Buscar

TCC_Maria_Germana

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ 
 
 
 
MARIA GERMANA GOMES DE 
OLIVEIRA BALDIN 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA VITAMINA D EM PESSOAS SAUDÁVEIS: HISTÓRIA, 
DIRETRIZES ATUAIS E CONTRADIÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2019
 
 
 
 
MARIA GERMANA GOMES DE 
OLIVEIRA BALDIN 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA VITAMINA D EM PESSOAS SAUDÁVEIS: HISTÓRIA, 
DIRETRIZES ATUAIS E CONTRADIÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
curso de Nutrição da Universidade Federal do 
Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de 
Bacharel em Nutrição. 
 
Orientador: Prof. Dr. Paulo Poli 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2019
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente agradeço a Deus pela vida, por permitir que tudo 
acontecesse em seu tempo, que me deu saúde, força e determinação para superar 
as dificuldades. 
Gostaria de dedicar este trabalho à minha mãe, Maristela Gomes de Oliveira 
Baldin, mulher virtuosa na qual sempre me espelho. Obrigada por todas as palavras 
de carinho e incentivo e principalmente por sua paciência e amor. 
Ao meu pai, Robson Baldin, pelo incentivo e apoio incondicional. 
Aos meus irmãos, Victor, Maria Renata (in memorian), Maria Fábia e Maria 
Manoela, que sempre estiveram ao meu lado. 
Ao Professor Doutor Paulo Poli, por acreditar na minha capacidade como 
estudante, por sua orientação, apoio e confiança dedicados à elaboração deste 
trabalho. 
Meus agradecimentos aos amigos Ana Paula e Jessie, companheiras de 
trabalhos e de vida, ao Tiago, Pedro e Gustavo, que fizeram parte da minha 
formação e que com certeza continuarão presentes em minha vida. 
Meu sincero agradecimento à Universidade Federal do Paraná, aos 
professores que fazem parte do corpo docente e a coordenação do curso de 
nutrição, que direta ou indiretamente foram importantes para a minha formação 
como nutricionista, que me trouxeram conhecimento não só científico, mas que 
também contribuíram para a formação de caráter e princípios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conte-me e eu esqueço 
Mostre-me e eu apenas lembro 
 Envolva-me e eu compreendo 
Confúcio 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho é um projeto de pesquisa que se propõe a identificar, 
analisar e comparar as diretrizes brasileiras e estrangeiras de 
rastreamento da vitamina D (Recomendações da Sociedade Brasileira de 
Endocrinologia e Metabologia – SBEM e United States Preventive 
Services Task Force, respectivamente). Nos últimos anos houve um 
enorme crescimento nas solicitações do teste em pessoas aparentemente 
saudáveis e assintomáticas, sem fatores de risco. O objetivo do estudo é 
identificar a origem desse movimento e compreender seus porquês, de 
maneira a revisar as principais diretrizes quanto às recomendações para 
o rastreamento. Para isso serão utilizadas informações de publicações 
leigas (não científicas) e científicas sobre a vitamina D. Do mesmo modo, 
foi realizada uma revisão sobre o conceito de rastreamento para avaliar 
se a solicitação desse exame nessas populações se enquadra nas teorias 
que embasam essa ação. A metodologia da pesquisa é essencialmente 
uma abordagem qualitativa por meio de uma análise de conteúdo de 
fontes secundárias. 
Palavras-chave: Vitamina D. Diretrizes de rastreamento de vitamina D. 
Colecalciferol. Diagnóstico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present work is a research project that aims to identify, analyze and 
compare the Brazilian and foreign guidelines for vitamin D screening 
(Recommendations of the Brazilian Society of Endocrinology and 
Metabology and United States Preventive Services Task Force, 
respectively). Over the last years there has been a huge growth in 
requests for this test in apparently healthy and asymptomatic people with 
no risk factors. The focus of the study is to identify the beginning of this 
movement and to understand its reasons, in order to review the main 
guidelines regarding the recommendations for the screening. In order to 
do so, we will use information from lay (non-scientific) and scientific 
publications on vitamin D. Likewise, a review will be made about the 
concept of screening to assess whether the request for the exam about 
vitamin D level in these populations fits the theories underlying this action . 
The research methodology will be essentially a qualitative approach based 
on a content analysis of these secondary sources. 
 
Key-words: Vitamin D. Guidelines for the screening of vitamin D. 
Cholecalciferol. Diagnosis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
TABELA 1: FONTES ALIMENTARES DE VITAMINA D POR PORÇÃO ..................12 
TABELA 2: RECURSOS MATERIAIS .......................................................................23 
TABELA 3: CRONOGRAMA DE TRABALHO ...........................................................23 
TABELA 4 – ARTIGOS CIENTÍFICOS ANALISADOS, AUTORES, DATA DE 
PUBLICAÇÃO E PARECERES ..........................................................................25 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1 – MOLÉCULAS QUÍMICAS DE VITAMINA D ..........................................13 
 
25 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 
1.1 CONTEXTO E PROBLEMA .............................................................................11 
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................15 
1.3 OBJETIVOS .....................................................................................................15 
1.3.1 Objetivo Geral ...............................................................................................15 
1.3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................15 
1.4 JUSTIFICATIVA ...............................................................................................15 
2 REVISÃO TEÓRICO-EMPÍRICA .......................................................................17 
3 METODOLOGIA ....................................................................................................22 
3.1 RECURSOS MATERIAIS ................................................................................23 
3.2 CRONOGRAMA DE PESQUISA .....................................................................23 
4 DESENVOLVIMENTO .......................................................................................24 
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................34 
6 REFERÊNCIAS..................................................................................................35 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 CONTEXTO E PROBLEMA 
 
O termo vitamina, de acordo com Mansur (2009, p. 1), refere-se ao grupo de 
compostos orgânicos distribuídos nos reinos vegetal e animal. As vitaminas são 
consideradas essenciais, visto que, o organismo por si só não é capaz de sintetizá-
las, desta maneira elas devem ser provenientes da alimentação. 
As vitaminas podem ser classificadas em lipossolúveis (não possuem 
afinidade com a água, mas são solúveis em compostos lipídicos) e hidrossolúveis 
(solúveis em água). No grupo de vitaminas lipossolúveis encontra-se a vitamina D 
(MANSUR, 2009), que é o objeto deste presente trabalho. Embora seja denominada 
uma vitamina, esta se comporta como pré-hormônio que juntamente com o PTH 
(paratormônio)1 regula o metabolismo ósseo e os níveis de cálcio, de maneira que a 
absorção de cálcio a nível intestinal é aumentada principalmente por ativar e 
modular a síntese do PTH. 
Entre as fontes alimentares do nutriente estão os peixes gordurosos como o 
salmão, atum, cavala,óleo de fígado de bacalhau ou pela síntese através da pele, 
de forma endógena, pela irradiação dos raios UVB que são fragmentados e originam 
o pró-colecalciferol (intermediário da vitamina D). Este é a principal fonte de vitamina 
para a maioria dos seres humanos e é sintetizado através da luz solar. Depois disso, 
esse intermediário sofre uma série de reações químicas que irão transformá-lo no 
colecalciferol propriamente dito (MAEDA et al., 2014). 
Assim, Holick (2007) demonstra que o excesso de exposição ao sol não 
causa intoxicação pela vitamina. Apesar disso, sabe-se que a vitamina lipossolúvel 
pode permanecer armazenada no organismo. Além do comprimento de onda da 
irradiação dos raios solares e o tempo de exposição ao sol, Castro (2011, p. 568) 
afirma que: “Uma outra variável que está envolvida nessa etapa inicial de ativação 
da vitamina D é a quantidade de melanina na pele do indivíduo”. Portanto, as 
 
1 O paratormônio é uma proteína de 8500 D de peso molecular 4. Constituída por cadeia simples de 
Constituída por cadeia simples de polipeptídeo com 84 aminoácidos. Age diretamente nas células dos 
túbulos renais inibindo a reabsorção de fosfatos e regulando a fosfatúria. Nos ossos age nos 
osteoclastos que, por ação enzimática, reabsorvem a matriz e solubilizam o cálcio (PROSPERO et 
al., 2008). 
 
