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Direito Ambiental - Nova Concursos - 2020 pgdf

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DIREITO AMBIENTAL
ÍNDICE
Direito ambiental constitucional. Meio ambiente como direito fundamental. Princípios estruturantes do estado 
de direito ambiental. Competências ambientais legislativa e material. Deveres ambientais. Instrumentos juris-
dicionais. Ação civil pública, ação penal pública, mandado de segurança individual e coletivo, ação popular, 
mandado de injunção ambiental. Função ambiental pública e privada. Função social da propriedade. Art. 225 
da Constituição Federal de 1988............................................................................................................................................................ 01
Conceito de meio ambiente e seus aspectos. Meio ambiente natural, artificial, cultural e do trabalho. Conceito 
de recursos naturais e meio ambiente como bens ambientais. Conceito de biodiversidade e desenvolvimento 
sustentável. Significado de direitos culturais..................................................................................................................................... 05
Princípios de direito ambiental. Prevenção, precaução, poluidor-pagador e usuáriopagador, cooperação, in-
formação, participação, equidade intergeracional. Princípios da tutela do patrimônio cultural. Cooperação, 
solidariedade, participação e informação, preservação do sítio e proteção do entorno, uso compatível com 
a natureza do bem, pró-monumento, valorização sustentável................................................................................................. 07
Política Nacional de Meio Ambiente. Objetivos. Instrumentos de proteção (técnicos e econômicos). SISNAMA. 
Estrutura e funcionamento. Lei nº 6.938/1981 e suas alterações. Decreto nº 99.274/1990 e suas alterações. 
Resolução do CONAMA nº 1/1986 e suas alterações (Relatório de Impacto Ambiental - EIA-RIMA). Resolução 
do CONAMA nº 237 (Licenciamento Ambiental). Resolução do CONAMA nº 378 (empreendimentos potencial-
mente causadores de impacto ambiental nacional ou regional)................................................................................................. 10
Recursos hídricos. Lei nº 9.433/1997 e suas alterações (instrumentos de gestão). Resolução do CNRH nº 
16/2001 e suas alterações. Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH)........................... 19
Recursos florestais. Lei nº 12.651/2012 e suas alterações. Resoluções do CONAMA nº 302/2002 e 303/2002. Lei 
nº 11.284/2006 e suas alterações (Gestão de florestas públicas). Significado de gestão e de concessão florestal. 26
Espaços territoriais especialmente protegidos. Áreas de preservação permanente e reserva legal. Lei nº 
9.985/2000 e suas alterações (SNUC). Tipos de unidades, objetivos e categorias................................................................... 37
Política urbana. Diretrizes, instrumentos e competência. Arts. 182 e 183 da Constituição Federal. Lei nº 
10.257/2001 e suas alterações................................................................................................................................................................. 39
Responsabilidades. Efeito, impacto e dano ambiental. Poluição. Responsabilidade administrativa, civil e penal. 
Tutela processual. STF, STJ e Tribunais de Justiça Estaduais. Papel do Ministério Público na defesa do meio 
ambiente. Crimes ambientais. Espécies e sanções penais previstas. Lei nº 9.605/1998 e suas alterações. Decreto 
nº 6.514/2008 e suas alterações.............................................................................................................................................................. 41
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DIREITO AMBIENTAL 
CONSTITUCIONAL. MEIO AMBIENTE 
COMO DIREITO FUNDAMENTAL. 
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO ESTADO 
DE DIREITO AMBIENTAL. COMPETÊNCIAS 
AMBIENTAIS LEGISLATIVA E MATERIAL.
DEVERES AMBIENTAIS. INSTRUMENTOS 
JURISDICIONAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA, 
AÇÃO PENAL PÚBLICA, MANDADO
DE SEGURANÇA INDIVIDUAL E 
COLETIVO, AÇÃO POPULAR, MANDADO 
DE INJUNÇÃO AMBIENTAL. FUNÇÃO 
AMBIENTAL PÚBLICA E PRIVADA. FUNÇÃO 
SOCIAL DA PROPRIEDADE. ART. 225 DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A preocupação em conservar e proteger o meio am-
biente sustentável é uma característica bastante recente, 
não só do brasil mas dos demais países do ocidente. De-
vido as mudanças provocadas pelas ações do homem, 
bem como a forma que a natureza reage a essas mudan-
ças, o meio ambiente passou a ser um tema amplamente 
debatido do mundo, pois sua preservação traduz-se na 
preservação da própria vida.
Para evidenciar o caráter de direito fundamental da prote-
ção ao meio ambiente, é importante fazer um breve histórico 
sobre a evolução da legislação brasileira sobre a matéria. 
A legislação brasileira sobre o meio ambiente natu-
ral é bastante esparsa. No início, haviam apenas alguns 
dispositivos que apresentavam um conteúdo ambiental, 
como o art. 584 do Código Civil de 1916, que proibia as 
construções capazes de poluir, ou inutilizar para o uso 
ordinário, a água de poço ou fonte alheia, a elas preexis-
tente; ou o Regulamento da Saúde Pública (Decreto nº 
23.793/1934), que previu a possibilidade de impedir que 
as grandes indústrias prejudicassem a saúde dos mora-
dores de sua vizinhança, possibilitando o afastamento 
daquelas consideradas mais nocivas ou incômodas.
Mas é a partir da década de 30 que o Brasil passou 
a regulamentar a proteção ao meio ambiente de forma 
expressa. Há nesse período, a criação de diversas leis de 
proteção ambiental específicas, como o Código Florestal 
(antes era um decreto, mas atualmente vigora o Código 
Florestal disposto pela Lei nº. 4.771/1965), o Código das 
Águas (Dec. nº. 24.643/1934), assim como o Código de 
Caça e o de Mineração. A Lei de Proteção da Fauna (Dec. 
nº. 24.645/1934) estabelece medidas de proteção aos 
animais, e o Dec. nº 25/1937 organizou a proteção ao 
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Há também um 
maior compromisso, por parte do Estado brasileiro como 
um todo (e não só o Legislativo) com questões ambien-
tais, com sua participação na Conferência das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo 
em 1972. No ano seguinte, temos a criação da Secretaria 
Especial do Meio Ambiente (SEMA). 
Na década de 1980, percebe-se um grande impul-
so da legislação ambiental, produto dessa mudança de 
conduta que o Estado brasileiro passa a apresentar. O 
ordenamento jurídico, até então, tinha o objetivo de pro-
teção econômica, e não ambiental. São quatro os mar-
cos legislativos mais importantes: a Lei nº. 6.938/1981, 
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, 
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação; a Lei 
nº. 7.347/1985, que disciplina a ação civil pública de res-
ponsabilidade por danos causados ao meio ambiente. A 
Constituição Federal de 1988, que abriu espaços à partici-
pação/atuação da população na preservação e na defesa 
ambiental, impondo a todos o dever de defender o meio 
ambiente (art. 225, caput) e colocando como direito funda-
mental de todos os cidadãos brasileiros a proteção ambien-
tal determinada no art. 5º, LXXIII (dispositivo que regula a 
Ação Popular). Finalmente, temos a Lei nº. 9.605/1998, que 
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas 
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Atendo-se ao conteúdo constitucional da referida 
matéria, o caput do art. 225 da CF/1988 deixa bastante 
claro o caráter de direito fundamental do meio am-
biente, ao dispor que “Todos têm direito ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
-se ao poder público e à coletividade o dever de defen-
dê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. 
Observe que o Texto Constitucional também faz menção 
ao conceito de sustentabilidade, isso é, o ato de preser-
var um meio para que as próximas gerações possam usu-
fruir dele da mesma maneira. 
A proteção ao meio ambiente é conside-
rado um direito difuso. Issosignifica que o 
direito ao meio ambiente é uma garantia 
atribuída a todas as pessoas, sejam elas 
brasileiras ou não, e as eventuais preten-
sões de tal garantia podem ser pleiteadas 
por ações coletivas (um grande número 
de pessoas indeterminadas). Os direitos 
difusos são característicos dos direitos 
humanos de Terceira Geração, pois são 
aqueles direitos que extrapolam os limites 
territoriais de cada Estado, e são conferidos 
amplamente, para toda a humanidade usu-
fruir. Outros exemplos de direitos difusos: 
direito a paz, direito ao desenvolvimento 
urbano, etc. 
#FicaDica
PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO ESTADO DE DI-
REITO AMBIENTAL
A atual sociedade, marcada pela concomitância dos riscos 
concretos e dos abstratos, bem como pela crise ambiental, 
traz consigo a necessidade de pôr em perspectiva o desenvol-
vimento tecnológico e cientifico juntamente com o viés am-
biental. Sabe-se que a vida humana é profundamente depen-
dente e ligada aos ecossistemas, portanto, as consequências 
imprevistas das ações intencionais humanas causam efeitos 
impactantes na natureza. Por este motivo, defende-se a Eco-
logização do Estado e dos institutos imprescindíveis a efetiva 
proteção do bem ambiental, como o Direito.
