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TEORIA GERAL DO SEGURO REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA CLÁUDIO BIZERRA DE OLIVEIRA-2021 FREDERICO MARTINS PERES-2021 JOSÉ EDUARDO TEIXEIRA ARIAS- 2021/2020 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO PICTORAMA DESIGN Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros - ENS E73t Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Teoria geral do seguro / Supervisão e Coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de José Eduardo Teixeira Arias , Frederico Martins Peres, Cláudio Bizerra de Oliveira -- 9.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2021. 112 p. ; 28 cm 1. Seguro – Teoria. I. Arias, José Eduardo Teixeira. II. Peres, Frederico Martins. III. Oliveira, Cláudio Bizerra de. IV. Título. . 0021-2445 CDU 368.01(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 9ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2021 TEORIA GERAL DO SEGURO A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. TEORIA GERAL DO SEGURO 1. O SEGURO – CONCEITO E ESTRUTURA REGULATÓRIA 8 O SEGURO NO TEMPO 9 DEFINIÇÕES DE SEGURO 11 OBJETIVO E FINALIDADE DO SEGURO 12 ESTRUTURA DO MERCADO SEGURADOR 13 Importância da Regulação do Mercado de Seguros 13 SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (SNSP) 14 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) 16 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) 16 Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados (Seguradoras) 17 Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) 17 Empresas de Resseguro 18 Corretores de Seguros 18 Sistema Nacional de Capitalização (SNC) 18 SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE 19 Ministério da Saúde 19 Conselho de Saúde Suplementar (CONSU) 19 Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) 20 Câmara de Saúde Suplementar (CAMSS) 20 Operadoras 20 FIXANDO CONCEITOS 1 25 SUMÁRIO INTERATIVO TEORIA GERAL DO SEGURO 2. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SEGURO 28 CARACTERÍSTICAS DO SEGURO 29 Previdência 29 Incerteza 29 Mutualismo 29 ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO 30 Risco 30 Segurado 34 Seguradora 35 Prêmio 35 Indenização 36 DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SEGURO 37 Quanto à Responsabilidade pela sua Operação 38 Quanto à Natureza 38 Quanto à Classificação dos Seguros Privados 38 FIXANDO CONCEITOS 2 40 3.ETAPAS DO SEGURO 43 ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGUROS 44 Desenvolvimento do produto 45 Subscrição de risco 45 Comercialização do seguro 48 INSTRUMENTOS CONTRATUAIS 49 Proposta 49 Apólice 52 Outros Instrumentos Contratuais 54 COBRANÇA DE PRÊMIO 55 PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO 56 SINISTRO E INDENIZAÇÃO 56 TEORIA GERAL DO SEGURO DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS 57 Condições Contratuais 57 Garantias ou Coberturas 58 Limite Máximo de Garantia (LMG) e Limite Máximo de Indenização (LMI) 59 RISCOS COBERTOS E NÃO COBERTOS OU EXCLUÍDOS 60 Riscos Cobertos 60 Riscos Não Cobertos ou Excluídos 60 FIXANDO CONCEITOS 3 63 4.MECANISMOS DE PULVERIZAÇÃO DO RISCO 68 A PULVERIZAÇÃO DO RISCO 69 Limite de Retenção 70 Transferência de Risco 70 COSSEGURO 70 RESSEGURO 72 Funções do Resseguro 73 RETROCESSÃO 73 FIXANDO CONCEITOS 4 75 5.NOÇÕES BÁSICAS SOBRE OS PRINCIPAIS RAMOS DE SEGUROS 77 SEGUROS DE AUTOMÓVEIS 78 SEGUROS COMPREENSIVOS (RESIDENCIAIS, CONDOMINIAIS E EMPRESARIAIS) 78 RISCOS NOMEADOS E RISCOS OPERACIONAIS 79 Seguros de Riscos Nomeados 79 Seguro de Riscos Operacionais 79 LUCROS CESSANTES 80 RISCOS DIVERSOS 80 TEORIA GERAL DO SEGURO SEGUROS DE TRANSPORTES 81 SEGUROS DE AERONÁUTICOS 81 SEGURO DE CASCOS MARÍTIMOS (EMBARCAÇÕES) 81 SEGUROS DE RESPONSABILIDADE CIVIL 82 SEGUROS DE CRÉDITO 82 SEGURO DE GARANTIA 82 SEGURO DE RISCOS DE ENGENHARIA 83 SEGURO RURAL 83 SEGUROS DE PESSOAS 84 HABITACIONAL 84 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA 84 RISCOS ESPECIAIS 85 Seguro Riscos de Petróleo 85 Seguros Nucleares 85 Riscos Decorrentes da Operação Nuclear 85 ANEXOS 86 Anexo 1– Modelo de Proposta de Seguro de Pessoas – Vida Individual e Acidentes Pessoais 86 Anexo 2 – Modelo de Proposta de Seguro de Danos 89 Anexo 3 – Modelo de Apólice de Seguro de Danos 93 Anexo 4 – Modelo de Apólice de Seguro de Automóvel 97 Anexo 5 – Modelo de Certificado de Seguro 99 Anexo 6 – Codificação dos Ramos de Seguros 99 GABARITO 105 GLOSSÁRIO 106 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 112 TEORIA GERAL DO SEGURO 8 UNIDADE 101 O SEGURO – CONCEITO E ESTRUTURA REGULATÓRIA ■ Conhecer a história do seguro, sendo capaz de correlacionar os aspectos históricos com os objetivos e as finalidades do seguro nos dias atuais. ■ Entender a estrutura dos sistemas nacionais de seguros privados e de saúde, reconhecendo as atribuições dos órgãos e das instituições que compõem esses sistemas. TÓPICOS DESTA UNIDADE ⊲ O SEGURO NO TEMPO ⊲ DEFINIÇÕES DE SEGURO ⊲ OBJETIVO E FINALIDADE DO SEGURO ⊲ ESTRUTURA DO MERCADO SEGURADOR ⊲ SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (SNSP) ⊲ SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TEORIA GERAL DO SEGURO 9 UNIDADE 1 O SEGURO NO TEMPO A luta por melhores condições de vida envolve, entre outros aspectos, a constituição de um patrimônio e de uma renda familiar. Acumulados ao longo de anos de trabalho, eles podem ser perdidos, de uma hora para outra, em virtude da exposição a riscos imprevisíveis e inevitáveis. A necessidade de proteção contra o perigo, a incerteza quanto ao futuro e a possibilidade de perda dos bens e da receita da família e do indivíduo acompanham o ser humano em sua evolução. O conhecimento dos fatos históricos que marcaram o desenvolvimento da atividade securitária ao longo dos séculos serve como paradigma que busca, nos acontecimentos passados, os fundamentos para o desenvolvi- mento de técnicas capazes de conhecer os riscos em suas várias formas. Viver envolve riscos. Se, no passado, o ser humano corria o risco de ser atacado por uma fera ou morrer de frio ou de fome, hoje enfrenta riscos ambientais que afetam seu patrimônio e sua saúde, esta última também afetada por outros riscos originados pela falta ou por excessos em sua alimentação, por doenças novas para as quais a cura ainda não existe e pelo próprio estilo de vida do indivíduo. Portanto, o ser humano evoluiu, e os riscos o acompanharam nessa mudança. Nossa história recente registrou fatos cuja probabilidade foi constatada após a sua ocorrência, e não o contrário, como deveria ser, para que os indivíduos se prevenissem. Por isso, conhecer um pouco da história do seguro nos mostra o caminho que o mercado segurador trilhou até chegar aos dias de hoje. Se pudéssemos encontrar palavras para definir o surgimento da atividade de seguros, certamente essas palavras seriam “solidariedade” e “mutualismo”, princípios aplicados inclusive no contrato de seguros. 10 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Durante o curso, você conhecerá o surgimento do seguro, sua regulação, termos técnicos utilizados somente no mercado segurador, elementos essenciaisdo seguro, como se faz um seguro, enfim, assuntos que envol- vem todas as etapas do seguro. Saiba mais Necessidade de controlar riscos O ser humano sempre esteve preocupado com a estabilidade de sua existência. Por sofrer as consequências das variações climáticas e dos perigos da vida, desde a Pré-História, procurava se organizar em grupos para ter mais força e garantir o sustento e a segurança da comunidade. Com o tempo, a evolução das atividades comerciais mostrou também a necessidade de proteção contra os prejuízos financeiros. E foi dessa forma, justamente buscando garantir as finanças e diminuir a insegurança nas ativida- des cotidianas, que surgiu o seguro, da necessidade de controlar riscos. Outras Curiosidades Cerca de 2.500 anos antes de Cristo, os cameleiros da Babilônia, preocupados com as constantes perdas nas caravanas, instituíram uma forma mutualística de amparar o companheiro prejudicado, mediante um acordo por meio do qual as perdas ocorridas durante a expedição seriam rateadas entre todos. Os navegadores fenícios e hebreus também rateavam os prejuízos ocorridos durante as suas viagens, principalmente nos mares Egeu e Mediterrâneo. No século 12 d.C., surgiu uma modalidade de seguro chamada Contrato de Dinheiro a Risco Marítimo, segundo a qual um financiador emprestava ao navegador o dinheiro no valor da embarcação. Se a embarcação se perdesse, o navegador não devolvia o dinheiro emprestado, mas, se a embarcação chegasse intacta ao seu destino, o dinhei- ro emprestado era devolvido ao financiador, acrescido de juros. No mesmo século 12, o Papa Gregório IX proibiu a realização de Contratos de Dinheiro a Risco Marítimo e, consequentemente, surgiu uma forma similar de seguro denomina- da Feliz Destino, pela qual um banqueiro comprava a embarcação, com a previsão de recompra pelo vendedor. Se a embarcação chegasse sem sofrer qualquer sinistro, a Cláusula de Recompra era acionada, e o banqueiro revendia a embarcação ao proprie- tário original por um valor maior. Se a embarcação ou a carga se perdesse, o dinheiro adiantado pelo banqueiro corresponderia à indenização pelo sinistro. Em 1347, surgiu em Gênova, na Itália, o primeiro contrato de Seguro Marítimo, com a emissão de apólice de seguro. 