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DOENÇAS DO PERICÁRDIO

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DOENÇAS DO PERICÁRDIO
O pericárdio é constituído de folheto visceral e parietal, separados pelo liquido pericárdico (20 a 50mL). A porção do átrio esquerdo entre as veias pulmonares superiores e inferiores não é revestida pelo pericárdio.
O pericárdio reduz o atrito do coração com estruturas adjacentes, promove interdependência entre as câmaras cardíacas, barreira física e protege contra sobrecarga volumétrica.
PERICARDITE AGUDA: Lesão inflamatória do pericárdio sem aumento significativo do líquido pericárdico
Manifestações Clínicas e Exame físico: Dor torácica precordial ou retroesternal, contínua, longa duração, irradia para região cervical e trapézio, piora na inspiração profunda, tosse e espirro. Piora com decúbito dorsal, mas alivia sentado e inclinado pra frente.
O paciente pode se queixar de dispneia, febre, dor no corpo, fadiga. Ele encontra-se taquicárdico e taquipneico. Principal achado: atrito pleural, som áspero, sisto-diastólico
Exames Complementares e Diagnóstico: 
- Eletrocardiograma: A pericardite pode levar a miocardite superficial, alterando o eletro, uma vez que o pericárdio é eletricamente silencioso. 
Estágio 1: acompanham o início da dor e 90% dos pacientes apresentam supradesnivelamento de ST com concavidade para cima, exceto em AVR e V1. 
Estágio 2: ocorre alguns dias depois. Retorno do ST à linha de base, acompanhado pelo achatamento da onda T. 
Estágio 3: inversão da onda T de modo que o vetor se torne oposto ao do ST; não há ondas Q ou diminuição das ondas R. 
Estágio 4: ocorre semanas ou meses depois, com reversão das ondas T ao normal.
- Ecocardio: achado principal é o derrame pericárdico. Ausência de derrame não exclui diagnóstico.
- Rx tórax normalmente é normal. A não ser que haja derrame intenso.
Etiologia:
Acomete mais adolescentes e adultos jovens.
Causas Infecciosas: 
- Virais ( enterovírus, vírus da hepatite B, mononucleose, varicela)
- Bacterianas: Inespecífica ( purulenta) ou Específica ( tuberculose). Normalmente é uma complicação de infecção torácica ou abdominal alta
- Micóticas (histoplasmose, candidíase, paracoccidioidomicose)
- Parasitárias (toxoplasmose, amebíase, esquistossomose, filariose) 
Doenças autoimunes: 
- Febre reumática
- Lupus eritematoso sistêmico
- Artrite reumatóide
- Esclerodermia
Doenças Metabólicas: 
- Uremia
- Mixedema
-Gota
Neoplasias:
- Primárias ( mesoteliomas - raras )
- Secundárias: Câncer de pulmão ou de mama, leucemias e linfomas - mais freq. Linfoma não-Hodgking, sarcomas e tumor de Wilms – crianças
Pós-radioterapia
Medicamentos: procainamida, hidralazina, isoniasida, hidantoina
A pericardite urêmica ocorre pela ação das toxinas nitrogenadas uremicas que tornam os folhetos friáveis e propensos a hemorragias. (Insuf. Renal crônica)
Tratamento da Pericardite Aguda
Na piogênica e na urêmica o tto deve ser voltado à causa base. 
Na maioria das vezes a pericardite aguda é de causa viral ou idiopática. 
O repouso é benéfico. 
Verificar se há sinais de tamponamento.
AINE, como AAS 1g VO 4/4h OU Indometacina 50mg VO 6/6h (suspender após 2 semanas de tto)
Casos refratários a AINES: colchicina 0,5mg 12/12h 10 a 14 dias OU Prednisona 60mg/d 2 dias.
Não usar anticoagulante!
Complicações
- Tamponamento cardíaco (15%) pericardiocentese de alivio. 
- Pericardite recorrente (20-30%)
- Pericardite constritiva e Efusivo-constritiva
DERRAME PERICÁRDICO
Quadro Clínico e Exames Inespecíficos
Na maioria das vezes não causa sintomas ao paciente nem sinais ao exame físico.
Pode causar dor precordial ou retroesternal contínua, de caráter opressivo de leve intensidade. 
Grandes derrames comprimem estruturas adjacentes, levando a sintomas como disfagia, tosse seca, dispneia, soluços e rouquidão. Pode levar a náuseas e desconforto abdominal. 
Pode haver hipofonese de bulhas, estertoração pulmonar basal e o sinal de Ewart (sobmacicez e som bronquial no 1/3 inferior do hemitórax esquerdo).
Desaparece atrito pericárdico.
Hepatomegalia dolorosa.
Estase jugular que se acentua à inspiração profunda.
Ascite e baixo débito cardíaco com hipotensão.
Fraqueza muscular e oligúria.
Ausculta cardíaca: bulhas hipofonéticas ou até não audíveis.
 Tamponamento cardíaco - pulso paradoxal. 
Queda Inspiratória da PA sistólica > 15 mmHg em 75% dos Pacientes.
- ECG: QRS apresenta-se com baixa voltagem e a onda T fica aplainada.
- Rx tórax: aumento da área cardíaca se derrame > 250mL
Ecocardiograma: excelente para confirmação diagnóstica.
Inspiração - VD VE 
Expiração profunda - VD VE 
Derrame pericárdico crônico assintomático: > 6 meses de duração. Maioria idiopático ou fruto de pericardite viral cronificada. 
Indicações de Drenagem:
 Evolução prolongada ( acima de 10 dias).
 Sem diagnóstico etiológico firmado.
 Casos com toxemia que sugere acúmulo purulento.
 Punção terapêutica no tamponamento.
 Aspecto do Líquido:
 Amarelo - citrino virais e tuberculose.
 Purulento bacterianas inespecíficas.
 Hemorrágico neoplasias
Exames bacterioscópicos e de cultura: 
 Aeróbios, anaeróbios, fungos e bacilo de Koch.
 Exame citológico: 
 Células neoplásicas e leucócitos
 Neutrófilos = viral e tuberculose (fase inicial)
 Mononucleares (fase mais tardia)
 Piócitos = purulenta
Exame bioquímico:
 Glicose = nas infecções
 Adenosinadeaminase (ADA) = tuberculose. 
 
