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1 Gerenciamento de Compras e Estoques Osmar Pastore 2 Conteúdo Índice de Tabelas ........................................................................... Error! Bookmark not defined. Índice de Figuras ........................................................................................................................... 5 Objetivos ....................................................................................................................................... 6 Visão Geral .................................................................................................................................... 6 Introdução .................................................................................................................................... 6 1. Uma Não Tão Nova Visão Sobre Compras ................................................................................ 9 1.1. É Preciso Pensar Os Custos de Compras de Forma Abrangente ...................................... 12 1.1.1. Acertando O Foco ......................................................................................................... 14 1.1.2Compras E A Cadeia de Suprimento ............................................................................... 15 1.1.3Centralizar Ou Descentralizar Compras .......................................................................... 16 1.1.4 A Organização Departamental de Compras .................................................................. 20 1.1.5 Serviços de Apoio ........................................................................................................... 23 1.2 O Gerenciamento de Compras E Estoques No Varejo ......................................................... 24 1.2.1 Giro dos Estoques .......................................................................................................... 25 1.2.2 Cobertura dos Estoques ................................................................................................. 25 1.2.3 Nível de Serviço Ao Cliente ............................................................................................ 26 2. Os Métodos de Classificação de Mercadorias ......................................................................... 28 2.1.1 Relativos Ao Perfil de Demanda ..................................................................................... 28 2.1.2 Relativos Aos Centros de Resultado ............................................................................... 29 2.1.3 Relativos Ao Binômio Preço Versus Público Alvo ........................................................... 30 2.1.4 Relativos À Fonte de Fornecimento ............................................................................... 31 2.1.5 Relativos Aos Compradores ........................................................................................... 31 2.2 Definindo O Sortimento de Cada Loja da Rede ..................................................................... 32 2.2.1 Categoria, Variedade E Sortimento ................................................................................ 33 2.2.2 Influências Sobre Variedade E Sortimento .................................................................... 34 2.2.3 Determinação do Estoque de Cada SKU Por Loja .......................................................... 34 3 2.3. A Elaboração do Orçamento E Plano de Compras ............................................................... 35 2.3.1 O Orçamento de Compras ............................................................................................. 35 2.4 Os Planos de Compras ....................................................................................................... 37 2.4.1 Plano de Compras de Mercadorias Básicas (ou Principais) ........................................... 37 2.4.2 Plano de Compras de Mercadorias de Moda ou de Eventos ........................................ 37 2.4.3 Plano de Compras de Novidades ................................................................................... 39 2.5 O Desempenho das Mercadorias Compradas ................................................................... 40 2.5.1 A Influência de Promoções E Liquidações ...................................................................... 40 2.5.2 Promoções de mercadorias com preços diferenciados ............................................. 40 2.5.3 As liquidações ............................................................................................................ 41 2.5.4 O Orçamento Como Instrumento de Avaliação dos Compradores ................................ 42 3 Modelos de Planejamento de Estoques Para O Varejo ........................................................... 43 3.1 O Lote Econômico ............................................................................................................. 43 3.1.1 Giro de Estoque E Lote Econômico ............................................................................ 44 3.1.2 Quebras de Preço E Descontos Por Quantidade ........................................................ 45 3.1.3 Métodos de Controle de Estoque .............................................................................. 46 3.1.4 Métodos de Ponto de Reposição Baseados Na Demanda do Passado ......................... 46 3.2. Ponto de Reposição de Revisão Permanente .............................................................. 47 3.2.1 Ponto de Reposição Por Revisão Periódica ................................................................ 49 3.2.2 Reposição Baseada Nos Parâmetros de Máximos E Mínimos Ou Método das Quantidades 3.2.3 Fixas .............................................................................................................................. 50 3.2.4 Ponto de Reposição Baseado Nas Demandas de Períodos de Tempo Futuros -‐ TPOP .. 51 3.3.5A Influência das Centrais de Distribuição No Planejamento de Estoques ...................... 52 3.3.6 O Planejamento de Estoques Em Uma Rede de Distribuição – DRP .............................. 53 4. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos ............................................................................ 55 4 4.1. A Importância da Velocidade Na Reposição .................................................................... 57 4.1.1 O Planejamento Colaborativo da Demanda E da Reposição E O Gerenciamento dos 4.1.2 Estoques Pelo Fornecedor ............................................................................................. 58 4.1.3 Utilizando A Internet Para O Envio de Pedidos E Programar As Entregas ..................... 59 4.2 Fornecedores ....................................................................................................................... 59 4.2.1 Fornecedor Cativo ...................................................................................................... 61 4.2.2 Distribuidor / Atacadistas .......................................................................................... 61 4.2.3 Onde? ......................................................................................................................... 62 4.2.4 Reciprocidade ............................................................................................................63 4.2.5 Associações de Fornecedores .................................................................................... 64 4.3 Fornecedores Internacionais ............................................................................................. 64 4.3.1 Problemas de Comunicação ....................................................................................... 66 4.3.2 Diferenças de Moeda ................................................................................................. 66 4.3.3 Pagamento ................................................................................................................. 68 4.3.4 Sistemas Legais (Jurídicos) Distintos .......................................................................... 69 4.3.5 INCOTERMS ................................................................................................................ 