11 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO DEFINIÇÕES DE SEGURO Pessoas ou empresas estão sujeitas a diversos tipos de eventos imprevisí- veis, ou seja, a diversos tipos de riscos, como um incêndio ou acidente de automóvel. O seguro pode ajudar as pessoas ou empresas a diminuírem as preocupações futuras que poderão acarretar prejuízos. Seguro é um mecanismo de transferência de risco de uma pessoa ou empresa para uma seguradora que assumirá esse risco. Ao transferir o risco, uma pessoa ou empresa pagará determinado valor à seguradora. Caso esse risco aconteça, a seguradora reembolsará as perdas sofridas. FIGURA 1: TRANSFERÊNCIA DE RISCO O segurado paga o Prêmio Caso ocorra o risco relacionado, a seguradora paga a indenização CONTRATO SEGURADO SEGURADO SINISTRO TRANSFERÊNCIA DO RISCO SEGURADORA Entre as diversas definições de seguro, destacamos as seguintes: “Contrato em virtude do qual um dos contratantes (segu- rador) assume a obrigação de pagar ao outro (segurado), ou a quem este designar, uma indenização, um capital ou uma renda, no caso em que advenha o risco indicado e temido, obrigando-se o segurado, por sua vez, a lhe pagar o prêmio que se tenha estabelecido.” (Houaiss) 12 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO "Operação pela qual, mediante o pagamento de uma peque- na remuneração, uma pessoa se faz prometer para si ou para outrem, no caso da efetivação de um evento determinado, uma prestação de uma terceira pessoa que, assumindo um conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e o princípio do mutualismo.” (Hermard) OBJETIVO E FINALIDADE DO SEGURO Diante dessas definições, podemos dizer que o objetivo do seguro é garantir a reposição de um bem ou minimizar a perda de uma pessoa ou uma empresa por meio do pagamento da quantia estipulada no contrato. A finalidade específica do seguro é restabelecer o equilíbrio econômico perturbado, sendo vedada, por lei, a possibilidade de se revestir do aspecto de jogo ou de dar lucro ao segurado. O seguro foi criado em função da necessidade de proteção contra o peri- go, da incerteza do futuro e da imprevisibilidade dos acontecimentos. Progressivamente, foi aperfeiçoado, constituindo-se, atualmente, em um mecanismo de atuação também no campo macroeconômico, uma vez que promove a acumulação de recursos por meio da formação das reservas inerentes à atividade, além de contribuir para formar poupança interna e para gerar investimentos no país. A finalidade do seguro está, portanto, vinculada à proteção dos indivíduos, da família e da própria sociedade, podendo, assim, ser dita de natureza particular, mas que atinge, consequentemente, objetivo de ordem social ao preservar condições de sustento individual ou familiar. Isto é básico O seguro não pode ser um jogo e nem dar lucro ao segurado. Importante Quando um indivíduo morre, pode ser que sua família fique econômica e financeiramente desamparada, o que vem a ser um problema de ordem social. O mesmo acontece em caso de invalidez, com a perda da capacidade laborativa do responsável pelo sustento da família. 13 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO ESTRUTURA DO MERCADO SEGURADOR O mercado de seguros é regulado em todo o processo produtivo do seguro. Desde a criação de um produto (serviço), a aprovação do produto junto ao órgão regulador, sua comercialização, o funcionamento de quem desenvolve o produto, a atuação de quem comercializa o produto, o relacio- namento com o cliente desde a compra até a utilização dos serviços. O processo produtivo do seguro abrange clientes, seguradoras, fornece- dores e corretores de seguros. Todos os elos dessa cadeia de suprimentos são regulados por órgãos estabelecidos pelo Governo, consolidando o SNSP (Sistema Nacional de Seguros Privados). FIGURA 2: CADEIA DE SUPRIMENTOS Automóveis Incêndio Danos Responsabilidades FABRICANTESPRODUTOSMATÉRIA-PRIMA DISTRIBUIDOR CONSUMIDORÓRGÃOS REGULADORES SEGURADOCORRETORESSEGURADORAS E RESSEGURADORAS SEGUROSRISCO MINISTÉRIO DA ECONOMIA CNSP – CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP – SUPERINTENDÊNCIA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS Vida — Importância da Regulação do Mercado de Seguros Por que o seguro é regulado? A regulação é fundamental para garantir o bom funcionamento do mercado em todos os elos da cadeia. Resguarda o setor de seguros dos riscos sistêmicos, diminuindo a probabilidade de falência (ou “quebra”) de empresas de seguros e resseguros. Um dos objetivos é preservar a solvência das empresas, garantindo que elas cumpram os compromissos financeiros assumidos. A regulação também protege os consumidores, evitando propagandas enganosas, impedindo fraudes e comportamentos antiéticos no mercado. 14 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Se um processo é bem regulado, traz impactos positivos. Da mesma forma, um mau regulamento também gera impactos negativos em toda a cadeia. Vimos os benefícios que o seguro proporciona para a sociedade. Esses benefícios somente são possíveis pela regulação eficaz do mercado. SISTEMA NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS (SNSP) Embora seguros, previdência complementar e capitalização sejam ativi- dades exercidas por empresas privadas, tais atividades são normatizadas, reguladas e fiscalizadas pelo Governo. A atividade seguradora é regula- da não apenas no Brasil, mas nos demais mercados desenvolvidos em outros países. A necessidade de regulação surgiu em razão do crescimento desse mer- cado no mundo. Cada país tem sua regulação própria. No Brasil, foi criado o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP). FIGURA 3: ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DESEGUROS PRIVADOS (SNSP) Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados Empresas de Resseguro Corretores de Seguros Entidades Abertas de Previdência Complementar CNSP CONSELHO NACIONAL DE SEGUROS PRIVADOS SUSEP SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS MINISTÉRIO DA ECONOMIA 15 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO Os órgãos do SNSP estão subordinados ao Ministério da Economia, que cuida basicamente da formulação e da execução da política econômica. Suas áreas de competências incluem a moeda, o crédito, as instituições financeiras, a poupança popular, os seguros privados e a Previdência Complementar Aberta, excluindo-se a Saúde Suplementar. O Sistema de Saúde Privada e Suplementar é da competência do Ministério da Saúde, que atua por meio do Conselho Nacional de Saúde Suplementar (CONSU) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O órgão que integra as empresas de Capitalização é o Sistema Nacional de Capitalização (SNC). Isto é básico CNSP: fixa as diretrizes e normas da política de seguros privados no Brasil. SUSEP: regula, supervisiona, controla, fiscaliza e incentiva as atividades de seguro no Brasil. Sistema Nacional de Seguros Privados O SNSP foi instituído pelo Governo Federal por meio do Decreto-Lei n° 73/1966, art. 8°: Art. 8º Fica instituído o Sistema Nacional de Seguros Privados, regulado pelo presente Decreto-lei e constituído: a) do Conselho Nacional de Seguros Privados – CNSP; b) da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP; c) dos resseguradores (Redação dada pela Lei Complementar nº 126, de 2007); d) das Sociedades autorizadas a operar em seguros privados; e) dos corretores habilitados. A promulgação da Lei Complementar n° 126/2007 processou a abertura do resseguro e, portanto, o IRB-Brasil Resseguros S.A. deixou de ser o único ressegurador no mercado. Em 1998, foi criado o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Complementar Aberta e de Capitali zação (CRSNSP) como órgão colegiado, integrante da estrutura básica do Ministério da Economia, que tem por finalidade o julgamento, em última instância administrativa, dos recursos de decisões dos órgãos fiscalizados do SNSP. 16 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO — Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) É o órgão governamental encarregado da fixação das diretrizes e normas da política de Seguros Privados no Brasil, entre outras atribuições: ■ Fixar diretrizes e normas da política de seguros privados. ■ Regular a constituição, a organização, o funcionamento e a fiscali- zação dos que exercem atividades subordinadas ao SNSP, bem como a aplicação das penalidades previstas. ■ Fixar as características gerais dos contratos de Seguro, Previdência Privada Aberta, Capitalização e Resseguro. ■ Estabelecer as diretrizes gerais das operações de resseguro. ■ Conhecer dos recursos de decisão da SUSEP e do IRB. ■ Prescrever os critérios de constituição das sociedades segura- doras, de Capitalização, entidades de Previdência Privada Aberta e Resseguradores, com fixação dos limites legais e técnicos das respectivas operações. ■ Disciplinar a corretagem do mercado e a profissão do corretor. O CNSP é composto dos seguintes membros: ■ Ministro de Estado da Economia ou seu representante. ■ Representante do Ministério da Justiça. ■ Representante da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. ■ Superintendente da SUSEP. ■ Representante do Banco Central do Brasil. ■ Representante da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). — Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) São atribuições da SUSEP: ■ Fiscalizar a constituição, a organização, o funcionamento e a ope- ração das sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de previdência privada aberta e resseguradores, na qualidade de executora da política traçada pelo CNSP. ■ Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se efetua por meio das operações de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. 