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Neurofisiologia da Aprendizagem e Múltiplas Inteligências (UniFatecie) (2)

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Neurofisiologia da 
Aprendizagem e Múltiplas 
Inteligências
Professor Me. Frank Duarte
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
D812n Duarte, Frank 
 Neurofisiologia da aprendizagem e múltiplas inteligências / 
 Frank Duarte. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 
 82 p.: il. Color. 
 
 
1. Educação. 2. Inteligências múltiplas. I. Centro Universitário 
 UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título. 
 
CDD : 23 ed. 370.152 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTOR
Professor Me. Frank Duarte
● Doutorando em Educação - UNR - Universidad Nacional de Rosário-AR
● Mestre em Educação -UDEL (Universidad Del Atlantico). 
● Bacharel em Psicologia (Centro Universitário Fametro). 
● Bacharel em Pedagogia (Centro universitário Integrado)
● Especialista em Neurociências da Educação (UNISA). 
● Especialista em Neuropsicologia (Instituto Pedagógico Brasileiro).
● Especialista em Neuropsicopedagogia (UNIBF)
● Especialista em Neuromarketing (FACULMINAS)
● Especialista em Educação 5.0: Metodologias Inovadoras - Unifatecie.
● Professor (convidado) de Pós Graduação - UNICAMPO
● Professor Conteudista (UNIFATECIE).
● Coordenador Pedagógico e Neurocientista do CEPEN. 
● Palestrantes e consultor;
Experiência nas áreas da educação, gestão, neurociências e saúde mental. Autor 
de livros que versam sobre a educação, práticas pedagógicas, neuroeducação e metodolo-
gias ativas. Um compartilhador de ideias e um eterno aprendiz.
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja muito bem-vindo(a)!
Atenção senhores(as) passageiros(as), sejam bem vindos a bordo do voo para o 
sucesso profissional. Nossas reflexões e construções teóricas e práticas, foram desenvolvi-
das para levá-los a pensar e compreender a máquina mais potente já existente na história 
da humanidade: O cérebro humano.
Os mitos, dúvidas e curiosidades, serão desvendadas nesta nossa viagem pelo 
mundo neural, e esperamos que estejam todos em segurança. Em caso de emergências, 
nossos tutores e toda a equipe estarão à sua disposição para melhor lhe auxiliar. 
Na unidade I iniciaremos nosso voo por meio das bases neurofisiológicas, para que 
possamos compreender todos os elementos que compõem o desenvolvimento neurológico 
humano, em especial a estrutura, função e importância dos neurônios e os neurotransmissores.
Já na unidade II vamos ampliar nossos horizontes sobre os aspectos neurobiológi-
cos da memória e a aprendizagem, identificando seus tipos e como ocorrem os mecanismos 
e dinâmicas cerebrais.
Depois, nas unidades III e IV vamos pensar sobre a inteligência, seus conceitos 
e construtos teóricos, explorando as possibilidades de organizar a inteligência no campo 
organizacional, emocional e nas suas múltiplas facetas. E será na Unidade IV, que especifi-
camente trataremos sobre as Múltiplas Inteligências de Gardner e quais os impactos delas 
no campo educacional.
Aproveito para convidar você, para juntos, desvendarmos os mistérios que percor-
rem o cérebro humano e suas influências no desenvolvimento humano, e na compreensão 
global dos nossos alunos.
Muito obrigado e tenham todos uma ótima viagem!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 3
Neurofisiologia
UNIDADE II ................................................................................................... 21
Neurofisiologia da 
Aprendizagem e Memória
UNIDADE III .................................................................................................. 39
Inteligências Múltiplas I
UNIDADE IV .................................................................................................. 59
Inteligências Múltiplas II
3
Plano de Estudo:
● Introdução à neurofisiologia;
● Bases neurobiológicas gerais da neurofisiologia.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o funcionamento neurofisiológicos 
e suas bases neurológicas;
● Compreender como ocorrem os processos psicológicos 
da memória e aprendizagem;
● Alavancar as contribuições da Teoria das Inteligências Múltiplas 
no processo educacional.
UNIDADE I
Neurofisiologia
Professor Me. Frank Duarte
4UNIDADE I Neurofisiologia
INTRODUÇÃO
Você já parou para pensar quantos pensamentos passam pela sua cabeça por 
dia? Quantas decisões tomamos e os inúmeros comportamentos, sensações e emoções? 
Seu telefone toca, você atende. Do outro lado da linha alguém diz que você recebeu um 
prêmio e que precisa comparecer na loja para retirar. Neste momento você dá um grito de 
felicidade, chama todos da casa e conta o que aconteceu. A felicidade toda conta e vocês 
vão buscar o prêmio. Uma situação simples desta, é uma espécie de pintura da ação do 
sistema nervoso central, ou seja, nosso comportamento é uma ilustração do que ocorre 
dentro do nosso cérebro. 
Quando vemos alguém feliz, (a pintura), não conseguimos dar conta de perceber o 
que ocorre no nosso corpo para que o resultado seja este. Reações químicas transmissões 
sinápticas, conexões neurais, descargas de neurotransmissores, ativamento de áreas do 
cérebro, liberação de hormônios e respostas fisiológicas, são apenas alguns dos fenôme-
nos que acontecem no corpo humano, e todos eles advindo do cérebro. 
Agora imagine. Como pensar no desenvolvimento humano e no cenário educacional, 
sem compreender este funcionamento interno, suas consequências e desdobramentos? 
O processo educacional se fundamenta nessa capacidade de evolução e especialização 
contínua do sistema nervoso, sistema este que apreende o todo dá significado ao mundo e 
o transforma através de suas ações, de seu comportamento. Como o cérebro funciona? É 
exatamente isso que vamos conhecer nesta unidade.
5UNIDADE I Neurofisiologia
1. INTRODUÇÃO À NEUROFISIOLOGIA
1.1 Fundamentos da neurofisiologia
O sistema nervoso é o que nos permite perceber e interagir com o nosso ambiente, 
promovendo a relação de afetar e ser afetado, por tudo que está à nossa volta, utilizando-se 
dos nossos órgãos de sentido: visão, audição, gustação, tato olfato. Todas as informações 
que são capturadas por estes sensores, são enviadas ao cérebro, decodificados, compreen-
didos o que configura numa liberaçãode neurotransmissores e causam reações fisiológicas, 
resultando em comportamentos e emoções. (RADANOVIC,KATO-NARITA, 2016)
Por isso que uma simples cena de um filme, tem a capacidade de nos fazer rir ou 
chorar. Todas as emoções, sensações e sentimentos são de responsabilidade no nosso 
sistema nervoso. E desmembrar cada etapa e compreender cada mecanismo cerebral, 
conhecendo como ele interfere nos outros elementos, é a função da neurofisiologia, que 
“é o ramo da neurologia que estuda este sistema do qual estamos conversando desde o 
cérebro, medula, passando pelas suas raízes, nervos e músculos, por isso sua atuação é 
de especialidade de um profissional formado em Medicina, sendo já discutido no campo da 
interdisciplinaridade. 
A Neurofisiologia estuda os movimentos de íons através de uma membrana, po-
dendo iniciar a transdução de sinal e a geração de potenciais de ação, incluindo o estudo 
dos neurotransmissores. Contudo, vamos aprender qual o impacto e as contribuições da 
neurofisiologia na estrutura do sistema e no nosso comportamento. (BEAR; BW, 2017)
6UNIDADE I Neurofisiologia
A) Sistema Nervoso
O Sistema Nervoso Central é o tecido nervoso que envolve a caixa craniana e a 
coluna vertebral, reconhecidos como cérebro e medula espinal, este tecido está na área 
externa dos ossos, que são nervos cranianos, os nervos espinhais e nervos dos órgãos 
sensoriais. (HALL, 2017).
Possui dois outros sistemas distintos, sendo o Sistema Nervoso Somático (SNS) 
ao qual recebe informações sensoriais músculos e da pele que envia mensagem aos 
músculos esqueléticos e o outro o Sistema Nervoso Autônomo (SNA), que envolve os 
órgãos e glândulas do corpo. O SNA tem duas ramificações: I) sistema Nervoso Simpático, 
responsável pela excitação do corpo por meio do aumento da frequência cardíaca, onde 
libera a adrenalina e suprime o sistema digestivo (consome energia); II) Sistema Nervoso 
Parassimpático, no qual tem a função de diminuir a frequência cardíaca e facilita a atividade 
do sistema digestivo (reserva energia). (CARDINALI, 1992). 
Conforme Cosenza (2011), o sistema nervoso forma-se entre a terceira e a quarta 
semana de fecundação, dando origem ao primeiro sistema do corpo humano. Embora seja 
o amadurecimento dos neurônios que promovam a formação de sinapses (conexões entre 
os neurônios), o recém-nascido é pobre em sinapses, no entanto, o cérebro infantil possui 
uma quantidade exagerada de sinapses que continua aumentando até o início da adoles-
cência. É aqui que se iniciam os processos diminutivos das conexões com a finalidade 
de reorganizar a estrutura cerebral, já que a capacidade de aprender está relacionada à 
quantidade de sinapses. 
Neste momento ocorre um processo denominado de sinaptogênese, o que hoje 
sabemos sobre este fenômeno, está relacionado às pesquisas com macacos, sugerindo 
sua grande importância nos três primeiros anos de vida, quando ocorre a poda neural. 
As mudanças estruturais, chamadas de períodos críticos, incluindo a sinaptogênese e a 
poda neuronal, são eventos relevantes na educação, considerando que uma vez perdida a 
chance de atuar nos períodos críticos, não haveria como ocorrer o aprendizado.
O encéfalo humano, ou cérebro propriamente dito, está localizado envolto de 
uma estrutura de ossos (interior do crânio), o qual é protegido por um conjunto de três 
membranas, que são as meninges. Ele é constituído por células neurais conhecidas como 
neurônios, que possuem um corpo celular, composto de núcleo (onde está o DNA) e da 
maior parte do citoplasma.(BEAR; BW, 2017)
Esta célula possui grandes prolongamentos, chamados de dendritos, que são áreas 
receptoras de estímulos, e o axônio, por onde o impulso nervoso é propagado para longe do 
corpo celular. Os corpos celulares estão localizados em áreas restritas do sistema nervoso 
central (encéfalo e medula espinhal) e dos gânglios, enquanto os seus prolongamentos 
se distribuem por todo o corpo em feixes chamados nervos, o que constituem o sistema 
nervoso periférico. 