69 4.3.6 Transporte .................................................................................................................. 71 4.3.7 Alfândega ................................................................................................................... 71 4.4 Avaliando Fornecedores ................................................................................................... 72 4.4.1 Desempenho Anterior ................................................................................................ 72 4.4.2 Reputação .................................................................................................................. 72 4.4.3 Visita E Avaliação ....................................................................................................... 73 4.4.4 Certificação de Terceiros ............................................................................................ 73 4.4.5 Avaliação de Produtos ................................................................................................ 73 4.4.6 Credenciamento de Fornecedores ................................................................................. 75 Considerações Finais ............................................................................................................... 77 Bibliografia .................................................................................................................................. 79 5 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 – Mudança de Papéis de Compras ............................................................................... 11 Tabela 2 – Perfil de Demanda ..................................................................................................... 28 Tabela 3 – Exemplo de Planejamento de Reposição Utilizando TPOP ........................................ 51 Tabela 4 -‐ Reciprocidade Entre Varejista E Fornecedor .............................................................. 63 Índice de Figuras Figura 1 -‐ Influências mais recentes sobre compras e estoques ................................................... 8 Figura 2 -‐ Modelo de Desenvolvimento da Função Compras ..................................................... 10 Figura 3 -‐ Iceberg dos Custos Ocultos ......................................................................................... 13 Figura 4 -‐ Cadeia de Suprimento ................................................................................................. 16 Figura 5 -‐ Alternativas Entre Compra Local E Centralizada ......................................................... 17 Figura 6 -‐ Estrutura de Pequeno Departamento de Compras No Varejo .................................... 21 Figura 7 – Estrutura de Médio Departamento de Compras ........................................................ 22 Figura 8 -‐ Indicadores de Desempenho Em Compras E Estoques ............................................... 24 Figura 9 -‐ Reação À Falta de Item Na Loja ................................................................................... 27 Figura 10 -‐ Exemplo de Estrutura de Classificação Por Centro de Resultado ............................. 30 Figura 11 -‐ Plano de Gôndola ...................................................................................................... 33 Figura 12 -‐ Elaboração do Orçamento de Compras .................................................................... 36 Figura 13 -‐ Diagrama de Distribuição E Suprimento ................................................................... 54 Figura 14 -‐ Efeito Chicote ............................................................................................................ 56 Figura 15 -‐ Influência da Defasagem de Tempo .......................................................................... 57 Figura 16 -‐ Núcleos de Problemas de Fornecimento no Exterior ............................................... 66 6 Objetivos i) Conhecer as bases do gerenciamento do sistema de compras. ii) Conhecer as bases do gerenciamento do sistema de estoques iii) Saber articular os dois sistemas de forma alinhada com o planejamento estratégico da organização. iv) Identificar, controlar e otimizar os indicadores de desempenho ideais para as áreas de compras e de estoques. Visão Geral Neste tema abordaremos aspectos complementares e mais específicos do gerenciamento de compras e de estoques, que foram inicialmente tratados quando discutimos as bases do gerenciamento geral das mercadorias. Iremos identificar formas de otimização de diversos procedimentos, além de maneiras de se reduzir custos e aumentar ganhos da organização nas áreas foco de nosso estudo. Introdução A compra deve ser vista pela moderna organização como uma atividade de importância estratégica central. Conjugada à gestão de estoques, a área de compras tem atraído interesse crescente das organizações em anos recentes. Mas, no varejo brasileiro, esta área foi, durante muito tempo, relegada a um plano secundário nas preocupações dos gestores dessas empresas. Antes da época inflacionária, em que as grandes redes varejistas praticamente não existiam, com um mercado com baixíssima competição, a maioria das lojas era gerenciada pelo próprio dono e ele simplesmente administrava seu negócio utilizando sua vivência e tirocínio. Fazia reposição de mercadorias ou a compra dos itens "da moda" quando visitado por representantes dos fornecedores, definindo quantidades a comprar com base na sua experiência e intuição para a condução do negócio. Durante os vários anos em que a inflação foi o fator determinante sobre todo o pensamento de gestão do varejo, apesar de começarem a aparecer grandes lojas individuais e algumas redes, a questão dos estoques não se tornou uma preocupação muito grande, pois o fato de ter estoque era visto como uma garantia de valorização do dinheiro investido e até mesmo símbolo de poder. 7 Mas, vários fatos começaram a influenciar os administradores das empresas varejistas para que eles passassem a dedicar maior atenção aos estoques e às compras, entre os quais se destacam: � A redução das taxas de inflação, o que levou os executivos varejistas aperceber que investir em estoques não era mais uma atividade lucrativa, já que estes não mais se valorizavam com a subida dos preços das tabelas dos fornecedores, como na época inflacionária. � A sofisticação dos sistemas computadorizados de gestão empresarial, estes já mais adaptados ao ambiente de varejo, possuindo parâmetros e algoritmos de cálculo das quantidades a comprar das mercadorias comercializadas. Tais sistemas obrigaram a que os profissionais de compras e, mais recentemente, de logística, começassem a se interessar em aprender as técnicas de planejamento de estoques e passassem a estabelecer políticas de gestão das mercadorias de maneira mais estruturada e científica. � O aumento da competição, em boa parte promovido pela crescente entrada dos grandes grupos de varejo internacional no mercado brasileiro. Estas empresas passaram a ocupar fatias de mercado das empresas brasileiras forçando a rápida melhoria dos métodos de gestão destas, mormente na área de estoques. � O acirramento da competitividade entre os grandes fornecedores, que se reflete no aumento do número de lançamentos de produtos por parte das indústrias tornando cada vez mais complexa a problemática de planejar as compras. � Políticas de blocos econômicos e governamentais mais restritivas, proporcionando menos liberdade para as práticas de compras independentes da influência externa, o que forçou maior inteligência no planejamento das ações desta área. � Recursos finitos, com o reconhecimento de que o uso e o consumo dos recursos naturais precisam ser planejados, impondo um posicionamento claro quanto à responsabilidade social das empresas. � O novo formato de negócio de vendas pela internet, praticamente uma exigência de uma fatia cada vez maior do mercado consumidor que se seduz pela facilidade se comprar sem sair de casa. � A necessidade de competir pela preferência de um consumidor cada dia mais exigente e com gostos, preferências e fidelidade extremamente