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OPERAÇÕES DE SEGUROS REALIZAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS SUPERVISÃO E COORDENAÇÃO METODOLÓGICA DIRETORIA DE ENSINO TÉCNICO ASSESSORIA TÉCNICA EDUARDO DE ALMEIDA GAMA – 2022 JOSÉ AUGUSTO N. CAMARGO – 2021/2019 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS – GERÊNCIA DE CONTEÚDO E PLANEJAMENTO PICTORAMA DESIGN Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Negócios e Seguros - ENS E73o Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Operações de seguros / Supervisão e Coordenação metodológica da Diretoria de Ensino Técnico; assessoria técnica de Eduardo de Almeida Gama. -- 6.ed. -- Rio de Janeiro : ENS, 2022. 2,78 Mb ; PDF 1. Empresas seguradoras. 2. Empresas corretoras de seguro. 3. Gestão de operações. 4. Produtos de seguro. I. Gama, Eduardo de Almeida. II. Título. 0022-2633 CDU 368(072) É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, ou de partes dele, sob quaisquer formas ou meios, sem permissão expressa da Escola. 6ª EDIÇÃO RIO DE JANEIRO 2022 A ENS, promove, desde 1971, diversas iniciativas no âmbito educacional, que contribuem para um mercado de seguros, previdência complementar, capitalização e resseguro cada vez mais qualificado. Principal provedora de serviços voltados à educação continuada, para profissionais que atuam nessa área, a Escola de Negócios e Seguros oferece a você a oportunidade de compartilhar conhecimento e experiências com uma equipe formada por especialistas que possuem sólida trajetória acadêmica. A qualidade do nosso ensino, aliada à sua dedicação, é o caminho para o sucesso nesse mercado, no qual as mudanças são constantes e a competitividade é cada vez maior. Seja bem-vindo à Escola de Negócios e Seguros. OPERAÇÕES DE SEGUROS 1. OPERAÇÕES NAS SEGURADORAS 8 PLANEJAMENTO EMPRESARIAL (ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL ) 9 Planejamento Estratégico 10 Planejamento Tático 10 Planejamento Operacional 11 Planejamento Empresarial – Exemplos 12 Planejamento Empresarial – Exemplo de modelo complexo 12 Planejamento Empresarial – Exemplo de modelo simplificado 15 O QUE SÃO OPERAÇÕES 16 A FUNÇÃO OPERAÇÕES 17 ESTRUTURA DAS SEGURADORAS 18 PROCESSOS E OPERAÇÕES 19 CADEIA DE VALOR 20 CADEIA DE SUPRIMENTOS 23 SISTEMA DE VALOR 25 INDICADORES DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES 27 Qualidade 28 Rapidez 28 Dependência 28 Flexibilidade 29 Custo 29 ESTABELECIMENTO DE METAS 30 SUMÁRIO OPERAÇÕES DE SEGUROS Desempenho histórico 30 Objetivos estratégicos 30 Objetivos concorrenciais 30 Metas absolutas 30 BENCHMARKING 31 FIXANDO CONCEITOS 1 32 2. PROCESSO PRIMÁRIO NAS SEGURADORAS 33 DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGUROS 34 COTAÇÃO DE SEGUROS 36 CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DA PROPOSTA 37 SUBSCRIÇÃO DE RISCOS 39 EMISSÃO DA APÓLICE 39 ENDOSSO 39 COBRANÇA DO PRÊMIO 40 ATENDIMENTO A CLIENTES 40 AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS 41 FIXANDO CONCEITOS 2 43 3. OPERAÇÕES NAS CORRETORAS DE SEGUROS 44 OPERAÇÕES NO ÂMBITO DAS CORRETORAS DE SEGUROS 45 PRIMEIROS PASSOS 48 Cadastro na Susep 48 Pessoa Física ou Pessoa Jurídica? 48 Nome Empresarial e Alvará 51 EIRELI × LTDA × S.A 52 Contrato Social e CNPJ 52 Cadastro nas Seguradoras e Operadoras de Saúde 53 OPERAÇÕES DE SEGUROS PROCESSOS CRÍTICOS NA OPERAÇÃO DE UMA CORRETORA DE SEGUROS 55 Contratação, proposta e emissão 57 Endosso 58 Aviso de sinistros 58 Assistência 24h 58 Administração de operações 59 FIXANDO CONCEITOS 3 60 ESTUDO DE CASO 61 GABARITO 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63 INTRODUÇÃO OPERAÇÕES DE SEGUROS INTRODUÇÃO S eguro não é uma ciência exata tal como a gestão de riscos. No entanto, há processos relativamente padronizados que definem as operações de seguros, desde a oferta da exposição de riscos de pessoas e empresas até a liquidação de eventuais sinistros, pas- sando por subscrição de riscos, emissão do contrato de seguros e regulação de sinistros. Conhecer essas etapas é de fundamental importância para aqueles que pre- tendem trabalhar na venda de seguros, já que as corretoras e seguradoras têm seus papéis definidos nessa cadeia assim como alguns prestadores de serviços. A disciplina abordará, portanto, a gestão de operações e os processos que são utilizados para que as companhias entreguem aos seus clientes os produ- tos de seguro que comercializam. O objetivo deste material é o desenvolvimento de uma visão sistêmica do funcionamento de companhias no mercado segurador e de como isso reflete em seus negócios. OPERAÇÕES DE SEGUROS 8 UNIDADE 101 ■ Conhecer os processos e a gestão das operações das seguradoras, considerando todas as etapas envolvidas, desde a oferta da exposição ao risco até a liquidação de um sinistro. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS DESTA UNIDADE OPERAÇÕES nas SEGURADORAS ⊲ PLANEJAMENTO EMPRESARIAL ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL ⊲ O QUE SÃO OPERAÇÕES ⊲ A FUNÇÃO OPERAÇÕES ⊲ ESTRUTURA DAS SEGURADORAS ⊲ PROCESSOS E OPERAÇÕES ⊲ CADEIA DE VALOR ⊲ CADEIA DE SUPRIMENTOS ⊲ SISTEMA DE VALOR ⊲ INDICADORES DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES ⊲ ESTABELECIMENTO DE METAS ⊲ BENCHMARKING ⊲ FIXANDO CONCEITOS 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS 9 UNIDADE 1 PLANEJAMENTO EMPRESARIAL ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL As empresas são pensadas a partir de esforços de planejamento que se distinguem entre seus objetivos. Em geral, na maioria das empresas, tudo começa com o planejamento estratégico – responsabilidades de diretores, sócios ou presidentes. A partir do planejamento estratégico, nasce o planejamentos tático – responsabilidades de superintendentes e gerentes. Somente a seguir, por meio do planejamento operacional, são determinadas as ações a serem desenvolvidas e/ou postas em prática – responsabilidades de colaboradores, funcionários e/ou prestadores de serviço. Supervisão e controle da execução dos planos de ação no nível operacional. França Paul Viget 1850 1929 1930/40 1960/701950 1980 1990 Brasil Sulacap. Inexistência de poupança interna Inflação pós-guerra, declínio do produto no mercado Quase eliminação do negócio. Durante este período foi instituída a correção monetária Entrada de conglomerados financeiros neste setor; o produto volta a expandir Surgimento de produtos inovadores neste mercado Surgimento de várias empresas no segmento. Formação de poupança e investimento na construção civil Modalidade I Tradicional Modalidade II Compra-Programada Modalidade III Popular Modalidade VI Incentivo Circular 365 – SUSEP Planos de Capitalização Definição dos objetivos estratégicos da empresa e de decisões sobre onde operar, com que, com quem e que resultados que devem ser produzidos para manter níveis determinados de crescimento e rentabilidade. Aqui nascem os planos estratégicos e as iniciativas estratégicas sobre produtos e operações. Definições sobre como gerir os produtos para atingir os resultados. O planejamento tático envolve decisões sobre abordagem comercial e detalhamento das operações, além de planos de ação com indicadores e metas. ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL OPERAÇÕES DE SEGUROS 10 UNIDADE 1 “Um objetivo sem um plano é apenas um desejo” Antoine de Saint-Exupéry (escritor francês). Planejar-se é necessário para reduzir o grau de incertezas quanto ao futuro. Planejar é traçar os objetivos, decidir como alcançar as metas, definir os prazos, programar as atividades e, principalmente, comunicar isso aos envolvidos no negócio da empresa. O planejamento é um processo que, uma vez adotado, demanda conti- nuidade, portanto, requer avaliações permanentes, revisões periódicas e reformulações necessárias. Dessa forma, o planejamento se torna um processo cíclico, aberto e flexí- vel, responsável pelo direcionamentoconstante dos esforços e pela aloca- ção efetiva dos recursos da empresa. — Planejamento Estratégico Por meio do planejamento estratégico, é possível avaliar as oportunidades e ameaças do setor em que se pretende atuar, assim como verificar e defi- nir o posicionamento da empresa. É um processo destinado a garantir um ajustamento entre os objetivos, recursos da empresa e as demandas de um ambiente externo em cons- tante mutação. Entre os principais objetivos do planejamento estratégico, estão: ■ Adaptar os conceitos da empresa aos contextos contemporâneos (tecnologia, gestão, mercado e recursos humanos); ■ Identificar ameaças e oportunidades, os pontos fortes e fracos da organização; ■ Direcionar os negócios; ■ Alocar recursos; ■ Definir a posição que se pretende alcançar em relação a seus prin- cipais concorrentes. — Planejamento Tático O planejamento tático abrange cada departamento da organização e tem como finalidade especificar de que forma sua área ou seu setor poderá contribuir para alcançar os objetivos estipulados no planeja- mento estratégico. OPERAÇÕES DE SEGUROS 11 UNIDADE 1 Esse planejamento faz intermediação entre o planejamento estratégico e o planejamento operacional. Entre os principais objetivos do planejamento tático, estão: ■ Definir a abordagem junto ao mercado e aos clientes; ■ Definir como gerir os produtos e as pessoas; ■ Definir planos de ação; ■ Traçar metas. — Planejamento Operacional No planejamento operacional, são formalizados os objetivos e definidos os procedimentos, ou seja, serão implementadas as ações desenvolvidas no nível tático, obedecendo ao que foi definido no nível estratégico. Entre os principais objetivos do planejamento operacional, estão: ■ Definir os recursos necessários para o implantação (sistemas, equipamentos etc.); ■ Definir os procedimentos básicos a serem adotados (plantões, técnicas de abordagem etc.); ■ Definir os produtos ou resultados finais esperados (valores arreca- dados, unidades