17 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO ■ Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados. ■ Promover o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos operacionais a eles vinculados, com vistas à maior eficiência do SNSP e do Sistema Nacional de Capitalização. ■ Promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdição, assegu rando a sua expansão e o funcionamento das entidades que neles operem. ■ Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado. ■ Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provisões técnicas. ■ Cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e exercer as ativi dades que por este forem delegadas. ■ Prover os serviços de Secretaria Executiva do CNSP. A esse órgão são encaminhadas as denúncias dos segurados contra seguradoras e outros órgãos do mercado de seguros. — Sociedades Autorizadas a Operarem em Seguros Privados (Seguradoras) São empresas legalmente constituídas sob a forma de sociedade anônima, que assumem e gerem os riscos de acordo com critérios técnicos e admi- nistrativos regulamentados pela SUSEP. Para se contratar um seguro, é preciso existir alguém que queira se pro- teger de possíveis riscos que possam acarretar prejuízo financeiro, uma empresa que queira assumir esse risco e alguém que faça intermediação entre as partes. Uma seguradora é uma empresa que comercializa seguros. Existem várias empresas seguradoras no mercado que criam seus próprios produtos. Estes, quando estão na fase de projeto, são submetidos ao órgão regu- lador, que é a SUSEP. Essa submissão também se aplica a um Plano de Previdência ou a um Título de Capitalização. — Entidades Abertas de Previdência Complementar (EAPC) São aquelas constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas, que têm por objetivo principal instituir planos que podem ter coberturas de morte, invalidez ou sobrevivência. 18 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO — Empresas de Resseguro São as empresas legalmente constituídas com a finalidade de operar o Resseguro, entendido como transferência de riscos de uma seguradora para um ressegurador. Entende-se como Empresas de Resseguro as resseguradoras nacionais, as estrangeiras autorizadas a operar no país e as corretoras de resseguro. Saiba mais A Importância do resseguro O Resseguro tem por função preliminar garantir que as seguradoras possam fazer frente aos riscos que lhes são oferecidos, cedendo parte desses riscos de forma pro- porcional ou não a resseguradores. Em caso de sinistros, os resseguradores auxiliam as seguradoras financeiramente a indenizarem os segurados. Além disso, fornecem expertise técnica e muitos outros serviços às seguradoras. — Corretores de Seguros Pessoas físicas ou jurídicas são intermediários legalmente autorizados a angariar e promover contratos de seguros entre as seguradoras e as pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Saiba mais O corretor é peça fundamental do mercado e parte integrante do SNSP (Sistema Nacional de Seguros Privados – instituído pela Lei 73/66), tendo a sua profissão regulamentada pelo Decreto Lei 4594/1964. — Sistema Nacional de Capitalização (SNC) Nos termos do Decreto-Lei n° 261, o Sistema Nacional de Capitalização, cria- do em 28 de fevereiro de 1967, tem a seguinte composição: CNSP, SUSEP, Sociedades de Capitalização e Corretores de Capitalização. A atividade de capitalização tem por objeto a colocação pública de títulos de capitalização. O Título de Capitalização é uma economia programada de prazo definido, com um pagamento único ou em parcelas periódicas. Duran- te a vigência do título, o consumidor tem o direito de participar de sorteios. 19 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO A capitalização não integra o SNSP. O Título de Capitalização não é um pla- no de segurocomercializado por uma seguradora. Os títulos somente podem ser administrados por sociedades de Capitalização. Portanto, as sociedades de capitalização não se confundem com as sociedades seguradoras. No entanto, a fiscalização e a regulamentação da Capitalização, por força do Decreto-Lei n° 261/1967, que criou o Sistema Nacional de Capitalização, também estão a cargo da SUSEP e do CNSP, respectivamente, da mesma forma que ocorre com as sociedades seguradoras. SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE No Brasil, o Sistema Nacional de Saúde é formado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Sistema de Saúde Suplementar. A estrutura da Saúde Suplementar é formada por: — Ministério da Saúde Órgão de assessoramento da Presidência da República, integrante do Poder Executivo. Tem ação direta sobre os componentes do Sistema Nacional de Saúde (SUS e Saúde Suplementar). — Conselho de Saúde Suplementar (CONSU) Criado pela Lei n° 9.656/1998 e recentemente alterado pelo Decreto n° 10.236/2020, o CONSU é um órgão colegiado integrante da estrutura regimental do Ministério da Saúde – que o preside, sendo composto pelo Ministro da Saúde, pelo Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República, pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública e pelo Ministro da Economia, além do Presidente da ANS, que atua como Secretário-Executivo das reuniões O CONSU tem competência para desempenhar as seguintes atividades: ■ Estabelecer e supervisionar a execução de políticas e diretrizes gerais do setor de Saúde Suplementar. ■ Aprovar o contrato de gestão da ANS. ■ Supervisionar e acompanhar as ações e o funcionamento da ANS. Atenção O SNC e suas características serão abordados de forma detalhada no material de Capitalização. 20 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO ■ Fixar diretrizes gerais para a constituição, organização, funciona- mento e fiscalização das empresas operadoras de produtos de que trata a Lei n° 9.656/1998. ■ Deliberar sobre a criação de câmaras técnicas, de caráter consulti- vo, de forma a subsidiar as decisões. — Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) A ANS é autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério da Saúde. Sua missão é promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde no país. — Câmara de Saúde Suplementar (CAMSS) Câmara de caráter consultivo da estrutura da ANS, conforme a Lei n° 9.961/2000, que tem como principal objetivo promover a discussão de temas relevantes para o setor de saúde suplementar no Brasil, além de dar subsídios às decisões da ANS. — Operadoras As operadoras que compõem a estrutura empresarial do setor de saúde suple- mentar se classificam em diferentes modalidades de atuação no mercado: ■ Medicinas de grupo. ■ Seguradoras especializadas em saúde. ■ Cooperativas médicas. ■ Filantropias. ■ Autogestões. ■ Odontologias de grupo. ■ Cooperativas odontológicas. ■ Administradoras de benefício. 21 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO O SEGURO NO BRASIL O Surgimento e o Desenvolvimento da Indústria do Seguro 1808 No Brasil, o seguro surgiu em 1808, em consequência da vinda da família real para o Brasil. A primeira seguradora brasileira, a Companhia de Seguros Boa-Fé, foi fundada em 24 de fevereiro de 1808, regulada e dirigida pela Casa de Seguros de Lisboa, com a finalidade de operar no seguro marítimo. Nesse período, a atividade seguradora era regulada pelas leis portuguesas. A Previdência Privada (atual Previdência Complementar) surgiu em 1835, com a criação do Montepio Geral de Economia dos Servidores do Estado (Mongeral). 1850 Em 1850, foi promulgado o Código Comercial Brasileiro. A partir desse momento, o seguro marítimo foi, pela primeira vez, estudado e regulado em todos os seus aspectos, sendo estabelecidos os direitos e deveres das partes contratantes. Esse código foi de fundamental importância para o desenvolvimento do seguro no Brasil, incentivando o aparecimento de inúmeras seguradoras, que passaram a operar não apenas com o seguro marítimo, expressamente previsto na legislação, mas também com o seguro terrestre. Porém, o Código Comercial Brasileiro foi parcial mente revogado pelo Código Civil — Lei n° 10.406/2002. 1855 Tranquilidade foi a primeira Companhia de Seguros de Vida autorizada a funcionar no Brasil, em 1855, com sede no Rio de Janeiro, e a primeira a comercializar seguro de vida. 1901 O Decreto n° 4.270/1901 regulou as operações de seguros no Brasil e criou as Inspetorias de Seguros, subordinadas ao Ministério da Fazenda. 1916 Em 1916, ocorreu o maior avanço de ordem jurídica no campo do contrato de seguro com a promulgação do Código Civil brasileiro (substituído pelo atual Código Civil brasileiro de 2002). Com ele, foram fixados os princípios essenciais do contrato de seguros e disciplinados os direitos e obrigações das partes, de modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princípios fundamentais que garantiram o desenvolvimento da instituição do seguro. Saiba mais 22 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO 1929 Em 1929, surgiu a capitalização, com a criação da SulAmérica Capitalização S.A. 1932 No ano de 1932, foi fundado o primeiro Sindicato dos Corretores de Seguros e, em 1933, foi fundado o primeiro Sindicato das Seguradoras, ambos no Rio de Janeiro. 1939 O IRB – Instituto de Resseguros do Brasil, hoje IRB-Brasil Resseguros S.A., foi fundado em 1939. Desde então, as entidades seguradoras passaram a ressegurar no IRB as responsabilidades que excedessem sua capacidade de retenção própria. E o IRB também, quando excedia sua capacidade através da retrocessão, passou a compartilhar o risco com as sociedades seguradoras em operação no Brasil. 1951 Em 1951, foi criada a Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (FENASEG), entidade de representação sindical do mercado segurador. 1966 Em 1966, foi publicado o Decreto-Lei n° 73, que reformulou a política de seguros no Brasil e criou o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP), constituído pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), pelas sociedades autorizadas a operar em seguros privados e pelos corretores habilitados, sendo considerado uma referência em termos de legislação devido a seu alcance e sua abrangência. 