7UNIDADE I Neurofisiologia
FIGURA 01 - SISTEMA NERVOSO HUMANO
O sistema nervoso central é constituído pela medula espinhal e pelo encéfalo, o qual 
se situa dentro da caixa craniana, enquanto a medula espinhal percorre o canal medular da 
coluna vertebral. Olhando no percurso do final de medula para o crânio, o encéfalo se inicia 
por um conjunto de estruturas antigas que já existiam nos vertebrados mais primitivos, o 
chamado tronco cerebral (composto de bulbo, ponte e mesencéfalo) e o cerebelo que se 
aloja “a cavaleiro” sobre o tronco cerebral. O tronco cerebral se liga diretamente à medula 
espinhal e, por meio dessa, exerce efeitos fundamentais no controle de muitas de nossas 
funções internas básicas como a regulação da respiração, da pressão arterial, do funcio-
namento cardíaco e da digestão. (HALL, 2017). O cerebelo, por outro lado, é fundamental 
na regulação de nossos movimentos externos, garantindo a sua coordenação e o nosso 
equilíbrio postural.
8UNIDADE I Neurofisiologia
B) Neurônios
Como todo o corpo humano que é constituído de células, o cérebro também possui 
seu repertório, sendo as células nervosas chamadas de neurônios e as de suporte deno-
minadas células da glia. Acredita-se que cada cérebro possui aproximadamente 86 bilhões 
de neurônios e mais de 20 milhões de neurônios na célula espinal. Já o número das células 
glias chegam a 84 bilhões.(LENT, et al. 2012.).
Estas células têm uma função extremamente importante na função do cérebro, 
pois se comunicam e fazem uma transmissão de dados entre elas, o que resulta na 
propagação e manutenção de informações que servirão de base para o funcionamento 
da aprendizagem e da memória. 
Considera-se que todo neurônio possui em miniatura a capacidade integradora de 
todo o sistema nervoso, podendo transformar a informação e transmiti-la a outros neurônios. 
O centro do neurônio é chamado de corpo celular (ou soma ou pericário). Dentro do corpo 
celular tem um núcleo, e dentro do núcleo tem um nucléolo. O núcleo é grande e torna o 
neurônio claramente distinto de outras células do SN. (BEAR; BW, 2017).
Estas conexões são chamadas de sinapses estima-se que ocorram no mínimo 100 
trilhões de conexões neurais em um adulto, ocorrendo por meio de sinais elétricos, na 
qual estes impulsos nervosos direcionam ao longo de grandes distâncias em milésimos de 
segundos, percorrendo entre o SNC, SNP e SN. São tantas conexões que Gerald Edelman, 
um neurobiólogo vencedor do Prêmio Nobel, estimou que levaria 32 milhões de anos para 
contar o número de sinapses no Sistema Nervoso Central.
Para que possam manter-se unidos os neurônios, o próprio cérebro conta com a 
células de suporte (células da glia), que atendem às necessidades dos neurônios para que 
se mantenham promovendo a sinapses, o que requer que se tenha as mesmas quantidades 
de neurônios e células gliais. (COSENZA, 2011).
Durante muito tempo acreditou-se que nós humanos ao nascermos já possuíamos 
uma quantidade determinada de neurônios e que ao longo da vida perdiam-se, chegando 
à velhice com uma perda considerável, o que justificava as demências, ou como eram 
chamados a “caduquice”.
Atualmente sabe-se que as células neurais são produzidas ao longo de todo o 
desenvolvimento humano, tendo picos em faixas etárias e declínios em momentos específi-
cos, o que justificam e nos permite compreender as demências que vem com a idade, como 
o caso da senescência e as degenerativas como o Alzheimer.
9UNIDADE I Neurofisiologia
Ao contrário de outras células do corpo, eles não podem ser “regenerados” após 
seu tempo de vida útil, hoje com os achados da neurobiologia é possível pensar a reprogra-
mação cerebral por meio da neuroplasticidade. Não obstante, como todo sistema funcional, 
para que novas conexões sejam possíveis com novos neurônios, é necessário que se tenha 
a finitude de conexões e neurônios desgastados.(CARDINALLI, 1992).
Na imagem a seguir é possível compreendercomo é a estrutura anatômica de um 
neurônio e ilustrar como funcionam suas partes. Para atender a essas tarefas, o neurônio 
é assim organizado: (I) um segmento receptivo (dendritos e corpo celular); (II) um seg-
mento condutor (axônio); e (III) um segmento efetor (sinapse). (KANDEL et al., 2014).
(I) Segmento receptivo: Normalmente, existem vários dendritos que se estendem 
a partir do corpo celular, mas apenas um axônio. Os dendritos podem se ramificar para 
formar uma massa de processos dendríticos. Isso é vantajoso, porque o papel dos dendri-
tos é receber sinais de outros neurônios. Os dendritos também podem ter neles pequenos 
espigões ou espinhas, que aumentam sua área de superfície e, portanto, permitem que 
mais informações sejam recebidas. 
(II) Segmento condutor: O axônio é responsável por levar o impulso nervoso a 
outros neurônios. Os axônios podem ser curtos ou muito longos (o mais longo é pouco mais 
de 1 m). A vantagem de ter axônios de diferentes comprimentos é que permite que eles se 
comuniquem com neurônios que estão muito distantes ou muito próximos do axônio (KAN-
DEL, 2014). O axônio deixa o corpo celular em um ponto chamado de Cone de implantação 
ou o segmento inicial ou zona de disparo. No final do axônio há um ligeiro alargamento 
semelhante a um botão chamado terminal axonal. 
(III) Segmento efetor: Isso também tem vários nomes, incluindo botão terminal ou 
botão sináptico. O terminal axonal normalmente é encontrado perto do neurônio que recebe 
a mensagem do axônio.
FIGURA 02 - ESTRUTURA E COMUNICAÇÃO DOS NEURÔNIOS
10UNIDADE I Neurofisiologia
A comunicação sináptica ocorre por meio da liberação de substâncias químicas 
conhecidas como neurotransmissores que são liberados através de impulsos nervosos, no 
espaço conhecido como fenda sináptica. 
O neurônio é cercado por fluido extracelular, assim chamado porque existe fora 
da célula (este também é conhecido como fluido intersticial). O fluido dentro da célula é 
chamado de fluido intracelular. Vários processos se estendem a partir do corpo celular que 
recebe ou envia sinais elétricos. Estes são chamados de dendritos e axônios (HALL, 2017).
O ponto de contato entre o botão do terminal e o outro neurônio é chamado de si-
napse. É aqui que a informação é enviada de um neurônio para outro. No SNP, os botões 
terminais podem formar sinapses com células musculares (OLIVEIRA; LENT, 2018). A comu-
nicação na sinapse é possível graças à liberação de substâncias químicas conhecidas como 
neurotransmissores. Estes são armazenados nas vesículas sinápticas do botão do terminal. 
C) A Mielinização
Constantes processos estão presentes no funcionamento cerebral, no entanto o 
axônio é um dos processos mais importantes da célula, estando envolvo de uma membrana 
axonal. Normalmente estão cercados de uma bainha de mielina, que é composto por várias 
camadas de gordura (lipídios), cerca de 80% e 20% de proteínas que formam a mielina, no 
qual tem a função de “isolar” os axônios do que está a sua volta. O distanciamento permite 
reduzir a perda do fluxo de corrente do axônio para o fluido circundante, além de ajudar a 
condução rápida de impulsos nervosos.(KANDEL, 2014)
Quanto maior a espessura da bainha, mais ligeiro é a velocidade da condução do 
sinal, desta forma pode-se ter axônios mielinizados (cobertos) e não mielinizados (não co-
bertos). No caso de patologias que envolvem o sistema nervoso, como esclerose múltipla ou 
esclerose lateral amiotrófica os axônios sobre a desmielinização da bainha, promovendo o 
retardamento considerável da condução do sinal ou interrompê-lo por completo. (HALL, 2017)
A bainha de mielina tem formato cilíndrico o que produz uma aparência esbran-
quiçada, por conta do teor de gordura, produzida por um tipo específico de célula da glia 
chamada de oligodendrócito. A mielinização inicia desde o nascimento e continua até a 
idade de dois anos, potencialmente terminando durante a adolescência ou a idade adulta.
(OLIVEIRA; LENT, 2018)
D) Como os neurônios se comunicam
Os neurônios se comunicam entre si, enviando impulsos elétricos chamados poten-
ciais de ação, que refere-se à fonte de atividades elétrica- o método de comunicação dos 
neurônios é, portanto, elétrico. Esta comunicação depende da excitabilidade do neurônio 
– sua capacidade de reagir a um estímulo de uma descarga elétrica (ou corrente ou impulso 
– todas essas palavras se referem à mesma coisa).(COSENZA, 2011).
11UNIDADE I Neurofisiologia
O potencial de ação é produzido por partículas carregadas chamadas íons, que pas-
sam através da membrana celular. O líquido extracelular e intracelular contém íons que são 
carregados positivamente (cátions) ou carregados negativamente (ânions). A frase familiar 
“os opostos se atraem”, tem sua origem na química eletrolítica, por que enquanto os íons car-
regados de forma semelhante se repelem, os íons carregados de forma diferente se atraem. 
A força produzida por essa repulsão e atração é chamada de pressão eletrostática. 
Existem muitos íons diferentes distribuídos de forma desigual dentro e fora da membrana 
celular (intracelular e extracelularmente). É essa distribuição que dá à membrana. A mem-
brana possui uma carga elétrica, pois existem íons positivos e negativos dentro e fora da 
membrana celular (FUJITA, 1988, apud OLIVEIRA; LENT, 2018).