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Conforme a problemática ambiental fica mais percep-
tível, evidenciando, assim, a obrigação de uma reformu-
lação dos alicerces do Estado e da adoção de um modelo 
de desenvolvimento que considere as gerações futuras 
e o estabelecimento de uma política com base no uso 
sustentável dos recursos naturais. Surge, então, a figura 
do Estado de direito ambiental.
O Poder Público deixa de ser mero ente passivo, e 
passar a ter uma conduta mais proativa por visar rever o 
que já está formulado e disposto, inovando, então, atra-
vés do pensamento reformador de melhores ajustes do 
que já está estabelecido.
O Estado de Direito Ambiental é o resultado de 
novas reivindicações fundamentais do ser humano e é 
caracterizado pelo destaque que confere à proteção do 
meio ambiente. É o emprego do princípio da solidarie-
dade econômica e social com o objetivo de atingir um 
desenvolvimento sustentável, orientado para buscar a 
igualdade substancial entre os cidadãos, através do con-
trole jurídico do uso racionais do patrimônio natural.
É importante ressaltar que esse conceito de estado 
de direito ambiental é puramente teórico, uma formula-
ção abstrata que se projeta no mundo real apenas como 
dever ser. Porém, ele apresenta relevância pois sugere 
maior percepção sobre a crise ambiental e as exigências 
da sociedade moderna. 
O modelo de estado de direito ambiental, ainda que 
tenha natureza teórica, ele compreende uma gama de 
princípios estruturantes, quais sejam os princípios da so-
lidariedade, da sustentabilidade, da precaução e da pre-
venção, que formam uma política ambiental. Objetiva-se, 
portanto, verificar como eles se mostram frente as neces-
sidades de novos modelos dos quais devem-se valer os 
Estados para superar a crise ambiental. Em linhas gerais, 
acredita-se que eles podem facilitar a interpretação de 
aspectos complexos do tema.
O princípio da solidariedade gera a obrigação de 
relacionamento entre diversas gerações e espécies de 
vida, de forma que a temática fica complexa. Diante disto, 
percebe-se que a sustentabilidade é um desdobramento 
do citado princípio, haja vista que é um valor captado 
de maneira indutiva da crise ambiental e da sociedade 
de risco. O modelo sustentável, marco constitucional que 
abrange diversas áreas do conhecimento, resta funda-
mentado no desenvolvimento econômico, na equidade 
social e no equilíbrio ambiental.
Com efeito, o conceito de sustentabilidade informa 
que este é um princípio constitucional que define, inde-
pendentemente de disposição legal, com eficácia direta 
e imediata, a responsabilidade do Estado e da sociedade 
pela efetivação solidária do desenvolvimento material 
e imaterial, socialmente inclusive, durável e equânime, 
ambientalmente limpo, inovador, ético e eficiente, com 
vistas à garantir, de forma preventiva, para o presente e 
futuro, a harmonia de todos e seu bem-estar.
O princípio da prevenção é aplicado nos casos em 
que a ameaça constatada é certa, ressaltando que de-
vem existir subsídios seguros para se concluir que de-
terminada obra ou atividade apresenta consequências 
prejudiciais. É possível, portanto, aduzir que a prevenção 
se volta para o momento anterior ao dano e elucida os 
objetivos do Direito Ambiental. 
Prevenir significa agir antecipadamente. Sem infor-
mação organizada e sem pesquisa não há prevenção. O 
autor prossegue e ensina que: a prevenção não é estatís-
tica; e, tem-se que atualizar e fazer reavaliações, para po-
der influenciar a formulação das novas políticas ambien-
tais, das ações dos empreendedores e das atividades da 
Administração Pública, dos legisladores e do Judiciário.
Já o princípio da precaução tem incidência quan-
do não se tem informação científica suficiente, de forma 
que reste caracterizada a possibilidade de danos sobre 
o meio ambiente, a saúde das pessoas, dos animais e 
ou das plantas, ainda é necessário que os efeitos sejam 
graves e incompatíveis com a proteção adotada. Dessa 
forma, esse princípio visa trazer procedimentos para ra-
cionalizar a decisão durante a etapa de incertezas. Seu 
escopo principal é, então, amenizar os custos da experi-
mentação, de forma que é comum sua aplicação quando 
se trata de aquecimento global, engenharia genética e 
organismos geneticamente modificados. 
COMPETÊNCIA MATERIAL E LEGISLATIVA DE DI-
REITO AMBIENTAL
É importante traçar quais são os entes competen-
tes para criar normas e políticas públicas de proteção 
ao meio ambiente. As primeiras são denominadas 
competências legislativas, e as últimas são denomina-
das competências materiais. 
Adentrando no ponto da competência constitucional 
especificamente sobre meio ambiente, em um primeiro 
momento dever-se-á fazer abordagem à competência 
administrativa (material) comum constante do artigo 23, 
incisos VI e VII, visto que por muitas vezes é confundida 
com a competência legislativa, até mesmo pela doutrina. 
Dispõe o referido artigo que:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios:
[...]
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição 
em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
Competência comum, cumulativa ou paralela é aque-
la que é conferida simultaneamente às entidades políti-
co-administrativas. Significa que a união, os estados, o 
distrito federal e os municípios devem cooperar na exe-
cução de tarefas e objetivos que lhes são correlatos.
Portanto, a competência prevista no artigo 23, incisos 
VI e VII, da Carta Magna, trata da permissibilidade cons-
titucional para que todos os entes possam, cooperada-
mente, organizar-se administrativamente e reger o meio 
ambiente cujo interesse lhe alcança. O motivo ensejador 
da competência delineada no artigo 23 é a tentativa de 
desburocratizar, descentralizando os encargos relativos 
ao meio ambiente, objetivando o fim último de atuações 
efetivas conjuntas entre os entes públicos, com vista a 
resultados expressivos.
A inclusão dos municípios como competentes para 
defender o meio ambiente há de ser enfatizada, visto que 
lhes foi concedida autonomia para, junto aos demais en-
tes federados, instrumentalizar políticas públicas, coope-
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radamente, em contraponto ao individualismo político. A 
competência material para dispor sobre meio ambiente 
possibilita aos entes administrarem suas riquezas natu-
rais e defenderem seu ecossistema, com o apoio, mes-
mo que em tese, dos demais entes. Diz-se em tese, pois 
na prática a cooperação não é tão fácil de se concretizarcomo o poder constituinte originário previu. 
Os Municípios apresentam um rol de competências 
próprias, previstas no artigo 30 da CF. Apesar de ser um 
rol pequeno, quando comparado ao da União, devemos 
fazer uma análise em conjunta desse dispositivo com o 
das competências materiais comuns. 
O artigo 30, em seus incisos I e II, da nossa lei maior, 
guardou competência aos Municípios para, respecti-
vamente, “legislar sobre assuntos de interesse local” e 
“suplementar a legislação federal e a estadual no que 
couber”. Há uma discussão na doutrina sobre o signifi-
cado da expressão “interesse local”, e qual o motivo de 
ter substituído a expressão “peculiar interesse”. O mais 
importante é que o Município possui uma atuação pre-
dominantemente local, e busca atender as necessidades 
apenas daqueles que vivem concentrados em seu territó-
rio. Sua atuação é, portanto, muito mais concreta do que 
a dos demais entes federativos. 
Esclarecida, portanto, a possibilidade do Município 
legislar sobre meio ambiente, dentro de seu interesse 
local e sem contrapor normas e regulamentos federais e 
estaduais, guarda grande importância o estudo introdu-
tório da competência para dispor sobre direito minerário. 
Como constatado, considerando a competência co-
mum material do artigo 23, incisos VI e VII e a concorren-
te, prevista no artigo 30, incisos I e II, ambos da Constitui-
ção Federal, concluiu-se pela possibilidade do Município 
legislar sobre meio ambiente.
Todavia, o direito minerário, em que pese perfazer 
espécie pertencente ao direito ambiental, possui dispo-
sições específicas.
Com efeito, o art. 20, inciso IX, da Constituição Fede-
ral, traz à baila que entre os bens da União encontram-se 
“os recursos minerais, inclusive os do subsolo. Somado 
a isso, o art. 22, inciso XII, também da Carta Magna, ex-
põe que “compete privativamente à União legislar sobre 
jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia”. 
Ou seja, apesar da competência concorrente para legis-
lar sobre meio ambiente, especificamente sobre recursos 
minerais, a União conta com competência privativa.
A disposição expressa do Artigo 176, do mesmo re-
gramento, vem corroborar: “As jazidas, em lavra ou não, 
e demais recursos minerais e os potenciais de energia 
hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, 
para efeito de exploração ou aproveitamento, e perten-
cem à União, garantida ao concessionário a propriedade 
do produto da lavra”. Ainda neste artigo, o § 1º apresenta 
imprescindível redação ao prescrever que o exercício da 
atividade minerária exige autorização ou concessão da 
União, relativamente a cada caso.
Com isso, é interessante levantar um questionamento 
sobre a possibilidade do Município ter competência para 
legislar sobre o exercício da atividade minerária, ainda 
que em caráter suplementar. A resposta parece estar pre-
sente no Texto Constitucional, em seu artigo 224, § 4º: “A 
superveniência de lei federal sobre normas gerais sus-
pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário”. 
