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tratamento de agua 5

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Prévia do material em texto

Tratamento de Água
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Fernando Freitas de Oliveira 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
• As Bases do Processo de Separação por Membranas
• Características dos Sistemas e Equipamentos de Filtração 
por Membranas
• O Problema da Formação de Fouling em Membranas
• Considerações em Projetos de Filtração por Membranas
• Aplicação do Processo de Membranas para o Abastecimento 
Público de Água
 · Apresentar os diferentes processos de tratamento de água por meio 
de membranas poliméricas, bem como discutir a aplicação dos siste-
mas de membranas no abastecimento público como uma alternativa 
para o tratamento convencional de água.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Aplicação de Membranas no 
Tratamento de Água
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
Contextualização
O crescimento da população mundial, do consumo de produtos industrializados 
e, consequentemente, da emissão de poluentes no ambiente, são fatores ligados à 
redução da disponibilidade de água para o abastecimento público. Os níveis atuais 
de poluição do mananciais podem agravar situações de escassez, principalmente 
devido ao aumento da concentração dos chamados contaminantes “emergentes” 
(produtos de higiene pessoal e limpeza, agrotóxicos, fármacos, hormônios, cafeína, 
entre outros), que estão ligados aos hábitos do homem contemporâneo. 
Como muitos desses poluentes são substâncias dissolvidas na água, é inevitável 
questionar se o sistema convencional de tratamento de água, baseado na floculação 
e filtração em areia, e utilizado na maioria das Estações de Tratamento de Água 
(ETAs), ainda é satisfatório para o preparo da água para consumo. Dessa forma, 
os métodos de tratamento de água para abastecimento público devem passar por 
um constante processo de revisão e aprimoramento, visando à oferta de água 
de qualidade. Além disso, o elevado nível de urbanização em algumas regiões 
do mundo tem efeitos diretos sobre a disponibilidade de áreas para a construção 
de ETAs convencionais, principalmente aquelas que operam com decantadores, 
que demandam grandes áreas. Nesse caso, é necessária a busca por sistemas de 
tratamento mais compactos.
O tratamento de água, por meio de finas membranas semipermeáveis, é apon-
tado atualmente como uma alternativa promissora para os sistemas de tratamento 
convencionais, devido à sua alta capacidade de remoção de substâncias particu-
ladas e dissolvidas. Além disso, também são sistemas modulares compactos que 
requerem menores espaços físicos em relação aos sistemas convencionais. Porém, 
no Brasil, a tecnologia de membranas ainda não foi difundida nas ETAs. Isso ocorre 
principalmente pelo fato de não se ter fabricantes de membranas no país, e devi-
do aos elevados impostos sobre produtos importados, que dificultam a aquisição 
e consequentemente a expansão desta tecnologia. Por outro lado, muitos países 
desenvolvidos já empregam em larga escala os processos de membranas no trata-
mento de água para o abastecimento público.
8
9
As Bases do Processo de Separação 
por Membranas
Nos seres vivos, as membranas constituem estruturas que delimitam as células, 
além de desempenharem um importante papel no controle da passagem de íons e 
outras moléculas do exterior para o interior da célula e vice-versa.
Essa seletividade característica das membranas biológicas também passou a ser 
utilizada no tratamento de água e efluentes com o desenvolvimento de membranas 
sintéticas poliméricas, que constituem estruturas de material semipermeável com 
capacidade de separar substâncias particuladas e dissolvidas da água.
Auxiliada por uma força motriz (que pode ser, por exemplo, uma pressão exercida 
sobre o líquido, sucção, corrente elétrica, ou osmose), a água flui através da membrana. 
Esse fenômeno recebe o nome de permeação. Quando a água permeia através da 
membrana, as partículas nela contidas são “barradas”, e o grau de rejeição de partículas 
pode variar dependendo do material e do tipo de membrana empregado.
O funcionamento de um sistema de separação por membrana pode envolver 
três correntes líquidas (ilustradas na figura 1):
 · Alimentação: consiste na vazão afluente contendo a água a ser tratada.
 · Permeado: corresponde à vazão efluente, contendo a água tratada que 
permeou através da membrana.