voláteis. Estes fatos são sintetizados no diagrama da figura a seguir: 8 Figura 1 -‐ Influências mais recentes sobre compras e estoques Fonte: o autor. Se por um lado o cenário torna-‐se complexo, por outro a quantidade de técnicas e ferramentas disponíveis prolifera: gerenciamento de categorias, planejamento colaborativo da demanda e reposição de mercadorias, ponto de reposição baseado na demanda de períodos de tempo futuros, planejamento de necessidades de distribuição, reposição baseada em tempo de cobertura de demanda, entre outros. Independentemente do cenário em que o varejista se encontre e do conjunto de técnicas que pretenda adotar, é preciso desenvolver um pensamento sistêmico que parta do entendimento preciso de sua situação presente; defina metas e objetivos que valham a pena ser perseguidos; e, finalmente, defina a estratégia de ação para controlar tanto a área de compras quanto o estoque. Uma série de observações e quantificações numéricas deve ser feita para que o gerenciamento de compras e estoques seja adequadamente exercido. O texto a seguir desenvolverá o tema de forma que se construa um pensamento sistêmico sobre a questão e se desenvolva uma abordagem ao mesmo tempo consistente, eficiente e eficaz sobre a gestão de compras e estoques. Compras e estoqaues Redução das taxas de inflação Sistemas informa7zados Compe7ção entre varejistas Compe7ção entre fornecedores Regulamentação de mercado Responsabilidade social Vendas pela internet Perfil do consumidor 9 UNIDADE 1 1. Uma não tão Nova Visão sobre Compras O nível de atenção dedicado às compras e ao suprimento de mercadorias aumentou progressivamente. Portanto, o trabalho inerente a esta atividade se tornou estratégico, como se disse anteriormente, concentrando mais ênfase em tarefas como negociação de relacionamentos a prazos mais longos, desenvolvimento de fornecedores e redução do custo total, em vez de fazê-‐lo em rotinas de pedido e de reposição de estoques. Diversos modelos foram criados para se entender a evolução do pensamento sobre a área de compras das organizações e do posicionamento destas áreas. Reck e Long (1985, p. 25-‐29) criaram um modelo de desenvolvimento da função compras de quatro estágios, em 1985, que ainda se mantém atual, quando começaram a investigar as contribuições da área de compras para os papéis estratégicos da organização. Esses quatro estágios de desenvolvimento e as características de cada um deles são mostrados no diagrama da figura a seguir. Esse modelo tem como principal crítica contemplar apenas quatro estágios e considerar variáveis que não são operacionais. Mesmo assim, ele oferece uma oportunidade em termos gerais para indicar os estágios do desenvolvimento da função compras e permite um razoável diagnóstico da situação geral de cada organização. 10 Figura 2 -‐ Modelo de Desenvolvimento da Função Compras Fonte: (RECK e LONG, 1985, p. 26). Passivo • Definição A função compras não temllireção estratégica e, principalmente, atende as solicitações de outras funções. • Caracterís0cas Grande parte do tempo do comprador é gasta em improvisos e operações ro7neiras. A função compras e o desempenho individual são baseadas em medidas de desempenho. Pouca comunicação interfuncional ocorre em razão da baixa visibilidade da função compras. A seleção de fornecedores é baseada em preço e disponibilidade. Independente • Definição A função compras adota as técnicas e prá7cas mais recentes, mas sua direção estratégica é independente da estratégia compe77va da empresa. • Caracterís0cas O desempenho é baseado principalmente na redução de custos e nas medidas de eficiência. Os vínculos de coordenação são estabelecidos entre a função compras e as disciplinas técnicas. A alta administração reconhece a importância do desenvolvimento profissional. A alta administração reconhece as oportunidades da função compras contribuir para a rentabilidade. Apoiador • Definição A função compras apoia a estratégia compe77va da empresa ao adotar técnicas e prá7cas que fortalecem a posição compe77va da empresa. • Caracterís0cas Os compradores estão incluídos nas equipes de propostas de vendas. Os fornecedores são considerados um recurso cuidadosamenteselecionado e mo7vado. As pessoas são consideradas um recurso com ênfase na experiência, mo7vação e a7tude. Mercados, produtos e fornecedores são con7nuamente monitorados e analisados. Integra7vo • Definição A estratégia da função compras está plenamente integrada na estratégia compe77va da empresa e cons7tui parte de um esforço conjunto entre os funcionários para formular e implementar um plano estratégico. • Caracterís0cas O treinamento interfuncional dos profissionais execu7vos de compras está disponível. Linhas permanentes de comunicação são estabelecidas entre as outras áreas funcionais. O desenvolvimento profissional foca os elementos estratégicos da estratégia compe77va. O desempenho da função compras é mensurado em termos das contribuições para o sucesso da empresa. 11 A maior parte das atividades dos compradores alinhados a este novo posicionamento da área de compras, integrativo e estratégico, concentra-‐se no estabelecimento e no desenvolvimento de relacionamentos apropriados com fornecedores. A ênfase dada nas organizações que assim veem a área tem evoluído além de simplesmente reagir às necessidades dos usuários, passando a uma abordagem proativa que reflete mais amplamente a contribuição decorrente da administração das solicitações recebidas. A tabela a seguir compara a compra reativa e a compra proativa: Tabela 1 – Mudança de Papéis de Compras Compra reativa Compra proativa Compras é um centro de custo Compras pode adicionar valor Compras recebe especificações Compras (e fornecedores) contribuem para as especificações Compras rejeita materiais defeituosos Compras evita materiais defeituosos Compras subordina-‐se a finanças ou à produção Compras é importante função gerencial Os compradores respondem às condições do mercado Compras contribui para o desenvolvimento dos mercados Os problemas são responsabilidade do fornecedor Os problemas são responsabilidade compartilhada Preço é variável-‐chave O custo total e o valor são variáveis-‐chaves Ênfase no hoje Ênfase estratégica Sistema independente de fornecedores O sistema pode ser integrado aos sistemas dos fornecedores As especificações são feitas por designers ou usuários Compradores e fornecedores contribuem para as especificações Negociações ganha-‐perde Negociações ganha-‐ganha Muitos fornecedores = segurança Muitos fornecedores = perda de oportunidades Estoque excessivo = segurança Excesso de estoque = desperdício Informação é poder A informação é valiosa se compartilhada Fonte: (BAILY, FARMER, et al., 2000, p. 20). Na verdade, é uma visão muito simplista conceber a ação de compras como um mero ato de comprar, isto é, encontrar um fornecedor que esteja disposto a trocar os bens ou serviços exigidos por determinada soma em dinheiro. Essa percepção de compras tornou-‐se conhecida como a visão "transacional" e está baseada na ideia de que o ato de comprar diz respeito a simples trocas, com comprador e vendedor 12 interagindo entre si a curta distância. O interesse básico do comprador nesse cenário limitar-‐ se-‐ia a adquirir o volume máximo de recursos pela menor quantia de dinheiro que fosse possível pagar. É verdade que essa visão transacional não está obsoleta: é ainda uma forma apropriada de examinar o processo de aquisição de itens de baixo custo que podem ser adquiridos de muitos fornecedores concorrentes. Entretanto, já não pode ser considerada como base para a maioria das compras quando se pensa em cadeia de valor, competitividade e nível de serviço ao cliente: termos que abordaremos mais adiante. Em anos recentes, tem sido dedicada muito maior atenção ao desenvolvimento de relacionamentos "mútuos" entre fornecedores e compradores (colaboração, como citaremos ao final do nosso texto), em que os benefícios de fazer negócios decorrem de ideias de compartilhamento, bem como de troca. Em um relacionamento mútuo, a ênfase está em construir um resultado satisfatório conjunto, como, por exemplo, em assuntos como tecnologia. Ambos os lados estão investidos de confiança e apoio com o propósito de acrescentar valor, um processo não possível em uma simples transação. As organizações envolvidas – desde os fabricantes até os varejistas – procuram estar próximas para identificar interesses comuns. 