Com isso, pode-se concluir que não existe uma hie-
rarquia entre a legislação federal em relação a estadual, 
ou municipal, ou distrital. De fato, havendo conflitos en-
tre leis federais com leis estaduais e municipais, não há 
que se falar em sobreposição de uma sobre a outra. Não 
se trata de caso de ilegalidade, mas de inconstitucionali-
dade. Por isso que o Texto Constitucional dispõe sobre a 
suspensão da eficácia da norma, ao invés de revogação 
da mesma. 
DEVERES AMBIENTAIS: OS INSTRUMENTOS JURIS-
DICIONAIS
De nada adiantaria se o Texto Constitucional procla-
mar direitos sem afiançá-los por meio de garantias, disso 
dependendo a própria força normativa da Constituição. 
Utiliza-se a expressão “remédio constitucional” para de-
signar uma espécie de ação judiciária que visa proteger 
uma categoria especial de direitos públicos subjetivos, as 
chamadas “liberdades públicas”, ou os direitos humanos 
fundamentais.
As garantias constitucionais, assim, são instrumentos 
que, embora se assemelham aos próprios direitos huma-
nos constitucionais, com eles não se confundem, pois 
são meios de concretização daqueles. Se a Constituição 
apresenta, por exemplo, o direito constitucional de livre 
locomoção (art. 5º, XV, CF/1988), ela também apresenta 
um instrumento hábil a concretizar tal direito, como é o 
caso do habeas corpus (art. 5º, LXVIII, idem). Esses “re-
médios” são meios de reclamar o restabelecimento de 
direitos fundamentais violados. 
A apresentação desses remédios constitucionais, em 
regra isento de custas, tem por fundamento o que deno-
mina-se direito de petição. Não se trata de uma ação 
judicial específica, mas consiste na garantia atribuída a 
todo e qualquer cidadão de apresentar petições junto ao 
Poder Público, o qual é obrigado a dar uma resposta ao 
seu pleito. O direito de petição é característico de um 
Estado de Direito. Passaremos a ver esses instrumentos 
jurídicos, sob o enfoque da matéria de direito ambiental.
Na Carta Magna podemos encontrar a previsão de di-
versos remédios constitucionais, que apresentam status 
de ações judiciais. Entre eles destaca-se:
A) Mandado de segurança individual: tem previsão 
no art. 5º, LXIX, da CF/1988, embora também seja 
regulamentado pela Lei nº 12.016/2009. O manda-
do de segurança é o remédio constitucional impe-
trado para proteger direito líquido e certo contra 
ato ilegal ou que seja clara manifestação de abuso 
do poder pela autoridade coatora, quando não for 
cabível o uso do habeas corpus ou habeas data 
(critério residual). Assim, não é cabível mandado 
de segurança para proteger o direito de locomo-
ção, e muito menos para tutelar direito de aces-
so à informação. Denomina-se “direito líquido e 
certo” aquele que não exige prova mediante pe-
rícia ou testemunha, apenas com a apresentação 
de um documento pode-se verificar sua existên-
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cia. O mandado de segurança deve ser impetrado 
até 120 dias do ato resultante de abuso de poder 
ou ilegalidade, não havendo esse prazo quando 
se tratar de mandado de segurança preventivo, o 
qual se entende por ser aquele impetrado quando 
há receio de abuso de poder ou ilegalidade por 
parte da vítima.
B) Mandado de segurança coletivo: apresenta as 
mesmas condições para sua impetração do man-
dado de segurança simples. A única diferença con-
siste no fato de que trata-se de uma medida que 
tutela direitos coletivos ou difusos. Nesse caso, os 
detentores do direito não é apenas uma pessoa in-
dividual, mas qualquer grupo de pessoas, todas na 
mesma condição de vítimas de abuso ou ilegalida-
de. Segundo o art. 5º, LXX, da CF/1988, o mandado 
coletivo pode ser impetrado por: a) Partido políti-
co, desde que possua pelo menos um represen-
tante no Congresso Nacional; ou b) Organização 
sindical, entidade de classe ou associação, na defe-
sa dos interesses de seus membros ou associados, 
sendo para isso exigido que a associação seja le-
galmente constituída e esteja em pleno funciona-
mento há pelo menos um ano. 
C) Mandado de injunção ambiental: o mandado de 
injunção, nos termos do art. 5º, LXXI, da CF/1988, 
será concedido sempre que a falta de norma regu-
lamentadora torne inviável o exercício dos direitos 
e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidada-
nia. A presença da omissão do Poder Legislativo, 
sobre a regulamentação de tal direito, é condição 
essencial para sua proposição, mas o objeto princi-
pal do referido mandado é a pretensão (pleito) do 
mandante. Qualquer pessoa nesta situação pode 
ajuizar o mandado de injunção. Não confundir 
com a ação declaratória de inconstitucionalidade 
por omissão (ADO), característico do exercício do 
controle de constitucionalidade concentrado, o 
qual não envolve a decisão sobre um caso concre-
to. 
D) Ação Civil Pública: A CF/1988,em seu artigo 129, 
inciso III preceitua que cabe ao Ministério Público 
promover o inquérito civil e a ação civil pública, 
para a proteção do patrimônio público e social, 
do meio ambiente e de outros interesses difusos 
e coletivos. Mesmo não estando elencada entre as 
garantias constitucionais do art. 5º da CF, a ação ci-
vil pública vem se transformando em um poderoso 
meio de combate às lesões dos interesses difusos 
e coletivos.
E) Ação Penal Pública: se estamos diante da ocor-
rência de um crime (a Lei nº 9.605/1988 trata so-
bre os crimes ambientais e será objeto de nosso 
estudo em momento posterior), o Ministério Pú-
blico também tem um dever de atuar (art. 129, I, 
CF/1988) para que os autores sejam devidamente 
responsabilizados. Os crimes ambientais, em regra, 
estão sujeitos a serem denunciados mediante in-
terposição de ação penal pública, independente de 
representação das vítimas do ocorrido. 
F) Ação popular: conforme dispõe o art. 5º, LXXIII, da 
CF/1988, qualquer cidadão é parte legítima para 
propor ação popular que vise a anular ato lesivo 
ao patrimônio público ou de entidade de que o 
Estado participe, à moralidade administrativa, ao 
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultu-
ral. É um instrumento que também visa proteger 
direitos coletivos e difusos, tal qual a ação civil pú-
blica, cuja diferença é o rol de legitimados: a ação 
popular pode ser proposta por qualquer cidadão, 
enquanto a ação civil pública é competência ex-
clusiva do Ministério Público. Aquele que propõe 
ação popular é isento de custas judiciais e ônus de 
sucumbência, salvo comprovada má-fé. 
FUNÇÃO AMBIENTAL PÚBLICA E PRIVADA
“Função” é o dever de satisfazer necessidade no in-
teresse de outrem. O Poder Público, como um ente ga-
rantidor das liberdades e demais direitos humanos, deve 
buscar satisfazer essas necessidades da população, co-
locando-se em uma relação de superioridade em com-
paração com os entes da esfera privada. Dá-se a esse 
fenômeno o nome de “função pública”.
Dessa forma, a função pública ambiental traduz-se 
justamente nisso: é a atuação do Estado, de forma posi-
tiva, que tem por escopo satisfazer as necessidades am-
bientais de seus governados, pois tais necessidades são 
consideradas de interesse público. 
Sobre a matéria ambiental, dispõe o caput do artigo 
225 da Constituição que “Todos têm direito ao meio am-
biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”. 
Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe 
ao Poder Público, na forma do § 1º do art. 225, almejar 
os seguintes objetivos: preservar e restaurar os proces-
sos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico 
das espécies e ecossistemas; preservar a diversidade e 
a integridade do patrimônio genético do País e fiscali-
zar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação 
de material genético; definir, em todas as unidades da 
Federação, espaços territoriais e seus componentes a 
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e 
a supressão permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos 
atributos que justifiquem sua proteção; exigir, na forma 
da lei, para instalação de obra ou atividade potencial-
mente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se 
dará publicidade; controlar a produção, a comercializa-
ção e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente; promover a educação ambiental em to-
dos os níveis de ensino e a conscientização pública para 
a preservação do meio ambiente; e também proteger a 
fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a 
extinção de espécies ou submetam os animais a cruelda-
de. Esse grande rol de atribuições fazem parte da função 
ambiental pública, uma vez que são ações que tem por 
ponto de partida uma atividade estatal. 
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Considerando o grande grau de importância da ma-
téria, bem como os danos irreversíveis pela não preserva-
ção do meio ambiente sustentável, é evidente que o Es-
tado não tem condições de atuar, sozinho, para satisfazer 
as necessidades de todos. Por isso, confere-se liberdade 
para que a iniciativa privada (empresas) possa, também, 
atuar na gestão ambiental. 