vendidas etc.); ■ Definir os prazos estabelecidos (dias, meses e anos); ■ Eleger os responsáveis pela execução (líderes de setores, funcio- nários, colaboradores e prestadores); ■ Controlar a operação (relatórios, indicadores etc.). Na prática Planejamento Estratégico Diz respeito ao direcionamento da empresa. Define os caminhos a percorrer e os resultados esperados. Palavras-chave : Aonde? O quê? (Direcional). Planejamento Tático Diz respeito ao posicionamento da empresa e às ações propostas para seguir na direção de atingir os objetivos. Palavra-chave: Como? (Gerencial). OPERAÇÕES DE SEGUROS 12 UNIDADE 1 Planejamento Operacional Diz respeito à operação da empresa, aos responsáveis por colocar em prática os objetivos e à supervisão dos resultados. Palavra-chave: Quem? (Executivo). — Planejamento Empresarial – Exemplos Quando se pretende iniciar um planejamento, é comum imaginarmos tra- tar-se de uma tarefa extremamente complexa, que necessita de um amplo conhecimento de administração de empresas, recursos humanos, econo- mia ou qualquer outra ciência de nível elevado. Atualmente, existem técnicas e ferramentas de gestão muito bem elabo- radas, que podem auxiliar e facilitar a confecção de seu planejamento. No entanto, planejar não significa utilizar a técnica mais avançada de adminis- tração de empresas, consultar os livros mais conceituados ou adquirir o software mais caro. Planejar significa criar um roteiro disciplinado de procedimentos, a fim de alcançar seus objetivos do modo mais rápido, eficiente e econômico possível. Em se tratando de empreendedores iniciantes, ou que ainda não possuem muitos recursos financeiros e estão em processo de capacitação, isso pode ser feito apenas com uma folha, uma caneta, paciência e ideias! Elaborar um planejamento complexo não significa fazer um planejamento “complicado”, assim como elaborar um planejamento simplificado não sig- nifica fazer um planejamento “simplório”. A seguir, apresentaremos exemplos complexos e simplificados de planeja- mentos estratégicos, táticos e operacionais. — Planejamento Empresarial – Exemplo de modelo complexo O quadro a seguir apresenta uma sequência de 8 procedimentos a serem adotados na elaboração de um planejamento complexo. OPERAÇÕES DE SEGUROS 13 UNIDADE 1 ESQUEMA GERAL DE UM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Análise de cenários. Análise do ambiente interno, ativos intangíveis e competências essenciais. De�nição das estratégias. De�nição do modelo de negócio. De�nição de indicadores, metas e planos de ação. Monitoramento das estratégias. Fonte: Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). PASSO 1 – Análise do ambiente Consiste em um estudo dos diversos fatores do ambiente e as relações entre eles ao longo do tempo, bem como seus efeitos sobre sua empresa. PASSO 2 – Análise externa (oportunidades e ameaças) Para facilitar essa tarefa, uma ferramenta muito utilizada é a análise SWOT, que trata-se de uma matriz que facilita a visualização de quatro caracterís- ticas da sua empresa. Conforme quadro a seguir, basta substituir o que você identificar como for- ças e fraquezas, oportunidades e ameaças, e a matriz estará pronta. Fonte: Apostila Gestão Empresarial e Financeira. ENS: 2022. OPERAÇÕES DE SEGUROS 14 UNIDADE 1 Exemplo de oportunidade: Programas governamentais destinados a incrementar o setor para o qual a empresa está voltada. Exemplos de ameaça: Novos entrantes no mercado. Exemplo de força: Alta qualificação do pessoal técnico. Exemplo de fraqueza: Ausência de investimentos em TI. PASSO 3 – Definição da estratégia Com base no que foi identificado na matriz SWOT, defina: ■ Quais pontos fortes da empresa podem ser usados para maximi- zar as oportunidades identificadas? ■ Que ações você pode fazer para diminuir ou eliminar as fraque- zas e minimizar o efeito das ameaças? Na maioria das empresas, a estratégia é expressa em alguns conceitos, como missão, visão e valores. PASSO 4 – Definição do modelo de negócio Compreende várias definições, tais como: produtos a serem comercia- lizados, local de instalação das suas unidades, definição de mercados, clientes-alvo e escolha de parceiros. PASSO 5 – Definição de objetivos estratégicos Depois de definir o que se é (missão), para onde vai (visão), como vai atin- gir os objetivos (valores) e o seu modelo de negócios, por fim, pode-se desdobrar a estratégia em objetivos estratégicos. Exemplo de objetivo estratégico: Manter as despesas administrativas em 10%. PASSO 6 – Indicadores de desempenho Um indicador de desempenho é qualquer medida identificada como característica dos produtos, serviços ou processos, ou operações utiliza- das pela empresa para avaliar e melhorar o desempenho e acompanhar o progresso. OPERAÇÕES DE SEGUROS 15 UNIDADE 1 Exemplo de objetivo estratégico: Taxa de novos clientes = quantidade de clientes/período pesquisado. PASSO 7 – Planos de ação Os planos de ação constituem a descrição das etapas a serem seguidas para alcançar os objetivos estabelecidos no planejamento empresarial. Exemplos de planos de ação: ■ Plano estratégico – objetivos da organização; ■ Plano tático – objetivos e metas das unidades; ■ Plano operacional – definição das atividades e dos recursos necessários. PASSO 8 – Monitoramento das estratégias Finalizado o planejamento, é importante definir o que será utilizado no con- trole de sua operação. Exemplos de controles de resultados: ■ Relatórios; ■ Sistemas de gestão. — Planejamento Empresarial – Exemplo de modelo simplificado Para elaborar um planejamento simplificado, o mais importante é definir muito bem quais são os seus objetivos. A seguir, apresentamos um roteiro de procedimentos divididos em 3 passos. PASSO 1 – Descrição de um planejamento estratégico simplificado Corretor de seguros: José da Silva Onde? Atuação exclusiva com Seguro Residencial na Região Metropolitana doRio de Janeiro. OPERAÇÕES DE SEGUROS 16 UNIDADE 1 O quê? ■ Comercialização on-line de seguros; ■ Escritório de pequeno porte; ■ Parceria com 5 seguradoras; ■ 40 apólices/mês; ■ Prêmio média/unitário R$300,00. PASSO 2 – Descrição de um planejamento tático simplificado Como? Será realizado investimento em marketing digital e em redes sociais para captação de leads, que devem movimentar os negócios da corretora. Será criado um portal na WEB para que os clientes preencham os seus dados em formulários intuitivos, que devem fornecer dados suficientes para análise do perfil de cada cliente, elaboração de orçamentos, geração de propostas e emissão de apólices. O portal WEB também disponibilizará ferramentas de sinistro e cobrança. PASSO 3 – Descrição de um planejamento operacional simplificado Quem? ■ Técnico(a) operacional (elaboração de cálculos, propostas e emis- são de apólices); ■ Técnico(a) administrativo (contas a pagar, tributos, comissões e insumos); ■ Corretor de seguros (captação e atuação comercial). Agora que você conhece algumas formas de se planejar, já pode começar! É importante ressaltar que os exemplos aqui apresentados servirão ape- nas como base para a elaboração de seus planejamentos, de modo que não devem ser considerados “receitas de sucesso” de operações existen- tes no mercado. O QUE SÃO OPERAÇÕES OPERAÇÕES DE SEGUROS 17 UNIDADE 1 Denominamos como operações o conjunto de atividades inter-relacionadas envolvidas na produção de bens e serviços. Um sistema de operações tem alguns elementos constituintes fundamentais, sendo eles: ■ insumos; ■ processo de criação ou transformação; ■ produtos ou serviços obtidos; ■ controles de garantia dos níveis de resultados. Os insumos são os recursos a serem transformados em produtos ou servi- ços, como as matérias-primas, para produzir bens e a necessidade de solu- ções para produzir serviços. A partir daí, dentro das empresas, utilizam-se a mão de obra, as máquinas e os equipamentos, as instalações, além dos conhecimentos técnicos dos processos para produzir bens e do trabalho intelectual para produzir serviços. Comparativamente, afirmamos que as atividades de serviços como a de seguros são mais intensivas na mão de obra, enquanto as atividades indus- triais são mais intensivas em máquinas e equipamentos, mas ambas depen- dem do apoio de metodologias e de processamento de informações. A FUNÇÃO OPERAÇÕES Do ponto de vista de uma seguradora, podemos, de uma forma simplifica- da, associar uma operação de seguro a uma contratação. Os produtos de seguro dão origem às operações de seguro: quando um corretor, a partir da identificação das necessidades de um cliente, indica a contratação de um produto de seguro ofertado por uma companhia, cabe à sua área de operações efetuar a configuração adequada do seguro a partir das defini- ções e das regras daquele produto. O fechamento do negócio é marcado pela apresentação da proposta de seguro pelo cliente e por seu aceite pela companhia, resultando na assinatura do contrato de seguro. Toda companhia possui uma área de operações, ainda que receba um outro nome ou denominação. A área de operações de uma seguradora é aquela responsável pela gestão das operações de seguro, abrangendo todos os processos diretamente envolvidos em sua realização. Ela com- preende todas as ações desenvolvidas para que os produtos e os serviços demandados pelos clientes sejam produzidos, gerenciando seus recursos de modo que sua utilização seja a mais eficiente possível. Um exemplo que ilustra esse processo produtivo em seguros é o caso de 18 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS uma contratação de seguro. A formalização do contrato de seguro entre a seguradora e o cliente, com a interveniência do corretor de seguros, ocorre com a emissão da apólice do seguro pela seguradora e a sua entrega às partes interessadas. Para que isso ocorra, muitas ações precisam ser desen- volvidas tais como: identificação das necessidades