12 
 
pessoas com a pele mais escura (pardos e negros) demandam um tempo maior 
para a síntese da vitamina devido à sua maior concentração de melanina na pele. 
Há duas formas em que a vitamina pode ser encontrada: como vitamina D2 
conhecida também de ergocalciferol; e como vitamina D3 conhecida de 
colecalciferol. O ergocalciferol pode ser encontrado em plantas e alimentos de 
origem vegetal (como os cogumelos tipo shitake e leveduras). A Tabela 1 revela as 
fontes alimentares de vitamina D por porção de 100g de alimento. De acordo com 
Holick (2007), ambos são usados para a suplementação e passíveis de venda, sem 
que seja necessário o indivíduo ir ao médico e realizar uma consulta para poder 
efetuar a compra do medicamento com a receita e o carimbo do médico. Contudo, 
nos Estados Unidos a forma disponível de prescrição é a vitamina D2. No Brasil 
acontece o mesmo. Não há necessidade de receita médica para a compra do 
suplemento e ele está disponível em sites de compra. O seu preço varia de R$13,00 
a R$100,00 reais por embalagem, com uma média de 60 cápsulas. 
 
TABELA 1: FONTES ALIMENTARES DE VITAMINA D POR PORÇÃO 
 
 
Alimento 
 
Conteúdo de vitamina D/100g 
Gema de ovo 40 UI 
*Cogumelos frescos 100 UI 
*Cogumelos secos ao sol 1.600 UI 
Óleo de fígado de bacalhau 400-1.000 UI 
Salmão selvagem 600-1.000 UI 
Salmão de criação 100-250 UI 
Sardinha em conserva 300 UI 
Atum em conserva 230 UI 
Cavala em conserva 250 UI 
 
LEGENDA: Fontes alimentares de Vitamina D (* fontes de vitamina D2l) 
FONTE: Adaptada de MAEDA ET. AL. (2014) 
 
Segundo Castro (2011, p. 569): “A molécula da vitamina D2 difere da D3 não 
só pela origem, mas por apresentar um carbono a mais (são 28 carbonos na sua 
estrutura), um grupo metil extra e uma dupla ligação entre os carbonos 22 e 23”, 
como apresenta a Figura 1. 
 Desde os anos 2000 houve um aumento das pesquisas que relacionam os 
benefícios da vitamina com a saúde. Muitas publicações foram feitas apontando os 
benefícios da vitamina D no organismo humano e suas propriedades. As pesquisas 
 
13 
 
com esse pré-hormônio têm sido crescentes por incluir sua interrelação com o 
cálcio, com os ossos e com o metabolismo do sistema imunológico. Os autores de 
tais publicações abordam sua associação e importância no tratamento de indivíduos 
portadores de agravos como artrite reumatóide, doença indiferenciada do tecido 
conjuntivo, esclerose múltipla, diabetes mellitus tipo 1, doenças inflamatórias 
cutâneas, lúpus, vertigem posicional paroxística benigna, infecções respiratórias 
agudas, osteoporose e outras relacionadas ao metabolismo do cálcio, além do 
câncer de mama e próstata. Algumas dessas publicações relatam não só o 
tratamento, mas também a função da vitamina como prevenção a esses agravos e 
na prevenção de fraturas ósseas (MARQUES et al., 2010; SWAMI et al., 2012; 
BRINGEL et al., 2014; MARTINEAU et al., 2018; SOUSA et al., 2017). 
 
FIGURA 1 – MOLÉCULAS QUÍMICAS DE VITAMINA D 
 
 
 
FONTE: CASTRO (2011) 
 
LEGENDA: (a) 5α-colestano, com a respectiva numeração dos carbonos e a denominação dos anéis 
do ciclo pentanoperidrofenantreno; 
(b) 7-deidrocolesterol; 
(c) colecalciferol (Vitamina D3 ); 
(d) ergosterol (Vitamina D2 ); 
(e) 25-hidroxivitamina D [25(OH)D ou calcidiol]; 
(f) 1α,25-diidroxivitamina D [1α,25(OH)2D ou calcitriol]. 
a: o 5-α-colestano é um dos esteroides utilizados como referência para numeração dos carbonos, 
segundo orientações da IUPAC (16); 
b: as estruturas apresentadas para a 25(OH)D e 1α,25(OH)2D são aquelas derivadas do 
colecalciferol. 
 
 
 
14 
 
Para a classificação da vitamina D no organismo é utilizado o marcador do 
metabólito mais abundante, o calcidiol (25(OH)D). Os métodos são baseados no 
padrão-ouro para a avaliação laboratorial (concentração sérica circulante), porém 
métodos imunométricos automatizados também podem ser utilizados (MAEDA et al, 
2014). Maeda et al (2014) elucidam que não há um consenso quanto a um valor 
limite estabelecido para definir-se a “suficiência de vitamina D”. De acordo com as 
Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), 
as recomendações de concentrações >30ng/mL são desejáveis e deverão ser as 
metas para as populações de maior risco (MAEDA et al., 2014). 
Em contrapartida, o screening (rastreamento) da vitamina em pessoas 
saudáveis tem aumentado no mundo, assim como o número de publicações que 
indicam tais benefícios da vitamina. Segundo os dados informados pelo Hospital de 
Clínicas, da Faculdade de Medicina de São Paulo, estima-se que no ano de 2012 o 
crescimento dessa solicitação no estado foi de 60% (LICHTENSTEIN et al., 2013). 
No entanto, existem poucos artigos que foram publicados a respeito das 
contraindicações de se realizar o rastreamento em pessoas 
saudáveis/assintomáticas. Portanto, o objetivo do presente estudo é descrever o 
processo de crescimento do interesse dos profissionais de saúde e dos meios de 
comunicação de massa em relação à vitamina D. E, também, identificar nesses 
discursos as indicações e contradições de um fenômeno que é recente e cercado de 
incertezas científicas. 
Em um dos estudos publicados por Lichtenstein et al. (2013), os autores 
afirmam que houve o aumento das solicitações de exames do ano de 2007 para 
2011 em um percentual de 700%. A quantidade de recursos financeiros envolvidos 
nas solicitações do exame da vitamina D e dos suplementos movimentam 
aproximadamente 4 bilhões de reais por ano no mundo e vem aumentando. De 
acordo com Brandão (2017), houve um grande aumento nas solicitações do exame 
entre os planos de saúde e isso se dá pela associação da deficiência da vitamina 
com diversas doenças. Em consonância Lefevre et al. (2018) afirma: 
 
A mensuração dos níveis de vitamina D e a suplementação oral de vitamina 
D tem se tornado comum na prática clínica. Em 2014, os níveis de vitamina 
D foi o quinto teste mais comum em laboratórios solicitados por médicos e 
pacientes, com um custo total de 323 milhões (LEFEVRE et al., 2018, 
p.254). 
 
 
15 
 
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA 
 
Como tem se dado esse fenômeno do maior interesse de profissionais da 
saúde e da população em geral quanto aos níveis de vitamina D e quais suas 
prováveis implicações para a saúde? 
 
1.3 OBJETIVOS 
 
1.3.1 Objetivo Geral 
 
O objetivo geral desta pesquisa se propõe a identificar os fatores científicos 
e não científicos associados ao crescimento do interesse dos profissionais da saúde 
e da população pela vitamina D. 
 
1.3.2 ObjetivosEspecíficos 
 
No intuito de alcançar tal objetivo geral o seguinte objetivo específico foi 
estipulado: 
(I) Revisar as evidências do rastreamento da vitamina D na população 
geral. 
 
1.4 JUSTIFICATIVA 
 
Como explicitado acima o número das solicitações de exames laboratoriais 
para a dosagem da vitamina D é crescente no mundo. Segundo os dados do 
Hospital de Clínicas, da Faculdade de Medicina de São Paulo, estima-se que de 
2007 a 2012 o crescimento dessas solicitações foi de 60% (LICHTENSTEIN et al., 
2013). 
Neste âmbito, o presente objeto de estudo partiu do interesse em avaliar o 
fenômeno de crescimento nas solicitações dos testes e suplementações de vitamina 
D em todo o mundo. Como em outros exames de rastreio, ou seja, a aplicação de 
 
16 
 
testes em pessoas saudáveis é importante conhecer os potenciais benefícios e 
malefícios. Diferentemente do senso comum de que a prevenção por meio de testes 
é sempre benéfica, ela está sujeita aos rigores das evidências científicas e aos erros 
de vieses como: precisão e validade, e erros laboratoriais e ao processo invasivo no 
qual o paciente se insere (retirada do sangue para a dosagem da vitamina D). 
Como estudante de nutrição, o interesse no assunto ocorreu após as aulas 
de Administração e Saúde Pública, em que uma das temáticas foi o excesso de 
rastreamentos e seus impactos no indivíduo e sociedade. Trata-se de um tema 
relevante dentro da universidade e que não amplamente abordado por pesquisas. 
Então se espera que o presente estudo possa contribuir com evidências científicas a 
respeito do real benefício da vitamina D e se o rastreamento tem sido de fato, feito 
em excesso. Espera-se também ser um objeto que possa abrir espaço e interesse 
para pesquisas futuras de outros pesquisadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Islandia
Islandia
 