Partindo do preconceito social em relação à quem é de humanas ou de exatas, geral-
mente os que buscam o campo da educação, com exceção das áreas de matemática, física 
e química, os demais fogem forte de cálculos. Pois bem! Já pensou que na pós graduação, 
reencontraria o terror do ensino médio, os benditos elementos químicos da tabela periódica. 
A membrana é seletivamente permeável aos íons, ou seja, permite apenas certos 
íons. Talvez os íons mais significativos sejam Na (sódio), K+ (potássio), Ca²+ (cálcio) e 
Cl- (cloreto).Os íons de potássio, sódio e cloreto são encontrados em fluidos extracelulares 
e intracelulares, embora haja mais potássio no fluido intracelular e mais sódio e cloreto no 
fluido extracelular. O cloreto é o ânion extracelular mais proeminente. Os tipos de abertura 
dos canais iônicos que são controlados por neurotransmissores são chamados de trans-
missores ou ligantes (OLIVEIRA; LENT, 2018).
FIGURA 03 - POTENCIAL DE AÇÃO
12UNIDADE I Neurofisiologia
Alguns canais são regulados pela magnitude do potencial de membrana. Esses 
canais são chamados de canais iônicos sensíveis à voltagem ou voltagem-dependentes, 
e são estes que são responsáveis por produzir o potencial de ação. A permeabilidade da 
membrana, isto é, a capacidade de permitir que o potássio entra ou sai, depende não só de 
quantos canais existem, de como eles não são distribuídos e de quanto eles abrem, mas 
também do gradiente de concentração do íon. Quanto mais concentrado for, maior o fluxo 
de íons (RADANOVIC; KATO-NARITA, 2016 ).
E) Células gliais – célula da glia
Embora elas não colem estritamente partes do sistema nervoso em conjunto, as 
células gliais ou de suporte ajudam a ligar neurônios e seus processos juntos. Embora 
cerca de 50 por cento das células do cérebro sejam células gliais, até recentemente foram 
pensadas para desempenhar funções bastante secundárias, como atender às necessida-
des dos neurônios. No entanto, agora parece que as células gliais podem determinar o 
número de sinapses geradas no cérebro (HERCULANO-HOUZEL, 2014).
A descoberta seguiu outro achado extraordinário: as sinapses de neurônios cresci-
dos com astrócitos – um tipo de célula glial – eram dez vezes mais ativas que as cultivadas 
sem astrócitos. A mera proximidade das células gliais aos neurônios torna os neurônios 
mais sensíveis. Os neurônios expostos a células gliais podem formar sete vezes mais 
sinapses que aqueles que não estão expostos.
Abaixo compreenderemos os três tipos de células gliais, suas funções distintas e a 
estrutura:
TABELA 01 - TIPOS DE CÉLULA GLIA E SUAS FUNÇÕES
CÉLULAS GLIAS FUNÇÕES ESTRUTURAS
Astrócitos(astróglia)
São responsáveis pela fagocitose, 
o processo pelo qual as células 
mortas são engolidas e digeridas. 
Eles também produzem tecido 
cicatricial quando o SNC está 
danificado ou ferido.
Possuem capilar, pé, 
astrócito fibroso e 
nodos de Ranvier.
Oligodendrócitos
(oligodendróglia)
Suporta o SNC, e tem como 
principal função produzir a mielina. 
Encontra-se muito 
perto do corpo celular, 
o que se denomina de 
células satélite.
Microglias Possui propriedades fagocíticas e é 
pensado que é ativado em resposta 
a algum dano ao cérebro, como 
inflamação, tumor ou infecção. 
Destroem materiais invasores, 
removem material perigoso e 
promovem o reparo de tecidos ao 
secretar o fator de crescimento.
Seu tamanho 
pequeno as torna 
difíceis de identificar; 
parecem não ter 
características 
estruturais muito 
claras.
Célula de Schwann Dá suporte ao SNP ao isolar os 
processos do sistema. Orientam de 
forma física aos axônios que estão 
brotando ou que foram danificados.
Alguns estão 
mielinizados e outros 
não, estas últimas 
são chamadas de 
Schwann terminais.
Fonte: KRUSZIELSKI, 2019 (adaptado).
13UNIDADE I Neurofisiologia
2. BASES NEUROBIOLÓGICAS GERAIS DA NEUROFISIOLOGIA
Aqui discutiremos sobre as bases neurobiológicas de como o cérebro interpreta, 
compreende e apreende as informações dos contextos vivenciados. Todo aprendizado de-
pende de uma série de mecanismos que o cérebro se desdobra para fazer, com o objetivo 
de dar sentido e clareza aos estímulos, resultando na assimilação e no comportamento, 
como forma de interação com o meio.
Como já dissemos, nosso corpo de organiza partir do Sistema Nervoso Central 
(SNC) e o Sistema Nervoso Periférico (SNP), sendo o primeiro responsável por receber e 
enviar impulsos elétricos, formado pelo encéfalo e medula espinhal, e o segundo, por sua 
vez, composto por nervos e gânglios (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2014). O SNC pode ser 
compreendido por meio de quatro lóbulos: Frontal (funções executivas), Temporal (linguagem 
e comunicação), Parietal (memória) e Occipital (visão). Esse conglomerado de estruturas e 
perspectivas sobre o mesmo objeto corrobora a complexidade da dinâmica cerebral, consi-
derando o fluxo desde a percepção do estímulo até a resposta por meio de comportamento.
Cosenza (2011), nos apresenta como funcionam estes fluxos e suas etapas:
a) O primeiro passo, ocorre nos nossos órgãos de sentido, que percebem a informa-
ção e impulsos elétricos são enviados para o cérebro, sendo recebido pelo SNC; 
14UNIDADE I Neurofisiologia
b) No momento seguinte as regiões da comunicação, farão o processamento e 
identificação do estímulo/objeto, e ao mesmo tempo, buscará na memória os 
sentimentos e emoções; 
c) Na sequência os impulsos recebidos no cérebro, em conjunto com a memó-
ria, produzem hormônios e ativam os neurotransmissores, de acordo com o 
armazenamento. Se for algo positivo, reações positivas, memórias negativas, 
pensamentos negativos; 
d) Na quarta etapa deste fluxo, os pensamentos são gerados e direcionados para 
uma resposta em relação ao estímulo recebido, desta forma impulsos elétricos 
são disparados e comandam as áreas do cérebro responsável pelas emoções; 
e) E por último, ao ativar as emoções, os hormônios provocam no corpo as respos-
tas, podendo ser: comportamentais, fisiológicas ou emocionais.
Todo este processo que ocorre dentro do cérebro depende de ações fisiológicas do 
organismo, a fim de conseguir atingir o ápice do funcionamento neurobiológico, que é promover 
as reações e a comunicação de várias estruturas do cérebro. Todo processo de aprendizagem 
para o cérebro é pautado em volta das emoções, o que auxilia em especial no processo de 
aprendizagem. Mas que áreas estão envolvidas neste fluxo? Vamos descobrir agora.
FIGURA 04 - ESTRUTURAS CEREBRAIS DO PROCESSO DE APRENDER
15UNIDADE I Neurofisiologia
O sistema límbico, está constituído por um conjunto de estruturas responsáveis 
pelas funções emotivas, pois nele existem áreas que estão diretamente ligadas às relações 
da felicidade, por exemplo, bem como: Hipocampo (memórias), Amígdala (emoções), Hipo-
tálamo (Equilíbrio químico do corpo) e etc. Ele é composto por Hipotálamo, Base da Glia, 
Tálamo, Amígdala e Hipocampo; destes nosso foco de aprofundamento será a amígdala, 
que é considerada a sede das emoções (FUENTES et al, 2008). 
Sabe-se que a amígdala está relacionada com o registro na memória de situações 
aversivas. Nesta esteira, podemos argumentar, com Albuquerque e Silva (2009, p. 1, apud 
KENDALL 2012, p. 48) que a amígdala: 
a[...] seria o local dos processos plásticos envolvidos na aquisição e consoli-
dação de informações de conteúdo aversivo e que essa estrutura modularia 
os processos de aquisição e consolidação que ocorreriam em outras estru-
turas. 
Em síntese, mesmo que vários estudos apontem que ela é a peça fundamental 
para a formação de memórias, deve-se enaltecer o importante papel na emoção propria-
mente dita, tanto no reconhecimento, quanto nas expressões fisiológicas das respostas 
emocionais. 
2.1 Neurotransmissores
Já conhecemos as estruturas, os processos fisiológicos, recordamos até de ele-
mentos da tabela periódica. No entanto, ainda temos alguns conhecimentos de reações 
químicas, que precisamos discorrer, embora não consigamos ver suas ações, temos a 
grata felicidade de senti-las ao ponto de nos promover o bem estar ou potencializar o mal 
humor. Estamos falando dos neurotransmissores. (HALL, 2017)
A maioria dos neurotransmissores mais proeminentes é baseada em proteínas. Os 
neurotransmissores podem ser constituídos por moléculas de proteínas pequenas ou grandes. 
Todos os neurotransmissores de pequenas moléculas, exceto a acetilcolina, são aminoácidos 
ou um tipo de aminoácido chamado amina. As moléculas maiores são constituídas por peptí-
deos (proteínas que são constituídas por um pequeno número de aminoácidos). 
Os neurotransmissores são sintetizados no botão terminal por enzimas que viajam 
a partir do corpo celular, e são conhecidos como mensageiros químicos, são produtos 
químicos endógenos que permitem a neurotransmissão, sendo liberados nas vesículas 
sinápticas em sinapses na fenda sináptica, onde são recebidos por receptores de neuro-
transmissores nas células-alvo. Eles desempenham um papel importante na formação da 
vida cotidiana e das funções. Seus números exatos são desconhecidos, mas mais de 100 
mensageiros químicos foram identificados de maneira exclusiva. (CARDINALLI, 1992).
