6.1 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO REAL Considere a empresa Comercial Brasil, do Lucro Real, que emitiu uma nota fiscal de bonificação para seu fiel cliente XYZ Comércio, que revenderá a mercadoria recebida em bonificação. Supondo que a bonificação seja no valor de R$ 500,00, e que no momento de adquirir esse produto, a empresa Comercial Brasil aproveitou-se de ICMS com uma alíquota de 17%, e de PIS e COFINS, o lançamento no vendedor será assim: D – Despesa com bonificação R$ 500,00 C – Estoque R$ 500,00 D – ICMS s/bonificação R$ 85,00 C – ICMS a pagar R$ 85,00 D – PIS s/ bonificação R$ 8,25 C – PIS a pagar R$ 8,25 D – COFINS s/ bonificação R$ 38,00 C – COFINS a pagar R$ 38,00 Percebemos que no caso dessa bonificação, há o pagamento de ICMS, visto que a Comercial Brasil, ao adquirir anteriormente essa mercadoria, aproveitou-se do crédito do ICMS. Com isso, precisa pagar o ICMS na saída, mesmo sendo uma bonificação. Mesma coisa acontece com o PIS e a COFINS, visto que no momento da entrada da mercadoria, a Comercial Brasil aproveitou-se desses tributos, logo, terá que pagar na saída, mesmo sendo bonificação. Vejamos como fica o lançamento no cliente XYZ Comércio, que também é uma empresa do Lucro Real, e usará a bonificação como mercadoria para revenda. D – Estoque R$ 368,75 D – ICMS a recuperar R$ 85,00 D – PIS a recuperar R$ 8,25 D – COFINS a recuperar R$ 38,00 117 C – Receitas com bonificação R$ 500,00 Perceba que como a empresa usará a mercadoria para revenda, pode contabilizar os tributos a recuperar. Caso contrário, o lançamento iria direto para uma conta de uso ou consumo, ou outra despesa, conforme o exemplo: D – Material para uso ou consumo R$ 500,00 C – Receitas com bonificação R$ 500,00 Além do mais, percebemos que o crédito é em conta de Receita com bonificação, no entanto, essa receita não se caracteriza como receita financeira, e o cliente não precisará pagar PIS e COFINS sobre ela (0,65% e 4% para receita financeira). 6.2 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO LUCRO PRESUMIDO Considere a empresa Comercial Brasil, do Lucro Presumido, que emitiu uma nota fiscal de bonificação para seu fiel cliente XYZ Comércio, que revenderá a mercado- ria recebida em bonificação. Supondo que a bonificação seja no valor de R$ 500,00, e que no momento de adquirir esse produto, a empresa Comercial Brasil aproveitou-se de ICMS com uma alíquota de 17%, o lançamento no vendedor será assim: D – Despesa com bonificação R$ 500,00 C – Estoque R$ 500,00 D – ICMS s/ bonificação R$ 85,00 C – ICMS a pagar R$ 85,00 Perceba que no caso de empresa do Lucro Presumido não há aproveitamento de crédito de PIS e COFINS na compra, então na saída desta bonificação, também não há pagamento de PIS e COFINS. Vejamos como fica o lançamento no cliente XYZ Comércio, que também é uma empresa do Lucro Presumido, e usará a bonificação como mercadoria para revenda. D – Estoque R$ 415,00 D – ICMS a recuperar R$ 85,00 C – Receita com bonificação R$ 500,00 Novamente percebemos que não houve crédito de PIS e COFINS no recebi- mento dessa bonificação, pois em empresas do Lucro Presumido não compôem essa operação. Caso a empresa não utilizasse a bonificação como mercadoria para revenda, o lançamento seria em conta de despesa e não haveria crédito de ICMS: 118 D – Despesa com uso ou consumo R$ 500,00 C – Receita com bonificação R$ 500,00 6.3 BONIFICAÇÕES EM EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL Considere a empresa Comercial Brasil, do Simples Nacional, que emitiu uma nota fiscal de bonificação para seu fiel cliente XYZ Comércio, que revenderá a mercadoria recebida em bonificação. Supondo que a bonificação seja no valor de R$ 500,00, o lançamento no vendedor será assim: D – Despesa com bonificação R$ 500,00 C – Estoque R$ 500,00 Percebe-se que por ser uma empresa do Simples Nacional, não há o pagamento de ICMS ou PIS e COFINS sobre essa bonificação. Vejamos como fica o lançamento no cliente XYZ Comércio, que também é uma empresa do Simples Nacional, e usará a bonificação como mercadoria para revenda. D – Estoque R$ 500,00 C – Receita com bonificação R$ 500,00 Identificamos que não há o aproveitamento de crédito de nenhum tributo, visto que o Simples Nacional não possibilita esse benefício, por isso também não acontece na bonificação. Caso a mercadoria recebida como bonificação não fosse utilizada para revenda, o lançamento seria assim: D – Despesa com uso ou consumo R$ 500,00 C – Receitas com bonificação R$ 500,00 119 Questionamento Pergunta: Esclarecimentos sobre tributos recuperáveis? Resposta: As empresas que apuram seus tributos pelo regime de incidência não cumulativa, adquirem direito a créditos desses tributos em determinadas operações com mercadorias ou serviços. Essa resposta não abrange os tributos retidos na fonte. Em relação aos estoques, os créditos referentes aos tributos recuperáveis não compõem o custo de aquisição, conforme tratado no item 13.6 da NBC TG 1000, aprova- da pela Resolução CFC nº1.255/09, e no item 11 da NBC TG 16, aprovada pela Resolução CFC nº 1.170/09, que transcrevemos: “13.6 Os custos de aquisição de estoques abrangem o preço de compra, tributos de importação e outros tributos (com exceção daqueles posteriormente recuperáveis pela entidade), transporte, manuseio e outros custos diretamente atribuíveis à aquisição de bens acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens similares são deduzidos na determinação dos custos de compra” (NBC TG 1000). “11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis perante o fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abati- mentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição” (NBC TG 16). Em relação as despesas, deve-se utilizar os conceitos tratados no item 2.23 da NBC TG 1000 e no item 4.25. (b) da NBC TG Estrutura Conceitual, aprovada pela Resolu- ção CFC nº 1.374/11, que transcrevemos: “Despesas são decréscimosnos benefícios econômicos durante o período con- tábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passi- vos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relaciona- dos com distribuições aos detentores dos instrumentos patrimoniais” (NBC TG 1000 e Estrutura Conceitual). Esses créditos, até que sejam utilizados para compensar o tributo a pagar, aten- dem os requisitos de ativo tratados no item 2.15 da NBC TG 1000 e no item 4.4 (a) da NBC TG Estrutura Conceitual que transcrevemos: LEITURA COMPLEMENTAR 120 “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos pas- sados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade”. Portanto, os valores referentes a créditos de tributos não cumulativos, que se- rão aproveitados para abater o montante da obrigação, devem ser deduzidos dos va- lores a pagar ou a serem pagos aos fornecedores e classificados em conta do ativo até sua compensação ou baixa. Ressaltamos que essa orientação trata tão somente da contabilização desses créditos. Dúvidas sobre a ocorrência dos créditos assim como sua composição devem ser dirimidas junto ao fisco. FONTE: Adaptado de <https://cfc.org.br/tecnica/perguntas-frequentes/4066-2/>. Acesso em: 21 out. 2021. 121 RESUMO DO TÓPICO 2 • As principais operações que afetam as compras e vendas de mercadorias são: de- volução de compra e venda, devolução de venda do exercício anterior, descontos comerciais, fretes sobre compras, fretes sobre vendas, bonificações. • No Lucro Real, quando uma empresa faz uma devolução de compra, precisa pagar PIS, COFINS, ICMS e IPI (se for indústria), pois quando a mercadoria entrou anterior- mente houve o crédito dos tributos. • No Lucro Presumido, quando uma empresa faz uma devolução de compra, precisa pagar ICMS e IPI (se for indústria), pois quando a mercadoria entrou anteriormente houve o crédito dos tributos. • No Simples Nacional, quando uma empresa faz uma devolução de compra não há pagamento de nenhum tributo. • Na devolução de vendas, as empresas do Lucro Real e Lucro Presumido contabilizam tributos a recuperar. • Na devolução de vendas, as empresas do Simples Nacional precisam estornar o valor referente ao Simples Nacional que foi pago no momento da venda. • A devolução de vendas de exercícios anteriores refere-se à devolução de uma venda do exercício passado. O lançamento é feito em conta de resultado, especificamente na conta Prejuízos na Devolução de Vendas do Exercício Anterior. • Os descontos comerciais normalmente não são contabilizados, apesar de aparece- rem nas notas fiscais. As vendas são contabilizadas pelo valor líquido. • Em empresas do Lucro Real e Presumido há o direito a crédito de ICMS nos fretes sobre compras para revenda ou matéria-prima. • Em empresas do Lucro Real, há o direito a crédito de PIS e COFINS nos fretes sobre compras, caso tenham sido pagos pelas empresas e tenham transportado mercado- rias para revenda, insumos para produção, ou utilizados na prestação de serviço. • Em empresas do Simples Nacional não há direito a crédito de nenhum tributo nos fretes sobre compras. • De um modo geral, os fretes sobre compras para revenda ou matéria-prima são lan- çados no estoque, pois fazem parte do custo da mercadoria. 122 • As bonificações concedidas por empresas do Lucro Real são lançadas a débito em conta de despesa e a crédito no estoque. Além disso, se houve o crédito fiscal na entrada dessa mercadoria, deve haver o pagamento de PIS, COFINS e ICMS na saída. • As bonificações concedidas por empresas do Lucro Presumido são lançadas a débito em conta de despesa e a crédito no estoque. Além disso, se houve o crédito fiscal na entrada dessa mercadoria, deve haver o pagamento de ICMS na saída. • As bonificações concedidas por empresas do Simples Nacional são lançadas a débito em conta de despesa e a crédito no estoque. • As bonificações recebidas por empresas do Lucro Real se forem para revenda, pode ser creditado PIS, COFINS e ICMS e é lançado em estoque. • As bonificações recebidas por empresas do Lucro Presumido se forem para revenda, pode ser creditado ICMS e é lançado em estoque. 123 1 Em alguns regimes de tributação há créditos fiscais na entrada de mercadorias, em outros não, e na saída de mercadorias há a incidência de mais tributos, e a forma de cálculo também depende do regime de tributação da empresa. Diante disso, respon- da quais as principais operações que afetam as compras e vendas de mercadorias? 2 Uma empresa do Lucro Real recebeu uma devolução de vendas no valor de R$ 10.000,00, referente a uma venda a prazo que tinha um CMV de R$ 3.000,00. O ICMS foi 17%. Faça as contabilizações necessárias. 3 Uma empresa do Lucro Presumido efetuou uma devolução de compra no valor de R$ 5.000,00 referente a uma compra a prazo. O lCMS foi 17%. Faça as contabilizações. 4 Uma empresa do Simples Nacional recebeu um frete sobre compras de mercadorias, no valor de R$ 500,00, a prazo. Faça os lançamentos contábeis. 5 Uma empresa do Lucro Real recebeu uma bonificação de mercadorias para revenda no valor de R$ 500,00. O ICMS incidente foi 17%. Faça os lançamentos contábeis. AUTOATIVIDADE 124 REFERÊNCIAS ALÍQUOTA. In: DICIO - Dicionário On-line de Português. Disponível em: https://www. dicio.com.br/aliquota/. Acesso em: 20 out. 2021. BRASIL. Decreto 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2018/decreto/D9580.htm. Acesso em: 20 out. 2021. BRASIL. Decreto 7.212 de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. Brasília, DF, 15 jun. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2007-2010/2010/decreto/d7212.htm. Acesso em: 21 out. 2021. BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Disponível em: https://bit.ly/3u0NVA9. Acesso em: 20 out. 2021. BRASIL. Lei Complementar 116 de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências. Brasília, DF, 31 jul. 2003. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm. Acesso em: 21 out. 2021. BRASIL. Lei Complementar 87 de 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências. (LEI KANDIR). Brasília, DF, 3 set. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm. Acesso em: 21 out. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Tributos recuperáveis. 2021. Disponível em: https://cfc.org.br/tecnica/perguntas-frequentes/4066-2/. Acesso em: 21 out. 2021. FBS SOLUTIONS. FBS Consultoria, 2019. Tabela ICMS 2019 Atualizada com as Alíquotas dos Estados. Disponível em: https://bit.ly/3G9zkVO. Acesso em: 21 out. 2021. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). A influência da carga tributária nos preços de venda. 2017. Disponível em: https:// bit.ly/3rRsNtz. Acesso em: 21 out. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm 125 OUTRAS OPERAÇÕESRELEVANTES NAS EMPRESAS UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a importância dos métodos de controle de estoques permanentes; • saber como controlar o estoque pelo método PEPS; • saber como controlar o estoque pelo método de custo médio; • saber como controlar o estoque nos diversos regimes de tributação existentes; • contabilizar o estoque e a tributação inerente; • compreender a importância dos funcionários para a empresa; • conhecer a estrutura de uma folha de pagamento; • compreender as principais legislações trabalhistas; • saber calcular a folha de pagamento, os descontos e encargos sociais, bem como as operações relacionadas à folha de pagamento. Esta unidade está dividida em dois tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INVENTÁRIO PERMANENTE NA PRÁTICA TÓPICO 2 – FOLHA DE PAGAMENTO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 126 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 127 TÓPICO 1 — INVENTÁRIO PERMANENTE NA PRÁTICA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Na disciplina de Contabilidade Geral, estudamos os métodos de controle de estoques, sendo que existem dois tipos: o método de controle de inventário periódico e o método de controle permanente. No método de controle periódico, a empresa não controla continuamente seus estoques, mas faz um controle por mês ou a cada semestre ou ano. Dessa forma, é necessário que seja realizada uma contagem física do estoque para conferir a quantidade e os tipos de produto na empresa. Com isso, o custo das mercadorias vendidas (CMV) é apurado pela fórmula que utiliza o saldo de estoque inicial somado às compras do período, subtraindo-se o estoque final. Por isso, esse tipo de controle é mais utilizado por empresas de pequeno porte. Como a contagem de inventário físico consome muito tempo, poucas empresas realizam essa prática mais de uma vez por trimestre ou por ano. Enquanto isso, a conta de estoque no sistema contábil continuará mostrando o custo do estoque que foi registrado desde a última contagem física de estoque. Desse modo, percebemos que o inventário periódico tem desvantagens, como não fornecer dados em tempo real nem o valor exato do custo da mercadoria que foi vendida, além de consumir muito tempo nas contagens físicas, estando propício a erros humanos. Por isso, o foco deste tópico será abordar o inventário permanente. Conforme o Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 (BRASIL, 1977), no que se refere à determinação do custo dos bens: Art. 14. O custo das mercadorias revendidas e das matérias-pri- mas utilizadas será determinado com base em registro perma- nente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o livro de inventário, no fim do período. § 2º O valor dos bens existentes no encerramento do período poderá ser o custo médio ou o dos bens adquiridos ou produzidos mais recentemente, admitida, ainda a avaliação com base no preço de venda, subtraída a margem de lucro. Considerando o exposto, neste tópico, serão abordados os métodos PEPS (que 128 significa “primeiro que entra primeiro que sai”) e de custo médio. Também existe o método UEPS (que significa “último que entra, primeiro que sai”), mas não é aceito no Brasil. 2 MÉTODO PEPS Nele, os valores mais antigos que entraram nos estoques serão os primeiros a serem considerados quando uma mercadoria for vendida. De acordo com Pinto e Vasquez (2019), esse método é muito eficiente, principalmente para o controle físico de mercadorias perecíveis, porém, caso os estoques da empresa demorem para ser vendidos, corre-se o risco de formar o preço com base em custos antigos, o que pode prejudicar a reposição dos estoques. Na Tabela 1, temos um exemplo de como ocorre o controle por esse método. TABELA 1 – CONTROLE DE ESTOQUE PELO MÉTODO PEPS PRODUTO X DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS SALDO FINAL QTD UNIT VALOR QTD UNIT VALOR QTD UNIT SALDO 01/03 Compra 100 R$50 R$5.000 100 R$ 50 R$5.000 10/03 Compra 50 R$45 R$2.250 50 R$45 R$2.250 R$7.250 15/03 Venda 25 R$50 R$1.250 75 R$50 R$3.750 50 R$45 R$2.250 R$6.000 FONTE: A autora Com base na tabela, quais operações ocorreram no período? Vemos que, no dia primeiro de março, a empresa adquiriu 100 unidades de produtos por R$ 50,00 cada, gerando uma compra total de R$ 5.000,00. No dia 1/03, o saldo final do estoque era R$ 5.000,00. No dia 10/03, a empresa adquiriu mais 50 unidades do produto por R$ 45,00 cada, totalizando uma compra de R$ 2.250,00. Assim, no dia 10/03, o saldo final de estoque era de R$ 7.250,00, composto por produtos de R$50,00 e R$ 45,00. Já no dia 15/03, ocorreu a venda de 25 unidades por R$ 50,00 – mas por que foi utilizado o valor de R$ 50,00 nessa venda? Porque estamos controlando o estoque pelo método PEPS, ou seja, as primeiras unidades que entraram no estoque, entraram pelo valor de R$ 50,00, e até elas serem totalmente vendidas, não iremos utilizar o valor das 129 outras unidades. Tudo isso porque, nesse método, as compras de estoque mais antigas são as que saem primeiro. Com essas operações, no dia 15/03, a empresa tinha em estoque um saldo final de R$ 6.000,00, composto por 75 unidades de R$ 50,00 e 50 unidades de R$ 45,00 cada. Contudo, o que acontece se a próxima venda for de 100 unidades? Qual será o custo da mercadoria vendida? Nesse caso, utilizamos as 75 unidades que temos no valor de R$ 50,00 e completamos com 25 unidades de R$ 45,00, como mostra a Tabela 2. TABELA 2 – CONTROLE DE ESTOQUE PELO MÉTODO PEPS PRODUTO X DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS SALDO FINAL QTD UNIT VALOR QTD UNIT VALOR QTD UNIT SALDO 01/03 Compra 100 R$50 R$5.000 100 R$ 50 R$5.000 10/03 Compra 50 R$45 R$2.250 50 R$45 R$2.250 R$7.250 15/03 Venda 25 R$50 R$1.250 75 R$50 R$3.750 50 R$45 R$2.250 R$6.000 20/03 Venda 75 R$50 R$3.750 25 R$45 R$1.125 25 R$45 R$1.125 R$ 1.125 FONTE: A autora No controle de estoque, todas as unidades que custaram R$ 50,00 foram vendidas, complementadas também pelas que custaram R$ 45,00. Com isso, sobraram ainda 25 unidades de R$ 45,00, gerando um saldo final de estoque de R$ 1.125,00. 3 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO Nesse método, também conhecido por custo médio ponderado ou média móvel, a cada entrada de mercadoria no estoque, é realizado o cálculo médio das mercadorias estocadas. Embora possa ser trabalhoso, o custo médio ponderado é a forma que melhor reflete as informações dos estoques remanescentes e os custos por período, e também é mais “aceitável” perante o fisco. 130 O valor do custo da venda pelo método do custo médio é diferente do calculado pelo método PEPS. Serão iguais apenas se não houver variação no preço de compra do estoque ou caso a empresa venda 100% de seus produtos. A Tabela 3 mostra, com base no mesmo exemplo de controle de estoque anterior, como ficaria o custo médio móvel. TABELA 3 – CONTROLE DE ESTOQUE PELO MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL PRODUTO X DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS SALDO FINAL QTD UNIT VALOR QTD UNIT VALOR QTD UNIT SALDO 01/03 Compra 100 R$50 R$5.000 100 R$ 50 R$5.000 10/03 Compra 50 R$45 R$2.250 150 R$48,33 R$7.250 15/03 Venda 25 R$48,33 R$1.208,25 125 R$48,33 R$6.041,75 FONTE: A autora Considerando a tabela, quais operações ocorreram no período? No dia primeiro de março, a empresa adquiriu 100 unidades de produtos por R$ 50,00 cada, gerando uma compra total de R$ 5.000,00, assim, o saldo final do estoque era R$ 5.000,00. No dia 10/03, a empresa adquiriu mais 50 unidades do produto por R$ 45,00 cada, totalizando uma compra de R$ 2.250,00, tendo o saldo final de estoque de R$ 7.250,00, composto por 150 unidades de R$ 48,33 cada, valor que foi obtido por meio da divisão do valor total do estoque pela quantidade de unidades em estoque, ou seja:7.250,00 / 150 = 48,33 Em 15/03, ocorreu a venda de 25 unidades por R$ 48,33. A partir disso, todas as mercadorias custam R$ 48,33, independentemente do valor pelo qual foram adquiridas. Com essas operações, no dia 15/03, a empresa tinha, em seu estoque, um saldo final de R$ 6.041,75, composto por 125 unidades de R$ 48,33. Caso ocorra outra compra, será necessário mudar o valor unitário novamente, como pode ser observado na Tabela 4: 131 TABELA 4 – CONTROLE DE ESTOQUE PELO MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL PRODUTO X DATA OPERAÇÃO ENTRADAS SAÍDAS SALDO FINAL QTD UNIT VALOR QTD UNIT VALOR QTD UNIT SALDO 01/03 Compra 100 R$50 R$5.000 100 R$ 50 R$5.000 10/03 Compra 50 R$45 R$2.250 150 R$48,33 R$7.250 15/03 Venda 25 R$48,33 R$1.208,25 125 R$48,33 R$6.041,75 20/03 Compra 30 R $ 40 R$1.200 155 R$46,72 R$7.241,75 FONTE: A autora Nesse caso, a empresa adquiriu, no dia 20/03, mais 30 unidades, totalizando uma compra de R$ 1.200,00. Ao incorporar ao saldo final, temos 155 unidades e um saldo final de R$ 7.241,75. Logo, ao dividir o saldo final pela quantidade de unidades, temos um custo unitário de R$ 46,72. A próxima venda será realizada com um custo unitário de R$ 46,72, independentemente do valor pelo qual foram adquiridas as mercadorias. 4 INVENTÁRIO PERMANENTE NA PRÁTICA Na Unidade 2, estudamos as operações envolvendo compras e vendas e como os regimes de tributação influenciam nos valores que são contabilizados, visto que alguns geram créditos fiscais de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), enquanto outros não, o que impacta no custo da mercadoria a ser vendida. Por isso, com base no exemplo de um estoque de bicicletas amarelas, da empresa JGS Comércio de Bicicletas, veremos como fazer o controle desse estoque a partir dos métodos PEPS e de Custo Médio, intercalando pelos regimes de tributação: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. Na Tabela 5, temos a relação das operações da empresa JGS e as operações que ocorreram no período de maio de 2020. A empresa JGS é optante pelo Simples Nacional, e a sua receita bruta dos últimos 12 meses foi de R$ 140.000,00, sendo que já havia um saldo inicial de estoque de 3 unidades por R$ 1.750,00 cada. 132 TABELA 5 – OPERAÇÕES DA EMPRESA EM MAIO DE 2020 OPERAÇÃO DATA QTD VALOR UNITÁ- RIO VALOR TOTAL DA NF ICMS COMPRA 07/05 5 R$ 2.000,00 R$ 10.000,00 12% D E VO L U Ç Ã O DE COMPRA 08/05 1 R$ 2.000,00 R$ 10.000,00 OBS VENDA 10/05 5 R$ 5.000,00 R$ 25.000,00 COMPRA 20/05 4 R$ 2.300,00 R$ 9.200,00 12% VENDA 27/05 6 R$ 4.000,00 R$ 24.000,00 D E VO L U Ç Ã O DE VENDA 28/05 1 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 FONTE: A autora Assim, observando a tabela, nesse período, a empresa teve compras, devolução de compras, vendas e devolução de vendas. Então, como ficará o controle de estoque e a contabilização desse período, considerando que a empresa é do Simples Nacional? Devemos considerar que a empresa, por ser do Simples Nacional, não aproveita o crédito de ICMS, logo, todo o valor da nota é direcionado para o estoque de mercadorias. 4.1 MÉTODO PEPS NO SIMPLES NACIONAL A Tabela 6 apresenta o controle de estoque pelo método PEPS. TABELA 6 – CONTROLE DE ESTOQUE PEPS – SIMPLES NACIONAL FONTE: A autora 133 A compra de 07/05 foi lançada pelo valor integral de R$ 10.000,00. O saldo final do estoque, no dia 07/05, foi de R$ 15.250,00, formado por 3 unidades de R$ 1.750,00 e 5 unidades de R$ 2.000,00. D – Estoque R$ 10.000,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 Em 08/05, a empresa devolveu uma unidade que comprou no dia 07/05. Essa devolução foi no valor de R$ 2.000,00. Dessa forma, no final do dia 8/05, a empresa tinha um saldo de estoque de R$ 8.000,00, composto por 3 unidades de R$ 1.750,00 e 4 unidades de R$ 2.000,00. D – Fornecedores R$ 2.000,00 C – Estoque R$ 2.000,00 Em 10/05, a empresa vendeu 5 unidades por um total de R$ 25.000,00. Considerando o método PEPS, primeiro saíram 3 unidades de R$ 1.750,00 e, depois, 2 unidades de R$ 2.000,00. Assim, o custo da mercadoria vendida foi R$ 9.250,00. O saldo final do estoque, nesse dia, foi de R$ 4.000,00, formado por duas unidades de R$ 2.000,00. D – Clientes R$ 25.000,00 C – Receita de Vendas R$ 25.000,00 D – CMV R$ 9.250,00 C – Estoque R$ 9.250,00 D – Simples Nacional R$ 1.000,00 C – Simples Nacional a recolher R$ 1.000,00 O Cálculo do Simples, considerando que a empresa está na primeira faixa de faturamento do Anexo I, será: (140.000 x 4%) / 140.000 = 4% x 25.000 = R$ 1.000,00) No dia 20/05, foram adquiridas 4 unidades por R$ 2.300,00 cada, totalizando uma compra de R$ 9.200,00. Assim, o estoque final totalizou R$ 13.200,00, composto por 2 unidades de R$ 2.000,00 e 4 unidades de R$ 2.300,00. D – Estoque R$ 9.200,00 C – Fornecedores R$ 9.200,00 Em 27/05, foi realizada uma venda de 6 unidades, que totalizou R$ 24.000,00. Essa venda foi composta pelas duas unidades de R$ 2.000,00 e por 4 unidades de R$ 2.300,00. Assim, o custo da mercadoria vendida foi de R$ 13.200,00, o que zerou o estoque. 