17 
 
2 REVISÃO TEÓRICO-EMPÍRICA 
 
A deficiência de vitamina D tem sido associada a muitos fatores, tanto a 
processos fisiológicos e relacionados ao metabolismo do cálcio e do fósforo, assim 
como sua suplementação tem evidenciado a melhora de sintomas de doenças 
autoimunes como artrite reumatoide, lúpus, esclerose múltipla. Além disso, através 
da suplementação, é possível diminuir o risco de queda e lesão óssea, doença 
indiferenciada do tecido conjuntivo, esclerose múltipla, diabetes mellitus tipo 1, 
doenças inflamatórias cutâneas, vertigem posicional paroxística benigna, infecções 
respiratórias agudas, osteoporose e outras ligadas ao crescimento de tumores, 
como o câncer de mama e próstata. Esses benefícios têm sido descritos nas 
últimas publicações a respeito dessa vitamina, principalmente a partir dos anos 
2000, e podem ser consideradas como funções atípicas, pois as evidências de tais 
funções e seus mecanismos de ação não estão totalmente elucidadas (MARQUES 
et al., 2010; SWAMI et al., 2012; BRINGEL et al., 2014; SOUSA et al., 2017; LOSSA 
et al., 2018; MARTINEAU et al., 2018). 
 
Dita a atividade antiinflamatória, tem-se atraído a atenção a investigar seu 
papel na regulação e da progressão de enfermidade inflamatórias, 
demonstrando-se que tanto as atividades imunomoduladoras diretas e 
indiretas da molécula afetam as suas respostas imune inata e adaptativa 
(LOSSA et. al., 2018, p. 2). 
 
A partir da publicação desses estudos que relacionam a função da vitamina 
D com a cura e/ou prevenção de doenças, ocorreu concomitantemente o 
crescimento das solicitações desse exame em pessoas saudáveis. Para Dudenkov 
et. al. (2018) a deficiência de vitamina D está se tornando uma condição de saúde 
que pode ser associada à ocorrência de doenças e até ao aumento de taxas de 
mortalidade. Cercato (2018), endocrinologista e professora da Universidade de São 
Paulo (USP), aborda seu ponto de vista sobre o assunto, no que diz respeito a essa 
suposta “epidemia de hipovitaminose D”: 
 
[...] grande parte da alta prevalência de deficiência de vitamina D em 
populações saudáveis no mundo é artificial, criada por altos valores de corte 
no exame de 25(OH)D. O uso de tais valores de corte cria preocupação 
desnecessária e pode levar a uma reposição potencialmente irracional que 
não é isenta de risco de toxicidade, quando atingidos níveis de 25(OH)D 
muito elevados (CERCATO, C. 2018, não paginado). 
 
 
18 
 
Baixos níveis de vitamina D (falta de exposição ao sol e deficiência do 
consumo de alimentos fonte) podem resultar em raquitismo, uma condição de 
retardo de crescimento e deficiência no desenvolvimento esquelético em crianças, 
bem como a osteomalácia, que é a doença propriamente dita no adulto, além de 
osteoporose, fraqueza muscular e aumento no risco de fraturas (HOLICK, 2007). 
Bringel et. al. (2014) publicaram um artigo de revisão no qual são utilizados 
30 artigos, entre os anos de 2005 e 2014, tanto nacionais quanto internacionais, 
para analisar a suplementação de cálcio e vitamina D para a saúde óssea e 
prevenção de fraturas osteoporóticas. Como resultado conclui-se que a vitamina D e 
a combinação de cálcio são eficazes, pois reduzem a perda da densidade mineral 
óssea, e desta forma, também é capaz de reduzir o risco de quedas, que ocorre 
mais frequentemente em idosos com deficiências no metabolismo do cálcio. 
Entretanto, os autores ainda explicitam que: 
 
[...] não há consenso internacional sobre as recomendações para a ingestão 
de Ca. As recomendações nutricionais diárias de vitamina D são difíceis de 
estabelecer com exatidão, tendo em vista que é produzida endogenamente 
e depositada no tecido adiposo por longos períodos de tempo, desta forma 
suas necessidades podem depender, também, do consumo dietético de Ca 
e fósforo, idade, sexo, pigmentação da pele e exposição solar (BRINGEL et. 
al., 2014, p. 356). 
 
Atualmente é possível classificar, de acordo com as diretrizes brasileiras 
vigentes, os resultados das dosagens de vitamina D em três grupos, são eles: 
deficiência, insuficiência e nível adequado (MAEDA et. al., 2014). Estes se utilizam 
dos seguintes critérios: 
 
Maior do que 20 ng/mL é o desejável para população geral saudável; Entre 
30 e 60 ng/mL é o recomendado para grupos de risco como idosos, 
gestantes, pacientes com osteomalácia, raquitismos, osteoporose, 
hiperparatireoidismo secundário, doenças inflamatórias, doenças 
autoimunes e renal crônica e pré-bariátricos; Entre 10 e 20 ng/mL é 
considerado baixo com risco de aumentar remodelação óssea e, com isso, 
perda de massa óssea, além do risco de osteoporose e fraturas (SBEM, 
2017, não paginado). 
 
Da mesma forma, a Sociedade de Endocrinologia dos Estados Unidos 
também utiliza esses critérios que são um pouco diferentes: grau de suficiência em 
25(OH)D (50): deficiência: < 20 ng/mL; insuficiência: 21 – 29 ng/mL; suficiência: 
30 – 100 ng/mL (CASTRO, 2011, grifo nosso). 
Por outro lado, em um estudo transversal de caráter analítico e retrospectivo 
 
19 
 
publicado em 2018 na Revista Espanhola de Reumatologia, realizado com cem 
pacientes portadores de artrite reumatoide, na faixa etária entre 18 e 75 anos, 
avaliou o nível de vitamina D nesses pacientes. No estudo 55 pacientes 
apresentaram níveis aceitáveis (normais) e 45 deles foram diagnosticados com 
insuficiência da vitamina. Porém, não foram encontrados pacientes com deficiência 
da vitamina, de acordo com os critérios estabelecidos em 2010 (LOSSA et. al., 
2018). 
Quanto aos resultados obtidos, não foi encontrada correlação entre os níveis 
de vitamina D e a proteína C reativa, que é um marcador de atividade inflamatória. 
Então os autores afirmam que, dessa maneira, como não há associação entre esses 
fatores, a vitamina D não pode ser útil como um biomarcador da atividade 
inflamatória da artrite reumatoide. Além disso, enfatizam que não há relação da 
vitamina com as demais publicações que destacam essa propriedade da vitamina 
como um anti-inflamatório natural (LOSSA et. al., 2018). 
Em 2017 a RevistaBrasileira de Reumatologia publicou um estudo que fez 
uma revisão dos ensaios clínicos que utilizaram, em uma mesma população, a 
suplementação da vitamina em uma amostra e na outra (controle) foi utilizado 
placebo, para avaliar os efeitos clínicos da vitamina sobre o lúpus sistêmico, uma 
doença autoimune que ainda não possui suas causas conhecidas, portanto acredita-
se que é causada por uma combinação de fatores como a idade, gênero e genética 
(SOUSA et. al., 2017). 
Entre os quatro estudos analisados por Sousa et al. (2017), após a exclusão 
dos artigos que não se enquadraram nas categorias de estudo clínico randomizado 
(todos os artigos analisados foram enquadrados nessa categoria), três deles 
identificam uma melhora nos níveis dos marcadores inflamatórios dos pacientes, 
assim como melhoria dos sintomas e das principais complicações da doença. 
Somente um dos estudos não identificou tal melhoria relacionada à atividade da 
doença após a realização da suplementação com vitamina D. Sousa et al. (2017, p. 
467) evidenciam que: “ainda é necessário elucidar a atuação do nutriente na 
proteção contra esse distúrbio metabólico, bem como a padronização do tipo, dose e 
tempo de suplementação com vitamina D”. 
Entre as demais publicações a respeito dos benefícios da vitamina D, existe 
uma em especial realizada pelos autores Swami et. al. (2012), em que relacionam a 
 
20 
 
suplementação da mesma com o câncer de próstata. O estudo utiliza amostras de 
ratos de laboratório, que foram divididos em grupos para receber diferentes doses 
de suplementação da vitamina, para posterior observação da intervenção no 
desenvolvimento, crescimento e/ou diminuição de tumores. Como resultado avalia-
se que os ratos que receberam determinadas doses de injeções de vitamina D 
tiveram os tumores diminuídos em até uma semana após o início do tratamento. 
Ainda assim, os autores ressaltam que a suplementação não alterou de maneira 
significativa os níveis séricos de cálcio dos ratos (SWAMI et. al., 2012). 
De acordo com as Recomendações Brasileiras da Sociedade de 
Endocrinologia (2014), a mensuração da vitamina D para a população geral não é 
recomendada. Para aqueles que possuem situação de risco de deficiência ou que 
estejam em situação clínica agravante, o rastreamento é recomendado. Dessa 
forma, Maeda et al. (2014, p. 416) explicitam que: 
 
Os candidatos à mensuração seriam: pacientes com quadros de raquitismo 
ou osteomalácia, portadores de osteoporose, idosos com história de quedas 
e fraturas, obesos, grávidas e lactentes, pacientes com síndromes de má 
absorção, [...] insuficiência renal ou hepática, hiperparatiroidismo [...] 
(MAEDA et. al., 2014, p. 416). 
 