16UNIDADE I Neurofisiologia
Existem muitas maneiras diferentes de classificar os neurotransmissores. Dividi-los 
em aminoácidos, péptidos e monoaminas é suficiente para alguns propósitos de classifica-
ção. Vamos compreender um pouco mais sobre eles:
 I - ACETILCOLINA: A acetilcolina é um neurotransmissor de molécula pequena que 
é sintetizado pela ligação de colina à acetil coenzima Estes são encontrados principalmente 
no sistema motor, especialmente nos neurônios motores do tronco encefálico e da medula 
espinal que inervam os músculos do esqueleto. A química se liga aos receptores de acetilco-
lina. Isso eventualmente produz um potencial de ação que resulta em contração muscular. 
Os receptores podem ser bloqueados, o que às vezes resulta em comprometimento motor. 
(STERNBERG, R.; STERNBERG, K., 2016 apud BEAR; BW, 2017). 
II - MONOAMINAS (AMINAS BIOGÊNICAS) Para a dopamina, existem os chama-
dos receptores D1 e D2, que são diferentes em função e distribuição. A noradrenalina e a 
adrenalina possuem receptores alfa e beta, que às vezes produzem efeitos completamente 
diferentes. A serotonina possui vários tipos de receptores. Toda essa divergência de recep-
tores significa que uma monoamina pode inibir e excitar, dependendo do tipo de receptor 
que contata (MACKAY, 2006, apud HALL, 2017). 
III - GLUTAMATO: O glutamato é um aminoácido excitatório e é servido por recep-
tores ionotrópicos e metabotrópicos. Dentre os ionotrópicos,o ácido α-amino hidroxi metil 
isoxazol propiônico (AMPA) e o cainato são responsáveis pela despolarização rápida. Os 
neurônios pré-sinápticos contendo glutamato podem controlar a liberação do neurotrans-
missor de locais de liberação específicos (RANG et al., 2016). Eles podem fazer isso através 
de auto receptores pré-sinápticos, que dão feedback sobre a ação do neurotransmissor 
previamente liberado. 
IV - ÁCIDO Y-AMINOBUTÍRICO: O ácido γ-aminobutírico (ou GABA) é o mais co-
mum dos neurotransmissores do SNC de aminoácidos inibitórios. Este transmissor produz 
hiperpolarização abrindo canais de cloreto ou canais de potássio. O GABA tem dois tipos 
de receptor: GABAA e GABAB. O receptor A é responsável pela inibição présináptica e 
medeia a permeabilidade da membrana ao cloreto; O receptor B medeia a permeabilidade 
ao potássio. Drogas como benzodiazepinas e barbitúricos (os chamados medicamentos 
antiansiedade) se ligam a esses locais receptores e aumentam os efeitos do GABA, seja 
aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto ou prolongando essa abertura 
quando ocorre (HALL, 2017).
17UNIDADE I Neurofisiologia
V - GLICINA: A glicina é outro neurotransmissor inibitório encontrado no tronco ence-
fálico e nos interneurônios da medula espinal. Sua principal função parece ser a inibição dos 
neurônios motores: por exemplo, o bloqueador dos receptores de glicina, a estricnina, causa 
espasmos musculares (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2010 apud BEAR; BW, 2017).
Os neurotransmissores desempenham funções diversas e contundentes para o de-
senvolvimento de áreas do corpo, além de fomentar a produção de outra substâncias como 
os hormônios que tem características específicas, como é o caso do cortisol, serotonina, 
noradopamina, adrenalina entre outros que veremos na próxima unidade.
SAIBA MAIS
Embora os neurotransmissores desempenham um papel muito importante, em algumas 
pessoas eles podem apresentar algum déficit na produção, desta forma, é necessário a 
busca por um profissional especializado da medicina, a fim de prescrever medicamentos 
que possam auxiliar na produção. Podem ser os medicamentos conhecidos como psico-
trópicos ou os benzodiazepínicos.
Fonte: RANG, H. P. [et. al.]. Farmacologia. [Tradução Gea Consultoría Editorial]. - 8. ed. - Rio de Janeiro 
: Elsevier, 2016
REFLITA
“A neuro é uma arte; e para realizá-la como arte, requer um cuidado tão primoroso como 
a obra de um pintor ou escultor. Mas o que é lidar com a tela morta ou o frio mármore 
comparado ao tratar do corpo vivo? A neuro é arte, e eu quase diria, a mais belas de 
todas”
Fonte: Parafraseando, Florence Nightingale.
18UNIDADE I Neurofisiologia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E agora? Está mais claro como funciona esta máquina de produzir pensamentos? 
Fascinante entender as especificidades do sistema nervoso não é mesmo. A compreensão 
do sistema nervoso central e as estruturas que fazem parte nos permite descortinar hori-
zontes a respeito do funcionamento cerebral.
Conhecer os neurônios as trocar e reações químicas que ocorrem, nos permite 
pensar o humanos como um ser dotado de complexidades acima de tudo, no entanto, com 
particularidades e subjetividades que podem ser explicadas pelo olhar na neurofisiologia 
do corpo humano.
Nesta unidade pode-se ter contato com informações valiosas e enriquecedoras 
sob o ponto de vista fisiológico do cérebro, o que é ponto de partida para todos os nossos 
comportamentos, sentimentos, emoções e formas de interagir com o meio que nos cerca. 
Foi possível construir um alicerce para aqueles que desejam enveredar pelo campo da 
educação ou aos que já estão neste contexto, a fim de promover as reflexões acerca das 
possibilidades e dos limites de cada sujeito, identificando que toda pintura ou ilustração, 
existe uma mágica que acontece por detrás da tela.
19UNIDADE I Neurofisiologia
LEITURA COMPLEMENTAR
Quantas vezes você já pensou nas emergências existentes no campo educacional? 
Das mudanças e transformações que se tornam cada dia mais frequentes na aprendiza-
gem? O professor Milton Antonio Zaro, neurocientista, faz algumas reflexões no seu artigo, 
com o título: Emergência da Neuroeducação onde trata de novos paradigmas na pesquisa 
educacional e traça um paralelo à neurociências o qual prevê a integração dos achados 
de pesquisas das Neurociências às necessidades de identificação das melhores formas de 
ensinar, para potencializar os resultados do aprendizado. 
O fundamento desta nova área interdisciplinar de estudo é prover caráter científico à 
pesquisa educacional, estabelecendo um framework teórico e metodológico para que possam 
ser testadas as melhores práticas pedagógicas. Além disso, contextualiza ideias e produções, 
com este enfoque, realizadas nos últimos anos, por um grupo de pesquisadores ligados à 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e outras instituições da região e sugere que esta 
nova área possa também balizar o desenvolvimento e a pesquisa sobre o uso de produtos 
educacionais, em especial aqueles que se utilizam das tecnologias computadorizadas, como 
a multimídia, os vídeos e os projetos integrados de múltiplos recursos e funções. 
Vale a pena conferir o artigo na íntegra. Segue referências e link para acesso.
Fonte: ZARO, Milton Antonio et al . Emergência da Neuroeducação: a hora e a vez da neurociência para 
agregar valor à pesquisa educacional. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro , v. 15, n. 1, p. 199-210, abr. 2010 . Disponível 
em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806=58212010000100016-&lng=pt&nrm-
iso. Acesso em: 05 maio 2021.
20UNIDADE I Neurofisiologia
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Neurociências e Educação: como o cérebro aprende 
Autor: CONSENZA, R. M.; GUERRA, L. B.
Editora: ARTMED.
Sinopse: O cérebro é responsável pela forma como processamos 
as informações, armazenamos o conhecimento e selecionamos 
nosso comportamento, dessa forma compreender seu funciona-
mento, seu potencial e as melhores estratégias de favorecer seu 
pleno desenvolvimento é foco principal de estudo e trabalho tanto 
dos profissionais da saúde mental como da educação.
FILME/VÍDEO 
Título: Fisiologia - Organização do SNC, Sinapses e Neurotrans-
missores (Capítulo 46/45) PARTE 1
Ano: 2020.
Sinopse: Esta vídeo-aula é um resumo do capítulo 46 da 13ª 
edição do livro Guyton & Hall e Fisiologia Humana, que equivale 
ao capítulo 45 da 12ª edição. O capítulo fala sobre a organização 
do Sistema Nervoso Central, mecanismo geral das sinapses e 
neurotransmissores. Algumas imagens foram retiradas do livro 
Silverthorn de Fisiologia Humana.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=BEJQaVMctOo
21
Plano de Estudo:
● Conceitos e definições das bases neurobiológicas da memória;
● Tipos de memória e demências;
● Campos de estudo do processo neurofisiológico da aprendizagem.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar os processos da memória e aprendizagem;
● Compreender os tipos de aprendizagem, memória e o processo neurofisiológico;
● Estabelecer a importância da relação entre aprendizagem, 
memória e como o cérebro aprende.
UNIDADE II
Neurofisiologia da 
Aprendizagem e Memória
Professor Me. Frank Duarte
22UNIDADE I Neurofisiologia 22UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
INTRODUÇÃO
Por que lembramos de algumas coisas e outras não? Já parou para pensar quantas 
coisas temos contato ao longo de um dia inteiro, e que pouco conseguimos nos recordar no 
dia seguinte. Você que está estudando já deve ter passado por algum momento, em que 
leu, estudou, interpretou o texto, foi dormir e no dia seguinte não se recorda de muita coisa. 
Isso é quase que rotina para muitas pessoas que têm lapsos de memória ou falta de 
atenção, o que compromete o processo de aprendizagem e aquisição de novas informações. 
Desta forma, acabam por vivenciarem um constante ir e vir de informações, para que possam 
gravar e não esquecer mais, ou se debruçam horas estudandopara fazer uma prova.
No entanto, isso não é algo apenas relacionado ao estudo, também é possível 
perceber pessoas com dificuldades de guardar informações que acabaram de ter acesso. 
Por exemplo, qual o nome completo desta disciplina? E desta unidade? Normalmente isso 
é resultado de interferências no processo de aprendizagem, onde o cérebro não consegue 
fazer o processo correto e armazenar o conhecimento.
Já imaginou? Como se lembrar de algo que você ainda nem guardou? Vamos 
nesta unidade conhecer os processos neurofisiológicos da aprendizagem e da memória e 
compreender de fato, como o cérebro aprende. Bons estudos!