O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca 
permanente de melhoria da qualidade ambiental dos servi-
ços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer organi-
zação pública ou privada. A busca permanente da qualida-
de ambiental é, portanto, um processo de aprimoramento 
constante do sistema de gestão ambiental global de acor-
do com a política ambiental estabelecida pela organização.
A gestão ambiental empresarial está na ordem do 
dia da sociedade mundial, principalmente nos países 
industrializados e também nos países considerados em 
desenvolvimento. A empresa é a única responsável pela 
adoção de um SGA e, por conseguinte, de uma política 
ambiental. Só após sua adoção, cumprimento e confor-
midade devem ser seguidos integralmente, como se ti-
vessem “força de lei”. 
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
Uma das grandes inovações trazidas pela Constitui-
ção de 1988 diz respeito à propriedade privada, ou mais 
especificamente, a adição de uma faceta social. A pro-
priedade não deixa de ter seu caráter privado, mas deve, 
também, cumprir sua função social. Esse é o comando 
previsto no art. 5º, XXIII, da Lei Maior.
O princípio da função social da propriedade impõe 
que, para o reconhecimento e proteção constitucional do 
direito do proprietário, sejam observados os interesses 
da coletividade e a proteção do meio ambiente, não sen-
do possível que a propriedade privada, sob o argumento 
de possuir a dupla natureza de direito fundamental e de 
elemento da ordem econômica, prepondere, de forma 
prejudicial, sob os interesses socioambientais. 
Um exemplo bastante corriqueiro de aplicação prá-
tica da função social e ambiental da propriedade diz 
respeito à manutenção das áreas de preservação per-
manente, cobertas ou não por vegetação nativa. Há uma 
obrigação legal imposta ao proprietário de preservar e/
ou recompor as áreas de preservação permanente, in-
dependentemente de ter sido ele o responsável ou não 
pelo desmatamento e mesmo que jamais tenha existido 
vegetação na área assim classificada.
A própria Constituição estabelece quando um bem 
imóvel cumpre a sua função social. O artigo 182, § 2º, 
dispõe que a propriedade urbana cumpre sua função 
social quando atende às exigências fundamentais de 
ordenação da cidade expressas no plano diretor. O não 
cumprimento da função social da propriedade urbana 
enseja na sua desapropriação com pagamento mediante 
títulos da dívida pública de emissão previamente aprova-
da pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez 
anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegura-
dos o valor real da indenização e os juros legais (art. 184, 
§ 4º, III, CF/1988).
A desapropriação por descumprimento da função so-
cial é também aplicável aos imóveis rurais, com a úni-
ca diferença residindo no fato de que o pagamento de 
indenização será feito em títulos da dívida agrária, com 
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo 
de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, 
e cuja utilização será definida em lei (art. 185, CF).
A observância do princípio da função social e am-
biental da propriedade é obrigação propter rem que se 
prende ao titular do direito real do imóvel. Não importa, 
portanto, a alegação de queo atual proprietário do imó-
vel não é responsável pela ocorrência anterior do dano 
ambiental. O mesmo raciocínio aplicado à necessidade 
de respeitar as áreas de preservação permanente pode 
ser estendido, com as adaptações que se mostrarem ne-
cessárias, à imposição de averbação da reserva legal em 
áreas consideradas como rurais.
O princípio da função ambiental da propriedade é, 
assim, o fundamento constitucional para a imposição 
coativa ao proprietário de exercer seu direito de proprie-
dade em consonância com as diretrizes de proteção do 
meio ambiente. No atual estágio de evolução social, tor-
na necessária a consolidação de uma consciência univer-
sal no sentido de que a preservação do meio ambiente 
é condição crucial à sobrevivência da espécie humana, 
não se olvidando do fato de que, quando o proprietário 
promove o uso ordenado e ecológico de seus bens, não 
haverá apenas a preservação ambiental de uma área res-
trita, mas sim a preservação do meio ambiente em sua 
totalidade.
CONCEITO DE MEIO AMBIENTE E SEUS 
ASPECTOS. MEIO AMBIENTE NATURAL, 
ARTIFICIAL, CULTURAL E DO TRABALHO. 
CONCEITO DE RECURSOS NATURAIS E 
MEIO AMBIENTE COMO BENS AMBIENTAIS. 
CONCEITO DE BIODIVERSIDADE E 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. 
SIGNIFICADO DE DIREITOS CULTURAIS.
MEIO AMBIENTE NATURAL, ARTIFICIAL CULTURAL 
E DO TRABALHO
A expressão “meio ambiente” (milieu ambiance) 
foi utilizada pela primeira vez pelo naturalista francês 
Geoffrey de Saint-Hilaire em sua obra “Études progres-
sives d´un naturaliste”, de 1835, onde “milieu” significa 
o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo, e “am-
biance” designa o que rodeia esse ser. Apesar da ligeira 
redundância do termo, trata-se apenas de um aspecto 
de semântica. Mais do que trazer um significado, o ter-
mo meio ambiente representa justamente essa mudança 
de consciência do ser humano em relação ao espaço em 
que vive, sendo difundido entre as pessoas mais simples 
e sendo utilizado até mesmo em organismos nacionais e 
internacionais. 
Assim, podemos afirmar que, lato sensu, meio am-
biente é o conjunto de fatores exteriores que agem de 
forma permanente sobre os seres vivos, aos quais os 
organismos devem se adaptar e com os quais têm de 
interagir para sobreviver. Em sua acepção mais restrita, 
o meio ambiente apresenta-se como o conjunto de re-
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cursos e condições naturais e de influências que atuam 
sobre os organismos vivos e os seres humanos. Está mais 
associado a ideia de um “meio ambiente natural”. 
No direito brasileiro, temos um conceito legal de meio 
ambiente, disposto no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/1981, 
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. 
Tal dispositivo diz que meio ambiente é “o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida 
em todas as suas formas”. Percebe-se que a legislação 
aproxima-se mais da acepção de meio ambiente natural.
Dessa forma, o conceito de meio ambiente com-
preende quatro aspectos, quais sejam: 
A) Meio ambiente natural: também denominado 
meio ambiente físico, é constituído pelo solo, a 
água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela intera-
ção dos seres vivos e seu meio, onde se dá a cor-
relação recíproca entre as espécies e as relações 
destas com o ambiente físico que ocupam; 
B) Meio ambiente artificial: constituído pelo espaço 
urbano construído; meio ambiente cultural, inte-
grado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueo-
lógico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, 
difere do anterior pelo sentido de valor especial 
que adquiriu ou de que se impregnou.
C) Meio ambiente cultural: constitui o patrimônio 
cultural brasileiro, que inclui o patrimônio artísti-
co, paisagístico, arqueológico, histórico e turístico. 
São bens produzidos pelo Homem, mas diferem 
dos bens que compõem o Meio Ambiente Artificial 
em razão do valor diferenciado que possuem para 
uma sociedade e seu povo. Encontra-se discipli-
nado no artigo 216 da CF: Constituem patrimônio 
cultural brasileiro os bens de natureza material e 
imaterial, tomados individualmente ou em conjun-
to, portadores de referência à identidade, à ação, 
à memória dos diferentes grupos formadores da 
sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as 
formas de expressão; II - os modos de criar, fazer 
e viver; III - as criações científicas, artísticas e tec-
nológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edi-
ficações e demais espaços destinados às manifes-
tações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos 
e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, ar-
queológico, paleontológico, ecológico e científico.
C) Meio ambiente do trabalho: previsto no art. 200, 
inciso VIII, da CF/1988, compreendido “o conjunto 
de fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que 
interligados, ou não, estão presentes e envolvem o 
local de trabalho da pessoa”. 
Nossa legislação apresenta uma acepção bastante am-
pla do referido termo, incumbindo ao intérprete fazer a de-
vida adequação desse conceito para atender seus objetivos. 
CONCEITO DE RECURSOS NATURAIS E MEIO AM-
BIENTE COMO BENS AMBIENTAIS
Recursos naturais são bens que estão à disposição 
do Homem e que são usados para a sua sobrevivência, 
bem-estar e conforto. São os bens extraídos da natureza 
de forma direta ou indireta, e transformados para a utili-
zação na vida do ser humano.
Os recursos naturais poderão ser, também, renová-
veis ou não renováveis. Recursos renováveis são recur-
sos que podem ser renovados, ou seja, não se esgotam. 
Como exemplo disso temos a energia eólica, obtida atra-
vés do vento. Também existe a energia solar, que pode 
ser acumulada com a utilização de equipamentos espe-
ciais, como painéis solares.
Por outro lado, existem os recursos naturais não re-
nováveis, cuja exploração e utilização um dia chegará ao 
fim, porque são recursos limitados. Exemplos desses re-
cursos são minerais como carvão, ferro, petróleo, xisto, 
gás natural, ouro, alumínio, etc. 
Há também os recursos considerados potencialmente 
renováveis, isso é, que em um primeiro momento, eles 
apresentam como infinitos, mas que dependem da atua-
ção do Homem para manterem tal qualidade. É o caso da 
água, do solo e das florestas. 