A Revista Informativa da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (2018) 
realizou uma entrevista que discute os níveis de vitamina D e seus respectivos 
intervalos de referência criados pela SBEM, elaborados por uma Comissão da 
Sociedade de Patologias ou de Endócrinos, onde um dos diretores de ensino afirma: 
“Criamos duas faixas, uma para a população adulta sem comorbidades e outra para 
idosos, gestantes e situações clínicas específicas” (VITAMINA D em foco, 2018, 
p.10). No entanto, a mesma revista apresenta que é uma indicação de patologistas 
clínicos que essa solicitação não seja realizada como um método de triagem de 
hipovitaminose na população em geral, mas sim um exame que deve ser solicitado 
com cautela. 
Segundo Castro (2011, p. 572): 
A faixa de normalidade da 25(OH)D ainda é motivo de conflito na literatura 
médica. Considera-se que o nível esperado de 25(OH)D seria aquele 
necessário para manter o PTH em níveis adequados (pelo PTH ser 
estimulado pela hipocalcemia causada pelos baixos níveis de calcitriol) e 
não permitir o aparecimento de distúrbios clínicos e metabólicos 
relacionados à hipovitaminose D (CASTRO, 2011, p.572). 
 
 
21 
 
Em contrapartida, a referência mundial de recomendações para 
rastreamentos e diagnósticos, o USPSTF (United Stasted Preventive Task Force)2 
realiza as diretrizes de recomendações baseadas em referências científicas com a 
finalidade de promover a saúde da população americana. O USPSTF propõe que as 
evidências científicas a respeito da vitamina D não são suficientes, assim como os 
estudos a respeito da suplementação e sua relação na prevenção de doenças 
cardiovasculares, câncer ou a redução de risco de fraturas ósseas em idosos 
(CHUNG et. al., 2011; LIN, 2018; USPSTF, 2018). Para Chung et. al. (2011, p. 827): 
“as evidências não são suficientemente consistentes para ilustrar as conclusões 
relativas aos benefícios ou danos da suplementação de vitamina D na prevenção de 
câncer”. 
Em agosto de 2018, a página online da UOL adaptada do jornal americano 
The New York Times publicou uma reportagem que afirma que o médico 
endocrinologista Michael Holick, que lançou a vitamina D, recebia dinheiro da 
indústria farmacêutica para a promoção de informações benéficas a respeito da 
vitamina. Portanto, além das inúmeras controvérsias científicas a respeito do tema, 
ainda há esse rumor, que gera mais incertezas. 
Segundo Machado (2015), 767.866 exames de vitamina D foram realizados 
em 2015 na Região Sudeste do Brasil. Os resultados demonstram que 40% das 
pessoas apresentam insuficiência, 43% suficiência e 17% deficiência da vitamina. 
Para qualquer teste realizado na população geral, o esperado é que mais de 90% 
das pessoas apresentem valores considerados normais, essa é a lógica da curva 
normal (ou curva de Gauss). 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 Órgão formado por um grupo de especialistas de caráter independente 
 
22 
 
3 METODOLOGIA 
 
A base desta pesquisa foi um levantamento intencional de artigos científicos 
para descrever o fenômeno do crescimento do interesse pela vitamina D. Os dados 
científicos foram buscados em plataformas tais como “Pubmed” e “Scielo” e as 
diretrizes analisadas foram provenientes do Caderno 29 do Ministério da Saúde 
(MS) e United Stated Preventive Task Force (USPTF). Utilizou-se a palavra-chave 
“vitamina D” nas buscas e foram selecionados artigos específicos que relacionam 
determinada doença com a suplementação e/ou rastreamento da vitamina de forma 
crítica ou não. Dessa forma, o estudo teve o caráter de uma revisão integrativa. 
As informações foram classificadas quanto à metodologia empregada para a 
pesquisa e de acordo com seu ano de publicação. Foi desenvolvida uma revisão 
bibliográfica dos materiais científicos. De acordo com Gerhardt e Silveira (2009, 
p.83): “A análise tem como objetivo organizar os dados de forma que fique possível 
o fornecimento de respostas para o problema proposto”. 
Os materiais foram lidos, analisados e separados em categorias. As 
categorias que dividiram os estudos científicos foram: título; autor; ano de 
publicação; um desfecho, este favorável ou não à suplementação e/ou rastreamento; 
e as principais evidências (Tabela 4). 
A segunda etapa contou com as evidências científicas, descreveu o público 
que realmente necessita do diagnóstico (rastreamento) e também apresentou as 
contradições das evidências dos estudos que defendem e os que se opõe ao 
rastreamento e medicalização. 
A terceira etapa do trabalho foi analítica. Analisaram-se os dados 
anteriormente coletados e sua relação com o uso da vitamina D como um fenômeno 
social e a necessidade das pessoas em ter respostas simples para coisas 
complexas e como o marketing e a indústria farmacêutica podem ter se beneficiado 
disso. 
 
 
 
 
 
 
23 
 
3.1 RECURSOS MATERIAIS 
 
TABELA 2: RECURSOS MATERIAIS 
Material Custo 
Notebook R$0,00 
(se usado da própria 
universidade) 
Impressão de artigos, materiais para leitura e 
encadernação do trabalho 
R$100,00 
Total: R$ 100,00 
 
FONTE: A autora (2018). 
 
3.2 CRONOGRAMA DE PESQUISA 
 
TABELA 3: CRONOGRAMA DE TRABALHO 
Atividades Mês 
1Mês 
2 
Mês 
3 
Mês 
4 
Mês 
5 
Mês 
6 
Levantamento de dados e referenciais teóricos x 
Leitura de Materiais e divisão do trabalho em 
etapas 
x x 
Desenvolvimento da primeira etapa do trabalho 
escrito 
 x 
Desenvolvimento da segunda etapa do trabalho 
escrito 
 x 
Desenvolvimento da terceira etapa do trabalho 
escrito 
 x x 
Revisão e formatação do trabalho x 
FONTE: A autora (2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Islandia
Islandia
É necessário estes itens?�
 
24 
 
4 DESENVOLVIMENTO 
 
Foi feita leitura crítica e análise de quatorze artigos de diferentes anos de 
publicação, variando entre 2009 e 2018, identificados na Tabela 4. Como resultado 
da leitura, dividiram-se as publicações analisadas em duas categorias: o “parecer 
favorável”, que significa que o artigo foi favorável ao rastreamento e/ou 
suplementação da vitamina D e trouxe evidências para defender este ponto de vista; 
e a categoria “parecer não favorável”, que abrangeu análises e metanálises que 
evidenciam que o rastreamento e a suplementação tem sido feito em excesso. 
Os estudos de parecer favorável sobre rastreamento/suplementação de 
vitamina D podem ser encontrados em revistas de saúde e bases de dados de fácil 
acesso, como por exemplo, “Scielo” e “Pubmed”. Além disso, alguns desses estudos 
prometem a cura e tratamento de doenças autoimunes. Por outro lado, as 
publicações de parecer não favorável são, em sua maioria, muito recentes (1 artigo 
de 2013 e 5 artigos de 2018). Com isso perceber-se que o posicionamento “contra” o 
excesso de rastreamento e/ou suplementação de vitamina D tem sido algo 
frequentemente discutido nos últimos anos, ou seja, é algo recente. Apenas um 
estudo com esse posicionamento, portanto, com um parecer não favorável, no ano 
de 2013, foi encontrado durante a pesquisa de levantamento de dados para 
posterior análise. A maioria das publicações analisadas com esse parecer é 
internacional. 
 
