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Código Logístico
59922
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-65-5821-074-0
9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 7 4 0
Direito e Legislação 
Ambiental 
 Anelize Pantaleão Puccini Caminha
IESDE BRASIL
2021
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2021 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: Martina Dedic/Macrovector/Golden Sikorka/TarikVision/elenabsl/Shutterstock
macrovector/Creative_hat/freepik
visionheldup/vecteezy
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C191d
Caminha, Anelize Pantaleão Puccini
Direito e legislação ambiental / Anelize Pantaleão Puccini Caminha. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2021.
96 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-074-0
1. Direito ambiental - Brasil. I. Título.
21-72919 CDU: 394.6(81)
Anelize Pantaleão 
Puccini Caminha
Mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Processo 
Civil pela mesma instituição. Bacharel em Direito pela 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 
(PUCRS). Atua como professora de Direito e é autora 
de artigos científicos e livros nessa área. Atualmente, 
é professora em um centro universitário, assim como 
em diversas especializações e cursos preparatórios. 
É, também, sócia proprietária em um escritório de 
advocacia. 
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SUMÁRIO
1 Proteção ao meio ambiente 9
1.1 A evolução da proteção ao meio ambiente 9
1.2 A Constituição Federal de 1988 e a proteção ao meio 
 ambiente 13
1.3 A natureza jurídica e os objetivos do Direito ambiental 21
2 Políticas nacionais de conservação 27
2.1 A estrutura nacional de proteção ao meio ambiente 27
2.2 Política Nacional do Meio Ambiente 31
2.3 Política Nacional de Recursos Hídricos 37
3 Responsabilidades sobre o meio ambiente 46
3.1 Responsabilidade civil ambiental 46
3.2 Responsabilidade penal ambiental 51
3.3 Responsabilidade administrativa ambiental 57
4 Licenciamento ambiental 64
4.1 Conceitos e objetivos do licenciamento ambiental 64
4.2 Resolução Conama n. 237/1997 67
4.3 O licenciamento ambiental e suas modalidades 72
5 Leis de proteção ambiental 79
5.1 A Lei de Proteção da Vegetação Nativa 79
5.2 Demais leis ambientais 83
5.3 Noções básicas sobre fiscalização ambiental 89
 Resolução das atividades 93
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Esta obra tem como objetivo desenvolver o estudo do 
Direito e da legislação ambiental no Brasil. A proteção ao meio 
ambiente é essencial à sadia qualidade de vida e, portanto, o 
ordenamento jurídico estabelece diversos mecanismos de 
proteção, bem como instrumentos de repressão caso haja uma 
ameaça ou dano ambiental.
Nesse viés, no primeiro capítulo, analisaremos a evolução das 
políticas ambientais. Para este desenvolvimento é importante 
compreender a mudança de paradigma acarretada pela 
Constituição Federal de 1988 na proteção ao meio ambiente. 
A partir desse momento, tem-se a autonomia da disciplina de 
Direito ambiental e, assim, o estudo da sua natureza jurídica e 
dos seus objetivos. 
No segundo capítulo, serão compreendidas as principais 
políticas nacionais do meio ambiente estabelecidas na estrutura 
nacional de proteção. Para tanto, será necessário analisar a 
estrutura e os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente 
(PNMA), bem como a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). 
Ao refletirmos sobre a proteção do meio ambiente, iremos 
nos deparar com o impacto da ação dos seres humanos no 
equilíbrio ambiental. Neste sentido, é imprescindível observar 
as responsabilidades inerentes e a sua responsabilização civil, 
administrativa e penal, bem como analisar a lei de estudos 
ambientais. Todas essas questões serão observadas no 
terceiro capítulo. 
A fim de garantir a preservação do equilíbrio ecológico, 
havendo a necessidade de utilizar o meio ambiente, é preciso 
observar o impacto que esta ação causará no local e, após 
essa análise, é concedido o licenciamento ambiental. Assim, no 
quarto capítulo, será desenvolvido o estudo do seu conceito 
e dos seus objetivos, além da Resolução do Conama n. 
237/1997, que regulamenta os instrumentos utilizados. Ainda, 
serão abordadas as diversas modalidades de licenciamento 
ambiental de acordo com a etapa em que o empreendimento 
estiver sendo desenvolvido. 
APRESENTAÇÃOVídeo
8 Direito e Legislação Ambiental
Por fim, no quinto capítulo, serão verificadas as formas de proteção ambiental 
determinadas na legislação infraconstitucional, com destaque para a Lei de 
Proteção da Vegetação Nativa, o novo Código Florestal, e, com base no estudo 
desenvolvido ao longo da obra, as noções básicas de fiscalização ambiental. 
Bons estudos!
Proteção ao meio ambiente 9
1
Proteção ao meio ambiente
Este capítulo se inicia com a análise do direito e da legislação ambien-
tal no Brasil. Para garantir a efetividade do estudo, é necessário analisar, 
no primeiro momento, a evolução da proteção ao meio ambiente. Essa 
verificação começa com a observação da forma como o ser humano inte-
rage com este. Portanto, é preciso observar as diversas fases da tutela do 
meio ambiente até sua tutela atual como disciplina autônoma.
No segundo momento, debruça-se sobre a Constituição Federal de 
1988 e a tutela constitucional do meio ambiente, analisando os direitos 
garantidos pelo texto constitucional e para sua efetiva positivação. Além 
disso, devem ser observados os princípios do Direito ambiental e sua tu-
tela como bem difuso.
Por fim, na última seção, desenvolve-se o estudo da natureza jurídica 
do Direito ambiental e seus objetivos. Para isso, é importante identificar o 
que é o bem ambiental e quais são os macro e micro-objetivos do direito 
em questão.
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• analisar a evolução das políticas ambientais;
• reconhecer a importãncia da Constituição Federal de 1988; 
• compreender a mudança de paradigma na proteção ao 
meio ambiente.
Objetivos de aprendizagem
1.1 A evolução da proteção ao meio ambiente 
Vídeo A disciplina Direito ambiental é recente no ordenamento jurídico 
brasileiro. Embora suas características sejam originárias do ser huma-
no, visto que o meio ambiente está presente desde o início das civiliza-
ções, sua proteção de maneira autônoma é recente. 
O objeto da tutela ambiental é antigo e existe desde que o mundo 
é mundo, entretanto, a ciência do Direito ambiental é nova. Assim, ao 
10 Direito e Legislação Ambiental
longo dos séculos, foi se alterando a forma como o ser humano lida e 
protege o meio ambiente.
É possível dividir a evolução jurídica e legislativa no Brasil em três 
importantes fases. Ancoradas em Rodrigues (2017), apresenta-se cada 
uma dessas fases a seguir.
1.1.1 Primeira fase
A primeira fase é marcada pela tutela econômica do meio ambiente, 
visto que a água, a fauna, a flora, o ar, dentre outros, já eram conside-
rados bens ambientais. Dessa maneira, já havia umaproteção jurídica 
a estes, contudo, na maior parte das vezes, em forma de tutela me-
diata. Essa tutela ocorre de modo a proteger o ser humano em suas 
necessidades e não a necessidade do meio ambiente em si.
Nessa época, a proteção era meramente econômica, consideran-
do o meio ambiente como um bem privado que pertencia ao ser 
humano. Esse período durou desde a época do descobrimento até a 
segunda metade do século XX. Nessa fase havia a visão antropocên-
trica do Direito, ou seja, o homem no centro de tudo, assim, o meio 
ambiente servia ao homem.
No Brasil é possível verificar essa proteção no Código Civil de 1916, 
que tutelava o meio ambiente ao regulamentar o direito de vizinhan-
ça. Essa tutela era individualista e com interesse econômico exclusivo, 
por meio de uma finalidade utilitarista. Ressalta-se que ainda que essa 
tutela fosse exclusivamente econômica, já se verificava a compreensão 
de que o meio ambiente não era infinito e, portanto, havia a necessida-
de de proteção para sua manutenção.
Logo, é possível afirmar que o meio ambiente era considerado um 
bem essencial e esgotável, porque a sua oferta era limitada ou limi-
tável. Dessa forma, a proteção era voltada ao ser humano, mas já se 
verificava a importância e a escassez do bem ambiental.
1.1.2 Segunda fase
Na segunda fase, a tutela ambiental ainda era marcada pelo viés 
egoísta e antropocêntrico do meio ambiente, entretanto, em uma outra 
perspectiva, objetivava a saúde da vida humana. Por conseguinte, toda 
a legislação do período foi criada com o objetivo de tutelar a qualidade 
de vida e a saúde do ser humano.
Proteção ao meio ambiente 11
Essa fase é marcada pelo crescimento econômico das cidades. 
Nesse momento havia o reconhecimento da escassez do bem ambien-
tal e de que a atividade humana gerava a poluição e tornava insusten-
tável o meio ambiente. Já existia a consciência de que o meio ambiente 
era imprescindível para a vida saudável do ser humano e, portanto, sua 
tutela não era mais apenas econômica, como na primeira fase.
No final do século XIX, iniciou-se o movimento ambientalista nos 
Estados Unidos, marcado pelos conservacionistas e pelos preservacio-
nistas. Os primeiros almejavam o equilíbrio entre o homem e o meio 
ambiente, buscando seu uso racional; os segundos viam o homem 
como uma ameaça ao meio ambiente, adotando, então, uma postura 
radical (AMADO, 2018).