1.1. É Preciso Pensar Os Custos de Compras de Forma Abrangente O preço de compra é o ponto focal das preocupações das atividades regulares de compras. Isto é natural e deve exercer papel importante no julgamento da escolha da melhor opção de aquisição, o que se torna mais dramático nos mercados de commodities. Desde que os preços são afetados pelos custos, pelo menos em longo prazo, uma função importante dos compradores é trabalhar com colegas e fornecedores para erradicar os custos desnecessários. Algumas ações que podem reduzir custos de aquisição incluem: � Redução do excesso de especificações; � A compra de um item não padronizado, quando um padrão alternativo é aceitável; � A eliminação da embalagem desnecessária; � A negociação dos custos de transporte, quando estes são significativos. Percebe-‐se que o custo total de aquisição representa mais do que o preço e tem influência no desenvolvimento do papel mais amplo das compras na administração do custo total. É o total que você realmente paga pelos bens e serviços, incluindo despesas adicionais como a 13 manipulação das mercadorias, impostos alfandegários, estocagem, inspeção, consertos ou retificações e assim por diante. É fato óbvio, embora comumente ignorado, que um preço baixo pode levar a um custo total de aquisição elevado. Sem dúvida, assim que os materiais ou bens são adquiridos, eles podem agregar custos adicionais durante seu uso. Com isso em mente, algumas organizações preferem a expressão "custo total de propriedade" quando se referem a bens de capital ou a materiais que ficam retidos durante algum tempo. O preço é o custo mais visível da maioria das aquisições e, em muitos casos, será também o maior componente do custo total. O "iceberg preço/custo" ajuda os compradores a visualizar os custos ocultos que devem ser considerados no processo de tomada de decisão. A figura a seguir destaca os elementos que podem ser considerados adicionalmente ao preço de compra: Figura 3 -‐ Iceberg dos Custos Ocultos Fonte: o autor. A importância das compras e dos suprimentos como função-‐chavena administração de uma empresa pode ser enfatizada ao se considerar o custo total de aquisição de mercadorias e serviços e, sem dúvida, isso é influenciado pela especificação que está sendo encomendada. Por sua vez, isso pode exigir atividades de marketing e um desejo de ter um produto atraente para ser vendido. Envolverá a produção e a necessidade de minimizar interrupções, além dos refugos ou dejetos resultantes e ainda os custos de transporte. Como muitos estudos de análise de valor têm demonstrado, o potencial de redução de custos nessa área é considerável e a função compras tem parte vital a exercer na busca de otimização do pensamento sobre os custos totais. Um problema na administração corporativa é que tende a haver funções 14 dominantes em empresas específicas; em uma será marketing, em outra será finanças ou produção. No varejo, compras e estoques é o sistema impulsionador da riqueza da organização. 1.1.1 Acertando o Foco Uma abordagem bem convencional dos objetivos de compras é: comprar a qualidade de mercadoria (estamos falando de varejo) correta, no tempo certo, na quantidade exata, da fonte certa, ao preço adequado. Essa definição por demais repetida e desgastada é passível de crítica por ser superficial e simplista. Um bom objetivo deve ser mensurável de alguma forma, mas o que quer dizer, por exemplo, um preço adequado? Para os propósitos atuais, lembrando a necessidade de trabalhar com uma função eficaz na equipe gerencial atuante no varejo, uma definição mais ampla de objetivos parece ser mais adequada. É o que sugerem Baily, Farmer, et al (2000): � Suprir a organização com um fluxo seguro de materiais e serviços para atender a suas necessidades. � Assegurar continuidade de suprimento para manter relacionamentos efetivos com fontes existentes, desenvolvendo outras fontes de suprimentos alternativas, ou para atender a necessidades emergentes ou planejadas. � Comprar eficiente e sabiamente, obtendo por meios éticos o melhor valor por centavo gasto. � Administrar estoques para proporcionar o melhor serviço possível aos usuários e ao menor custo. � Manter relacionamentos cooperativos sólidos com outros departamentos, fornecendo informações e aconselhamentos necessários para assegurar a operação eficaz de toda a organização. � Desenvolver funcionários, políticas, procedimentos e organização para assegurar o alcance dos objetivos previstos. (BAILY, FARMER, et al., 2000, p. 31) É claro que alguns objetivos mais específicos podem ser acrescentados a esta lista: � Selecionar os melhores fornecedores do mercado, isto é, aqueles que melhor ajudem a cobrir os fatores considerados críticos ao atendimento das exigências dos clientes; � Ajudar a gerar o desenvolvimento eficaz de novos segmentos de vendas, identificados através de oportunidades eventualmente sugeridas pelos próprios fornecedores. � Proteger a estrutura de custos da empresa, garantindo que as margens de lucratividade se mantenham dentro das expectativas dos stakeholders. � Manter o equilíbrio correto de qualidade/valor, a fim de que não se provoque um desbalanceamento que possa prejudicar a imagem da empresa, num extremo, ou tornar seu preço não competitivo no mercado, no extremo oposto. 15 � Monitorar as tendências do mercado, identificando um alinhamento com o que os clientes realmente necessitam e manifestamente desejam. � Negociar eficazmente para trabalhar com fornecedores que buscarão benefício mútuo por meio de desempenho economicamente superior. Assim sendo, reforça-‐se que a orientação mais desenvolvida do papel de compras no varejo é agora muito mais estratégica, com os aspectos rotineiros da atividade automatizados ou controlados pelo pessoal de escritório. 1.1.2 Compras E A Cadeia de Suprimento A percepção de que a função compras não é mais uma atividade rotineira, de administração de pedidos, começa a ser amplamente reconhecida. A expressão “cadeia de suprimentos” está em evidência, embora haja outras expressões, como “fluxo de valor”, preferida pelos promotores da “produção enxuta”; ou “administração de pipeline”, com significado similar. A administração da cadeia de suprimentos diz respeito ao relacionamento vendedor/comprador no decorrer de uma série mais longa de eventos. Os fornecedores de uma empresa varejista têm seus próprios fornecedores e, frequentemente, nossos clientes diretos não são consumidores finais. A administração da cadeia de suprimentos vê os vários compradores e vendedores como parte de um continuum e reconhece o benefício a ser obtido da tentativa de assumir uma visão estratégica e integrada da cadeia, em vez de focar os elos individuais e sua decorrente subordinação. Em outras palavras, o foco da atenção gerencial não é apenas a empresa ou a organização individual, mas as interações entre as várias organizações que constituem a cadeia. Neste ponto, é interessante se abrir espaço para uma consideração adjacente que também foca a cadeia de suprimento. A legislação não ignora a realidade dos fatos que permeiam os vários tipos de relações negociais como parcerias, cessões de utilização de marcas, franchisings, terceirizações e outras espécies de negócios. Há pessoas físicas ou jurídicas que possuem apenas a marca que outras empresas utilizam para fabricar o produto ou denominar o serviço que será comercializado, inclusive por um terceiro fornecedor. Do mesmo modo, existem aquelas empresas que utilizam componentes de várias fábricas em seus produtos e serviços e têm o atendimento do consumidor feito por empresas de fora de seu grupo. Em um Estado democrático-‐liberal, a princípio (ou seja, dentro dos limites legais), existe liberdade para os fornecedores se valerem de inúmeras técnicas empresariais para ganhar mercado, diminuir custos, aumentar lucros e serem competitivos no fornecimento de seus produtos ou serviços. Entretanto, nesta complexidade de relações isto não os exime de serem alcançados 16 pelo regramento imposto no Código de Defesa do Consumidor, norma de ordem pública e interesse social, que prevê expressamente a responsabilidade solidária de participantes da cadeia de fornecimento/suprimento (ostensivos ou não) quando dela resultar dano ao consumidor. Então, as considerações aqui, vão além da possibilidade de ganho com parcerias: envolvem uma real preocupação com o comportamento dos diversos elos desta cadeia, a jusante ou a montante; e o dano que este comportamento possa causar ao consumidor final. Devolta às considerações mais práticas e corriqueiras, pode ser útil visualizar as empresas da cadeia e os fluxos de bens ou serviços e informações que passam entre elas. O esquema da figura a seguir tenta ajudar neste entendimento: Figura 4 -‐ Cadeia de Suprimento Fonte: o autor. A cadeia de suprimentos responde à demanda do cliente ao fornecer bens e serviços apropriados, nas quantidades determinadas e no tempo exigido. O fluxo de caixa vai do consumidor final ao fornecedor original, naturalmente diminuindo o montante financeiro transacionado, por unidade fornecida, neste mesmo sentido. 