 
25 
TABELA 4 – ARTIGOS CIENTÍFICOS ANALISADOS, AUTORES, DATA DE PUBLICAÇÃO E PARECERES 
 
NÚMERO 
DO 
ARTIGO 
 
NOME DO ARTIGO 
 
AUTORES 
 
ANO DE 
PUBLICAÇÃO 
 
DESFECHO FAVORÁVEL 
AO RASTREAMENTO/ 
SUPLEMENTAÇÃO 
 
DESFECHO NÃO 
FAVORÁVEL AO 
RASTREAMENTO/ 
SUPLEMENTAÇÃO 
 
1 A importância dos níveis de 
vitamina D nas doenças 
autoimunes 
MARQUES et al. 
 
2010 x 
2 Vitamin D insufficiency THACHER, D. T; CLARKE, L. 
B. 
2011 x 
3 Dietary vitamin D3 e 1,25-
Dihydroxyvitamin D3 (calcitriol) 
Exhibit anticancer activity in mouse 
xenograft models of breast and 
prostate cancer 
SWAMI, S. et al. 2012 x 
4 Vitamina D: ações extraósseas e 
uso racional 
 
LICHTENSTEIN, A. et al. 
 
2013 x 
5 Cost-effectiveness of vitamin D 
screening compared to universal 
supplementation to prevent falls 
among community-dwelling older 
adults 
LEE, H. R; WEBER, T; 
 
2013 x 
6 Suplementação Nutricional de 
cálcio e Vitamina D para a saúde 
óssea e Prevenção de Fraturas 
Osteoporóticas 
BRINGEL, L. A. et al. 
 
2014 x 
7 Recomendações da Sociedade 
Brasileira de endocrinologia e 
metabologia para o diagnóstico e 
tratamento da hipovitaminose D 
 
 
 
 
MAEDA, S. S. et al. 2014 x 
Islandia
 
26 
 
TABELA 4 – ARTIGOS CIENTÍFICOS ANALISADOS, AUTORES, DATA DE PUBLICAÇÃO E PARECERES (CONTINUAÇÀO) 
 
NÚMERO 
DO 
ARTIGO 
 
NOME DO ARTIGO 
 
 
AUTORES 
 
ANO DE 
PUBLICAÇÃO 
 
DESFECHO FAVORÁVEL 
AO RASTREAMENTO/ 
SUPLEMENTAÇÃO 
 
DESFECHO NÃO 
FAVORÁVEL AO 
RASTREAMENTO/ 
SUPLEMENTAÇÃO 
8 Effect of Vitamin D supplementation on 
patients with systemic lupus 
erythematosus: a systematic review 
SOUSA, R. J. et al. 
 
2017 x 
9 25 (OH) D3 levels, incidence and 
recurrence of clinical forms of benign 
paroxysmal positional vertigo 
 
MASLOVARA, S. et al. 
 
2017 x 
10 Serum 25-Hydroxyvitamin D values and 
risk of all-cause and cause-specific 
mortality: a population-based cohort 
study 
DUDENKOV, V. D. et al. 
 
2018 x 
11 The death D-fying vitamin 
 
HOLICK, F. M. 
 
2018 x 
12 A review of growing risk of vitamin D 
toxicity from inappropriate practice 
TAYLOR, N. P; DAVIES, 
S. 
 
2018 x 
13 Vitamin D screening and 
supplementation in primary care: time to 
curb our enthusiasm 
 
LIN, W. K. 
 
2018 x 
14 Vitamin D Screening and 
Supplementation in Community-
Dwelling Adults: Common Questions 
and Answers 
LEFREVE, L. M; 
LEFREVE, M. N. 
 
2018 x 
15 La vitamina D no es útil como 
biomarcador para la actividad de la 
enfermedad en artritis reumatoide 
LOSSA, T. P. et al. 
 
2018 x 
FONTE: MARQUES et al. 2010; THACHER; CLARKE, 2011; SWAMI et al., 2012; LICHTENSTEIN et al. 2013; LEE; WEBER, 2013; BRINGEL et al., 2014; 
MAEDA et al., 2014; SOUSA et al., 2017; MASLOVARA et al., 2017; DUDENKOV et al., 2018; HOLICK, 2018; TAYLOR; DAVIES, 2018; LIN, 2018; 
LEFREVE; LEFREVE, 2018; LOSSA, 2018. ELABORADO PELA AUTORA, 
 
27 
 
O estudo de Bringel et. al. (2014), artigo número 5 da Tabela 4, realizou uma 
revisão com 30 artigos internacionais e nacionais publicados entre 2005 e 2014, no 
qual se verifica o valor médio de suplementação nutricional de vitamina D (200 a 
1200mg/d) e de cálcio (200 a 800 UI/d). No resultado salienta-se que a 
suplementação contribui para a redução da perda mineral óssea e assim 
consequentemente na diminuição do risco de quedas (prevenção de fraturas 
osteoporóticas), partindo do pressuposto que uma das funções da vitamina D é o 
aumento da absorção intestinal de cálcio e reabsorção renal de cálcio. Em 
contrapartida, não há um consenso internacional sobre a ingestão de cálcio e da 
mesma maneira, as quantidades necessárias de vitamina D no organismo são 
contraditórias e difíceis de estabelecer com exatidão. Neste sentido, Bringel et. al. 
(2014) ressaltam que: 
 
[...] a vitamina D […] é produzida endogenamente e depositada no tecido 
adiposo por longos períodos de tempo, desta forma suas necessidades 
podem depender, também, do consumo dietético de Ca e fósforo, idade, 
sexo, pigmentação da pele e exposição solar (BRINGEL et al. 2014, p. 356). 
 
Apesar do estudo de Bringel et al. (2014) constatar que a suplementação da 
vitamina D contribui para a redução da densidade mineral óssea, as evidências 
durante o decorrer da pesquisa demonstram que certo estudo randomizado 
(PRINCE et al., 2006) conclui-se que a suplementação nutricional de 500-2000mg/d 
de cálcio não surge efeito significativo na densidade mineral óssea em mulheres na 
fase da pós-menopausa. Porém, Bringel et. al. (2014) afirmam que esse dado não é 
consistente devido aos critérios de seleção dos indivíduos que foram incluídos no 
estudo. 
 
Tendo em vista as possíveis associações entre alterações na densidade 
mineral óssea e a redução do risco de fraturas em indivíduos 
suplementados com cálcio, com ou sem vitamina D, há relatos de que não 
existem evidências significantes relacionadas entre a densidade mineral 
óssea e a redução do risco de fraturas em pacientes que receberam cálcio 
com ou sem suplementação de vitamina D (BRINGEL et al., 2014, p. 357). 
 
Portanto, é possível afirmar que não há um consenso a respeito das 
quantidades necessárias de ingestão de cálcio e vitamina D para suplementação em 
pessoas saudáveis e ainda, que não existem evidências significativas das alterações 
da densidade mineral óssea com a suplementação média feitas no estudo. Tal 
 
28 
 
estudo também pode ser considerado de baixa qualidade, visto que, se encontra em 
uma classificação de ISSN classe C. 
O estudo de Swami et. al. (2012), artigo número 3 da Tabela 4, demonstra a 
atividade anticancerígena em camundongos imunologicamente comprometidos com 
câncer de mama e de próstata. Foi administrado vitamina D3 como suplementação 
da dieta (5000 UI/kg) em comparação a uma dieta controle (1000 UI/kg). Os ratos 
apresentaram uma mudança significativa no tumor com uma suplementação de 500 
UI/kg, mas ambos os tratamentos foram capazes de inibir o crescimento docâncer 
de próstata. No estudo são relatados aumentos significativos dos níveis de cálcio 
com as respectivas doses de suplementação. Swami et. al. (2012, p. 2576) sinaliza 
que: “Tanto o calcitriol como a vitamina D3 foram equipotentes na supressão da 
síntese e sinalização do estrogênio e de outras vias pró-inflamatórias e de 
sinalização decrescimento”, pois se mostraram úteis como terapia para o tratamento 
do câncer. Contudo, Swami et. al. (2012) enfatiza que há dados epidemiológicos que 
podem não fornecer uma ligação entre a associação do risco de câncer e deficiência 
de vitamina D. 
Estudos demonstram a associação da suplementação de vitamina D em 
pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. Segundo o artigo de Sousa et al. (2017), 
número 8 da Tabela 4, publicado na Revista Brasileira de Reumatologia, quatro 
estudos foram identificados e escolhidos para uma análise e revisão sistemática. 
Esses eram do tipo estudo randomizado. O resultado aponta que três desses 
estudos demonstram uma melhora nos marcadores inflamatórios da doença. Para 
os autores apenas em um estudo não houve melhora na atividade da doença após 
suplementação. 
O primeiro estudo foi analisado e realizado no Egito, Abou-Raya et. al. (2013 
citado por SOUSA et al 2017) evidenciam que os pacientes que receberam uma 
dose de 2000UI de colecalciferol por dia ou placebo durante doze meses no final do 
tratamento houve um aumento nos níveis de vitamina D. Os autores também 
explicitam que: 
 
Além disso, houve melhora significativa nos níveis de marcadores 
inflamatórios e hemostáticos, assim como no escore de atividade da doença 
medido pelo SLEDAI (Índice de Atividade da Doença do Lúpus Eritematoso 
Sistêmico), no qual os pacientes com deficiência de vitamina D 
apresentaram pior escore do SLEDAI. (SOUSA et.al., 2017, p.468). 
 