PERICARDITE CONSTRITIVA
Fibrose grosseira do pericárdio, que pode seguir vários tipos de pericardite, e que restringe o enchimento diastólico ventricular do coração, desencadeando uma síndrome congestiva, limitando a pré-carga.
Episódio agudo de pericardite estágio subagudo de organização e reabsorção do derrame, seguido de um estágio crônico cicatrização, fibrose e espessamento do pericárdio, com obliteração do espaço pericárdico.
Fisiopatologia
Limitação do enchimento ventricular elevação das pressões diastólicas equalização pressórica que pode levar a congestão sistêmica
- Alterações na curva de pressão venosa
- Sinal de Kussmaul: é o aumento, ou a não redução, da pressão venosa com a inspiração devido à restrição ao retorno venoso do coração direito.
Manifestações clínicas
O paciente apresenta sd congestiva sistêmica, predominando turgência jugular, hepatomegalia congestiva, Ascite e edema de MMII, Fadiga, perda de peso, fraqueza muscular (DC). O paciente apresenta Dispnéia, tosse, ortopnéia e pode ter Derrame pleural. Se ICC em estágio avançado o paciente pode apresentar caquexia.
Na ausculta, presença de knock pericárdico, som protodiastólico, correspondente ao breque do enchimento diastólico ventricular.
Exames complementares e diagnóstico
ECG: Baixa voltagem. Onda T isoelétrica ou invertida. Sobrecarga de átrio esquerdo. Fibrilação atrial. Sobrecarga de ventrículo direito 5%			 
Rx de tórax: aumento da cava superior, do átrio esquerdo, derrame pleural e calcificação pericárdica (sugere etiologia tuberculosa). A área cardíaca costuma ser normal.
Ecocardiografia: afasta cardiopatia dilatada e as valvopatias tricúspides.
TC e RNM: diagnóstico do espessamento cardíaco.
Cateterismo cardíaco e biópsia endomiocardica.
Tratamento e prognóstico
Tto consiste na pericardiectomia, corrigindo a sd constritiva e aliviando a ICC. Indicado antes que tenha caquexia cardíaca e calcificações.

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