1.1.3 Centralizar Ou Descentralizar Compras Dado o crescimento das empresas, não importa sejam conglomerados, holdings e outros grupos, as considerações de centralização/descentralização vêm sendo muito discutidas. Uma abordagem excessivamente pragmática e superficial concluirá que os modismos acompanham a decisão entre ambas as alternativas, e que qualquer executivo terá passado por duas 17 reorganizações durante sua vida de trabalho; que as empresas tendem a copiar a estrutura organizacional adotada por outras bem sucedidas ou que os consultores de administração mais destacados promovem sua estrutura organizacional favorita onde quer que estejam. Em alguns casos, pode-‐se justificar tal visão, mas a administração eficaz empreenderá esforços para elaborar sua estrutura organizacional em bases mais sólidas. A maioria dos grupos de empresas ou grandes organizações que operam vários estabelecimentos adotam algum compromisso entre a compra centralizada e a compra local, visando balancear as vantagens da força dessa flexibilidade. Basicamente, há três alternativas: Figura 5 -‐ Alternativas Entre Compra Local E Centralizada Fonte: o autor. Geralmente, as vantagens citadas para a descentralização são: � O comprador local conhece mais as necessidades de sua unidade específica, os fornecedores locais, o transporte e as instalações de estocagem. � Ele está em condições de responder mais rapidamente às emergências, parcialmente em razão de linhas de comunicação mais simples e por conhecer mais as circunstâncias locais do que alguém que esteja há muitos quilômetros de distância. � A responsabilidade direta do comprador local perante seu chefe imediato permite maior vínculo e controle da alta administração local, principalmente quando se opera como um centro de lucro. Se a administração local não tiver permissão de, por exemplo, selecionar e trabalhar com seus próprios fornecedores, como ela pode ser Descentralização total, com autonomia plena em cada uma das unidades. Centralização total, onde todas as compras são feitas a par7r de um escritório central. Uma combinação das duas. 18 responsável por bons resultados de vendas, que dependem fortemente da eficiência dos fornecedores? Por outro lado, a centralização total oferece as seguintes vantagens: � A economia obtida pela consolidação dos pedidos melhora o poder de negociação da área de compras e facilita os relacionamentos com os fornecedores. � Evita as anomalias de preços entre as unidades do grupo e a concorrência entre elas por mercadorias eventualmente escassas. � Melhor administração global de estoques. � Menor número de funcionários envolvidos com compras, uniformidade de procedimentos, formulários, padrões e especificações. De modo geral, as vantagens de uma abordagem são as desvantagens de outra. Assim, uma combinação de ambas é frequentemente usada para obter o benefício das melhores características de cada abordagem, evitando-‐se as desvantagens. Frequentemente, o departamento de compras centralizado é responsável por: � Determinação de políticas, padrões, procedimentos e especificações gerais. � Negociação dos contratos de mercadorias comuns usadas por todas as lojas em qualquer volume. � Grandes contratos de construção de lojas, aquisição de equipamentos e projetos que envolvem muitos recursos. � Contratos para mercadorias importadas. � Assuntos legais relacionados a suprimentos. � Coordenação da estocagem de todas as unidades. � Educação e desenvolvimento do pessoal de suprimentos de todas as unidades e orientação para o recrutamento de funcionários. Às vezes, outra abordagem usada envolve um pequeno grupo de funcionários com papéis políticos e de coordenação relativamente limitados. É admissível, por exemplo, que um setor local de compras tenha autonomia para tratar com um fornecedor específico quando esta negociação afeta de forma especifica a sua unidade, sem repercussão significativa sobre o resto da organização. Em ambos os sistemas (descentralizado total ou combinado), os compradores locais agem autonomamente em assuntos externos ao escopo do papel do departamento de compras centralizado. Em algumas organizações, os gerentes locais são diretamente responsáveis por 19 um de seus membros e têm apenas responsabilidade indireta ou profissional pelo comprador de suprimentos sênior do departamento centralizado de compras. Após a escolha de uma estrutura específica, é ainda necessário considerar o problema de centralização/descentralização na loja. Nas últimas décadas, houve tendência a centralizar a atividade de compras em um departamento, a depender do porte da organização considerada. Entretanto, há considerável diferença entre as empresas em relação à centralização eficaz dessas atividades. Em algumas situações, o departamento de compras é mero aprovador dos pedidos negociados por qualquer gerente de linha envolvido com a mercadoria em questão. Em outras, o gerente de compras está revestido de autoridade ampla e exclusiva para fazer aquisições. Muito embora ambos tenham autoridade para assinar pedidos de compras, seus níveis de autoridade de tomada de decisão estão em pontos extremos diferentes. Entre esses extremos há vários níveis de autoridade, a maioria deles relacionado ao grau de confiança que o restante da organização tem no profissionalismo do responsável pelas compras. As vantagens da centralização da atividade de compras dependem da habilidade com que o executivo responsável pelo trabalho usa mais eficazmente o poder de compra da empresa. Isso incluirá a consolidação das exigências, a capacidade de gerar boas previsões e elaborar orçamentos confiáveis, o desenvolvimento de fontes seguras de suprimento, a racionalização dos estoques, a simplificação dos procedimentos, o trabalho com fornecedores para eliminar custos desnecessários em vantagem mútua e o trabalho com colegas para assegurar um fluxode informações eficaz que juntos possibilitarão o atendimento dos objetivos da empresa. Entretanto, a centralização eficaz de autoridade para comprar em nome da organização não implica um mandato ditatorial. A centralização eficaz não implica que o gerente de compras imponha sozinho o tipo de mercadoria ou equipamento (de loja, por exemplo) a ser comprado. Isso não quer dizer que seu único papel seja vetar as tecnicidades comerciais do contrato de aquisição, tentar assegurar que o preço será competitivo ou que o equipamento será entregue no tempo adequado. E aqui cabe lembrar que o comprador de uma organização de varejo compra regularmente mercadorias para venda, mas não compra somente isto. Quando se trata de um projeto de criação de uma nova loja ou reformulação do leiaute de uma loja existente, por exemplo, para a obtenção de melhor resultado, deverá estar envolvido na tomada de decisão desde os estágios iniciais de identificação do tipo de equipamento necessário para desempenhar bem sua função. Ele deve orientar os colegas sobre as fontes de suprimentos e trabalhar 20 diretamente com os mesmos na avaliação das alternativas. Deve ser visto pelos fornecedores potenciais como