29 
 
O segundo estudo apresentado foi um estudo randomizado de Kamen e 
Oates (2015 citado por Sousa et. al. 2017) nos Estados Unidos. A população 
estudada foi igual a 16 pessoas, nas quais foram separadas entre um grupo controle 
que recebia 400 UI de vitamina D3 por dia e o grupo que recebia o tratamento com 
5000 UI por dia, durante dezesseis semanas: 
 
 Ao final do experimento, houve melhora da função endotelial nos 
pacientes suplementados quando comparados aos controles, com 
tendência significativa de aumento da FMD (dilatação medida pelo fluxo). 
Aqueles que tiveram um aumento na DMF tiveram mudanças 
significativamente maiores nos níveis de 25 (OH) D, ou seja, observou-se 
que quanto maior o nível de vitamina D, maior a DMF ( p <0,05) (SOUSA et. 
al., 2017, p.468). 
 
O terceiro estudo avaliado foi o de Lima et. al. (2016 citado por Sousa et. al. 
2017), realizado no Brasil. Tal publicação mediu os níveis séricos de vitamina D3 e 
avaliou a atividade da doença durante 24 semanas com 40 pacientes portadores de 
lúpus eritematoso sistêmico. A população estudada recebeu 50000UI de vitamina D3 
ou placebo. Segundo Sousa et. al. (2017) ocorreu uma melhora eficaz na redução 
da atividade da doença por aqueles pacientes tratados com vitamina D3. 
Entretanto, o quarto estudo, de Aranow et. al. (2015 citado por Sousa et. al. 
2017) avaliou 57 mulheres norte-americanas portadoras da doença não relacionou 
nenhum efeito obtido com relação à diminuição da expressão gênica. 
 
[...] e não foram encontradas correlações significativas entre a 
suplementação de vitamina D e a atividade da doença no LES (p > 0,05). 
Além disso, não houve correlação entre 25 (OH) D e alterações na 
expressão gênica. (SOUSA et. al. 2017, p.469). 
 
É importante ressaltar que as mulheres que participaram do estudo 
receberam doses baixas (2000 UI) ou doses altas (4000 UI) de vitamina D3 ou 
placebo por via oral durante doze semanas. 
De acordo com Sousa et. al. (2017, p.470), “(...) ainda é necessário elucidar 
se a vitamina D atua na proteção contra esse distúrbio metabólico, bem como a 
padronização do tipo, dose e tempo de suplementação de vitamina D” e que “(...) 
mais estudos de intervenção são necessários para verificar uma terapia mais eficaz 
para proteger o corpo dos efeitos deletérios desse distúrbio autoimune”. 
Um ponto crítico a ser avaliado são os vieses de confusão, aleatorização, 
memória, encobrimento de alocação, cegamento dos participantes e pessoal, 
 
30 
 
cegamento de avaliadores de resultados, dados de resultados incompletos, entre 
outros, desses mesmos trabalhos anteriormente citados. Sousa et. al. (2017) 
propõe, pela análise de viés metodológica, que os estudos de Abou-Raya et. 
al.(2013), Aranow et. al. (2015) e Lima et. al. (2016) possuem uma geração de 
sequência aleatória incerta e a publicação de Lima et. al. (2016), além desse viés, 
possui um relatório de resultado seletivo também incerto. Portanto, esses tipos de 
vieses, de alguma maneira, podem alterar os resultados do estudo. Outro ponto a 
ser considerado é o tamanho da amostra, respectivamente 267, 57, 16 e 40. 
Geralmente estudos possuem fragilidade metodológica, com amostras 
pequenas e os acompanhamentos em longo prazo não são feitos, portanto estão 
sujeitos a vieses. 
Em uma breve revisão (artigo número 1 da Tabela 4), podemos relacionar a 
importância da vitamina D com algumas doenças autoimunes além do lúpus 
eritematoso sistêmico, como a diabetes mellitus tipo 1, esclerose múltipla, doença 
inflamatória intestinal e artrite reumatoide. Os autores sugerem uma deficiência da 
vitamina D com o aumento da incidência das doenças autoimunes e afirmam que a 
mesma possui uma importância para o sistema imune e sua modulação. Foi 
realizado um estudo no qual se suplementou 19 pacientes com alfacalcidol, estes 
portadores de artrite reumatoide, durante um período de noventa dias 45% tiveram 
remissão completa dos sintomas e 44% afirmam ter tido resultados significantes 
após a suplementação. Segundo Marques et. al. (2010, p. 72): 
 
[...] pouco se sabe sobre os efeitos da reposição da vitamina D na 
prevenção e no tratamento dessas doenças, porém acredita-se que sua 
reposição tenha relevância no controle de rejeição de transplante e enxertos 
e na prevenção e no tratamento das doenças autoimunes (MARQUES, 
2010, p.72). 
 
O estudo conclui que existem evidências suficientes que sugerem que a 
hipovitaminose D tem importância nas doenças imunológicas devido ao metabolismo 
da vitamina e como ela atua. Porém, o autor (MARQUES, 2010, p.72) afirma que: 
 
(...) outros estudos ainda são necessários para determinar os riscos e 
benefícios da reposição de vitamina D, quando e em quais pacientes 
mensurar a 25(OH)D, os valores de referência para considerar a 
deficiência/insuficiência, as ações clínicas a serem tomadas e o real 
impacto dessa associação em nossa prática clínica (MARQUES, 2010, 
p.72). 
Islandia
Islandia
 
31 
 
 
Além da relação com as doenças autoimunes, existem outras associações 
que podem ser feitas com a vitamina D, como por exemplo, a diminuição do risco de 
queda e fraturas ósseas, a diminuição da mortalidade, o aumento da densidade 
mineral óssea, diminuição da mortalidade por doença cardiovascular, redução do 
risco de diabetes, redução do risco de câncer, redução do risco de esclerose 
múltipla, alergia e asma, doença mental, diminuição da dor muscoesquelética e 
redução do risco de infecção (THATCHER et al., 2011). Mas seria uma vitamina por 
si só capaz de produzir todos esses benefícios ao organismo? 
Lichtenstein et al. (2013) publicaram um estudo na Revista da Associação 
Médica Brasileira que trata sobre o uso racional da vitamina D. O artigo faz uma 
revisão e diferentes tipos de associações da vitamina com doenças autoimunes, 
entre outras doenças aqui já mencionadas. Tal publicação traz uma breve revisão 
sobre o metabolismo da vitamina, a questão dos suplementos, algumas evidências 
sobre essas associações em forma de perguntas e respostas, o que facilita a leitura 
e compreensão pelo leitor.Os autores ainda afirmam que existe plausibilidade entre a hipótese de que 
a vitamina esteja associada ao câncer, mas coloca que as evidências não são por si 
só conclusivas, pois existe ambiguidade, fatores de confusão, causa reversa, entre 
outros que podem interferir nos estudos. Além disso, não há como concluir que a 
vitamina esteja associada a maior mortalidade por câncer em caso de deficiência. 
Os autores Lichtenstein et. al. (2013, p. 500) afirmam que: “é prematuro considerar 
que níveis séricos mais baixos de vitamina D possam, por si só, aumentar a 
incidência ou a mortalidade por câncer, e justificar a suplementação como forma de 
prevenção”. 
Da mesma forma, Lichtenstein et. al. (2013) discorrem sobre as doenças 
cardiovasculares e sua relação com a vitamina D. Os autores justificam as mesmas 
razões descritas sobre a sua associação com o câncer, citam que as evidências são 
insuficientes, pois existem limitações relacionadas à metodologia que são inerentes 
aos estudos observacionais. Ainda Lichtenstein et. al. (2013, p. 500) explicam: “que 
não servem para demonstrar relação de causa-efeito entre as variáveis, apenas 
possíveis associações”. 
Em contrapartida, Bringel et. al. (2014) afirmam que a suplementação de 
Islandia
 