1968 Em 1968, foi fundada a Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados, de Capitalização, de Previdência Privada e das Empresas Corretoras de Seguros (FENACOR). Uma entidade sindical, de grau superior, de âmbito nacional, reconhecida como entidade coordenadora dos interesses da categoria econômica dos corretores de seguros e de capitalização. 1971 O mercado de seguros, ciente das necessidades de formação técnica e aprimora- mento das ciências do seguro, criou, em 1971, a Fundação Escola Nacional de Seguros (FUNENSEG), responsável pelo ensino e pela divulgação do seguro no Brasil. Atual- mente, a FUNENSEG chama-se Escola de Negócios e Seguros. 23 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO 1998 No ano de 1998, foi criado o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Complementar Aberta e de Capitalização (CRSNSP) como um órgão colegiado, integrante da estrutura básica do Ministério da Fazenda e que tem por finalidade o julgamento, em última instância administrativa, dos recursos de decisões dos órgãos fiscalizados do SNSP. 2007 Com a promulgação, em 15 de janeiro de 2007, da Lei Complementar n° 126, que, entre outras matérias, dispôs sobre a política de resseguros e retrocessão promo- vendo a abertura do mercado ressegurador brasileiro, o IRB perdeu o monopólio e outros resseguradores passaram a operar nomercado brasileiro. Em 2007, em virtude da necessidade de um novo modelo de representação institucional, a FENASEG dividiu-se em quatro federações. Cabem às federações a execução das funções e o desenvolvimento de ações no interesse específico das áreas representadas, ou seja: ■ Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg): atua na área de Seguros Gerais. ■ Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi): atua na área de Previdência Complementar Aberta. ■ Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde): atua na área de Saúde Suplementar. ■ Federação Nacional de Capitalização (FENACAP): atua na área de capitalização. 2008 Em agosto de 2008, foi criada a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), em assembleia, pelas federações associativas. A CNseg é a entidade máxima de representação institucional do mercado segurador, entendida como o conjunto dos setores de seguros, previdência complementar aberta, saúde suplementar e capitalização. Tem como missão: ■ Congregar as principais lideranças. ■ Coordenar as ações políticas. ■ Representar o mercado junto às instituições nacionais e internacionais. ■ Elaborar o planejamento estratégico do segmento. ■ Desenvolver atividades comuns aos interesses das federações. 24 UNIDADE 1 TEORIA GERAL DO SEGURO 2012 Em junho de 2012, a SUSEP iniciou a normatização e a regulamentação do Microsse- guro, cuja operação tem um mercado principal estimado em 128 milhões de brasileiros. A Saúde Suplementar passou a ter vida própria. As seguradoras que operavam também em Saúde Suplementar agora são denominadas operadoras de saúde suplementar, participando de um mercado muito promissor e, ao mesmo tempo, complexo, que tem a ANS como seu órgão regulador, desde a sua fundação pela Lei n° 9.961/2000, não havendo mais influência da SUSEP sobre as seguradoras. 2013 Em setembro de 2013 o CNSP deu início à regulamentação da comercialização de seguros por meio remoto por meio da Resolução CNSP nº 294/2013 alterada pela Resolução CNSP nº 359/2017. É o início da regulamentação de práticas mais modernas de comercialização de seguros por meios remotos. 2019 Em agosto de 2019, a SUSEP regulamentou a possibilidade da comercialização de seguros com vigência reduzida ou período de cobertura intermitente, por meio da Circular SUSEP nº 592/2019, estimulando a prática de seguros tecnológicos, modernos e mais aderentes às necessidades do consumidor. 2020 Em março de 2020, a SUSEP lançou um projeto de inovação experimental denominado Sandbox Regulatório, por meio da Circular SUSEP nº 598/2020 que visa atrair empresas de tecnologia em seguros (Insurtechs) para operar no mercado de seguros como seguradoras e oferecendo produtos de tecnologia diferenciada ao mercado. 2021 Através de um processo de consultas públicas, iniciado ainda em 2020, a Susep promoveu uma ampla discussão com todo mercado segurador visando à simplifi- cação regulatória e flexibilização para estruturação e comercialização das cober- turas de danos, classificadas como seguros massificados e grandes riscos. Como resultado dessa iniciativa, a Circular Susep 621/2021, de 17/02/21, definiu uma série de regras e critérios para operação das coberturas dos seguros de danos, com o objetivo de aumentar e diversificar a oferta de novos produtos oferecidos no país e, consequentemente, reduzir o preço final para os consumidores. 25 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 1 MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 1. Com relação ao processo de transferência de risco, podemos afirmar que é o: (a) Processo pelo qual uma pessoa ou empresa pagará determinado valor a uma seguradora para se proteger contra a ocorrência de um risco e, caso esse risco aconteça, a seguradora reembolsará as perdas sofridas. b) Processo de caráter obrigatório pelo qual todas as pessoas físicas e jurídicas transferem ao poder público, mediante o pagamento de determinado valor, a garantia de ressarcimento por danos que venham a sofrer. (c) Processo pelo qual as pessoas e empresas, mediante a criação de um fundo monetário gerido pelo Governo, se protegem contra a ocorrência de um evento futuro. (d) Processo pelo qual pessoas e empresas, mediante o pagamento de determinado valor, transferem diretamente aos órgãos públicos seus riscos de responsabilidade. (e) Processo pelo qual a seguradora transfere ao segurado a responsabi- lidade pela ocorrência dos danos. MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 2. O seguro tem por objetivo: a) Garantir ao segurado que os bens segurados nunca sofram depreciação em caso de ocorrência de sinistros. b) Restabelecer o equilíbrio econômico perturbado em virtude de falência. c) Garantir a reposição de um bem ou minimizar a perda de uma pessoa ou uma empresa, por meio do pagamento da quantia esti- pulada no contrato. d) Permitir a substituição de uma despesa incerta, futura e de valor elevado por outra, certa, antecipada e de valor comparativamente menor. e) Permitir gerar lucro ao segurado quando o seguro for contratado com importância segurada superior ao valor real do bem. 26 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO ANALISE AS PROPOSIÇÕES A SEGUIR E DEPOIS MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 3. Sobre o seguro e suas definições, podemos afirmar que: I) O seguro tem como meta restabelecer o equilíbrio econômico pertur- bado, podendo, inclusive, dar lucro ao segurado. II) A finalidade do seguro está vinculada à proteção dos indivíduos, da família e da sociedade. II) A operação do seguro promove a acumulação de recursos, forma reservas, forma poupança interna e gera investimentos. Agora assinale a alternativa correta: a) Somente I é proposição verdadeira. b) Somente III é proposição verdadeira. c) Somente I e II são proposições verdadeiras. d) Somente I e III são proposições verdadeiras. e) Somente II e III são proposições verdadeiras. CORRELACIONE AS COLUNAS ABAIXO E DEPOIS MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 4. Em relação ao Sistema Nacional de Seguros Privados, associe seus órgãos e empresa às suas respectivas atribuições: 1) Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). 2) Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). 3) Seguradora. ( ) Determina as diretrizes e normas da política de Seguros Privados no Brasil. ( ) Assume e gere os riscos que lhe são transferidos pelos segurados, de acordo com os critérios técnicos e administrativos regulamentados. ( ) Zela pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado. ( ) Fiscaliza as seguradoras. ( ) Zela pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados supervisionados. Agora assinale a alternativa correta: (a) 1, 1, 2, 3, 3 (b) 1, 1, 3, 3, 3 (c) 1, 2, 1, 3, 3 (d) 1, 3, 2, 2, 2 (e) 2, 2, 1, 3, 3 27 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 5. O órgão governamental que fixa as diretrizes e normas da política de Seguros Privados no Brasil, entre outras atribuições, é o(a): a) Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP). b) Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). c) Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP). d) Banco Central do Brasil (BCB). e) Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 6. O órgão responsável pela regulação, pelo controle, pela fiscalização e pelo incentivo das atividades de seguros, previdência, capitalização e resseguro é o(a): a) Banco do Brasil. b) Comissão de Valores Mobiliários. c) Ministério da Fazenda. d) Conselho Nacional de Seguros Privados. e) Superintendência de Seguros Privados. TEORIA GERAL DO SEGURO 28 UNIDADE 202 PRINCÍPIOS BÁSICOS do SEGURO ■ Reconhecer os princípios básicos do seguro por meio de suas características e de seus elementos básicos, aplicando-os em situações reais de comercialização. ■ Conhecer as divisões e classificações dos seguros considerando a sua natureza, àresponsabilidade pela sua operação e a classificação dos seguros privados. TÓPICOS DESTA UNIDADE Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ CARACTERÍSTICAS DO SEGURO ⊲ ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO ⊲ DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SEGURO ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 TEORIA GERAL DO SEGURO 29 UNIDADE 2 CARACTERÍSTICAS DO SEGURO As características básicas do seguro são: Previdência, Incerteza e Mutualismo. — Previdência O seguro oferece proteção às pessoas com relação às perdas e aos danos que venham a sofrer no futuro, atingindo a elas próprias ou às suas propriedades ou bens. Dessa forma, verificamos que uma pessoa que se preocupa em resguardar a si ou aos seus bens contra os prováveis riscos a que estão expostos em seu dia a dia, adotando medidas de prevenção e/ou contratando seguro, está sendo previdente. — Incerteza Na contratação do seguro, sempre há o elemento de incerteza: seja quanto à ocorrência (se vai acontecer) ou quanto à época (quando vai acontecer). Nos Seguros de Vida, a incerteza refere-se somente à época. — Mutualismo Na atividade de seguros, entende-se por Mutualismo a reunião de um grupo de pessoas com interesses seguráveis comuns, que concorrem para a formação de uma massa econômica, com a finalidade de suprir, em determinado momento, necessidades eventuais de algumas daque- las pessoas do grupo ou de parte do grupo. Assim, o impacto financeiro de um evento, que poderia ser fatal ou catastrófico para um indivíduo ou empresa, é distribuído entre os integrantes de um grupo maior por custo relativamente baixo. 