134 D – Clientes R$ 24.000,00 C – Receita de Vendas R$ 24.000,00 D – CMV R$ 13.200,00 C – Estoque R$ 13.200,00 D – Simples Nacional R$ 960,00 C – Simples Nacional a recolher R$ 960,00 Para o cálculo do Simples, considera-se: (140.000 x 4%) / 140.000 = 4% x 24.000 = R$ 960,00) Entretanto, no dia seguinte, o cliente devolveu uma unidade. Assim, entrou no estoque novamente a mercadoria mais recente, no valor de R$ 2.300,00. Com isso, o estoque no dia 28/05 era de R$ 2.300,00, composto por uma unidade. D – Devolução de vendas R$ 4.000,00 C – Clientes R$ 4.000,00 D – Estoque R$ 2.300,00 C – CMV R$ 2.300,00 D – Simples Nacional a recolher R$ 160,00 C – Simples Nacional R$ 160,00 Para o cálculo do Simples, considera-se: (140.000 x 4%) / 140.000 = 4% x 4.000 = R$ 160,00) 4.2 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO NO SIMPLES NACIONAL A Tabela 7 apresenta o controle do estoque pelo custo médio. TABELA 7 – CONTROLE DE ESTOQUE CUSTO MÉDIO – SIMPLES NACIONAL FONTE: A autora 135 A compra do dia 07/05 foi lançada pelo valor integral de R$ 10.000,00. O saldo final do estoque, nesse dia, foi de R$ 15.250,00, formado por 8 unidades ao custo médio de R$ 1.906,25. D – Estoque R$ 10.000,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 Em 08/05, a empresa devolveu uma unidade que comprou no dia 07/05. Essa devolução foi no valor de R$ 2.000,00. Dessa forma, no final do dia 8/05, a empresa tinha um saldo de estoque de R$ 13.250,00, composto por 7 unidades ao custo médio de R$ 1.892,86 cada. D – Fornecedores R$ 2.000,00 C – Estoque R$ 2.000,00 No dia 10/05, a empresa vendeu 5 unidades por um total de R$ 25.000,00. Considerando o método custo médio, saíram 5 unidades pelo valor unitário de R$ 1.896,86. Assim, o custo da mercadoria vendida foi de R$ 9.464,30. O saldo final do estoque, nesse dia, foi de R$ 3.785,72 e 2 unidades. D – Clientes R$ 25.000,00 C – Receita de Vendas R$ 25.000,00 D – CMV R$ 9.464,30 C – Estoque R$ 9.464,30 D – Simples Nacional R$ 1.000,00 C – Simples Nacional a recolher R$ 1.000,00 Para o cálculo do Simples, considera-se: (140.000 x 4%) / 140.000 = 4% x 25.000 = R$ 1.000,00) Em 20/05, foram adquiridas 4 unidades por R$ 2.300,00 cada, totalizando uma compra de R$ 9.200,00. Desse modo, o estoque final totalizou R$ 12.985,72, composto por 6 unidades de R$ 2.164,29 cada. D – Estoque R$ 9.200,00 C – Fornecedores R$ 9.200,00 Em 27/05, foi realizada uma venda de 6 unidades que totalizou R$ 24.000,00. Essa venda foi composta pelas 6 unidades de R$ 2.164,29. Assim, o custo da mercadoria vendida foi R$ 12.985,72, o que zerou o estoque. D – Clientes R$ 24.000,00 136 C – Receita de Vendas R$ 24.000,00 D – CMV R$ 12.985,72 C – Estoque R$ 12.985,72 D – SimplesNacional R$ 960,00 C – Simples Nacional a recolher R$ 960,00 Para o cálculo do Simples, considera-se: (140.000 x 4%) / 140.000 = 4% x 24.000 = R$ 960,00) Entretanto, no dia seguinte, o cliente devolveu uma unidade. Assim, entrou no estoque novamente a mercadoria mais recente, no valor de R$ 2.164,29. Com isso, o estoque, no dia 28/05, era de R$ 2.164,29, composto por uma unidade. D – Devolução de vendas R$ 4.000,00 C – Clientes R$ 4.000,00 D – Estoque R$ 2.164,29 C – CMV R$ 2.164,29 D – Simples Nacional a recolher R$ 160,00 C – Simples Nacional R$ 160,00 Para o cálculo do Simples, considera-se: (140.000 x 4%) / 140.000 = 4% x 4.000 = R$ 160,00) Analisando os dois métodos no Simples Nacional, vemos que, no PEPS, o saldo de estoque final foi de R$ 2.300,00 e, no Custo Médio, foi de R$ 2.164,29. A diferença entre os saldos está no CMV, em que o custo da mercadoria vendida foi maior no custo médio, o que impactará na Demonstração do Resultado, com um lucro menor. 4.3 MÉTODO PEPS NO LUCRO PRESUMIDO Nesse momento, simularemos como a empresa JGS, em vez de ser do Simples Nacional, pertence ao Lucro Presumido. Como ficaria o estoque a partir do método PEPS? 137 TABELA 8 – CONTROLE DE ESTOQUE PEPS – LUCRO PRESUMIDO FONTE: A autora Podemos ver que o saldo inicial do estoque da empresa sendo no Lucro Presumido mudou, porque as empresas do lucro presumido não absorvem como custo o ICMS da compra. Por isso, foi considerado um desconto de ICMS. A compra do dia 07/05 foi lançada no estoque pelo valor descontando o ICMS, visto que se pode recuperá-lo, ou seja, no estoque entrou R$ 8.800,00. O saldo final do estoque, no dia 07/05, foi de R$ 13.420,00, formado por 3 unidades de R$ 1.540,00 e 5 unidades de R$ 1.760,00. Vale relembrar que: 8.800 x 12% = R$ 1.200,00 de ICMS a recuperar D – Estoque R$ 8.800,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.200,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 Em 08/05, a empresa devolveu uma unidade que comprou no dia anterior. Logo, é necessário lembrar que, no momento da compra, aproveitamos o ICMS, agora, ao devolver, precisamos também devolver o ICMS de uma unidade. Essa devolução saiu do estoque no valor de R$ 1.760,00. Dessa forma, no final do dia 8, a empresa tinha um saldo de estoque de R$ 11.660,00, composto por 3 unidades de R$ 1.540,00 e 4 unidades de R$ 1.760,00. Vale relembrar que: 1.760 x 12% = R$ 240,00 de ICMS a recuperar D – Fornecedores R$ 2.000,00 C – ICMS a recolher R$ 240,00 C – Estoque R$ 1.760,00 No dia 10/05, a empresa vendeu 5 unidades por um total de R$ 25.000,00. Considerando o método PEPS, primeiro saíram 3 unidades de R$ 1.540,00 e, depois, 2 unidades de R$ 1.760,00. Dessa forma, o custo da mercadoria vendida foi de R$ 8.140,00. O saldo final do estoque, nesse dia, foi de R$ 3.520,00, formado por duas unidades de R$ 1.760,00. 138 D – Clientes R$ 25.000,00 C – Receita de Vendas R$ 25.000,00 D – CMV R$ 8.140,00 C – Estoque R$ 8.140,00 D – ICMS s/ vendas R$ 3.000,00 C – ICMS a recolher R$ 3.000,00 D – PIS s/ vendas R$ 162,50 C – PIS a recolher R$ 162,50 D – COFINS s/ vendas R$ 750,00 C – COFINS a recolher R$ 750,00 No dia 20/05, foram adquiridas 4 unidades por R$ 2.300,00 cada, descontando o ICMS, entrando no estoque um total de R$ 8.096,00. Assim, o estoque final totalizou R$ 11.616,00, composto por 2 unidades de R$ 1.760,00 e 4 unidades de R$ 2.024,00. D – Estoque R$ 8.096,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.104,00 C – Fornecedores R$ 9.200,00 Em 27/05, foi realizada uma venda de 6 unidades, que totalizou R$ 24.000,00. Essa venda foi composta pelas duas unidades de R$ 1.760,00 e por 4 unidades de R$ 2.024,00. Assim, o custo da mercadoria vendida foi R$ 11.616,00, o que zerou o estoque. D – Clientes R$ 24.000,00 C – Receita de Vendas R$ 24.000,00 D – CMV R$ 11.616,00 C – Estoque R$ 11.616,00 D – ICMS s/ vendas R$ 2.880,00 C – ICMS a recolher R$ 2.880,00 D – PIS s/ vendas R$ 156,00 C – PIS a recolher R$ 156,00 D – COFINS s/ vendas R$ 720,00 C – COFINS a recolher R$ 720,00 Entretanto, no dia seguinte, o cliente devolveu uma unidade. Assim, entrou no estoque novamente a mercadoria mais recente, no valor de R$ 2.024,00. Com isso, o estoque, no dia 28/05, era de R$ 2.024,00, composto por uma unidade. D – Devolução de vendas R$ 4.000,00 C – Clientes R$ 4.000,00 139 D – Estoque R$ 2.024,00 C – CMV R$ 2.024,00 D – ICMS a recuperar R$ 480,00 C – ICMS s/ vendas R$ 480,00 D- PIS a recuperar R$ 26,00 C – PIS s/ vendas R$ 26,00 D – COFINS a recuperar R$ 120,00 C – COFINS s/ vendas R$ 120,00 DICA Para relembrar: • 12% de ICMS. • 0,65% de PIS. • 3% de COFINS. 4.4 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO PELO LUCRO PRESUMIDO A seguir, simularemos o controle do mesmo estoque pelo custo médio. TABELA 9 – CONTROLE DE ESTOQUE CUSTO MÉDIO – LUCRO PRESUMIDO FONTE: A autora A compra do dia 07/05 foi lançada pelo valor descontando o ICMS, ou seja, entrou no estoque R$ 8.800,00. O saldo final do estoque, no dia 07/05, foi de R$ 13.420,00, formado por 8 unidades ao custo médio de R$ 1.677,50. 140 D – Estoque R$ 8.800,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.200,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 Em 08/05, a empresa devolveu uma unidade que comprou no dia anterior. Essa devolução foi no valor de R$ 1.760,00. Dessa forma, no final do dia 8/05, a empresa tinha um saldo de estoque de R$ 11.660,00, composto por 7 unidades ao custo médio de R$ 1.665,71 cada. D – Fornecedores R$ 2.000,00 C – ICMS a recolher R$ 240,00 C – Estoque R$ 1.760,00 No dia 10/05, a empresa vendeu 5 unidades por um total de R$ 25.000,00. Considerando o método custo médio, saíram 5 unidades pelo valor unitário de R$ 1.665,71. Desse modo, o custo da mercadoria vendida foi de R$ 8.328,55. O saldo final do estoque, nesse dia, foi de R$ 3.331,42 e 2 unidades. D – Clientes R$ 25.000,00 C – Receita de Vendas R$ 25.000,00 D – CMV R$ 8.328,55 C – Estoque R$ 8.328,55 D – ICMS s/ vendas R$ 3.000,00 C – ICMS a recolher R$ 3.000,00 D – PIS s/ vendas R$ 162,50 C – PIS a recolher R$ 162,50 D – COFINS s/ vendas R$ 750,00 C – COFINS a recolher R$ 750,00 Em 20/05, foram adquiridas 4 unidades por R$ 2.300,00 cada, porém, descontando o ICMS, entrou no estoque o total de R$ 8.096,00. Assim, o estoque final totalizou R$ 11.427,42, composto por 6 unidades de R$ 1.904,57 cada. D – Estoque R$ 8.096,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.104,00 C – Fornecedores R$ 9.200,00 Em 27/05, foi realizada uma venda de 6 unidades que totalizou R$ 24.000,00. Essa venda foi composta pelas 6 unidades de R$ 1.904,57. Assim, o custo da mercadoria vendida foi R$ 11.427,42, o que zerou o estoque. 141 D – Clientes R$ 24.000,00 C – Receita de Vendas R$ 24.000,00 D – CMV R$ 11.427,42 C – Estoque R$ 11.427,42 D – ICMS s/ vendas R$ 2.880,00 C – ICMS a recolher R$ 2.880,00 D – PIS s/ vendas R$ 156,00 C – PIS a recolher R$ 156,00 D – COFINS s/ vendas R$ 720,00 C – COFINS a recolher R$ 720,00 Entretanto, no dia seguinte, o cliente devolveu uma unidade. Assim, entra no estoque novamente a mercadoria mais recente, no valor de R$ 1.904,57. Com isso, o estoque, no dia 28/05, é de R$ 1.904,57, composto por uma unidade. D – Devolução de vendas R$ 4.000,00 C – Clientes R$ 4.000,00 D – Estoque R$ 1.904,57 C – CMV R$ 1.904,57 D – ICMS a recuperar R$ 480,00 C – ICMS s/ vendas R$ 480,00 D- PIS a recuperar R$ 26,00 C – PIS s/ vendas R$ 26,00 D – COFINS a recuperar R$ 120,00 C – COFINS s/ vendas R$ 120,00 Portanto, no PEPS, o saldo final de estoque foi de R$ 2.024,00. Já no Custo Médio foi de R$ 1.904,57. Essa diferença encontra-se no CMV, pois o CMV do Custo Médio foi maior, totalizando R$ 17.851,40. 4.5 MÉTODO PEPS NO LUCRO REAL Em vez da empresa JGS ser do Simples Nacional ou do Lucro Presumido, mas fosse do Lucro Real, como ficaria o estoque a partir do método PEPS? 142 TABELA 10 – CONTROLE DE ESTOQUE PEPS – LUCRO REALFONTE: A autora É importante lembrar que, no Lucro Real, a empresa consegue aproveitar os créditos de ICMS, PIS e COFINS na compra, e que as alíquotas são de 12%, 1,65% e 7,60%, respectivamente. Por isso, o saldo inicial de estoque foi alterado, por não ter incorporado esses tributos no estoque. A compra do dia 07/05 foi lançada no estoque pelo valor, descontando ICMS, PIS e COFINS, visto que se podem recuperá-los, ou seja, no estoque entrou R$ 7.875,00. O saldo final do estoque, no dia 07/05, foi de R$ 11.746,87, formado por 3 unidades de R$ 1.290,62 e 5 unidades de R$ 1.575,00. D – Estoque R$ 7.875,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.200,00 D – PIS a recuperar R$ 165,00 D – COFINS a recuperar R$ 760,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 DICA Para relembrar: • 10.000 x 12% = R$ 1.200 de ICMS a recuperar • 10.000 x 1,65% = R$ 165,00 de PIS a recuperar • 10.000 x 7,6% = R$ 760,00 de COFINS a recuperar 143 No dia 08/05, a empresa devolveu uma unidade que comprou no dia anterior. Por isso, temos que lembrar que, no momento da compra, aproveitamos os tributos, agora, ao devolver, precisamos devolvê-los também com base em uma unidade. Essa devolução saiu do estoque no valor de R$ 1.575,00. Desse modo, no final do dia 8/05, a empresa tinha um saldo de estoque de R$ 10.171,87, composto por 3 unidades de R$ 1.290,62 e 4 unidades de R$ 1.575,00. D – Fornecedores R$ 2.000,00 C – ICMS a recolher R$ 240,00 C – PIS a recolher R$ 33,00 C – COFINS a recolher R$ 152,00 C – Estoque R$ 1.575,00 No dia 10/05, a empresa vendeu 5 unidades por um total de R$ 25.000,00. Considerando o método PEPS, primeiro saíram 3 unidades de R$ 1.290,62 e, depois, 2 unidades de R$ 1.575,00. Assim, o custo da mercadoria vendida foi de R$ 7.021,86. O saldo final do estoque nesse dia foi de R$ 3.150,00, formado por duas unidades de R$ 1.575,00. D – Clientes R$ 25.000,00 C – Receita de Vendas R$ 25.000,00 D – CMV R$ 7.021,86 C – Estoque R$ 7.021,86 D – ICMS s/ vendas R$ 3.000,00 C – ICMS a recolher R$ 3.000,00 D – PIS s/ vendas R$ 412,50 C – PIS a recolher R$ 412,50 D – COFINS s/ vendas R$ 1.900,00 C – COFINS a recolher R$ 1.900,00 Em 20/05, foram adquiridas 4 unidades por R$ 2.300,00 cada, descontando os impostos, entrando no estoque um total de R$ 7.245,00. Assim, o estoque final totalizou R$ 10.395,00, composto por 2 unidades de R$ 1.575,00 e 4 unidades de R$ 1.811,25. D – Estoque R$ 7.245,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.104,00 D – PIS a recuperar R$ 151,80 D – COFINS a recuperar R$ 699,20 C – Fornecedores R$ 9.200,00 Em 27/05, foi realizada uma venda de 6 unidades, que totalizou R$ 24.000,00. 