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Universidade Federal do Oeste da Bahia Centro das Ciências Exatas e das Tecnologias Disciplina: Química Analítica Instrumental Prof. Dr. Jonatas Gomes da Silva Aluna: Mariane Miclos Monteiro RAMAN Introdução A espectroscopia Raman é uma técnica de espectroscopia molecular que utiliza a interação da luz com a matéria para determinar a constituição ou composição de um material, como a FTIR. As informações fornecidas pela espectroscopia Raman são resultado de um processo de difusão da luz, enquanto a espectroscopia IR se dá pela absorção da luz. A espectroscopia Raman resulta em informações sobre as vibrações intramoleculares e intermoleculares e possibilita um entendimento adicional sobre determinada reação. A espectroscopia Raman e a FTIR fornecem um espectro característico das vibrações específicas de uma molécula (“identidade molecular”) e são importantes para a identificação de uma substância. No entanto, a espectroscopia Raman pode fornecer informações adicionais sobre modos de baixa frequência e vibrações que aumentam a compreensão sobre a rede dos cristais e a estrutura molecular fundamental. A espectroscopia Raman Inline é utilizada para monitorar os processos de cristalização e revelar os mecanismos e a cinética de reação. Combinados com ferramentas de análise, esses dados permitem um entendimento embasado sobre reações e sua otimização. Princípio da técnica Quando a luz interage com as moléculas de um gás, líquido ou sólido, a maior parte dos fótons é dispersa ou propagada com a mesma energia que os fótons incidentes. Esse fenômeno é descrito como difusão elástica ou difusão Rayleigh. Uma pequena parte desses fótons, cerca de 1 fóton em 10 milhões, é propagada em uma frequência diferente da frequência do fóton incidente. Esse processo é chamado de difusão inelástica ou efeito Raman. Desde aquela época, a espectroscopia Raman vem sendo utilizada para várias aplicações, de diagnósticos médicos à ciência dos materiais e análise de reações. A Raman permite que o usuário colete a assinatura vibracional de uma molécula, esclarecendo o modo como ela é formada, bem como a maneira em que interage com outras moléculas ao seu redor. O processo de difusão Raman, conforme descrito pela mecânica quântica, se dá quando os fótons interagem com uma molécula que pode evoluir para um estado virtual, de maior energia. A partir desse estado de maior energia, podem ocorrer resultados diferentes. Um desses resultados seria o relaxamento da molécula até um nível de energia vibracional que é diferente do nível de energia do seu estado inicial, produzindo um fóton de energia diferente. A diferença entre a energia do fóton incidente e a energia do fóton propagado é chamada de deslocamento Raman. Quando a mudança na energia do fóton propagado é menor que a energia do fóton incidente, a difusão é chamada de difusão Stokes. Algumas moléculas podem começar em um estado de excitação vibracional e, quando passam ao estado virtual de energia elevada, elas podem relaxar até um estado final de energia que é menor que a do estado de excitação inicial. Essa difusão é chamada de anti-Stokes. Diferenças entre espectroscopia Raman e IV As duas técnicas são baseadas em vibrações moleculares, mas se diferenciam por alguns fatores. A Espectroscopia infravermelho é baseada na absorção de energia luminosa correspondente à energia de vibração de uma molécula. Já a espectroscopia Raman é baseada no espalhamento de luz incidente em um deslocamento energético através da energia de vibração de uma molécula. Modos de vibração dos mesmos grupos funcionais podem ser observados nos mesmos valores de número de onda. Apesar de ambos serem vertentes da espectroscopia vibracional, a espectroscopia Raman se diferencia da infravermelho em aspectos fundamentais. A espectroscopia IV se baseia na capacidade de absorção de frequências de vibração específicas que induzem a mudanças de momento de dipolo. Já a espectroscopia Raman se baseia na mudança de polarizabilidade de uma molécula em certas frequências (deslocamento Raman) nas quais uma certa molécula pode espalhar radiação. A espectroscopia Raman, há maior sensibilidade para ligações heteronucleares de grupos funcionais polares, como a ligação OH da água, e além disso, é mais sensível a ligações homonucleares como C-C, C=C e C≡C. Vantagens da Espectroscopia Raman Inline A Espectroscopia Raman oferece inúmeras vantagens. Pelo fato de os instrumentos da Raman utilizarem lasers na região do visível, cabos ópticos flexíveis de fibra de sílica poderão