30 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO Exemplos se apresentam de diversas formas em nosso cotidiano, como quando um grupo de estudantes se cotiza para realizar uma festa de formatura ao término de seu curso ou quando os condôminos incluem em suas cotas condominiais mensais um valor destinado à formação de um fundo de reserva para fazer face às despesas eventuais não orçadas de seu condomínio. No caso de Mutualismo, as seguradoras reúnem todos os prêmios que rece- bem em um fundo usado para pagar as perdas que ocorrem com frequência. ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO São cinco os elementos básicos e essenciais para que exista um seguro: Risco, Segurado, Seguradora, Prêmio e Indenização. Serão abordados também, além dos elementos básicos e essenciais do seguro, outros conceitos como: estipulante, beneficiário e corretor de seguros. — Risco Nas operações de seguro, risco é a possibilidade de ocorrência de um evento aleatório que cause dano de ordem material, pessoal ou mesmo de responsabilidades. Ele é assumido pela seguradora, que se obriga a indenizar a importância segurada na ocorrência do risco coberto, mediante o pagamento do prêmio do seguro realizado. Risco é ainda o evento incerto ou de data incerta que independe da von- tade das partes contratantes e contra o qual é feito o seguro. Risco é a expectativa de sinistro. Sem risco, não faz sentido contratar um seguro. Segundo a ABNT NBR ISO 31.000:2009, risco é o efeito da incerteza em relação aos objetivos (das pessoas ou das empresas). Sob o ponto de vista legal, o risco constitui o objeto do seguro, pois o segurado transfere à seguradora, por meio do seguro, o risco, e não o bem. Não se faz seguro de vida, mas sim do evento morte. Não se faz seguro de automóveis, mas sim dos riscos que podem causar danos ao veículo (por colisão) ou a sua perda (por roubo). 31 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO Nas operações de seguro, as condições indispensáveis que definem o risco como segurável são: Ser possível Para que haja a possibilidade de seguro, deve haver uma probabi- lidade de ocorrência. Segurar risco impossível de acontecer seria o mesmo que admitir um contrato sem objeto. Exemplo: para contratar um Seguro de Automóveis, é necessário que a pessoa tenha algum interesse segurável (no caso desse seguro, um veículo). Se a pessoa não tem um veículo próprio ou sob sua responsabilidade, não existe bem a ser segurado. Logo, também não há risco segurável. Ser futuro Considera a possibilidade de um risco futuro. Eventos já ocorridos (sinistros) até o momento da realização do contrato não podem ser admitidos como riscos e, portanto, não são seguráveis. Exemplo: não se pode contratar um Seguro de Vida para garantir a morte de alguém já falecido. Da mesma forma, não se pode contratar o Seguro de Automóveis para garantir o roubo ou furto se o veículo já estiver desaparecido por roubo ou furto. Ser incerto A natureza incerta ou aleatória do risco não pode ser dissociada do contrato do seguro. Logo, só se pode fazer seguro para garantir riscos incertos, que podem ou não ocorrer, ou, no caso de risco certo, que tenha data incerta para a ocorrência. Exemplo: uma pessoa que se atira de um avião em pleno ar, de grande altitude, sem paraquedas sabe as consequências que seu ato pode acarretar. Independer da vontade das partes contratantes O risco deve ocorrer de forma acidental e não intencional. Exemplo: se uma pessoa contrata o seguro de um imóvel para garantir riscos de incêndio, queda de raio e explosão, e tem a intenção de incendiá-lo, está descaracterizando a incerteza quanto à ocorrência dos danos pelo fogo. 32 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO Resultar de sua ocorrência um prejuízo É necessário que o contratante tenha algum interesse segurável para que ele ou seu(s) beneficiário(s) venha(m) a receber indeni- zação, ou seja, a ocorrência do risco deve comportar uma perda ou prejuízo financeiro. Exemplo: a ocorrência de um vendaval que atinja um imóvel e o danifique gera prejuízo financeiro. Ser mensurável Se o risco não puder ser medido, a seguradora não poderá esta- belecer um custo adequado para a sua aceitação. Exemplo: o risco de acidentes na construção civil. Com essas condições atendidas, poderíamos incluir mais duas: Deve ser de interesse do segurador O segurador deve querer subscrever o risco, ou seja, este deve estar entre os demais riscos que o segurador tem como aceitáveis em sua política de atuação. Deve ser economicamente viável Seu preço deve, ao mesmo tempo, ter capacidade de gerar con- tribuição para a manutenção do mútuo e apreço comercial e ser viável para os segurados. Divisão e Classificação dos Riscos Nas operações de seguros, existe a seguinte classificação de riscos: Quanto à Natureza Risco puro Risco generalizado, que afeta a sociedade como um todo, para o qual só existem duas possibilidades: perder ou não perder. Esse tipo de risco é objeto de análise feita por técnicos de seguro, ou seja, é segurável. Exemplo: A possibilidade de morte dos indivíduos é um risco puro. Se ocorrer a morte de alguém, haverá perda e, se não ocorrer, não haverá perda. Risco especulativo Risco que envolve três possibilidades: perder, não perder ou ganhar. Esse tipo de risco não é segurável no mercado de seguros, uma vez que envolve a possibilidade de ganho, vedado por lei nas opera- ções dessa natureza. Deve ser tratado com técnicas comerciais. 33 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO Exemplo: Uma sapataria adquire determinada quantidade de sapatos com a intenção de vendê-los por preço maior. Caso isso aconteça, haverá ganho. Se a mercadoria for vendida pelo mesmo preço, não haverá perda nem ganho. Entretanto, se o preço de venda for inferior ao da compra, haverá perda. Importante Embora as expressões “riscos puros” e “riscos particulares” geralmente sejam utilizadas com o mesmo significado, nos riscos particulares, os riscos se limitam a situações particularizadas, enquanto, nos riscos puros, os riscos são generalizados. Observamos que em ambos só existem duas possibilidades: perder ou não perder. Portanto, são riscos seguráveis. Exemplos: o risco de explosão de uma indústria é um risco puro, enquanto o risco de explo- são da indústria “X” é um risco particular. A possibilidadede choque entre automóveis é um risco puro, enquanto o choque entre os veículos de dois indivíduos identificados é um risco particular. Quanto à Origem Riscos fundamentais Riscos impessoais que resultam de mutações sociais e econômi- cas, afetando a coletividade. O tratamento desses riscos compete ao Estado. Exemplo: perdas decorrentes de guerra ou inflação. Riscos particulares Aqueles que afetam somente os indivíduos ou empresas em parti- cular, e não a sociedade, e para os quais também só existem duas possibilidades: perder ou não perder. Esses são riscos seguráveis, a serem tratados por seguradores particulares. Exemplo: morte ou invalidez de um cidadão. 34 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO FIGURA 4: ELEMENTOS BÁSICOS E ESSENCIAIS DO SEGURO — Segurado RISCO Quanto à Natureza Quanto à Origem ELEMENTOS DIVISÃO DOS RISCOS Ser Possível Ser Futuro Risco Puro Especulativo Risco Fundamentais Risco Particulares Ser Incerto SEGURADO SEGURADORA PRÊMIO INDENIZAÇÃO Ser Mensurável Independer da Vontade das Partes Resultar em um Prejuízo Ser Economica- mente Viável CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS É a pessoa física ou jurídica em nome da qual o seguro é contratado. É quem tem interesse economicamente no bem exposto ao risco e que trans- fere para a seguradora, mediante o pagamento de certa quantia ( prêmio), o risco de um determinado evento atingir o bem de seu interesse ou gerar uma responsabilidade. Em situações específicas, conforme o tipo de seguro contratado, podem existir adicionalmente as figuras do estipulante e do beneficiário, assim qualificados: ■ estipulante – é a pessoa física (natural) ou jurídica que contrata apólice coletiva de seguros, ficando investida dos poderes de representação dos segurados perante a sociedade seguradora nos termos da regulamentação em vigor – art. 801 do Código Civil Brasileiro; ■ beneficiário – é a pessoa física (natural) ou jurídica designada pelo segurado para receber as indenizações devidas pelo segurador ou, ainda, as pessoas legalmente reconhecidas como habilitadas para este fim. Na maioria dos ramos de seguro, o segurado é o próprio estipulante e beneficiário do seguro. 