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Quirópteros como importantes reservatórios de viroses emergentes Raimundo Pacheco Bolsista de IC do PIBIC/ IEC/ CNPq Seção de Virologia Laboratório de Vírus Respiratórios Graduando em Ciências Biológicas – UFPa Introdução Morcegos: Hospedeiros de inúmeras doenças. Ordem Chiroptera: Asas nas mãos Segunda maior ordem entre os mamíferos São conhecidas 4600 espécies de mamíferos 25% são de morcegos 1200 espécies Hábito alimentar generalista: Insetos, plantas, peixes, mamíferos, frutas e sangue. São animais sociais, migratórios e de ampla distribuição geográfica (Exceto na Antártida). São animais sociais, migratórios e de ampla distribuição geográfica (Exceto na Antártida). São animais sociais, migratórios e de ampla distribuição geográfica (Exceto na Antártida). São animais sociais e migratórios Introdução Ampla distribuição geográfica (Exceto nos polos) Saúde humana e animal Hospedeiros naturais de viroses emergentes A habilidade de voar ajudou a disseminar doenças Na França alguns casos de raiva foram associados a rotas migratórias dos Morcego-de-nathusius (Pipistrellus nathusii). (BROSSET, 1990) Um estudo realizado no colorado encontrou associação de variantes genotípicas de Lyssavirus de morcegos e de vertebrados terrestres infectados, o que aponta o morcego como o principal transmissor do vírus naquela região. (SHANKAR, 2005) Algumas espécies de pequenos morcegos vivem até 35 anos, isso favorece infecções persistentes. Saúde humana e animal “Se você está em busca de novos vírus, comece investigando os morcegos”. Dr. Albert Osterhaus Chefe do Departamento de Virologia - Universidade de Rotterdam. Viroses e morcegos Uma diversidade de patógenos Viroses e morcegos Muito vírus já foram detectados ou isolados a partir de morcegos. Somente o Vírus da raiva, Lyssavirus aparentados à raiva, Nipah e Hendra vírus, o vírus Ebola e SARS-CoV comprovadamente causam doenças em animais e seres humanos. Viroses e morcegos Uma relação evolutiva? Estudos sugerem que Lyssavirus e hendra vírus acompanharam a evolução desses animais, num mecanismo de co-evolução. Filovírus, rhabdoviruses e paramyxoviroses são todos membros da ordem Mononegavirales... Será que estes vírus acompanharam a evolução desses animais, num mecanismo de co- evolução? Este mecanismo evolutivo pode ter favorecido a infecção de outros animais por estes vírus. Mamíferos que surgiram após os morcegos conservaram alguns receptores celulares e vias bioquímicas que participam da replicação viral. Viroses e morcegos Uma relação evolutiva! Vírus da Raiva Vírus da Raiva Um pouco de história O termo vírus (Veneno no latim) deriva desta doença A palavra raiva do latim rabere (significando fúria ou delírio), rabhas (tornar- se violento) É a doença de registro mais antigo, descrita há mais de 4000 anos atrás Final do século XIX, no ano de 1886, Louis Pasteur, desenvolveu a primeira vacina anti- rábica Na Grécia: Lyssa ou Lytta (loucura, demência) Vírus da Raiva Generalidades Família: Rhabdoviridae Gênero: Lyssavirus Genoma: RNA fs (-) linear e não segmentado A particula viral é envelopada e em formato de ―bala de revolver‖ O Vírus da Raiva e os morcegos Transmissão: mordida que inocula vírus da raiva presentes na saliva de individuos infectados. Desmodus rotundus (Morcego vampiro) Em 1953, na Flórida (EUA): morcego insetívoro Lasiurus intermedius. Pouco tempo depois, a infecção pelo vírus da raiva foi confirmada em diferentes espécies de morcegos de hábitos alimentares distintos. Pouco tempo depois, a infecção pelo vírus da raiva foi confirmada em diferentes espécies de morcegos de hábitos alimentares distintos. RABV circulam em morcegos só nas Américas, enquanto que em outros mamíferos, a doença circula globalmente. Desmodus