autoridade para a tomada de decisão, mesmo se for apenas para permitir-‐lhe alavancagem comercial na fase de discussão. Isso não quer dizer que os assuntos técnicos devem estar subordinados aos comerciais, mas sugere que ambos sejam considerados paralelamente. Muito frequentemente o inverso é verdadeiro e o comprador fica muito limitado para desempenhar sua função. Se os fornecedores souberem que os fatores técnicos dominam e o pedido pertence a eles, o comprador terá que negociar com poder extremamente limitado. Entre os fatores comerciais que o comprador deve levar em consideração estão a garantia de funcionamento do equipamento, a posição do fornecedor em relação a peças sobressalentes, o serviço de manutenção, o treinamento operacional, os prazos e as condições de pagamento, o programa de entrega e os pontos de checagem, as implicações de logística e de instalação, a análise de preço e seu relacionamento com o programa de compra, o nível de serviço pós-‐ compra etc. É importante lembrar que a comparação eficaz entre as alternativas no estágio de cotação deve incluir essas e outras considerações além da especificação técnica. Por fim, cabe ressaltar que a tendência geral é de cada vez mais se centralizar a atividade de compras, na busca por níveis de otimização operacional interna e como reação a fatores externos, em sua maioria ligada a mudanças no cenário da concorrência. Um bom exemplo disto é o trabalho de Merlo, Ceribeli e Prado (2011), que demonstra a vantagem da formação de uma rede (centralizada) de compras para pequenos supermercadistas, onde o efetivo poder de compra do grupo resultou em ganhos facilmente percebidos. O trabalho, no entanto, evidenciou que, com uma boa articulação operacional entre os integrantes da rede, os resultados ser ainda melhores. Não basta apenas criar uma lista comum de compras. Santos (2006), também foca a necessidade de se repensar a forma de atuação da empresa, a partir do momento em que novos concorrentes passam a atuar num espaço outrora totalmente controlado. Mesmo uma estrutura que já era centralizada precisou de ajustes com maior foco para reagir à chegada dois novos grupos de varejo no setor de materiais de construção, no mercado do Rio de Janeiro, que é o foco do estudo citado. 1.1.4 A Organização Departamental de Compras Em nível departamental o número de pessoas empregadas, o volume e a variedade de bens e serviços comprados, a habilidade e a autoridade do chefe de departamento, a capacidade das 21 pessoas empregadas no departamento e a importância da função suprimentos para a operação da empresa estão entre os fatores que afetarão a decisão da estrutura organizacional. Todavia, ocorrem variações em torno de padrões básicos de organização. Comumente, uma forma simples de organização de um pequeno departamento é a mostrada mais adiante. Em alguns casos, com a exclusão da função controle de estoque da responsabilidade do comprador, esse padrão é razoavelmente típico de uma pequena estrutura departamental. A maioria dos departamentos é composta de poucas pessoas. Entretanto, deve-‐se notar que o organograma sugerido representa apenas um aspecto do problema. Ele não nos diz nada sobre o escopo do trabalho assumido pelo comprador etc., nem descreve os aspectos informais da atividade organizacional. Figura 6 -‐ Estrutura de Pequeno Departamento de Compras No Varejo Fonte: o autor. Geralmente, a divisão de responsabilidades é bastante direta e intuitiva. O comprador assume a responsabilidade pelas aquisições mais importantes e seu assistente lida com assuntos mais rotineiros. Na prática, é uma aplicação do Princípio de Pareto: a clássica divisão de trabalho 80/20, uma vez que a maior parte do dinheiro gasto pela organização tenderá a estar concentrada em um pequeno número de transações que ficarão sob a responsabilidade do comprador. Comprador Assistente de compras Apoio Administra7vo Auxiliares administra7vos Encarregado de estoque Estoquistas 22 Mesmo que a estrutura incorpore mais elementos, com a subdivisão de tarefas, entre diversos compradores “especializados”, a ordenação geral dos trabalhos mantém a mesma lógica. De modo geral, o “comprador chefe” fica responsável pelas decisões políticas, além da administração eficiente do departamento como parte da organização. Geralmente, é responsável também pelos contratos e pelas decisões de compra mais importantes. Nesse tipo de estrutura, deve-‐se decidir sobre como melhor agrupar as atividades de compras para maior eficácia organizacional. O que se tem na prática é uma explosão da posição do assistente de compras, que se subdivide em diversas posições ocupadas por compradores com áreas de atuação especializadas. O estoque pode também demandar uma melhor estrutura de pessoal, com a contratação de um profissional responsável com maior experiência na área. A figura a seguir incorpora os possíveis ajustes para o departamento de compras de uma empresa de médio porte. Figura 7 – Estrutura de Médio Departamento de Compras Fonte: o autor. São exemplos desta estrutura adaptada são as redes como a MMartan, a Camicado ou as Lojas Zelo. As duas primeiras, no entanto, se inserem dentro do planejamento de dois grandes grupos que as controlam: Coteminas eRenner, respectivamente, o que significa dizer que suas estruturas fazem parte de estruturas maiores e estão contempladas dentro do planejamento estratégico dos grupos a que passaram a pertencer. Uma abordagem comum é fazer a divisão do trabalho por categoria agrupamento de mercadorias, em que cada comprador lida com uma faixa específica de itens. À parte a Comprador Comprador 1 Comprador 2 ... Comprador n Apoio Administra7vo Auxiliares administra7vos Controlador de estoque Equipe de Estoque 23 vantagem da especialização em uma faixa específica de bens, isso ajuda a evitar a duplicação de esforços de pesquisa e negociação no nível da organização. Também facilita a coleta de dados e a comunicação dentro do departamento e com outras seções da empresa. Pode fortalecer a posição de negociação do comprador por meio da consolidação das exigências e reduzir o tempo gasto em negociação. Além disso, permite também maior relacionamento com os fornecedores. Entretanto, se essa abordagem para a divisão do trabalho for adotada, é importante lembrar que alguém deve ficar responsável por um grupo específico de mercadorias na ausência do comprador normalmente encarregado de sua aquisição. Um método comumente usado para lidar com esse problema é a paridade de compradores. Esse método não apenas pode ser útil para superar problemas temporários, mas também pode ser um procedimento para o desenvolvimento de funcionários. Nas organizações maiores, cada departamento ou loja tenderá a tornar-‐se autossuficiente em compras, se for adotado o modelo descentralizado. Entretanto, em tais situações, o desenvolvimento de funcionários pode envolver a movimentação de pessoas entre as seções. Em geral, a especialização de compradores por mercadorias pode ser a melhor maneira de subdividir o trabalho de um departamento de suprimentos, mas nem sempre é o caso. Eventualmente pode haver vantagens em se fazer a divisão de trabalho com foco no fornecedor, especialmente quando este se tratar de uma grande multinacional como a Unilever ou a Procter & Gamble. 1.1.5 Serviços de Apoio Uma característica que deve ser levada em consideração na organização de um departamento de compras é a importância dos serviços de apoio para os compradores. Geralmente, nas organizações maiores, os serviços de apoio mais extensivos estão disponíveis: analistas de custos, economistas, assessores jurídicos e outros especialistas ajudam a atingir os objetivos organizacionais. Os sistemas de informações também dão uma contribuição significativa. Em todos os casos, deve-‐se enfatizar a equipe de trabalho: não apenas dentro do departamento, mas também entre o cliente e o fornecedor. O papel do comprador é de um “catalisador” na promoção da interação entre fornecedor e consumidor. Isso é particularmente importante em assuntos técnicos, em que o papel de coordenação do comprador pode ser importante no relacionamento técnico-‐comercial bem-‐sucedido entre as organizações de compras e suprimentos. Sem se descuidar dos aspectos legais, mencionados anteriormente. 