23UNIDADE I Neurofisiologia 23UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
1. BASES NEUROFISIOLÓGICAS DA MEMÓRIA
Alguns processos do cérebro são ainda misteriosos, mas os avanços neurocientí-
ficos já nos possibilita compreender alguns fenômenos que colaboram para o desenvolvi-
mento não só do sujeito, como da humanidade. O primeiro passo, já descrito, foi identificar 
e conseguir entender como se dão as conexões neurais e suas respectivas respostas ao 
comportamento, assim sendo, tem-se a magnífica condição de explicar como funcionam os 
processos da memória e da aprendizagem.
Segundo Souza e Salgado (2015), a memória faz de nós aquilo que somos e o que 
ainda podemos vir a ser, ao passo que cada lembrança que é recordada ou esquecida faz 
com que nos tornemos únicos, pois mesmo que duas pessoas vivenciem uma mesma expe-
riência ou situações, serão registradas recordações diferentes. Izquierdo (2011), reverbera 
afirmando que o conjunto de memórias nos faz únicos e influencia a personalidade, assim 
sendo, nenhuma pessoa é capaz de ser igual a outra, pois mesmos irmãos gemelares 
monozigóticos, se organizam em seres humanos distintos de acordo com as experiências 
de memórias que tiveram.
Se pensarmos embrionariamente, os primeiros folhetos embrionários darão origem 
ao cérebro e das estruturas cerebrais o primogênito dará formato e vida à área específica 
da memória, que convergem o cérebro: amígdala, córtex órbito-frontal, hipocampo, hipo-
tálamo, dentre outras Damásio (2011). Embora as informações sejam armazenadas em 
lugares distintos, há convergências para regiões específicas do cérebro. Essas regiões 
24UNIDADE I Neurofisiologia 24UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
são utilizadas na formação e na evocação da memória (IZQUIERDO, 2011). Esta estrutura 
está localizada na parte no córtex parietal e temporal, na qual tem a função de decodificar 
e armazenar as informações, que se transformarão em conhecimento (COSENZA, 2015). 
Aproveito para apresentar uma diferenciação que fiz num livro intitulado “Aluno significado 
e professor significante” publicado em 2017, onde “informação é um conjunto de dados 
que armazenamos de forma provisória, e conhecimento é um conjunto de informações que 
armazenamos de forma permanente” (DUARTE, 2017, p.23).
Esta especificação entre as diferenças é preponderante para estudarmos a me-
mória e posteriormente o aprendizado. Pensemos… “Você sabe o que é um carapanã?” 
Se sim, ótimo. isso quer dizer que sua memória está perfeita. Se você não sabe, fique 
tranquilo, isso não é sinal de memória ruim, apenas sinal de que “carapanã”, não faz senti-
do para você, exatamente por ser desconhecido. Assim funciona nossa memória, pois só é 
possível lembrar daquilo que um dia foi aprendido, ou seja, só encontramos nas caixinhas 
de lembranças, aquilo que um dia foi guardado.
Mas o que isso tem a ver com os processos neurofisiológicos da memória? Pois 
bem, é o que vamos discutir agora! Antes vou contar uma experiência e tirar sua dúvida 
do que significa “carapanã”. Em 2008 tive o privilégio de morar no Amazonas, mais pre-
cisamente na capital Manaus, e como vários sulistas conheciam o básico ensinado na 
escola sobre o Amazonas, na minha grande ignorância, pensava que só existia água, 
índio, mato e onça. No segundo final de semana que eu estava por lá, fomos conhecer um 
Hotel de Selva, lugar distante da área urbanizada e que explorava uma parte comercial 
da mata Amazônica. 
Ao chegar e adentrarmos nossos chalés, fomos advertidos sobre o seguinte aspec-
to: “Cuidado! Lá pelas 17 horas é necessário vir aqui e fechar as janelas, senão o carapanã 
entra. “Disse num tom aterrorizador a nossa guia. Como ainda era cedo, o dia já não me 
desce tão lindamente, por que a minha única preocupação era ter cuidado com o bendito 
carapanã. Nem almocei direito e lá pelas 15h00, disfarçadamente fui para o chalé e com 
muito cuidado pé, por pé, fui fechando as janelas. Fui interrompido pela minha amiga que 
me perguntou o porquê daquilo e eu logo respondi: “- menina, você ouviu a guia dizer, tem 
que ter cuidado com o Carapanã!”, E ela num tom de deboche me disse: “ - você sabe o 
que é Carapana?”. Naquela hora não hesitei. “ - Não sei o que é não, mas pelo tamanho 
do nome CA-RA-PA-NÃ, deve comer a gente uma bocada só!”. Ela caiu na gargalhada 
e me disse: “-Deixa de ser besta, carapanã é o pernilongo, muriçoca.. é um mosquito”. 
Envergonhado, me senti aliviado e pude aproveitar melhor o local.
25UNIDADE I Neurofisiologia 25UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
Relato sempre este episódio, porque aqui além de medo, aventura e comédia, tem 
também muito dos aspectos neurofisiológicos da memória. Meu órgão de sentido ao cap-
turar a informação auditiva da palavra CA-RA-PA-NÃ, enviou para minha área do cérebro 
chamada de Werneck, ao qual decodificou o fonema e enviou para minha base de dados 
hipocampo, que não identificou nenhuma informação exata ou similar. Assim, a busca fez 
algumas devolutivas, sendo uma delas a área de broca, com a seguinte mensagem “Não 
sabemos do que se trata”, e outra à amígdala “Perigo, perigo, fique atento” (o que me fez 
sentir medo), a mensagem enviada para área de broca, não me permitiu ter nenhuma 
reação à não ser o receio ou medo pelo desconhecido. A amígdala é, em geral, mencionada 
no contexto do aprendizado do medo ou de outras respostas emocionais negativas, mas 
ela também participa no processamento de memórias relativas a emoções positivas (LOM-
BROSO, 2004). É exatamente assim que nos sentimos quando estamos lidando com algo 
que ainda não temos informações.
A capacidade de gerar aprendizado ou não da informação dependerá das conexões 
da memória de trabalho com os demais sistemas mnemônicos, que são técnicas utilizadas 
no processo de memorização e podem ser mecanismos criados pelo próprio cérebro, que 
auxiliarão no resgate da informação (SOUZA, SALGADO, 2015).
No entanto, ao receber a informação capturada pelo menos órgão de sentido 
(ouvido), o que era o carapanã, ocorreu o mesmo processo, só que desta vez ela foi acom-
panhada de uma informação que eu já conhecia o pernilongo, e isso fez com que ao chegar 
no hipocampo, ele identificasse e sentisse mais aliviado, “ahhh sim, agora eu sei do que se 
trata” e a amígdala teve a sensação “última forma galera, tá tudo tranquilo, com um tapa já 
resolvemos o problema”.
A Memória é compreendida como um sistema complexo e múltiplo combinado por 
arranjos de codificações ou subsistemas que permitem a armazenagem e a recuperação 
de informações no cérebro (SOUZA, SALGADO, 2015). E este processo de memória nos 
faz relembrar o conceito de Jean Piaget, quando pensamos na formação ou aquisição de 
linguagem ou novo conhecimento.
O aprendizado e aquisição de memória por vezes podem ser considerados sinôni-
mos, haja visto que só pode-se gravar aquilo que foi aprendido, ou seja, nada pode ser 
reconhecido ou recordado, sem antes ser percebido (BARTLETT, 1995).
Tem-se a necessidade de ter uma base, ou seja, uma informação prévia, para que 
seja possível ancorar um novo conhecimento, e este conhecimento ficará armazenado a 
ponto de ser possível seu resgate sempre que necessário. Tudo aquilo que temos contato 
na vida não necessariamente se tornarámemória, mas se um dia ela se tornar, jamais será 
perdido, a não ser que seja vítima de Alzheimer.
26UNIDADE I Neurofisiologia 26UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
2. DEMÊNCIAS E TIPOS DE MEMÓRIAS
Esta se caracteriza por uma perda intensa de capacidade cognitiva, com diminuição 
de memória declarativa (isto é, aquela que os indivíduos podem “declarar” que existe e/ou 
reconhecem como memória) e dificuldades de comunicação, bem como sintomas psiquiá-
tricos, como apatia, depressão e agitação/agressividade, estas últimas principalmente na 
fase inicial. (MARCO, ISQUIERDO, 2007).
De que forma estas doenças neurológicas ou as demências advindas da idade, 
podem causar essa perda de memória? Os dados estão presentes em cada neurônios, eles 
são uma espécie de “pen drive”, que carregam estes dados, como já vimos no cérebro ocorre 
um fenômeno chamado de sinapse, que é quando um neurônio conversa com o outro. Ao 
fazer este contato, há uma transferência de dados, da mesma forma como se conectar o pen 
drive no computador, e assim essa informação é compartilhada. No entanto, cada neurônio 
não possui uma vida útil muito longa (LEIBING, 1997), o que faz com que se as conexões 
demorarem ou a vida útil dos neurônios diminuirem, corremos o risco de perder a informação.
De forma geral quando há uma lentidão da transferência de informação (por conta 
da velhice, demências ou uso de medicamentos) ou quando sobrecarregamos os neurô-
nios (uso de medicamentos que “aceleram” a memorização ou síndrome do pensamento 
acelerado) perde-se a capacidade de registro da informação. Este registro é o que me faz 
poder relembrar, ou vasculhar minhas caixinhas e encontrar aquilo que eu tinha guardado. 
Assim, o Alzheimer uma doença neurodegenerativa do Sistema Nervoso Central (MARI-
27UNIDADE I Neurofisiologia
NHO, LAKS, ENGELHARDT, 1997), faz com que haja a perda de memória recente, por ter 
dificuldades de promover as conexões entre os neurônios e assim, aumentar a dificuldade 
de registrar os conteúdos trazidos pelos órgãos de sentido. 
É comum as pessoas acometidas desta demência apresentarem relatos de relem-
brar momentos, episódios e fases da infância e não se recordar de detalhes do que comeu 
no café da manhã, se desligou o fogão, se fechou a porta ou desligou o chuveiro. A perda 
de memória curta, aquela que se destina a atividades rotineiras , sofre com o início da DA 
(IZQUIERDO, 2011).
