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14 - Petição Inicial, Pedido, A Resposta do Réu

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LFG – PROCESSO CIVIL – Aula 14 – Prof. Fredie Didier – Intensivo I �– 04/05/2009
	
TRANSFORMAÇÕES DA PETIÇÃO INICIAL
1.	EMENDA da Petição Inicial.
	É o conserto da petição inicial. É a sua correção. Se a inicial tem algum defeito, não preencheu algum requisito, tem que ser corrigida, emendada. Isso é suprir o seu defeito. 
Existe um direito à emenda. O juiz não pode indeferir a petição inicial sem que antes determine a emenda da petição inicial. A emenda deverá ser feita em 10 dias. E isso está regulado no art. 284, do CPC:
Art. 284.  Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.
  Parágrafo único.  Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
2.	ALTERAÇÃO da Petição Inicial.
	Alterar a petição inicial é trocar um de seus elementos. Por exemplo, é possível trocar o réu, portanto, alterar o elemento subjetivo da petição inicial. A troca do réu pode acontecer até a citação.
	Já a troca de pedido ou de causa de pedir, que é uma alteração objetiva da petição inicial ela é regulada de maneira mais complexo. Não é tão simples como a troca do réu. Aqui, vamos dividir o processo em três momentos:
Momento 01:	Até a citação 
Momento 02:	Entre a citação e o saneamento
Momento 03:	Após o saneamento
	Para o nosso CPC nos é possível alterar o pedido ou causa de pedir após o saneamento. Nesse momento três já não é mais possível. Nesse particular, nosso sistema é muito rígido. Até a citação, é possível alterar o pedido ou causa de pedir. No momento 01 é possível alterar pedido ou causa de pedir. No momento três, não é possível alterar pedido ou causa de pedir. Já no momento 02, é possível alterar pedido ou causa de pedir com o consentimento do réu. Depois do saneamento, nem se o réu consentir. Até a citação, o autor pode alterar tranquilamente.
	Deveria ser algo mais simples, mais flexível, mas é muito rígido e é regulado no art. 264, do CPC: 
Art. 264.  Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.
Parágrafo único.  A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo.
3.	ADITAMENTO da Petição Inicial.
	Aditar a petição inicial é ampliá-la. É acrescentar pedido novo. Não é alterar. É ampliar. Nosso CPC permite a ampliação da inicial até a citação. Vejam que é um sistema muito rigoroso. Não é igual o da alteração (pode acontece até depois da citação com o consentimento do réu). No caso da ampliação, o CPC resolveu que é só até a citação. É uma situação curiosa essa. Não tem explicação lógica. Isso está regulado no art. 294.
Art. 294.  Antes da citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa.
4.	REDUÇÃO da Petição Inicial.
	A redução da petição inicial é a sua diminuição. Compreender o que é isso, não é difícil. Reduzir a inicial é eliminar o pedido ou uma parcela dele. Não existe um artigo específico que cuide da redução, como acontece nos outros casos. A redução pode se dar de várias maneiras, cada uma regulada no seu próprio dispositivo. São varas as maneiras de reduzir a petição inicial e cada um desses modos tem o seu próprio regulamento que nós vamos estudar no momento oportuno cada um deles. Então, quais são os modos de reduzir a petição inicial? 
Desistência parcial
Renúncia parcial
Acordo parcial
	
	Em todos esses casos, tira-se da inicial uma parte dela, quer porque houve desistência, renúncia ou acordo parciais.
5.	INDEFERIMENTO da Petição Inicial.
	É o mais complexo. Primeiro vamos entender o que é indeferir a petição inicial.
	“Indeferir a petição inicial é rejeitá-la liminarmente.” É não permitir que o réu sequer seja citado. O juiz pega a petição inicial e resolve indeferi-la. Nem para citar o réu aquela petição é adequada. Então, o indeferimento da inicial se caracteriza por ser uma decisão proferida antes de ouvir o réu. Isso é indeferir a petição inicial. Esse é um conceito rigoroso. 
	E se o juiz, não examina a petição inicial, não a examina e ouve o réu. O réu, ouvido, pode alegar alguma questão que poderia ter levado ao indeferimento? Sim. Tudo aquilo que levaria ao indeferimento, o réu vai poder alegar em sua defesa. Obviamente, o juiz poderá acolher. Só que se o juiz acolher o que o réu alegou em sua defesa, o juiz não indeferirá a petição inicial. Ele vai extinguir o processo por qualquer outro motivo, mas não será por indeferimento, porque o indeferimento é uma extinção do processo peculiar, porque feita sem a ouvida do réu. O indeferimento é sempre no início do processo, portanto, o indeferimento é sempre liminar. 
E isso tem consequências práticas porque o indeferimento é uma decisão que se submete a regime jurídico próprio. Por exemplo, no indeferimento não há condenação em honorários, até porque o réu não foi citado. Não tem nem advogado dele para ser ressarcido. 
O indeferimento é sempre uma decisão favorável ao réu. É sempre indeferimento. 
	Indeferimento TOTAL da Petição Inicial
Se o juiz extingue o processo por indeferimento (atenção com isso!) caberá apelação! Só que essa apelação contra sentença que indefere a petição inicial tem um regime diferente porque ela permite o juízo de retratação. Permite que o juiz que indeferiu se retrate. Ele pode fazer isso. É caso raro de apelação que permite juízo de retratação. O autor entra com a petição inicial, o juiz indefere, o autor apela, o juiz pode se retratar. Se isso acontecer, mandará ouvir o réu.
Se o juiz não se retratar, a apelação irá ao tribunal sem contra-razões. O réu não será ouvido porque o réu está em casa, ainda não foi citado. Nem sabe que o processo está tramitando. É claro que se por qualquer motivo o tribunal der provimento à apelação os autos vão descer e o réu será ouvido e terá ampla defesa. Poderá alegar o que quiser. Não há preclusão para ele.