do cliente e do melhor plano de seguro (feito pelo corretor de seguros), cotação do seguro, con- tratação do seguro, geração da apólice e seu envio às partes interessadas. ATIVIDADES ENVOLVIDAS NA CONTRATAÇÃO DE UM SEGURO ENVIA ÀS PARTES A ARTES GERA A APÓLICE A CE IDENTIFICA NECESSIDADES FICA SIDADES DEFINE O PLANO IDEAL B C A NE O O IDEAL FAZ A COTAÇÃO CONTRATA O SEGURO Neste processo, foram utilizados insumos de diferentes fontes, destacan- do-se as informações providas pelo cliente, pelo corretor, pelos inspetores de risco e por entidades externas que contribuem para que se tenha uma avaliação mais precisa do risco. Alguns insumos materiais também foram necessários para a impressão de documentos e sua entrega física às par- tes interessadas no seguro. ESTRUTURA DAS SEGURADORAS No mercado, há seguradoras com diferentes estruturas organizacionais e tamanhos. Há seguradoras que comercializam diferentes produtos e utilizam CNPJs para diferentes ramos como, por exemplo, CNPJ para pro- duto de Saúde, CNPJ para produtos de Previdência, CNPJ para Ramos Elementares etc. Em termos organizacionais, as seguradoras podem estruturar suas áreas de operações de diferentes maneiras. A escolha reflete fatores específicos de cada companhia, a saber: visão estratégica, produtos comercializados, 19 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS volume das operações de seguro e as próprias diretrizes para a organiza- ção das áreas funcionais. Por esse motivo, a área de operações pode ser organizada como uma dire- toria em uma seguradora, enquanto em outra pode ser estruturada como uma superintendência ou uma vice-presidência, por exemplo. É importante observarmos que a área de operações de uma companhia também desenvolve atividades que não chegam a resultar em operações de seguro, do ponto de vista do negócio. Para melhor compreensão, con- sidere os seguintes exemplos: ■ Um pedido de cotação de seguro é recebido pelo responsável pela subscrição de riscos de um produto de seguro em uma segu- radora. Após a análise, ele decide pelo declínio (recusa) do pedido. ■ Uma cotação de seguro é elaborada pela seguradora e apresenta- da ao cliente, que opta pela não contratação do seguro com aque- la companhia. ■ Uma proposta de seguro, a partir de uma cotação efetuada pela seguradora, é apresentada pelo cliente à companhia. É feita uma nova análise do perfil do cliente e do risco associado, e a segura- dora decide pela recusa da proposta. Em todos esses exemplos, podemos observar que houve um esforço da companhia com vistas ao fechamento de negócios, embora não tenham sido originadas operações de seguro. PROCESSOS E OPERAÇÕES Podemos definir um processo como qualquer atividade ou grupo de ativi- dades que transforma um ou mais insumos em produtos para seus clientes. É importante lembrarmos que os clientes de um processo podem ser tanto externos quanto internos à companhia. Do ponto de vista organizacional, os processos tendem a ser agrupados em operações. Uma operação é um grupo de recursos executando o todo ou a parte de um ou mais processos, os quais podem ser ligados para formar uma cadeia de suprimentos, que é uma série inter-relacionada de processos, dentro de uma empresa e por meio das diferentes empresas Saiba mais A expressão “cadeia de suprimentos” (supply chain), com origem na indústria de produtos físicos, é utilizada também no setor de serviços para designar, de forma semelhante, a própria cadeia de fornecimento. 20 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS que produzem um serviço ou produto para satisfação dos clientes. PROCESSOS E OPERAÇÕES SEGURADORA BIRÔ DE INFORMAÇÕESCORRETOR CLIENTE P j P 1 P 2 P 3 P 4 P 5 CADEIA DE SUPRIMENTO Produz bem ou serviço para um cliente OPERAÇÕESPROCESSO P i CADEIA DE VALOR O conceito de cadeia de valor tem como base a visão de processos de uma organização.Nessa abordagem, podemos perceber uma companhia como um sistema composto por subsistemas, cada um com três proces- sos principais – entrada, processamento e saída. Porter (1998) afirma que o processo de criação de valor é uma série de atividades distintas que incluem o projeto, a produção, o marketing, a entrega do produto ou ser- viço e o atendimento pós-venda. Essas atividades possuem implicações tanto de custo quanto de valor. A cadeia de valor é composta pelas atividades de valor e pela margem. De acordo com Porter (1998), as atividades de valor são os blocos básicos utilizados por uma empresa para produzir valor a seus consumidores. A margem é a diferença entre o valor total e os custos totais incorridos pela 21 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS empresa na execução das atividades de valor. A figura abaixo apresenta uma representação da cadeia de valor, na visão de Porter. CADEIA DE VALOR GENÉRICA LOGÍSTICA DE ENTRADA LOGÍSTICA DE SAÍDA COMPRAS MARKETING & VENDAS OPERAÇÕES SERVIÇOS TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS INFRAESTRUTURA DA COMPANHIA M A R G E M M A R G E M ATIVIDADES DE SUPORTE ATIVIDADES PRIMÁRIAS As atividades da cadeia de valor podem ser classificadas em dois grandes grupos – as atividades primárias e as atividades de suporte. As atividades primárias são aquelas diretamente relacionadas com a cria- ção e a entrega dos produtos e serviços aos clientes. Em uma seguradora, temos como exemplos as atividades relacionadas para a cotação do seguro, a contratação e a emissão e o serviço de atendimento ao cliente. As atividades de suporte são aquelas que aumentam a efetividade da pro- dução, embora não estejam diretamente envolvidas no processo produtivo. Como exemplo de atividades desse tipo, podemos considerar aquelas relacionadas com tecnologia da informação, recursos humanos, aquisição dos bens e serviços necessários e infraestrutura de instalações prediais (PORTER, 1998). Todo produto de seguro de uma companhia possui uma cadeia de valor associada. Nós podemos distinguir, por exemplo, as cadeias de valor dos produtos seguro auto, seguro residencial e seguro de responsabilidade civil profissional. Podemos utilizar a abordagem de cadeia de valor com o objetivo de iden- tificar as oportunidades que o ambiente produtivo de uma seguradora oferece para a obtenção de uma vantagem competitiva, analisando as atividades relevantes para a prestação de seus serviços e entendendo o comportamento de seus custos e seu potencial de diferenciação. Cada uma das suas atividades pode contribuir para um posicionamento da companhia em termos de custos ou criar a base para diferenciação. Uma seguradora pode obter vantagem competitiva executando as atividades 22 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS de sua cadeia de valor a um custo menor que o de seus concorrentes ou executando-as de maneira peculiar, que a diferencie da concorrência. Para facilitarmos a compreensão da aplicação do conceito de cadeia de valor às seguradoras, utilizaremos a arquitetura de referência de proces- sos em seguradoras. De acordo com essa proposta, os processos de uma seguradora podem ser classificados em três grupos, conforme apre- sentado abaixo: Processos de suporte Processos primários Processos de gestão e de controle DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGURO COTAÇÃO DE SEGUROS CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DE PROPOSTA SUBSCRIÇÃO DE RISCOS EMISSÃO DA APÓLICE COBRANÇA DE PRÊMIOS ENDOSSOS AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS ATENDIMENTO AO CLIENTE ADMINISTRAÇÃO DE VENDAS E MARKETING ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS ADMINISTRAÇÃO DE PROVISÕES TÉCNICAS ADMINISTRAÇÃO DE RESSEGURO ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO ADMINISTRAÇÃO DO CONTENCIOSO E DO CONSULTIVO ADMINISTRAÇÃO DE INVESTIMENTOS GESTÃO DE COSSEGURO CONTABILIDADE TESOURARIA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO GESTÃO DE CLIENTES CONTROLES INTERNOS INFORMAÇÕES GERENCIAIS Os processos primários, referidos na arquitetura, são voltados para o cliente final – aquele que é o foco da prestação dos serviços das segu- radoras. Conceitualmente, eles possuem uma correspondência com as atividades primárias do modelo da cadeia de valor proposto por Porter, enquanto os demais processos apresentados na arquitetura – referidos como processos de suporte e processos de gestão e controle – corres- ponderiam às atividades de suporte no modelo. 