35 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO — Seguradora É a pessoa jurídica que assume a responsabilidade por riscos contratados e responde junto ao segurado pelas obrigações assumidas. É responsável por emitir a apólice — em caso de ocorrência de sinistro — e pagar indeni- zação ao segurado ou ao(s) seu(s) beneficiário(s). As principais obrigações da seguradora são: gerenciar corretamente os riscos que lhe são confiados e pagar o prejuízo resultante de risco coberto assumido na ocorrência de sinistro, ou seja, indenizar o beneficiário de acordo com as condições estabelecidas no contrato. Em situações específicas, conforme o tipo de seguro contratado, podem existir adicionalmente as figuras do estipulante, do beneficiário e do tomador. — Prêmio É a prestação paga pelo segurado para a contratação do seguro, efetivada com a emissão da apólice por parte da empresa seguradora. É o mesmo que custo ou preço do seguro. O prêmio deve ser especificado no contrato de seguro, de forma a garantir que o segurador assuma a responsabilidade de um determinado risco. Com o pagamento do prêmio, o segurado adquire o direito à indenização previamente combinada e devidamente estabelecida, desde que o sinistro corresponda ao risco coberto pelo contrato de seguro. O prêmio é um dos elementos essenciais do contrato de seguro. A falta de pagamento, nas condições legais e contratualmente estabelecidas, implica a dispensa da obrigação de indenizar por parte da seguradora, na forma do art. 763 do Código Civil e conforme regras a seguir (quadro "importante"). O prêmio do seguro pode ser pago de uma só vez pelo segurado ou pelo estipulante, podendo, ainda, ser fracionado ou dividido em parcelas (com ou sem juros, por decisão do segurador). 36 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO Importante A falta de pagamento do prêmio à vista ou da 1ª parcela, em seguros parcelados, nas condições estabelecidas, implica o cancelamento automático do contrato, independen- temente de qualquer interpelação judicial ou extrajudicial. A falta de pagamento de demais parcelas que não a primeira, em seguros parcelados, pode implicar no cancelamento do seguro, dependendo da relação entre o prêmio pago e a vigência já transcorrida pelo seguro. Decorrida a vigência a que o segurado tem direi- to pelo prêmio pago, o contrato será cancelado pela inadimplência das demais parcelas. O prêmio pago se refere a todo o período de vigência do seguro. Entretanto, as seguradoras denominam prêmio ganho à parcela de prêmio relativa ao período de tempo do risco já passado. Exemplo: se a seguradora emitiu uma apólice anual e decorreram 210 dias do prazo do seguro sem a ocorrência de sinistro no período, o prêmio correspondente a 210/365 do prêmio anual é denominado prêmio ganho. — Indenização É a contraprestação do segurador ao segurado que, com a efetivação do risco (ocorrência de evento previsto no contrato), venha a sofrer prejuízos de natureza econômica, tendo direito à indenização acordada. A indenização é considerada um dos elementos do seguro por ser a con- traprestação da seguradora ao segurado, caso ocorra um sinistro coberto. Dessa forma, se, por um lado, o segurado tem por obrigação pagar um prêmio à seguradora quando contrata um seguro, por outro, a seguradora tem por obrigação efetuar o pagamento de uma indenização ao segurado quando ocorre um risco coberto pelo contrato de seguro (sinistro). 37 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO Exemplo Suponha que uma empresa X tenha negociado com a Seguradora Imaginária um seguro de vida em grupo, para todos os seus funcionários, com cobertura de morte (qualquer causa) e invalidez permanente, ao custo mensal de R$ 12.000,00. Suponha também que, durante a vigência do seguro, houve o óbito de um funcionário, cabendo à esposa e aos filhos uma indenização de R$ 100.000,00. Identificamos, nesse exemplo, os seguintes elementos: ■ Estipulante: empresa X. ■ Seguradora: Imaginária. ■ Segurados: todos os funcionários da empresa X. ■ Riscos cobertos: morte (qualquer causa) e invalidez permanente. ■ Prêmio Mensal: R$ 12.000,00. ■ Indenização: R$ 100.000,00. ■ Beneficiários: esposa e filhos do funcionário falecido Não esqueça: Seguro é um contrato entre duas partes — o segurador (pessoa jurídica) e um segurado (uma empresa ou pessoa física) —, no qual está prevista a possibilidade de um determinado acontecimento, o risco, pelo qual se paga uma quantia, o prêmio, para que, quando ocorra esse acontecimento (sinistro), haja a reparação dos danos, que é a indenização ao segurado ou a terceiros (os beneficiários). DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SEGURO Os seguros são classificados de acordo com vários pontos de vista, entre eles: quanto à responsabilidade pela sua operação, quanto aos ramos de seguro e quanto à sua natureza. 38 UNIDADE 2 TEORIA GERAL DO SEGURO — Quanto à Responsabilidade pela sua Operação São divididos em Seguros Sociais e Seguros Privados: Seguros Sociais São aqueles operados pelo Estado por meio da Previdência Social. Incluem assistência médica, aposentadoria, pensão, acidentes de trabalho e outros benefícios, como os concedidos no âmbito do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Seguros Privados São os operados por empresas privadas de seguro. Podem ou não ser obrigatórios e podem apresentar, ainda, características sociais, como é o caso do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT). — Quanto à Natureza Seguros de Danos Destinam-se à reparação, à compensação de um dano sofrido. É a reparação de perdas materiais em consequência de risco coberto e prejuízos aos bens de propriedade do segurado. São conside- rados seguros de bens:de incêndio, roubo, furto etc. Seguros de Pessoas Garantem pessoas contra os riscos a que estão expostas: sua exis- tência, sua integridade física e sua saúde. Não há reparação de danos ou indenização propriamente dita. — Quanto à Classificação dos Seguros Privados O Código Civil Brasileiro instituiu uma nova divisão dos seguros em Seguros de Danos e Seguros de Pessoas. A legislação atual classifica os seguros da seguinte forma: Ramos Elementares São aqueles seguros que visam garantir perdas e danos ou responsabi lidades provenientes de riscos de fogo, transporte, aciden- tes pessoais e outros eventos que possam ocorrer e afetar pessoas, coisas e bens, responsabilidades, obrigações, garantias e direitos. Saiba mais Sobre Seguros de Danos – art. 778 a 788 do Código Civil Brasileiro. 39 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO Pessoas (Vida) São os seguros que, com base na duração da vida humana, visam garantir a segurados ou a terceiros o pagamento, dentro de determi- nado prazo e condições, de quantia certa, renda ou outro benefício. Como exemplos de Seguros de Pessoas, temos: Seguro de Vida, Seguro Funeral, Seguro de Acidentes Pessoais, Seguro Educacional, Seguro Viagem, Seguro Prestamista, Seguro de Diária por Internação Hospitalar, Seguro-Desemprego (perda de renda), Seguro de Diária de Incapacidade Temporária, Seguro de Perda de Certificado de Habilitação de Voo. As sociedades seguradoras autorizadas a operar Seguros de Pessoas podem também operar Seguro de Acidentes Pessoais e Seguro Habitacional, na forma regulamentada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). No que se refere à classificação dos Seguros Privados, esta foi inicialmente determinada pelo Decreto n° 61.589/1967, que mais recentemente foi modificado pela MP n° 2.177-44/2001. Com a cria- ção da ANS pela Lei nº 9.961, as atribuições que eram do CNSP e da SUSEP passaram para o Conselho de Saúde Suplementar (CONSU) e para a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tendo como resultado dessa mudança a retirada do ramo Saúde da regulamentação da SUSEP. Atenção Seguro-Saúde Não se pode mais chamar a Saúde Suplementar de seguro, mas muitos ainda consideram razoável tratar o assunto dessa forma, porque os indivíduos são beneficiários dos seguros de pessoas e também de consultas, exames e outros procedimentos na Saúde Suplementar. Em algumas corretoras de seguros, há uma segmentação no atendimento aos clientes denominada Área de Benefícios, que engloba tudo o que se destina a pessoas, sejam Seguros, Planos de Saúde ou Odontológicos. 40 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO FIXANDO CONCEITOS 2 MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 1. As características básicas do seguro estão representadas e definidas por três fatores, os quais são: a) Apólice, indenização e prêmio. b) Previdência, incerteza e mutualismo. c) Indenização, teoria das probabilidades e sinistro. d) Solene, de boa fé e fundamental. e) Risco puro, fundamental e especial. MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 2. A característica básica do seguro que pode ser definida como: “um grupo de pessoas com interesses seguráveis comuns” é o(a): a) Previdência. b) Incerteza. c) Mutualismo. d) Indenização. e) Carência. ANALISE AS PROPOSIÇÕES A SEGUIR E DEPOIS MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 3. São elementos básicos e essenciais do seguro: I) A apólice e a franquia. II) O segurador e o segurado. III) A indenização e o risco. Agora assinale a alternativa correta: a) Somente I é proposição verdadeira. b) Somente II é proposição verdadeira. c) Somente I e III são proposições verdadeiras. d) Somente II e III são proposições verdadeiras. e) I, II e III são proposições verdadeiras. 41 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO CORRELACIONE AS COLUNAS ABAIXO E DEPOIS MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 4. Correlacione os parâmetros de riscos seguráveis com suas respectivas características: 1. Ser possível. 2. Ser futuro. 3. Ser incerto. 4. Independer das vontades das partes contratantes. 5. Resultar de sua ocorrência um prejuízo. 