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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA APELAÇÃO Nº....... DA ...... CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Processo nº ______ LEONARDO, já qualificado nos autos da ação penal nº ... que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, por seu advogado que esta lhe subscreve, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, opor tempestivamente EMBARGOS INFRINGENTES ao venerando acórdão, com base no artigo 609, parágrafo único do Código de Processo Penal, requerendo seja ordenado o processamento do recurso, com as inclusas razões. Requer que o presente recurso seja recebido e processado com as inclusas razões. Termos em que, Pede deferimento. Local, e data _________________ Advogado – OAB/UF nº RAZÕES DE EMBARGOS INFRINGENTES Recorrente: LEONARDO Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO Acórdão nº _____ Processo nº ______ Origem: EGRÉGIO TRIBUNAL , ILUSTRES DESEMBARGADORES , COLENDA CÂMARA , DOUTOR RELATOR , Em que pese o inegável saber jurídico dessa Col. Câmara, impõe-se a reforma do acórdão que por maioria de votos, manteve a decisão recorrida, para que o voto vencido seja reconhecido, por ser medida de justiça a ser aplicada no caso em questão, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – DOS FATOS O embargante foi condenado pelo crime de roubo, pois pretendia praticar um crime de roubo em um estabelecimento comercial, com a intenção de subtrair o dinheiro constante do caixa, ocorre que, antes de subtrair qualquer quantia, verificou que o único funcionário que estava trabalhando no horário era um senhor que utilizava cadeiras de rodas. Arrependido, antes mesmo de ser notada sua presença pelo funcionário, deixa o local sem nada subtrair. Porém após o processo ter corrido regularmente o embargante fora condenado nas sanções previstas nos art. 157, § 2º-A, c/c o Art. 14, inciso II, ambos do Código Penal, tendo sua pena fixada a pena-base, reconheceu a existência de maus antecedentes em razão da representação julgada procedente em face de Leonardo enquanto era inimputável, aumentando a pena em 06 meses de reclusão. Não foram reconhecidas agravantes ou atenuantes. Na terceira fase, incrementou o magistrado em 1/3 a pena, justificando ser desnecessária a apreensão de arma de fogo, bastando a simulação de porte do material diante do temor causado à vítima. Com a redução de 1/3 pela modalidade tentada, a pena final ficou acomodada em 4 (quatro) anos de reclusão. O regime inicial de cumprimento de pena foi o fechado. O embargante apelou da sentença condenatória e julgada a apelação a sentença de 1ª instância foi mantida sob a maioria de votos, sendo que o voto vencido, no entanto, acolheu a tese defensiva quanto a violação ao princípio da ampla defesa diante da renúncia do patrono do acusado, e no mérito concedeu regime semiaberto ao Embargante. Portanto, deve ser reformado o referido acórdão, para que o voto vencido seja reconhecido na presente questão. III – DO DIREITO Trata-se de discussão acerca da correta aplicação ao delito praticado pelo Embargante que deve ser reformado por este Tribunal “ad quem”. É cediço que Leonardo se arrependeu de sua conduta antes mesmo de ameaçar e subtrair qualquer quantia do caixa do estabelecimento. Assim, o réu deverá ser absolvido pela desistência voluntária, previsto no artigo 15 do Código Penal. É certo que na desistência voluntária o agente só responde pelos atos já praticados. Ocorre que no caso em tela Leonardo não ameaçou o dono do estabelecimento e tampouco subtraiu quaisquer quantias do caixa, razão pela qual deve ser absolvido pela inexistência da infração penal (artigo 386, III, CPP). Ademais, o cliente ameaçado na loja nunca foi ouvido em Juízo, motivo pelo qual a absolvição também se fundamenta no artigo 386, VII, CPP. Ou seja, não há provas suficientes para a condenação do réu. Ainda assim, restou comprovado que Leonardo ameaçou o cliente no interior da loja para que esse de lá se retirasse. Dessa maneira, haja vista a ausência da ocorrência de roubo, já que não houve subtração de quantia alguma do caixa do estabelecimento, cabível seria a desclassificação do crime para o crime de Ameaça, nos moldes do artigo 147 do Código Penal. Ocorre que a vítima da ameaça não teve interesse no prosseguimento da ação penal pública condicionada à representação no tocante ao fato em tela, razão pela qual a denúncia não poderá ser ajuizada pelo Ministério Público, nos moldes do parágrafo único do artigo supramencionado. Entretanto, cabível seria a desclassificação para o crime de Ameaça caso a vítima assim concordasse em proceder com a ação. Pois não há que prosperar o entendimento concernente ao roubo, porquanto não houve subtração de bens materiais e nem violência. Ademais, a suposta ameaça aqui listada não foi na intenção da subtração de bens materiais, mas sim para que o cliente tão somente saísse da loja. Desta feita não pode prosperar tal condenação, ao passo que deve ser mantido o voto vencido, que ao prevê a tese defensiva quanto a violação ao princípio da ampla defesa diante da renúncia do patrono do acusado, e no mérito concedeu regime semiaberto ao Embargante. Portanto, merece acolhimento a reforma pleiteada, tendo total respaldo legal o voto vencido proferido no acórdão, não podendo imperar tal condenação imposta ao Embargante. IV – DO PEDIDO Diante do exposto, requer a Vossas Excelências sejam acolhidos e providos os presentes embargos, a fim de reconhecer e manter o voto vencido que acolheram a tese defensiva quanto a violação ao princípio da ampla defesa diante da renúncia do patrono do acusado, e no mérito concedeu regime semiaberto ao Embargante, como medida de Justiça! Termos em que, pede deferimento Local, e data _________________ Advogado – OAB/UF nº
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