Só que essa possibilidade é tida por remota. Indeferir a inicial não é comum. Menos freqüente é o autor apelar. Muito mais comum é corrigir o defeito e propor de novo. O juiz não se retratar, difícil ao cubo. Subir a apelação e a apelação ser provida, é difícil à 4ª potência. Por isso o legislador entendeu, com razão, deixar o réu em casa. Se por acaso a apelação for provida, a gente chama o réu. Esse é um regramento diferente, por isso é importante saber o que é indeferimento da petição inicial. O que eu disse até agora só se aplica quando houver indeferimento da petição inicial. Tudo isso que eu disse está no art. 296, do CPC:
Art. 296. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão. 
Parágrafo único.  Não sendo reformada a decisão, os autos serão imediatamente encaminhados ao tribunal competente.  
	O indeferimento da petição inicial pode ser total ou parcial. Será total se o juiz indefere toda petição inicial. O juiz entende que toda ela é equivocada. Então, rejeita integralmente a inicial. Quando o indeferimento é total, o processo se extingue. Agora, o indeferimento pode ser parcial. 
	Indeferimento PARCIAL da Petição Inicial
Ou seja, o juiz indefere apenas parte da petição inicial. Ele diz que há problema em relação a apenas um pedaço. Quando o indeferimento é parcial, o processo não se extingue porque o processo terá que prosseguir em relação à parte que foi deferida. Nos casos de indeferimento parcial, o processo não se extingue e, por isso, se o juiz indefere parcialmente a petição inicial caberá agravo de instrumento, e não apelação. 
Aconteceu isso no concurso para MP/RN. A questão era de indeferimento de parte de ACP,e o candidato deveria preparar o recurso contra a decisão. E o recurso era um agravo de instrumento. Mais da metade apelou. Apelou porque viu ‘indeferimento da inicial’, ah, é apelação. É apelação se extinguir o processo. Se não extinguir é agravo. E quando não extingue? Quando se trata de indeferimento parcial.
O indeferimento da petição inicial pode ser uma decisão que examina o mérito ou uma decisão sem exame de mérito. Ele é espécie de decisão que pode ser de mérito ou não. Percebam o seguinte: Vocês têm uma tendência de considerar que todo indeferimento da inicial é uma decisão que não examina o mérito. Isso e um equívoco. Existe indeferimento da inicial em que o mérito é examinado. 
	Indeferimento da Inicial COM EXAME DE MÉRITO
O juiz indefere julgando improcedente o pedido. Ele indefere a petição inicial, já julgando improcedente o pedido. Nem citou o réu e já disse que o pedido é improcedente. É uma improcedência liminar. O juiz, logo no início do processo, já chega à conclusão de que o pedido é improcedente. É claro que a regra é a do indeferimento sem exame de mérito. Mas há casos em que a petição inicial é indeferida com exame de mérito em um julgamento de improcedência. Esses casos de indeferimento com exame de mérito são chamados de improcedência prima facie. O juiz rejeita a inicial já julgando improcedente. Trata-se de uma decisão que é de mérito e, portanto, apta à coisa julgada material.
Esse assunto é um dos assuntos da moda. Você tem dois grandes exemplos de improcedência prima facie. Pode até garimpar outros na legislação, mas esses dois são os mais emblemáticos. 
1º Exemplo de improcedência prima facie
O primeiro deles é o de improcedência prima facie em razão de prescrição e decadência. O juiz reconhece a prescrição ou decadência e extingue o processo com exame de mérito, sem sequer ouvir o réu. Para que o juiz possa indeferir, sem ouvir o réu, por prescrição e decadência, é preciso que ele, juiz, possa de ofício conhecer da prescrição e decadência. Ninguém alegou prescrição e decadência e o juiz já indeferiu a petição inicial com base nesses fatos. Então, o juiz só pode indeferir petição inicial por prescrição e decadência se ele puder conhece-las de ofício. No caso da decadência, o juiz só pode conhecer de ofício se se tratar de decadência legal, prevista em lei. Se a decadência for convencional, ou seja, uma decadência prevista em contrato, o juiz não pode conhecer de ofício. Ele só vai poder extinguir por decadência convencional se o réu alegar. Em relação à decadência, o problema é mais singelo. 
O problema maior é com a prescrição. Historicamente, o juiz não podia conhecer de ofício a prescrição. Historicamente era um tema do devedor, era direito dele, portanto, era o devedor que tinha que alegar. O juiz não podia indeferir a inicial em razão de prescrição. Isso historicamente. Vem o Código de 1916 e diz que o juiz poderia, de ofício, conhecer da prescrição de direitos não patrimoniais. Essa regra foi repetida no CPC de 1973 que continuou dizendo que o juiz poderia, de ofício, conhecer da prescrição de direitos não patrimoniais. O CPC repetiu o que o Código de 1916 havia dito. O que acontece é que a jurisprudência não conseguia aplicar esse dispositivo. Era ignorado. E não era aplicado porque não havia caso de prescrição de direitos não–patrimoniais. Então, rigorosamente, na prática não se falava de indeferimento por prescrição porque não havia exemplo, não havia caso de prescrição de direito não patrimonial que o juiz pudesse conhecer de ofício. 
Vem o Código Civil de 2002 e aí muda o sistema, dizendo o seguinte: o juiz pode conhecer de ofício de prescrição que favoreça absolutamente incapaz. Aí, obviamente, passa a existir um caso de indeferimento da petição inicial por prescrição, se for uma prescrição favorável a absolutamente incapaz. 
Em 2006, quatro anos depois, veio uma lei que revogou esse artigo do Código Civil, que é o 194 e revogou o trecho respectivo do CPC de 1973 (§ 5º, do art. 219) e reescreveu esse parágrafo 5º, do art. 219, do CPC, para dizer o seguinte: que o juiz pode conhecer de ofício de qualquer prescrição. Qualquer uma.
Historicamente, não se podia conhecer de nenhuma. As coisas foram evoluindo até chegar em 2006 e o legislador escancarar. Então, do conto de vista literal, o indeferimento por prescrição cabe hoje sempre. Qualquer que seja ela, o juiz pode conhecer de ofício. 