23 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS A figura abaixo apresenta uma representação da cadeia de valor gené- rica de seguradoras. Relacionando os conceitos, podemos observar que o custo decorrente das atividades de suporte e das atividades primárias corresponde à soma das despesas comerciais e administrativas, cujo valor acrescido dos sinistros, no mercado de seguros, forma o cálculo do índice combinado das seguradoras. CADEIA DE VALOR GENÉRICA DE SEGURADORAS PROCESSOS DE SUPORTE PROCESSOS DE GESTÃO E CONTROLE DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS COTAÇÃO DE SEGUROS CONTRATAÇÃO E EMISSÃO ACEITAÇÃO DE COSSEGURO ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS ATENDIMENTO AO CLIENTE ENDOSSOS M ARGEM M AR GE M ATIVIDADES DE SUPORTE ATIVIDADES PRIMÁRIAS CADEIA DE SUPRIMENTOS Deslocando o foco da nossa atenção para o ambiente em que uma segurado- ra atua, podemos observar que ela depende de interações com fornecedo- res, clientes e parceiros de negócio para obter os insumos de que necessita para a prestação de seus serviços. Com essa perspectiva, percebemos que existe uma rede formada pelas atividades realizadas por fornecedores de insumos e por parceiros de negócios, as quais em conjunto com as atividades desenvolvidas dentro da companhia possibilitam a prestação dos serviços 24 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS ao cliente final. Essa rede, formada por clientes, parceiros e fornecedores de insumos, compõe a cadeia de suprimentos da seguradora. A LÓGICA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA SEGURADORA ATIVIDADES DE FORNECEDORES E PARCEIROS ATIVIDADES INTERNAS DA COMPANHIA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO CLIENTE FINAL PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AO ATIVIDADES DE FORNECEDORES ATIVIDADES INTERNAS DA CLIENTES PARCEIROS FORNECEDORES PROCESSOS INTERNOS SEGURADORA CLIENTES PARCE FORNECEDORES SSOS NOS ORA CADEIA DEC UPRIMENTOSSSU EGURADORAASE São exemplos de possíveis participantes da cadeia de suprimentos de seguradoras: ■ Banco: destacam-se os serviços de pagamentos e recebimentos para seus clientes. ■ Birô de informações: empresa responsável pelo fornecimento de informações sobre pessoas, empresas e transações de negócio. As informações são utilizadas como base para a tomada de deci- sões em vários dos processos das seguradoras – como na subscri- ção de riscos e na regulação de sinistros, por exemplo. ■ Central de serviços 24 horas: empresas que proveem serviços como guincho de veículos, assistência funerária e chaveiro, por exemplo. ■ Correios: possuem participação importante para o fluxo de documentos. ■ Corretores de seguros: pessoas ou empresas autorizadas pela 25 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS Superintendência de Seguros Privados (Susep) a comercializar os produtos das seguradoras. ■ Estipulante: pessoa física ou jurídica que contrata seguro por con- ta de terceiros (pode também assumir a condição de beneficiário, dependendo do tipo de seguro). ■ Gráfica variável: gera cartas-recusa de propostas de seguro, comunicação de inadimplência, negativa de indenização de sinis- tro, apólices etc. ■ Inspetor de risco: profissional que avalia e informa as condições dos riscos a serem assumidos pelas seguradoras. ■ Perito: profissional especializado em assunto, setor ou área. É comum sua atuação na avaliação de documentos, objetos e situações para emissão de parecer que subsidia a decisão da área de regulação de sinistros.■ Sindicante: especialista em seguros que atua efetuando e levan- tando informações, obtendo provas, por meios lícitos, sobre even- tuais irregularidades presentes em relatos de situações e em documentos componentes de processos de sinistro, bem como fornecendo subsídios para a tomada de decisão da área de regu- lação de sinistros. ■ Vistoriador: em seguros de auto, por exemplo, é o profissional que efetua a vistoria de veículos na parte mecânica, interna e externa, tira decalque de chassi e de motor, a fim de identificar eventuais pontos de adulteração, e encaminha as informações para subsidiar a decisão da seguradora quanto à subscrição do risco. De forma semelhante ao que observamos no caso da cadeia de valor, tam- bém podemos distinguir as cadeias de suprimentos de cada produto de seguro que uma companhia oferece ao mercado. É clara a distinção, por exemplo, entre as cadeias de suprimentos do seguro auto e do seguro residencial: uma seguradora pode ter diferentes cadeias de suprimentos, tantas quantas forem os produtos fornecidos. SISTEMA DE VALOR A abordagem da cadeia de valor pode ser utilizada no suporte à análise do ambiente interno de uma seguradora, possibilitando a avaliação de sua competitividade. Por outro lado, a abordagem da cadeia de suprimentos pode ser utilizada na análise dessa companhia no contexto dado, pelo seu relacionamento com os vários fornecedores, parceiros e clientes para a prestação de seus servi- ços. Podemos buscar o entendimento desse relacionamento efetuando a 26 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS análise desde o primeiro elemento da cadeia – o primeiro fornecedor – até o cliente final, que é o último elemento na cadeia. Ampliando ainda mais o olhar para esse ecossistema em que as seguradoras atuam, podemos utilizar o conceito de “sistema de valores” de Porter (1998), que compreende uma corrente de diversas cadeias de valores internas aos participantes de uma cadeia de suprimentos. A eventual terceirização de atividades pelas seguradoras amplia o concei- to de cadeia de valor. Nessa visão, podemos dizer que a cadeia de valor estendida para um produto de seguro de uma companhia é composta por suas atividades e pelas atividades de seus prestadores de serviço dire- tamente utilizadas na prestação de seus serviços ao cliente final. Como exemplo, consideremos as atividades relacionadas à regulação de sinis- tros de um produto de seguro em uma seguradora que utiliza parceiros externos para realizar algumas dessas atividades: ■ Os registros das comunicações de sinistro são feitos por uma cen- tral de atendimento terceirizada, que opera em regime de tempo integral (24 horas, 7 dias por semana). Os documentos físicos para regulação de sinistros são recebidos por uma central de serviços terceirizada, que classifica os documentos e digitaliza suas imagens, compondo processos eletrônicos de sinistro, que são dispo- nibilizados aos analistas para a regulação. ■ A seguradora aciona sindicantes de uma empresa parceira para averiguação de situações em que identifica indícios de potenciais fraudes. Com as possibilidades trazidas pela terceirização de atividades produtivas, podemos estender o modelo de cadeia de valor proposto por Porter, incor- porando as cadeias de valor de seus parceiros, fornecedores e clientes, para compor um sistema de valor. A cadeia de suprimentos, dessa forma, pode ser vista como a integração das cadeias de valor da companhia, de Saiba mais Há uma tendência de que os processos sejam transformados, sendo absorvidos, parcial ou integralmente, por soluções digitais. 27 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS seus parceiros, de seus fornecedores e de seus clientes. Para ilustrar esse conceito, utilizamos a figura abaixo para representação de um sistema de valores para o produto seguro-residencial de uma seguradora. REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE VALOR PARA UM POSSÍVEL PRODUTO SEGURO RESIDENCIAL BIRÔ DE INFORMAÇÕES CORRETOR CLIENTE VISTORIADOR SINDICANTE CENTRAL DE SERVIÇO 24H CENTRAL DE ATENDIMENTO PERITO CENTRAL DE SERVIÇOS COMPARTILHADOS PROCESSOS DE SUPORTE PROCESSOS DE GESTÃO E CONTROLE DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS COTAÇÃO DE SEGUROS CONTRATAÇÃO E EMISSÃO ACEITAÇÃO DE COSSEGURO ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS ATENDIMENTO AO CLIENTE ENDOSSOS M ARGEM M AR GE M Conforme podemos observar, essa visão da integração das cadeias de valor de uma companhia sob a forma de composição de um sistema de valor aproxima os conceitos de cadeia de suprimentos e de cadeia de valor. INDICADORES DE DESEMPENHO DE OPERAÇÕES A gestão de operações é feita com base em indicadores de desempenho. Toda atividade desenvolvida deve ter alguma forma de medida de desem- penho como um pré-requisito para sua melhoria. Como ponto de partida para lidarmos com os indicadores de desempenho, 28 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS consideraremos os cinco objetivos de desempenho apresentados por Slack, Chambers e Johnston (2007): — Qualidade Está relacionada diretamente com a prestação de serviços livre de erros. Isso significa entregar produtos que atendam às expectativas dos clientes. Veja alguns exemplos de indicadores: ■ Percentual de indenizações negadas que foram objeto de recursos dos segurados ou beneficiários. ■ Nível de satisfação dos clientes quanto às funcionalidades do aplica- tivo no celular. ■ Nível de satisfação dos clientes nos processos de regulação de sinistro. ■ Nível de satisfação dos clientes atendidos pela central de atendimento. ■ Nível de satisfação dos corretores com o processo de pagamento de comissões. — Rapidez Consiste na minimização do tempo entre o pedido do cliente e a efetiva prestação do serviço demandado. Isso pode ser percebido nos exemplos abaixo: ■ Tempo para a realização de uma cotação. ■ Tempo para contratação do seguro, a partir do recebimento da proposta. ■ Tempo para análise da documentação de sinistro e fornecimento de feedback ao cliente. ■ Expectativa de prazo do cliente para obter uma cotação ou no tempo decorrido desde um chamado ao serviço de assistência e o início da prestação do serviço demandado. — Dependência Está relacionada à prestação do serviço no momento acordado com o cliente. Por exemplo, a apresentação da cotação de um seguro para uma planta industrial em três dias, conforme compromisso assumido em suas peças promocionais. É possível usar alguns indicadores como os listados a seguir: ■ Percentual de apólices emitidas após o prazo comprometido com os clientes. 29 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS ■ Tempo médio para cotação de seguros. ■ Tempo médio da regulação de sinistros. ■ Estoque médio de sinistros em regulação. ■ Estoque médio de propostas pendentes de aceitação. — Flexibilidade Diz respeito à capacidade de ajustar as atividades operacionais para lidar com situações não esperadas ou para dar aos clientes tratamento individual. Isso pode implicar mudanças no que é feito, como é feito ou quando é feito. Por exemplo, a capacidade de atender às demandas trazidas pelo início da distribuição de um produto de seguro por meio de uma rede varejista. ■ Tempo necessário para início da operação de um novo produto de seguro. ■ Tempo necessário para agregação de um novo parceiro ao processo produtivo: vistoriador, perito, sindicante etc. ■ Tempo necessário para responder a eventos catastróficos, no caso de regulação de sinistros como no caso de enchentes, por exemplo. ■ Capacidade de absorção de picos de produção de seguros mas- sificados como no caso de campanhas de vendas, por exemplo. ■ Capacidade de adaptação para conformidade com regras novas ou alteradas pela Susep. — Custo Refere-se à entrega dos serviços a um custo que possibilita os produtos da companhia terem preços competitivos no mercado e, ao mesmo tempo, uma margem que dêum retorno adequado. ■ Produtividade por analista de subscrição. ■ Produtividade por analista de regulação de sinistro. ■ Utilização dos recursos orçamentários. ■ Custo médio por seguro contratado. ■ Custo médio por sinistro regulado. 