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Constitucionalismo

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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA 
DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES
CAMPUS ERECHIM
BACHAREL EM DIREITO
CONSTITUCIONALISMO
Disciplina: Direito Constitucional I
Professor: Gilmar Bianchi
Acadêmico: Rafael Mello
Erechim, agosto de 2015.
Mesmo diante da diversidade de identidades encontradas para o constitucionalismo, todas acabam por chegar à mesma conclusão: “Constitucionalismo se caracteriza por uma teoria ou ideologia que arquiteta o princípio do governo limitado, indispensável para a garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade”. Ou seja, o constitucionalismo terá como principal característica a limitação do poder com fins de assegurar diversas garantias, demonstrando assim que o constitucionalismo segue um claro juízo de valor.
Pode ser visto de duas formas. Uma sociológica e outra jurídica: Em sua forma sociológica acaba por representar um movimento social que sustenta a limitação do poder, negando assim qualquer forma de seus governantes agirem em benefício próprio ou priorizar seus interesses particulares utilizando de sua posição diante do Estado. Da forma jurídica, podemos interpretar o constitucionalismo como um sistema normativo, abraçado à Constituição e que está acima dos detentores do poder.
Não muito distante desse pensamento se faz presente uma nova iniciativa a respeito do constitucionalismo que reproduz a teoria de que o mesmo estaria reduzido à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado.
Como todo bom fundamento necessário para sustentar uma sociedade, o constitucionalismo passou por uma importante evolução histórica. O berço da sua evolução histórica foi a Europa e fora dividida em quatro grandes “eras”: Idade Antiga, com a tomada do Império Romano do Ocidente pelos bárbaros; Idade Média, que teve seu fim decretado com a queda de Constantinopla; Idade Moderna finalizada na Revolução Francesa e Idade Contemporânea, que caracteriza nossos dias atuais.
Conquanto muito bem datadas e especificadas, entre tantas distinções, institui-se mais simplificadamente dois grandes movimentos constitucionais: Antigo e Moderno. O moderno e mais atual, fica identificado como “movimento político, social e cultural” que, sobretudo a partir de meados do século XVIII, questiona nos planos políticos, filosóficos e jurídicos os esquemas tradicionais de domínio político, sugerindo uma invenção de uma forma de ordenação e fundamentação do poder político. Dessa maneira, apresenta-se uma notável evolução histórica do constitucionalismo.
Fica evidente no constitucionalismo antigo uma limitação ao poder político no Estado teocrático hebraico, assegurando aos profetas a legitimidade para fiscalizar os atos governamentais que excedessem os limites bíblicos. Um pouco mais tarde, na Grécia, as polis gregas aderem um importante regime democrático constitucional através da democracia direta. Tratava-se de um exemplo conhecido de sistematização politica com uma notável distinção entre governantes e governados, no qual o poder político era igualmente dividido entre todos os cidadãos ativos e os seus governadores.
Durante a Idade Média, mais precisamente em 1215 com a assinatura da Magna Carta, nos deparamos com o maior marco do constitucionalismo medieval, eis que surgem, mesmo que formalmente, a proteção aos direitos individuais. A limitação imposta ao rei com a assinatura dessa carta deu inicio a um longo processo histórico que leva ao surgimento do constitucionalismo.
Com a limitação ao poder dos grandes monarcas sendo imposta, o povo ganhando mais voz e seus direitos sendo obtidos através de pactos e contratos, chegamos à Idade Moderna, com o surgimento de forais e cartas de franquia, das quais também tem a intenção de proteger os direitos individuais de cada cidadão constituinte do grande Estado. Esses forais e cartas de franquia diferem-se dos pactos clássicos pela participação dos súditos no governo local, que da origem ao elemento político. Apesar de muito marcantes na Idade Média, os pactos foram substituídos por essas cartas de franquias, que além de resguardar os direitos individuais também lembrava em seu contexto dos direitos direcionados aos homens, e não só sob a perspectiva da universalidade do cidadão, mas também individual.
Com essa crescente evolução, o constitucionalismo desembarcou nas colônias norte-americanas dissolvido em contratos de colonização. Os povos peregrinos do território, por nunca encontrarem na nova terra um poder estabelecido, entraram em um mútuo consenso, dando poder aos chefes de família, que mais tarde foram confirmados pelo rei Carlos II, que os incorporou à carta outorgada em 1662. Daqui surge a ideia de estabelecimento e organização do governo pelos próprios governados, que é outro pilar da ideia de Constituição.
Chegamos, então, ao constitucionalismo moderno, através das constituições escritas, com seus direitos devidos reservados a quem interessar. Fora marcado pela Revolução Francesa, que teve como alavanca a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789. Feita a linha de frente pelo Iluminismo e concretizada uma contraposição ao absolutismo reinante, deu-se o poder ao povo identificando-o como o titular legítimo de poder.
Destaca-se neste primeiro momento uma percepção ao constitucionalismo liberal, marcado pelo liberalismo clássico, sendo possível a identificação dos valores pelos quais se abordavam: individualismo do ser humano, absenteísmo estatal, valorização da propriedade privada e proteção do indivíduo, todos como obrigações estatais. Eis que essas características acabaram por influenciar as constituições brasileiras de 1824 e 1891.
Em um segundo momento, podemos observar o Estado Social de Direito alavancado pela constituição mexicana de 1917, que viria a influenciar a brasileira em 1934.
Do moderno ao contemporâneo, chamado de “totalitarismo constitucional” por alguns autores, exemplificado pela constituição de 1988. Fica evidente no material escrito constitucional um importante conteúdo social, estabelecido por normas programáticas, como metas a serem atingidas pelo Estado e o sentido de Constituição dirigente. Doutrinadores citam essas normas programáticas como normas que jamais passariam desse contexto, e que em alguns momentos seriam inalcançáveis pelo Estado, ou então, normas que não são implementadas por simples falta de motivação política dos administradores e governantes responsáveis.
Essa concepção do texto fixar regras para dirigir as ações governamentais tende a evoluir para um dirigismo comunitário, que busca difundir a perspectiva de proteção aos direitos humanos e de propagação para todas as nações.
Falar de evolução é citar o futuro, e o constitucionalismo do futuro, sem dúvidas terá de consolidar os chamados “direitos humanos”, incorporando a ideia de constitucionalismo social somados aos fraternais e solidários, avançando e estabelecendo um equilíbrio entre o constitucionalismo moderno e alguns excessos do contemporâneo. O futuro do constitucionalismo “deve estar influenciado até identificar-se com a verdade, a solidariedade, o conselho, a continuidade, a participação, a integração e a universalidade”.
Bibliografia:
PEDRO LENZA .... Autor de Direito Constitucional Esquematizado, 15.ª ed., SARAIVA, 2011

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