Essa regra nova não tem precedente no mundo é um pouco complicada para dizer o mínimo, porque desestrutura o sistema de direito privado, que é um sistema em que a prescrição é direito do devedor. Tanto que o devedor pode renunciar à prescrição. É um pouco estranho o sistema que permite renúncia da prescrição pelo devedor e, ao mesmo tempo, o juiz pode, de ofício, conhecer da prescrição. Isso tem gerado muitos problemas que eu não vou me aprofundar, mesmo porque é matéria de direito civil, mas pensem comigo: se o juiz pode conhecer e ofício de qualquer prescrição, será que ele pode reconhecer prescrição trabalhista em favor do empregador? Será que o juiz vai poder conhecer de prescrição contra o consumidor, contra o índio, contra o idoso, contra o trabalhador? São quatro grupos humanos protegidos constitucionalmente pelo estado. Eu não falo das crianças porque contra menor não corre prescrição. Na Justiça do Trabalho já se diz que não pode, que o juiz não pode conhecer de ofício prescrição contra o trabalhador. É um problema do devedor e não do Estado. A prescrição das obrigações não tem nada a ver com interesse público. Para o Estado é irrelevante saber se a dívida está prescrita ou não. Se a parte interessada não alega, o que o Estado tem a ver com isso? 
Mas essa mudança se funda no seguinte argumento (é inacreditável, mas está lá nas razões do projeto que mudou a lei): isso vai permitir que muitos processos sejam extintos com mais rapidez. O juiz se deparava com o seguinte problema: via a prescrição e o réu não alegava, o juiz ficava chateado com isso porque alegar prescrição é muito bom para o juiz. O juiz fizeram um lobby e o Congresso aprovou isso. Não têm nenhuma noção de direito e mexeram num texto da lei que desestrutura o sistema. O que vai acontecer? A jurisprudência vai ficar abrindo exceção.
De todo modo, o certo é o seguinte: cabe indeferimento por prescrição em qualquer caso. Por conta disso, surge uma pergunta que é um clássico, um dos maiores clássicos concursais de todos os tempos. O art. 267, I, diz que o indeferimento da petição inicial é sem exame do mérito. 
“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial;”
	O art. 295, IV, diz que cabe indeferimento da petição inicial por prescrição ou decadência. 
Art. 295.  A petição inicial será indeferida: IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o);  
O art. 269, IV diz que prescrição e decadência geram extinção com exame do mérito. 
 Art. 269. Haverá resolução de mérito: IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
Então, olhe o que aconteceu: o indeferimento da petição inicial é sem exame de mérito? Ou, nos casos de prescrição e decadência é com exame de mérito? Porque se é indeferimento vem pro 267 (sem exame de mérito) e se é prescrição e decadência vem para o art. 269 (com exame de mérito). E se for indeferimento por prescrição e decadência, vai para onde? Vai para o art. 269. é caso de indeferimento com exame de mérito. O CPC tem uma aparente antinomia. É essa que é a pergunta clássica: resolva a antinomia desses três dispositivos: você combina o 295, IV, com o 269, IV e a gente percebe que nem todo indeferimento é sem exame de mérito. Esse é o primeiro caso de improcedência prima facie, mais famoso, mais antigo.
Uma pergunta que as pessoas me fazem é a seguinte: se o juiz indefere por prescrição e decadência, o réu ganhou no mérito, há coisa julgada, só que o réu não sabe, está em casa. Como é que o réu vaisaber que ele ganhou e ganhou no mérito, com coisa julgada, já que ele não foi citado, já que não teve ciência do processo. Aplica-se aqui o § 6º, do art. 219:
§ 6o  Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão comunicará ao réu o resultado do julgamento.
	A comunicação do escrivão ao réu é a comunicação de uma vitória por W.O. Eu, se fosse juiz, faria um modelo de carta bem-humorada: parabéns, fique sabendo que se sujeito demandar de novo, você vai poder alegar coisa julgada em sua defesa.
2º Exemplo de improcedência prima facie
	Eu venho falando com vocês, desde o início do curso, já há muitas aulas, que atualmente, há uma tendência de dar um tratamento diferenciado às chamadas causas repetitivas. O legislador vem, a cada dia, tentando dar soluções mais interessantes, mais racionais ao processo e julgamento das causas repetitivas. 
Uma dessas soluções, é o art. 285-A, do CPC, que permite que o juiz julgue improcedente uma causa repetitiva que lhe foi novamente subjetiva. Se o caso é daquelas causas em que se discute uma mesma tese e o juiz já tem um entendimento sobre aquele assunto, e esse entendimento é pela improcedência, o juiz já pode pegar a sua sentença-modelo de improcedência e aplicar. Para isso, é preciso que se trate de uma causa que dispensa produção de provas em audiência. Causa repetitiva que pode ser julgada improcedente liminarmente é causa que dispensa produção de provas em audiência. O juiz pega a inicial e já tem condição de, só com a inicial, julgar improcedente.
Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito (tem que dispensar prova em audiência) e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência (improcedência prima facie) em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006)
	Esse caso de improcedência prima facie de casos repetitivos acontecia na prática dos Juizados Federais porque o volume era tão grande e os juízes se deparavam com causas repetitivas sobre as quais eles já haviam consolidado o entendimento que eram improcedentes. Não tinha sentido ficar ouvindo o réu para algo que, sendo massificado, já se sabia que seria julgado improcedente. 
Não é o primeiro caso de improcedência prima facie. Não fiquem achando que o art. 285-A é uma novidade, algo fora da curva do sistema. Improcedência prima facie sempre houve. Pelo menos nos casos de decadência sempre houve. Então, não é novidade um juízo de mérito a favor do réu sem ouvi-lo. É um juízo de mérito a favor de réu sem ouvi-lo, nos casos em que não há necessidade de prova em audiência (a questão é puramente de direito), e se trata de matéria repetitiva, causa de multidão (que entulham o Judiciário) para discutir tese jurídica e se já se sabe que aquela causa será pela improcedência, para que vai ouvir o réu? Para que movimentar o cartório desnecessariamente?