Todos os recursos são considerados bens ambientais, 
que integram o meio ambiente. Justamente pelo fato de 
que há diversos recursos não renováveis que o Estado 
deve ter cautela com a utilização dos mesmos, impedin-
do que tais recursos se esgotem do planeta. Quando dei-
xamos de preservar os recursos naturais, ou seja, quando 
de alguma forma, através da ação humana, portanto, de 
sua interferência danosa ao sistema ecológico, permiti-
mos que esses recursos se percam ou que sua capacida-
de produtiva se reduza, ocorre a degradação ambiental.
CONCEITO DE BIODIVERSIDADE E DESENVOLVI-
MENTO SUSTENTÁVEL
Biodiversidade é a grande variedade de formas de 
vida (animais e vegetais) que são encontradas nos mais 
diferentes ambientes. A biodiversidade é formada por 
espécies vivas que compreende plantas, animais e mi-
cro-organismos, que povoam desde as profundezas dos 
oceanos até as mais altas montanhas. É composta por 
uma enorme diversidade de espécies compreendidas 
como indivíduos semelhantes, com capacidade para se 
reproduzir entre si e naturalmente. 
Essa é a grande diferença entre biodiversidade e os 
recursos naturais: os primeiros corresponde aos elemen-
tos vivos do meio ambiente, enquanto que os recursos 
naturais são os elementos não-vivos do meio ambiente. 
A biodiversidade é responsável por garantir o equilí-
brio das espécies em todo o mundo, e a ligação estreita 
que existe entre os seres e o ambiente resulta em sis-
temas complexos, os ecossistemas, que reúnem fatores 
vivos (plantas animais – incluindo o ser humano e micro-
-organismos) e por fatores não vivos (luz,água, ar, Sol 
etc.). Esses fatores encontram-se em relação de equilí-
brio, realizando trocas de energia e de matéria. As flores-
tas, a caatinga, a tunda, os cerrados, os rios, os oceanos, 
os lagos são alguns exemplos de ecossistemas. A soma 
de todos os ecossistemas existentes na Terra forma a 
biosfera. 
CONCEITO DE DIREITOS CULTURAIS
Como já mencionamos, a cultura também é um ele-
mento essencial do meio ambiente, integrando o que 
denominamos de “meio ambiente cultural”. 
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Os Direitos Culturais estão previstos no artigo 215 e se-
guintes da Constituição brasileira. Segundo o referido disposi-
tivo, O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos 
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e in-
centivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
Há uma busca, com essa proteção constitucional, de 
uma aproximação do indivíduo com a cultura, utilizando-
-se como defesa mecanismos gerados pelo Direito. Um 
exemplo de proteção ao patrimônio cultural está no ins-
tituto do tombamento, que é o processo de intervenção 
da propriedade do particular, com o escopo de preservar 
bem, vez que este apresenta valor histórico, cultural, ar-
queológico, artístico, turístico, paisagístico, entre outros.
Os Direitos Culturais, dessa forma, são aqueles afetos 
às artes, à memória coletiva e ao repasse de saberes, que 
asseguram a seus titulares o conhecimento e uso do pas-
sado, interferência ativa no presente e possibilidade de 
previsão e decisão de opções referentes ao futuro, visan-
do sempre à dignidade da pessoa humana. 
PRINCÍPIOS DE DIREITO 
AMBIENTAL. PREVENÇÃO, PRECAUÇÃO, 
POLUIDOR-PAGADOR E USUÁRIO 
PAGADOR, COOPERAÇÃO, INFORMAÇÃO, 
PARTICIPAÇÃO, EQUIDADE 
INTERGERACIONAL. PRINCÍPIOS DA 
TUTELA DO PATRIMÔNIO CULTURAL. 
COOPERAÇÃO, SOLIDARIEDADE, 
PARTICIPAÇÃO E INFORMAÇÃO, 
PRESERVAÇÃO DO SÍTIO E PROTEÇÃO 
DO ENTORNO, USO COMPATÍVEL COM A 
NATUREZA DO BEM, PRÓ-MONUMENTO, 
VALORIZAÇÃO SUSTENTÁVEL. 
Os princípios ambientais podem ser explícitos ou im-
plícitos, ou encontrar-se na Constituição Federal, ou no 
ordenamento legislativo. São eles:
a) Meio ambiente ecologicamente equilibrado como 
direito fundamental;
b) Solidariedade intergeracional;
c) Natureza pública da proteção ambiental;
d) Desenvolvimento sustentável;
e) Poluidor pagador;
f) Usuário pagador;
g) Prevenção e precaução;
h) Participação;
i) Ubiquidade ou transversalidade;
j) Cooperação internacional;
k) Função socioambiental da propriedade.
O Princípio do meio ambiente como direito funda-
mental, como já vimos, é decorrência do direito à vida, 
quer sob o enfoque da própria existência física e saúde 
dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da digni-
dade dessa existência humana. Reconhecer o meio am-
biente como direito fundamental significa que ele deve 
ser resguardado (forma passiva, abstenção), bem como 
deverá ser implementado (forma ativa, atuação positiva) 
pelo Poder Público, para acobertar todas as pessoas. 
O Princípio da solidariedade intergeracional Busca as-
segurar a solidariedade da presente geração em relação às 
futuras, para que também estas possam usufruir, de forma 
saudável, dos recursos naturais. Este princípio está previsto 
no Princípio 2 da Declaração de Estocolmo e no Princípio 3 
da ECO-92. O Novo Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) ex-
pressou este princípio no inciso II, do art. 1º-A.
O Princípio da natureza pública da proteção am-
biental mantém estreita correlação com o princípio ge-
ral, de direito público, da primazia do interesse público 
sobre o particular, e também, com o princípio do direito 
administrativo da indisponibilidade do interesse público. 
Decorre da previsão constitucional que consagra o meio 
ambiente ecologicamente equilibrado como bem de uso 
comum do povo incumbindo ao Poder Público e à socie-
dade sua preservação e sua proteção (art. 225, CF).
O Princípio do desenvolvimento sustentável põe 
em evidência o fato de que Os recursos ambientais são 
finitos, tornando-se inadmissível que as atividades eco-
nômicas se desenvolvam alheias a essa realidade. O que 
se busca é a harmonização entre o postulado do desen-
volvimento econômico, algo pretendido por todos nós, e 
a preservação do meio ambiente. A própria Constituição 
em seu art. 170, VI, estabelece que a ordem econômica 
também tem como fundamento a defesa e preservação 
do meio ambiente.
O Princípio do poluidor pagador trata-se de impor-
tantíssimo princípio, pois reflete um dos fundamentos da 
responsabilidade civil em matéria ambiental. Muitas ve-
zes incompreendido, ele não demarca a tarefa de poluir 
mediante o pagamento de posterior indenização (como 
se fosse uma contraprestação). Ao contrário: reforça o 
comando normativo no sentido de que aquele que polui 
deve ser responsabilizado pelo seu ato. Assim sendo, esse 
princípio deve ser compreendido como um mandamento 
para que o potencial causador de danos ambientais pre-
ventivamente arque com os custos relativos à compra de 
equipamentos de alta tecnologia para prevenir a ocorrên-
cia de danos. Trata-se da internalização de custos.
Complementar ao princípio anterior, o Princípio do 
poluidor pagador busca evitar que o “custo zero” dos 
serviços e recursos naturais acabe por conduzir o siste-
ma de marcado a uma exploração desenfreada do meio 
ambiente.
O Princípio da prevenção é um dos mais importan-
tes do Direito Ambiental, sendo também considerado 
seu objetivo fundamental. Foi lançado à categoria de 
mega-princípio do direito ambiental, constando como 
princípio nº 15 da ECO-92. O princípio da prevenção re-
laciona-se com o perigo concreto de um dano, ou seja, 
sabe-se que não se deve esperar que ele aconteça, fa-
zendo-se necessário, portanto, a adoção de medidas ca-
pazes de evitá-lo.
Por outro lado, o princípio da precaução Trata-se do 
perigo abstrato, ou seja, há mero risco, não se saben-
do exatamente se o dano ocorrerá ou não. É a incerteza 
científica, a dúvida, se vai acontecer ou não. Foi proposto 
na conferência Rio 92 com a seguinte definição: “O Prin-
cípio da precaução é a garantia contra os riscos poten-
ciais que, de acordo com o estado atual do conhecimen-
to, não podem ser ainda identificados.”
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O Princípio da participação (informação e educa-
ção ambiental) está previsto no art. 225, § 1º, VI, da CF. 
O cidadão não depende apenas de seus representantes 
políticos para participar da gestão do meio ambiente. O 
cidadão tem atuação ativa no que toca a preservação 
do meio ambiente. Tem ele o direito de ser informado 
e educado (o que é dever do Poder Público) para que, 
assim, possa interferir ativamente na gestão ambiental, 
sendo que isso se concretiza por intermédio, por exem-
plo, nas audiências públicas. Quanto maior a participa-
ção dos cidadãos nas políticas de preservação ambiental, 
mais democráticas serão. 