 · Concentrado: é uma corrente líquida formada pela concentração de 
partículas rejeitadas pela membrana, também denominada rejeito.
Membrana
Alimentação
Concentrado
Permeado
Figura 1. Correntes líquidas envolvidas no processo de separação por membranas
Existem dois modos de se operar sistemas de membrana para gerar o permeado. 
Quando se aplica pressão no sistema, a permeação pode ocorrer por meio de 
um fluxo paralelo à membrana, tecnicamente denominado fluxo tangencial ou 
cross-flow, em que apenas parte da vazão de alimentação atravessa a membrana, 
gerando uma corrente de permeado e outra de concentrado (Figura 2). 
Outra forma de permeação pode ser feita fazendo com que todo o volume de 
alimentação atravesse a membrana por meio de um fluxo perpendicular, gerando 
apenas o permeado (Figura 2). Esse processo é denominado filtração direta 
ou dead-end.
9
UNIDADE Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
Figura 2. Esquema comparando os fluxos de alimentação tangencial (cross-flow) e dead-end 
Fonte: Adaptado de hussgroup.com
Os tipos de membranas mais comumente utilizadas no tratamento de água 
operam por pressão e se diferenciam principalmente pelo tamanho dos poros e 
capacidade de retenção de partículas (Tabela 1 e Figura 3). São classificados em: 
microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose reversa (ou inversa). 
Tabela 1. Características dos diferentes tipos de membrana
Tipo de 
membrana
Modo de 
operação Porosidade 
Capacidade de 
remoção de partículas Recuperação
Microfiltração Dead-end 0,1 a 1 µm Grande parte dos microrganismos, tais como cistos e oocistos de protozoários, algas e bactérias.
Retrolavagem 
e limpezas 
químicas.
Ultrafiltração Dead-end ou cross flow 5 - 100 nm Coloides, compostos orgânicos solúveise vírus.
Retrolavagem 
e limpezas 
químicas.
Nanofiltração Cross-flow 1 - 5 nm Íons polivalentes como por exemplo o cálcio (Ca
+2) 
e o magnésio (Mg+2).
Limpezas 
químicas.
Osmose 
Reversa
Cross-flow
Sem poros 
(membrana 
densa)
Sais dissolvidos da água compostos por íons 
monovalentes, como Na+ e Cl- (pode ser aplicada, 
por exemplo, na dessalinização de água do mar).
Limpezas 
químicas.
Água
Íons
monovalentes
Íons
polivalentes Vírus Bactérias
Sólidos
suspensos 
Micro�ltração
Água
Íons
monovalentes
Íons
polivalentes Vírus Bactérias
Sólidos
suspensos 
Ultra�ltração
Água
Íons
monovalentes
Íons
polivalentes Vírus Bactérias
Sólidos
suspensos 
Nano�ltração
Água
Íons
monovalentes
Íons
polivalentes Vírus Bactérias
Sólidos
suspensos 
Osmose Reversa (inversa)
Figura 3. Capacidade de rejeição de partículas nos diferentes tipos de membranas. De cima 
para baixo do menos restritivo (microfiltração) para o mais restritivo (osmose reversa)
Fonte: Paintair - Xflow
10
11
Importante!
A porosidade das membranas refl ete sua 
capacidade de remoção de partículas. As 
membranas de microfi ltração, ultrafi ltração 
e nanofi ltração são denominadas membra-
nas porosas. Seus poros podem ser visuali-
zados por meio de técnicas como a micros-
copia eletrônica de varredura (MEV) (Figura 
4). As membranas de microfi ltração e ultra-
fi ltração, devido à alta porosidade, podem 
contar com procedimentos de retrolavagem 
para recuperação do fl uxo de produção de 
permeado em caso de colmatação dos poros. 
Figura 4. Poros de uma membrana de 
microfi ltração visualizada por MEV
Fonte: Acervo do conteudista
As membranas de osmose reversa não possuem poros, sendo denominadas membranas 
densas, em que a água passa através dela por meio do processo de difusão. 
As membranas de nanofi ltração e osmose reversa, utilizadas em processos de dessalini-
zação de água, possuem alta capacidade de rejeição de partículas e por isso são operadas 
no modo cross-fl ow com fl uxo tangencial, evitando o acúmulo excessivo de partículas que 
causam a colmatação (entupimento), principalmente devido à saturação e precipitação de 
sais sobre a membrana.