30 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS ESTABELECIMENTO DE METAS Para utilizarmos efetivamente um sistema de indicadores-chave no suporte à gestão é necessário que façamos comparações com as metas definidas. Dessa forma, por exemplo, no caso de uma seguradora, pode- mos avaliar a efetividade das atividades da área de operações que resul- tam em um tempo médio para regulação de sinistros igual a 11,6 dias, quando compararmos com a meta definida de um prazo máximo de 10 dias. Podemos efetuar a definição das metas de desempenho utilizando diferentes abordagens adequadas às situações com que nos deparamos nas companhias: — Desempenho histórico Neste caso, as metas são definidas a partir de valores observados como médias, mínimos e máximos. Consideremos, como exemplo, a meta de fechamento mínimo de 25% dos seguros empresariais cotados. — Objetivos estratégicos As metas são definidas para que sejam atingidos os objetivos definidos no planejamento estratégico. Consideremos, como exemplo, a meta de início das operações de novos produtos de seguro de vida em, no máximo, sete dias após a apresentação das respectivas definições de produto. — Objetivos concorrenciais São metas definidas para que a companhia apresente desempenho igual ou superior ao apresentado por concorrentes diretos ou por empresas que são consideradas referência em desempenho. Por exemplo, apresentar rentabilidade superior a uma corretora concorrente. — Metas absolutas São metas definidas com base em limites teoricamente máximos de desempenho. É o caso, por exemplo, de definirmos como meta a entrega ao cliente da apólice do seguro contratado em até dois dias úteis a partir do recebimento da proposta na companhia. 31 UNIDADE 1 OPERAÇÕES DE SEGUROS DESEMPENHO HISTÓRICO A partir de valores observados CO dos ABORDAGENS PARA DEFINIR METAS DE DESEMPENHO OBJETIVOS CONCORRENCIAIS Desempenho igual ou superior ao de concorrentes e de empresas e referência METAS ABSOLUTAS a partir de limites (teoricamente) máximos de desempenho OBJETIVOS ESTRATÉGICOS para atingir objetivos do planejamento estratégico BENCHMARKING Podemos também balizar o desempenho da área de operações da nossa companhia a partir do desempenho de alguma seguradora que conside- remos referência, ou benchmarking, ainda que não a consideremos como concorrente direta. É interessante observarmos que podemos utilizar tam- bém exemplos de outras indústrias como referência (ou inspiração) para balizamento dos serviços prestados aos nossos clientes. É o caso, por exemplo, da utilização da Abordagem Disney para Qualidade de Serviços. No caso da indústria de seguros, o benchmarking é baseado na constatação de que, na essência, as atividades primárias que devem ser desenvolvidas pelas seguradoras são semelhantes, uma vez que atuam com o mesmo foco de negócio e estão sujeitas às mesmas disposições regulatórias. Logo, é possível que alguns dos desafios que enfrentamos na gestão das operações em nossas companhias já tenham sido endereçados naquela seguradora ou ainda que ela possa ter desenvolvido uma maneira comparativamente melhor que a nossa para realizar uma ou mais atividades específicas. Saiba mais A expressão benchmarking significa buscar referências no mercado em relação a processos, produtos, práticas, serviços, estratégias e a outros aspectos que levem a um maior nível de desempenho por quem realiza a pesquisa. É uma prática bastante comum em empresas de diversos setores. 32 FIXANDO CONCEITOS OPERAÇÕES DE SEGUROS FIXANDO CONCEITOS 1 Marque a alternativa correta: 1. A Seguradora Imaginária S.A. possui uma grande quantidade de clientes na cidade em que está sediada. José Luiz é um corretor de seguros atuante na mesma cidade. Ele realiza muitas cotações e emite muitas propostas por meio do site da Seguradora Imaginária S.A. Com base nos conceitos de cadeia de valor de uma seguradora, é correto afirmar que: (a) A emissão de propostas é um processo primário. (b) O atendimento ao cliente é um processo de gestão e controle. (c) Os processos de suporte são voltados para o cliente final. (d) A tecnologia da informação faz parte dos processos primários. (e) A cotação de seguros é um processo de gestão e controle. Marque a alternativa correta: 2. A Seguradora ABC S.A. resolveu avaliar o tempo necessário para se adequar às regras definidas em novas circulares da Susep. É correto afir- mar que esse indicador de desempenho está relacionado ao item: (a) Rapidez. (b) Dependência. (c) Flexibilidade. (d) Qualidade. (e) Custo. Consulte o gabarito clicando aqui OPERAÇÕES DE SEGUROS 33 UNIDADE 202 PROCESSO PRIMÁRIO nas SEGURADORAS ■ Entender os processos primários realizados nas seguradoras, compreendendo as características do produto de um seguro e como elas se complementam. Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ⊲ DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGUROS ⊲ COTAÇÃO DE SEGUROS ⊲ CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DA PROPOSTA ⊲ SUBSCRIÇÃO DE RISCOS ⊲ EMISSÃO DA APÓLICE ⊲ ENDOSSO ⊲ COBRANÇA DO PRÊMIO ⊲ ATENDIMENTO A CLIENTES ⊲ AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS ⊲ FIXANDO CONCEITOS 2 TÓPICOS DESTA UNIDADE 34 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS Neste capítulo, daremos ênfase nos processos primários de seguradoras, citados anteriormente, que são os processos com que corretores de seguros têm maior interface. DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DE PRODUTOS DE SEGUROS O objetivo deste processo é a definição e a manutenção das característi- cas técnicas, financeiras, comerciais e operacionais do produto de seguro. ■ Características dos produtos de seguro Conforme ilustrado na figura, as características de um produto de seguro compreendem subconjuntos que podemos classificar em características técnicas, financeiras, comerciais e operacionais. CARACTERÍSTICAS DE UM PRODUTO DE SEGURO CARACTERÍSTICAS T ÉC N IC AS FINAN C EIR A S C O M ERCIAISO PE RA C IO N A IS 35 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS a) As características técnicas compreendem: ■ as definições de tipos de coberturas básicas e acessórias; ■ os limites mínimos e máximos das coberturas; ■ as taxas associadas às coberturas e utilizadas para cálculo dos res- pectivos valores de prêmio; ■ os percentuais de franquia e os valores mínimos de participação do segurado, no caso de sinistro; ■ as condições contratuais; ■ os tipos de assistência; ■ os elementos necessários à caracterização do risco objeto do seguro; ■ o formato técnico para a estruturação de sua oferta (apólices abertas e fechadas); ■ os prazos mínimo e máximo para a contratação dos seguros; ■ os tipos de alteração (endossos) que podem ser efetuados no con- trato de seguro; ■ os tipos de documento necessários, nos casos de sinistro; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista da técnica de seguro. b) As características financeiras envolvem: ■ as definições relacionadas com as possíveis formas de pagamento de prêmio; ■ as alternativas para fracionamento dos prêmios; ■ os percentuais aplicáveis aos casos de fracionamento dos prêmios; ■ os impostos incidentes sobre as operações de seguro; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista financeiro. c) As características comerciais abrangem: ■ as definições relacionadas aos possíveis canais de distribuição; ■ os percentuais mínimo e máximo para remuneração dos corretores; ■ os percentuais mínimo e máximo para remuneração dos estipulantes; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista comercial. d) As características operacionais contemplam: ■ as definições relacionadas com os formulários(físicos e eletrônicos) utilizados para as trocas de dados e informações com os diferentes intervenientes; ■ os prazos máximos que devem ser observados em cada etapa do processo produtivo do seguro; ■ as regras que devem ser observadas do ponto de vista da operação. 36 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS Sob a perspectiva da seguradora e para a organização de suas ativida- des, um produto de seguro pode ser descrito por um conjunto de caracte- rísticas, as definições e as regras, que possibilitam a configuração de um produto de seguro para um cliente específico, fornecendo-lhe a cobertura desejada para o risco caracterizado. Esse processo de desenvolvimento e manutenção de produtos de seguro compreende: ■ geração de ideias; ■ definição de coberturas e taxas; ■ elaboração das notas técnicas e sua submissão à Superintendência de Seguros Privados (Susep), previamente ao início da comercialização dos produtos a que se referem; ■ acompanhamento do desempenho dos produtos e os ajustes neces- sários ao seu aprimoramento; ■ definição das estratégias de distribuição, divulgação e comunicação. As atividades que compõem o processo de desenvolvimento e manuten- ção de um produto de seguro podem estar distribuídas por vários compo- nentes organizacionais de uma seguradora. A utilização da abordagem de gestão de projetos, tanto na criação quanto na manutenção de produtos, é um recurso valioso para lidarmos com os desafios decorrentes do rela- cionamento com os vários intervenientes internos e externos à seguradora em que estivermos atuando. Do ponto de vista do relacionamento da seguradora com a Susep, os prin- cipais fluxos de informação estão relacionados com a submissão, direta- mente pela companhia interessada, do pedido formal de autorização para comercialização do produto ou plano ao órgão regulador e de sua mani- festação. A Susep desenvolveu o sistema Registro Eletrônico de Produtos, que suporta essas trocas de informação. COTAÇÃO DE SEGUROS A cotação de um seguro é conduzida com a intermediação de um corre- tor de seguros. As interações entre a parte interessada no seguro, o corretor e a companhia envolvem trocas de informação que compõem uma sequência que pode ser mais ou menos extensa, dependendo das características do risco, das coberturas pretendidas e das condições para subscrição. Saiba mais Em Setembro de 2020 entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais ( LGPD). Esta Lei (13709/2018) dispõe sobre o tratamento de dados pessoais por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural. Entre várias as definições, princípios, bases legais e sanções administrativas que trata a Lei, ela regulamenta as práticas de coleta e tratamento de dados do titular. Isso implica ajustes também por parte das seguradoras quanto a coleta e manutenção das informações pessoais dos clientes. 