Sei que deve estar se perguntando: “Nossa, então eu tenho Alzheimer, vivo esquecen-
do as coisas?!”. Calma. Esta doença é comum em pessoas com idade acima de 60 anos, que 
apresentam comprometimento em outros cenários da vida, bem como outras características, 
mas acabam afetando as conexões de neurônios alocadas na área do hipocampo. Segundo 
Marco e Izquierdo (2007), a proporção de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos 
passou de 6% em 1975 para 7,9% em 2000, estimando-se que chegue a 15,4% em 2025. 
E se você tem menos de 60 anos e também apresenta estas dificuldades, ou já 
passou por situações de não se lembrar de onde estacionou o carro, não conseguir lembrar 
qual foi o caminho que fez, ou onde guardou o dinheiro? Tem uma situação que sempre acho 
hilário. Você está deitado na cama no seu quarto e sente sede, aí de repente se levanta vai 
até a cozinha, chega lá e se pergunta: “o que eu vim fazer aqui?” Parece que estou vendo 
você balançar a cabeça com sinal de sim, ou dizer a você mesmo, eu também já fiz isso. 
Acalmem os corações. Isso não é sinal de Alzheimer. Na nossa sociedade que vive a 
mil por horas, tentando fazer trilhões de coisas ao mesmo tempo, isso é apenas um sinal de 
que precisamos parar e prestar atenção no que estamos fazendo. Isso é problema no Registro 
da Informação. Segundo a Abneuro- Associação Brasileira de Neurologia, as pessoas precisam 
ficar atentas para a falta de atenção, que ocorre quando a informação não é armazenada, 
assim dois fatores que interferem são o estresse e a depressão. (ABNEURO, 2021).
O dilema vivido por muitas pessoas que apresentam este problema para registrar a 
informação, pode ser causado por alguns fatores e o mais comum deles é a falta de atenção. 
Independentemente da idade, podemos ser vítimas do déficit de atenção momentânea, o 
que traz como resultado o não processamento da informação e como consequência a falha 
na comunicação das áreas cerebrais na hora de buscar a informação. 
A turbulência de coisas a serem feitas e a quantidade de informações que recebemos 
desde que acordamos até a hora que vamos dormir, faz com que tenhamos dificuldades 
de decodificar, ancorar e armazenar tudo isso, ao ponto de evocar quando for necessário. 
28UNIDADE I Neurofisiologia 28UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
(FUENTES; MALLOY-DINIZ; CAMARGO; COSENZA, 2008). Se no caso que citamos sobre 
não se recordar da água, antes de sair do quarto, tivéssemos planejado o que iríamos fazer 
na cozinha, teríamos mais chance de relembrar, ou seja, o que faltou neste caso, foi registro 
da informação. O que mesmo que ocorreu se você ao ler isso não se recorda do “caso da 
agua”. Quer ver outro desafio? Sem retornar a leitura, qual é o nome do bicho que ficou com 
medo no Amazonas? Se você se recordou, é porque ele deixou de ser informação e se tornou 
conhecimento, mas não foi isso que ocorreu, lamento, amanhã já terá esquecido dele. 
Este aglomerado de conhecimento que existe no hipocampo, conhecido como 
memória, tem tipos diversos e durações diferentes também, de acordo com , as memó-
rias podem ser divididas em dois gigantescos grupos: a) as declarativas (eventos, fatos, 
conhecimentos) localizado no lóbulo temporal e; b) as de procedimentos ou hábitos, que 
adquirimos e evocamos de maneira mais ou menos automática (andar de bicicleta, usar 
um teclado) que dependem basicamente de circuitos subcorticais que incluem o núcleo 
caudato e circuitos cerebelares (ISQUIERDO; FURINI, 2013).
Abaixo podemos ver um diagrama que demonstra como se ramifica estes dois 
grupos.
FIGURA 01 - TIPOS DE MEMÓRIAS
Fonte: Strauss e colaboradores (2006)
Memória declarativa é caracterizada pela capacidade de arquivamento e recu-
peração consciente de informações relacionadas a experiências vividas ou informações 
adquiridas pelo indivíduo (ULLMAN, 2004 apud FUENTES, MALLOY-DINIZ, CONSENZA, 
2008, p. 104). Ela envolve a memória dois subtipos, que são a episódica e semântica, a 
primeira está relacionada ao sistema de resgate de informações vivenciadas pelo sujeito 
(eventos pessoais, casamento, formaturas, término de relacionamento); e a segunda tam-
bém envolve relações com percepção e ação, como por exemplo reconhecer um animal 
pelo nome, características e quantidade de patas.
29UNIDADE I Neurofisiologia 29UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
Já a memória implícita ou conhecida como não declarativa, está em adquirir ha-
bilidades percepto motoras ou cognitivas por meio da exposição repetida a atividade que 
seguem regras constantes, mas que não requerem resgate é a habilidade consciente ou 
intencional da experiência. Alterações no seu funcionamento pode modificar a habilidades 
rotineiras extremamente úteis, como utilizar celular. (STRAUSS et al, 2006).
Existem também seus subtipos como, pré-ativação, procedimento, emocional 
e aprendizado condicionado. A primeira é organizada na recepção e decodificação das 
informações. Já a segunda está relacionada a um sistema de memória responsável pelo 
arquivamento e pela manipulação temporários da informação, servindo para que operações 
mentais sejam realizadas no decorrer desse tempo. A emocional, está relacionada com os 
momentos que estejam vinculados aos afetos e sentimentos, e a última abrange a área que 
faz funções que já estão no automático como piscar e dirigir, ou seja, o cérebro não precisa 
mais pensar para fazer. (ISQUIERDO; FURINI, 2013).
Tudo certo, entendermos como os conhecimentos seorganizam e armazenam, 
agora a questão é, como que eles vão parar aí? Quais processos são necessários para que 
haja a aprendizagem? Veremos a seguir.
30UNIDADE I Neurofisiologia 30UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
3. COMO O CÉREBRO APRENDE?
Durante algumas décadas o grande enigma que permeava o cérebro se tratava 
de como podem caber tantas coisas numa parte do corpo humano que pesa um pouco 
mais de 1500 gramas, e após os achados das estruturas e funções, a outra façanha que 
intrigou muito cientistas é como este cérebro aprende? Que mecanismos estão imbrica-
dos neste processo e a resposta de ouro, por que uns aprendem mais fácil do que outros? 
As respostas vêm por meio das neurociências.
Mas antes, é preciso discutir-se sobre a definição deste processo complexo. O 
conceito de aprendizagem é muito amplo o que não se permite constituir uma definição 
conclusiva, assim, o que se pode garantir é que trata-se de um processo contínuo e inin-
terrupto onde descobre-se novas coisas ou adapta-se a modificações. (GIUSTA, 2013). 
Vale ressaltar que ela pode ser observada a partir de diversas teorias, sendo a mais que 
contribuiu as da psicologia como behaviorismo, associacionismo, Gestalt, chegando às 
concepções cognitivas.
Para iniciar a caminhada pelos trilhos da aprendizagem vamos antes retornar 
a definição de informação e conhecimento, pois trataremos como aprendizagem todos 
os dados que tornarem-se conhecimento, ou seja, dos dados que transformaram em 
conhecimento serão armazenados e se tornarão conhecimento, já os dados que forem 
apenas informações, serão descartadas após um ciclo de sono.
31UNIDADE I Neurofisiologia 31UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
A aprendizagem é uma atividade cognitiva, ocorre a partir da consolidação da me-
mória e o sono tem importância fundamental nesse processo, pois ele interfere no humor, na 
memória, na atenção, nos registros sensoriais, no raciocínio, enfim nos aspectos cognitivos 
que relacionam uma pessoa ao seu ambiente (VALLE; REIMÃO, 2009).
Existem algumas áreas importantes do cérebro a saber que são responsáveis pelo 
processo de aprendizagem, denomina-se processo por ser um fenômeno que tem início 
(levantamento do conhecimento prévio), meio (reflexão sobre o conhecimento inicial e 
reflexões acerca do novo) e fim (elaboração de um novo conhecimento), sendo necessário 
que cada etapa tenha sido eficiente para que possamos chegar ao final com o resultado 
positivo: um novo conhecimento. 
Durante o período que estamos acordados somos bombardeados por diversos da-
dos. Estes dados como vimos, são decodificados e interpretados e enviados ao hipocampo. 
Se lá for identificado algum tipo de conhecimento (já organizado) e conseguirmos fazer 
alguma conexão, eles passam de nível, e se tornam informações. No entanto, ao chegarem 
no hipocampo encontrarem uma conexão com o conhecimento já lá instalado, então temos 
um novo conhecimento. A imagem abaixo ilustra bem isso.
FIGURA 02 - ESTRUTURAS CEREBRAIS DA APRENDIZAGEM
Fonte: Elaboração do pesquisador, 2021 – (no prelo).
A ilustração refere-se a um corte sagital do cérebro humano e dividimos em três 
áreas importantes, sendo o Córtex Cerebral, Sistema Límbico e Cerebelo. Eles estão or-
ganizados em uma espécie de funil, sendo o córtex um lugar onde entram muitos dados, 
o sistema límbico um local onde residem as informações e o cerebelo o conhecimento 
32UNIDADE I Neurofisiologia 32UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
(KANDEL, 2014). Todos os estímulos que nossos órgãos de sentido recebem são levados 
para o córtex cerebral, e por lá ficam até que iniciemos nosso tão merecido sono. Logo após 
acordar, se estes dados não tiverem encontrado nenhuma conexão significativa com as 
informações que já temos, ele se perderá. Se carapanã, tiver sentido ou algum significado, 
amanhã você se recordará, porém, se não tiver, provavelmente você não se recordará.
Porém, se você contar para alguém sobre o que aprendeu a respeito do carapanã, 
esse dado vai passar duas vezes pela “sua cabeça” e deixará de ser um dado, passando 
a nível de informação, assim sendo armazenado no sistema límbico, o que ficará mais fácil 
de ser recordado, após uma noite de sono. Segundo Valle e Reimão (2009) é importante 
cuidar do sono desde o início da vida, pois é na fase da complexa de modelagem e na 
adaptação que transforma cada indivíduo, com suas possibilidades ilimitadas e subjetivas, 
combinando experiências com características próprias. 