Importante!
 Existem também sistemas de membrana que não operam por pressão. Um exemplo 
é a eletrodiálise, processo utilizado em grande escala no setor de saneamento, em 
que a força-motriz de separação é a corrente elétrica. São utilizadas para a remoção de 
sólidos dissolvidos com carga negativa ou positiva (íons). Um módulo de eletrodiálise 
é constituído por membranas catiônicas (com carga negativa) e membranas aniônicas 
(com carga positiva), além de dois eletrodos: um ânodo (carga positiva) e um cátodo 
(carga negativa) que geram a corrente elétrica para ocorrer a migração dos íons, que 
ficam retidos nas membranas. Existem canais por onde entra a água de alimentação, 
um para coleta de concentrado e um para a água tratada (Figura 5).
Alimentação
Água Tratada
Membrana catiônica
Membrana aniônica
Cátions
Ânions
Concentrado
Figura 5. Ilustração esquemática de um sistema de tratamento de água por eletrodiálise
Fonte: modificado de AEDyR – Espanha
11
UNIDADE Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
Importante!
Embora seja considerada uma alternativa promissora para problemas futuros de 
escassez de água, a tecnologia de membranas não é uma novidade. Ela foi inicialmente 
comercializada no início dos anos 1960, mas já em 1954 havia sido desenvolvido pela 
Universidade da Califórnia um sistema para demonstrar o princípio da osmose reversa 
desenvolvido pelo Dr. Gerard Hassler, enquanto investigava as propriedades osmóticas 
do celofane em 1948. A osmose reversa foi baseada no fenômeno natural da osmose, 
que consiste na passagem de água através de uma membrana semipermeável de uma 
solução salina diluída para uma mais concentrada. De forma inversa, uma membrana 
produziria uma solução livre de solutos a partir de uma solução concentrada.
A nanofiltração foi uma variante da tecnologia de osmose reversa, operando a pressões 
menores e com menor restrição de sais, difundida na década de 1980 (SCHNEIDER; 
TSUTIYA, 2001).
As membranas porosas são ainda mais antigas, surgiram na década de 1920 com o 
desenvolvimento da microfiltração. Na década de 1960, passaram a ser comercializadas 
as membranas porosas mais restritivas de ultrafiltração (BAKER, 2004; ZEMAN, 1996).
Você Sabia?
Características dos Sistemas e Equipamentos 
de Filtração por Membranas
Membranas são filmes finos constituídos por polímeros. Dentre os polímeros mais 
utilizados para a fabricação de membranas estão o acetato de celulose, poliamida 
e polietersulfona (PES). Por si só as membranas são estruturas frágeis e devem ser 
cuidadosamente empacotadas para que possam constituir uma unidade de filtração 
com características que possibilitem a aplicação de pressão, bem como altas taxas de 
permeação e de rejeição de solutos.
Os sistemas de membrana, principalmente os que operam com nanofiltração 
e osmose reversa, consistem de módulos espirais, contendo elementos filtrantes 
formados por envelopes de membranas enroladas em espiral, separados por 
telas espaçadoras (ou simplesmente espaçadores), ligados a um tubo coletor de 
permeado (Figura 6). Estes elementos são inseridos no interior de vasos de pressão 
ligados à um sistema de bombeamento. 
Em membranas mais restritivas como a osmose reversa, a pressão de operação 
pode chegar a 70 bar, que equivale ao peso de 70 atmosferas (quando operados 
com águas com altos teores de solutos, como por exemplo a água do mar).
Esse processo de bombeamento em alta pressão consome significativas quan-
tidades de energia, porém, não mais que os processos térmicos de dessalinização 
(por destilação), que, com o passar do tempo, foram substituídos por sistemas de 
separação por membranas.
12
13
Figura 6. Esquema de um módulo espiral
Fonte: De Oliveira, 2012
As membranas porosas de microfiltração e ultrafiltração podem também operar 
em módulos espirais. Porém, é mais comum que se utilize outra conformação de 
elementos filtrantes para estas membranas, como membranas em folhas planas, 
membranas tubulares ou módulos de fibras ocas.