É claro que é uma regra boa, mas que para ser bem aplicada, é preciso que o juiz saiba, primeiro que é uma questão unicamente de direito o juiz não fique querendo julgar improcedente causa que não é repetitiva para esse fim. Causa que exija produção de provas em audiência não pode ser julgada com base no art. 285-A.
Exemplo: Hoje se discute muito no Brasil a questão da indenização civil por uso do cigarro. A pessoa ficou com câncer e entra contra empresa de tabaco. Essas são ações repetitivas? Podem ser. São questões que discutem a mesma tese. A empresa de tabaco pode ser responsabilizada por isso? É uma tese. Só que essa tese não permite o art. 285-A porque mesmo que se fixe o entendimento de que a empresa de tabaco tem que responder, será preciso provar o nexo causal, será preciso provar que foi aquela empresa mesma, que ele ficou trinta anos comprando o mesmo cigarro e que ele não era predisposto a desenvolver a doença. Há uma série de questões fáticas para que se possa configurar a responsabilidade. Embora você tenha uma tese jurídica repetitiva, a complexidade fática de cada causa em particular impede a aplicação do art. 285-A. O 285-A é para os casos em que prova documental é suficiente: constitucionalidade de um tributo, reajuste de benefício previdenciário, etc. É para isso que o 285-A se aplica, ou seja, nos casos em que os fatos se comprovam documentalmente.
É preciso pensar sistematicamente. O juiz só vai poder aplicar o art. 285-A se já houver um entendimento dos tribunais sobre aquele tema. Na verdade, o juiz tem que seguir a orientação dos tribunais. Porque se o juiz aplicar esse dispositivo contra a orientação dos tribunais, ou seja, os tribunais entendem procedente, mas o juiz insiste em julgar suas causas repetitivas como improcedentes, ao invés de colaborar, ele está tumultuando. Isso é terrorismo processual. Se a orientação do tribunal é pela procedência, o juiz não pode julgar improcedente com base no art. 285-A porque ele está tumultuando o processo. Vários autores já dizem isso e com razão.
Observem: esse caso de improcedência prima facie tem uma grande peculiaridade. Atenção! Se o juiz indefere com base nele, ou seja, se o indeferimento for total, caberá apelação. Apelação que permite retratação. Até aí, nenhuma novidade porque apelação contra sentença que indefere a inicial, cabe retratação. A novidade é a seguinte: se o juiz não se retratar depois que o autor apela, a apelação sobre ao tribunal com contra-razões. Aqui é diferente. O réu será ouvido para contra-razoar o recurso. Aqui é diferente. Aqui é a pegadinha. A apelação nos casos do 285-A, diferentemente do que acontece na generalidade dos casos de indeferimento da inicial, sobe com contra-razões que terão natureza de defesa. E é por isso que o tribunal poderá, inclusive, dar provimento à apelação e julgar procedente o pedido, já que aí, o réu foi ouvido, a matéria é unicamente de direito, não há porque fazer mais nada, o juiz já julga. O tribunal pode acolher a apelação e julgar procedente o pedido. Isso não convém, porque a lógica é que o juiz a quo seguisse a orientação do tribunal para evitar que o tribunal pudesse dar provimento à apelação e modificar a decisão. Mas se isso acontecer, se o tribunal der provimento à apelação e modificar a decisão, não há problema porque o réu já foi ouvido, a matéria é unicamente de direito, não há necessidade de mais atos a serem praticados. Por isso, a necessidade de ouvir o réu aí em contra-razões que, repito, têm natureza de contestação. 
Posso aplicar esse regramento aos casos de prescrição e decadência? Eu posso dizer que no indeferimento por prescrição ou decadência eu tenha que ouvir o réu em contra-razões? Você pode defender uma interpretação analógica, mas teria que ser por analogia. Como terá que ser por analogia também uma interpretação de que o § 6º, do art. 219 (a carta de parabéns que eu mencionei há pouco) se aplica também ao art. 285-A e que a exigência de contra-razões se aplica à prescrição e à decadência. É possível defender isso. É razoável, para dar um sentido aos casos de improcedência prima facie, porque os casos de improcedência prima facie teriam regramento comum, diferenciado. 
Agora, a OAB entrou com uma ADI contra o art. 285-A sob o fundamento de que é inconstitucional. É muito difícil compreender as razões da OAB neste caso. Ela diz que fere o contraditório. É difícil defender isso, se se sabe que a sentença é favorável ao réu. Se é assim, não há violência ao contraditório. Só se for violar o contraditório do autor. Mas se você disser que violou o art. 285-A porque o autor entrou e já perdeu (foi muito rápido), por esse raciocínio todos os casos de indeferimento da petição inicial são inconstitucionais porque todos eles o autor entra e já perde. É uma brincadeira isso! Porque a OAB só se preocupa com isso porque, como o réu não será ouvido, é menos um advogado. Tudo o que se disser a respeito à pacificação da jurisprudência, os caras são contrários porque se você sumulavocê torna o problema mais pacífico e a incerteza é melhor para os advogados. 
Com isso a gente termina a improcedência prima facie, assunto da moda. Eu criei um capítulo só para ele no meu livro. Eu tirei do capítulo de petição inicial e criei um capítulo só para tratar de improcedência liminar, tendo em vista sua importância hoje em dia e a sua complexidade.
	Indeferimento da Inicial SEM EXAME DE MÉRITO
	Os casos de indeferimento da inicial sem exame de mérito estão no art. 295, do CPC:
	a)	Inépcia
   
Art. 295.  A petição inicial será indeferida: I - quando for inepta; 
 
  A inépcia é um defeito da petição inicial relacionado ao pedido ou à causa de pedir. Casos de inépcia: 
Há inépcia quando faltar pedido ou causa de pedir. 