144 Essa venda foi composta pelas duas unidades de R$ 1.575,00 e por 4 unidades de R$ 1.811,25. Assim, o custo da mercadoria vendida foi de R$ 10.395,00, o que zerou o estoque. D – Clientes R$ 24.000,00 C – Receita de Vendas R$ 24.000,00 D – CMV R$ 10.395,00 C – Estoque R$ 10.395,00 D – ICMS s/ vendas R$ 2.880,00 C – ICMS a recolher R$ 2.880,00 D – PIS s/ vendas R$ 396,00 C – PIS a recolher R$ 396,00 D – COFINS s/ vendas R$ 1.824,00 C – COFINS a recolher R$ 1.824,0 Entretanto, no dia seguinte, o cliente devolveu uma unidade. Assim, entrou no estoque novamente a mercadoria mais recente, no valor de R$ 1.811,25. Com isso, o estoque, no dia 28/05, é de R$ 1.811,25, composto por uma unidade. D – Devolução de vendas R$ 4.000,00 C – Clientes R$ 4.000,00 D – Estoque R$ 1.811,25 C – CMV R$ 1.811,25 D – ICMS a recuperar R$ 480,00 C – ICMS s/ vendas R$ 480,00 D- PIS a recuperar R$ 66,00 C – PIS s/ vendas R$ 66,00 D – COFINS a recuperar R$ 304,00 C – COFINS s/ vendas R$ 304,00 4.6 MÉTODO DO CUSTO MÉDIO NO LUCRO REAL Nesse momento, simularemos o controle do estoque pelo custo médio. 145 TABELA 11 – CONTROLE DE ESTOQUE CUSTO MÉDIO – LUCRO REAL FONTE: A autora A compra do dia 07/05 foi lançada pelo valor de R$ 7.875,00, descontando os impostos, ou seja, entrou no estoque R$ 7.875,00. O saldo final do estoque, no dia 07/05, foi de R$ 11.746,87, formado por 8 unidades ao custo médio de R$ 1.468,36. D – Estoque R$ 7.875,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.200,00 D – PIS a recuperar R$ 165,00 D – COFINS a recuperar R$ 760,00 C – Fornecedores R$ 10.000,00 Em 08/05, a empresa devolveu uma unidade que comprou no dia anterior. Essa devolução foi no valor de R$ 1.575,00. Dessa forma, no final do dia 8/05, a empresa tinha um saldo de estoque de R$ 10.171,87, composto por 7 unidades ao custo médio de R$ 1.453,12 cada. D – Fornecedores R$ 2.000,00 C – ICMS a recolher R$ 240,00 C – PIS a recolher R$ 33,00 C – COFINS a recolher R$ 152,00 C – Estoque R$ 1.575,00 Em 10/05, a empresa vendeu 5 unidades por um total de R$ 25.000,00. Considerando o método custo médio, saíram 5 unidades pelo valor unitário de R$ 1.453,12. Dessa forma, o custo da mercadoria vendida foi R$ 7.265,60. O saldo final do estoque, nesse dia, foi de R$ 2.906,24 e 2 unidades. D – Clientes R$ 25.000,00 C – Receita de Vendas R$ 25.000,00 D – CMV R$ 7.265,60 C – Estoque R$ 7.265,60 D – ICMS s/ vendas R$ 3.000,00 C – ICMS a recolher R$ 3.000,00 146 D – PIS s/ vendas R$ 412,50 C – PIS a recolher R$ 412,50 D – COFINS s/ vendas R$ 1.900,00 C – COFINS a recolher R$ 1.900,00 Em 20/05, foram adquiridas 4 unidades por R$ 2.300,00 cada, porém, descontando os impostos, entrou no estoque o total de R$ 7.245,00. Assim, o estoque final totalizou R$ 10.151,24, composto por 6 unidades de R$ 1.691,87 cada. D – Estoque R$ 7.245,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.104,00 D – PIS a recuperar R$ 151,80 D – COFINS a recuperar R$ 699,20 C – Fornecedores R$ 9.200,00 Em 27/05, foi realizada uma venda de 6 unidades de R$ 1.691,87 cada, que totalizou R$ 24.000,00. Assim, o custo da mercadoria vendida foi de R$ 10.151,24, o que zerou o estoque. D – Clientes R$ 24.000,00 C – Receita de Vendas R$ 24.000,00 D – CMV R$ 10.151,24 C – Estoque R$ 10.151,24 D – ICMS s/ vendas R$ 2.880,00 C – ICMS a recolher R$ 2.880,00 D – PIS s/ vendas R$ 396,00 C – PIS a recolher R$ 396,00 D – COFINS s/ vendas R$ 1.824,00 C – COFINS a recolher R$ 1.824,00 Entretanto, no dia seguinte, o cliente devolveu uma unidade. Desse modo, entrou no estoque novamente a mercadoria mais recente, no valor de R$ 1.691,87. Com isso, o estoque, no dia 28/05, era de R$ 1.691,87, composto por uma unidade. D – Devolução de vendas R$ 4.000,00 C – Clientes R$ 4.000,00 D – Estoque R$ 1.691,87 C – CMV R$ 1.691,87 147 D – ICMS a recuperar R$ 480,00 C – ICMS s/ vendas R$ 480,00 D- PIS a recuperar R$ 66,00 C – PIS s/ vendas R$ 66,00 D – COFINS a recuperar R$ 304,00 C – COFINS s/ vendas R$ 304,00 Podemos observar que, no Lucro Real, assim como nos outros regimes de tributação, também houve diferença no saldo final do estoque no CMV. O saldo final é maior no PEPS, que tem o CMV menor. Já no custo médio o CMV é maior, o que gera um saldo final maior. Na Tabela 12, podemos visualizar um resumo dos valores em cada método de controle e regime de tributação. TABELA 12 – RESUMO DOS MÉTODOS DE CONTROLE DE ESTOQUE E TRIBUTAÇÃO Regime Método CMV Créditos Fiscais Débitos Fiscais Tributos a recolher Saldo Final de Estoque Simples PEPS R$ 20.150 - R$ 1.800 R$ 1.800 R$ 2.300 Simples Custo Médio R$ 20.285,75 - R$ 1.800 R$ 1.800 R$ 2.164,29 Lucro Pre- sumido PEPS R$ 17.732 R$ 2.930 R$ 7.908,50 R$ 4.978,50 R$ 2.024 Lucro Pre- sumido Custo Médio R$ 17.851,40 R$ 2.930 R$ 7.908,50 R$ 4.978,50 R$ 1.904,57 Lucro Real PEPS R$ 15.605,61 R$ 4.930 R$ 10.837,50 R$ 5.907,50 R$ 1.811,25 Lucro Real Custo Médio R$ 15.724,95 R$ 4.930 R$ 10.837,50 R$ 5.907,50 R$ 1.691,87 FONTE: A autora Percebe-se que o custo da mercadoria vendida é sempre maior no controle de estoque pelo custo médio, logo, o saldo final de estoque será menor também, pois as unidades que foram vendidas saíram do estoque com um preço maior. OCusto Médio impacta na DRE com menores lucros, visto que, tendo um CMV maior que no PEPS, isso diminuirá o resultado. É importante destacar que, no Simples Nacional, vai sempre o valor total da nota fiscal para o estoque, pois não possui créditos fiscais de tributos a recuperar. Já as empresas do Lucro Presumido possuem o ICMS e o IPI (quando for o caso) para 148 recuperar sobre as compras e, por isso, o custo da mercadoria é um pouco menor que no Simples Nacional. Já nas empresas do Lucro Real, devido à possibilidade de aproveitamento de crédito fi scal de ICMS, IPI, PIS e COFINS, o custo da mercadoria é bem menor que os demais regimes. No entanto, vemos o oposto no que se refere aos débitos fi scais, em que o Simples Nacional é o que menos gera tributos a recolher (no caso do nosso exemplo), seguido pelo Lucro Presumido, que consideramos um total de 15,65% de tributos a recolher. No Lucro Real, ao considerar 21,25% de tributos, foi o regime com valores mais altos. É importante ressaltar que não consideramos o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no Lucro Presumido e Lucro Real, uma vez que o objetivo não é fazer um planejamento tributário, mas verifi car o comportamento do custo da mercadoria vendida e dos tributos incidentes sobre mercadorias. ESTUDOS FUTUROS Sobre planejamento tributário, deixaremos para a disciplina de Contabilidade e Planejamento Tributário. GESTÃO DE ESTOQUE SUBSTITUI OLHÔMETRO E AJUDA A ENFRENTAR OSCILAÇÃO DE VENDAS Tecnologia e parcerias estratégicas ajudam a otimizar distribuição das mercadorias Um bom gerenciamento do estoque é essencial para a saúde das empresas. Não pode, literalmente, sobrar ou faltar mercadoria. “Dimensionar o volume correto é essencial para a sobrevivência. Não pode haver excesso, a ponto de imobilizar muito capital de giro, nem escassez, a ponto de não ser possível atender os clientes num dia de mais movimento”, afi rma Ivan Hussani, diretor técnico do Sebrae-SP. Um dos maiores erros cometidos pelos empreendedores é tratar todos seus produtos como iguais. Ou seja, estocar uma quantidade semelhante de todas as mercadorias que estão à venda. 149 “É preciso saber as especificidades de cada coisa, conhecer a demanda de cada produto. Não posso usar o mesmo padrão para todos os itens se eu quiser manter um nível de serviço alto para os clientes”, diz André Duarte, professor de operações do Insper. O empresário Erick Lima, 30, tem visto de perto as dificuldades gerenciamento. Sua empresa, a eMove, que vende, online e fisicamente, patinetes, bicicletas e monociclos elétricos, importa os produtos e suas peças de reposição da China e armazena tudo num depósito de self storage. A companhia traz ao Brasil cerca de 400 itens por mês, sem contar as peças, e, para isso, freta um contêiner. “A parte mais difícil é a gestão das peças, porque a gente não sabe ao certo o que vai acontecer”, diz Lima, referindo-se às avarias específicas que os produtos de diferentes clientes podem apresentar. Para mitigar os riscos, a empresa separa alguns dos produtos inteiros para que, numa emergência, determinada peça seja retirada para substituir a defeituosa de outra unidade. A eMove, fundada no fim de 2017, deve crescer entre 200% e 300% neste ano em relação a seus números de 2018, quando faturou perto de R$ 6 milhões. O alto crescimento também dificulta a gestão do estoque. “Já errei para menos [na composição do estoque] uma vez que vendemos mais do que imaginávamos, mas é uma coisa que vou aprendendo e melhorando na prática”, diz Lima. A gestão das mercadorias armazenadas torna-se ainda mais importante quando se lida com produtos perecíveis, que não podem ficar guardados por muito tempo. Nesse sentido, a Flores Online, e-commerce de flores, trabalha com o mínimo possível de produtos em estoque. “Nosso centro de distribuição fica pertinho do Ceagesp, e as compras são feitas quase diariamente”, diz o diretor-executivo, Luiz Torres, 37. A companhia mantém reservas para apenas um ou dois dias de operação, guardadas dentro de uma câmara fria, a 10 °C, e conta com uma rede de floriculturas parceiras pelo país para otimizar as entregas fora da Grande São Paulo. “Fazemos as parcerias e usamos o estoque e o sistema de entregas dessas floriculturas. Recebemos os pedidos e repassamos a elas”, afirma. Para ocasiões com picos de venda nesse mercado, como Dia dos Namorados ou Dia das Mães, a empresa faz um estudo e se baseia nos números do ano anterior mais a expectativa de crescimento do ano para compor o estoque e se prevenir. 150 “Quem trabalha com perecíveis tem uma dificuldade a mais. Além de todos os cuidados sanitários, a logística de distribuição tem de ser mais eficiente, porque o produto estraga rápido”, afirma Duarte, do Insper. A Flores Online existe desde 1998, cresceu 30% em 2018 e tem expectativa de atingir R$ 80 milhões em faturamento nos próximos três anos. Outra aliada para a gestão de mercadorias estocadas é a tecnologia. “Um sistema de gestão, por mais simples que possa ser, nem que seja manual, é fundamental. Muita gente fica só no ‘olhômetro’ e aí acontecem os problemas”, afirma Hussini, do Sebrae-SP. A Infracommerce, maior empresa da América Latina em negócios digitais, gere o estoque de cerca de 90 lojas que vendem de relógios a produtos perecíveis. Em seu centro de distribuição, a companhia mantém uma média de 300 mil produtos armazenados, e precisa localizá-los rapidamente quando há uma compra. A companhia usa um software para auxiliar seus 180 funcionários envolvidos diretamente no processo. “O sistema manda guardar cada produto num lugar específico. Não podemos procurar entre 300 mil itens. Quando tem o pedido, o funcionário já sabe exatamente onde encontrar”, diz Luiz Pavão, diretor de estratégias da empresa. FONTE: Adaptado de FERRASOLI, D. Gestão de estoque substitui olhômetro e ajuda a enfrentar oscilação de vendas. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mpme/2019/02/gestao-de- -estoque-substitui-olhometro-e-ajuda-a-enfrentar-oscilacao-de-vendas.shtml. Acesso em: 29 ago. 2021. https://www1.folha.uol.com.br/mpme/2019/02/gestao-de-estoque-substitui-olhometro-e-ajuda-a-enfrentar-oscilacao-de-vendas.shtml https://www1.folha.uol.com.br/mpme/2019/02/gestao-de-estoque-substitui-olhometro-e-ajuda-a-enfrentar-oscilacao-de-vendas.shtml 151 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • O controle de estoque permanente fornece dados em tempo real, o exato valor do custo da mercadoria vendida, não consome muito tempo comparado a contagens físicas, sendo menos suscetível a erros humanos. • O método PEPS significa “primeiro que entra, primeiro que sai”. • O método pelo custo médio modifica o valor unitário a cada compra de mercadoria. • Se compararmos o custo médio com o PEPS, sempre teremos um custo da mercadoria vendida maior, o que impactará na DRE com um lucro menor. O saldo de estoque final no Custo Médio será sempre menor. • Empresas do Simples Nacional, por não terem aproveitamento de créditos fiscais, possuem custo da mercadoria vendida maior do que em empresas do Lucro Real ou Presumido. 152 1 O controle de estoque permanente fornece dados em tempo real, o exato valor do custo da mercadoria vendida, não consome muito tempo comparado a contagens físicas, sendo menos suscetível a erros humanos. Explique a importância de se manter um controle de estoque permanente. 