O início dessa fase ocorreu, no Brasil, entre as décadas de 1950 
e 1980 e foi o período em que surgiram o Código Florestal, o Código 
de Mineração, a Lei de Responsabilidade Civil por Danos Nucleares, o 
Código de Caça, entre outros.
1.1.3 Terceira fase
A partir da década de 1980 surge a terceira fase da tutela ao meio 
ambiente. Nesse momento houve uma importante mudança de para-
digma, o qual deixa de considerar o ser humano como o cerne principal 
da proteção e inicia a proteção ao meio ambiente por si mesmo.
No Brasil, o marco inicial dessa mudança foi a Lei n. 6.938/1981, 
chamada de Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), sob influên-
cia de importantes movimentos e documentos internacionais, como 
a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente – realizada em 
Estocolmo, em 1972. Ainda, outro importante movimento que influen-
ciou o Brasil nesse sentido foram as mudanças legislativas ocorridas 
nos Estados Unidos, com a criação da Lei do Ar Puro, da Lei da Água 
Limpa e do estudo de impacto ambiental.
Essa lei é, portanto, o primeiro instrumento normativo que protege 
o meio ambiente como um direito próprio e autônomo. Diferente da 
proteção mediata que ocorria antes, em que o meio ambiente só era 
protegido caso fosse necessário para a prestação de outro direito. O 
quadro a seguir elenca as principais mudanças ocorridas na PNMA.
12 Direito e Legislação Ambiental
Quadro 1
Principais mudanças estabelecidas na Política Nacional do Meio Ambiente 
Conceito biocêntrico
Adotado no artigo 3º, inciso I da referida legislação, incorpo-
rou um novo paradigma ao meio ambiente. Dessa maneira, 
foi colocado como eixo central da proteção de todas as for-
mas de vida, sendo essencial para a sadia qualidade de vida.
Visão holística do 
meio ambiente
O ser humano integra o meio ambiente, assim como todas 
as demais formas de vida, portanto, não pode ser conside-
rado dissociado deste.
Objeto autônomo 
de tutela jurídica
A proteção ao meio ambiente se dá de modo autônomo ao 
ser humano, assim, o bem ambiental não é acessório ou 
particular dele. Nesse sentido, deve ser protegido de manei-
ra autônoma, independentemente do ser humano.
Conceitos gerais
A legislação referida estabeleceu importantes conceitos 
gerais sobre a tutela do meio ambiente. É considerada 
norma geral ambiental e determinou, então, suas diretri-
zes, seus objetivos, seus fins e seus princípios. Estes de-
vem ser utilizados como fundamentos gerais e parâme-
tros, sendo mantidos e respeitados em todas as esferas 
do ordenamento jurídico brasileiro.
Política ambiental
Com base na referida norma, foram estabelecidas diretri-
zes, objetivos e fins para a tutela do meio ambiente, assim, 
estabeleceu-se uma verdadeira política ambiental no país.
Criação de 
microssistemas de 
proteção ambiental
Na norma em questão há mecanismos de tutela civil, adminis-
trativa e penal com o objetivo de proteção do bem ambiental.
Fonte: Elaborado pela autora com base na PNMA, 1981.
Em consonância com o movimento gerado pela PNMA, em 1988 
surgiu a atual Constituição Federal, positivando o Direito ambiental 
como disciplina autônoma. Na CF, estão estabelecidos os princípios 
ambientais necessários para a proteção e a tutela do meio ambiente. 
Dessa forma, este é considerado um direito expressamente protegi-
do na Constituição, de modo autônomo e por meio de uma proteção 
sistemática.
A PNMA estabelece o conceito de meio ambiente em seu artigo 3º, 
inciso I: “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas” (BRASIL, 1981). Sobre esse conceito, o Conselho Nacional 
do Meio Ambiente (Conama) o amplia, incluindo o patrimônio cultural 
e artificial. Ademais, o Supremo Tribunal Federal (STF) já reconheceu a 
Recomenda-se a leitura 
do livro Direito ambien-
tal esquematizado, do 
Professor Marcelo Abelha 
Rodrigues, especialmente 
do capítulo 2, sobre a 
evolução jurídica e legisla-
tiva do Direito ambiental. 
Nele, detalham-se as três 
fases da tutela ambiental.
RODRIGUES, M. A. 4. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2007. 
Livro
Proteção ao meio ambiente 13
existência do meio ambiente do trabalho, além dos meios ambientes 
naturais, culturais e artificiais (AMADO, 2018).
O conceito de Direito ambiental também não é de fácil definição, 
entretanto, segundo Amado (2018), é possível defini-lo por um ramo 
do direito público composto de princípios e regras que regulam as 
condutas humanas que afetem, potencial e efetivamente, direta ou in-
diretamente, o meio ambiente, quer o natural, o cultural ou o artificial.
Ressalta-se que essa noção surge com a autonomia didática da 
disciplina conquistada com a Constituição. Antes da CF, era tratada 
como uma disciplina transversal.
1.2 A Constituição Federal de 1988 e 
a proteção ao meio ambiente Vídeo
A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro instrumento 
normativo que elevou a proteção ao meio ambiente ao patamar 
de status constitucional. Ela está no posto mais alto do ordena-
mento jurídico brasileiro, sendo o fundamento de validade para 
as demais normas.
A proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado 
está consolidada, na CF, como bem jurídico autônomo de ma-
neira direta/imediata e de modo indireto/mediato 1 . Os prin-
cípios nela elencados projetam-se para todo o ordenamento 
jurídico ambiental, que lhes deve obediência direta. Verifica-se, 
inclusive, que a expressão meio ambiente aparece 18 (dezoito) 
vezes ao longo do texto constitucional.
O artigo principal é o 225: “Todos têm direito ao meio am-
biente ecologicamenteequilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-
-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988).
Constata-se, portanto, que o direito ao meio ambiente eco-
logicamente equilibrado é um direito transgeracional, pois se 
aplica às gerações que estão hoje presentes e às futuras. Além 
disso, toda a sociedade tem o dever de defender e preservar o 
meio ambiente, não apenas o Poder Público.
A proteção imediata ou 
direta ocorre nos casos 
em que é necessário 
apenas um dispositivo 
legal para sua proteção. 
A proteção mediata ou 
indireta ocorre quando 
é necessário mais de um 
dispositivo legal para ga-
rantir sua proteção, como 
no caso da proteção ao 
meio ambiente, estabe-
lecida na CF, e as normas 
infraconstitucionais, como 
a Política Nacional do 
Meio Ambiente.
1
14 Direito e Legislação Ambiental
O objeto da tutela ambiental é o equilíbrio ecológico. O titular do di-
reito ao meio ambiente é o povo, visto que é um titular difuso, pois não 
é possível determinar um titular específico. Os titulares são todos das 
presentes e futuras gerações. Por se tratar de um bem público de uso 
comum, essencial à qualidade de vida, o dever de defender e preservar é 
de caráter solidário e participativo entre a coletividade e o Poder Público.
Por esse lado, este tem a incumbência, como determina o parágrafo 
1º e seus incisos do artigo 225 da CF (BRASIL, 1988), de:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais 
e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio ge-
nético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pes-
quisa e manipulação de material genético;
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços 
territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas 
somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem 
sua proteção;
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou ativida-
de potencialmente causadora de significativa degradação 
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a 
que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de 
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco 
para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a preservação do 
meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as 
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os ani-
mais a crueldade.
A Constituição atesta a legalidade da atividade minerária e sua im-
portância, além de reconhecer seu impacto ao meio ambiente, e impõe 
ao responsável o dever jurídico de recuperação da degradação des-
te. No parágrafo 2º, ela determina que “aquele que explorar recursos 
minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de 
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na 
forma da lei” (BRASIL, 1988).
Proteção ao meio ambiente 15
Uma vez que o recurso mineral é um bem não renovável, a recupe-
ração da área degradada é reparatória e não restauradora. Assim, não 
há como recuperar a área degrada, apenas reparar a sociedade pela 
utilização do bem público. Nesse sentido, ao empreender na minera-
ção, aquele que explorará o bem deverá ter um plano de recuperação 
da área a ser degradada. Além disso, caso haja alguma suspeita de im-
pacto ambiental, poderá ser exigido um Estudo de Impacto Ambiental 
(EIA/RIMA) na área a ser explorada.
Ainda, a Constituição Federal determina que aquele que causar 
dano ambiental deve ser responsabilizado. Isso posto, o parágrafo 3º 
determina que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
ções penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados” (BRASIL, 1988).
As sanções mencionadas no referido parágrafo têm caráter autôno-
mo e são aplicadas de maneira independente. Nesses casos, verifica-se 
a responsabilidade administrativa, civil e penal e suas sanções corres-
pondentes. Todas estas podem ser convertidas em obrigação de res-
tauração do meio ambiente.
O texto constitucional definiu alguns biomas como patrimônios na-
cionais, no parágrafo 4º, no seguinte sentido: “a Floresta Amazônica bra-
sileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a 
Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na for-
ma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio 
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais” (BRASIL, 1988).
