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PEÇA U3 - APELAÇÃO - LAYSSA SANTOS

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito... 
 
Processo-crime n.º... 
 
..., já qualificado nos autos do processo em 
epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, não 
se conformando com a respeitável decisão de 
folhas... que condenou o apelante a uma pena de 6 
anos a ser cumprida em regime fechado pelo crime 
de estupro, vem respeitosamente à presença de 
Vossa Excelência e dentro do prazo de 5 dias, 
interpor o presente RECURSO DE APELAÇÃO, com 
fundamento no art. 593 e 798 do CPP. 
Requer seja o presente recurso devidamente 
recebido e processado, encaminhando-se as razões 
anexas ao Egrégio Tribunal... 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
(local, data) 
Advogado – OAB/... n.º... 
 
 
 
 
 
RAZÕES DE APELAÇÃO 
APELANTE:... 
APELADO: MARIA QUITÉRIA 
PROCESSO-CRIME N.º... 
 
Egrégio Tribunal... 
Colenda Câmara (ou Turma) 
Douto Representante do MP 
Ínclitos Julgadores 
 
A respeitável decisão ora recorrida prolatada pelo ilustre 
Magistrado a quo deve ser reformada, pelas razões de fato e de direito a seguir 
expostas. 
DOS FATOS 
Trata-se de denuncia movida pelo MP por suposta prática do crime 
de estupro enquadrado no artigo 213 do Código Penal, sob acusação de que o 
apelante teria forçado uma relação sexual com sua fã Maria Quitéria após um 
inesperado surto agressivo da vítima, ambos já vinham se relacionando em um 
luxuoso hotel localizado no interior de São Paulo. 
Apesar do exame de corpo e delito terem sidos inconclusivos 
quanto ao crime sexual, O IP foi relatado e encaminhado ao MP, que decidiu 
denunciar o rapaz pelo crime de estupro. Foi citado para responder à acusação, 
mas não foi localizado. O Delegado determinou a citação por edital, mas o 
acusado não compareceu e nem constituiu advogado, razão pela qual o juiz 
nomeou defensor dativo para apresentar a resposta à acusação e prosseguiu no 
feito. 
Durante a instrução do processo, foram ouvidas testemunhas que 
confirmaram o encontro marcado entre os dois e as duas noites em que 
estiveram juntos. Foi confirmado também que Maria esteve no hotel por livre e 
espontânea vontade. Sobre a noite do crime, ninguém pode dizer nada a 
respeito, pois não estavam por perto. 
Maria narrou sua versão dos fatos, alegando que após o cantor de 
colocar por cima dela sobre a cama, teria forçado uma relação sexual. O cantor 
confirmou o ocorrido até a parte da briga, mas negou que tivesse estuprado a 
moça. Afirmou que assim que ela se acalmou, ele levantou da cama e saiu do 
quarto, deixando-a lá sozinha. 
Foi apresentado o vídeo captado pelo celular que gravou apenas 
até o momento em que a moça passa a agredir o rapaz. A partir daí, mais nada. 
Todavia, O juiz decidiu por condenar o cantor pelo crime de estupro 
a uma pena de 6 anos de reclusão a ser cumprida em regime fechado. 
Fundamentou o regime mais grave no fato de o condenado estar viajando e não 
ter sido, inclusive, localizado para comparecer ao julgamento. 
 
DO DIREITO 
DA AUSÊNCIA DE PROVAS 
Conforme pode-se observar da Denúncia, a mesma é embasada 
em um exame de corpo e delito inconclusivo em relação ao crime denunciado e 
vídeo captado pelo celular da apelada, que gravou apenas até o momento em 
que a moça passa a agredir o rapaz, sem qualquer prova robusta sobre a autoria 
do fato. 
Ocorre que no atual Estado Democrático de Direito, em especial 
em nosso sistema processual penal acusatório, cabe ao Ministério Público 
comprovar a real existência do delito e a relação direta com a sua autoria, não 
podendo basear sua acusação apenas no depoimento da vítima. 
No Direito Penal Brasileiro, para que haja a condenação é 
necessária a real comprovação da autoria e da materialidade do fato, conforme 
preceitua o Código de Processo Penal ao prever expressamente: 
Art. 386. O Juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte 
dispositiva, desde que reconheça: 
(...) 
VII – não existir prova suficiente para a condenação. 
 