2 Em uma compra de mercadoria para revenda no valor total de R$ 15.000,00, com incidência de ICMS de 12%, qual é o valor, de modo geral, que entra no estoque em uma empresa do Simples Nacional? a) ( ) R$ 15.000,00. b) ( ) R$ 13.200,00. c) ( ) R$ 11.812,50. d) ( ) R$ 24.345,00. 3 Em uma compra de mercadoria para revenda no valor total de R$ 22.000,00, com incidência de ICMS de 12%, qual é o valor que entra no estoque em uma empresa do Lucro Presumido? a) ( ) R$ 22.000,00. b) ( ) R$ 19.360,00.c) ( ) R$ 17.325,00. d) ( ) R$ 24.345,00. 4 Em uma compra de mercadoria para revenda no valor total de R$ 7.000,00, com incidência de ICMS de 12%, qual é o valor que entra no estoque em uma empresa do Lucro Real? a) ( ) R$ 7.000,00. b) ( ) R$ 5.512,50. c) ( ) R$ 6.160,00. d) ( ) R$ 4.180,00. 5 Em uma empresa do Simples Nacional, ocorreram as seguintes operações com mercadorias no mês de março: • 01/03: compra de 5 unidades no valor total de R$ 2.500,00. • 03/03: compra de 7 unidades no valor total de R$ 3.670,00. • 10/03: venda de 6 unidades. Faça o controle de estoque pelos métodos PEPS e de Custo Médio e indique qual gerou o menor custo da mercadoria vendida. AUTOATIVIDADE 153 FOLHA DE PAGAMENTO 1 INTRODUÇÃO A empresa é quase um ser vivo: sem as pessoas que a gerenciam e que fazem as operações acontecerem, nada funcionaria. Não basta ter toda a tecnologia do mundo, automatizações, máquinas, robôs: as empresas precisam de pessoas para comandar. E como todo proprietário de empresa que tem funcionários, há a preocupação em garantir uma correta gestão de pessoas tanto para seu bem-estar, como para as questões que se referem a sua remuneração. É por isso que o contador, assim como o dono, deve ser conhecedor e ter habilidades para calcular, contabilizar e gerir os salários, férias, décimos terceiros, e encargos inerentes ao setor de pessoal. De um modo geral, as operações com pessoal consistem na elaboração da folha de pagamento, que inclui os salários brutos e os ganhos extras, como o salário- família, salário-maternidade, horas extras, descontos dos empregados e determinação do salário líquido. Além disso, também consistem no cálculo de despesas adicionais que são de responsabilidade da empresa, como a previdência social, fundo de garantia, décimo terceiro, férias (ALMEIDA; MONTOTO, 2018). Além de saber calcular corretamente, o contador deve registrar todos os valores na contabilidade por meio de lançamentos contábeis, o que impacta no Balanço Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício. Por isso é que agora vamos iniciar os estudos sobre a folha de pagamento e em seguida, sobre o cálculo das despesas adicionais. 2 FOLHA DE PAGAMENTO De um modo geral, a apresentação de uma folha de pagamento é composta conforme segue: UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 154 TABELA 13 – ESTRUTURA DA FOLHA DE PAGAMENTO FONTE: Adaptada de Almeida e Montoto (2018) Na tabela a seguir temos um exemplo de folha de pagamento: TABELA 14 – EXEMPLO DE FOLHA DE PAGAMENTO FOLHA DE PAGAMENTO SALÁRIO BRUTO R$ 100.000,00 (+) ADICIONAIS R$ 50.000,00 Horas Extras R$ 20.000,00 Comissões R$ 10.000,00 Prêmios R$ 5.000,00 Salário-Família R$ 8.000,00 Salário-Maternidade R$ 7.000,00 (-) DESCONTOS (R$ 34.000,00) Previdência R$ 11.000,00 IRPF R$ 15.000,00 Contribuição Sindical R$ 2.000,00 Descontos Judiciais R$ 6.000,00 = SALÁRIO LÍQUIDO R$ 116.000,00 FONTE: Adaptada de Almeida e Montoto (2018) No caso do exemplo, é a folha de pagamento de todos os funcionários desta empresa juntos. Agora que vimos a estrutura genérica de uma folha de pagamento, vamos, inicialmente, estudar sobre o salário bruto e os adicionais. 155 2.1 SALÁRIO BRUTO E ADICIONAIS O salário bruto ou salário-base é a remuneração mensal do trabalhador sem considerar os descontos. Esse valor foi combinado com o funcionário como remuneração pelo trabalho que será executado, para determinada carga horária. Além disso, é sobre o salário bruto que são calculados e adicionadas as horas extras, prêmios, gratificações, salário-família, salário-maternidade. As horas extras são adicionais em função de trabalho em carga horária maior que a normal, e os prêmios e gratificações são adicionais que se referem a metas atingidas. O salário-família e o salário-maternidade são responsabilidades da seguridade social: a empresa paga, mas compensa depois no momento de recolher as obrigações mensais com a previdência. O salário-família é pago aos empregados com salário mensal de até R$ 1503,25 (valor vigente para 2021) com o objetivo de auxiliar no sustento dos filhos de até 14 anos de idade ou inválidos de qualquer idade. O valor que o beneficiário vai receber dependerá do número de filhos: cada dependente garante um valor de R$ 51,27. Portanto: - 1 filho: R$ 51,27 - 2 filhos: R$ 102,54 - 5 filhos: R$ 256,35 Esses valores são válidos para 2021 e sempre mudam conforme ajuste anual do governo. Vamos a um exemplo? Um funcionário de uma empresa com salário de R$ 1.400,00 recebe o benefício por quatro filhos, todos com idade abaixo de 14 anos. Qual o lançamento que deve ser feito ao final de cada mês referente ao salário família? Como o trabalhador tem direito a R$ 51,27 por cada filho, o valor total a receber mensalmente será de R$ 205,08. E na contabilidade, como fica? D – Salário-família a recuperar (AC) R$ 194,48 C – Salários a pagar R$ 194,48 Pode surgir uma dúvida sobre qual o motivo de lançar no Ativo Circulante, não é uma despesa? NÃO. É um valor gasto pela empresa, mas não é uma despesa, pois é um direito que será recuperado quando ocorrer o recolhimento de outras obrigações relacionadas à previdência social. Sobre isso, veremos mais à frente. As mulheres empregadas que contribuem para a previdência social têm direito ao salário-maternidade nos 120 dias em que ficam afastadas do emprego por causa do parto. Qual o valor do benefício? Para quem tem salário fixo, o valor corresponde 156 à remuneração devida no mês do afastamento. Quem tem salário variável recebe o equivalente à média salarial dos 6 meses anteriores. Vamos a um exemplo? Uma funcionária de uma empresa com salário equivalente a R$ 2.000,00 inicia seu período de licença-maternidade. Qual deverá ser o lançamento contábil nos meses de afastamento dessa funcionária? D – Salário-maternidade a recuperar (AC) R$ 2.000,00 C – Salários a pagar R$ 2.000,00 Assim como o salário-família, o salário-maternidade é um valor gasto pela empresa, mas não é uma despesa. Dessa forma, esse valor é registrado no ativo circulante a recuperar, pois é um direito que será recuperado quando houver o recolhimento de outras obrigações da previdência social. 2.2 DESCONTOS Os descontos diminuem o salário do empregado, e podem ser classificados como autorizados, que são aqueles relativos à participação do empregado nos custos de planos de assistência médica ou dentária, com vale-transporte (nesse caso o desconto é de 6% do salário sem adicionais). Os descontos podem ser também do tipo retenção ou compensação. As retenções são aqueles valores que a empresa tem a responsabilidade legal de descontar e repassar a terceiros ou que o próprio empregado autorizou a empresa a fazer. É o caso do INSS, IRRF, Contribuição sindical, associação de classe, pagamento de ordem judicial etc. Sobre o INSS, vejamos a Tabela 15 que apresenta as alíquotas vigentes para 2021: TABELA 15 – TABELA INSS VÁLIDA EM 2021 Tabela para Empregado, Empregado Doméstico e Trabalhador Avulso a partir de 1º de janeiro de 2021. Salário de Contribuição (R$) Alíquota Até R$ 1.100 7,5% De R$ 1.100,01 a R$ 2.203,48 9% De R$ 2.203,49 até R$ 3.305,22 12% De R$ 3.305,23 até 6.433,57 14% FONTE: Adaptada de <https://www.inss.gov.br/servicos-do-inss/calculo-da-guia-da-previdencia- -social-gps/tabela-de-contribuicao-mensal/>. Acesso em: 22 out. 2021. 157 Percebemos na Tabela 15: • Se o salário for de até R$ 1.100,00 (salário-mínimo), a alíquota de INSS que incide será de 7,50%. • Para a quantidade de salário que estiver acima de R$ 1.100 e até R$ 2.203,48, a alíquota será 9%. • Para o que estiver acima de R$ 2.203,48 até R$ 3.305,22, a alíquota será de 12%. • E o que estiver acima de R$ 3.305,22 até R$ 6.433,57, a alíquota será de 14%. Então o trabalhador paga uma alíquota para cada parte do salário. Vejamos um exemplo: Se o salário do funcionário Léo da Vinci for R$ 5.000,00 mensal, qual será o valor de INSS descontado dele? Faixa 1: Até R$ 1.100= 1.100 x 7,50% = R$ 82,50 Faixa 2: Até R$ 2.203,48 = 2.203,48 – 1.100 = 1.103,48 x 9% = R$ 99,31 Faixa 3: Até R$ 3.305,22= 3.305,22 – 2.203,48 = 1.101,74 x 12% = R$ 132,21 Faixa 4: Até R$ 6.433,57= 5.000 – 3.305,22 = 1.694,78 x 14% = R$ 237,27 TOTAL DE INSS A DESCONTAR= R$ 551,29 Vale lembrar que se o salário for acima do teto, ou seja, acima de R$ 6.433,57, o valor máximo a ser descontado de INSS será R$ 751,99. Com relação ao IRRF, também há uma tabela que indica quais alíquotas serão utilizadas de acordo com a faixa salarial do empregado. Vejamos a Tabela 16: TABELA 16 – IR RENDIMENTO MENSAL Tabela do IR Rendimento Mensal Base de cálculo Alíquota Parcela a deduzir do IRPF Até R$ 1.903,98 Isento R$ 0,00 De R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65 7,50% R$ 142,80 ATENÇÃO Perceba que não pegamos o valor de R$ 5.000,00 e simplesmente aplicamos a alíquota de 14%. 158 Tabela do IR Rendimento Mensal De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 15% R$ 354,80 De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 22,50% R$ 636,13 Acima de R$ 4.664,68 27,50% R$ 869,36 FONTE: Adaptada de <https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/noticias/2007/dezembro/receita- -publica-tabela-para-calculo-do-ir-na-fonte>. Acesso em: 24 abr. 2021. A base de cálculo do IRPF é um pouco diferente do cálculo do INSS, pois não considera o salário sozinho e sim o salário deduzido do INSS e, também, deduzido do dependente, quando for o caso. Além do mais, possui um valor a deduzir conforme cada faixa. É possível deduzir o valor mensal de R$ 189,59 por cada dependente. Para a Receita Federal, um dependente pode ser fi lho e enteado de até 21anos, ou de qualquer idade se for incapaz de trabalhar, ou até 24 anos se estiver cursando o ensino superior. DICA Existem muitos outros casos nos quais é possível inserir outras pessoas como dependentes. Para saber mais, acesse o QR Code: Continuemos agora o cálculo do IRRF que será descontado do funcionário Léo da Vinci. Sabemos que o seu salário é de R$ 5.000,00 e que o INSS relativo a ele é de R$ 551,29. Suponha que o Léo possua uma fi lha de cinco anos como dependente. Qual será o valor de IRRF descontado de sua folha de pagamento? Salário: R$ 5.000,00 (-) INSS: R$ 551,29 (-) Dependente: R$ 189,59 = Base de cálculo: R$ 4.259,12 Alíquota de 22,50% (faixa 4) = 4.259,12 x 22,50% = R$ 958,30 (-) Parcela a deduzir (faixa 4): R$ 636,13 = IRPF a descontar da folha: 958,30 – 636,13 = R$ 322,17 159 Como ficam esses valores na contabilidade? Descontamos o valor dos impostos calculados da conta de salários a pagar, visto que esses valores diminuem o salário do empregado e em contrapartida, fazemos os lançamentos dos impostos no passivo circulante, pois a empresa é a responsável por pagar esses impostos, mesmo sendo referente aos empregados. D – Salários a pagar R$ 873,46 C – INSS a recolher R$ 551,29 C – IRRF a recolher R$ 322,17 Agora vamos estudar os descontos do tipo “compensação”. As compensações são adiantamentos ou valores que devem ser descontados e que não serão repassados a terceiros (ALMEIDA; MONTOTO, 2018). Dois exemplos clássicos são os adiantamentos de salários ou empréstimos que a empresa tenha feito aos empregados. Veja como fica o lançamento contábil do adiantamento: D – Adiantamento a empregados (AC) R$ 1.000,00 C – Caixa / Banco R$ 1.000,00 Considerando que se torna um direito de a empresa receber esse adiantamento em forma de “serviços” do empregado, o lançamento é feito a débito em conta do Ativo Circulante, e a crédito em conta de caixa ou banco. Veja como fica o lançamento quando acontece o desconto do funcionário no final do mês: D – Salários a pagar R$ 1.000,00 C – Adiantamento a empregados (AC) R$ 1.000,00 Fazemos um lançamento a débito na conta de Salários a pagar, pois como esse valor já foi pago ao funcionário em forma de adiantamento, será descontado da folha de pagamento. Logo o salário a ser pago será menor. O crédito é feito na conta de Adiantamento a empregados para zerar esta conta de adiantamento. 2.3 DESPESAS ADICIONAIS Sabemos que a empresa não tem apenas o salário dos funcionários e os respectivos impostos a recolher. A empresa tem também outras despesas adicionais, como o INSS patronal, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), Férias e adicional de 1/3, décimo terceiro salário, vale transporte etc. Vamos iniciar pelo INSS patronal, que é parte da empresa. 