Salienta-se que a CF não menciona o Cerrado e a Caatinga como 
patrimônios nacionais. Além disso, ressalta-se que são considerados 
patrimônios nacionais, e não patrimônio federal ou da União.
Outra importante disposição da CF é no que tange às terras 
devolutas ou arrecadadas pelo Estado, apuradas por meio de ações 
discriminatórias. Determina-se, no parágrafo 5º, que, nessas situações, 
as terras são consideradas indisponíveis, pois são reconhecidas como 
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais (BRASIL, 1988).
Quanto às usinas nucleares, a CF também regulamentou no pará-
grafo 6º que, para que sejam instaladas, deverão ter sua localização 
definida em lei federal. Nos casos em que não há lei determinando, não 
poderá ser feita a instalação (BRASIL, 1988).
patrimônio federal ou 
da União: engloba os bens 
que representam a história 
do Brasil. Esses bens são 
aqueles que possuem o 
sentimento de pertenci-
mento aos brasileiros.
Glossário
terras devolutas: são as 
terras públicas em que 
não há destinação do 
Poder Público.
Glossário
16 Direito e Legislação Ambiental
Com relação ao meio ambiente cultural, a Constituição fundamenta, 
em seus artigos 215 e 216, o seguinte (BRASIL, 1988):
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos di-
reitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoia-
rá e incentivará a valorização e a difusão das manifestações 
culturais.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de 
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em 
conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à me-
mória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasilei-
ra, nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de criar, fazer e viver;
III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais es-
paços destinados às manifestações artístico-culturais;
V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagís-
tico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e 
científico. 
É importante destacar que o meio ambiente não é estático e úni-
co, pois existem diferentes ecossistemas. Entretanto, é o responsável 
pela manutenção de diversas formas de vida, porque elas todas se 
desenvolvem nele.
O Direito ambiental se ocupa com a tutela dos recursos ambientais 
de suas relações, assim, verifica-se que os objetos da tutela ambiental 
são os recursos ambientais. É possível dividi-los em recursos naturais, 
como a água, o solo, o ar, a fauna, a flora, entre outros, e em com-
ponentes artificiais, por exemplo, as ruas, as praças, os bens culturais 
artificiais etc.
Destaca-se que tanto o meio ambiente cultural como o meio am-
biente natural e o artificial são protegidos em legislações próprias, tais 
como a Lei de Crimes Ambientais, o Estatuto da Cidade e o Plano Na-
cional da Cultura.
Meio ambiente cultural é aquele que representa a história do povo, 
o desenvolvimento de sua cultura. Os bens podem ser materiais, assim 
como o local onde se desenvolveu determinado povo, ou imateriais, 
como crenças, danças, religião. O meio ambiente natural éaquele que 
Proteção ao meio ambiente 17
não sofreu interferência do ser humano, portanto, precede à existência 
da humanidade. Já o meio ambiente artificial é aquele que foi construí-
do pelo ser humano, podendo ser um conjunto de edificações no espa-
ço urbano ou espaços públicos, como praças.
Salienta-se que também é protegido o meio ambiente laboral, 
local onde os indivíduos desenvolvem as suas atividades laborais. 
Ressalta-se que, nesses casos, devem ser observadas a salubridade e a 
ausência de agentes comprometedores da integridade físico-psíquica 
dos trabalhadores. A Constituição protege todos os meio ambientes 
mencionados.
Ainda, foram determinados, na CF, os princípios do Direito ambiental. 
Eles são as normas jurídicas que fundamentam o sistema jurídico (AMADO, 
2018). A aplicação dos princípios deve ser realizada de maneira integrada 
e todos devem ser sopesados nos casos concretos. Destaca-se que na 
doutrina há certa divergência sobre a divisão dos princípios ambientais.
1.2.1 Princípio da Ubiquidade
É o princípio que considera a onipresença, ou seja, a presença do 
meio ambiente em todos os locais. Portanto, diante da onipresença, 
para sua efetiva proteção é necessária a cooperação dos povos em sua 
tutela. Considera-se, assim, que o bem ambiental não tem fronteiras.
A transnacionalidade do Direito ambiental foi decidida pelo Superior 
Tribunal de Justiça, na 1ª Turma, no REsp 588.022/SC. Dessa forma, é 
necessária a cooperação dos povos para o progresso da humanidade, 
que está estabelecida no artigo 4º, inciso IX, da CF.
1.2.2 Princípio do Desenvolvimento Sustentável
Por esse princípio, afirma-se que o desenvolvimento não pode pre-
judicar as gerações futuras, sendo necessária a manutenção do meio 
ambiente original. O desenvolvimento sustentável se dá observando 
a solidariedade intergeracional, ou seja, a geração presente deve pre-
servar o meio ambiente de modo que se garanta sua integralidade 
para a geração futura. Diante disso, o progresso econômico não pode 
ocorrer às custas de uma degradação do meio ambiente. Para garantir 
o desenvolvimento sustentável são utilizadas algumas ferramentas de 
proteção e prevenção, por exemplo, a exigência de estudos prévios de 
impacto ambiental.
18 Direito e Legislação Ambiental
1.2.3 Princípio da Participação
O princípio da participação é necessário pois os bens ambientais 
são direitos difusos, logo, sem titularidade definida.
Dessa forma, todos têm direito de participar e obrigação de contri-
buir para a proteção ambiental. Um exemplo de aplicação desse prin-
cípio é a propositura de ação popular ambiental e ação civil pública.
Existem alguns subprincípios do princípio da participação:
 • Direito a informação ambiental: a sociedade deve ser informa-
da sobre as questões relativas ao meio ambiente, assim, é impor-
tante a publicidade de todos os dados relacionados a ele e, ainda, 
os estudos de impacto ambiental devem ser públicos (artigo 9º, 
inciso XI, da Lei n. 6.938/1981).
 • Educação ambiental: a sociedade precisa ser capaz de com-
preender e de entender as informações ambientais, porque so-
mente desse modo sua participação poderá ser efetiva. Por isso, 
é necessário que a Política Nacional de Educação Ambiental, 
Lei n. 9.795/1999, seja efetiva.
1.2.4 Princípio do Poluidor/Usuário-pagador
É o princípio mais importante e é considerado o grande pilar de sus-
tentação do Direito ambiental. É importante salientar que não significa 
de maneira alguma que seja possível pagar para poluir. Esse princípio 
surge com base no conceito de externalidades negativas, oriundo da 
economia, assim, exige-se que os custos ambientais, ou seja, os da-
nos à sociedade sejam internalizados e computados nos custos do em-
preendedor e em seus produtos.
Logo, sobrecarrega-se o preço dos produtos poluentes e, se o custo 
for insuportável, o produto não será produzido. É uma forma de miti-
gar os danos causados à sociedade, além de reprimir as condutas po-
luidoras por meio de adequada responsabilização.
Os subprincípios do princípio do poluidor/usuário-pagador são:
 • Prevenção: significa dizer que todo o dano ambiental que não 
pode ser reparado, tendo em vista seu caráter irreversível, de-
verá ser evitado. Assim, a atividade que poderá causar danos ao 
meio ambiente não pode ser desenvolvida.
Proteção ao meio ambiente 19
 • Precaução: é uma etapa anterior à prevenção. Dessa forma, 
devem ser evitados não apenas os danos efetivos ao meio am-
biente, como também qualquer possibilidade de riscos de sua 
ocorrência. Nesse sentido, ainda que não haja evidência científica 
sobre o dano, mas exista uma possibilidade de risco na atividade, 
esta não deve ser exercida. Nesses casos, o ônus de provar que a 
atividade não causa riscos é do empreendedor.
 • Função socioambiental da propriedade: embora o princípio da 
propriedade privada garanta que efetivamente a propriedade é 
de seu proprietário, este não é livre para fazer o que quiser com 
seu bem. Dessa maneira, deve atentar ao meio ambiente durante 
o uso da propriedade. A função social da propriedade está deter-
minada no artigo 5º, inciso XXIII, artigo 182, parágrafo 2º, e artigos 
184 e 186, todos da CF.
1.2.5 Princípio do Usuário-pagador
Tem como objetivo responsabilizar o usuário de um bem ambien-
tal escasso. Portanto, não incide na degradação ambiental, mas no 
uso do bem, ainda que não haja efetivamente a degradação. Assim, a 
cobrança se dá pelo estabelecimento de preços públicos e pela inci-
dência de tributos.
1.2.6 Princípio da Responsabilidade ambiental
Sua finalidade é reprimir o comportamento que gerou o dano 
ambiental que deve ser, então, revertido, corrigido ou compensado. 
Tem função repressiva e preventiva, como determina o artigo 225, 
parágrafo 3º, da CF, pois, além de reparar o dano ambiental, deve 
educar o infrator. Assim, ao compreender que a conduta poderá 
ensejar a responsabilidade, a tendência é que as pessoas deixem 
de praticá-la.
O mesmo dano ambiental pode ser sancionado civil, penal e admi-
nistrativamente de modo independente. Portanto, a responsabilidade 
em uma esfera não acarreta a responsabilidade em outra esfera ime-
diatamente. Nesse caso, verifica-se que a recuperação do meio ambien-
te é mais importante do que a punição do responsável. Logo, quando 
não é possível a recomposição do ecossistema, impõe-se a adoção de 
medidas compensatórias.