O Princípio da ubiquidade ou transversalidade visa 
demonstrar qual é o objeto de proteção do meio am-
biente quando tratamos dos direitos humanos, pois toda 
atividade, legiferante ou política, sobre qualquer tema ou 
obra, deve levar em conta a preservação da vida e prin-
cipalmente, a sua qualidade. Esse princípio dispõe que 
o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no 
epicentro dos direito humanos, deve ser levado em con-
sideração toda vez que uma política, atuação, legislação 
sobre qualquer tema, atividade, obra, etc., tiver que ser 
criada. 
O Princípio da cooperação internacional configu-
ra-se no esforço conjunto empreendido pela “aldeia glo-
bal” na busca pela preservação do meio ambiente numa 
escala mundial. O inciso IV, do art. 1º-A, do Novo Código 
Florestal,em atenção a este princípio, consagra o com-
promisso do Brasil com o modelo de desenvolvimento 
ecologicamente sustentável, com vistas a conciliar o uso 
produtivo da terra e a contribuição de serviços coletivos 
das flores e demais formas de vegetação nativa provadas.
Por fim, o Princípio da função social da proprieda-
de está elencado no artigo 186, II, da CF. O uso da pro-
priedade será condicionado ao bem estar social. Ainda o 
legislador previu, como condição para o cumprimento da 
função social da propriedade rural, a utilização adequa-
da dos recursos naturais disponíveis e a preservação do 
meio ambiente.
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA TUTELA DO MEIO 
AMBIENTE CULTURAL
Entendido como sinônimo de patrimônio cultural, o 
meio ambiente cultural pode ser definido como o con-
junto de bens, práticas sociais, criações, materiais ou 
imateriais de determinada nação e que, por sua peculiar 
condição de estabelecer diálogos temporais e espaciais 
relacionados àquela cultura, servindo de testemunho e 
de referência às gerações presentes e futuras, constitui 
valor de pertença pública, merecedor de proteção jurídi-
ca e fática por parte do Estado.
A doutrina costuma evidenciar alguns princípios es-
peciais, voltados para a tutela e proteção do meio am-
biente cultural. São eles:
1. Princípio da preservação no próprio sítio e pro-
teção ao entorno
O Princípio da preservação no próprio sítio e a pro-
teção ao entorno constitui um princípio jurídico aplicável 
à tutela do patrimônio cultural. Sua concepção mais co-
nhecida consta na denominada Carta de Veneza, docu-
mento produzido em 1964 por ocasião do II Congresso 
Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos 
Históricos, realizado pelo Conselho Internacional de Mo-
numentos e Sítios Históricos – ICOMOS. Segundo o arti-
go 1º do referido documento, “o conceito de monumen-
to histórico engloba, não só as criações arquitetônicas 
isoladamente, mas também os sítios, urbanos ou rurais, 
nos quais sejam patentes os testemunhos de uma civili-
zação particular, de uma fase significativa da evolução ou 
do progresso, ou algum acontecimento histórico”. Este 
conceito é aplicável, quer às grandes criações, quer às 
realizações mais modestas que tenham adquirido signifi-
cado cultural com o passar do tempo. 
O entorno de uma edificação, um sítio ou uma área 
de patrimônio cultural se define como o meio caracterís-
tico seja de natureza reduzida ou extensa, que forma par-
te de – ou contribui para – seu significado e caráter pe-
culiar. Mas, além dos aspectos físicos e visuais, o entorno 
supõe uma interação com o ambiente natural; práticas 
sociais ou espirituais passadas ou presentes, costumes, 
conhecimentos tradicionais, usos ou atividades, e outros 
aspectos do patrimônio cultural intangível que criaram e 
formaram o espaço, assim como o contexto atual e dinâ-
mico de natureza cultural, social e econômica.
2. Princípio do uso compatível com a natureza do 
bem
Esse princípio, aplicável preferencialmente aos bens 
tangíveis, pode ser desdobrado em duas vertentes. Em 
primeiro lugar, a de que a todo bem cultural há de ser 
dado um uso (nada melhor do que o não uso para pro-
vocar a deterioração de um bem cultural). Em segundo, 
a de que esse uso se harmonize com as características 
essenciais do bem.
No Brasil, essas ideias vêm sendo disseminadas na 
teoria e prática conservacionista, embora ainda com 
grande dificuldade de concretização quando a proprie-
dade de bem imóvel recai em particular. Nesses casos, 
tantas e tantas vezes o que se verifica é que o particular 
deixa de conferir um uso ao imóvel para justamente pro-
vocar sua deterioração. Não sem razão a Lei de Crimes 
Ambientais tipificou a conduta de quem deteriora bem 
especialmente protegido por lei, ato administrativo ou 
decisão judicial. 
Por óbvio que a utilização não é regra geral. Por 
exemplo, a preservação de um sítio arqueológico pres-
supõe sua intangibilidade, ao passo que sua descober-
ta implica na realização de escavações que acabam por 
revolver o solo em busca dos achados de interesse dos 
pesquisadores. 
3. Princípio pró-monumento
Esse princípio está expresso na Convenção da Unesco 
para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Na-
tural, assinada em Paris em 23-11-72, assinada em Paris 
em 23-11-72, aprovada pelo Decreto Legislativo 74, de 
30-06-1977 e incorporada ao direito pátrio por força do 
Decreto 80.978, de 12-12-1977. 
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Reza o art. 12 da Convenção: “O fato de que um bem 
do patrimônio cultural ou natural não haja sido incluído 
numa ou outra das duas listas mencionadas nos parágra-
fos 2 e 4 do art. 11 não significará, em absoluto, que ele 
não tenha valor universal excepcional para fins distintos 
dos que resultam da inclusão nessas listas”. 
No direito brasileiro, em que pese o abismo existente 
entre a legislação, que consagra a mais ampla tutela ao 
meio ambiente, nele inserida a dimensão cultural, e a ju-
risprudência, ainda em muito atada ao chamado “sistema 
proprietário”, já é possível identificar uma nova aragem 
em alguns julgados chancelando uma espécie de benefí-
cio da dúvida, ao possibilitar que se busque no Judiciário 
a tutela de bens ainda não reconhecidos como culturais 
pelo Poder Executivo ou Legislativo.
4. Princípio da valorização sustentável
Desenvolvimento sustentável é definido pela Comis-
são Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
no famoso “Relatório Brundtland”, como aquele que 
atende às necessidades do presente sem comprometer 
a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas 
próprias necessidades. Enquanto processo de transfor-
mação, “a exploração dos recursos, a direção dos inves-
timentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico 
e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o 
potencial presente e futuro, a fim de atender às necessi-
dades e aspirações humanas”.
O princípio do desenvolvimento sustentável parte do 
pressuposto de que a sociedade humana não se limita 
às nossas gerações, sendo que a exauribilidade é uma 
característica dos recursos naturais, ao passo que o pere-
cimento, a descaracterização, o esquecimento são males 
que assolam os recursos culturais. É por isso que se alia 
a essa ideia a de consumo sustentável. Sem uma alte-
ração nos padrões de consumo, inclusive do consumo 
cultural, a preservação dos recursos essenciais ao com-
pleto desenvolvimento humano será difícil, quando não 
impossível.
No plano legislativo, a primeira referência a esse prin-
cípio surgiu no Brasil com a Lei 6.803/80 que, no art. 1º, 
falava em compatibilização das atividades industriais 
com o meio ambiente. Também a Lei 6.938/81, ao insti-
tuir a Política Nacional do Meio Ambiente com a previsão 
da avaliação de impactos ambientais, o acolhe. Na legis-
lação que define a Política Nacional da Educação Am-
biental, o princípio aparece pelo menos três vezes: no art. 
1º, inserido no próprio conceito de educação ambiental; 
no art. 4º, inc. II, como princípio básico dessa política, e 
no art. 5º, inc. V, dentre os seus objetivos.
Assim como a produção há de ser sustentável, tam-
bém o consumo deve sê-lo. Sem uma alteração nos 
padrões de consumo, inclusive do consumo cultural, a 
preservação dos recursos essenciais ao completo desen-
volvimento humano será difícil, quando não impossível.
EXERCÍCIO COMENTADO
1 - (TRF2 – JUIZ FEDERAL – CESPE – 2013) Um pesca-
dor artesanal profissional ajuizou ação indenizatória por 
danos materiais e morais contra empresa exploradora de 
petróleo, alegando prejuízos decorrentes de vazamento 
de óleo combustível em águas marinhas onde pescava. 
Provou-se que o rompimento do oleoduto fora causado 
por deslizamentos de terra decorrentes de chuvas tor-
renciais. Essas mesmas chuvas causaram o rompimento 
das barreiras de contenção instaladas pela empresa ao 
tentar remediaro problema. O vazamento de óleo re-
sultou na mortandade da fauna aquática e na imediata 
proibição de pesca na região, imposta pelo IBAMA, com 
duração de seis meses. Na fase de provas, restou cabal-
mente comprovada a regularidade das instalações da 
empresa segundo as melhores tecnologias disponíveis e 
a idoneidade dos esforços para reparação do problema. 