ser usados para excitar a amostra e coletar a radiação propagada, e esses cabos poderão ser bem compridos, caso necessário. Já que é utilizada a luz visível, pode-se utilizar vidro ou quartzo para guardar as amostras. No estudo das reações químicas, isso significa que o sensor Raman pode ser inserido em uma reação ou pode coletar o espectro Raman por meio de uma janela, como por exemplo: em um ciclo de amostra externo de reação ou célula de fluxo. Essa última abordagem elimina a possibilidade de contaminação do fluxo da amostra. A possibilidade de usar quartzo ou Safira de Alto Grau como material de janela significa que células de alta pressão podem ser usadas para alcançar o espectro Raman das reações catalíticas. No estudo dos catalisadores, a operação da espectroscopia usando o efeito Raman é bem útil para estudar as reações in situ em tempo real em superfícies catalíticas. Outra vantagem da Raman é que ligações de hidroxila não são particularmente ativas em Raman, tornando simples a espectroscopia Raman em meio aquoso. A espectroscopia Raman é considerada não destrutiva, embora algumas amostras possam ser afetadas pela radiação a laser. Uma consideração que precisa ser feita ao escolher essa técnica é o quanto uma amostra específica pode ser fluorescente. A dispersão Raman é um fenômeno fraco e a fluorescência pode sobrecarregar o sinal, tornando difícil a coleta de dados de qualidade. Esse problema geralmente pode ser amenizado com o uso de uma fonte de excitação de tamanho maior de onda. Com relação à análise da reação, a espectroscopia Raman é sensível a vários grupos funcionais, mas é excepcional na obtenção de informações fundamentais sobre as moléculas, fornecendo sua identidade molecular única. Pelo fato de a Raman usar uma polarizabilidade de ligações e ter o potencial de medir frequências menores, ela é sensível a vibrações da rede cristalina, dando ao usuário informações sobre polimorfismo que podem ser difíceis de obter por FTIR. Isso permite que a Raman seja usada com bastante eficiência no estudo da cristalização e outros processos complexos. Instrumentos Um espectrômetro de Raman moderno e compacto consiste de vários componentes básicos, incluindo um laser que serve como fonte de excitação para induzir a difusão Raman. Geralmente, lasers de estado sólido são usados em instrumentos modernos Raman, com tamanhos de ondas comuns de 532 nm, 785 nm, 830 nm e 1.064 nm. Os lasers de menor tamanho de onda têm uma maior difusão Raman entre as seções transversais, de modo que o sinal resultante é maior. Entretanto, a incidência de fluorescência também aumenta em comprimentos de onda menores. Por esse motivo, muitos sistemas Raman contêm o laser de 785 nm. A energia do laser é transmitida para a amostra e coletada da mesma por cabos de fibra óptica. Um entalhe ou filtro de extremidade é usado para eliminar as difusões Rayleigh e anti-Stokes, e a luz difusa de Stokes remanescente é passada em um elemento de dispersão, normalmente uma grade holográfica. Um detector CCD captura a luz, resultando no espectro Raman. Já que a difusão Raman resulta em um sinal fraco, é de vital importância que componentes de alta qualidade e adequação óptica sejam usados no espectrômetro de Raman. Aplicações- Amplamente utilizado na análise química e na caracterização molecular de muitos compostos e produtos químicos. - Tornou-se inestimável na física de circuito integrado, para a caracterização dos materiais e a delineação da orientação crystallographic de espécimes estudados. - Tem sido muito importante também na nanotecnologia, na imagem lactente do tecido, e na detecção de agentes farmacêuticos, incluindo a detecção de droga, entre numeroso outros usos. Referências Skoog, D. A.; West, D. M.; Holler, F. J.; Crouch, S. R. Fundamentos de Química Analítica: Tradução da 9ª edição norte-americana. São Paulo, SP: Cengage Learning Brasil, 2015. 9788522121373. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522121373/. Acesso em: 2021 ago. 26. METTLER TOLEDO. Espectroscopia Raman. Disponível em: https://www.mt.com/br/pt/home/applications/L1_AutoChem_Applications/Rama n-Spectroscopy.html. Acesso em: 27 ago. 2021. C., H. D. Análise Química Quantitativa, 9ª edição. São Paulo, SP: Grupo GEN, 2017. 9788521634522. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521634522/. Acesso em: 2021 ago. 26. NEWS MEDICAL LIFE SCIENCES. Espectroscopia de Raman. Disponível em: https://www.news-medical.net/life-sciences/Raman-Spectroscopy- (Portuguese).aspx. Acesso em: 27 ago. 2021.
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