Agora se você já souber o que é pernilongo, contar a alguém o que você aprendeu, 
e rever estes conteúdos duas vezes, certamente isso será um conhecimento e este item 
já fará parte do seu cerebelo, sendo relembrado sempre que desejar e precisar. Portanto, 
pode-se afirmar que aquilo que está no córtex (dados) dura frações de segundos; o que 
está no sistema límbico (informações) duram um pouco mais de tempo, até horas e o que 
está no cerebelo (conhecimento) permanece a vida toda. (PIAZZI, 2012).
Portanto, não ficar perdido naquela ação de saímos do quarto para a cozinha bus-
car um copo d’água, dependerá de como você interage com esta ação. Se quando pensar 
na ação, parar e planejar o que fará dando a atenção necessária, deixará de ser apenas 
um dado e será o resgate de um conhecimento que já está armazenado no seu cerebelo.
Muitos me perguntam, então o segredo está em apenas o dado, ou a informação 
encontrar alguma conexão com o conhecimento existente? SIM. No entanto, outros fatores 
são importantes também, como sono, tempo de exposição com o conteúdo e o principal, o 
significado que damos ao que estamos aprendendo.
Desta forma, existem duas formas de fazer com que um dado se transforme num 
conhecimento, seja pela quantidade de vezes que se tem contato com o conteúdo, ou 
pelo significado que damos ao conteúdo, desde que haja emoção no processo. Partindo 
deste ponto de vista, entra aqui a figura do professor/educador que tem o papel de propor 
uma apresentação do conteúdo de forma a dar sentido e significado para quem aprende. 
(DUARTE, 2017).
33UNIDADE I Neurofisiologia 33UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
Vamos por partes... se você já assistiu o filme “Divertidamente”, você deve se lem-
brar de como é ilustrado o processo de aquisição de conhecimento (aprendizagem) e de 
como são organizados os objetos (memórias), e qual é o momento que isso ocorre? Durante 
o sono. O sono é o principal agente para promover o link, as conexões, as transmissões 
de informações e organizar os conhecimentos. É durante o descanso do nosso corpo que 
o nosso cérebro começa a armazenar aquilo que faz sentido e tem significado em alguma 
área do que conhecemos. Nosso corpo é um veículo, e como todo veículo, não se troca 
pneu furado com ele em movimento. O sono serve como parada obrigatória para organizar 
e selecionar aquilo que permanecerá para o dia seguinte e aquilo que será “dispensado”, o 
que literalmente vai para a lixeira, e não permanecerá registrado.
Portanto, se mantivermos contato por longo tempo com o objeto em estudo, mais 
fácil ele será relembrado e armazenado no cérebro, passando rapidamente pelos proces-
sos, levando um curto espaço de tempo. (COSENZA, 2011). Um bom exemplo é quando 
queremos aprender uma música, normalmente pegamos a música e junto com a letra 
começamos a cantarolar juntos, depois de um tempo não precisamos mais da letra, e após 
algumas horas, também não precisamos mais da música. E passamos o dia lembrando 
daquela música e sem melodia ou som, lembramos da letra e como num passe de mágica, 
já decoramos e aprendemos. De repente, um belo dia você acorda com a música e ela fica 
entranhada na sua cabeça. Isso acontece pelo princípio da constância, ou seja, durante um 
longo período um simples dado, passa a ser um conhecimento. 
Outra forma de facilitar o processo de aprendizado é quando envolve emoçãoou 
sentimento. (LOMBROSO, 2004). Vou lançar um desafio, quero que se recorde do nome 
da professora ou professor que mais marcou sua vida. Vamos lá, garanto que não precisará 
fazer muito esforço. Lembrou? Tenho certeza de que o motivo de recordar está atrelado 
à alguma emoção. Seja ela vivida por momentos bons ou ruins. Ahhh saudades daquela 
professora de matemática. Brincadeiras à parte, de qualquer forma este sujeito nos é tra-
zido à memória pela emoção experienciada, ou seja, quando um conteúdo nos promove 
sensações de bem-estar tem maior facilidade de nos cativar e auxiliar no processo de 
aprendizagem. Como no exemplo acima da música, será ainda mais fácil de recordar a mú-
sica se você a escutar após um término de relacionamento ou descoberta de uma traição. 
Já dizia o poeta... “por que o homem não chora, quando um amor vai embora” (risos). 
Não obstante, seja pelo tempo de contato ou pela emoção, a aprendizagem tem 
sua potencialização se o conteúdo trouxer ao sujeito um significado, o teórico Alemão, 
Alzubel cunhou a teoria da aprendizagem significativa, onde defendeu a relação afetiva no 
processo de ensino e aprendizagem, assim como Henri Wallon. 
34UNIDADE I Neurofisiologia 34UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
Um expoente da educação Brasileira, inclusive que leva o título de patrono da 
educação, o educador Paulo Freire, internacionalmente reconhecido pelo método de apren-
dizagem na Educação de Jovens e Adultos, já apresentou a melhor forma de relacionar os 
conteúdos e objetos da aprendizagem pela contextualização.
Sabe-se que algumas pessoas têm dificuldades ou transtornos de aprendizagem 
o que compromete o processo de aquisição de novas informações, ela pode ser causada 
por questões globais ou específicas. Cabe aqui diferenciar estas complicações, sendo as 
dificuldades de aprendizagens questões ao ambiente externo no aluno, sejam estruturas 
físicas, iluminação, imobiliário, ausência de alimentos ou despreparo dos docentes. (DO-
CKRELL; MCSHANE, 2007).
Por outro lado, temos as questões internas dos de cada pessoa, como transtornos 
que podem ser globais do desenvolvimento, como síndrome de Dawn, Transtorno Oposi-
tor Desafiador, Transtorno de Hiperatividade e Déficit de Atenção, Síndrome de Rett, ou 
questões específicas da aprendizagem como: Dislexia, Discalculia, Disgrafia, Disortografia, 
Disritmia entre outros (FUENTES; MALLOY-DINIZ, CAMARGO; FUENTES, 2008). Desta 
forma, deixo aqui uma reflexão, é possível um professor, sem nunca ter ouvido falar em 
neurociências ou processos neurofisiológicos, desempenhar uma ação pedagógica efetiva 
junto ao seu aluno, sem compreender como o cérebro aprende?
35UNIDADE I Neurofisiologia 35UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
SAIBA MAIS
Já ouviu falar em Neuroplasticidade? Sabia que o processo de aprendizagem pode 
ocorrer em níveis e situações bem adversas? Do ramo das neurociências atua no pro-
cesso de estimulação cognitiva para melhorar o desempenho de alguma função ou com 
a reabilitação neurológica, para resgatar ou manter funções comprometidas. É promo-
ver no cérebro a neurogênese, ou seja, a produção de novas conexões sinápticas.
Fonte: FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L.F.; CAMARGO, C.H.P. & COSENZA, R.M. Neuropsicologia: teo-
ria e prática. São Paulo: ArtMed, 2008.
REFLITA 
Aprendizagem é a única coisa que a mente não se cansa, nunca tem medo e nunca se 
arrepende.
Albert Schweitzer.
36UNIDADE I Neurofisiologia 36UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A indagação é difícil de ser respondida não é mesmo ? Ao longo desta unidade 
podemos ter acesso ao funcionamento do cérebro, além de compreender as estruturas e 
áreas corticais que fazem parte desta arte de aprender. O descortinar dos mistérios que 
estão envolto no cérebro, faz com que consigamos minimizar os impactos externos no 
processo de aprendizagem.
A educação, assim como o aprender está presente em todas as fases da nossa 
vida, o que nos faz aprimorar o nosso desenvolvimento e promover as transformações. 
Todo o aprendizado se faz presente nas memórias daquilo que sabemos e que vivencia-
mos, além do mais estas memórias é que nos move e nos permite recordar e preservar 
a nossa própria existência.
Memória e aprendizagem são quase sinônimas, haja visto que um está intrin-
secamente ligado ao outro, ou seja, toda memória é um conhecimento oriundo de uma 
informação que decodificada pelo cérebro, no exato momento em que foi identificado 
pelos órgão de sentido. E desta forma, servirá de base para que haja a ancoragem de 
uma nova informação que promoverá o ciclo novamente. Isso mesmo, aprender é a eterna 
arte de memorizar. 
Enquanto, há capacidade cognitiva e fisiológica do cérebro em armazenar as in-
formações, temos que potencializá-las pois além de dificuldades externas e internas que 
podemos ter para aprender, ainda se tem que se preocupar com o “alemão” Alzheimer, 
que se chegar poderá levar um pouco das recordações. Mas não podemos esquecer de 
que um carinho, afeto e significado, contribui muito para cristalizar um bom conhecimento.
37UNIDADE I Neurofisiologia 37UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
LEITURA COMPLEMENTAR
12. Super-memória – Revista Superinteressante
Link: https://super.abril.com.br/comportamento/12-super-memoria/
A Teoria da Aprendizagem Significativa e o jogo
Link: https://doi.org/10.21680/1981-1802.2020v58n57ID21088
https://doi.org/10.21680/1981-1802.2020v58n57ID21088
38UNIDADE I Neurofisiologia 38UNIDADE II Neurofisiologia da Aprendizagem e Memória
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Aprendendo Inteligência: Manual de instruções do cérebro 
para estudantes em geral: 1
Autor: Pierluigi Piazzi.
Editora: Aleph.
Sinopse: Durante muito tempo, acreditou-se que a inteligência 
fosse uma característica inata. O fator genético era considerado 
bem mais influente do que o fator ambiental. Porém, devido aos 
avanços da neurociência, ficou demonstrado que inteligência, 
talento e vocação são características que podem ser adquiridas 
com facilidade e um pouco de esforço. Neste livro, dedicado aos 
estudantes de todos os níveis, o Pierluigi Piazzi (conhecido cari-
nhosamente pelos seus alunos como Prof. Pier) ensina a usar a 
inteligência para se tornar uma pessoa mais inteligente.