A doutrina diz, a meu ver com razão, que também há inépcia quando a petição for obscura, ou seja, o pedido e a causa de pedir estão mal postos, ou seja, postos de maneira pouco inteligível. 
Nos casos de petição incoerente. A petição incoerente ocorre quando o pedido não decorre da causa de pedir. Quando o pedido não é consequência da causa de pedir, ou seja, a causa de pedir leva outro resultado distinto daquele que foi pedido. Quando o pedido não decorre logicamente da causa de pedir, há inépcia.
Também há inépcia quando o pedido for juridicamente impossível, faltar aquela condição da ação. Quando falta a condição da ação ou a possibilidade jurídica do pedido, também há inépcia.
Petição suicida. O que é isso? Ocorre quando a petição contém pedidos incompatíveis entre si. Eu peço duas coisas incompatíveis: quero anular e revisar o contrato ao mesmo tempo. O juiz vai ter que mandar corrigir essa petição. A compatibilidade dos pedidos é exigência para que a petição não seja inepta.
Esses casos de inépcia estão no § ú, do art. 295. Só que há um caso de inépcia previsto na legislação extravagante que merece atenção especial. É o caso da Lei 10.931/04, art.50.
Art. 50. Nas ações judiciais que tenham por objeto obrigação decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação imobiliários, o autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso, sob pena de inépcia.
Então, se eu vou a juízo para discutir esses contratos porque são caros, excessivos, etc., eu tenho que dizer o que quero discutir e qual é o valor incontroverso. Se eu não fizer isso, minha petição é inepta. Se eu vou ao Judiciário para discutir valores, eu tenho que dizer o valor incontroverso, sob pena de inércia. Se eu vou discutir esse tipo de contrato bancário, eu tenho que dizer o valor devido, sob pena de inércia. 
Tudo isso é só a primeira hipótese de indeferimento sem exame de mérito, que é a inépcia. Vamos para a segunda hipótese, que é a de carência de ação. 
	b)	Carência de Ação
Já vimos a impossibilidade jurídica do pedido, sendo que a falta de interesse de agir e ilegitimidade também levam ao indeferimento. São os outros 2 casos de carência de ação.
Art. 295.  A petição inicial será indeferida: II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual;
	(Fim da 1ª parte da aula)
c)	Erro na Escolha do Procedimento 
O terceiro caso de indeferimento é o de erro na escolha do procedimento. Atenção: Só haverá indeferimento por erro na escolha do procedimento se o juiz não puder proceder à adaptação do procedimento. Se escolheu equivocadamente um procedimento, isso só levará ao indeferimento se o juiz não puder adaptar. O problema prático é que eu não consigo visualizar nenhuma situação na qual o juiz não possa adaptar. Para mim, todos os casos em que há erro na escolha do procedimento o juiz pode adaptar, direcionando corretamente a causa. O código diz que o juiz só indeferirá quando não puder corrigir. Duro é imaginar quando ele não pode corrigir. Por pior que seja o erro, por mais bizarra que tenha sido a opção do autor, basta o juiz dizer: sua opção é bizarra, o procedimento correto é esse, vamos prosseguir por ele. 
 Art. 295.  A petição inicial será indeferida: V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;  
       
d)	Não Emenda da Petição Inicial 
A quarta hipótese é o indeferimento em razão da não emenda da petição inicial. Se você não emendou a inicial, uma vez determinada pelo juiz, ele a indeferirá. É o indeferimento que decorre do não cumprimento da decisão que determinou a emenda da petição inicial, o descumprimento do art. 284, do CPC.
Art. 295.  A petição inicial será indeferida: Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.  
       
	
PEDIDO
	O pedido, como vocês devem imaginar, é o núcleo da petição inicial. É a parte mais importante porque é com ele que fica definido o que se espera do Judiciário. O pedido define os limites da demanda. A doutrina costuma dividir o pedido em pedido imediato e pedido mediato.
O pedido imediato é o pedido de decisão, o pedido para que o juiz decida, resolva o problema, dê uma decisão. 
	E o pedido mediato é o resultado prático que se espera alcançar com o processo. 
	É uma divisão puramente didática porque o pedido é um só. Só que a doutrina pega esse pedido que é um só e o divide em dois momentos: é o pedido para que o juiz decida e lhe propicie algum resultado. O pedido de condenar o réu a pagar quantia é um só. Mas a doutrina o divide em duas partes. Pedido de condenação (que é pedido da decisão) e a quantia (resultado que se busca alcançar com o processo). 
1.	REQUISITOS DO PEDIDO	
O pedido tem que preencher alguns requisitos:
O pedido tem que ser claro – tem que ser exposoto de maneira claro. Pedido obscuro gera inépcia. A clareza é o primeiro atributo que se exige do pedido.
O pedido tem que ser coerente com a causa de pedir – a gente viu, inclusive que se o pedido não for coerente com a causa de pedir, é inépcia também.
A certeza – O que significa dizer que o pedido tem que ser certo? Pedido certo é o pedido expresso. O que é isso? É aquele que consta expressamente da petição inicial porque não se admite pedido implícito. Não se aceita um pedido que tenha sido implicitamente formulado. Ele tem que ser expresso, certo. É por isso, inclusive, que o art. 293, do CPC diz que o pedido tem que ser interpretado restritivamente. Agora, há casos excepcionais em que se admite pedido implícito. Ou seja, casos em que se admite como formulado um pedido que não foi expressamente formulado. Nos casos em que se admite pedido implícito, o juiz terá que examiná-lo, a despeito de não ter sido feito expressamente. Porque quando se admite pedido implícito, o que é excepcional, é como se o pedido houvesse sido feito expressamente.