160 Nos tópicos anteriores vimos que o empregado também é responsável por uma parte do INSS, que é inclusive descontado do seu salário. Contudo, a parte de INSS Patronal é outra obrigação, da empresa. Nesse caso, a empresa contribui com um percentual sobre a folha de pagamento, com os respectivos adicionais recebidos pelos empregados. O recolhimento previdenciário das empresas, em geral, corresponde à aplicação das seguintes alíquotas, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados: a) 20% referente ao INSS Patronal para as empresas não optantes do Simples Nacional. b) 1%, 2% ou 3% referente ao Risco de Acidente do Trabalho (RAT) e contribuição adicional, se for o caso, variando conforme o grau de risco, acrescido do Fator Acidentário de Prevenção (FAP). c) Geralmente, 5,80% de contribuição variável de Outras Entidades (Terceiros), destinada às entidades SENAI, SESC, SESI etc., em que o INSS se incumbe de arrecadar e repassar. Veremos como fica isso na prática através de um exemplo de folha de pagamento: TABELA 17 – FOLHA DE PAGAMENTO TOTAL Funcionários Setor Salário Bruto Depen- dentes Dedução INSS Dedução IRRF Salário Líquido João Ribeiro Administrativo R$ 2.500,00 2 R$ 217,40 R$ 0,00 R$ 2.282,60 José Ferreira RH R$ 3.000,00 1 R$ 277,40 R$ 47,18 R$ 2.675,42 Flávia Oliveira Operacional R$ 2.000,00 0 R$ 163,50 R$ 0,00 R$ 1.836,50 TOTAIS R$ 7.500,00 R$ 658,30 R$ 47,18 R$ 6.794,52 FONTE: A autora Supondo que essa folha seja do mês de abril de 2021, e considerando que seja uma empresa comercial, com o mínimo de risco de acidente de trabalho, qual será o valor de INSS patronal que a empresa irá pagar? Independente dos valores de descontos e do salário líquido, o cálculo do INSS patronal é realizado sobre o salário bruto, mais as horas extras, gratificações, comissões, se houver. TABELA 18 – INSS PATRONAL SOBRE FOLHA DE PAGAMENTO Remuneração R$ 7.500,00 Alíquota 26,80% Total de INSS Patronal R$ 2.010,00 FONTE: A autora 161 Veja como fica a contabilização desses lançamentos: D – Despesa com INSS (DR) R$ 2.010,00 C – INSS Patronal a recolher (PC) R$ 2.010,00 Além do INSS Patronal, o FGTS também é de responsabilidade da empresa. A contribuição que a empresa faz para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é um depósito mensal em uma conta do empregado, como benefício adicional obrigatório. O percentual a ser utilizado é 8%, independentemente do valor do salário. O FGTS incide sobre a remuneração, que compreende o salário base, horas extras, adicional noturno, insalubridade, periculosidade, comissões, gratificações, décimo terceiro etc. Utilizando o exemplo de folha de pagamento anterior, quanto a empresa terá que pagar de FGTS sobre seus funcionários? TABELA 19 – FGTS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTO Remuneração R$ 7.500,00 Alíquota 8% Total de INSS Patronal R$ 600,00 FONTE: A autora Veja como fica a contabilização do FGTS: D – Despesa com FGTS (DR) R$ 600,00 C – FGTS a recolher (PC) R$ 600,00 Além de tudo isso, a empresa também precisa se atentar ao décimo terceiro salário e as férias dos empregados. O décimo terceiro e as férias adicionadas de 1/3 do seu valor tem o mesmo tratamento ao longo do ano. Essas despesas devem ser lançadas como despesa de cada mês e deve ser feita uma provisão para o pagamento. Também devem ser contabilizados o INSS e o FGTS a recolher sobre essas provisões. Vamos compreender um pouco mais sobre as Férias e o Adicional de Férias, a seguir. A empresa, todo mês, deve realizar os cálculos referentes aos saláriosdos empregados, com INSS Patronal e o FGTS (que acabamos de aprender). Além disso, precisa lançar a despesa referente a 1/12 desse total mais o adicional de 1/3. 162 Continuaremos utilizando o exemplo anterior, em que os salários totalizavam R$ 7.500,00, o INSS Patronal era R$ 2.010,00, e o FGTS era R$ 600,00. O valor a ser contabilizado no mês como despesa de férias será: Não podemos esquecer de calcular o Adicional de 1/3, INSS e FGTS sobre as férias e 1/3. Perceba a seguir como chegamos no Adicional anual: O valor do adicional será R$ 2.500,00, no entanto, a cada mês precisamos registrar 1/12 desse valor, ou seja: R$ 208,33. E o INSS e FGTS são calculados sobre as férias e 1/3 das férias. Assim: INSS = 10.000,00 x 26,80% = 2.680,00/ 12 = R$ 223,33 por mês. FGTS = 10.000,00 x 8% = 800,00 /12 = R$ 66,67 por mês. Agora, veremos como fica a contabilização de tudo isso, começando pelas férias + 1/3: D – Despesa com Férias (DR) R$ 833,33 C – Provisão de Férias (PC) R$ 833,33 E os encargos das Férias: D – Despesa com Férias (DR) R$ 223,33 C – Provisão de Férias (PC) R$ 223,33 D – Despesa com Férias (DR) R$ 66,67 C – Provisão de Férias (PC) R$ 66,67 Esperamos que tenha assimilado até aqui o que se refere às Férias e ao Adicional de 1/3. Você vai ver que o cálculo e lançamento contábil do Décimo Terceiro Salário segue a mesma dinâmica das férias, só que não tem o adicional de 1/3. O décimo terceiro salário precisa ser pago em novembro e dezembro de cada ano e ser contabilizado a cada mês. Para atender ao regime de competência, todo mês precisamos apropriar a despesa com décimo terceiro. 163 Se o décimo terceiro salário é um salário a mais para os empregados, ao utilizar o mesmo exemplo anterior, sabemos que o valor do décimo terceiro será de R$ 7.500,00. Para tanto, precisamos dividir esse valor por 12, para encontrarmos a despesa mensal. A contabilização do décimo terceiro ficará assim: D – Despesa com 13º salário (DR) R$ 625,00 C – Provisão de 13º salário (PC) R$ 625,00 E claro, há INSS e FGTS sobre ele: D – Despesa com 13º salário (DR) R$ 167,50 C – Provisão de 13º salário (PC) R$ 167,50 D – Despesa com 13º salário (DR) R$ 50,00 C – Despesa com 13º salário (DR) R$ 50,00 Por último, vamos estudar sobre o vale-transporte. O vale-transporte é um desconto opcional por parte do empregado, em que, caso faça essa opção, será descontado do salário o valor correspondente a 6% do salário SEM ADICIONAIS, e a empresa complementa o valor necessário para cobrir os gastos totais com deslocamento do funcionário. Vamos supor que em maio de 2021, o funcionário João Ribeiro, que tem um salário de R$ 2.500,00 tenha optado pelo desconto de vale-transporte. O valor total de gastos com vale-transporte mensal que a empresa de transportes cobra é R$ 250,00. O desconto do João será de 6% sobre o salário, logo, 6% de R$ 2.500,00 é: R$ 150,00. Assim, a empresa terá que arcar com a diferença, ou seja: R$ 100,00. A contabilização fica assim: D – Salários a pagar R$ 150,00 D – Despesa com vale-transporte R$ 100,00 C – Vale-transporte a pagar R$ 250,00 É importante mencionar que dependendo do salário do funcionário, os 6% calculados podem cobrir todo o valor do vale-transporte, como também ser superior. Nesse caso, toda a despesa fica por conta do funcionário. Por exemplo, digamos que o José Ferreira tenha optado pelo vale-transporte em maio de 2021. O salário dele é R$ 164 3.000,00 e a empresa de transportes cobra R$ 150,00 mensais para levá-lo e buscá-lo do trabalho. O cálculo ficaria assim: R$ 3.000 x 6% = R$ 180,00 Perceba que o percentual de desconto do José é superior ao valor que a empresa de transportes cobra para transportá-lo. Nesse caso, o valor que será descontado do funcionário é apenas R$ 150,00, pois não faz sentido descontar um valor maior. O lançamento ficaria assim: D – Salários a pagar R$ 150,00 C – Vale-transporte a pagar R$ 150,00 Assim como a empresa tem obrigações acessórias relacionadas às questões tributárias, contábeis e societárias, também precisa informar aos órgãos pertinentes sobre as questões trabalhistas. O não atendimento às obrigações acessórias gera multas e penalidades, por isso é de extrema relevância conhecermos as obrigações acessórias que as empresas estão sujeitas. Conforme o Regulamento da Previdência, Decreto 3.048/1999, Seção III – Das Obrigações Acessórias: Art. 225. A empresa é também obrigada a: I - preparar folha de pagamento da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, devendo manter, em cada estabelecimento, uma via da respectiva folha e recibos de pagamentos; II - lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; III - prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse deles, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização; IV - informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, na forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; VI - afixar cópia da Guia da Previdência Social, relativamente à competência anterior, durante o período de um mês, no quadro de horário de que trata o Art. 74 da Consolidação das Leis do Trabalho. VII - informar, anualmente, à Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7%C3%A3o.htm#art74 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7%C3%A3o.htm#art74 165 por ela estabelecida, o nome, o número de inscrição na previdência social e o endereço completo dos segurados de que trata o inciso III do § 15 do art. 9o, por ela utilizados no período, a qualquer título, para distribuição ou comercialização de seus produtos, sejam eles de fabricação própria ou de terceiros, sempre que se tratar de empresa que realize vendas diretas. VIII - comunicar, mensalmente, os empregados a respeito dos valores descontados de sua contribuição previdenciária e, quando for o caso, dos valores da contribuição do empregador incidentes sobre a remuneração do mês de competência por meio de contracheque, recibo de pagamento ou documento equivalente. § 1º As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios pre- videnciários, bem como constituir-se-ão em termo de confissão de dívida, na hi- pótese do não-recolhimento. § 5º A empresa manterá arquivados os documentos comprobatórios do cumpri- mento das obrigações de que trata este artigo e os documentos comprobató- rios do pagamento de benefícios previdenciários reembolsados até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que os documentos se refiram, observados o disposto no § 22 e nas normas estabelecidas pela Se- cretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Economia e pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. § 9º A folha de pagamento de que trata o inciso I do caput, elaborada mensal- mente, de forma coletiva por estabelecimento da empresa, por obra de constru- ção civil e por tomador de serviços, com a correspondente totalização, deverá: I - discriminar o nome dos segurados, indicando cargo, função ou serviço prestado; II - agrupar os segurados por categoria, assim entendido: segurado empregado, trabalhadoravulso, contribuinte individual; III - destacar o nome das seguradas em gozo de salário-maternidade; IV - destacar as parcelas integrantes e não integrantes da remuneração e os descontos legais; e V - indicar o número de quotas de salário-família atribuídas a cada segurado empregado ou trabalhador avulso. § 13. Os lançamentos de que trata o inciso II do caput, devidamente escriturados nos livros Diário e Razão, serão exigidos pela fiscalização após noventa dias contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições, devendo, obrigatoriamente: I - atender ao princípio contábil do regime de competência; e II - registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do salário-de-contribuição, bem como as 166 FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm>. Acesso em: 22 out. 2021. Se você trabalha no regime da CLT já deve conhecer como é um recibo de folha de pagamento emitido pelas empresas e entregue aos funcionários com todas as informações de remuneração e descontos. Caso não conheça, terá a oportunidade de conhecer agora: FIGURA 1 – EXEMPLO DE RECIBO DE FOLHA DE PAGAMENTO contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços. FONTE: A autora Na Figura 1, vemos um recibo de folha de pagamento da Empresa Bom de Trabalhar Ltda, referente ao mês de agosto de 2021. O funcionário em questão é a Carolina Farias. Vemos também que cada descrição possui um código (isso é configurado conforme o sistema da empresa). Por exemplo, o código do salário é 01, o do INSS é 02, do IRRF é 03 e do Vale-Transporte 04. A referência é uma forma de código que auxilia a empresa no momento de elaborar o recibo. 167 Vemos que a Carolina Farias possui um salário de R$ 3.200,00. Quanto ao INSS, aplicando as alíquotas progressivas para 2021, totalizou R$ 301,40. Quanto ao IRRF, ele se encaixa na Faixa 3 e após deduzir o INSS o valor descontado do imposto é R$ 79,99 (considerando que ela não tenha dependentes). Percebe-se também que ela optou pelo vale-transporte, gerando um desconto de R$ 192,00 do seu salário. Com isso, o seu salário líquido totalizou R$ 2.626,61. Na linha inferior podemos ver as bases de cálculo de cada item. Por exemplo, o salário base é R$ 3.200,00, o que gera uma base de cálculo para o INSS e FGTS de também R$ 3.200,00. O FGTS que a empresa terá que pagar para a Carolina é de R$ 256,00 (8% de R$ 3.200,00). Já a base de cálculo para o IRRF foi de R$ 2.898,60 (R$ 3.200,00 (salário) – R$ 301,40 (INSS)) o que se enquadra na Faixa 3 do imposto de renda, aplicando uma alíquota de 15% sobre a base. Não podemos esquecer que há a parcela a deduzir do IRRF, que no caso desta faixa é de R$ 354,80. Por isso, o imposto de renda retido da folha da Carolina Farias é R$ 79,99. 