37 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS O produto final desse processo é uma oferta de seguro – uma estimativa do valor do prêmio que o interessado deve pagar à seguradora para que ela aceite o risco associado a um determinado objeto, dentro das condi- ções especificadas pela companhia – apresentada pelo corretor à parte interessada. É importante observamos que, embora a cotação de seguro seja o resultado desejado, a seguradora também pode declinar do pedi- do de cotação apresentado. Podemos observar diversas atividades desenvolvidas para que a oferta de seguro – ou cotação – seja efetuada: ■ Avaliação dos riscos para as coberturas de seguro pretendidas pelo interessado no seguro. ■ Identificação de oportunidades de negócio, efetuadas pelos cor- retores de seguro. ■ Eventual negociação com resseguradores. ■ Definição das condições para subscrição dos riscos. ■ Definição do preço para subscrição do risco nas condições definidas. ■ Apresentação formal da oferta de seguro (cotação) ou a comunica- ção de declínio do pedido recebido. A cotação de seguro deve conter os elementos mínimos que caracte- rizam a operação pretendida, as coberturas e os respectivos valores, as condições para subscrição e o produto de seguro ofertado – o que inclui o identificador do seu registro junto à Susep. As práticas observa- das pelos corretores e companhias geralmente resultam na produção de documentos representativos das cotações. Esses documentos estabele- cem as bases para a eventual contratação do seguro. CONTRATAÇÃO E EMISSÃO DA PROPOSTA Trata-se de um processo conduzido com a intermediação do corretor, que compreende: ■ a formalização, pelo interessado, da intenção da realização de um seguro sob a forma de uma proposta de contratação de seguro; ■ o encaminhamento, pelo corretor, da proposta originada à seguradora; ■ o recebimento e a análise da proposta pela seguradora, à luz da regulamentação em vigor e das suas regras corporativas para subscrição de riscos; 38 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS ■ a decisão pela aceitação ou pela recusa da proposta recebida; ■ a emissão da apólice ou do certificado correspondente (no caso da decisão pela aceitação) ou a emissão da carta-recusa (no caso da decisão pela recusa da proposta). A contratação tem início com a apresentação, pela parte interessada e em conjunto com o corretor, de sua proposta à companhia. A proposta de contratação é um documento que atende aos requisitos formais, definidos pela Susep. Ela é apresentada pelo corretor de seguros à companhia, que registra a proposta em seus sistemas. A partir daí, a companhia possui um prazo máximo 15 dias para declinar da proposta recebida. A não manifestação nesse prazo corresponde à acei- tação tácita da operação proposta, passando a produzir efeitos para todas as partes envolvidas no seguro. Caso decida pela recusa da proposta, a companhia deve comunicar, formal- mente, sua decisão ao corretor e ao proponente. No caso de aceite da propos- ta, a efetivação da operação é materializada sob a forma de um documento – apólice ou certificado –,encaminhado ao proponente e, facultativamente, ao corretor que intermediou a operação. Como exceção, observamos a existên- cia do uso da proposta certificada – um documento que possui características tanto de proposta quanto de certificado, dispensando a companhia do envio de outro documento quando do aceite da proposta de contratação do seguro. Seguradora emite apólice ou certificado para o aceite ou carta-recusa em caso de negação da proposta mite apólice para o aceite a em caso de roposta A seguradora decide se aceita ou recusa a proposta a decide recusa a O cliente, por meio de corretor, formaliza interesse pela contratação do seguro nte, por meiont retor, formaliza sse pela tação do o O corretor encaminha proposta à seguradora r encaminha à seguradora Seguradora analisa a proposta, considerando riscos e regulamentação 39 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS SUBSCRIÇÃO DE RISCOS É o processo de análise de risco cuja cobertura é proposta para a segu- radora, resultando em aceitação ou rejeição da transferência desse risco. São atividades desse processo: ■ Decidir quais riscos são aceitáveis. ■ Determinar qual o prêmio será cobrado. ■ Decidir quais os termos e as condições do contrato de seguro. ■ Monitorar cada uma dessas decisões. A subscrição é o coração das operações de uma companhia de seguros. Tudo mais que um segurador faz – comercialização, coleta de prêmios, emissão e endosso de apólices, fornecimento de serviço de inspeção de riscos, investigação de reclamações, pagamentos de perdas cobertas, investimentos de capitais excedentes – é relacionado ou é consequência das decisões da subscrição. A orientação do corretor de seguros no preenchimento da proposta tam- béminfluenciará na subscrição de riscos. EMISSÃO DA APÓLICE Após a tomada de decisão na subscrição, sobre a aceitação da transferên- cia de risco, é comunicado ao corretor que deverá informar ao segurado sobre a aceitação da proposta. Posteriormente ao processo de subscrição, será emitida a apólice de seguros. Em algumas seguradoras, o proces- so de subscrição e emissão da apólice acontecem na mesma área e em outras podem acontecer em áreas diferentes. ENDOSSO As alterações nos contratos de seguro são realizadas por meio de propostas apresentadas pelos clientes às companhias e com a intermediação do res- pectivo corretor de seguro. Essas propostas, denominadas de pedidos de endosso, são documentos formais, bastante semelhantes às propostas para contratação abordadas anteriormente. Elas seguem trâmites similares inter- namente às companhias, resultando também em manifestações formais: 40 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS ■ No caso de declinar do pedido de endosso, a companhia emite a comunicação formal da recusa, encaminhando-a ao corretor e ao proponente. ■ No caso de aceitar o pedido de endosso, a companhia emite um documento que formaliza a alteração – denominado de endosso, encaminhando-o ao proponente e, facultativamente, ao corretor da operação. COBRANÇA DO PRÊMIO Tal processo compreende todas as atividades relacionadas com a cobrança e a devolução dos prêmios vinculados às operações de seguro e outras providências relacionadas com a sua vigência, abrangendo: ■ o agendamento das parcelas de prêmio; ■ a realização da cobrança das parcelas e a baixa dos pagamentos; ■ o tratamento das inadimplências; ■ as devoluções de prêmios; ■ as providências iniciais relacionadas com a renovação do seguro, ao término de sua vigência. Durante o ciclo de vida das operações de seguro ocorrem trocas de infor- mação entre os diferentes intervenientes, dentre as quais destacamos a comunicação de inadimplência enviada pela seguradora ao cliente e ao cor- retor de seguro da operação. Essa comunicação é materializada como um documento formal e representa um procedimento prévio ao cancelamento do seguro por falta de pagamento, caso a condição persista. A notificação está diretamente relacionada às condições previstas no contrato de seguro. ATENDIMENTO A CLIENTES O atendimento a clientes compreende as atividades de administração dos contatos com os clientes e beneficiários de seguros e a solução das ques- tões por eles apresentadas. O contato pode ser feito por diferentes canais – telefone, aplicativos instalados no celular, e-mail, correio ou outro meio que possibilite a comunicação entre os clientes e beneficiários e a companhia. 41 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS AVISO, REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS As ocorrências de eventos previstos nas operações de seguro podem resultar em pagamentos de indenização por parte das companhias aos clientes ou beneficiários. O processo de aviso, regulação e liquidação de sinistros compreende as atividades do registro inicial das comunicações de sinistro, a análise de eventos e das perdas notificadas à luz dos res- pectivos contratos de seguro, a avaliação das perdas, a determinação dos valores para indenização, a investigação de possíveis indícios de fraude, a liquidação das indenizações e a recuperação de perdas. Podemos resumir esse processo na figura abaixo. Liquida indenização e recupera perdas Investiga indícios de fraudes Seguradora faz o registro inicial das comunicações de sinistro Analisa eventos e perdas com base no contrato Define valor da indenização Para a regulação do sinistro, o reclamante deve fornecer todos os docu- mentos e as informações ambos previstos nas condições do seguro con- tratado. Na hipótese de insuficiência ou necessidade de informações com- plementares, a seguradora pode apresentar demandas sob a forma de exigências, as quais devem ser atendidas pelo interessado. As comunicações de sinistro podem ser feitas diretamente pelo cliente ou beneficiário ou, alternativamente, pelo corretor interveniente na contrata- ção do seguro. O corretor, agindo como representante do segurado, pode atuar administrativamente junto à companhia, apresentando os documen- tos necessários à regulação, fornecendo informações e documentos, no caso de exigências, e recorrendo administrativamente junto à companhia, no caso de discordância quanto aos valores indenizados ou quanto às decisões de indeferimento. 