20 Direito e Legislação Ambiental
Para a melhor compreensão, é possível esquematizar os princípios 
ambientais da seguinte forma:
Figura 1
Princípios ambientais
Princípios do 
Direito ambiental
Ubiquidade
Desenvolvimento 
sustentável
Participação
Informação
Educação ambiental
Prevenção
Precaução
Poluidor/ 
Usuário-pagador
Função socioambiental 
da propriedade
Usuário-pagador
Responsabilidade 
ambiental
Ar
to
s/
Sh
ut
te
rs
to
ck
Fonte: Elaborada pela autora.
Conclui-se que os princípios devem trabalhar de modo articu-
lado, com o objetivo de garantir efetivamente a proteção ao meio 
ambiente. Dessa forma, todos devem ser observados e sua violação 
deve ser responsabilizada.
Para a melhor compreen-
são do tema, sugere-
-se assistir à aula do 
professor Rosenval Junior 
sobre os princípios am-
bientais. Nela, o professor 
analisa o conceito de 
princípio ambiental. 
Disponível em:: https://
www.youtube.com/
watch?v=9U0FsfMbLF4. Acesso 
em: 10 mai. 2021.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=9U0FsfMbLF4
https://www.youtube.com/watch?v=9U0FsfMbLF4
https://www.youtube.com/watch?v=9U0FsfMbLF4
Proteção ao meio ambiente 21
1.3 A natureza jurídica e os objetivos 
do Direito ambiental Vídeo
Verificou-se que o Direito ambiental tem como objetivo prin-
cipal a proteção do equilíbrio ecológico, que, como visto, é o bem 
jurídico objeto da tutela, conforme determina o artigo 225 da 
Constituição Federal. Assim, é importante identificar a natureza 
jurídica do Direito ambiental, cujas diretrizes são determinadas 
pela CF, bem como suas características principais.
 Nessesentido, averigua-se que a Constituição, em seu ar-
tigo 225, e o Código Civil, no artigo 99, inciso I 2 , determinam 
que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo e 
deve ser aplicado o regime jurídico de bem público. Portanto, 
é inalienável, ou seja, não pode ser vendido e não está sujeito 
à usucapião, como determinam os artigos 100 3 e 102 4 do CC.
Ainda, deve ser gerido e regulamentado pelo Poder Públi-
co, segundo determina o parágrafo 1º, do artigo 225 da CF. A 
titularidade do bem é o povo, dessa forma, seus titulares são 
indetermináveis. Outra importante característica é a nature-
za indivisível do bem ambiental, pois não é possível repartir o 
bem sem sua alteração.
Logo, ele é considerado um bem difuso, pois é do povo, seu 
objeto é indivisível e não é possível determinar sua titularida-
de. Além disso, é importante salientar que é um bem transge-
racional, visto que pertence às presentes e às futuras gerações.
Dentre as características do bem ambiental, verifica-se a 
ubiquidade, pois ele não possui fronteiras espaciais e territo-
riais, sendo, assim, onipresente.
O bem ambiental também é instável, porque é um objeto 
sensível. Isso se verifica, pois qualquer alteração em seus com-
ponentes pode causar um desequilíbrio. Acresce-se a essencia-
lidade, visto que é essencial para a sadia qualidade de vida, ou 
seja, imprescindível para todas as formas de vida.
Ainda, verifica-se a característica da reflexibilidade, tendo 
em vista que uma lesão ao seu equilíbrio pode afetar de ma-
neira reflexa outro direitos, inclusive de natureza privada.
Código Civil, artigo 99, in-
ciso I: “os de uso comum 
do povo, tais como rios, 
mares, estradas, ruas e 
praças” (BRASIL, 2002).
2
usucapião: ocorre quan-
do o bem é usado por 
outrem por determinado 
tempo, como se fosse 
dono e sem oposição à 
posse do bem.
Glossário
Código Civil, artigo 100: “Os 
bens públicos de uso co-
mum do povo e os de uso 
especial são inalienáveis, 
enquanto conservarem a 
sua qualificação, na forma 
que a lei determinar” (BRA-
SIL, 2002).
3
Código Civil, artigo 102: 
“Os bens públicos não es-
tão sujeitos a usucapião” 
(BRASIL, 2002).
4
22 Direito e Legislação Ambiental
É um direito perene, porque sua importância e proteção não cessam 
nunca. Assim, pode-se dizer que a proteção ao equilíbrio ecológico deve 
ser eterna. Além disso, são incognoscíveis, pois o ser humano não con-
segue dominar todas as regras e funções dos bens ambientais. É pos-
sível sintetizar as características do bem ambiental da seguinte forma:
Figura 2
Características do bem ambiental
Bem ambiental
bem público
titulares indetermináveis 
(pertence ao povo)
indivisibilidade
bem difuso
ubiquidade
instabilidade
essencialidade
reflexibilidade
perenidade
incognoscibilidade
Ar
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s/
Sh
ut
te
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to
ck
Fonte: Adaptado de Rodrigues, 2007, p. 84.
Proteção ao meio ambiente 23
O Direito ambiental tem como macro-objetivo a sustentabili-
dade. Ao analisar a sustentabilidade, é possível verificar a compo-
sição de diversos micro-objetivos do Direito ambiental, tais como 
(BENJAMIN, 2006, p. 4):
 • proteção da saúde e segurança humanas
 • conservação do patrimônio estético, turístico e paisagístico
 • salvaguarda da biosfera per se
 • transparência e livre circulação das informações ambientais
 • democratização dos processos decisórios ambientais
 • prevenção, reparação e repressão do dano ambiental
 • facilitação do acesso à justiça
 • conhecimento científico e tecnológico
 • eficiência econômica
 • estabilidade social; e
 • tutela da propriedade.
Observando os objetivos elencados, é possível verificar o caráter 
essencialmente público do Direito ambiental, protegendo, assim, o 
coletivo. Ainda, os objetivos complementam-se entre si, não sendo 
excludentes.
A sustentabilidade, tida como macro-objetivo, significa utilizar 
os bens ambientais de maneira racional, administrando para que 
permaneçam em iguais condições para as gerações futuras. Des-
sa forma, utiliza-se de modo satisfatório, sem que essa utilização 
possa causar prejuízos para as próximas gerações, tendo, assim, a 
equidade intergeracional.
A proteção da saúde humana sempre foi considerada um funda-
mento para a tutela ambiental. Verifica-se, por exemplo, que a po-
luição pode causar problemas graves à saúde do homem. Portanto, 
as atividades que podem gerar qualquer dano à saúde devem ser 
evitadas.
A conservação do patrimônio estético, turístico e paisagísti-
co justifica-se pela conservação da biodiversidade. Dessa forma, 
constata-se que a manutenção do equilíbrio ecológico e das varie-
dades das espécies está ligado diretamente à beleza estética da 
natureza.
Com relação à proteção da biosfera per se, significa dizer que o 
meio ambiente deve ser protegido por si próprio. É proposto, dessa 
maneira, que a natureza possui direitos próprios.
24 Direito e Legislação Ambiental
A transparência e livre circulação das informações tem como obje-
tivo assegurar o acesso e a transparência de todos os dados relaciona-
dos ao interesse ambiental. Dessa forma, todos os dados referentes 
ao meio ambiente dos órgãos governamentais devem ser de livre 
acesso aos cidadãos.
A democratização dos processos decisórios ocorre na intervenção 
direta das condutas degradadoras do meio ambiente, como nos ca-
sos de processos decisórios administrativos e nas ações civis públicas 
e ações populares. Desse modo, há a relação entre a população e o 
Estado na proteção ao meio ambiente.
Ao tornar o processo decisório democrático, os cidadãos conseguem 
atuar e participar dessa proteção. Assim, tem-se a participação popular 
como importante instrumento para a garantia do Direito ambiental.
A prevenção, reparação e repressão do dano ao meio ambiente 
sobrevêm nos casos em que há um dano ambiental. Dessa manei-
ra, caso o dano tenha ocorrido, aquele que o causou deve repará-lo. 
O objetivo dessa responsabilização não é somente a reparação, mas 
também a repressão.
A reparação deve ocorrer com a reconstituição do bem lesado se 
isso for possível, ou a indenização substitutiva. Ainda, poderá ser im-
putada a sanção penal e a sanção administrativa. A prevenção suce-
de como uma função educativa da população, que ao perceber que o 
dano deve ser responsabilizado, deixa de causá-lo.
A facilitação do acesso à justiça significa flexibilizar a legitimação 
para agir por meio de acesso e instrumentos eficientes. Assim, todas 
as pessoas que necessitam do Poder Judiciário têm acesso aos instru-
mentos necessários. Dessa forma, tem-se a democratização da justiça.
A busca de conhecimento científico e tecnológico tem como objetivo 
incentivar o conhecimento científico, visto que é imprescindível para ve-
rificar efetivamente a estruturação do Direito ambiental. Nesse sentido, 
deve ser incentivado o desenvolvimento do conhecimento científico.
No que tange à eficiência e internalização dos custos sociais 
e ambientais, verifica-se o objetivo de alcançar a eficiência ao in-
cluir no preço do produto, além da mão de obra e dos insumos, as 
Proteção ao meio ambiente 25
externalidades ambientais. Nesse caso, o mercado deverá atentar para 
os custos ambientais inerentes à degradação do meio ambiente, a fim 
de diminuir o preço de seus produtos.