rotundus Lasiurus intermedius O Vírus da Raiva e os morcegos Mundialmente, uma proporção pequena de mortes anuais está relacionada à transmissão por morcegos, em torno de 55.000. Mundialmente, uma proporção pequena de mortes anuais está relacionada à transmissão por morcegos, em torno de 55.000. Nos Estados Unidos, foram registrados somente dois casos de infecção autóctone pelo vírus nas duas últimas décadas. Estudos recentes sugerem que todas as variantes do vírus da raiva que infectam carnívoros terrestres, teriam sido originadas a partir do cruzamento entre espécies de morcegos transmitindo variantes do vírus. Messenger, 2003. Fonte: SVS/MS * dados atualizados em 22.06.2012 . ? LYSSAVIRUS APARENTADOS À RAIVA Há 7 genótipos de Lyssavirus e mais quatro isolados recenteme de morcegos na Eurasia. São antigenicamente aparentados mas geneticamente distintos dos vírus da raiva. (Viroses emergentes do sistema nevosos. TYLER, 2009) São antigenicamente aparentados mas geneticamente distintos dos vírus da raiva. (TYLER, 2009) “Australian bat lyssavirus‖ (ABLV) pode infectar seres humanos causando uma doença fatal indistinguível dos casos clássicos de raiva. LYSSAVIRUS APARENTADOS À RAIVA Generalidades Genoma: RNA fs (-) Ordem: Mononegavirales Familia: Rhabdoviridae Gênero: Lyssavirus LYSSAVIRUS APARENTADOS À RAIVA Generalidades Em 1996, uma mulher de 39 anos morreu apresentando um quadro de encefalite após ter sido arranhada por morcegos frugívoros. A autopsia revelou meningoencefalite com inclusões citoplasmáticas eosinofílicas semelhantes a corpúsculos de Negri, porém menores e bem menos definidos. A RT-PCR do Líquido Cefalo raquidiano (LCR) e de fragmentos do tecido cerebral detectou um vírus semelhante ao vírus da raiva, até então infectava somente morcegos. LYSSAVIRUS APARENTADOS À RAIVA Epidemiologia do ABLV Samaratunga H, Searle JW, Hudson N. Non-rabies lyssavirus human encephalitis from fruit bats: Australian bat lyssavirus (Pteropid lyssavirus) infection. Neuropathol Appl Neurobiol 1998;24(4): 331–335. [PubMed: 9775399] LYSSAVIRUS APARENTADOS À RAIVA Epidemiologia 2º caso: Em 1998, Austrália, com uma mulher de 37 anos que foi mordida por um morcego. A RT-PCR detectou o genoma do ABLV e autopsia revelou encefalite no hipocampo e tronco cerebral. E o vírus foi isolado em cultivo celular de neuroblastoma. Hanna JN, Carney IK, Smith GA, et al. Australian bat lyssavirus infection: a second human case, with a long incubation period. Med J Aust 2000;172(12):597–599. [PubMed: 10914106] Hanna JN, Carney IK, Smith GA, et al. Australian bat lyssavirus infection: a second human case, with a long incubation period. Med J Aust 2000;172(12):597– 599. [PubMed: 10914106] O caso mais recente: 2002, na Europa. O diagnóstico molecular confirmou a infecção por BLV, juntamente com o isolamento viral. LYSSAVIRUS APARENTADOS À RAIVA Epidemiologia Nathwani D, McIntyre PG, White K, et al. Fatal human rabies caused by European Bat Lyssavirus type 2a infection in Scotland. Clin Infect Dis 2003;37(4):598–601. [PubMed: 12905146] Fooks AR, McElhinney LM, Pounder DJ, et al. Case report: Isolation of a European Bat Lyssavirus type 2a from a fatal human case of rabies encephalitis. J Med Virol 2003;71(2):281–289. [PubMed:12938204] HENIPAHVIROSES Hendra virus e Nipah virus HENIPAHVIROSES Hendra virus Chamado anteriormente de morbillivirus equino. São vírus que tem tropismo pelo sist. nervoso. Ordem: Mononegavirales Família: Paramixoviridae Gênero: HenipahvirusGenoma: RNA fs (-) não segmentado. É um vírus envelopado Os hospedeiros naturais são morcegos do gênero Pteropus Os sintomas em seres humanos: respiratório, incluindo a hemorragia e edema pulmonar. encefalítico, resultando na meningite. Em cavalos: sinais pulmonares, congestão, edema. Neurológicos. HENIPAHVIROSES