Os módulos de fibras ocas são amplamente utilizados para sistemas de ultrafil-
tração, sendo constituídos por um conjunto de membranas em forma de fibras que 
constituem o elemento filtrante. A alimentação pode ser feita por um dos lados do 
módulo ou por ambos os lados, e a filtração pode ocorrer tanto de fora para dentro 
da fibra quanto de dentro para fora (como o exemplo mostrado na figura 7).
 
Figura 7. Módulo de fi bras ocas
Fonte: Adaptado de kochmembrane.com
O Problema da Formação de Fouling 
em Membranas
O termo fouling se refere ao acúmulo indesejado de material sobre uma 
superfície utilizada em um determinado processo. Este fenômeno é considerado 
um dos principais fatores que conduz à diminuição da eficiência de sistemas de 
separação por membranas (SCHNEIDER; TSUTIYA, 2001). 
13
UNIDADE Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
A deposição de materiais sobre a superfície de membranas gera colmatação e 
consequentemente redução do fluxo de permeado. Algumas vezes, o acúmulo de 
material é irreversível, gerando a perda do elemento de membrana. Dependendo 
do tipo de material aderido, o fouling pode ser classificado em:
 · Inorgânico: ocorre quando, no processo de permeação, o teor de sais na 
superfície da membrana é mantido acima dos limites de saturação, gerando a 
formação e precipitação de cristais sobre a membrana.
 · Orgânico: quando a água de alimentação do sistema possui grande concen-
tração de matéria orgânica, que se deposita sobre a membrana.
 · Biológico: considerado o mais problemático e de difícil controle, ocorre com a 
formação de biofilmes a partir da adesão de bactérias e outros microrganismos 
sobre a superfície da membrana, que passam a se multiplicar e secretar uma 
matriz extracelular (composta principalmente por polissacarídeos e/ou proteínas), 
que, porsua vez, confere proteção às bactérias contra agentes externos, como 
produtos biocidas. A matriz produzida é o principal fator causador de colmatação 
de membranas. O biofilme formado ainda pode sofrer a ação de forças hidráulicas 
e fragmentar, colonizando outras partes da membrana (Figura 8).
Figura 8. Etapas da formação de biofilmes bacterianos sobre superfícies: iniciando com a aproximação de bactérias 
planctônicas e adesão à superfície(1), crescimento com produção de matriz (2) e desprendimento e dispersão (3)
Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons
Figura 9. Imagem obtida em microscopia eletrônica de varredura (MEV) de um biofilme formado sobre uma membrana 
utilizada no tratamento de água. Na imagem é possível observar as células bacterianas imersas na matriz extracelular
Fonte: Acervo do conteudista
14
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A formação de biofilmes é considerada a maior causa de prejuízos nos 
processos de membrana, uma vez que podem ocasionar a diminuição da qualidade 
da água obtida, a diminuição do volume de água devido ao entupimento, aumento 
dos gastos com energia elétrica, aumento de custos com produtos químicos para 
limpeza, além da perda de elementos de filtração.
Os sistemas de osmose reversa, por serem mais restritivos, são os que mais 
sofrem com a formação de biofilmes. Nesses sistemas, as estratégias utilizadas para 
prevenção e controle do crescimento de biofilmes sobre as membranas são:
 · Limpezas químicas com soluções alcalinas e ácidas;
 · Uso de agentes biocidas;
 · Pré-tratamento da água por outros sistemas prévios de filtração para 
remoção de uma parte das impurezas.
Sistemas de pré-tratamento de água são fundamentais para o controle de fouling 
de membranas sobretudo do fouling biológico.
Alguns sistemas de dessalinização por osmose reversa, por exemplo, utilizam 
filtros de areia, ou até mesmo membranas porosas de ultrafiltração, como etapa de 
pré-tratamento.
Considerações em Projetos de Filtração 
por Membranas
Apesar de aparentemente simples, a tecnologia de membranas oferece muitas 
possibilidades de erros de projeto, principalmente nas etapas de seleção de pré-
tratamento e do tipo de membranas, que pode comprometer a operação e a viabilidade 
do projeto. Dessa forma, é importante ressaltar que um projeto de instalação de uma 
unidade de filtração por membrana deve apresentar detalhadamente as respostas 
para as seguintes perguntas:
 · Qual o volume de água necessário a ser obtido no processo?