Exemplos de pedidos implícitos admitidos: Condenação aos juros legais e correção monetária, condenação ao pagamento de verbas de sucumbência, o pedido relativo a obrigação de prestações periódicas. O que é isso? Se eu vou ao Judiciário e peço uma obrigação que se cumpre periodicamente, como de alimentos, aluguel, previdenciária, as parcelas vincendas reputam-se incluídas no pedido, mesmo sem pedido expresso. Isso tem um sentido. Imagine que eu entre com uma ação de alimentos hoje. Vai que o sujeito continua sem pagar. Eu vou ter que entrar com outra ação no outro mês? Não teria sentido. Art. 290, do CPC:
Art. 290.  Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.
Um caso de pedido implícito famoso também é o pedido implícito de alimentos provisórios. Se entende que na ação de alimentos o pedido de alimentos provisórios é implícito.Pode não constar expressamente na inicial, mas o juiz terá que examina-la. Mas a regra é que o pedido tem que ser certo, expresso. Claro, coerente, certo, o e o pedido tem que ter ainda como requisito:
Liquidez ou Determinação – Pedido líquido ou determinado é o pedido delimitado em relação ao ‘quanto’ e ao ‘que’. Eu quero dizer o que eu quero e quanto eu quero. Vamos ao art. 286:
Art. 286.  O pedido deve ser certo ou (e) determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:  
Onde se lê ‘ou’, aí, leia-se ‘e’. O pedido deve ser certo e determinado. Percebam que o CPC permite pedido genérico, que é o pedido indeterminado em relação ao quantum. Há casos excepcionais em que se admite pedido genérico porque o pedido tem que ser determinado. Mas excepcionalmente ele pode ser genérico. São três os casos em que se admite pedido genérico, pedido indeterminado em relação ao quantum:
1º Caso:	Nas ações universais – Ação universal é aquela que tem por objeto uma universalidade como um rebanho, um patrimônio, uma biblioteca. Nesses casos, se admite pedido indeterminado.
2º Caso:	Nas ações indenizatórias quando não for possível, de logo a delimitação do prejuízo – Pode-se formular um pedido genérico de condenação do réu a ressarcir os prejuízos. Peço e não digo quanto porque não é possível de logo. A lei permite que se entre logo com a ação para delimitar depois. Vocês sabem que a ação de responsabilidade civil, que é o caso, pode decorrer de atos ilícitos ou de atos lícitos porque a responsabilidade civil é uma consequência que decorre de atos ilícitos ou de atos lícitos. Não confundam! Vamos dar uma olhada no art. 286, II, do CPC:
Art. 286.  O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico: II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do fato ilícito; 
	Mas não é ato ou do fato ilícito. É do ato ou do fato. Lícito ou ilícito. Porque existe ação de indenização decorrente de ato lícito. Então onde se lê ilícito, ignore-se (risque essa palavra). É com base nesse inciso que muita gente vai a juízo pedindo para que o juiz fixe o valor dos danos morais. O autor não diz o quanto quer e pede para que o juiz fixe o montante. Muita gente faz isso, muita gente entra com pedido genérico de danos morais, sem fixar o valor, com base nesse dispositivo. A jurisprudência do STJ admite isso. Realmente admite esse tipo de providência, só que não é correto. Não concordo porque o valor dos danos morais podem ser fixados inicialmente. Eu posso dizer quanto é que vale o meu prejuízo. Se é moral, é interior, o que falta para que você possa apurar quanto merece a sua honra? A sua imagem? Então, embora eu reconheça que isso pode ser aplicado pela parte e o STJ admite, acho que pedido genérico de dano moral, só nos casos de dano moral continuado, que pode aumentar com o passar do processo. Mas dano moral que já aconteceu, é duro justificar que se permite pedido genérico nesses casos.
	3º Caso:	Nos casos em que o valor depende de um comportamento do réu para ser aferido – Você só vai poder saber o valor que você quer, após o comportamento do réu. Quando a opção pelo valor depender de um comportamento do réu, o meu pedido pode ser genérico. É o que acontece na prestação de contas, em que eu peço para que o réu preste contas e vou esperar a prestação de contas para saber quanto ele me deve. Eu só vou saber o quanto ele me deve após a prestação de contas.
	Agora, eu quero dar uma dica que no caderno vai aparecer como DICA com um link para o futuro
DICA:	Percebam que os requisitos do pedido são clareza, coerência, certeza e liquidez. Não é por acaso que esses quatro requisitos são os requisitos da sentença. A sentença também tem que ser clara coerente, certa e líquida. Porque se eu exijo isso do pedido, tenho que exigir isso também da resposta ao pedido. Os requisitos do pedido são, também, requisitos também da sentença. Quando estudarmos sentença vocês verão que são, curiosamente, não por acaso, os mesmos requisitos do pedido.
 
2.	CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
	“Há cumulação de pedidos quando mais de um pedido houver sido formulado no mesmo processo.”
	2.1.	CLASSIFICAÇAO DA CUMULAÇAO DE PEDIDOS
	1ª	CLASSIFICAÇÃO DA CUMULAÇÃO
Cumulação de pedidos inicial – É aquela que surge conjuntamente com o processo. O processo já nasce com vários pedidos deduzidos. 
Cumulação de pedidos ulterior – A cumulação é ulterior quando ela surge ao longo do processo. É o caso, por exemplo, da reconvenção, que é o novo pedido feito ao longo do processo, da ação declaratória incidental, denunciação da lide feita pelo réu. São casos em que se agrega um pedido novo ao processo com ele já em andamento.
	2ª	CLASSIFICAÇÃO DA CUMULAÇÃO
	Cumulação de pedidos homogênea – Os pedidos são formulados pelo mesmo sujeito. O autor formula dois ou três pedidos.
Cumulação de pedidos heterogênea – É aquela cujos pedidos provêm de sujeitos diversos. Cada pedido é feito por uma parte. É o que acontece com a reconvenção, por exemplo. É um pedido do autor e um pedido feito pelo réu. Dois pedidos feitos por pessoas distintas. Então, a reconvenção é caso de cumulação ulterior e heterogênea.