O que deve ocorrer no presente caso, pois não há elementos 
suficientes para comprovar a relação do Réu com os fatos narrados. Dessa 
forma, o processo deve ser resolvido em favor do acusado. 
Fato é que de forma leviana instaurou-se o presente processo, 
desprovido de provas cabais a demonstrar o acontecimento ou a gravidade do 
ato, consubstanciadas unicamente em indícios que maculam a finalidade da 
ação proposta. 
Com base nas declarações e provas documentais acostadas ao 
presente processo, é perfeitamente possível verificar a ausência de qualquer 
evidência que confirme as alegações do denunciante. 
A condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos 
indiscutíveis, o que não ocorre no caso em tela. Razão pela qual, mesmo com o 
recebimento da denúncia, no que data máxima vênia, discordamos, não há que 
se imputar ao acusado a conduta denunciada, levando em consideração e 
devido respeito ao princípio constitucional do in dubio pro reo. 
Sobre o tema, o doutrinador Norberto Avena destaca: 
“apenas diante de certeza quanto à responsabilização 
penal do acusado pelo fato praticado é que poderá operar-
se a condenação. Havendo dúvidas, resolver-se-á esta 
em favor do acusado. Ao dispor que o juiz absolverá o réu 
quando não houver provas suficientes para a condenação, 
o art. 386, VII, do CPP agasalha, implicitamente, tal 
princípio. (Processo penal, 10ª ed. Editora Método, 
2018.Versão ebook, 1.3.15) 
Trata-se da devida materialização do princípio constitucional da 
presunção de inocência – art. 5º, inc. LVII da Constituição Federal, pela qual 
cabe ao Estado acusador apresentar prova cabal a sustentar sua denúncia, 
impondo-se ao magistrado fazer valer brocado outro, a saber: allegare sine 
probare et non allegare paria sunt – alegar e não provar é o mesmo que não 
alegar. 
Não sendo o conjunto probatório suficiente para afastar toda e 
qualquer dúvida quanto à responsabilidade criminal do acusado, imperativa a 
sentença absolutória. A prova da autoria deve ser objetiva e livre de dúvida, pois 
só a certeza autoriza a condenação no juízo criminal. Não havendo provas 
suficientes, a absolvição do réu deve prevalecer. 
 
DO DESCABIMENTO DO REGIME INICIAL IMPLEMENTADO 
Data vênia, a reforma da respeitável sentença se impõe, uma vez 
que o quantum da pena fixado na sentença, 6 (seis) anos de reclusão, de acordo 
com o artigo 33, §2º, alínea b, tendo em vista que as circunstâncias judiciais do 
artigo 59 todos do Código Penal, não são desfavoráveis à apelante, o regime 
inicial de cumprimento de pena deverá ser semiaberto, com as regras do 
artigo 35 do Código Penal. 
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema trifásico de 
aplicação da pena. Na primeira fase, em que o juiz analisa as circunstâncias 
judiciais constantes do art. 59 do Código Penal, a pena base somente poderá se 
afastar do mínimo legal caso tais circunstâncias sejam desfavoráveis ao réu. 
Ora, no presente caso, pode-se observar que a sentença, quando 
da análise das circunstâncias judiciais contidas no artigo 59 do Código Penal: 
culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, motivos 
do crime, circunstâncias do crime, consequências do crime, comportamento da 
vítima, não foi possível valorar tais circunstâncias de forma negativa ao 
apelante, pelo qual restou fixada a pena-base no mínimo legal. 
Diante disso, conclui-se por exagerada a condenação da apelante 
a pena privativa de liberdade de 6 anos, em regime inicialmente fechado, vez 
que não existem fundamentos para que tal regime inicial, mais gravoso seja o 
aplicado ao caso em análise. 
Ressalte-se que a fundamentação do regime mais grave no fato de 
o condenado estar viajando e não ter sido localizado para comparecer ao 
julgamento não deve ser considerado como requisito para aplicação do regime 
inicial de cumprimento de pena, eis que não constitui requisito idôneo para tal 
fixação. 
Neste sentido vale mencionar o entendimentosumulado por 
nossos Tribunais Superiores: 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
SÚMULA 719 
A imposição do regime de cumprimento mais severo do 
que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. 
 
SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
Súmula 440 - 
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o 
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que 
o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas 
na gravidade abstrata do delito. 
De todo modo, pode-se observar que a respeitável sentença 
proferida pelo juízo a quo merece ser reformada, pois sua decisão referente à 
fixação do regime inicial fechado, para o cumprimento da pena, carece de 
fundamentação idônea, o que caracteriza inegável constrangimento ilegal, ao 
ora apelante. 
 
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer seja julgado procedente o recurso de 
apelação para que: 
a) Seja absolvido o réu, ante a evidente insuficiência de provas, nos 
termos do art. 386, inciso VII do Código de Processo Penal. 
b) No caso de não acolhimento da absolvição a que pleiteia o ora 
apelante, que seja modificado o regime inicial de cumprimento de pena da 
apelante para o regime semiaberto. 
 
(local/data) 
Advogado. OAB/...n.º...

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