42 UNIDADE 2 OPERAÇÕES DE SEGUROS Ao final do processo de regulação de um sinistro, a decisão pelo indefe- rimento de um pedido de indenização, pelo seu acolhimento parcial ou integral, deve ser comunicada ao reclamante e ao corretor da operação. O controle e a comprovação de entrega dos documentos pelo reclamante, da apresentação das eventuais exigências de informações complementa- res pela seguradora e do atendimento dessas exigências pelos interessa- dos são requisitos essenciais para a gestão deste processo, uma vez que existem prazos máximos para a regulação e a liquidação de sinistros sem o pagamento da correção dos valores indenizados pelas companhias. A emissão das apólices de seguros (ou dos bilhetes, certificados de segu- ros) e endossos de todos os tipos foi muito simplificada com o advento da tecnologia. Hoje, quase que todos os processos são eletrônicos, não havendo mais necessidade de tramitação de papéis, carimbos de entra- da e controles. 43 FIXANDO CONCEITOS OPERAÇÕES DE SEGUROS FIXANDO CONCEITOS 2 Marque a alternativa correta 1. A Seguradora XPTO S.A., na criação do seu novo Seguro para Equipa- mentos, definiu que as cotações só poderão ser realizadas por meio de formulário eletrônico específico (via internet). Na criação de produtos de seguros, as características que dizem respeito à utilização de formulários são consideradas: (a) Características técnicas. (b) Características operacionais. (c) Características financeiras. (d) Características comerciais. (e) Características estratégicas. Marque a alternativa correta 2. A Seguradora 123 S.A. definiu que o reclamante de um sinistro deve- rá fornecer todos os documentos e as informações previstos nas con- dições do seguro contratado. Podemos afirmar que esse procedimento faz parte da fase do processo de sinistro denominada: (a) Regulação. (b) Inspeção. (c) Liquidação. (d) Aviso. (e) Apuração. Consulte o gabarito clicando aqui OPERAÇÕES DE SEGUROS 44 UNIDADE 3 OPERAÇÕES nas 03 CORRETORAS de SEGUROS ■ Conhecer o procedimento de cadastro e início das operações de seguro, entendendo como os negócios de seguros chegam às seguradoras ou operadoras; Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: ■ Compreender quais são os parâmetros para escolher as seguradoras com que trabalhar, considerando situações práticas do ramo de seguros. ⊲ OPERAÇÕES NO ÂMBITO DAS CORRETORAS DE SEGUROS ⊲ PRIMEIROS PASSOS ⊲ PROCESSOS CRÍTICOS NA OPERAÇÃO DE UMA CORRETORA DE SEGURO ⊲ FIXANDO CONCEITOS 3 TÓPICOS DESTA UNIDADE OPERAÇÕES DE SEGUROS 45 UNIDADE 3 Uma corretora de seguros é uma empresa de serviços. As empresas de serviços são bastante diferentes das empresas que pro- cessam bens, por muitos motivos, mas têm em comum a necessidade de planejamento gerencial e operacional, alocação de recursos, organização e controle da produção, neste caso, dos negócios que são captados com os clientes e são subscritos pelas seguradoras. Uma das principais características dos serviços é a intangibilidade. As cor- retoras de seguros procuram compensar com evidências físicas, demons- trando tangibilidade nos serviços tais como agilidade no atendimento, roti- nas programadas e até automatizadas, além de esforços de pós-vendas para atendimento aos clientes em suas demandas do dia a dia em relação aos seguros já contratados e outros. Cada uma das áreas internas de uma corretora de segurostem funções distintas, mas dependendo do porte da corretora de seguros, todas elas podem ser executadas apenas pelo corretor, o qual tendo sucesso, mais cedo ou mais tarde, necessitará de outras pessoas para assumir algumas tarefas, a fim de que sua empresa possa angariar mais clientes e, conse- quentemente, crescer. OPERAÇÕES NO ÂMBITO DAS CORRETORAS DE SEGUROS A operação de uma corretora de seguros é relativamente simples em ter- mos de quantidade e complexidade de processos, mas isso não significa que não seja trabalhosa. Dividiremos a operação em três etapas: 46 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS ■ Entrada: Os insumos são as necessidades de transferência de riscos dos clientes, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. Essas necessidades se tornam oportunidades para as corretoras de seguros transformá-las em seguros, títulos de capitalização, planos de previdência privada ou planos de saúde. ■ Processamento: Para processar essas demandas dos clientes, as corretoras de seguros têm de contar com a parceria das segura- doras, obtendo cotações de seguros a partir da submissão dessas ofertas às seguradoras e, posteriormente, retornando aos segura- dos, a fim de receberem autorização para proceder à contratação do seguro. Internamente, nas corretoras de seguros, a operação depende de pessoas trabalhando nas áreas comercial, administrati- va e técnica para processar informações, diretamente, ligadas à pro- dução de seguros e outras necessárias à organização do trabalho. ■ Saída: É a concretização dos negócios. Oportunidades de transferência de riscos dos clientes Comercial Administrativa Técnica ENTRADA PROCESSAMENTO Negócios SAÍDA Vamos focar nas operações centrais de uma corretora de seguros, sinaliza- das na etapa de processamento, na figura anterior. A área comercial da corretora de seguros tem, geralmente, funções, den- tre as quais: ■ Captar clientes. ■ Entender as necessidades de transferência de riscos dos clientes. ■ Dirimir as eventuais dúvidas dos clientes. ■ Apresentar aos clientes as propostas de seguro e colher assinatura. ■ Prestar informações necessárias às seguradoras para o processo de subscrição de riscos, fazendo contato com o cliente sempre que necessário. ■ Realizar o atendimento dos clientes, informando como proceder em caso de sinistros. 47 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS A área técnica da corretora de seguros possui funções tais como: ■ Realizar cotações de seguros, planos de previdência e planos de saúde dos clientes. ■ Concretizar as propostas de seguros, dando entrada nas segura- doras para emissão das apólices e contratos. ■ Conferir as apólices de seguros. ■ Dirimir eventuais dúvidas técnicas ou operacionais dos clientes. ■ Apoiar as ações da área comercial. ■ Manter atualizada a agenda de renovações dos seguros dos clientes. A área administrativa da corretora de seguros contém, dentre outras, as seguintes funções: ■ Acompanhar o recebimento e o repasse de prêmios quando eles não são diretamente cobrados pelas seguradoras. ■ Acompanhar o crédito de comissões e os relatórios de produção das seguradoras. ■ Informar ao contador o movimento de receitas e despesas. ■ Processar as contas a pagar. ■ Pagar tributos. ■ Consolidar extratos bancários. ■ Cuidar das rotinas trabalhistas e de pessoal. ■ Cuidar dos cadastros na SUSEP e nas Seguradoras e Operadoras. ■ Realizar compras de materiais necessários para o dia a dia. Todas essas funções são realizadas pelos corretores de seguros pessoas físicas quase sempre sem auxílio de terceiros, porque não têm funcionários. Obviamente, o tempo gasto com funções administrativas é muito grande e faz com que o corretor de seguros tenha de se empenhar intensamente para, ao mesmo tempo, trazer produção de seguros e processá-la internamente. Os negócios chegam às seguradoras ou operadoras de saúde suplemen- tar a partir dos corretores de seguros, mas os primeiros passos para os recém-habilitados não são simples e podem exigir o cumprimento de uma certa burocracia. 48 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS PRIMEIROS PASSOS — Cadastro na Susep Após a obtenção do certificado da Escola de Negócios e Seguros, é neces- sário solicitar o cadastro de corretor Pessoa Física na SUSEP, conforme consta na Circular nº 510/2015. O processo pode ser feito diretamente no site da SUSEP, onde é possível consultar o Manual de Registro de Corretor. Nele, você encontrará um passo a passo para se cadastrar. No caso de cadastro de corretor Pessoa Jurídica, é importante observar que a complexidade do cadastro aumenta pela necessidade de infor- mações pessoais dos sócios (se for o caso) e da empresa corretora de seguros. No Portal, basta seguir o passo a passo indicado e fornecer os documentos eletrônicos relativos à empresa (CNPJ, Contrato Social, Alvará, informações sobre os sócios, registro do corretor pessoa física responsá- vel, entre outros). A SUSEP realizará a análise do requerimento e poderá ainda fazer algumas exigências para completar as informações, mas, em não havendo pendên- cias, será concedido o registro para o exercício da atividade de corretagem de seguros. O registro de corretor de seguros será comprovado por meio de certidão extraída do Portal da Susep na Internet. — Pessoa Física ou Pessoa Jurídica? Há uma decisão importante a ser tomada pelos novos corretores de segu- ros: operar como pessoa física ou como pessoa jurídica? Essa decisão definirá, em geral, qual é o porte que o corretor de seguros quer ter cujos prós e contras listaremos a seguir: Saiba mais O Manual de Registro de Corretor está disponível em: https://bit.ly/3jpJ7fm https://bit.ly/3jpJ7fm 49 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS OPÇÕES DISPONÍVEIS PRÓS Simplicidade Menor tempo para começar a operar Baixo custo operacional PESSOA JURÍDICA PESSOA FÍSICA CONTRAS Obstáculos para crescer Informalidade Alta carga tributária Complexidade de consolidação PRÓS Estrutura empresarial Menores obstáculos para crescer Carga