Essas duas classificações embora tenham alguma importância não são as mais relevantes. A mais relevante mesmo, sem sobra de dúvida é a seguinte (um pouco mais complicado):
	3ª	CLASSIFICAÇÃO DA CUMULAÇÃO
	Cumulação de pedidos própria – A cumulação própria é regida pela partícula ‘e’, ou seja, na cumulação própria, todos os pedidos cumulados podem ser acolhidos. Formulam-se vários pedidos e todos podem, em tese, ser acolhidos. Por isso, o nome: cumulação própria, já que nelas os pedidos podem ser efetivamente acolhidos ao mesmo tempo. É propriamente uma cumulação. A cumulação própria se divide em (se liguem que a aula de hoje é vocabulário puro!):
Cumulação própria simples – É aquela em que o acolhimento de um pedido não depende do acolhimento do outro. Então, os pedidos podem ser acolhidos ou rejeitados, independentemente um do outro. É o que acontece com danos morais e danos materiais. Eu quero os dois. O acolhimento de um é indiferente ao acolhimento do outro.
Cumulação própria sucessiva – Já na cumulação sucessiva, eu quero A e quero B (já que ela é uma cumulação própria). Só que, eu só terei um pedido se o outro for acolhido. O acolhimento de um pedido depende do acolhimento do outro pedido. É o que acontece, por exemplo, com investigação de paternidade e alimentos. Só terei alimentos, se tiver a investigação de paternidade. A sucessiva pode ser transformada numa notação lógica, para que você não esqueça: eu quero A e B. Mas eu só terei B, se tiver A. B, só se, A. Observação: Imaginem uma cumulação sucessiva heterogênea (vindos de pessoas diversas). João e Maria, em litisconsórcio contra José. João pede uma investigação de paternidade em relação a José e Maria, mãe de João, pede uma indenização pelas despesas do parto. Há dois pedidos, formulados por pessoas diversas, em cumulação sucessiva (ela só ganhará as despesas do parto, se houver investigação de paternidade). Quando isso acontece, surge um litisconsórcio chamado de litisconsórcio sucessivo. O litisconsórcio é aquele que resulta de uma cumulação sucessiva heterogênea. Eu só poso saber o que é litisconsórcio sucessivo se eu sei o que é uma cumulação sucessiva. No litisconsórcio sucessivo, o pedido de um litisconsorte só será acolhido se o pedido do outro for acolhido. Por isso eu não dei esse assunto na aula de litisconsórcio. Porque depende que você saiba o que é cumulação sucessiva.
Cumulação de pedidos imprópria – A cumulação imprópria é regida pela partícula ‘ou’ porque vários pedidos são formulados, mas só um pode ser acolhido. Na cumulação imprópria, vários pedidos são formulados, mas só um pode ser acolhido. Por isso é imprópria. Você quer A, ou B ou C. A cumulação imprópria pode ser: 
Cumulação imprópria eventual ou subsidiária – Na cumulação imprópriaeventual ou subsidiária, formulam-se vários pedidos para só um ser acolhido, estabelecendo-se porém, uma ordem de preferência. O autor diz que quer A, se não puder A, eu quero B, se não puder B, eu quero C. Estabelece-se uma ordem de preferência, de prioridade. O segundo pedido é subsidiário ao primeiro. Só será examinado se o primeiro não for acolhido. Na cumulação eventual ou subsidiária, o segundo pedido só será examinado se o primeiro não for acolhido. O juiz não pode pular. Não pode partir para examinar o segundo, sem que tenha examinado e rejeitado o primeiro. Ele não pode pular. E acontece uma coisa curiosa: se o juiz me nega A e acolhe B, eu poderei recorrer porque pra mim o prioritário é A. Eu só quero B, se não tiver jeito de ganhar A. Há aqui uma ordem prioritária para o autor. Esta cumulação está prevista no art. 289, do CPC: Na sucessiva, que é própria, eu quero 2, mas “B, só se A”. Na eventual ou subsidiária, eu só quero 1, portanto, “B só se não A”. Teve um concurso que pediu para você comparar a sucessiva com a eventual. E a comparação é sobretudo lógica. Imaginem a seguinte situação: João propõe uma ação contra José e Antônio. João diz: “Seu juiz, condene José, agora, se não puder condenar José, condene Antônio.” Reparem que o autor formulou dois pedidos, um dirigido a José e outro a Antônio. Só que esses pedidos estão formulados em cumulação eventual porque o segundo só poderá ser examinado se o primeiro for rejeitado. Num caso como esse surge um litisconsórcio entre José e Antônio. Esse litisconsórcio que surge é chamado de litisconsórcio eventual. Porque é um litisconsórcio que decorre de uma cumulação eventual. 
Cumulação imprópria alternativa – É a mais fácil de todas de se entender. É uma cumulação imprópria sem ordem de preferência. Eu quero A ou B e não estabeleço uma ordem de preferência. Isso é importante porque se o autor não estabelece uma ordem de preferência, significa que se o segundo pedido for acolhido, ele não pode recorrer porque para ele tanto fazia. Pense no mesmo caso: João contra José e Antônio. João pediu: “Juiz, condene José, se não puder José, Antônio.” Imagine que se ele tivesse dito: “Condene José ou Antônio que para mim tanto faz.” É o mesmo exemplo, tirando a ordem de preferência. Tirar a prioridade dada à condenação de José, faz surgir o litisconsórcio alternativo, que é o que resulta da cumulação alternativa. Um exemplo para não esquecer: O Corinthians e a MSI estavam brigando por um crédito. A devedora, que tinha entrado com a consignação em pagamento, apenas disse: “Ambos estão dizendo que são credores. Para mim tanto faz, consigna em pagamento para o Corinthians, consigna para a MSI. Diga qual é o credor e está resolvido o problema.” É um litisconsórcio alternativo. Corinthians e MSI são litisconsortes alternativos. A consignação vai ser feita para um dos dois. O exemplo da consignação em pagamento é o exemplo mais famoso de litisconsórcio alternativo. Não há previsão expressa no CPC quanto à cumulação alternativa. Mas se entende que ela é admitida a partir do art. 289 que permite que eu estabeleça ordem de prioridade. Se eu posso conduzir o pedido, formulando um a ordem de prioridade, posso não fazer isso. Se eu posso o mais, que é estabelecer a ordem, poso o menos, que é não estabelecer a ordem. Ao permitir cumulação eventual, automaticamente está permitida a cumulação alternativa. 