24 Na organização departamental, é importante considerar os talentos e as forças mais expressivas dos indivíduos de uma organização. Colocar pessoas em tarefas que podem fazer melhor; usar os melhores talentos e habilidades disponíveis e, constantemente, esforçar-‐se para desenvolver os indivíduos e o grupo inteiro. A boa estrutura organizacional por si não assegurará o bom desempenho: são necessárias pessoas capazes e motivadas para desenvolver a organização (DRUCKER, 1975). Entretanto, uma estrutura organizacional deficiente torna o bom desempenho impossível, não importa a qualidade individual dos gerentes. Assim, a melhor estrutura organizacional sempre melhorará o desempenho de seus colaboradores. As organizações exigem controle, coordenação e comunicação. Essas exigências precisam ser cuidadosamente consideradas no desenvolvimento de qualquer organização, seja no nível de departamentos, da empresa ou de grupos. Também é importante assegurar o desenvolvimento contínuo da organização e de seus sistemas relacionados para o atendimento de circunstâncias mutantes. Significa dizer programas de treinamento focados, atualização tecnológica de suas ferramentas de software e hardware e verificação permanente do clima organizacional. Mas tais considerações vão além do escopo de nosso estudo presente. Fica aqui apenas o alerta quanto à sua relevância geral. 1.2 O Gerenciamento de Compras E Estoques No Varejo O gerenciamento de compra e estoque no varejo visa à manutenção do constante equilíbrio entre a oferta e a demanda. Este equilíbrio deve ser sistematicamente aferido através de, entre outros, os seguintes três importantes indicadores de desempenho: Figura 8 -‐ Indicadores de Desempenho Em Compras E Estoques Giro dos estoques Cobertura dos estoques Nível de serviço ao cliente 25 Fonte: o autor. 1.2.1 Giro dos Estoques O giro dos estoques é um indicador do número de vezes em que o capital investido em estoques é recuperado através das vendas. Também definido no Módulo de Planejamento E Controle de Mercadorias, usualmente este indicador é medido em base anual e tem a característica de representar o que aconteceu no passado, sendo calculado pela fórmula mostrada abaixo: Giro de Estoque = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑚𝑒𝑟𝑐𝑎𝑑𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 Quanto maior for a frequência de entregas dos fornecedores, logicamente em menores lotes, maior será o índice de giro dos estoques, também chamado de índice de rotação de estoques. É importante perceber que se a venda for lucrativa. Isto é, se o valor recebido pela venda for superior ao custo direto da mercadoria, esta diferença é considerada como margem de contribuição da venda e servirá para pagar os custos fixos da empresa além de contribuir também para o lucro final do negócio. Assim, o giro é fundamental para obter lucro em ambiente competitivo onde as margens de lucro unitárias tendem a diminuir. Um alto índice de rotação dos estoques é fator fundamental na redução da necessidade de investimento em capital de giro para um determinado nível de vendas. 1.2.2 Cobertura dos Estoques O índice de cobertura dos estoques é a indicação do período de tempo que o estoque, em determinado momento, consegue cobrir as vendas futuras, sem que haja suprimento.Este índice é, muitas vezes, calculado de maneira errônea, com uma fórmula baseada em média de vendas passadas. No varejo, a existência de demandas sazonais e de eventos de grande impacto nas vendas, distorce completamente as médias de vendas passadas o que inviabiliza o uso destas para o cálculo da cobertura. Assim, recomenda-‐se o cálculo utilizando a projeção de demanda futura, conforme fórmula: Cobertura dos Estoques = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑚 𝑑𝑒𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎𝑡𝑎 (𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑜𝑢 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟) 𝑃𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 (𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑜𝑢 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟) Quanto menor for o estoque em relação à projeção de vendas, teremos menor cobertura em dias, semanas, etc. 26 Isto significa que se corre o risco de faltar mercadoria para atendimento ao cliente quando a cobertura de estoques for muito baixa. Mas com o índice de cobertura muito alto também se corre o risco de ter estoques obsoletos em face das mercadorias "saírem de moda" ou por perderem qualidade com o tempo de exposição na loja ou de permanência em depósito. 1.2.3 Nível de Serviço Ao Cliente O indicador de nível de serviço ao cliente para o ambiente do varejo de pronta entrega. Isto é, aquele segmento de negócio em que o cliente quer receber a mercadoria imediatamente após a escolha, seja pelo self-‐service ou pelo e-‐commerce, demonstra o número de oportunidades de venda que podem ter sido perdidas por não existir a mercadoria em estoque. Como é impossível no ambiente de varejo de pronta entrega saber se o cliente gostaria de comprar uma mercadoria que não existe em estoque, o indicador de nível de serviço somente pode medir o número de ocorrências de faltas de estoque de uma mercadoria, conforme demonstrado pela fórmula abaixo: Nível de serviço ao cliente = 𝑁º 𝑑𝑒 𝑆𝐾𝑈1𝑠 𝑒𝑚 𝑒𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑁º 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑆𝐾𝑈𝑠 𝑒𝑚 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎 ×100 Este indicador é avaliado instantaneamente ou dentro de um determinado período: semana, quinzena ou mês. A medição em períodos maiores pode perder sua eficiência ou mascarar flutuações que dificultem intervenções gerenciais mais efetivas. Um indicador de nível de serviço ao cliente de 100% significa que o sortimento de uma loja esteve totalmente presente nas prateleiras, ou, em outras palavras, que durante o período analisado, qualquer cliente que tivesse entrado na loja não teria deixado de comprar alguma mercadoria por falta da mesma. Considera-‐se que todos os SKUs que estavam sendo comercializados, permaneceram devidamente expostos na área de vendas. Um sistema informatizado que permita calcular o nível de serviço ao cliente também deve permitir que seja calculado o valor das vendas perdidas através da multiplicação do preço dos produtos que estiveram em falta pelo número de dias em que esta falta ocorreu e ainda multiplicando pela média de demanda diária de tais itens. É claro que não se vende aquilo que se não tem no estoque, mas o desdobramento disto pode ser bem mais prejudicial do que a perda de uma simples venda. 1 Stock Keeping Unit (SKU), traduzido para o português como Unidade de Manutenção de Estoque, é um termo ligado à logística que designa os diferentes itens presentes no estoque, estando normalmente associado a um código identificador único e diferenciado. 27 Estudo promovido pela Procter & Gamble (GRUEN, CORSTEN e BHARADWAJ, 2002) apresentou os impactos no comportamento de compra do consumidor face à inexistência, na prateleira do estabelecimento visitado, da mercadoria que este pretendia adquirir. O gráfico a seguir, resultante da consulta a cerca de 72.000 compradores, evidencia que o impacto para o negócio do varejista – e também do fabricante – pode ser muito maior do que se originalmente estimaria. Figura 9 -‐ Reação À Falta de Item Na Loja Fonte: (GRUEN, CORSTEN e BHARADWAJ, 2002). Analisando os resultados da pesquisa, vê-‐se que o estabelecimento que não tem estoque do item desejado pelo consumidor perde, em 31% dos casos, o valor de compra do cliente. Em 9% dos casos, o cliente não compra o item, o que pode indicar que esta venda não mais será feita. Estes dois comportamentos de compra pesquisados mostram um total de 40% de perda de venda de uma mercadoria faltante, perda esta que não será recuperada e que tem ainda outro inconveniente: 31% dos consumidores informam que comprarão aquele item faltante em outro estabelecimento. Isto indica que tais consumidores são sérios candidatos a trocarem o seu estabelecimento preferido de compra. Sob a ótica do fornecedor, a situação tem impactos equivalentes, afetando a fidelidade do consumidor à sua marca, com prejuízos no longo prazo. 