6. Ser mensurável. ( ) Se o risco não puder ser medido, a seguradora não poderá estabe- lecer um custo adequado. ( ) O risco deve ocorrer de forma acidental e não intencional. ( ) O risco não pode ter ocorrido até o momento da contratação do seguro. ( ) O risco deverá sempre estar relacionado à probabilidade de sua ocorrência. ( ) A ocorrência do risco deve ter natureza aleatória, ou seja, que possa ou não ocorrer. ( ) A ocorrência do risco deve pressupor uma perda ou prejuízo financeiro. Agora assinale a alternativa correta: a) 1, 2, 5, 4, 6, 3 b) 6, 4, 2, 1, 3, 5 c) 2, 4, 1, 2, 5, 3 d) 3, 2, 5, 1, 4, 6 e) 6, 4, 2, 5, 3, 1 MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 5. Podemos definir “risco puro” como sendo aquele que: a) Deve ser tratado com técnicas de seguro, havendo apenas duas possibilidades: perder ou não perder. b) Deve ser tratado pelo Estado com técnicas de seguro. c) Deve ser tratado com técnicas de seguro, havendo apenas duas possi- bilidades: perder ou ganhar. d) Deve ser tratado com técnicas comerciais, havendo as possibilidades de perder ou ganhar. e) Não pode ser garantido pelo seguro. 42 FIXANDO CONCEITOS TEORIA GERAL DO SEGURO MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 6. Os riscos se classificam em duas grandes divisões: quanto à natureza e quanto à origem. Com relação à sua natureza, podemos afirmar que os riscos se subdividem em: a) Risco Perfeito e Risco Particular. b) Risco Puro e Risco Especulativo. c) Risco Fundamental e Risco Especulativo. d) Risco Puro e Risco Segurável. e) Risco Particular e Risco Aceitável. MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA 7. Quanto à classificação dos seguros privados, podemos afirmar que eles são representados pelos seguintes grandes ramos: a) Ramos Elementares e Ramos Diversos. b) Ramos de Pessoas e Ramos Diversos. c) Ramos Vida e Ramos Patrimoniais. d) Ramos Elementares e Ramos de Pessoas. e) Ramos Vida e Ramos de Pessoas. TEORIA GERAL DO SEGURO 43 UNIDADE 3 ETAPAS 03 ■ Entender o processo de contratação de seguros no mercado brasileiro identificando as etapas de comercialização, subscrição, emissão da apólice, cobrança do prêmio e emissão de endosso. ■ Distinguir os riscos cobertos dos riscos não cobertos, entendendo as razões que implicam a exclusão de determinada cobertura da apólice. ■ Entender sobre a importância do papel do Corretor no processo de sinistro considerando o conceito de sinistro e indenização. TÓPICOS DESTA UNIDADE do SEGURO ⊲ ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGURO ⊲ INSTRUMENTOS CONTRATUAIS ⊲ COBRANÇA DE PRÊMIO ⊲ PRAZO DE VIGÊNCIA DO SEGURO ⊲ SINISTRO E INDENIZAÇÃO ⊲ DISPOSIÇÕES CONTRATUAIS ⊲ RISCOS COBERTOS E NÃO COBERTOS OU EXCLUÍDOS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3 Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TEORIA GERAL DO SEGURO 44 UNIDADE 3 ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGUROS Vimos em sua definição que seguro é uma transferência de risco de uma pessoa ou empresa para uma companhia de seguros. Veremos agora como ocorre essa transferência, ou seja, como se contrata um seguro. A contratação de um seguro envolve a operação de seguros. Uma operação de seguro abrange desde a oferta de exposição de riscos de pessoas e empresas até a liquidação de eventuais sinistros, passando pelas seguintes etapas: desenvolvimento do produto, processo de cotação de seguros, elaboração da proposta, subscrição de riscos, emissão da apólice, cobrança de prêmio, eventual alteração no contrato (endosso), processo de sinistro (aviso, regulação e liquidação de eventual sinistro). FIGURA 4: ETAPAS DA OPERAÇÃO DE SEGUROS Desenvolvimento do produto Cotação de seguros e elaboração da proposta. Subscrição de risco (avaliação técnica) Emissão da Apólice Regulação do sinistro Cobrança do prêmio Emissão do Endosso Pagamento de indenizações 45 UNIDADE 3TEORIA GERAL DO SEGURO — Desenvolvimento do produto A concepção de determinado produto de seguros se dá com base na demanda de mercado percebida e para o público alvo definido (clientes potenciais). Nesse momento, são definidos pontos fundamentais como: os bens e riscos cobertos e excluídos; as coberturas a oferecer para o segmento focado; as políticas de precificação (tarifas) e subscrição; suas condições contratuais; a nota técnica atuarial. Antes de sua comerciali zação, um pedido formal de autorização é submetido à SUSEP. O desenvolvimento de um produto pressupõe ainda a definição e desenvol- vimento de processos (rotinas operacionais) e ferramentas sistêmicas que representarão os alicerces de toda sua operação. As seguradoras acompanham constantemente o desempenho de seus produtos, verificando se suas rotinas estão fluindo de forma satisfatória e se seus resultados atingidos estão dentro dos objetivos planejados. Como consequência, os produtos de seguros são constantemente ajus tados pelas seguradoras para que sejam mantidos dentro dos objetivos de performance para eles traçados. — Subscrição de risco Subscrição é o processo pelo qual uma seguradora determina se deve ou não aceitar uma proposta de seguro e, se optar por aceitar, define quais termos e condições serão aplicados além do nível de prêmio a cobrar. Esse processo é executado por um profissional chamado de subscritor de riscos, que, a partir dos elementos da proposta, avalia e mensura os riscos, decidindo se irá aceitá-los ou recusá-los. São atividades desse processo: ■ Decidir quais riscos são aceitáveis. ■ Determinar qual o prêmio será cobrado. ■ Decidir quais os termos e as condições do contrato de seguro. ■ Monitorar cada uma dessas decisões. Saiba mais As ferramentas de cálculo e contratação de seguros massificados disponibilizadas pelas seguradoras aos corretores contemplam, em seus parâmetros, as políticas de precificação (tarifas) e subscrição dos respectivos produtos. Ao utilizar tais ferramentas, o corretor acessa de forma eletrônica tais parâmetros, o que permite uma maior rapidez e praticidade na oferta de seguros aos clientes. Para as seguradoras, tal processo representa um ganho de escala quanto à captação de seguros massificados de forma otimizada e a custos viáveis de contratação. 46 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO Como são calculados os produtos de seguros? Na comercialização de qualquer produto ou serviço, o preço é um dos fatores decisivos para o consumidor fechar uma compra. Em seguros não é diferente. Quanto mais coberturas e serviços uma seguradora oferece, mais a qualidade dos serviços reflete no custo do seguro. Os consumidores nem sempre estão dispostos a pagar mais e podem optar por comprar menos coberturas e serviços para diminuir o custo do seguro. É importante para o corretor de seguros entender como funciona a precifi- cação do seguro, porque esse conhecimento o ajudará a esclarecer seus clientes na decisão ou no fechamento de uma venda, fazendo com que este adquira um seguro adequado às suas necessidades por um preço justo. O prêmio do seguro é o pagamento periódico feito pelo segurado à seguradora pela transferência do risco. Cada pagamento do prêmio compra a proteção de seguro por um período de tempo. É o que chama- mos de prazo de vigência. O seguro é um serviço intangível, cuja qualidade não é percebida no momento da compra, pois somente será percebida caso o risco previsto aconteça. Entretanto, o cálculo de um seguro é feito de forma rigorosa, de modo científico e com técnicas atuariais. O prêmio do seguro deve ser mensurado pela exposição à perda, devendo haver uma estreita relação entre o prêmio cobrado e o risco (possibilidade de perda financeira). Quanto mais próxima for essa relação, mais justo será o valor do prêmio para ambas as partes: segurado e segurador. O objetivo principal de uma tarifação adequada é determinar o prêmio mais baixo que atenda a todos os objetivos necessários. Uma parte importante do processo é identificar todas as características que permitam prever as indeni- zações futuras e selecionar bem os segurados, cobrando prêmios mais baixos nos grupos de menor risco e prêmios mais altos nos grupos de maior risco. Essa é a razão pela qual as companhias de seguros gastam dinheiro em estudos atuariais, com o objetivo de identificar todas as características que predizem confiavelmente os sinistros futuros. O prêmio de cada seguro deve ser estabelecido em um nível adequado, de forma a permitir que o total de prêmios pagos por um grupo de segurados similares pague as perdas e despesas desse grupo e que a seguradora tenha um lucro razoável. O valor do prêmio deve cobrir ainda as indenizações por sinistros, as despesas diversas em que incorre e gerar um lucro normal para a seguradora, em linha com as condições de concorrência. Tudo isso para que a seguradora tenha saúde financeira adequada e equilibrada para honrar com os compromissos assumidos juntos aos segurados. 47 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO Classificação do Prêmio O prêmio pode ser classificado como: Contributário Quando pago total ou parcialmente pelo segurado. Exemplo: seguro contratado por uma empresa para seus empre- gados, sendo parte do prêmio paga pelos funcionários e parte pela empresa; ou seguro contratado por uma empresa para seus empregados, com 100% do prêmio pago pelo segurado. Não contributário Quando o segurado não tem responsabilidade ou o ônus do pagamento. Exemplo: Seguro contratado por uma empresa para seus empre- gados, com 100% do prêmio pago pela empresa. Parâmetros gerais utilizados para calcular o prêmio ■ Prazo do seguro (período de vigência do seguro): quanto maior o prazo de vigência do seguro, maior será seu custo. ■ Importância segurada: quanto maior o limite máximo de indenização de uma determinada cobertura, maior será seu custo na apólice. ■ Exposição ao risco: consequência direta da probabilidade de ocorrência de sinistro (valor matemático do risco) e da severidade de prejuízos, caso esse sinistro venha a ocorrer (custo médio dos sinistros). Exemplo: quanto maior o índice de roubo de um deter- minado veículo, maior será o custo da cobertura contra roubo e furto na apólice. 