	2.2.	REQUISITOS DA CUMULAÇAO DE PEDIDOS
	
	a)	Competência do Juízo	
	Eu posso cumular pedidos, mas para isso, o juízo tem que ser competente para todos eles. Se eu cumulo pedidos e o juiz é incompetente para um deles, ele não vai admitir a cumulação e vai processar apenas o pedido para o qual ele é competente. O outro pedido você deve demandar perante o juízo competente. É o caso de indeferimento parcial. 
	b)	Compatibilidade dos Pedidos
	Se eu quero cumular pedidos, é preciso que sejam compatíveis entre si. Até porque vimos que se forem incompatíveis entre si, a petição é inepta. 
	Pegadinha concursal: Esse requisito só se aplica à cumulação imprópria porque se a cumulação é imprópria, não precisa que haja compatibilidade, exatamente porque ela é imprópria. Se você pensar bem, na cumulação imprópria, os pedidos são sempre incompatíveis porque se fossem compatíveis, o autor os cumularia propriamente.
	“Não se exige na cumulação imprópria a compatibilidade dos pedidos”. Isso caiu em concurso. Verdadeiro.
	c)	Identidade de Procedimento
	Se eu quero cumular pedidos em um mesmo processo, é preciso que os pedidos possam tramitar em um mesmo procedimento. Se eu quero reunir num mesmo processo os vários pedidos, é preciso que todos eles possam tramitar em um mesmo procedimento. Não teria sentido um mesmo trem andar por dois trilhos diversos.
	Quando, para cada pedido corresponder um tipo de procedimento, o autor poderá cumula-los se optar pelo rito ordinário. Então, tem um pedido que é de rito sumário e outro que é de ordinário, eu posso cumulá-los, desde que opte pelo ordinário. 
O ordinário acaba sendo um procedimento universal, ou seja, por ele, eu poso processar pedidos que seriam processados por outro procedimento, desde que eu cumule e opte pelo ordinário. Isso é o que está no CPC, no § 2º, do art. 292:
§ 2o  Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário.
	
Agora, as coisas não são tão simples. Pelo seguinte: há procedimentos que são criados para proteger o réu ou são criados por questão de ordem pública. Exemplos: um procedimento de ADI é diferenciado em razão da ordem pública. Um procedimento de interdição é diferenciado para proteger o réu. Já uma ação possessória, é um procedimento diferenciado para proteger o autor. Eu dei três exemplos. Ora, o autor só pode optar pelo ordinário em procedimentos criados para protegê-lo. Porque não teria sentido o autor abrir mão de um procedimento criado para proteger o réu (seria fácil burlar a proteção do réu). Eu não posso cumular ação de anulação de contrato com interdição. Não posso porque anulação de contrato, rito ordinário. Interdição, rito especial. Teoricamente, você imaginaria que poderia reunir como ordinário. Isso seria prejudicar o réu que tem o procedimento da interdição criado para protegê-lo. Essa regra que permite a conversão para o ordinário é criada para proteger o autor. 
Eu quero que vocês anotem uma grande observação:
“O que é pedido alternativo?”
“Pedido alternativo é o pedido que se refere a uma obrigação alternativa, que é aquela obrigação que pode ser cumprida por mais de uma prestação.” Quando o meu pedido se refere a uma obrigação alternativa, que pode ser cumprida por mais de uma prestação, eu tenho um pedido alternativo. Pedido alternativo é um pedido só. Não são dois pedidos. Só que é um pedido que se refere a uma obrigação que pode ser cumprida de mais de uma maneira. Portanto, não confundam pedido alternativo com cumulação alternativa. Porque na cumulação alternativa há mais de um pedido. Há vários pedidos para um só ser acolhido. No pedido alternativo é só um pedido que pode ser cumprido de mais de uma maneira.
Olhem para o quadro: Y deitado com a boca para o oriente e um Y deitado com a boca para o ocidente. Imagem 1 e imagem 2. Qual das imagens corresponde ao pedido alternativo e qual delas corresponde à cumulação alternativa. Pedido alternativo é 1 porque um pedido que pode ser acolhido de mais de uma maneira (imagem 1). Na cumulação alternativa, você tem dois pedidos, mas só um pode ser acolhido (imagem 2). Não confundam pedido alternativo com cumulação alternativa.
A RESPOSTA DO RÉU
	Até agora nós examinamos a provocação do Judiciário, o autor demandando. Examinamos a ação. A partir de agora, vamos examinar a reação, a resposta que o réu oferece ou pode oferecer àquilo que foi demandado. A resposta do réu pode ter várias versões. Ele pode responder à demanda das mais variadas maneiras:
	O réupode ser revel. Sua resposta é o silêncio. A revelia é o silêncio.
Uma segunda possível resposta do réu é a contestação. Se ele apresenta contestação é porque quer se defender.
O réu também pode, ser for o caso, reconhecer a procedência do pedido. Dizer que, realmente o autor tem razão. É outra modalidade de resposta do réu.
Impugnação ao valor da causa. É outra coisa que o réu pode fazer.
A reconvenção é uma quinta possibilidade de resposta do réu. É resposta, mas não é defesa. Pela reconvenção, o réu responde, mas não se defende. É resposta, mas não é defesa. 
Uma outra resposta possível é a oposição de exceções instrumentais: impedimento, suspeição e incompetência relativa. 
A resposta do réu pode ser um pedido de revogação da justiça gratuita concedida ao autor. 
Tirando essa última espécie de resposta do réu, vamos examinar todas elas, sendo que a impugnação ao valor da causa nós já examinamos. A última espécie não é conteúdo desse curso. 
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