tributária menor CONTRAS Custos operacionais Tempo maior para começar a operar Um dos fatores importantes que o corretor de seguros deve levar em conta para decidir se atuará como pessoa física ou jurídica é o quanto ele paga de imposto de renda hoje e quanto ele poderá vir a pagar. Por exemplo, se o corretor pessoa física trabalha com mais de uma seguradora, ele deve, ao final de cada mês, fazer o somatório das comissões recebidas para, com base nas tabelas do IRPF, saber quanto deverá pagar. Isso pode ser uma outra complicação, já que o corretor pode ter outras fontes de renda, caso em que todos os rendimentos devem ser acumulados. Os corretores que atuam como autônomos, pessoa física, deverão fazer o recolhimento com base na tabela de um empregado de qualquer outra empresa. O valor da alíquota até a data da publicação desta apostila varia de 7,5% a 27,5%. Mas, como regra geral, o imposto de renda devido na fon- te sobre rendimentos de pessoas físicas está sujeito à tabela progressiva e deve ser retido pela fonte pagadora por ocasião do pagamento do rendi- mento. No caso do corretor de seguros, a fonte pagadora é a seguradora, ou seja, sempre que a companhia pagar comissão ao corretor, ela fará o desconto do imposto de renda. Se essa comissão for paga mais de uma vez ao mês, o imposto incidirá a cada pagamento caso ele esteja na faixa incidente do imposto. O problema é que se, como foi dito, o corretor vier a trabalhar com várias seguradoras, deverá fazer contas ao final do mês e ainda poderá incorrer 50 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS em pagar o Carnê-Leão para complementar o devido valor por conta do enquadramento em alíquota superior, quando acumula o que recebeu de comissões de cada seguradora e o que foi retido na fonte. Mais que isso, ainda terá de prestar atenção no ajuste anual. Como pessoa jurídica, o novocorretor de seguros pode fazer a opção pelo Simples Nacional, em uma tabela com alíquotas muito interessantes e progressivas, bem menores do que as da pessoa física, com recolhimento unificado dos impostos federais, estaduais e municipais (ISS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL, IPI, ICMS e ISS), além da contribuição patronal previdenciária. A decisão por constituir uma empresa implica algumas providências impor- tantes a tomar. O atual Código Civil brasileiro trouxe significativas alterações na consagra- da classificação existente entre atividades mercantis (indústria ou comér- cio) e atividades civis (as chamadas prestadoras de serviços). Na verdade, passou-se a definir o que é um autônomo e o que é um empresário, e seguindo essa classificação, podem existir corretores de seguros autôno- mos (anteriormente conhecidos como pessoa física) e corretores de segu- ros empresários, organizados sob a forma de sociedade limitada, simples ou empresária. As corretoras de seguros seguem a mesma legislação que as demais empresas, no que tange à sua constituição, sendo recomendável que se contratem os serviços de um escritório de contabilidade para auxiliar o empresário a providenciar os documentos necessários. Vale ressaltar que há variações entre o que é requisitado por estados e municípios em rela- ção aos documentos, mas de forma geral, pode-se estabelecer a necessi- dade de: ■ Consulta prévia à prefeitura do município. ■ Consulta do nome comercial (geralmente são solicitadas três opções). Consulta do nome ao INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial – quando for o caso; Pesquisa do nome do titular e sócios junto à SRF Secretaria da Receita Federal; Certidões negativas dos sócios perante a SEF Secretaria de Estado da Fazenda; 51 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS ■ Elaboração da declaração de empresário. Encaminhamento da declaração de empresário à Junta Comercial do Estado para registro; Solicitação da inscrição no CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; Solicitação do alvará de licença para localização junto à prefeitura do município; e Cadastramento da empresa junto à SUSEP. Não são tarefas simples e mesmo com a assessoria de escritórios de con- tabilidade, não se consegue providenciar todos os papéis em menos de 45 ou 60 dias e há, evidentemente, custos envolvidos. Saiba mais O detalhamento da legislação pertinente e das exigências legais relativas especifica- mente às corretoras de seguros pode ser conferida no Portal da Susep na Internet. A legislação básica aplicável é a seguinte: ■ Lei 4.594/1964 – https://bit.ly/2IYRgWP. ■ Decreto-Lei 73/1966 – https://bit.ly/2GAKAji. ■ Resolução CNSP 249/2012 – https://bit.ly/3uFUAh8. ■ Circular SUSEP 510/2015 – https://bit.ly/3sIgMp7. — Nome Empresarial e Alvará Para a corretora operar, será necessário o alvará de licença e funcionamen- to, obtido em órgão da prefeitura. Cabe ressaltar que cada cidade tem sua exigência. Portanto, verifique os critérios de concessão e os custos desse alvará junto à prefeitura da cidade onde a empresa será instalada. https://bit.ly/2IYRgWP https://bit.ly/2GAKAji https://bit.ly/3uFUAh8 https://bit.ly/3sIgMp7 52 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS É importante destacar que a Circular SUSEP nº 510/2015 estabelece a obrigatoriedade das expressões “corretor de seguros” ou “corretora de seguros” no nome da empresa. Deverá ser consultado também o nome comercial (por exemplo: registro.br, INPI, junta comercial etc.). Há ainda uma série de restrições legais que deve ser observada quanto a quem pode ou não atuar como corretor de seguros. — EIRELI × LTDA × S.A Atualmente, a maioria das corretoras de seguros é empresa limitada (Ltda.), ou seja, tem pelo menos mais de um sócio no contrato social. Corretoras do tipo sociedade anônima (S.A.) são empresas maiores, cujo capital é dividido por ações e a estrutura organizacional é composta por assembleia, conselho de administração, conselho fiscal e diretoria. Essas empresas podem ser de capital aberto ou fechado. Desde 2011, o corretor de seguros pode abrir uma empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), que é uma empresa constituída por uma única pessoa na totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a cem vezes o maior salário-mínimo vigente no país. Há uma vantagem da EIRELI em relação à Ltda., pois há limitação da res- ponsabilidade do empresário, havendo a separação entre os bens da empresa e os bens pessoais de seu titular. Com isso, os bens pessoais do empresário não serão necessários para assegurar qualquer débito contraí- do pela gestão da empresa. A EIRELI é uma solução para o dilema que os empresários enfrentavam: a busca por sócios “de favor” ou “de papel”, que constavam do contrato social somente para utilização dos benefícios das sociedades limitadas. — Contrato Social e CNPJ O contrato social é uma necessidade, é o ato de constituição de uma empresa. É necessário, por exemplo, para abertura de conta corrente nos bancos, cadastramento nas Seguradoras, além de ser um dos documentos exigidos pela SUSEP para obtenção do registro de corretor PJ. O contrato social deve conter os dados do negócio, como nome da empresa, modelo de constituição (se é EIRELI ou Ltda.), dados dos sócios, endereço da corretora etc. O modelo de contrato social de uma corretora de seguros também deve atender aos dispostos da Circular nº 510/2015 da SUSEP, como indicação do responsável técnico pela corretora, que é o corretor devidamen- te habilitado. 53 UNIDADE 3 OPERAÇÕES DE SEGUROS Existem modelos de contrato social de corretoras no mercado que podem variar por tipo de natureza jurídica. Normalmente, os escritórios de contabi- lidade têm esses modelos. No entanto, pelo fato de o contrato social ser de natureza jurídica, consultar um advogado para obter esclarecimentos é o ideal. Após os trâmites de registro do contrato social na junta comercial, será pos- sível obter, junto à Receita Federal, o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Importante Regime de Tributação: Lucro Real × Lucro Presumido × Simples Hoje, a menor alíquota de impostos é praticada pela tabela do Simples Nacional. Porém, nem todos conseguem se enquadrar nessa categoria devido a questões como a par- ticipação em outras empresas. Esse é um aspecto sobre o qual vale a pena entrar em detalhes com seu contador para as devidas orientações quanto às obrigações fiscais. — Cadastro nas Seguradoras e Operadoras de Saúde O cadastro nas seguradoras e operadoras não é complicado, mas em geral exige atenção, porque há um conjunto de informações exatamente igual para várias delas e, praticamente, assemelha-se às informações já presta- das à Susep, à exceção dos dados bancários e de outros formulários espe- cíficos que devem ser preenchidos de forma eletrônica ou manual. O perío- do de análise e aprovação do cadastro pode demorar entre 1 e 15 dias. O mais importante é receber os códigos específicos e as senhas de acesso aos portais eletrônicos, onde são disponibilizadas as informações sobre os produtos e onde se pode conseguir cotação para a grande maioria deles, além de arquivos padronizados para movimentação de grupos segurados. Também é no portal das seguradoras e operadoras que as informações da produção são registradas e poderão ser acompanhadas assim como a emissão de apólices e certificados, o pagamento das comissões e também as eventuais pendências do dia a dia. Como escolher com que seguradoras ou operadoras trabalhar? As seguradoras (e as operadoras de saúde suplementar) querem ter corre- tores de seguros distribuindo os seus produtos, mas no momento em que aceitam os cadastros, isso significa que alocarão o atendimento comer- Nota A ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar – não reconhece os corretores de seguros como intermediários por ela habilitados para a comercialização
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