2.4 PRÓ-LABORE Os assuntos sobre folha de pagamento não terminam por aí. Observamos que os sócios que trabalham na empresa também têm uma espécie de “salário” que é denominado pró-labore. Conforme a Lei 8.212 de 1991 que dispõe sobre a organização da Seguridade Social, Seção I – dos Segurados: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: V - como contribuinte individual: f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o mem- bro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o só- cio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração de- corrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração. FONTE: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso em: 22 out. 2021. Considerando o exposto, os sócios são obrigados a contribuírem com o INSS e o valor da contribuição varia conforme a sua remuneração. No entanto, não se utilizada para os sócios a tabela de INSS utilizada para os funcionários. 168 No caso do pró-labore, utilizamos uma alíquota permanente de 11%, independen- temente do valor recebido pelos sócios. Para 2021, o valor máximo de INSS descontado dos sócios é R$ 707,69, ou seja: R$ 6.433,57 (teto máximo de contribuição) x 11%. Vejamos o exemplo: TABELA 20 – EXEMPLO INSS SOBRE PRÓ-LABORE Sócio Pró-labore Cálculo Magda R$ 5.000,00 5.000 x 11% = R$ 550,00 Reinaldo R$ 7.000,00 6.433,57 x 11% = R$ 707,69 FONTE: A autora Perceba que no caso do Reinaldo, ele recebe um pró-labore acima do teto, então, independentemente do valor que ele receba, o máximo que se pode descontar referente ao INSS é R$ 707,69. Incide IRRF no pró-labore? SIM, e utiliza-se a mesma tabela dos funcionários. Vamos ao cálculo? Consideremos que esses sócios não possuam dependentes. TABELA 21 – CÁLCULO DOS DESCONTOS DO PRÓ-LABORE Sócio Pró-labore INSS IRRF Pró-labore líquido Magda R$ 5.000,00 R$550 5.000 – 550 = 4.450 4.450 x 22,50% = 1.001,25 1.001,25 – 636,13 = 365,12 4.084,88 Reinaldo R$ 7.000,00 R$ 707,69 7.000 – 707,69 = 6.292,31 6.292,31 x 27,5% = 1.730,39 1.730,39 – 869,36 = 861,03 5.431,28 FONTE: A autora A seguir, veremos como fica tudo isso na contabilidade: D – Despesa com pró-labore (DR) R$ 12.000,00 C – INSS a recolher (PC) R$ 1.257,69 C – IRRF a recolher (PC) R$ 1.226,15 C – Pró-labore a pagar (PC) R$ 9.516,16 Neste momento pode surgir a seguinte dúvida: “A empresa tem que pagar INSS Patronal e FGTS sobre o Pró-labore dos sócios”? A resposta é: SIM para o INSS e DEPENDE para o FGTS. No caso do FGTS, a empresa só irá recolher se o sócio optar por isso. 169 O valor que será recolhido de INSS Patronal sobre o Pró-labore será sempre 20%, independente do risco que a empresa tiver. Além do mais, não há aqueles 5,8% sobre terceiros. TABELA 22 – INSS PATRONAL SOBRE PRÓ-LABORE Remuneração R$ 12.000,00 Alíquota 20% Total de INSS Patronal R$ 2.400,00 FONTE: A autora A contabilização se dará da seguinte forma: D – Despesa com INSS R$ 2.400,00 C – INSS a pagar (PC) R$ 2.400,00 NÃO precisa calcular férias, 1/3 de férias e décimo terceiro “pró-labore. 2.5 APLICAÇÃO PRÁTICA DOS CONTEÚDOS Vamos agora, fazer juntos um exemplo de cálculo de folha de pagamento e suas respectivas contabilizações da Empresa Contabilidade PH Ltda, referente à março de 2021. Sendo que o vale-transporte tem um gasto total por funcionário de R$ 400,00. TABELA 23 – INFORMAÇÕES TRABALHISTAS EMPRESA CONTABILIDADE PH LTDA EMPRESA CONTABILIDADE PH LTDA Março/2020 Funcionário Função Salário Maternidade Dependentes Salário Base Pró-Labore Vale Trans- porte Karine Flores Gerente de pessoal Sim 0 R$ 3.500,00 - Não Alan Onofre Assistente de pessoal Não 1 (-14) R$ 1.300,00 - Sim Santiago Fragoso Analista Fiscal Não 2 R$ 2.500,00 - Sim Jessé Mari- nho Analista Contábil Não 1 R$ 2.500,00 - Sim Adriana Toledo Coorde- nador de Setor Não 2 R$ 3.500,00 - Não Patrícia Mota Sócio Não 0 - R$ 4.000,00 Não Henrique Pessoa Sócio Não 0 - R$ 4.000,00 Não FONTE: A autora A partir das informações apresentadas, precisamos calcular o INSS, IRRF, Valor do vale-transporte, e salário-família se houver. 170 Fu n ci on ár io S al ár io B as e Fa ix a IN S S A líq u ot a IN S S IN S S a d e sc o n ta r S a lá ri o F a m íl ia B C IR R F I R R F F a ix a IR R F a d e sc o n ta r V T S a lá ri o L íq u id o K a ri n e F lo re s 3. 50 0 ,0 0 1.1 0 0 7, 50 % 8 2, 50 3 4 1, 2 9 3. 15 8 ,7 1 15 % 4 73 ,8 1 – 3 5 4 ,8 0 = 11 9 ,0 1 3. 0 39 ,7 0 1.1 0 3, 4 8 9, 0 0 % 99 ,3 1 1.1 0 1, 74 12 ,0 0 % 13 2, 21 19 4, 78 14 ,0 0 % 27 ,2 7 A la nO n o fr e 1. 30 0 ,0 0 1.1 0 0 7, 50 % 8 2, 50 10 0 ,5 0 5 1, 2 7 1.1 99 ,5 0 Is en to Is e n to 78 ,0 0 1.1 72 ,7 7 20 0 9, 0 0 % 18 ,0 0 S a n ti a g o F ra g o so 2. 50 0 ,0 0 1.1 0 0 7, 50 % 8 2, 50 2 17 ,4 0 1. 90 3, 4 2 (2 d ep ) Is en to Is e n to 15 0 ,0 0 2. 13 2, 60 1.1 0 3, 4 8 9, 0 0 % 99 ,3 1 29 6, 52 12 ,0 0 % 35 ,5 8 J e ss é M a ri n h o 2. 50 0 ,0 0 1.1 0 0 7, 50 % 8 2, 50 2 17 ,4 0 2. 0 93 ,0 1 (1 d ep ) 7, 5% 15 6 ,9 8 – 14 2 ,8 0 = 14 ,1 8 15 0 ,0 0 2. 11 8 ,4 2 1.1 0 3, 4 8 9, 0 0 % 99 ,3 1 29 6, 52 12 ,0 0 % 35 ,5 8 A d ri a n a T o le d o 3. 50 0 ,0 0 1.1 0 0 7, 50 % 8 2, 50 3 4 1, 2 9 2. 77 9, 53 (2 de p) 7, 5% 2 0 8 ,4 6 – 14 2 ,8 0 = 6 5 ,6 6 3. 0 93 ,0 5 1.1 0 3, 4 8 9, 0 0 % 99 ,3 1 1.1 0 1, 74 12 ,0 0 % 13 2, 21 19 4, 78 14 ,0 0 % 27 ,2 7 P a tr íc ia M o ta 4. 0 0 0 ,0 0 4. 0 0 0 11 % 4 4 0 4 4 0 3. 56 0 ,0 0 15 % 5 3 4 – 3 5 4 ,8 0 = 17 9 ,2 0 3. 38 0 ,8 0 H e n ri q u e P e ss o a 4. 0 0 0 ,0 0 4. 0 0 0 11 % 4 4 0 4 4 0 3. 56 0 ,0 0 15 % 5 3 4 – 3 5 4 ,8 0 = 17 9 ,2 0 3. 38 0 ,8 0 T O TA IS 2 1. 3 0 0 ,0 0 2. 0 97 ,8 8 55 1, 27 55 7, 25 18 .3 18 ,14 TA BE LA 2 4 – CÁ LC U LO D O S D ES CO N TO S E D O S PR O VE N TO S FO N TE : A a ut or a 171 Como chegamos aos valores de INSS? Utilizando a tabela de faixas do INSS. O INSS incide sobre o salário base mais a-hora extra, adicionais (o que não é o caso do nosso exemplo). Apenas o funcionário Alan Onofre tem direito ao salário-família, pois o salário dele bruto é menor que R$ 1.503,25, e possui um dependente menor de 14 anos. Quanto ao IRRF, como atingimos a base de cálculo? Utilizamos o salário-base, menos o INSS, e menos o valor por dependente, que é de R$ 189,59 (para quem tiver dependente, nesse caso, Santiago, Jessé e Adriana). Após encontrar a faixa concernente a cada funcionário, conforme a tabela do IRRF, desconta-se a parcela a deduzir, segundo cada limite. Assim, chegamos ao valor do IRRF a descontar. Perceba que Alan e Santiago não têm desconto de IRRF, pois ambos não atingem o valor mínimo da base de cálculo para a contribuição, que é de R$ 1.903,99. Apenas Alan, Santiago e Jessé optaram pelo vale-transporte. Por isso, calculou- se 6% sobre o salário bruto deles. Com isso, o salário líquido dos funcionários consiste na soma dos proventos menos os descontos. Precisamos, agora, calcular os encargos sociais sobre a folha de pagamento. Os encargos são de responsabilidade da empresa. Assim, o INSS Patronal é calculado sobre o salário-base dos funcionários e o pró-labore. Lembre-se: sobre os funcionários, a alíquota é de 26,80% (para quem tem RAT de 1%), e, sobre o pró-labore, é, só, de 20%. Além disso, não se paga INSS Patronal sobre o salário-maternidade e sobre o salário- família, então, esses valores não farão parte da base para essa obrigação. Não podemos nos esquecer de calcular o FGTS. Nesse caso, os sócios não têm esse direito. Importante frisar que o salário-família não compõe a base para o FGTS, mas o salário-maternidade sim. TABELA 25 – CÁLCULO DO INSS PATRONAL E DO FGTS Base de cálculo para INSS Patronal INSS Patro- nal Base de cálculo para FGTS FGTS Funcionários R$ 9.800 R$ 2.626,40 R$ 13.300 R$ 1.064 Sócios R$ 8.000 R$ 1.600 - - Total R$ 4.226,40 R$ 1.064 FONTE: O autor A empresa, também, precisa pagar a diferença do vale-transporte, que é R$ 400,00 por funcionário. Nesse caso, foram três funcionários que optaram pelo vale- transporte, e já foi descontado, deles, o valor total de R$ 378,00. 172 A empresa terá que arcar com o vale-transporte no valor de: VALE- TRANSPORTE: 400 x 3 = 1.200,00 – 378,00 = R$ 822,00. A empresa deve contabilizar a provisão de férias e o adicional de 1/3, e fazer a provisão do décimo terceiro salário. No entanto, lembre-se de que não é necessário fazer essa provisão para os valores de pró-labore. Veja, também, que o salário-família não entra no cálculo para férias e para décimo, já o salário-maternidade sim. INSS Sobre Férias e 1/3: 1.108,33 + 369,44 = 1.477,77 x 26,80% = R$ 396,04 por mês. FGTS Sobre Férias e 1/3: 1.108,33 + 369,44 = 1.477,77 x 8% = R$ 118,22 por mês. O décimo terceiro salário precisa ser calculado e provisionado, assim como o INSS Patronal e o FGTS sobre ele: PROVISÃO DE DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO: 13.300 /12 = R$ 1.108,33 por mês. INSS sobre décimo terceiro salário: 1.108,33 x 26,80% = R$ 297,03 por mês. FGTS sobre décimo terceiro salário: 1.108,33 x 8% = R$ 88,67 por mês. Após o cálculo de todos os proventos, descontos e encargos sociais, apresentamos uma tabela-resumo com todos os valores necessários para realizar a contabilização da folha de pagamento de março de 2021. TABELA 26 – RESUMO DE VALORES Informação R$ Salário bruto R$ 9.800,00 Salário-maternidade R$ 3.500,00 Pró-labore R$ 8.000,00 INSS do funcionário e dos sócios R$ 2.097,88 Salário-família R$ 51,27 IRRF R$ 557,25 Vale transporte do funcionário R$ 378,00 Salário líquido R$ 11.556,54 Pró-labore líquido R$ 6.761,60 173 INSS Patronal s/ folha R$ 4.226,40 FGTS s/ folha R$ 1.064,00 Vale-transporte - Parte da empresa R$ 822,00 Provisão de férias R$ 1.992,03 Provisão de décimo terceiro R$ 1.494,03 FONTE: A autora Lançamentos contábeis do salário bruto, pró-labore, salário-família e salário- maternidade no dia 31 de março de 2021. 1 D – Despesa com salários (DR) R$ 9.800,00 C – Salários a pagar (PC) R$ 9.800,00 D – Despesa com pró-labore (DR) R$ 8.000,00 C – Pró-labore a pagar (PC) R$ 8.000,00 D – Salário-família a recuperar (AC) R$ 51,27 C – Salários a pagar (PC) R$ 51,27 D – Salário-maternidade a recuperar (AC) R$ 3.500,00 C – Salários a pagar (PC) R$ 3.500,00 Em seguida, precisamos fazer os lançamentos contábeis dos descontos: 2 INSS D – Salários a pagar (PC) R$ 1.217,88 D – Pró-labore a pagar (PC) R$ 880,00 C – INSS a recolher (PC) R$ 2.097,88 IRRF D – Salários a pagar (PC) R$ 198,85 D – Pró-labore a pagar (PC) R$ 358,40 C – IRRF a recolher (PC) R$ 557,25 VALE-TRANSPORTE D – Salários a pagar (PC) R$ 378,00 D – Despesa com vale-transporte (DR) R$ 822,00 C – Vale-transporte a pagar (PC) R$ 1.200,00 Além do mais, é necessário contabilizar os encargos sociais por parte da empresa: 174 3 INSS Patronal D – Despesa com INSS R$ 4.226,40 C – INSS a recolher (PC) R$ 4.226,40 FGTS D – Despesa com FGTS R$ 1.064,00 C – FGTS a recolher (PC) R$ 1.064,00 Ainda, a provisão de férias e de décimo terceiro salário: 4 FÉRIAS D – Despesa com férias (DR) R$ 1.992,03 C – Provisão de férias (PC) R$ 1.992,03 DÉCIMO TERCEIRO D – Despesas com décimo terceiro (DR) R$ 1.494,03 C – Provisão de décimo terceiro (PC) R$ 1.494,03 Você se lembra de que estudamos o salário-família e o salário-maternidade, por serem “compensados” no valor a pagar de INSS? Precisamos fazer os lançamentos de compensação no fim do mês, que ficam assim: 5 COMPENSAÇÃO DO SALÁRIO-FAMÍLIA E MATERNIDADE D – INSS a recolher (PC) R$ 3.551,27 C – Salário-família a recuperar (AC) R$ 51,27 C – Salário-maternidade a recuperar (AC) R$ 3.500,00 Agora que fizemos todos os lançamentos, confira os razonetes para melhor visualizá-los: Despesa com salários (DR) 9.800,00 SF 9.800,00 Salários a pagar (PC) (2) 1.217,88 9.800,00 (1) 198,85 51,27 (1) (2) 378 3.500,00 (1) 11.556,54 SF Despesa com pró-labore (DR) 8.000,00 SF 8.000,00 Pró-labore a pagar (PC) (2) 880 8.000,00 (1) 358,40 6.761,60 (SF) 175 Salário-família a recuperar 51,27 51,27 (5) SF 0 Salário-maternidade a recuperar (AC) 3.500,00 3.500,00 (5) SF 0 Despesa com vale-transporte (DR) 822,00 SF 822,00 INSS a recolher (PC) (5) 3.551,27 2.097,88 (2) 4.226,40 (3) 2.773,01 SF IRRF a recolher (PC) 557,25 (2) 557,25 (SF)Vale-transporte a pagar (PC) 1.200,00 (2) 1.200,00 (SF) Despesa com INSS (DR) 4.226,40 SF 4.226,40 Despesa com FGTS (DR) (3) 1.064,00 1.064,00 (SF) FGTS a recolher (PC) 1.064,00 (3) (SF) 1.064,00 Despesa de Férias (DR) (4) 1.992,03 1.992,03 (SF) Provisão de Férias (PC) 1.992,03 (4) 1.992,03 (SF) Despesa de 13º sal 1.494,03 1.494,03 (SF) 176 Provisão de 13º sal (PC) 1.494,03 (4) 1.494,03 (SF) Ao analisarmos os valores que constam no resumo da folha, vemos que os saldos contábeis fecham exatamente, o que significa que os lançamentos estão corretos. A seguir, você terá a oportunidade de conhecer alguns modelos de documentos de arrecadação do INSS, IRRF, FGTS e seus respectivos códigos de recolhimento. FIGURA 2 – GUIA DE RECOLHIMENTO DO INSS FONTE: <https://uniasselvi.me/3bk8Kw9>. Acesso em: 24 abr. 2021. No caso de empresas que não são optantes pelo Simples Nacional, o código de recolhimento, para a emissão da guia de INSS, é o 2100. Perceba que a guia vence, sempre, no dia 20 do mês subsequente ao da operação, nesse caso, a guia de março vence em abril. Com relação ao exercício que fizemos juntos, o valor total da guia seria de R$ 2.773,01. 