Na situação hipotética descrita:
a) por ter natureza punitiva, a condenação por danos 
morais será inviável se, no caso, for reconhecida a au-
sência de dolo ou culpa do réu, ou seja, ausência de 
ilícito a ser punido.
b) a força maior implica necessariamente ausência de 
culpa e, por isso, se for reconhecida processualmente, 
afastará a obrigação de indenizar.
c) a pretensão indenizatória do pescador será imprescritível, 
porque está relacionada à ocorrência de dano ambiental.
d) o princípio do poluidor-pagador é, em tese, aplicável 
ao caso porque, embora não esteja positivado na le-
gislação brasileira, está previsto em documentos inter-
nacionais de que o Brasil é signatário.
e) não é cabível a inversão do ônus da prova quanto ao 
an debeatur e ao quantum debeatur do dano material, 
cabendo ao pescador provar também a ocorrência, 
mas não o quantum, do dano moral pretendido.
Resposta: Letra E. A letra A está errada, a condenação 
por danos morais não possui natureza punitiva, uma 
vez que sua finalidade primordial é a reparação (ou 
compensação, quando a primeira não for possível) do 
dano. Há autores que não admitem o caráter punitivo 
em razão da inexistência de norma que preveja esta 
espécie de sanção. A letra B está errada, a força maior 
tem por finalidade a exclusão do nexo causal entre a 
conduta e o resultado danoso. Ela não tem o condão, 
por si só, de afastar a obrigação de indenizar, tratan-
do-se de dano ambiental, hipótese em que temos a 
responsabilidade objetiva do infrator. A letra C está er-
rada, A pretensão do pescador tem caráter individual, 
uma vez que ele é o único interessado pela proteção 
das águas onde ocorreu derramamento de óleo. Des-
sa forma, incide sobre a pretensão do pescador o pra-
zo prescricional do CC. O que vigora no âmbito do STJ 
é que a reparação por danos ambientais, pelo fato do 
meio ambiente ser um direito difuso e coletivo, é im-
prescritível (AgRg no REsp nº 1150.479). A letra D está 
errada, O princípio do poluidor pagador encontra-se 
positivado no ordenamento, mais especificamente no 
art. 4º, VII, da Lei nº 6.938/1981.
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POLÍTICA NACIONAL 
DE MEIO AMBIENTE. OBJETIVOS. 
INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO
 (TÉCNICOS E ECONÔMICOS). SISNAMA. 
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO. LEI Nº 
6.938/1981 E SUAS ALTERAÇÕES. DECRETO 
Nº 99.274/1990 E SUAS ALTERAÇÕES. 
RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 1/1986 
E SUAS ALTERAÇÕES (RELATÓRIO 
DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA-
RIMA). RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 
237 (LICENCIAMENTO AMBIENTAL). 
RESOLUÇÃO DO CONAMA Nº 378 
(EMPREENDIMENTOS POTENCIALMENTE 
CAUSADORES DE IMPACTO AMBIENTAL 
NACIONAL OU REGIONAL).
LEI Nº 6.938/1981 E SUAS ALTERAÇÕES
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, é a lei que 
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus 
fins e mecanismos de formulação e aplicação.
Conforme dispõe o art. 2º, A Política Nacional do 
Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, vi-
sando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento 
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e 
à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os 
seguintes princípios: 
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio 
ecológico, considerando o meio ambiente como um 
patrimônio público a ser necessariamente assegurado 
e protegido, tendo em vista o uso coletivo; 
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; 
III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos 
ambientais; 
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de 
áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou 
efetivamente poluidoras; 
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias 
orientadas para o uso racional e a proteção dos recur-
sos ambientais; 
VII - acompanhamento do estado da qualidade am-
biental; 
VIII - recuperação de áreas degradadas; 
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; 
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, 
inclusive a educação da comunidade, objetivando ca-
pacitá-la para participação ativa na defesa do meio 
ambiente.
O artigo 3º traz alguns conceitos importantes para 
compreender a PNMA. 
Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, in-
fluências e interações de ordem física, química e bioló-
gica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas.
Degradação da qualidade ambiental é a alteração ad-
versa das características do meio ambiente;
Poluição é a degradação da qualidade ambiental re-
sultante de atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar 
da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e 
econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do 
meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os 
padrões ambientais estabelecidos.
Poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito públi-
co ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por 
atividade causadora de degradação ambiental.
Recursos ambientais é a atmosfera, as águas interio-
res, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar ter-
ritorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a 
fauna e a flora.
1. Dos objetivos da política nacional do meio am-
biente
Os objetivos da PNMA estão dispostos no artigo 4º. A 
Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
I - à compatibilização do desenvolvimento econômi-
co-social com a preservação da qualidade do meio 
ambiente e do equilíbrio ecológico; 
II - à definição de áreas prioritárias de ação governa-
mental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, 
atendendo aos interesses da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; 
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qua-
lidade ambiental e de normas relativas ao uso e ma-
nejo de recursos ambientais; 
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias 
nacionais orientadas para o uso racional de recursos 
ambientais; 
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio am-
biente, à divulgação de dados e informações ambien-
tais e à formação de uma consciência pública sobre a 
necessidade de preservação da qualidade ambiental e 
do equilíbrio ecológico; 
VI - à preservação e restauração dos recursos ambien-
tais com vistas à sua utilização racional e disponibi-
lidade permanente, concorrendo para a manutenção 
do equilíbrio ecológico propício à vida; 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obri-
gação de recuperar e/ou indenizar os danos causados 
e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recur-
sos ambientais com fins econômicos.
As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambien-
te serão formuladas em normas e planos, destinados a 
orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que 
se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e 
manutenção do equilíbrio ecológico, observados os prin-
cípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
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2. Do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SIS-
NAMA)
Dispõe o artigo 6º da referida Lei da PNMA que os 
órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fun-
dações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela 
proteçãoe melhoria da qualidade ambiental, constituirão 
o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, pos-
suindo a seguinte estrutura:
I - Órgão Superior: o Conselho de Governo, com a 
função de assessorar o Presidente da República na 
formulação da política nacional e nas diretrizes go-
vernamentais para o meio ambiente e os recursos am-
bientais; 
II - Órgão Consultivo e deliberativo: o Conselho Nacio-
nal do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade 
de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Gover-
no, diretrizes de políticas governamentais para o meio 
ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito 
de sua competência, sobre normas e padrões compatí-
veis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado 
e essencial à sadia qualidade de vida; 
III - Órgão Central: a Secretaria do Meio Ambiente da 
Presidência da República, com a finalidade de plane-
jar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão 
federal, a política nacional e as diretrizes governa-
mentais fixadas para o meio ambiente; 
IV - Órgãos Executores: o Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBA-
MA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Bio-
diversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade 
de executar e fazer executar a política e as diretrizes 
governamentais fixadas para o meio ambiente, de 
acordo com as respectivas competências; 
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estadu-
ais responsáveis pela execução de programas, projetos 
e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de 
provocar a degradação ambiental; 
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, 
responsáveis pelo controle e fiscalização dessas ativi-
dades, nas suas respectivas jurisdições; 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, 
é o órgão encarregado de, nos termos do artigo 8º, es-
tabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e cri-
térios para o licenciamento de atividades efetiva ou po-
tencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados 
e supervisionado pelo IBAMA; determinar, quando julgar 
necessário, a realização de estudos das alternativas e das 
possíveis consequências ambientais de projetos públicos 
ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais 
e municipais, bem assim a entidades privadas, as infor-
mações indispensáveis para apreciação dos estudos de 
impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de 
obras ou atividades de significativa degradação ambien-
tal, especialmente nas áreas consideradas patrimônio na-
cional; determinar, mediante representação do IBAMA, a 
perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo 
Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda 
ou suspensão de participação em linhas de financiamen-
to em estabelecimentos oficiais de crédito; estabelecer 
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à ma-
nutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao 
uso racional dos recursos ambientais, principalmente os 
hídricos, entre outras atribuições.
3. Dos instrumentos da PNMA
O artigo 9º elenca os instrumentos utilizados para 
a promoção concreta da política nacional do meio am-
biente. São eles:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade am-
biental;
II - o zoneamento ambiental; 
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva 
ou potencialmente poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipa-
mentos e a criação ou absorção de tecnologia, volta-
dos para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmen-
te protegidos pelo Poder Público federal, estadual e 
municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de 
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio 
ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Ins-
trumentos de Defesa Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao 
não cumprimento das medidas necessárias à preser-
vação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio 
Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Re-
nováveis - IBAMA; 
XI - a garantia da prestação de informações relativas 
ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a 
produzí-las, quando inexistentes; 
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades poten-
cialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos 
ambientais. 
XIII - instrumentos econômicos, como concessão flo-
restal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. 
O artigo 9º-A e seguintes, introduzidos pela Lei nº 
12.651/2012, traz um instrumento novo, que diz respei-
to a limitação do uso da propriedade, no todo ou em 
parte, para preservar, conservar ou recuperar os recur-
sos ambientais existentes, instituindo assim a servidão 
ambiental. Devem ser objeto de averbação na matrícula 
do imóvel no registro de imóveis competente: I - o ins-
trumento ou termo de instituição da servidão ambiental; 
II - o contrato de alienação, cessão ou transferência da 
servidão ambiental (art. 9º-A, § 4º).