32 
 
vitamina D e cálcio contribui para a redução da perda mineral óssea e assim a 
consequente diminuição do risco de quedas, apesar das evidências não serem 
significantes. Bringel et al. (2014, p. 357) citam que “(...) há relato de que não 
existem evidências significantes relacionadas entre alterações de densidade mineral 
óssea e redução do risco de fraturas entre pacientes que receberam Ca com ou sem 
suplementação de vitamina D”. É possível perceber como os estudos se 
contradizem. 
A vertigem posicional paroxística é uma doença que causa tonturas de curta 
duração e forte intensidade na população em geral. De acordo com Maslovara et. al. 
(2017) a doença ocorre espontaneamente, manifesta-se clinicamente por crises de 
curta duração, vertigens causadas por certas posições da cabeça e são 
frequentemente acompanhadas por sintomas neurovegetativos. 
Há estudos que associam tal doença com a vitamina D e seus benefícios. 
Em um estudo clínico de amostra tamanho 40 (artigo número 9 da tabela 4), 
mediram-se os níveis séricos da vitamina D entre os pacientes com e sem 
recorrência da doença e classificou-se de acordo com as diretrizes atuais 
(insuficiência, deficiência e suficiência). Não foi encontrada relação significativa entre 
os pacientes com e sem reincidência da doença com os níveis plasmáticos de 
vitamina D. O estudo demonstrou alta incidência de deficiência da vitamina, em 
47,5% da amostra. Dessa forma não é possível afirmar que haja uma ligação direta 
entre a vitamina D e seu metabolismo e os sintomas e tratamento da doença. 
Em um estudo analítico e transversal realizado na Espanha (artigo número 
14 da Tabela 4) com pacientes entre 18 e 75 anos diagnosticados com artrite 
reumatoide detectou que a vitamina D não é um biomarcador útil para a atividade da 
doença. O estudo de LeFevre e LeFevre (2018, p. 254) concluiu que “em nosso 
grupo de pacientes com artrite reumatoide não houve correlação estatisticamente 
significativa entre os níveis de vitamina D e a atividade da enfermidade; tampouco 
se associaram outras variáveis determinantes aos níveis de vitamina D”. 
Diversos estudos relacionam a vitamina D com mortalidade por causa 
específica e por múltiplas causas. Dudenkov et. al. (2018, p.1) relata, através de um 
estudo retrospectivo, que a deficiência da vitamina está intimamente ligada ao 
aumento da mortalidade quando cita que “Houve uma relação inversa 
estatisticamente significativa com a mortalidade em pacientes brancos e não 
 
33 
 
brancos, bem como com o nível sérico de 25 (OH) D”. Segundo Holick (2018), o 
estudo de Dudenkov é favorável aos demais estudos que ocorreram no mundo que 
relatam que a suficiência da vitamina D pode ser capaz de reduzir as taxas de 
mortalidade por doenças como o câncer, as doenças crônicas não transmissíveis e 
por todas as causas. 
Dados os inúmeros benefícios da vitamina e a suplementação por vezes 
inadequada, o que acontece é a toxicidade, visto que parte da vitamina pode ficar 
armazenada no organismo. Taylor e Davies (2018, p. 1121) relatam que “(...) tem 
visto um aumento substancial no número de notificações de intoxicação por vitamina 
D, com a maioria (75%) dos relatórios publicados desde 2010”. Isso acontece pela 
prática inadequada, como a venda liberada de suplementos, a automedicação, 
prescrições inadequadas, entre outros fatores. Portanto, é necessário estimar os 
níveis seguros da suplementação para que não ocorra a toxicidade no organismo do 
indivíduo, que pode ter consequências para a sua saúde. Kenneth (2018, p. 226) cita 
a respeito disso quando diz que “a revisão de Lefevre e Lefevre da evidência para 
triagem e suplementação de vitamina D em adultos nesta edição do American 
Family Physician determinou que essas práticas comuns praticamente não tenham 
benefícios de saúde estabelecidos” e que “A Sociedade Americana de patologia 
clínica é contra a detecção da vitamina D na população em geral” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Após a leitura e análise crítica dos dados, pode-se perceber que ainda que 
tenha havido um enorme crescimento no interesse por pesquisas em relação ao 
potencial da vitamina D para uma série de doenças, os resultados são bastante 
contraditórios. 
As principais doenças relacionadas como osteomalácia e raquitismo, são 
pouco prevalentes. A quantidade de sol necessária para a produção dos precursores 
da vitamina D é baixa e está presente mesmo em locais frios ou nublados. A 
disponibilidade de alimentos tem aumentado para a maior parte da população, a 
obesidade é cada vez mais um problema, ao contrário da desnutrição. 
O fenômeno do rastreamento de vitamina D em populações saudáveis 
precisa responder às bases conceituais aplicadas a qualquer rastreio. É um 
problema prevalente? Os testes têm boa sensibilidade, especificidade e são 
aceitáveis pelos pacientes? As intervenções para os resultados positivos (alterados) 
mudam o desfecho clínico, diminuem a morbimortalidade? Do ponto de vista 
populacional, é um investimento financeiro cujos benefícios superam os riscos? 
Essa breve revisão conclui que esse rastreio não responde a essas 
perguntas, as doenças que se quer prevenir não são prevalentes; o valor de 
referência apresentado no teste não é a média geral da população, o que produz um 
excesso de diagnósticos (overdiagnosis); e não há estudos que comprovem 
benefícios populacionais a partir do rastreio e da suplementação em populações 
adultas saudáveis. Para grupos como idosos, crianças e/ou indivíduos portadores de 
patologias específicas é preciso aprofundar os estudos. Ainda assim, essas 
populações deveriam ser alertadas sobre os benefícios e riscos. 
 
 
 
 
 
 
 
Islandia
Islandia
Islandia
Acesso?
Islandia
Islandia
Acho que você tem bastante elementos, mesmo que nesta breve revisão,
para problematizar questões fundantes para nós da nutrição…�
 
35 
 
6 REFERÊNCIAS 
 
ARANOW, C; KAMEN, D. L; DALL’ERA, M; MASSAROTTI, E. M; MACKAY, M. C; KOUMPOURAS, 
F; COCA, A; CHATHAM, W. W; CLOWSE, M. E; CRISCIONE-SCHREIBER, L. G; CALLAHAN, S; 
GOLDMUNTZ, E. A; KEYES-ELSTEIN, L; OSWALD, M; GREGERSEN, P. K; DIAMOND, B. 
Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Trial of the Effect of Vitamin D3on the Interferon 
Signature in Patients With Systemic Lupus Erythematosus. Arthritis Rheumatology. Estados Unidos, 
Volume 67, número 7, p. 1848-1857, 2015. 
 
 
ABOU-RAYA, A; ABOU-RAYA, S; HELMII, M. The effect of vitamin D supplementation on 
inflammatory and hemostatic markers and disease activity in patients with Systemic lupus 
erythematosus: a randomized placebo-controlled trial. The Journal of Rheumatology.Canadá, 
Volume 40, número 3, p. 465-472, 2013. 
 
 
BRANDÃO, N. Vitamina D: Saiba a importância para o corpo e os perigos do excesso. 
Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas. Outubro de 2017. 
Disponível em: <http://www.saude.al.gov.br/2017/10/02/vitamina-d-a-importancia-para-o-corpo-
humano-e-perigos-quando-usada-em-excesso/>, acesso em 16 de nov. de 2018. 
 
 
BRINGEL, A. L; ANDRADE, K. F. S; JÚNIOR, N. D; SANTOS, G. G. Suplementação nutricional de 
cálcio e vitamina D para a saúde óssea e prevenção de fraturas osteoporóticas. Revista Brasileira 
de Ciências da Saúde. João Pessoa, Volume 18, número 4, p. 353-358, 2014. 
 
 
CASTRO, G. C. L. O sistema endocrinológico vitamina D. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia 
e Metabologia. Brasília, p. 566-575, 2011. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v55n8/10.pdf>, acesso em nov. de 2018. 
 
 
CERCATO, C. Existe exagero no diagnóstico e tratamento da vitamina D? Viva bem, UOL. 
Disponível em: <https://cintiacercato.blogosfera.uol.com.br/2018/07/13/existe-exagero-no-diagnostico-
e-tratamento-de-deficiencia-de-vitamina-d/>, acesso em 16 de nov. de 2018. 
 
 
CHUNG, M; LEE, J; TERASAWA, T; LAU, J; TRIKALINOS, T. A. Vitamin D with or without calcium 
supplementation for prevention of cancer and fractures: An updated meta-analysis for the U.S. 
Preventive Services Task Force. Annals of internal medicine. Volume 155, número 12, 2011. 
 