177 FIGURA 3 – GUIA DE RECOLHIMENTO DO IRRF FONTE: <https://www.documentoonline.com.br/darf-0561/>. Acesso em: 24 abr. 2021. A figura anterior, com código 0561, refere-se ao IRRF retido da folha dos funcionários e do pró-labore dos sócios. Ela, também, tem data de vencimento no dia 20 do mês seguinte, no entanto, se a data cair em um fim de semana ou feriado, o vencimento é antecipado. No caso do nosso exercício, o valor da guia seria de R$ 557,25. FIGURA 4 – GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS FONTE: <https://www.slideshare.net/webtiva/guia-recolhimento-fgts>. Acesso em: 24 abr. 2021. A guia do FGTS é uma das que vence mais cedo: dia 07 do mês seguinte ao da apuração. No caso do nosso exemplo, o valor da guia seria de R$ 1.064,00. https://www.documentoonline.com.br/darf-0561/ https://www.slideshare.net/webtiva/guia-recolhimento-fgts 178 LEITURA COMPLEMENTAR Tabela de Incidência INSS/FGTS/IRRF RUBRICAS INCIDÊNCIAS INSS FGTS IR Abo- no de qualquer nature- za, salvo o de férias Sim. Art. 28, I, Lei nº 8.212/91, e § 1º, Art. 457, da CLT Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 pecuniário de férias Não. Arts. 28, §9º, e 6, da Lei nº 8.212/91 Não. Art. 144, da CLT Não. *** Nota Econet: Com a publi- cação da Solução de Divergên- cia COSIT nº 001/2009, a partir de 06.01.2009, ficou determina- do que não incidirá Imposto de Renda sobre o abono pecuniá- rio correspondente à conversão de 1/3 (um terço) das férias em pecúnia (Art. 143, da CLT) Adicionais (Insalubridade, periculosi- dade, noturno, de função e tempo de serviço, de trans- ferência, horas extras) Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91, Sú- mula 688, do STF Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90, Súmulas 60 e 63, do TST Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Acidente do Trabalho (Quinze primeiros dias de afastamento pagos pela empresa) Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Acidente do Trabalho (Período do afastamento, decorrente ao afastamento previdenciário) Não. Art. 28, §9º, "a", da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 28, III, do Decreto nº 99.684/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Ajuda de Custo até 50% do sa- lário Não. Art. 28, §9º, g, da Lei nº 8.212/91, e § 2º, Art. 457, da CLT Não. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Não. *** Nota Econet: Para o IRRF, a isenção é, somente, para a ajuda de custo destinada a atender às despesas com transporte, frete e locomoção do beneficiado e dos familiares dele, em caso de remoção de um município para outro, o que é sujeito à comprovação poste- rior pelo contribuinte – Decreto 3.000/99–Art. 39) 179 acima de 50% Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Não. *** Nota Econet: Para o IRRF, a isenção é, somente, para a ajuda de custo destinada a atender às despesas com transporte, frete e locomoção do beneficiado e dos familiares dele, em caso de remoção de um município para outro, o que é sujeito à comprovação poste- rior pelo contribuinte – Decreto 3.000/99–Art. 39) Auxílio-doença (Apenas incide sobre os 15 primeiros dias pagos pela empresa) Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Auxílio-doença (Complementação até o va- lor do salário, desde que este direito seja extensivo à tota- lidade dos empregados da empresa) Não. Art. 28, §9º, e Lei nº 8.212/91 Não. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88; Lei n° 8.541, de 23 de dezembro de 1992; Art. 48, com redação dada pela Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995, Art. 27; RIR/1999, Art. 39, XLII Aviso Pré- vio indenizado Sim. Art. 1º, do De- creto nº 6.727/2009 *** Nota Econet: De acordo com o posicionamento do STJ, não há a inci- dência de INSS so- bre o aviso prévio indenizado, deven- do, o verificado, o posicionamento do Sindicato Repre- sentativo da Cate- goria. Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90; Súmula nº 305, do TST Não. Art. 6º, V, da Lei nº 7.713/88 trabalhado Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Comissões Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 13º Salá- rio 1ª parcela Não. Art. 214, §6º, do Decreto nº 3.048/99 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Não. Art. 16, I da Lei nº 8.134/90 2ª parcela Sim. Art. 214, §6º, do Decreto nº 3.048/99 Sim. Art. 12, XIV, IN nº 25/2001 Sim. Art. 16, II, da Lei nº 8.134/90 Descanso Semanal Remu- nerado (Domingos e feriados, inclusive, reflexo de horas extras, de horas de adicional noturno, de comissões e de produtividade) Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, §6º, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Estagiários Não. Art. 28, §9º, i, da Lei nº 8.212/91 Não. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 180 Férias normais (inclusive, férias coletivas + 1/3 constitucional) Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 *** Nota Econet: O cálculo do IRRF será efetuado, separada- mente, dos demais rendimen- tos pagos no mês, com base na tabela progressiva; a base de cálculo corresponderá ao valor das férias pago ao empregado, acrescido dos abonos previstos no Art. 7º, inciso XVII, da Cons- tituição, e no Art. 143, da CLT; serão admitidas as deduções legais. Decreto 3.000/99 - Art. 625. Gorjetas Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Horas Extras Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Indenizações por tempo de serviço (anterior a 5 de outubro de 1988, do empre- gado não optante pelo FGTS, Art. 478 da CLT) Não. Art. 28, §9º, e 2, da Lei nº 8.212/91 Não. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Não. Art. 6º, V, da Lei nº 7.713/88 Participação nos lucros e nos resultados Não. Art. 28, §9º, j, da Lei nº 8.212/91, e Art. 20, da Lei nº 9.711/98 Não. Art. 3º, da Lei nº 10.101/00 Sim. Art. 3º, da Lei nº 10.101/00 Prêmios Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Quebra de Caixa Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Salário Sim. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Salário-Família Não. Art. 28, §9º, a, da Lei nº 8.036/90 Não. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Não. Art. 25, da Lei nº 8.218/91 Salário-MaternidadeSim. Art. 28, §2º, da Lei nº 8.212/91 Sim. Art. 28, IV, do Decreto nº 99.684/90 Sim. Arts. 3º e 7º, da Lei nº 7.713/88 Utilidades (Alimentação, habitação e transporte, fornecidos pela empresa, ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da da re- sidência dele, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija desloca- mento e estada, observadas as normas de proteção esta- belecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego Não. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Não. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Não. Art. 6º, I, da Lei nº 7.713/88 Vale-Transporte Não. Art. 28, §9º, f da Lei nº 8.212/91 Não. Art. 2º, b, da Lei nº 7.418/85 Não. Art. 6º, I, da Lei nº 7.713/88 181 Vestuários, equipamen- tos e outros acessórios (Fornecidos ao empregado e utilizados no local do tra- balho, para a prestação dos respectivos serviços) Não. Art. 28, I, da Lei nº 8.212/91 Não. Art. 15, da Lei nº 8.036/90 Não. Art. 6º, I, da Lei nº 7.713/88 FONTE: Adaptado de <https://www.sitecontabil.com.br/tabelas/tabela_incidencia_inss_fgts_irrf.html>. Acesso em: 24 abr. 2021. https://www.sitecontabil.com.br/tabelas/tabela_incidencia_inss_fgts_irrf.html 182 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • As operações com pessoal consistem na elaboração da folha de pagamento, que inclui os salários brutos e os ganhos extras, como o salário-família, o salário-maternidade, as horas extras, os descontos dos empregados e a determinação do salário líquido. • As operações com pessoal, também, consistem no cálculo de despesas adicionais que são de responsabilidade da empresa, como a previdência social, o fundo de garantia, o décimo terceiro, e as férias. • O salário bruto, ou salário-base, é a remuneração mensal do trabalhador sem considerar os descontos. Sobre ele, são calculados e adicionados horas extras, prêmios, gratificações, salário-família e salário-maternidade. • O salário-família e o salário-maternidade são responsabilidades da seguridade social: a empresa paga, mas compensa depois, no momento de recolher as obrigações mensais com a previdência. • As mulheres empregadas, que contribuem com a previdência social, têm direito ao salário-maternidade, 120 dias nos quais ficam afastadas do emprego por causa do parto. • O INSS e o IRRF são um desconto obrigatório do funcionário, sendo que a alíquota varia conforme o salário. No caso do IRRF, se o salário não chegar ao valor mínimo, o empregado é isento do desconto. • A empresa é responsável pelo recolhimento e pelo pagamento do INSS Patronal, o qual incide sobre 20% da folha de pagamento e pró-labore, mais 6,80% para outras entidades e 1% do RAT (que pode variar entre 1% a 3%). • A empresa é responsável pelo recolhimento e pelo pagamento do FGTS, o qual é calculado utilizando 8% sobre a remuneração, que compreende o salário-base, as horas extras, o adicional noturno, a insalubridade, a periculosidade, as comissões, as gratificações e o décimo terceiro. • É necessário calcular, além de contabilizar, mensalmente, as férias, o adicional de 1/3 e o décimo terceiro salário. Além disso, os encargos sociais inerentes. • Os sócios que trabalham na empresa têm o pró-labore e precisam recolher o INSS. Ainda, se for o caso, o IRRF. Já o FGTS é facultativo. 183 1 A quais alíquotas de INSS o salário do empregado e o pró-labore do sócio estão sujeitos? Quais são os limites relacionados a cada alíquota? A forma de cálculo é permanente ou varia com o tempo? 2 Qual é a alíquota de FGTS que deve ser usada para calcular o imposto? 3 Quais são os limites e as alíquotas para o cálculo do IRRF? 4 Assinale V para Verdadeiro e F para Falso nas seguintes afirmativas: ( ) Incide INSS sobre os adicionais de periculosidade e de insalubridade. ( ) Incide INSS sobre o período de afastamento decorrente do acidente de trabalho (após os 15 dias). ( ) Incide FGTS sobre após os 15 primeiros dias de auxílio-doença. ( ) Incide FGTS sobre as comissões. ( ) Incidem INSS e FGTS sobre o salário dos estagiários. ( ) Incide IRRF sobre o salário-família. ( ) Incide IRRF sobre o salário-maternidade. ( ) Incide IRRF sobre o vale-transporte. 5 Calcule e contabilize, em linha, a folha de pagamento da empresa Smart Serviços Administrativos Ltda, do mês de abril de 2021. Funcionário Função Salário-Ma- ternidade Dependentes Salário-Base Pró-Labore Sheila Faia Auxiliar Sim - R$ 2.600,00 Pietro Rabelo Auxiliar Não 1 R$ 2.600,00 Samir Zarco Sócio Não 1 - R$ 4.320,00 AUTOATIVIDADE 184 REFERÊNCIAS ALMEIDA, R.; MONTOTO, E. Contabilidade geral e avançada esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. BRASIL. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm. Acesso em: 24 abr. 2021. BRASIL. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre a organização da Seguri- dade Social, institui Plano de Custeio, e dá outras providências. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm. Acesso em: 24 abr. 2021. BRASIL. Decreto nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. Altera a legislação do im- posto sobre a renda. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/ Del1598.htm. Acesso em: 24 abr. 2021. BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/ del5452.htm. Acesso em: 24 abr. 2021. FOLHA DE SÃO PAULO. Gestão de estoque substitui olhômetro e ajuda a en- frentar oscilação de vendas. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ mpme/2019/02/gestao-de-estoque-substitui-olhometro-e-ajuda-a-enfrentar-oscila- cao-de-vendas.shtml. Acesso em: 24 abr. 2021. PINTO, M.; VASQUEZ, S. Contabilidade geral. São Paulo: Érica, 2019. RECEITA FEDERAL. Cálculo mensal do IRPF. 2020. Disponível em: http://receita. economia.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica#calcu- lo_mensal_IRPF. Acesso em: 24 abr. 2021. SITE CONTÁBIL. Tabela de incidência INSS/FGTS/IRRF. 2021. Disponível em: ht- tps://www.sitecontabil.com.br/tabelas/tabela_incidencia_inss_fgts_irrf.html. 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