A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, 
temporária ou perpétua, com prazo mínimo de 15 (quin-
ze) anos. O detentor da servidão ambiental poderá alie-
ná-la, cedê-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por 
prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de 
outro proprietário ou de entidade pública ou privada que 
tenha a conservação ambiental como fim social. 
A construção, instalação, ampliação e funcionamento 
de estabelecimentos e atividades utilizadores de recur-
sos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou 
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capazes, sob qualquer forma, de causar degradação am-
biental dependerão de prévio licenciamento ambiental. 
Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respec-
tiva concessão serão publicados no jornal oficial, bem 
como em periódico regional ou local de grande circu-
lação, ou em meio eletrônico de comunicação mantido 
pelo órgão ambiental competente (art. 10, caput e § 1º).
O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas 
ao meio ambiente, visando: 
I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e proces-
sos tecnológicos destinados a reduzir a degradação da 
qualidade ambiental; 
II - à fabricação de equipamentos antipoluidores; 
III - a outras iniciativas que propiciem a racionaliza-
ção do uso de recursos ambientais (art. 13).
O artigo 14, por sua vez, trata das sanções aplicá-
veis pelo não cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção dos inconvenientes e danos 
causados pela degradação da qualidade ambiental. Tais 
transgressões sujeitam os infratores: 
I - à multa simples ou diária, nos valores correspon-
dentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no máximo, a 1.000 
(mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - 
ORTNs, agravada em casos de reincidência específi-
ca, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua 
cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Es-
tado, Distrito Federal, Territórios ou pelos Municípios. 
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fis-
cais concedidos pelo Poder Público; 
III - à perda ou suspensão de participação em linhas 
de financiamento em estabelecimentos oficiais de cré-
dito; 
IV - à suspensão de sua atividade.
DECRETO Nº 99.274/1990
O Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, é o de-
creto que regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 
1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dis-
põem, respectivamente sobre a criação de Estações Eco-
lógicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política 
Nacional doMeio Ambiente, e dá outras providências.
Segundo o artigo 1º do Decreto, Na execução da Po-
lítica Nacional do Meio Ambiente cumpre ao Poder Pú-
blico, nos seus diferentes níveis de governo: 
I - manter a fiscalização permanente dos recursos 
ambientais, visando à compatibilização do desenvol-
vimento econômico com a proteção do meio ambiente 
e do equilíbrio ecológico; 
II - proteger as áreas representativas de ecossistemas 
mediante a implantação de unidades de conservação 
e preservação ecológica; 
III - manter, através de órgãos especializados da Ad-
ministração Pública, o controle permanente das ativi-
dades potencial ou efetivamente poluidoras, de modo 
a compatibilizá-las com os critérios vigentes de prote-
ção ambiental; 
IV - incentivar o estudo e a pesquisa de tecnologias 
para o uso racional e a proteção dos recursos ambien-
tais, utilizando nesse sentido os planos e programas 
regionais ou setoriais de desenvolvimento industrial e 
agrícola; 
V - implantar, nas áreas críticas de poluição, um sis-
tema permanente de acompanhamento dos índices 
locais de qualidade ambiental; 
VI - identificar e informar, aos órgãos e entidades do 
Sistema Nacional do Meio Ambiente, a existência de 
áreas degradadas ou ameaçadas de degradação, pro-
pondo medidas para sua recuperação; e 
VII - orientar a educação, em todos os níveis, para a 
participação ativa do cidadão e da comunidade na 
defesa do meio ambiente, cuidando para que os cur-
rículos escolares das diversas matérias obrigatórias 
contemplem o estudo da ecologia.
O CONAMA é estruturado da seguinte forma (art. 4º):
I - Plenário; 
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.806, de 2019)
III - Comitê de Integração de Políticas Ambientais;
IV - Câmaras Técnicas;
V - Grupos de Trabalho; e 
VI - Grupos Assessores. 
O Plenário do CONAMA reunir-se-á, em caráter ordi-
nário, a cada três meses, no Distrito Federal, e, extraordi-
nariamente, sempre que convocado pelo seu Presidente, 
por iniciativa própria ou a requerimento de pelo menos 
dois terços de seus membros. A reunião será em sessão 
pública, com a presença de pelo menos a metade mais 
um dos seus membros e deliberará por maioria simples 
dos membros presentes no Plenário, cabendo ao Presi-
dente da sessão, além do voto pessoal, o de qualidade. 
O Conama poderá dividir-se em Câmaras Técnicas, 
para examinar e relatar ao Plenário assuntos de sua com-
petência. A competência, a composição e o prazo de fun-
cionamento de cada uma das Câmaras Técnicas constará 
do ato do Conama que a criar.
Para atender ao suporte técnico e administrativo do 
CONAMA, a Secretaria-Executiva do Ministério do Meio 
Ambiente deverá: 
I - solicitar colaboração, quando necessário, aos ór-
gãos específicos singulares, ao Gabinete e às entida-
des vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente; 
II - coordenar, por meio do Sistema Nacional de In-
formações sobre o Meio Ambiente-SINIMA, o inter-
câmbio de informações entre os órgãos integrantes do 
SISNAMA; e 
III - promover a publicação e divulgação dos atos do 
CONAMA (art. 11).
A atuação do Sisnama efetivar-se-á mediante articu-
lação coordenada dos órgãos e entidades que o consti-
tuem, observado o seguinte: 
I - o acesso da opinião pública às informações relati-
vas às agressões ao meio ambiente e às ações de pro-
teção ambiental, na forma estabelecida pelo Conama; 
II - caberá aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu-
nicípios a regionalização das medidas emanadas do 
Sisnama, elaborando normas e padrões supletivos e 
complementares (art. 14).
As licenças, de competência do Poder Executivo, es-
tão dispostas no artigo 19 do Decreto. São elas: 
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I - Licença Prévia (LP), na fase preliminar do plane-
jamento de atividade, contendo requisitos básicos a 
serem atendidos nas fases de localização, instalação e 
operação, observados os planos municipais, estaduais 
ou federais de uso do solo; 
II - Licença de Instalação (LI), autorizando o início da 
implantação, de acordo com as especificações cons-
tantes do Projeto Executivo aprovado; e 
III - Licença de Operação (LO), autorizando, após as 
verificações necessárias, o início da atividade licencia-
da e o funcionamento de seus equipamentos de con-
trole de poluição, de acordo com o previsto nas Licen-
ças Prévia e de Instalação.
Os prazos para a concessão das licenças serão fixados 
pelo Conama, observada a natureza técnica da atividade. 
O artigo 20, por sua vez, prescreve sobre o recurso 
administrativo, sendo cabível: 
I - para o Secretário de Assuntos Estratégicos, das 
decisões da Comissão Nacional de Energia Nuclear 
(CNEN); e 
II - para o Secretário do Meio Ambiente, nos casos de 
licenciamento da competência privativa do Ibama, in-
clusive nos de denegação de certificado homologató-
rio.
RESOLUÇÕES DO CONAMA
A seguir, traremos o texto de algumas das principais 
resoluções do CONAMA. Seu conteúdo é bastante auto 
didático, e as questões de concurso público procuram 
exigir que o candidato tenha conhecimento literal de 
seus dispositivos. Por isso, não há a necessidade de traçar 
comentários sobre tais Resoluções.
1. Resolução CONAMA nº 1/1986 (Impactos Am-
bientais)
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - 
IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 
do Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo 
exercício das responsabilidades que lhe são atribuídas pelo 
artigo 18 do mesmo decreto, e 
Considerando a necessidade de se estabelecerem as 
definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as 
diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação 
de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Polí-
tica Nacional do Meio Ambiente,
 
RESOLVE:
 
Art. 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se 
impacto ambiental qualquer alteração das proprieda-
des físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, 
causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou in-
diretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio am-
biente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.
Art. 2º - Dependerá de elaboração de estudo de im-
pacto ambiental e respectivo relatório de impacto am-
biental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do 
órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter 
supletivo, o licenciamento de atividades modificado-
ras do meio ambiente, tais como
I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de 
rolamento;
II - Ferrovias
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos 
químicos;
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, arti-
go 48, do Decreto-Lei nº 32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos cole-
tores e emissários de esgotos sanitários; 
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima 
de 230KV; 
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos 
hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, 
acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, 
abertura de canais para navegação, drenagem e irri-
gação, retificação de cursos d’água, abertura de bar-
ras e embocaduras, transposição de bacias, diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, 
carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, defi-
nidas no Código de Mineração; 
X - Aterros sanitários, processamento e destino final 
de resíduos tóxicos ou perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que 
seja a fonte de energia primária, acima de 10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-indus-
triais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, des-
tilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos 
hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente indus-
triais - ZEI;
XIV - Exploração econômica

Outros materiais