FILME/VÍDEO 
Título: Divertida Mente (Inside Out)
Ano: 2015.
Sinopse: No filme, a menina Riley passa por diversas emoções 
ao se mudar do Meio-Oeste dos EUA para San Francisco. As 
emoções - Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis 
Black), Nojo (Mindy Kaling) e Tristeza (Phyllis Smith) - moram no 
Quartel-General, o centro de controle dentro da mente de Riley, 
onde eles a ajudam com conselhos diariamente. Enquanto Riley 
e suas emoções se esforçam para se ajustar à nova vida em San 
Francisco, a turbulência no Quartel-General aumenta. Embora 
Alegria, a principal e mais importante emoção de Riley, tente pen-
sar positivo, as emoções entram em conflito sobre como navegar 
pela nova cidade, a nova casa, a nova escola. 
39
Plano de Estudo:
● Conceitos de inteligência;
● Tipos de inteligências;
● As teorias das múltiplas inteligências;
● Teoria das múltiplas inteligências: implicações e aplicabilidades na escola.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar inteligência e seus diversos contextos;
● Compreender os tipos de Inteligência e suas singularidades;
● Evidenciar a importância da Teoria das Múltiplas inteligências 
para o contexto educacional.
UNIDADE III
Inteligências Múltiplas I
Professor Me. Frank Duarte
40UNIDADE III Inteligências Múltiplas I
INTRODUÇÃO
E aí, você se sente inteligente? Será que ela pode ser medida ou quantificada? 
Nascemos com inteligência ou vamos desenvolvendo essa capacidade? Se a inteligência é 
hereditária como explicamos aquelas pessoas que se destacam em algumas áreas e outras 
não. Pois é, todos estes inculcamentos estão presentesquando pensamos, discutimos e 
aprendemos sobre inteligência.
Desde da década de 30, quando se pensou em quantificar a inteligência por meio 
de escalas de quociente, muitas figuras ilustre receberam a classificação como forma de 
enaltecer sua trajetória ou feitos, dentre eles estão Einstein, Da Vinci, Michelangelo, Steven 
Spielberg e Santos Dumont. 
A menção ao QI, sempre esteve atrelado a um potencial que dá ao sujeito “superpode-
res”, e o é colocado num pedestal como alguém completamente bem resolvido e contemplado, 
o que se sabe que não tem disso, toda a verdade. Pelo contrário, pessoas que apresentam 
um QI (Quociente de Inteligência) alto, tendem a desenvolver uma QE (Quociente Emocional) 
abaixo do esperado, o que compromete outras áreas do desenvolvimento. Isso implica em 
minimizar a potencialidade das habilidades das IM (Inteligências Múltiplas).
No entanto, como entender melhor o QI ou QE, e a relação com a forma de pensar 
e compreender o sujeito? As especificações e detalhamento de cada um deles e como 
podemos aplicar no dia a dia, em especial no ambiente educacional, será tratado nesta 
Unidade. Está preparado(a) para viajar nas teorias das inteligências e desvendar os desdo-
bramentos das múltiplas inteligências no âmbito educativo? Sim. Então vem comigo. 
41UNIDADE III Inteligências Múltiplas I
1. CONCEITO DE INTELIGÊNCIA
Conta a história que certa vez, num vilarejo havia um rapaz que todos faziam piada. 
Um belo dia um homem se aproximou dele e lhe apresentou duas moedas, uma de 50 
centavos e outra de 5 centavos e pediu para que ele escolhesse. O rapaz pegou a de 5 
centavos, e o homem riu da sua atitude. No dia seguinte o homem reuniu diversas pessoas 
e teve a mesma atitude e o rapaz repetiu a ação. 
A passaram dias, semanas e meses, sempre o homem fazia-lhe a proposta, e o 
rapaz pegava a moeda de 5 centavos. Um certo dia, o homem já injuriado, perguntou ao 
rapaz. “-Mas você é muito burro! Você não sabe que a moeda de 50 centavos tem mais 
valor que a de 5?” E o rapaz disse: “– Sim eu sei que é.”. E então por que você não a pega 
logo?” replicou o homem. Então o rapaz abriu um sorriso e disse tranquilamente. “- Por que 
o dia que eu pegar a de 50 centavos, o senhor para de me dar moedas!”
Essa ligeira história, é nosso ponto de partida para dialogarmos sobre inteligência e 
o quanto ela é representada nas pessoas, e o que elas fazem com a capacidade que tem.
Partindo da epistemologia da palavra “inteligência” sua origem está na junção 
de duas palavras latinas: inter = entre e eligere = escolher, que no seu sentido mais am-
plo, significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão das 
coisas escolhendo o melhor caminho. A formação de ideias, o juízo e o raciocínio são 
frequentemente apontados como atos essenciais à inteligência. A inteligência é resumi-
da pelo pequeno dicionário ilustrado brasileiro da língua portuguesa como “a faculdade de 
compreender”. (ANTUNES, 2015).
42UNIDADE III Inteligências Múltiplas I
Galton (1865) iniciou os estudos estatísticos de inteligência e a definiu como “fa-
culdade que os gênios têm e os idiotas não tem”. Desde os tempos de Galton, os psicome-
tristas tentam explicar as diferenças de performance intelectual entre crianças como sendo 
resultante da diferença na quantidade de “inteligência”. 
Nunca houve um consenso sobre o significado da “inteligência”, porém em 1921, 
no Jornal da Psicologia Educacional, diferentes psicólogos de várias teorias reuniram-se e 
apesar de grande relação entre suas definições, ainda hoje o que se vê são definições e 
concepções sobre a inteligências, bastante diferentes (STERNBERG; DETTERMAN, 1986 
apud DOCKRELL; MCSHANE, 2007, p. 21).
Seguindo uma visão tradicionalista, Travassos (2001) afirma que a inteligência já 
foi conceituada como uma capacidade inata do indivíduo, um atributo do qual o ser huma-
no dispõe para responder a testes de inteligência, (NOVIKOBAS; LAMARI MAIA, 2020). 
Alguns autores sugeriram que a inteligência fosse um termo descritivo e não explicativo 
(OLSON,1986). Muitas definições afirmam explicitamente que ao se introduzir o termo, de 
alguma forma se está explicando a performance e não descrevendo-a.
No entanto, William Stern, psicólogo Alemão do século XVIII/XIV, afirmava que 
se tratava da capacidade pessoal para resolver os problemas novos, utilizando de forma 
adequada o pensamento. Todavia, outros a consideravam como o arranjo de todos os 
equipamentos mentais que atendessem a adequação das tarefas vitais. Mesmo com essas 
definições vagas, havia e há o entendimento de que a inteligência é uma capacidade mental 
que pode ser medida e quantificada por meio dos famosos testes de QI. (AMARAL, 2007).
A “inteligência enquanto adaptação” tornou-se desde então um conceito chave que 
de forma mais ou menos explícita atravessou a história da psicologia da inteligência hu-
mana, na base da investigação fundamental como aplicada, no cerne do desenvolvimento 
teórico como das técnicas de avaliação da inteligência e em resposta a necessidades e 
pressões sociais (MIRANDA, 2002).
Foram os pesquisadores Alfred Binet e Théodore Simon, que deram início a testagem 
psicológica com o intuito de atender as necessidades da seleção escolar da época, tendo 
como objetivo identificar as crianças que não se beneficiaram dos programas públicos, onde 
esperava-se desenvolver uma avaliação imparcial de checagem das atitudes escolares.
Os trabalhos de Binet e Simon logo foram bastante questionados, especialmente 
porque os testes não apresentavam a condição de fidedignidade daquilo que propunham 
de avaliar a capacidade do indivíduo adulto, e pelo fato de partirem do estudo de crianças 
com deficiências. Na verdade, eles buscavam construir uma “escala métrica da inteligência” 
para identificar nas escolas as crianças denominadas de retardados “perfeitos”, ou seja, 
aqueles que seriam suscetíveis de frequentar as classes chamadas de “aperfeiçoamento”, 
e que conseguiriam se adaptar. (AMARAL, 2007).
43UNIDADE III Inteligências Múltiplas I
Em busca de conseguir quantificar e mensurar o QI – Quociente de Inteligência, 
os testes foram utilizados como ferramentas com normas de referências desenvolvidas 
para avaliar o funcionamento cognitivo de um indivíduo. Assim como todas as medidas 
com normas de referências, eles sempre vão conter algumas margens de erro (HARRIS, 
1983 apud AMARAL, 2007, p. 88). O uso dos testes de Ql caminhou junto com a crença 
de que a inteligência era herdada, passada de uma geração para outra e de acordo com 
essa perspectiva, cada indivíduo portanto, nascia com uma determinada ‘quantidade’ de 
inteligência; assim, seria possível elaborar testes para qualificar e classificar as pessoas em 
relação a sua inteligência (SMOLE,1999).
Antunes (2015) ressalta que é possível afirmar com segurança que a inteligência 
de um indivíduo é produto de uma carga genética que vai muito além da de seus avós, 
mas que alguns detalhes da estrutura da inteligência podem ser alterados com estímulos 
significativos aplicados em momentos cruciais do desenvolvimento humano.
A delimitação da “inteligência humana” enquanto objeto de investigação assu-
me desde logo dois pressupostos: o da existência de um conceito de “inteligência não 
humana”, daquelas que estão ligadas a condição de adaptação e funcionalidade. Por 
exemplo, ao conectar seu celular a rede wifi, é uma forma de executar a “inteligência 
não humana”. Também há outro pressuposto que é a do reconhecimento do “carácter 
único” da inteligência humana, no quadro da enorme diversidade biológica, que integram 
as predisposições específicas do humano, que se aplica muito para lá da descrição do 
potencial cognitivo humano. 
Muitas utilizações da palavra “inteligência”, ou do adjetivo “inteligente”, na lingua-
gem comum, e em particular na qualificação de objetos inanimados, remetem para esta 
noção de funcionalidade decorrente da adequação às

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