 · Qual a qualidade de água que se quer atingir?
 · Qual a qualidade de água de alimentação do sistema?
 · Quais são as análises que devem ser feitas e quais são os parâmetros 
relevantes para a determinação da qualidade de água de alimentação?
 · Com base na qualidade da água de alimentação, que tipo de pré-tratamento 
é o mais adequado para a proteção das membranas?
 · Quais são as empresas especializadas no ramo de membranas que possuem 
know-how para montagem de sistemas, fornecimento de material e produtos, 
bem como consultoria técnica?
15
UNIDADE Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
 · Quais foram os resultados de projetos prévios com o mesmo porte e 
mesma finalidade?
 · Como será o plano de monitoramento contínuo do sistema para detecção 
de falhas, melhoramento do processo e redução dos custos operacionais?
Porém, vale ressaltar aqui que, como em qualquer empreendimento, um projeto 
para um sistema de tratamento de água por membranas só é realmente desenvolvido 
se a relação custo/benefício do processo de membranas for mais vantajosa quando 
comparada a outras tecnologias disponíveis.
A comparação de um sistema convencional de tratamento de água e um sistema 
de membranas por ultrafiltração para o tratamento de água de um manancial, 
revelou que o custo da água produzida por membranas de ultrafiltração é considerado 
competitivo quando comparado ao sistema convencional (MIERZWA et al.,2008). 
Além disso, o custo de implementação do sistema pode ser reduzido mediante à 
queda nos custos dos módulos de membranas com o aprimoramento tecnológico e 
com o início da comercialização do produto nacional.
Aplicação do Processo de Membranas para 
o Abastecimento Público de Água
Atualmente, o exemplo que temos da aplicação de membranas em grande 
escala para o abastecimento público de água está em Israel. Este país árido vem 
conseguindo solucionar os problemas de escassez de água, principalmente pelo 
processo de dessalinização de água do mar, utilizando membranas de osmose 
reversa. A maior usina do mundo que emprega esse tipo de processo está em 
Israel e produz cerca de 600.000 m3 de água dessalinizada por dia. Juntas, todas 
as usinas de dessalinização de Israel produzem cerca de 50% da água potável 
consumida pelo país. Além de Israel a Arábia Saudita, Emirados Árabes, Espanha, 
Índia, China e Austrália também são exemplos de países que utilizam amplamente 
a tecnologia de dessalinização por osmose reversa.
O estado da Califórnia, nos EUA, conta com a maior usina de dessalinização 
das Américas, com uma produção de cerca de 190.000 m3 de água dessalinizada 
por dia, oferecendo uma alternativa de fornecimento de água em meio ao clima 
seco da região.
No Brasil, a maior parte das usinas de dessalinização por osmose reversa são 
aplicadas na indústria do Petróleo. As maiores plantas brasileiras em fase de operação 
para dessalinização de água do mar estão localizadas nas plataformas FPSO (Floating 
production storage and offloading) da Petrobrás, com uma produção entre 20.000 
a 30.000 m3/d (DE OLIVEIRA, 2012).
16
17
Se considerarmos os sistemas de dessalinização de água do mar por osmose 
reversa instalados em terra, o exemplo mais notório no Brasil está no arquipélago 
de Fernando de Noronha, que conta com um sistema com capacidade de 60 m³/h. 
Essa solução atenuou os problemas de fornecimento de água do arquipélago, que 
pode receber por ano cerca de 80 mil turistas, e conta com 2,8 mil moradores 
locais (VERDÉLIO, 2014; RODRIGUES; BRENHA, 2014).
Importante!
Embora a dessalinização de água do mar pelo processo de osmose reversa seja uma 
solução para atenuar a escassez de água em muitos países, ela também gera um 
problema ambiental ao ambiente marinho. O rejeito concentrado produzido pelo 
processo geralmente é descartado diretamente no mar, podendo resultar em um 
aumento da concentração de sais, ou da concentração de alguma substância tóxica no 
local de descarte, com sérias consequências para a vida marinha.