A estabilidade social do meio ambiente ocorre nos casos em que é 
assegurada a sustentabilidade, visto que garantem relações mais está-
veis entre os indivíduos, com o Estado e com o próprio meio ambiente. 
A instabilidade social é encontrada nas situações em que há a destrui-
ção do meio ambiente, causando diversos problemas à sociedade.
Por fim, tem-se a proteção ao direito de propriedade como único 
objetivo do Direito ambiental de caráter provado. Assim sendo, deve 
haver um equilíbrio entre a propriedade privada e a função socioam-
biental da propriedade.
Conclui-se que é importante a observância dos objetivos macro e 
micro do Direito ambiental, os quais devem trabalhar em conjunto e 
de maneira articulada com o escopo de proteger egarantir o equilíbrio 
ecológico. Salienta-se que o Poder Público e a sociedade são responsá-
veis por isso.
Sugere-se a leitura 
do texto de Antonio 
Herman de Vasconcellos 
e Benjamin, Objetivos do 
Direito Ambiental. Versão 
simplificada do texto a 
ser publicado na Revista 
de Direito Ambiental, com 
base na conferência pro-
ferida na cidade do Porto, 
Portugal, o autor explica 
de maneira didática cada 
um dos objetivos do 
Direito ambiental.
Disponível em: https://core.ac.uk/
download/pdf/16018348.pdf. 
Acesso em: 10 mai. 2021. 
Leitura
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente capítulo buscou analisar os principais conceitos e as ca-
racterísticas da tutela ao meio ambiente. Para isso, no primeiro ponto 
foi estudada a evolução do Direito ambiental. Verificou-se que é possível 
dividi-lo em três importantes fases. Hoje, ele está na terceira, a qual se 
iniciou com a Política Nacional do Meio Ambiente e consolidou-se com a 
Constituição Federal.
No segundo momento, ponderou-se acerca das principais mudanças 
ocasionadas na Constituição Federal de 1988. Para tanto, foi necessário es-
tudar os princípios do Direito ambiental. Ainda, constatou-se que o poder 
público e a sociedade têm o direito e o dever de preservar e proteger o 
meio ambiente. Assim, devem estar disponíveis os instrumentos de acesso.
Por fim, no terceiro momento foi examinada a natureza jurídica do Di-
reito ambiental e seus objetivos. Estes são divididos em macro-objetivos e 
micro-objetivos. O primeiro é a sustentabilidade, a qual é composta de diver-
sos micro-objetivos. Todos estes que foram estudados trabalham em conjun-
to com o objetivo de assegurar a manutenção do equilíbrio ecológico.
https://core.ac.uk/download/pdf/16018348.pdf
https://core.ac.uk/download/pdf/16018348.pdf
26 Direito e Legislação Ambiental
ATIVIDADES
Atividade 1
No que tange à evolução do Direito ambiental, verifica-se que a prote-
ção ao meio ambiente sofreu uma importante mudança ao ser conside-
rada disciplina autônoma. Qual foi o marco normativo dessa fase?
Atividade 2
Dentre os princípios ambientais, certifica-se que um é considerado o 
princípio mais importante, pois é o pilar de sustentação do meio am-
biente. Qual é ele? Explique.
Atividade 3
O Direito ambiental possui um macro-objetivo que origina todos os 
micro-objetivos. Qual é considerado o macro-objetivo, o maior objetivo 
na proteção ao meio ambiente? Por quê?
REFERÊNCIAS
AMADO, F. Direito Ambiental. 9 ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
BENJAMIN, A. H. de V. e. Objetivos do Direito Ambiental. BDJur, set. 2006. Disponível em: 
https://core.ac.uk/download/pdf/16018348.pdf. Acesso em 10 mai. 2021.
BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 
out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm. Acesso em: 10 mai. 2021.
BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 
Brasília, DF, 2 set. 1981. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.
htm. Acesso em 10 mai. 2021.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, 
Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10406compilada.htm. Acesso em 10 mai. 2021.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp n. 588.022 SC 2003/0159754-5. Diário da Justiça, 
5 abr. 2015. Disponível em https://www.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/
RevSTJ/article/download/6480/6603. Acesso em: 10 mai. 2021.
RODRIGUES, M. A. Direito ambiental esquematizado. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
Políticas nacionais de conservação 27
2
Políticas nacionais de conservação
No presente capítulo serão abordadas as políticas nacionais de con-
servação do meio ambiente. No primeiro momento, será estudada a es-
trutura nacional de proteção ao meio ambiente. É importante destacar 
que esta foi alterada com a Constituição Federal de 1988. A estrutura é 
organizada em todas as esferas: municipal, estadual ou Distrito Federal e 
federal de maneira descentralizada, por isso, serão abordados todos os 
órgãos integrantes. 
No segundo momento será desenvolvido o estudo da Política Nacional 
do Meio Ambiente (PNMA). Essa política foi instituída pela Lei n. 6.938/1981 
e recepcionada pela CF/1988. São trabalhados os princípios, os fins e os 
objetivos da política, além dos instrumentos para sua implementação.
No terceiro ponto será trabalhada a Política Nacional dos Recursos 
Hídricos (PNRH), destacando seu importante papel na promoção de 
um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Para isso, serão abor-
dadas as diretrizes, os objetivos e os fundamentos da implementação 
da política nacional. 
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• discorrer sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e a 
Política Nacional de Recursos Hídricos; 
• analisar as principais políticas nacionais concernentes ao 
meio ambiente.
Objetivos de aprendizagem
2.1 A estrutura nacional de proteção 
ao meio ambiente Vídeo
A proteção do meio ambiente no Brasil é estruturada na esfera 
nacional e, por isso, existem diversos órgãos que integram este siste-
ma. Essa estrutura é chamada de Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(Sisnama) e tem fundamento na Constituição Federal de 1988.
28 Direito e Legislação Ambiental
O Sisnama é organizado em todas as esferas, tendo em vista que 
é competência comum da União, dos estados, do Distrito Federal e 
dos municípios “proteger o meio ambiente e combater a poluição em 
qualquer de suas formas; [...] preservar as florestas, a fauna e a flora”, 
como determina a CF no artigo 23 incisos VI e VII (BRASIL,1988).
A competência comum significa dizer que todos os entes atuam 
de modo cumulativo, ou seja, um não está subordinado ao outro, 
mas todos exercem a mesma atividade. É importante lembrar que 
o Poder Público tem a obrigação de defender o meio ambiente e 
preservá-lo, assim como a coletividade. Isso está disposto na Cons-
tituição, no artigo 225: “todos têm direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletivida-
de o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações” (BRASIL, 1988).
Destaca-se que a PNMA surgiu antes da CF, pela Lei n. 6.938/1981. 
Essa norma estabelece os fins e os mecanismos de formulação e apli-
cação do sistema, além do Cadastro de Defesa Ambiental. Portanto, 
há um conjunto de princípios, valores e objetivos regendo a tutela 
ambiental no Brasil (RODRIGUES, 2017).
Existem dois cadastros importantes para a defesa ambiental: o 
Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa 
Ambiental e o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmen-
te Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos Ambientais, segundo 
afirmam os incisos VIII e XII do artigo 9º da Lei n. 6.938/1981.
Foi criado um verdadeiro plexo de órgão estatais, nos três níveis 
(União, estados, Distrito Federal e municípios), com o objetivo de 
viabilizar o exercício da competência comum na implementação da 
política ambiental. Esses órgãos são responsáveis pela proteção e 
melhoria da qualidade ambiental.
A organização do Sisnama se dá por meio da articulação entre a 
política nacional e interinstitucional, incluindo órgão federais, esta-
duais e municipais, conforme apresentado a seguir. 
Políticas nacionais de conservação 29
Órgão superior
Conselho de 
Governo
Órgãos 
executores
Ibama e ICMBio
Órgãos 
seccionais
Estados
Órgãos locais
Municípios
Órgão central
MMA
Órgão consultivo 
e deliberativo
Conama
Sisnama
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te
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to
ck
O órgão superior é o Conselho de Governo, que tem como função 
o assessoramento do Presidente da República na formulação da po-
lítica nacional e nas diretrizes governamentais para o meioambiente 
(BRASIL, 1981).
O órgão consultivo e deliberativo é o destacado Conselho Nacio-
nal do Meio Ambiente (Conama). A função desse órgão é assesso-
rar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes políticas 
governamentais para a proteção do meio ambiente e dos recursos 
naturais. Também é função dele deliberar, no âmbito de sua com-
petência, questões relativas às normas e aos padrões compatíveis 
com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à 
sadia qualidade de vida.
Como órgão central há o Ministério do Meio Ambiente (MMA) 
que, conforme o artigo 6º, inciso II da Lei n. 6.938/1981, tem a fun-
ção de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão 
federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas 
para o meio ambiente (BRASIL, 1981).
Com a função de executar e fazer executar como órgão federal 
a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio am-
biente, existem os órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto 
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
30 Direito e Legislação Ambiental
Na esfera seccional existem os órgãos ou entidades estaduais, que 
são definidos por cada estado. Eles são responsáveis pela execução 
dos programas, dos projetos, do controle e da fiscalização de ativida-
des capazes de provocar a degradação ambiental.