48 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO O que as seguradoras fazem com os prêmios que arrecadam? Por determinação legal, as seguradoras não podem dispor livremente dos prêmios recebidos. As características dos negócios das seguradoras exigem que elas tenham condições de honrar com os compromissos assumidos, ou seja, elas são obrigadas a constituir provisões para isso. Essas provisões são denominadas RESERVAS TÉCNICAS. Os prêmios arrecadados com o seguro são utilizados para diversos fins pelas seguradoras. Por exemplo: ■ Constituem uma reserva para pagamento dos sinistros. ■ Pagam as despesas envolvidas em vender e disponibilizar a proteção do seguro. ■ Investem o dinheiro que não será necessário de imediato. As receitas desses investimentos ajudam a limitar o custo do seguro para os segurados. — Comercialização do seguro Como formas de comercialização de seguros, temos: Venda direta A venda direta de seguros, sem a intermediação de corretores, é permitida por lei. O seguro pode ser contratado diretamente pelo proponente, porém, por meio de representantes devida- mente autorizados pelas sociedades seguradoras. O representante do seguro é a pessoa jurídica que assume a obri- gação de promover, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a realização de contratos de seguro à conta e em nome da seguradora e de acordo com os poderes delimitados no contrato firmado com ela (Resolução CNSP n° 297/2013). A figura do representante não se confunde com a do corretor de seguros nem com a do estipulante. É também vedado ao represen tante o exercício da atividadede corretagem de seguros ou atuação como estipulante. Os planos de seguros ofertados por representantes de seguros estão limitados à emissão de apólices individuais ou de bilhete e aos ramos de riscos diversos, garantia estendida de bens e de automóveis, auxílio-funeral, viagem, prestamista, desemprego/perda de renda, eventos aleatórios, animais e microsseguro de pessoas, danos e previdência. 49 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO Venda intermediada pelo corretor de seguros É a forma mais comum de contratação de seguros. O mercado de seguros é um mercado muito técnico e exige especialização/ formação técnica de quem irá atender ao segurado devido à complexidade dos contratos de seguros. O corretor de seguros é um profissional habilitado, especializado, autorizado a comercializar os produtos das seguradoras. Por meio de um corretor oficial, uma pessoa encaminha uma pro- posta para uma seguradora, que avalia o risco e decide se aceitará ou não. Caso aceite, emitirá uma apólice. O papel principal do corretor de seguros é identificar as necessi- dades do cliente, ajudando-o a analisar e a avaliar os riscos aos quais está exposto e a buscar planos de seguros mais adequados, visando reduzir possíveis perdas financeiras. Para ajudar um futuro cliente a identificar as necessidades de cobertura, o primeiro passo é a compreensão de exposição aos riscos a que ele está sujeito. Não é uma tarefa simples — especialmente quando se trata de uma indústria que tem atuação em vários estados, por exemplo. Por isso, a intermediação de um profissional com especialização técnica é fundamental. INSTRUMENTOS CONTRATUAIS Para se contratar um seguro, alguns instrumentos contratuais são essenciais: a proposta e a apólice. — Proposta A proposta de seguro é um formulário específico de cada produto de seguro, que advém da cotação prévia realizada, e que pode contemplar as respostas de um questionário detalhado a ser preenchido pelo propo- nente que se candidata à contratação de um seguro. Da proposta devem constar dados do proponente, dados do bem a ser segurado, forma de exposição ao risco relativo à pessoa ou ao bem a ser segurado, formas de contratação e outras informações que influenciarão no custo do seguro. O corretor de seguros deve orientar o proponente no preenchimento da proposta. É importante frisar que a análise e a aceitação do risco, feitas pela seguradora, tomam por base os dados da proposta. Por isso, são de Importante Cabe destacar que somente aquele que possua legitimidade e capacidade jurídica para preencher e assinar a proposta poderá fazê-lo, ou seja, o proponente, o estipulante ou o corretor de seguros habilitados (estes dois últimos em certas situações específicas autorizadas por lei). 50 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO fundamental importância os dados ali contidos, considerando os princípios da boa-fé e a veracidade das declarações que caracterizam o contrato. A boa-fé é uma característica do contrato do seguro. Por meio da análise dos elementos da proposta, a seguradora mensura o risco e avalia se poderá assumi-lo ou não. Sua finalidade é, portanto, satis- fazer uma necessidade técnica. A proposta servirá de base para a emissão da apólice de seguro, caso o risco seja aceito pela seguradora. Ela é indispensável, conforme determi- nado no art. 759 do Código Civil Brasileiro, e seus critérios de aceitação encontram-se regulamentados por legislações da SUSEP. O artigo cita a proposta, como segue: “A emissão da apólice deverá ser precedida da proposta escrita com a declaração dos elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco”. A proposta é dispensada em caso de seguro contratado por meio de bilhete. Regras de aceitação da proposta A Circular SUSEP n° 251/2004, alterada pela Circular SUSEP n° 394/2009, estabelece regras para a aceitação da proposta de seguro e a emissão de apólice pela seguradora: ■ A celebração de um contrato de seguro ou sua alteração, exceto bilhete, somente poderá ser feita mediante proposta assinada pelo proponente, por seu representante legal ou corretor de seguros (estes dois últimos em certas situações específicas autorizadas por lei) enviada à seguradora. ■ A seguradora deverá fornecer protocolo que identifique a proposta recebida, com indicação de data e hora de seu recebimento físico ou eletrônico. A Circular SUSEP nº 359/2017, que altera a Circular nº 294/2013, que regulamenta a comercialização de propostas por meio remoto, afirma em seu art. 4º que as propostas de seguro e de previdência complementar aberta poderão ser formalizadas por meio de login e senha ou certificado digital, necessariamente pré cadastrados pelo proponente/representante legal em ambiente seguro. Nesses casos, o protocolo de tais propostas se dá de forma eletrônica. Prazos de aceitação ou recusa da proposta ■ Seguros do ramo transportes A seguradora terá 7 (sete) dias nos Seguros do Ramo Transportes, cobrindo uma única viagem (apólice avulsa). ■ Seguros rurais A seguradora terá 45 (quarenta e cinco) dias nos seguros rurais com subvenção econômica aos prêmios. Atenção Caso a aceitação da proposta dependa de contratação ou alteração da cobertura de resseguro facultativo, os prazos mencionados serão suspensos até que o ressegurador se manifeste formalmente. Atenção Com o advento dos cotadores eletrônicos presentes nos portais das seguradoras na internet, sobretudo para os ramos massificados, as propostas são impressas e assinadas pelo interessado apenas para arquivo (o que é recomendável). Havendo o aceite do segurado para a cotação, o corretor coleta todos os dados e transmite a proposta, enviando uma cópia ao segurado. Atenção Confira modelos de proposta nos Anexos 1 e 2. 51 UNIDADE 3 TEORIA GERAL DO SEGURO ■ Demais seguros Nos demais seguros, a seguradora tem o prazo de 15 (quinze) dias para manifestar-se sobre a proposta, sendo tais prazos contados a partir da data de seu recebimento, conforme pro- tocolo citado. Caso haja ausência de manifestação da seguradora, por escrito, nos prazos citados, estará caracterizada a tácita aceitação da proposta de seguro. ■ Seguros de danos No Seguro de Danos, em caso de recusa de proposta, pela seguradora dentro dos prazos citados, que possua prêmio já pago adiantado, seja à vista ou primeira parcela, a cobertura de seguro prevalecerá por mais 2 (dois) dias úteis, contados a partir da data em que o proponente, o seu representante legal ou o corretor de seguros tiver conhecimento formal da recusa. Caso tenha havido adiantamento de prêmio, a seguradora reterá a parte do prêmio relativo ao período de cobertura, na base pro rata temporis, devolvendo a diferença ao segurado em até dez dias corridos. Decorridos dez dias sem a devo- lução de prêmio, a seguradora deverá devolver a diferença atualizada monetariamente pelo índice em vigor e desde a data de seu recebimento Solicitação de documentos para análise da proposta ■ Caso a seguradora necessite de documentos complementares para a análise da aceitação do risco ou de alteração de seguro vigente, poderá solicitá-los apenas uma vez e dentro dos prazos citados, no caso de segurado pessoa física, e mais de uma vez para pessoa jurídica, desde que o pedido seja fundamentado pela seguradora. O prazo ficará suspenso até a apresentação dos documentos solicitados, passando nova- mente a correr a partir da data em que se der a entrega da referida documentação. ■ A aceitação da proposta poderá ou não ser comunicada pela seguradora ao segurado, a seu critério. Todavia, a recusa deve ser feita pela seguradora, obrigatoriamente e por escrito, ao proponente, ao seu representante legal ou ao corretor de seguros, especificando os motivos. Após preenchida a proposta, o corretor de seguros a enca- minha para a seguradora, quando será direcionada
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