9% 26% 19% 15% 31% Não compra o item Subs0tui por item de diferente fornecedor Subs0tui por item do mesmo fornecedor Posterga a compra Compra em outra loja 28 UNIDADE 2 2. Os Métodos de Classificação de Mercadorias Quando se deseja realizar estudos relativos a estoques, vendas, fornecedores, compradores etc., é necessário que o sistema utilizado no gerenciamento das informações de estoques e compras tenha, pelo menos, alguns classificadores básicos que sirvam de orientação ao gestor no processo de tomada de decisão. Apresentam-‐se, a seguir, alguns dos principais indicadores, sugeridos pelo seu grau de importância. 2.1.1 Relativos Ao Perfil de Demanda Levy e Weitz (2000) classificam as mercadorias em quatro tipos de demanda, conforme a tabela a seguir: Tabela 2 – Perfil de Demanda Novidade Moda Básica Sazonal Vendas durante muitas estações Não Sim Sim Sim Vendas de um estilo específico durante muitas estações Não Não Sim Sim Vendas variam muito entre estações Não Sim Não Sim Comportamento das vendas em relação ao tempo Fonte: (LEVY e WEITZ, 2000, p. 132). Esta classificação é comentada no Módulo de Planejamento E Controle de Mercadorias. Repetem-‐se, aqui, suas características principais: � Novidade: É a mercadoria que aparece no mercado, atinge bons picos de venda, porém tem um ciclo de vida muito pequeno. � Moda: É a mercadoria que normalmente se vende durante várias estações, porém suas vendas podem variar dramaticamente de uma estação para outra face às mudanças de design. 29 � Básica (ou principal): Também chamada de mercadoria de reposição normal, são aquelas mercadorias que tem uma demanda contínua durantemuito tempo, não sendo muito afetadas pela mudança de design. � Sazonal: São aquelas mercadorias que tem sua demanda afetada de forma dramática pelas estações do ano. Outro tipo de mercadoria que possui demanda bem característica é aquela vendida somente em datas definidas e chamada de mercadoria de evento. São mercadorias vendidas em datas como carnaval, páscoa, Natal etc. que, se não vendidas naquelas datas, somente voltarão a ser vendidas no ano seguinte. Apesar de serem chamadas de demandas sazonais por alguns autores, a aplicação do conceito de sazonalidade neste caso pode ser questionada quando se aplica aos itens específicos para evento, porque têm demanda somente em períodos extremamente curtos. A utilidade de usar a classificação por perfil de demanda está na identificação das respectivas fórmulas de projeção de vendas. Isto significa que é preciso que se usem técnicas diferenciadas para o planejamento de estoques para cada tipo de item. Uma possibilidade seria a associação de datas de validade diferenciadas nos sistemas de gestão, a partir das quais as compras devem ser iniciadas e terminadas, de acordo com o evento ou a estação em perspectiva. Neste caso, o foco principal desta classificação diz respeito à caracterização do período ideal para compra. 2.1.2 Relativos Aos Centros de Resultado Esta classificação é mais simples. Está ligada diretamente à divisão da empresa de varejo em departamentos, seções e categorias2. Quando se elabora o planejamento orçamentário, o que inclui a projeção de vendas e de lucratividade, por exemplo, é necessário dividir os itens em classes hierarquizadas indicando em que lugar da loja estes produtos serão preferencialmente expostos. Para alguns leigos, isto ainda pode não ficar claro, mas a disposição física dos produtos nas lojas influencia diretamente o resultado das vendas e, embora não seja nosso tema de estudo neste módulo, vale a pena ressaltá-‐lo. Voltando à classificação quanto aos centros de resultado, teríamos como exemplo: 2 Uma categoria é um conjunto de itens que o cliente entende como substituíveis entre si. 30 Figura 10 -‐ Exemplo de Estrutura de Classificação Por Centro de Resultado Fonte: o autor. Note-‐se que dentro desta estrutura o SKU é sempre o nível mais detalhado de identificação de um item. Como se destacou de início, a principal finalidade desta classificação é permitir a elaboração de relatórios gerenciais que permitam a visualização da organização de uma forma segmentada, permitindo identificar os centros de resultado que se destacam positivamente ou não. 2.1.3 Relativos Ao Binômio Preço Versus Público Alvo Ao desenvolver o sortimento de uma loja, isto é, quais SKUs serão vendidos na mesma, é preciso registrar quais destes SKUs pertencem a cada uma das faixas de preços de mercadorias que serão vendidas na loja. Uma classificação que pode ser utilizada é a que representa a divisão de renda em extratos como classe A, classe B, classe C etc., estabelecendo-‐se os preços de venda máximos de cada categoria e a quantidade de SKUs que se quer manter em venda em cada uma delas. A menos que a loja se especialize em determinado público, é razoável que haja uma relação inversa entre o valor dos SKUs e a quantidade vendida de cada um deles. Então, esta classificação permite uma orientação geral quanto à quantidade a ser mantida em estoque para cada SKU, segundo sua classificação por classe. Departamento: calçados Seção: calçados femininos Categoria: chinelos femininos Produto: chinelo de 7ra modelo GAMA SKU: tamanho 37 ... ... ... ... .. 31 2.1.4 Relativos À Fonte de Fornecimento Muitos estudos relativos a orçamentos, lucratividade, ocupação de capacidade etc. são baseados na identificação das fontes de fornecimento das mercadorias. Assim, o sistema de gestão utilizado deverá proporcionar maneiras de classificar pesquisas e relatórios por fontes de fornecimento: � Comprado no mercado nacional. � Comprado no mercado nacional, de fabricação estrangeira. � Importado diretamente pela empresa. � Fabricação própria. É necessário ainda que em cada SKU haja a identificação do fornecedor em que a mercadoria é comprada. A ideia básica por trás desta classificação é dar ao gestor uma medida do grau de risco relativo a possíveis problemas no suprimento dos itens. Não se trata aqui do tempo que se leva para reabastecer o estoque: este é um parâmetro que é alimentado na base de dados do sistema e, a partir de sua consideração, passa a ser usado para cálculo do momento ideal para colocação do pedido no fornecedor. Mas quando se tem produtos estrangeiros, por exemplo, o fornecimento fica sujeito a uma série de fatores não controlados pelo varejista que poderão acabar por afetar diretamente o nível de serviço ao cliente: greves no setor alfandegário, flutuações cambiais, problemas no país de origem, etc. Esta classificação, então, desta o fator risco inerente às mercadorias de origem estrangeira, por exemplo, orientando políticas que atenuem os possíveis problemas que poderão ocorrer. Mas não só mercadorias de origem estrangeira são fontes de preocupação e podem ser tratadas de forma adequada dentro desta classificação. Fornecedores que costumam atrasar entregas ou que fazem entregas incompletas ou com itens defeituosos podem ter classificações específicas associadas aos seus cadastros, permitindo ao gestor identificar riscos de fornecimento e adotar políticas apropriadas de relacionamento com estes fornecedores. 2.1.5 Relativos Aos Compradores Para avaliar desempenho dos compradores é necessário que os SKUs tenham relacionamento com as duas entidades seguintes: � Grupamento de compras 32 � Comprador Assim, relatórios e estatísticas de desempenho de compradores são emitidos permitindo analisar, por exemplo, o lucro bruto proporcionado por cada comprador, o giro de estoque dos itens que ele compra etc. Novamente, a principal finalidade desta classificação é permitir a elaboração de relatórios gerenciais que permitam a visualizar os resultados obtidos versus a estratégia definida. Desta forma se pode checar se há alinhamento ou não entre o que foi planejado e os resultados efetivamente obtidos. Finalizam-‐se as considerações sobre os métodos de classificação de mercadorias ressaltando que os aqui apresentados não esgotam as possibilidades existentes: apenas destacam as mais usuais. E que quando se fala de principais
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