Ainda, existem os órgãos locais, que são órgãos ou entidades muni-
cipais responsáveis pelo controle e pela fiscalização dessas atividades 
em suas respectivas jurisdições.
Sobre o sistema nacional é importante destacar o estudo do 
Conama. Este é o órgão de maior destaque em todo o sistema, ocupan-
do uma posição elevada, embora não seja o órgão superior.
A Lei n. 6.938/1981, em seu artigo 8º, destaca as competências do 
Conama (BRASIL, 1981):
I – estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e cri-
térios para o licenciamento de atividades efetiva ou po-
tencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados 
e supervisionado pelo IBAMA; 
II – determinar, quando julgar necessário, a realização de 
estudos das alternativas e das possíveis consequências 
ambientais de projetos públicos ou privados, requisi-
tando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem 
assim a entidades privadas, as informações indispensá-
veis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, 
e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades 
de significativa degradação ambiental, especialmente 
nas áreas consideradas patrimônio nacional. 
[...]
V – determinar, mediante representação do IBAMA, a perda 
ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder 
Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou 
suspensão de participação em linhas de financiamento 
em estabelecimentos oficiais de crédito; 
VI – estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais 
de controle da poluição por veículos automotores, aero-
naves e embarcações, mediante audiência dos Ministé-
rios competentes;
VII – estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao con-
trole e à manutenção da qualidade do meio ambiente 
com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, prin-
cipalmente os hídricos.
Segundo afirma o parágrafo único, o secretário do Meio Ambiente é 
o presidente do Conama. 
Além dos órgãos trabalhados neste ponto, é possível a organização 
em sistemas estaduais ou municipais destinados à proteção do entor-
no. Ressalta-se que esses sistemas devem observar a regra estabeleci-
da na CF sobre as competências concorrentes e comuns e os critérios 
da predominância do interesse. 
Para aprofundar o 
conteúdo trabalhado no 
presente capítulo, reco-
menda-se o estudo do 
capítulo 6 do livro Direito 
ambiental esquematiza-
do, de Marcelo Abelha 
Rodrigues, o qual analisa 
as normas infraconsti-
tucionais de proteção 
ambiental que integram 
o sistema de proteção do 
meio ambiente e têm pa-
pel essencial na estrutura 
de organização.
RODRIGUES, M. A. 8. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2021.
Livro
Políticas nacionais de conservação 31
Segundo afirma o parágrafo único, o secretário do Meio Ambiente é 
o presidente do Conama. 
Além dos órgãos trabalhados neste ponto, é possível a organização 
em sistemas estaduais ou municipais destinados à proteção do entor-
no. Ressalta-se que esses sistemas devem observar a regra estabeleci-
da na CF sobre as competências concorrentes e comuns e os critérios 
da predominância do interesse. 
Para aprofundar o 
conteúdo trabalhado no 
presente capítulo, reco-
menda-se o estudo do 
capítulo 6 do livro Direito 
ambiental esquematiza-
do, de Marcelo Abelha 
Rodrigues, o qual analisa 
as normas infraconsti-
tucionais de proteção 
ambiental que integram 
o sistema de proteção do 
meio ambiente e têm pa-
pel essencial na estrutura 
de organização.
RODRIGUES, M. A. 8. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2021.
Livro
2.2 Política Nacional do Meio Ambiente 
Vídeo A PNMA está estabelecida no ordenamento jurídico brasileiro desde 
a Lei n. 6.938/1981. A CF a recepcionou quase integralmente e, assim, a 
raiz da lei está plantada no texto constitucional. 
Com relação à competência legislativa concorrente, o artigo 24, pa-
rágrafo 1º, da CF determinou que cabe à União estabelecer normas 
gerais (BRASIL, 1988). Portanto, tem-se um exemplo perfeito de cum-
primento da lei em questão, que introduziu uma verdadeira política 
relacionada ao tratamento jurídico do meio ambiente no país.
Dentre as inovações dessa norma, é importante destacar que foi a 
pioneira na determinação de alguns conceitos, tais como o de poluidor, 
abordou a responsabilidade civil objetiva, a legitimidade ativa do Minis-
tério Público, dentre outras inovações para o Direito ambiental.
A legislação brasileira determina de maneira expressa um con-
junto de princípios, valores e objetivos que devem reger a tutela 
ambiental no país. A primeira norma que determinou efetivamente 
esses pontos foi a PNMA.
Apenas a partir dessa norma foi possível determinar efetivamente 
que o Direito ambiental é uma ciência autônoma no Brasil. Essa auto-
nomia foi corroborada pela Constituição de 1988. 
A referida lei foi a primeira a introduzir um microssistema legal de 
proteção ao meio ambiente, além dos instrumentos administrativos, 
penais e econômicos de proteção ao meio ambiente.
Com o advento da CF, o estudo das normas ambientais e de suas 
relações jurídicas se difundiram. Portanto, verifica-se que não é um 
sistema fechado em si mesmo, pois surgiram diversas leis de prote-
Para aprofundar o estudo 
sobre o tema, recomen-
da-se a leitura do texto A 
política nacional do meio 
ambiente aos 40 anos: 
parte 1, de Ricardo Cintra 
Torres de Carvalho, o qual 
analisa os últimos 40 anos 
da PNMA e as transfor-
mações que ocorreram 
sobre o tema. 
Disponível em: https://www.conjur.
com.br/2021-abr-17/ambiente-
juridico-politica-nacional-meio-
ambiente-aos-40-anos. Acesso em: 
7 jun. 2021.
Leitura
https://www.conjur.com.br/2021-abr-17/ambiente-juridico-politica-nacional-meio-ambiente-aos-40-anos
https://www.conjur.com.br/2021-abr-17/ambiente-juridico-politica-nacional-meio-ambiente-aos-40-anos
https://www.conjur.com.br/2021-abr-17/ambiente-juridico-politica-nacional-meio-ambiente-aos-40-anos
https://www.conjur.com.br/2021-abr-17/ambiente-juridico-politica-nacional-meio-ambiente-aos-40-anos
32 Direito e Legislação Ambiental
ção ao meio ambiente com o objetivo de complementar as diretrizes 
gerais estabelecidas na PNMA. 
O objetivo do surgimento da PNMA foi implementar o desenvolvi-
mento sustentável no país. Para tanto, foi necessário estabelecer um 
equilíbrio entre a política existente e a proteção ao meio ambiente. 
A Lei n. 6.938/1981 é dividida em três partes:
Princípios 
destinados à 
formulação da 
PNMA
Fins e objetivos 
da PNMA
Instrumentos para 
a implementação e 
a operacionalização 
da PNMA
Vy
ac
he
sl
av
ik
us
/S
hu
tte
rs
to
ck
Os princípios dessa lei estão estabelecidos no artigo 2º dela (BRASIL, 
1981, grifos nossos):I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológi-
co, considerando o meio ambiente como um patrimônio 
público a ser necessariamente assegurado e protegido, 
tendo em vista o uso coletivo;
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e 
do ar;
III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos 
ambientais;
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas 
representativas;
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou efe-
tivamente poluidoras;
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orien-
tadas para o uso racional e a proteção dos recursos 
ambientais;
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII – recuperação de áreas degradadas; 
IX – proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusi-
ve a educação da comunidade, objetivando capacitá-la 
para participação ativa na defesa do meio ambiente. 
Políticas nacionais de conservação 33
Os princípios são aquilo que fundamenta a política estabelecida na 
norma, isto é, são orientações que definem a direção e o sentido da 
política, os comandos previamente definidos.
 Já os objetivos são as finalidades e os resultados que se pretende 
atingir com a política. É possível definir que os objetivos são as metas da 
política e estabelecer didaticamente uma diferença entre fins abstratos 
e fins concretos, ambos explicados a seguir.
Fins abstratos 
Os fins abstratos são as diretivas gerais da PNMA e, portanto, são 
caracterizadas por uma alta carga de abstração. São consideradas a 
direção, o norte ou a linha de alcance dessa lei. É possível verificar 
os fins abstratos também no caput do artigo 2º: “A Política Nacio-
nal do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando 
assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, 
aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da 
vida humana” (BRASIL, 1981, grifo nosso).
Pode-se afirmar, então, que o objetivo geral é a preservação, a me-
lhoria e a recuperação do meio ambiente.
Fins concretos
Os fins concretos são aqueles objetivos palpáveis e estão descritos 
nos incisos que compõem o artigo 4º (BRASIL, 1981):
Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social 
com a preservação da qualidade do meio ambiente e do 
equilíbrio ecológico;
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental 
relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo 
aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Territórios e dos Municípios;
III – ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade 
ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de re-
cursos ambientais;
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais 
orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
(Continua)
34 Direito e Legislação Ambiental
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à 
divulgação de dados e informações ambientais e à for-
mação de uma consciência pública sobre a necessidade 
de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio 
ecológico;
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais 
com vistas à sua utilização racional e disponibilidade per-
manente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio 
ecológico propício à vida;
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de 
recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuá-
rio, da contribuição pela utilização de recursos ambien-
tais com fins econômicos. 
As diretrizes não estão expressas no texto da lei, elas serão for-
muladas no plano infraconstitucional, como determina o artigo 5º da 
PNMA (BRASIL, 1981):
Art. 5º. As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente 
serão formuladas em normas e planos, destinados a orien-
tar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona 
com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do 
equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos 
no art. 2º desta Lei.