Hendra virus Isolado em 1994, no bairro de hendra em Brisbane na Austrália Causando a morte de 14 cavalos e um ser humano. A causa mortis foi pneumonia intersticial grave levando à insuficiência respiratória, agravada por insuficiência renal, trombose arterial, e parada cardíaca. HENIPAHVIROSES Hendra virus Murray K, Selleck P, Hooper P, et al. A Morbillivirus that caused fatal disease in horses and humans. Science 1995;268(5207):94–97. [PubMed: 7701348] Selvey LA, Wells RM, McCormack JG, et al. Infection of humans and horses by a newly described Morbillivirus. Med J Aust 1995;162(12):642–645. [PubMed: 7603375] O’Sullivan JD, Allworth AM, Paterson DL, et al. Fatal encephalitis due to novel paramyxovirus transmitted from horses. Lancet 1997;349(9045):93–95. [PubMed: 8996421] Hanna JN, McBride WJ, Brookes DL, et al. Hendra virus infection in a veterinarian. Med J Aust 2006;185(10):562–564. [PubMed: 17115969] HENIPAHVIROSES Hendra virus Murray K, Selleck P, Hooper P, et al. A Morbillivirus that caused fatal disease in horses and humans. Science 1995;268(5207):94–97. [PubMed: 7701348] Selvey LA, Wells RM, McCormack JG, et al. Infection of humans and horses by a newly described Morbillivirus. Med J Aust 1995;162(12):642–645. [PubMed: 7603375] O’Sullivan JD, Allworth AM, Paterson DL, et al. Fatal encephalitis due to novel paramyxovirus transmitted from horses. Lancet 1997;349(9045):93–95. [PubMed: 8996421] Hanna JN, McBride WJ, Brookes DL, et al. Hendra virus infection in a veterinarian. Med J Aust 2006;185(10):562–564. [PubMed: 17115969] 2º caso: 1994, em Mackay, localizada 1000km ao norte de Brisbane. Dois cavalos e um ser humano morreram. Quadro de meningite ―asséptica‖. Na autópsia, foram observadas lesões em várias regiões do encefalo. HENIPAHVIROSES Hendra virus – CRONOLOGIA DOS CASOS O último caso em animais matou um cavalo em 27 de julho deste ano em Cairns, Queeland, Austrália. ** O último caso ocorreu em animais matou um cavalo em 27 de julho deste ano em Cairns, Queeland, Austrália. HENIPAHVIROSES Nipah virus É capaz de infectar uma grande variedade de animais e causar doença grave, levando à morte de seres humanos. HENIPAHVIROSES Nipah virus O nome ―Nipah‖: Kampung Baru Sungai Nipah em Negeri Sembilan, na Malásia. (CHUA, 2000) Os hospedeiros naturais: morcegos frugívoros do gênero Pteropus. A distribuição das Henipahviroses está relacionada com a distribuição das espécies de Pteropus. Esta hipótese foi reforçada com a evidência sorológica de infecção por Henipavirus em morcegos Pteropus da Austrália, Bangladesh, Camboja, China, Índia, Indonésia, Madagascar, Malásia, Papua Nova Guiné, Tailândia e Timor-Leste. (OMS, 2009) HENIPAHVIROSES Nipah virus Primeiro Surto: 276 casos notificados em Malásia peninsular e Singapura a partir de setembro de 1998 a Maio de 1999 Nos primeiros casos 93% dos indivíduos infectados trabalhavam diretamente com os suínos. Nos primeiros casos 93% dos indivíduos infectados trabalhavam diretamente com suínos e 39% dos pacientes morreram O surto foi inicialmente confundida com encefalite japonesa (JE) Ordem: Mononegavirales Família: Paramixoviridae Gênero: Henipahvirus Genoma: RNA fs (-) não segmentado. É um vírus envelopado Os hospedeiros naturais são morcegos do gênero Pteropus HENIPAHVIROSES Nipah virus Nº de casos Malásia + Cingapura: 276 casos de encefalite Mortalidade: 40% dos casos. 1 milhão de porcos foram abatidos. HENIPAHVIROSES Nipah virus Fevereiro - 2011 : Um surto de vírus de Nipah ocorreu em Hatibandha, Lalmonirhat, Bangladesh. 