 
 
DUDENKOV, D. V; MARA, K. C; PETTERSON, T. M; MAXSON, J.A; THACHER, T. D. Serum 25-
Hydroxyvitamin D values and risk of all-cause and cause-specific mortality: a population-based cohort 
study. Mayo Clinic Proceedings. Volume 93, p. 679-681, 2018. 
 
 
GERHARDT, T. E; SILVEIRA, D. T. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2009. 
 
 
GOOGLE SHOPPING. Preços de suplementos de vitamina D. 
Disponível em: 
<https://www.google.com/search?q=suplemento+de+vitamina+d+pre%C3%A7o&safe=off&source=uni
v&tbm=shop&tbo=u&sa=X&ved=0ahUKEwis39iM69neAhUJH5AKHVDgAjMQ1TUIrgE&biw=1366&bih
=657>, acesso em nov. de 2018. 
 
 
36 
 
HOLICK, F.M. Vitamin D deficiency. The England Journal of Medicine. Boston, p. 266-281, 2017. 
 
 
KAMEN, L. D.; OATES, C. J. A pilot study to determine if vitamin D repletion improves 
endothelial function in lupus patients. Estados Unidos, Volume 350, p. 302-307, 2015. 
 
 
KENNETH, L. W. Vitamin D Screening and Supplementation in Primary Care: Time to Curb our 
Enthusiasm. American Academy of Family Physicians. 2018. 
 
 
LEE, R. H; WEBER, T; COLÓN-EMERIC, C. Supplementation to prevent falls among community-
dwelling older adults. J Am Geriatr Soc. P. 707-714, 2013. 
 
 
LEFEVRE, M. L; LEFEVRE, N. M; Vitamin D screening and supplementation in community-dwelling 
adults: common questions and answers. American Academy of Family Physicians. Volume 97, p. 
254-260, 2018. 
 
 
LICHTENSTEIN, A; FERREIRA-JÚNIOR, M; SALES, M. M; AGUIAR, F. B; FONSECA, L. A. M; 
SUMITA, N. M; DUARTE, A. J. S. Vitamina D: ações extraósseas e uso racional. Revista da 
Associação Médica Brasileira. P. 495-506, 2013. 
 
 
LIMA, L. G. Vitamin D Supplementation in Adolescents and Young Adults With Juvenile 
Systemic Lupus Erythematosus for Improvement in Disease Activity and Fatigue Scores: A 
Randomized, Double‐Blind, Placebo‐Controlled Trial. Wiley Online Library. Arthritis care & Research. 
Vol. 68, p. 91-98, 2016. Disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/acr.22621>, 
acesso em 17 de maio de 2019. 
 
 
LIN, W. K. Vitamin D Screening and supplementation in primary Care: time to curb our enthusiasm. 
American Family Physician. Volume 97, número 4, 2018. 
 
 
LOSSA, de la T., P.; ÁLVAREZ, M. M.; GUZMÁN, G. del C. M.; MARTÍNEZ, L. R.; ACOSTA, R. C. La 
vitamina D no es útil como biomarcador para la actividad de la enfermedad en artritis reumatoide. 
Revista Espanhola de Reumatologia. Colégio Mexicano de Reumatologia, 2018. 
 
 
MACHADO, T. A. Levantamento retrospectivo dos resultados referentes às dosagens de 
vitamina D realizadas no Brasil no ano de 2015. Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2016. 
 
 
MAEDA, S. S; BORBA, V. Z. C; CAMARGO, M. B. R; SILVA, D. M. W; BORGES, J. L. C; BANDEIRA, 
F; CASTRO, M. L. Recomendações da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia 
(SBEM) para o diagnóstico e tratamento da hipovitaminose D. Arquivos Brasileiros de 
Endocrinologia e Metabologia. Brasil, p. 411-433, 2014. 
 
 
MANSUR, M. Luciana. Vitaminas Hidrossolúveis no Metabolismo. Programa de Pós-graduação em 
Ciências veterinárias. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Brasil, 2009. Disponível em: 
<https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/vitaminas_hidro.pdf> , acesso em 25 de out. de 2018. 
 
 
MARQUES, C. D. L; DANTAS, A. T; FRAGOSO, T. S; DUARTE, A, L. B. P. A importância dos níveis 
de vitamina D nas doenças autoimunes. Revista Brasileira de Reumatologia. Brasil, p. 67-80, 2010. 
 
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/acr.22621
 
37 
 
 
MARTINEAU, A. R; JOLLIFFE, D. A; HOOPER, R. L; GREENBERG, L; ALOIA, J. F; BERGMAN, P. 
Vitamina D, a nova arma contra as infecções respiratórias agudas. Revista Portuguesa de Medicina 
Geral e Familiar. Clube de leitura, Volume 34, p. 48-50, 2018. 
 
 
MASLOVARA, S; SOLDO, S. B; SESTAK, A; MILINKOVIC, K; NAMACINSKI, J. R; SOLDO, A. 25 
(OH) D3 levels, incidence and recurrence of different clinical forms of benig paroxysmal positional 
vertigo. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. Volume 84, número 4, p. 453-459. 2017 
 
 
MIGLIACCI, P. ALVES, G. Médico dos EUA que lançou moda da vitamina D recebe dinheiro da 
indústria. Estudos têm mostrado que a substância não traz os benefícios alardeados por Michael 
Holick. 
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/08/medico-dos-eua-que-lancou-
moda-da-vitamina-d-recebe-dinheiro-da-industria.shtml> , acesso em 16 nov. de 2018. 
 
 
PRINCE, R. L; DEVINE, A; DHALIWAL, S. S; DICK, I. M. Effects of calcium supplementation on 
clinical fracture and bone structure: results of a 5-year, double-blind, placebo-controlled trial in elderly 
women. Arch Intern Med. Volume 166, número 8, p. 869-875, 2006. 
 
 
PROSPERO, J. D; BAPTISTA, P. P. R; AMARY, M. F. C; SANTOS, P. P. C. Paratireóides: estrutura, 
funções e patologia. Acta Ortop Bras. P. 53-57, 2008. 
 
 
SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). Vitamina D: Novos valores de 
referência. Out., 2017. Disponível em: <https://www.endocrino.org.br/vitamina-d-novos-valores-de-
referencia/>, acesso em nov. de 2018. 
 
 
SOUSA, J. R; ROSA, E. P. C; NUNES, I. F. O. C; CARVALHO, C. M. R. G. Efeito da suplementação 
com vitamina D em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico: uma revisão sistemática. Revista 
brasileira de reumatologia. Brasil, p.466-471, 2017. 
 
 
SWAMI, S; KRISHNAN, A. V; WANG, J. Y; JENSEN, K; HORST, R; ALBERTELLI, M. A; FELDMAN, 
D. Dietary vitamin d3 and 1,25-dihydroxyvitamin d3 (calcitriol) exhibit equivalent anticancer activity in 
mouse xenograft models of breast and prostate cancer. The Endocrinology Society. Volume 153, 
número 6, p. 2576-2587, 2012. 
 
 
SZABO, L. Vitamin D, the Sunshine Supplement, Has Shadowy Money Behind It: The doctor most 
responsible for creating a billion-dollar juggernaut has received hundreds of thousands of dollars from 
the vitamin D industry. The New York Times. 
Disponível em: < https://www.nytimes.com/2018/08/18/business/vitamin-d-michael-holick.html> , 
acesso em 16 nov. de 2018. 
 
 
THACHER, T. D; CLARKE, B. L. Vitamin D Insufficiency. Mayo Clinic Proceedings. Volume 86, 
número 1, p. 50-60, 2011. 
 
 
TAYLOR, P. N; DAVIES, J. S. A review of the growing risk of vitamin D toxicity from inappropriate 
practice. British Journal of Clinical Pharmacology. Volume 84, número 6, p. 1121-1127, 2018. 
 
 
 
 
38 
 
U. S. PREVENTIVE SERVICES TASK FORCE. DRAFT Research Plan: Vitamin D Deficiency in 
Adults: Screening. 2018. 
Disponível em: <https://www.uspreventiveservicestaskforce.org/Page/Document/draft-research-plan/vitamin-d-deficiency-screening1>, acesso em 16 nov. de 2018. 
 
 
VITAMINA D em foco. Revista Informativa da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ 
Medicina Laboratorial. Rio de Janeiro, Ed. 92, Ano 9, 2018. 
Disponível em: <http://www.sbpc.org.br/wp-content/uploads/2018/03/revista2018_92_web.pdf>, 
acesso em 15 de nov. de 2018.

Continue navegando