Foram estabelecidos meios ou instrumentos pelo legislador e 
para que o Poder Público consiga concretizar a política pública de 
proteção ao meio ambiente. Os instrumentos são classificados em 
instrumentos jurisdicionais (cíveis e penais) e não jurisdicionais 
(administrativos) da PNMA.
Dentre os instrumentos administrativos, é possível verificar que 
foram mais detalhados, visto que, além do sistema responsável pela 
política pública ambiental, foram determinadas as ferramentas que 
compõem o Sisnama. Esses instrumentos são classificados entre pre-
ventivos e repressivos, descritos na sequência (RODRIGUES, 2017).
Políticas nacionais de conservação 35
Preventivos 
Têm como função evitar os danos e ilícitos e estão estabelecidos 
no artigo 9º (BRASIL, 1981):
I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II – o zoneamento ambiental; 
III – a avaliação de impactos ambientais;
IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou po-
tencialmente poluidoras;
V – os incentivos à produção e instalação de equipamentos 
e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a 
melhoria da qualidade ambiental;
VI – a criação de espaços territoriais especialmente prote-
gidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, 
tais como áreas de proteção ambiental, de relevante in-
teresse ecológico e reservas extrativistas; 
VII – o sistema nacional de informações sobre o meio 
ambiente;
VIII – o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumen-
tos de Defesa Ambiental;
IX – as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não 
cumprimento das medidas necessárias à preservação 
ou correção da degradação ambiental.
X – a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, 
a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; 
XI – a garantia da prestação de informações relativas ao Meio 
Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, 
quando inexistentes; 
XII – o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmen-
te poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. 
XIII – instrumentos econômicos, como concessão florestal, 
servidão ambiental, seguro ambiental e outros. 
Repressivos 
Têm como função impor as sanções administrativas, dispostas no 
artigo 14 (BRASIL, 1981):
36 Direito e Legislação Ambiental
Art. 14. Sem prejuízo das penalidades definidas pela legisla-
ção federal, estadual e municipal, o não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção dos incon-
venientes e danos causados pela degradação da qualidade 
ambiental sujeitará os transgressores:
I – à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no 
mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 (mil) Obrigações 
Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em 
casos de reincidência específica, conforme dispuser o re-
gulamento, vedada a sua cobrança pela União se já tiver 
sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou 
pelos Municípios.
II – à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais con-
cedidos pelo Poder Público;
III – à perda ou suspensão de participação em linhas de finan-
ciamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
IV – à suspensão de sua atividade.
Entre os instrumentos judiciais de proteção ao meio ambiente, a 
PNMA estabelece penalidades civis e penais, tendo em vista a res-
ponsabilidade pelos danos causados.
Civis
Art. 14. § 1º. Sem obstar a aplicação das penalidades previs-
tas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemen-
te da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos 
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por 
sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados 
terá legitimidade para propor ação de responsabilidade 
civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 
(BRASIL, 1981)
Verifica-se que a responsabilidade civil pordanos ambientais não se 
limita ao direito material. Assim, o Ministério Público é legitimado para 
propor a demanda coletiva ambiental (RODRIGUES, 2017).
Políticas nacionais de conservação 37
Penais
Art. 15. O poluidor que expuser a perigo a incolumida-
de humana, animal ou vegetal, ou estiver tornando mais 
grave situação de perigo existente, fica sujeito à pena de 
reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa de 100 (cem) a 
1.000 (mil) MVR 1 . (BRASIL, 1981)
Maior Valor de Referên-
cia, indexador extinto 
pela Lei n. 8.177/1991. 
Atualmente, as multas são 
arbitradas pela justiça.
1
No que tange a responsabilidade penal, a Lei n. 9.605/1998, Lei de 
Crimes Ambientais, tratou de complementar o disposto na PNMA. 
Confere-se que, conforme mencionado no início do estudo, a PNMA 
tem como objetivo proteger o meio ambiente do poluidor e, assim, estipu-
la instrumentos e normas específicas para essa proteção, além da aplica-
ção das penalidades relativas à violação e aos danos ambientais. 
2.3 Política Nacional de Recursos Hídricos 
Vídeo A água foi objeto de debate em diversos momentos da história das 
relações internacionais. A Conferência de Estocolmo de 1972 estabele-
ceu a prevenção à poluição em mares, o descarte correto de substân-
cias tóxicas, a luta contra a poluição, entre outros.
Na Conferência do Rio de Janeiro de 1992 (RIO-92), surgiram duas 
convenções importantes, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, a Declaração de Princípios sobre Florestas, e um pla-
no de ações, a Agenda 21. Além de importantes considerações sobre o 
efeito estufa, nessa conferência formaram-se determinadas normas e 
princípios sobre a água e sua contaminação.
A Conferência de Dublin de 1992 estabeleceu os princípios bási-
cos para a gestão das águas, tendo em vista a ameaça da escassez e 
do desperdício.
Os princípios estabelecidos nessa Conferência são um marco histó-
rico e de grande importância para a proteção da água no mundo. Os 
princípios estabelecidos são os seguintes:
38 Direito e Legislação Ambiental
 • Água doce é um recurso finito e vulnerável, essencial para a 
vida, o desenvolvimento e o meio ambiente.
 • Deve ser realizada uma abordagem participativa para o ge-
renciamento e o desenvolvimento da água, com a cooperação 
dos usuários, planejadores e legisladores.
 • As mulheres possuem um papel central na provisão da água, 
com gerenciamento e proteção.
 • Deve ser reconhecida como um bem econômico e tem valor 
econômico em todos os seus usos competitivos.
Em 1997, após a Conferência de Dublin, o Brasil incorporou os 
princípios e as diretrizes dela e criou a Lei n. 9.433/1997. Nesta, 
estabeleceu-se a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e 
criou-se o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
(SINGREH). 
Os principais fundamentos da PNRH, segundo o artigo 1º 
(BRASIL, 1997, grifos nossos), são:
I – a água é um bem de domínio público;
II – a água é um recurso natural limitado, dotado de valor 
econômico;
III – em situações de escassez, o uso prioritário dos recur-
sos hídricos é o consumo humano e a dessedentação 
de animais;
IV – a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar 
o uso múltiplo das águas;
V – a bacia hidrográfica é a unidade territorial para imple-
mentação da Política Nacional de Recursos Hídricos e 
atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Re-
cursos Hídricos;
VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada 
e contar com a participação do Poder Público, dos usuá-
rios e das comunidades.
Para a implementação da política, a lei estabeleceu os objetivos 
da gestão dos recursos hídricos que estão dispostos no artigo 2º 
(BRASIL, 1997):
Políticas nacionais de conservação 39
I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária dispo-
nibilidade de água, em padrões de qualidade adequados 
aos respectivos usos;
II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, in-
cluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvol-
vimento sustentável;
III – a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críti-
cos de origem natural ou decorrentes do uso inadequa-
do dos recursos naturais;
IV – incentivar e promover a captação, a preservação e o 
aproveitamento de águas pluviais.
As diretrizes gerais dispostas no artigo 3º da lei são (BRASIL, 1997):
I – a gestão sistemática dos recursos hídricos, sem dissocia-
ção dos aspectos de quantidade e qualidade;
II – a adequação da gestão de recursos hídricos às diversida-
des físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e 
culturais das diversas regiões do País;
III – a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão 
ambiental;
IV – a articulação do planejamento de recursos hídricos com 
o dos setores usuários e com os planejamentos regional, 
estadual e nacional;
V – a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso 
do solo;
VI – a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos 
sistemas estuarinos e zonas costeiras.
Para a implementação efetiva dos fundamentos, dos objetivos e das 
diretrizes gerais, a Lei n. 9.433/1997 estabeleceu os instrumentos da 
política nacional. Estes têm como objetivo implementar a forma que a 
PNRH será desenvolvida (AMADO, 2018):
Planos de Recursos Hídricos
Previstos no artigo 6º da lei, devem fundamentar e orientar o ge-
renciamento dos recursos hídricos. Para isso, devem ser de longo 
40 Direito e Legislação Ambiental
prazo e ter um conteúdo mínimo, como estabelece o artigo 7º, além 
de um diagnóstico da situação atual e uma análise das alternativas 
de crescimento demográfico, levando em consideração as disponibi-
lidades e as demandas futuras.
Ainda, devem ser estabelecidas as metas para o uso, a qualidade e 
a melhoria dos recursos hídricos, bem como as medidas, os programas 
e os projetos a serem implementados com o mesmo objetivo. As dire-
trizes e os critérios para a cobrança dos usos hídricos também devem 
estar estabelecidos nos Planos de Recursos Hídricos. 
Por fim, o artigo 8º determina que os planos devem ser elaborados 
por bacia hidrográfica, por estado e para o país. 