21 crianças em idade escolar morreram devido à infecção por vírus de Nipah. Escolas locais foram fechadas durante uma semana para evitar a propagação do vírus. Foi solicitado às pessoas que evitassem o consumo de frutas. HENIPAHVIROSES Nipah virus HENIPAHVIROSES Nipah virus - SINTOMATOLOGIA Em seres humanos: infecções assintomáticas a encefalites fatais. No surto da Malásia: Manifestação encefálica em humanos e respiratórias em suínos Em casos graves, encefalites e convulsões progridem para coma dentro de 24 e 48 horas. Em surtos, a taxa de letalidade é estimada entre 40% e 75%, dependendo da estrutura local de vigilância. Em surtos, a taxa de letalidade é estimada entre 40% e 75%, dependendo da estrutura local de vigilância. Os sintomas iniciais são semelhantes à gripe + tonturas, sonolência, desmaios e sinais neurológicos que indicam encefalite aguda. Uma vacina está em desenvolvimento, disponível em 2013. A vacina será destina a cavalos HENIPAHVIROSES Hendra virus e Nipah virus – PREVENÇÃO e TRATAMENTO Atualmente não existem medicamentos e vacinas contra o Nipah virus. Hendra virus Coronavirus associado à Sindrome Respiratória Aguda (SARS – CoV) SARS - CoV Generalidades 2002: foi identificado um Coronavirus (Família Coronaviridae), ocasionando Síndrome Respiratória Aguda Grave na Republica popular da China. O vírus denominado SARs – CoV é um parente distante de Coronavírus do tipo 2 que infecta outros mamíferos. Genoma: RNA fs (+) Ordem: Nidovirales Família: Coronaviridae Gênero: Coronavirus Os principais sinais e sintomas são: febre alta, mal-estar geral, dor muscular, cefaléia e tosse seca. SARS - CoV Generalidades Reservatório animal do SARs – CoV seria o civeta (Viverra civetta) Recentemente foi descoberto um grupo de SARs – CoV em morcegos de ferradura, gênero Rhinolophus . Li e colaboradores (2005): Na China 4 espécies de morcegos de ferradura tinha evidências de infecção por SARs – CoV. Lau e colaboradores (2005): - 39% de positividade pela técnica de PCR para o SARs – CoV em 59 swabs anais de morcegos do gênero Rhinolophus - 84% dos morcegos possuíam anticorpos para o SARs – CoV. Análises filogenéticas entre SARs – CoV isolados de outros animais e os de morcegos mostraram uma intima relação entre os coronavirus que infectaram seres humanos com os isolados a partir de morcegos. Li W, Shi Z, Yu M, Ren W, Smith C, Epstein JH, et al. Bats are natural reservoirs of SARS-like coronaviruses. Science. 2005;310:676–9. Lau SKP, Woo PCY, Li KSM, Huang Y, Tsoi HW, Wong BHL, et al. Severe acute respiratory syndrome coronavirus- like virus in Chinese horseshoe bats. Proc Natl Acad Sci U S A. 2005;102:14040–5. Primeira pandemia do século XXI de uma doença previamente desconhecida. 33 países e 5 continentes: 8.000 casos e 700 mortes. No final de 2003 e início de 2004: Na Republica popular da China, vírus diferente do que ocasionou o surto em 2002. Este fato implica na possibilidade, no futuro, de epidemias do SARs – CoV em populações por cepas diferentes do vírus. SARS - CoV Epidemiologia Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) OBJETIVO Identificar novos vírus Influenza em morcegos frutíferos da Guatemala durante os anos de 2009 e 2010.A Guatemala foi escolhida como polo principal de um novo estudo de nível mundial realizado pelo CDC a fim de detectar doenças emergentes. O estudo utilizando animais foi projetado a fim de fornecer informações preliminares para possíveis associações da etiologia e ecologia de doenças que são provenientes da interação entre seres humanos e animais domésticos – selvagens. Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) MATERIAL E MÉTODOS Coleta dos espécimes Locais com histórico de surtos de raiva bovina, com base em dados de vigilância, ou em locais próximos a aldeias que apresentam casos de predação por morcegos sobre a população humana. Foi coletado sangue, fragmentos de órgãos (fígado, intestino, pulmão, rins), swab retal e oral dos morcegos. Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Pan – Influenza RT-PCR Ácidos Nucleicos Totais (ANT) de 316 amostras de Swabs retais foram extraídos e submetidas à pan – Influenza RT-PCR a fim de detectar RNA de vírus Influenza. Oligonucleotídeos iniciadores conseso-degenerados foram utilizados e tinham como alvo uma região conservada do gene PB1 do vírus Influenza. Cada um dos resultados positivos foi repetido com alíquotas diferentes do ANT extraído. MATERIAL E MÉTODOS Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) MATERIAL E MÉTODOS Duas estratégias de sequenciamento foram utilizadas: Sequenciamento de alta performance / de nova geração Sequenciamento baseado no método de Sanger. SEQUENCIAMENTO COMPLETO DO GENOMA Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Sequenciamento de nova geração 1º Sequenciamento: em sequenciador Illumina GAIIx (Illumina) na Universidade de Emory (Atlanta, EUA). As sequências obtidas foram comparadas com sequencias do GenBank (Programas BLASTn e tBLASTx) A fim de melhorar a confiabilidade dos resultados... 2º sequenciamento: Pirosequenciamento, em sequenciador 454 GS-FLX (Roche 454 Life Sciences) no CDC (Atlanta, EUA). ** As sequências mais longas têm a vantagem de produzir uma maior significância estatística, em pesquisas de similaridade de sequências de vírus diferentes. Sequenciamento baseado no método de Sanger Realizado em sequenciador automático 3130 (Applied Biosystems), as sequencias foram montadas e analisadas utilizando o Sequencher software (Gene Codes). As sequências geradas pelo método de Sanger foram comparadas com as obtidas através do sequenciamento de nova geração. MATERIAL E MÉTODOS SEQUENCIAMENTO COMPLETO DO GENOMA Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) PCR EM TEMPO REAL (qRT-PCR) Os oligonucleotideos iniciadores e a sonda Taq Man foram sintetizados tendo como alvo a Nucleoproteína (NP) de novos vírus Influenza de morcegos. A especificidade da sonda e dos primers foi testada buscando o alinhamento com sequencias de vírus Influenza ou outros organismos do Genbank diferentes dos alvos. A reação foi realizada no termociclador MX3005P (Agilent Technologies) utilizando o kit comercial Superscript III platinum one-step quantitative rt-pcr system. As reações foram realizadas em triplicata, uma amostra era considerada positiva quando mais do que uma reação, das três, era positiva. MATERIAL E MÉTODOS Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Sequências de vírus Influenza A e B foram baixadas do GISAID (http://platform.gisaid.Org). Todas as sequencias disponíveis de vírus Influenza foram utilizadas para gerar uma sequencia consenso de vírus Influenza de morcegos As análises filogenéticas foram baseadas em 66 vírus Influenza A, 6 vírus Influenza B e 1 vírus Influenza C. Foram utilizados todos os dados disponíveis sobre a Hemaglutinina (HA) e Neuraminidase (NA) de vírus Influenza. As árvores filogenéticas dos oito segmentos de vírus Influenza foram construídas utilizando o método de máxima verossimilhança através do programa PAUP* v4.0b10. Perfis de similaridade entre aminoácidos foram construídos em alinhamentos de pares dos vírus Influenza A/bat/Guat/09, Southcarolina/1918 (H1N1), e A/Panama/2007/1999 (H3N2) para a HA, e para a NA A / bat/Guat/09, A/Tokyo/3/1967 (H2N2), e B/Lee/40. MATERIAL E MÉTODOS ANÁLISE FILOGENÉTICA Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Células de adenocarcinoma de pulmão humano A549 foram co-transfectadas com o vetor pPol1-NS-Renilla: - Gene reporter do Influenza A controlado pelo promotor da RNA polimerase I humana - Gene pSV-Luc que codifica a luciferase de vagalume controlado pelo promotor da RNA polimerase II do SV40 - Quatro plasmídios expressando PB2, PB1, PA, NP do vírus Influenza A ENSAIO DO “MINI GENOME REPORTER” MATERIAL