Dessa forma, poderia um sistema de dessalinização trazer solução e, ao mesmo tempo, 
problemas ambientais para uma unidade de conservação como o arquipélago de 
Fernando de Noronha?
Trocando ideias...
O trabalho a seguir apresenta uma revisão sobre o problema do rejeito concentrado de 
sistemas de dessalinização por osmose reversa, dando destaque para a aplicação da 
tecnologia no tratamento da água de poços na região Nordeste do Brasil. São apresentadas 
algumas alternativas para este problema ambiental. Utilize os dados de referência ou o link 
para obter o material:
SOARES, T. M; SILVA, I. J. O.; DUARTE, S. N.; SILVA, E. F. F. Destinação de águas residuárias 
provenientes do processo de dessalinização por osmose reversa. Revista Brasileira de 
Engenharia Agrícola e Ambiental, v.10, n.3, p.730–737, 2006.
https://goo.gl/Md1kti
Ex
pl
or
Em termos de abastecimento público em grande escala, a ultrafiltração é o pro-
cesso de membranas considerado uma alternativa para o tratamento convencional 
empregado nas ETAs brasileiras, pois possui as seguintes vantagens:
 · Capacidade para a remoção uma série de compostos orgânicos e microrga-
nismos, incluindo produtos farmacêuticos, de higiene pessoal, hormônios, 
bactérias e vírus;
 · É um processo que emprega membranas porosas que necessitam de baixas 
pressões de operação, não consumindo altas quantidades de energia elétrica;
 · Consome uma quantidade de produtos químicos menor que o tratamento 
convencional;
 · As manutenções periódicas e limpezas do sistema são mais simplesquan-
do comparadas a alguns sistemas convencionais com sistemas de filtros 
granulares, que requerem a remoção de uma camada ou a troca completa 
do leito filtrante (ex. filtro de areia);
17
UNIDADE Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
 · São sistemas que ocupam um menor espaço em relação ao sistema conven-
cional. Além disso, são modulares e podem ser alocados de forma vertical, 
em edifícios por exemplo.
Alguns estudos já são realizados no Brasil para a aplicação de membranas de 
ultrafiltração com foco no abastecimento público, tanto para o tratamento de água 
captada nos mananciais como para a produção de água de reúso (SABESP, 2014; 
SABESP, 2016).
Nas indústrias brasileiras, a ultrafiltração já é amplamente utilizada, na produção 
de queijo e derivados do leite, de sucos de fruta concentrados, na filtração de 
cervejas e vinhos, bem como em outros processos industriais que requerem uma 
água de alta qualidade.
18
19
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Revista TAE
Membranas de filtração, tecnologia eficiente em aplicações diversas
https://goo.gl/oyvue4
 Livros
Fundamentos de Qualidade e Tratamento de Água
Capítulo 12 – Filtração em Membrana (páginas 411-420)
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3. ed. Campinas, 
SP: Editora Átomo, 2010.
 Vídeos
Água – Processo de Dessalinização na Austrália
https://youtu.be/CTUBy2g8rDs
Dessalinização de Água em Israel
https://youtu.be/ksAjD1G4UxI
Estação de Tratamento de Água por Ultra Filtração
https://youtu.be/Yqfn8Vbe6-8
 Leitura
Destinação de Águas Residuárias Provenientes do Processo de Dessalinização por Osmose Reversa
SOARES, T. M; SILVA, I. J. O.; DUARTE, S. N.; SILVA, E. F. F. Destinação de águas 
residuárias provenientes do processo de dessalinização por osmose reversa. Revista 
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.10, n.3, p.730–737, 2006.
https://goo.gl/4A3SGP
19
UNIDADE Aplicação de Membranas no Tratamento de Água
Referências
BAKER, R. W. Membrane Technology and Applications. 2. ed. John Wiley & 
Sons, 2004. 
DE OLIVEIRA, F. F. Avaliação de filtros lentos de areia como pré-tratamento 
para o controle de biofouling em plantas de osmose reversa aplicadas 
na dessalinização de água do mar. 2012. 122 f. Dissertação (Mestrado em 
Biotecnologia) – Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo. São 
Paulo, 2012.
HELLER, L.; DE PÁDUA, V. L. Abastecimento de água para consumo humano. 
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