O artigo 7º da lei afirma que os Planos de Recursos Hídricos devem 
ser realizados sempre a longo prazo, de maneira planejada e compa-
tível com a implantação de seus programas e projetos e deverão ter 
como conteúdo mínimo (BRASIL, 1997):
I – diagnóstico da situação atual dos recursos hídricos;
II – análise de alternativas de crescimento demográfico, de 
evolução de atividades produtivas e de modificações 
dos padrões de ocupação do solo;
III – balanço entre disponibilidades e demandas futuras dos 
recursos hídricos, em quantidade e qualidade, com 
identificação de conflitos potenciais;
IV – metas de racionalização de uso, aumento da quanti-
dade e melhoria da qualidade dos recursos hídricos 
disponíveis;
V – medidas a serem tomadas, programas a serem desen-
volvidos e projetos a serem implantados, para o aten-
dimento das metas previstas;
VIII – prioridades para outorga de direitos de uso de recur-
sos hídricos;
IX – diretrizes e critérios para a cobrança pelo uso dos re-
cursos hídricos;
X – propostas para a criação de áreas sujeitas a restrição de 
uso, com vistas à proteção dos recursos hídricos.
Políticas nacionais de conservação 41
Enquadramento dos corpos de 
água em classes, segundo os usos 
preponderantes da água
É relevante, pois distingue as situações de uso dos corpos de 
água de modo organizado e a manutenção de equilíbrio do uso dos 
recursos hídricos. Esse dispositivo é regulamentado pela Resolução 
Conama n. 357/2005 (AMADO, 2018). 
Outorga dos direitos de uso de 
recursos hídricos
É a forma como o estado controla de algum modo, quantitativa e 
qualitativamente, o uso de recursos hídricos. O Poder Público deve 
realizar a outorga do uso desses recursos, segundo estabelece o ar-
tigo 12. Ela leva em consideração os Planos de Recursos Hídricos e a 
classe do corpo de água. 
Para a outorga dos recursos hídricos, observa-se os seguintes requi-sitos determinados no artigo 12 (BRASIL, 1997):
I – derivação ou captação de parcela da água existente em 
um corpo de água para consumo final, inclusive abasteci-
mento público, ou insumo de processo produtivo;
II – extração de água de aquífero subterrâneo para consumo 
final ou insumo de processo produtivo;
III – lançamento em corpo de água de esgotos e demais resí-
duos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de 
sua diluição, transporte ou disposição final; 
IV – aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
V – outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a 
qualidade da água existente em um corpo de água.
Essa outorga deve ser realizada em um prazo máximo de 35 anos, 
podendo ser renovado, conforme o artigo 16. Salienta-se que ela é o 
42 Direito e Legislação Ambiental
direito de uso e não a alienação do recurso e pode ser suspensa nas 
hipóteses estabelecidas no artigo 15 da lei que trata do descumpri-
mento das obrigações legais.
Cobrança pelo uso de recursos hídricos
A água é um bem limitado e dotado de valor econômico, como 
determinam os fundamentos da Lei n. 9.433/1997. Ainda, a cobrança 
está em conformidade com o princípio do usuário-pagador, o qual de-
termina que aquele que faz uso do bem ambiental deve pagar por ele. 
O artigo 19 define que os objetivos da cobrança pelo uso da água 
são (BRASIL, 1997):
I – reconhecer a água como bem econômico e dar ao usuário 
uma indicação de seu real valor;
II – incentivar a racionalização do uso da água; 
III – obter recursos financeiros para o financiamento dos pro-
gramas e intervenções contemplados nos Planos de Re-
cursos Hídricos.
Todos os usos sujeitos ao regime de outorga devem ser cobrados, 
conforme afirma o artigo 20. A maneira de se realizar a cobrança está 
determinada no artigo 21 (BRASIL, 1997).
Assim, verifica-se que a cobrança se dá como forma de incentivar o 
racionamento e o reconhecimento da água como bem econômico. 
Compensação a municípios
A compensação municipal, estabelecida no artigo 5º da lei e descri-
ta no artigo 24, foi vetada pelo Presidente da República pelas seguin-
tes razões (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 1997):
O estabelecimento de mecanismo compensatório aos Municí-
pios não encontra apoio no texto da Carta Magna, como é o 
caso da compensação financeira prevista no § 1º do art. 20 da 
Constituição, que abrange exclusivamente a exploração de re-
cursos hídricos para fins de geração de energia elétrica.
A par acarretar despesas adicionais para a União, o disposto no 
§ 2º trará como consequência a impossibilidade de utilização da 
Políticas nacionais de conservação 43
receita decorrente da cobrança pelo uso de recursos hídricos 
para financiar eventuais compensações. Como decorrência, a 
União deverá deslocar recursos escassos de fontes existentes 
para o pagamento da nova despesa.
Além disso, a compensação financeira poderia ser devida em 
casos em que o poder concedente fosse diverso do federal, 
com por exemplo decisões de construção de reservatórios por 
parte de Estado ou Município que trouxesse impacto sobre 
outro Município, com incidência da compensação sobre os co-
fres da União. 
Portanto, diante desse veto não é aplicável como instrumento da 
PNRH a compensação aos municípios.
Sistema de Informações sobre 
Recursos Hídricos
É um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recupera-
ção de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes 
em sua gestão.
Os princípios básicos para o funcionamento desse sistema são a 
descentralização da obtenção, a produção de dados e informações e 
também a coordenação unificada do sistema e o acesso aos dados e às 
informações garantidos a toda a sociedade, como determina o artigo 
26 da Lei 9.433/1997.
O artigo 27 define os seguintes objetivos desse sistema de infor-
mação (BRASIL, 1997):
I – reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações 
sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos 
hídricos no Brasil;
II – atualizar permanentemente as informações sobre dispo-
nibilidade e demanda de recursos hídricos em todo o 
território nacional;
III – fornecer subsídios para a elaboração dos Planos de Re-
cursos Hídricos.
É importante salientar a competência do Poder Executivo federal na 
organização do SINGREH (BRASIL, 1997):
44 Direito e Legislação Ambiental
I – tomar as providências necessárias à implementação e ao 
funcionamento do Sistema Nacional de Gerenciamento 
de Recursos Hídricos;
II – outorgar os direitos de uso de recursos hídricos, e regula-
mentar e fiscalizar os usos, na sua esfera de competência;
III – implantar e gerir o Sistema de Informações sobre Recur-
sos Hídricos, em âmbito nacional;
IV – promover a integração da gestão de recursos hídricos 
com a gestão ambiental.
Assim, verifica-se que é inegável o papel da água no meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. Portanto, a PNRH possui uma importante 
função no Direito ambiental.
Nesse mesmo sentido, constata-se que o SINGREH é formado 
pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, pela Agência Nacional 
de Águas, pelos Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do 
Distrito Federal, pelos Comitês de Bacia Hidrográfica, bem como pe-
las Agências de Água e pelos órgãos dos poderes públicos federais, 
estaduais, municipais e do Distrito Federal cujas competências se 
relacionem com a gestão dos recursos hídricos, como determina o 
artigo 33, da Lei n. 9.433/1997.
Salienta-se que, para que haja a outorga do direito de uso de recur-
sos hídricos, a autoridade competente deve, mediante ato administra-
tivo, definir o direito de uso dos recursos hídricos, o prazo determinado 
e os termos e as condições do respectivo ato (AMADO, 2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
No presente capítulo foram estudadas as políticas nacionais de con-
servação do meio ambiente. Primeiro, analisou-se a estrutura nacional de 
proteção ao meio ambiente. Verificou-se que, com o advento da CF/1988, 
a proteção do meio ambiente foi descentralizada com a atuação de di-
versos órgãos na esfera municipal, estadual e federal. Foram estudadas 
também as estruturas e a atividade de cada órgão em cada esfera.
No segundo momento foi analisada a Política Nacional do Meio 
Ambiente. Para tanto, foram desenvolvidos os fins e os objetivos da política 
que é estruturada para se manter o desenvolvimento sustentável no Brasil. 
Verifica-se que os princípios e os fins resultam nos objetivos da política. 
Sobre o tema, sugere-se 
a leitura da Lei n. 
9.433/1997 que estabe-
lece a Política Nacional 
de Recursos Hídricos. 
Nela estão estabelecidos 
os objetivos, os fins e os 
princípios analisados no 
estudo, que são essen-
ciais para a estrutura da 
política. 
Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l9433.htm. Acesso em: 22 jun. 
2021.
Leitura
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm
Políticas nacionais de conservação 45
Na terceira etapa foi desenvolvida a análise da Política Nacional dos 
Recursos Hídricos, a qual tem como objetivo preservar a água – um re-
curso essencial e escasso. Averigua-se que é uma estrutura estabelecida 
para a efetivação dessa política, em que, além de estabelecido o sistema 
de informações, tem-se a cobrança pelo uso deste recurso.
ATIVIDADES
Atividade 1
No sistema de proteção do meio ambiente no Brasil há o trabalho con-
junto de diversos órgãos. Dentre estes, um particularmente se destaca, 
qual é esse órgão e a sua função? 
Atividade 2
Apenas nas últimas décadas o Direito ambiental se tornou uma discipli-
na autônoma. Essa autonomia iniciou com base em qual legislação? E 
qual a relevância desta no sistema jurídico brasileiro?
Atividade 3
A água é um recurso essencial e, portanto, necessita de proteção. Nesse 
sentido, como ela é definida e de que forma seu sistema de proteção 
deve ser desenvolvido?
REFERÊNCIAS
ABCMAC. A Declaração de Dublin sobre Água e Desenvolvimento Sustentável. Dublin, 1992.

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