E MÉTODOS Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) RESULTADOS DETECÇÃO DE VÍRUS INFLUENZA A EM MORCEGOS Foram capturados 316 morcegos de 21 espécies diferentes, provenientes de oito locais do sul da Guatemala, durante um período de 2 anos (Em maio de 2009 180 morcegos e em setembro de 2010 foram capturados 136 morcegos). Das 316 amostras, 3 foram positivas pelo RT-PCR pan-influenza. Morcegos da espécie Sturnira lilium, chamados de morcegos de ombros amarelos, um morcego frugívoro que é abundante em toda a América Central e América do Sul. 2 das amotras positivas foram coletadas em 2009 (―A/little yellow-shouldered bat/Guatemala/153/2009 e A/little yellow-shouldered bat/Guatemala/164/ 2009) em El jobo e a terceira foi coletada em 2010 (A/little yellow-shouldered bat/Guatemala/ 060/2010) em Aguero, a 50km de El jobo. A qPCR mostrou que a cada 100µl de suspensão das amostras positivas havia ~106 cópias do genoma viral. Todas as amostras de fragmentos de tecidos coletadas foram positivas, exceto a do swab oral. Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) RESULTADOS SEQUENCIAMENTO DO GENOMA VIRAL Os genomas dos vírus de morcegos capturados em 2009 apresentavam 99, 9% e dos capturados em 2010 96,1 % de similaridade. Todos os segmentos do genoma do vírus detectado em morcegos foram alinhados com segmentos de vírus Influenza A existentes em bancos de dados. *Com exceção da NA que não alinhou em todas as regiões com as sequencias de NA existentes nos bancos de dados. O sequenciamento dos genomas virais detectados permitiu observar a relação deste vírus com os vírus Influenza A. Estes vírus foram nomeados com “A/little yellow-shouldered bat/Guatemala/153/2009, A/little yellow- shouldered bat/Guatemala/164/ 2009 e A/little yellow-shouldered bat/Guatemala/ 060/2010. A HA dos vírus Influenza A/bat/Guat/09 apresentou 49% de similaridade com as 16 HA conhecidas de vírus Influenza A. Já a NA divergiu significativamente da NA conhecidas dos vírus Influenza, com apenas 24% de similaridade. A NA de vírus detectados a partir de morcegos mantém as características principais da NA de vírus Influenza A e B. Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) RESULTADOS ANÁLISE FILOGENÉTICA As análises filogenéticasdos oito segmentos do vírus Influenza A/bat/Guat/09, o método de máxima verossimilhança e inferências Bayesianas, mostrou três tipos distintos de relações entre este vírus e os demais Influenza conhecidos. A análise filogenética da HA do vírus A/bat/Guat/09 relaciona-se melhor com o grupo 1 (H1, 2, 5, 6, 8, 10,11, 12, 13 e 16) do que o grupo 2 (H3, 4, 7, 10, 14 e 15), formando um clado monofilético com H1, H2, H5 e H6. Assim, a HA do A/bat/Guat/09 foi denominada provisoriamente como H17, por ser representante de um grupo monofilético. A NA do A/bat/Guat/09 foi divergente do vírus Influenza A e B compartilhando uma relação com ancestral comum dos vírus Influenza. A nomenclatura deste gene requer estudos mais aprofundados da evolução dos vírus da família Orthomixoviridae. Os seis outros genes (PB2, PB1, PA, NP, M e NS) de A/bat/Guat/09 foram agrupados fora de ramos dos genes da influenza A e B. Suas posições na árvore filogenética foram entre o vírus influenza A e B, porém relacionados com os genes virais do tipo A. Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Alinhamento da HA e NA do A/Bat/Guat/09 com HA e NA de H1 e H3 Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) RESULTADOS TESTE DO MINI-GENOME REPORTER Para testar a eficiência do complexo da polimerase (PB1, PB2 e PA) e a NP no interior de células humanas (A549) foi utilizado o sistema de replicação “gene reporter”. Foi observada expressão eficiente do “reporter” luciferase, o que indica que células humanas são compatíveis com este mecanismo de replicação viral. A reação indicou também que o vírus pode sofrer um rearranjo com vírus que infectam humanos. As tentativas de cultivar o vírus Influenza A/bat/Guat/09 em ovos embrionados e em diversas células de mamíferos (incluindo morcegos) não foram eficientes. Uma linhagem diferente de vírus Influenza em Morcegos (TONG et al., 2012) Morcegos de ombros amarelos da América Central também são hospedeiros de um subtipo de vírus Influenza Reservatório animal com potencial transmissão da gripe a outros mamíferos. Não há dados que comprovem a circulação do vírus em morcegos de outras regiões do mundo. Estudos sorológicos estão em andamento a fim de reconhecer a soroprevalência em morcegos da América central e outras regiões. Com base nestes dados, os morcegos podem ser adicionados à lista de mamíferos que albergam os vírus Influenza. CONCLUSÕES CONSIDERAÇÕES FINAIS Quirópteros como importante reservatório de viroses emergentes CONSIDERAÇÕES FINAIS Quatro eventos são necessários para o surgimento de um vírus zoonótico: I) Contato interespecífico; II) Rompimento da barreira espécie-específica; III) Transmissão sustentada do vírus; IV) Adaptação do vírus nas espécies Estes eventos foram responsáveis por surtos de diversas doenças que emergiram a partir de reservatórios animais. A descoberta recente de uma diversidade de patógenos em morcegos volta, ainda mais, às atenções para estes animais como reservatórios de doenças. Estas evidências também sugerem que as viroses de RNA possuem um potencial maior de romper as barreiras inter-específicas causando doenças em seres humanos, devido a alta taxa de mutação. Quirópteros como importante reservatório de viroses emergentes CONSIDERAÇÕES FINAIS O aparecimento de cada um destes vírus tem sido associado ao aumento no contato entre os morcegos e seres humanos, por vezes tendo um animal doméstico como hospedeiro intermediário. O maior contato é impulsionado pela invasão humana nos habitats dos morcegos. Migração de morcegos para áreas ocupadas por populações humanas, devido a alterações na distribuição de alimentos e perda de habitat. Quirópteros como importante reservatório de viroses emergentes Quirópteros como importante reservatório de viroses emergentes REFERÊNCIAS Brosset, A. 1990. The migrations of Pipistrellus nathusii in France—possible implication on the spreading of rabies. Mammal 54:207–212. (In French.) Bigler WJ, Hoff GL, Buff EE. Chiropteran rabies in Florida: a twenty-year analysis, 1954 to 1973. Am J Trop Med Hyg. 1974;24(2):347-52. Shankar, V., L. A. Orciari, C. D. Mattos, I. V. Kuzmin, W. J. Pape, T. J. O’Shea, and C. E. Rupprecht. 2005. Genetic divergence of rabies viruses from bat species of Colorado, USA. Vector-Borne Zoon. Dis. 5:330–341. Turmelle AS, Olival KJ. Correlates of viral richness in bats (order chiroptera). Ecohealth. 2009;6:522_39. Turner, D. C. 1975. The vampire bat. Johns Hopkins University Press, Baltimore, Md. Lau SKP, Woo PCY, Li KSM, Huang Y, Tsoi HW, Wong BHL, et al. Severe acute respiratory syndrome coronavirus-like virus in Chinese horseshoe bats. Proc Natl Acad Sci U S A. 2005;102:14040–5. Li W, Shi Z, Yu M, Ren W, Smith C, Epstein JH, et al. Bats are natural reservoirs of SARS-like coronaviruses. Science. 2005;310:676–9. Messenger, S. L., C. E. Rupprecht, and J. S. Smith. 2003. Bats, emerging virus infections, and the rabies paradigm, p. 622–679. In T. H. Kunz and M. B. Fenton (ed.), Bat ecology. University of Chicago Press, Chicago, Ill. OBRIGADO! Quirópteros como importantes reservatórios de viroses emergentes Raimundo Pacheco Bolsista de IC do PIBIC/ IEC/ CNPq Seção de Virologia Laboratório de Vírus Respiratórios Graduando em Ciências Biológicas – UFPa PERGUNTAS?
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