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FUNDAMENTOS 
DE ECONOMIA
Rosangela Aparecida
da Silva
Principais funções da 
moeda: política monetária
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer as funções da moeda em uma economia.
  Identificar os instrumentos de política monetária do governo.
  Diferenciar o processo de criação e de impressão de moeda na 
economia.
Introdução
Neste capítulo, você vai entender como a moeda foi criada e qual é seu 
papel na economia. Você vai verificar que o governo utiliza instrumentos 
de política monetária para mexer na quantidade de moeda em circulação 
e faz isso, teoricamente, para estabilizar os preços da economia. Por fim, 
você vai ver que, além da emissão de moeda feita pelo Banco Central do 
Brasil, os bancos também criam moedas por meio do efeito multiplicador 
de suas atividades como intermediários financeiros. 
A moeda como meio de troca
A moeda de uma economia em que existem diversos tipos de bens e serviços 
tem crucial importância para o crescimento dessa economia, a sua estabilidade 
fi nanceira e a existência de comércio exterior. Logo, a moeda é vista como 
o ativo com maior liquidez; ou seja, com dinheiro você pode imediatamente 
adquirir bens e serviços. Mas será que foi sempre assim?
A resposta é não. Até o surgimento da moeda como ela se configura hoje, 
tivemos diversas etapas: desde moeda mercadoria, até moeda feita de metais 
preciosos. Inicialmente, em comunidades pequenas, onde existiam poucos bens 
e serviços, eram feitos escambos, isto é, trocas de bens por outros bens, ou 
trocas diretas do excesso produzido por cada pessoa, como colocam Samuelson 
e Nordhaus, (2012). Logo, o quanto você podia obter de bens e serviços com 
suas próprias mercadorias dependia da necessidade de ambas as partes e da sua 
capacidade de negociação. Na atualidade, a existência de escambo é restrita 
a comunidades remotas ou mesmo comunidades de amigos criadas em redes 
sociais, com a proliferação das Tecnologias da Informação.
Com o crescimento das sociedades e da variedade de bens e serviços, 
decorrentes do aperfeiçoamento de técnicas e do maior acesso a outras regiões 
— devido a invenções como os barcos a vela, que desbravavam e colonizavam 
novos continentes —, viu-se a necessidade de haver um meio de troca mais 
plausível à nova realidade. Afinal, como processar a contabilidade com tantos 
bens em jogo?
Daí surgem as moedas mercadorias. De acordo com o Banco Central 
([2018c]), a moeda mercadoria veio como uma forma de preencher a lacuna 
da comercialização de bens e serviços entre sociedades crescentes e distantes. 
Para ser moeda mercadoria, o artigo precisava ter bastante utilidade para a 
população que o adotou como moeda para ser bem aceito. O sal, por exemplo, 
foi por muito tempo moeda mercadoria, porque, teoricamente, era escasso e 
servia como conservante para os alimentos, na falta de sistemas de refrigera-
ção. Depois, descobriu-se que o sal existia em grandes quantidades em outras 
regiões, e essa moeda mercadoria foi abandonada.
Outras moedas mercadorias que foram empregadas ao longo da história, 
conforme Bacen ([2018c]), Samuelson e Nordhaus (2012) e Mankiw (2015), 
são listadas abaixo:
  O gado bovino foi amplamente utilizado por sua possibilidade de loco-
moção, reprodução e como prestador de serviços. Por outro lado, tinha 
a desvantagem de não ser divisível e, portanto, só podia ser trocado por 
outras coisas com alto valor de uso; além disso, havia o risco de ocor-
rência de pragas no rebanho. Muitas conotações do mercado financeiro 
vêm do gado: os termos pecúnia (dinheiro) e capital (patrimômio) vêm 
das palavras em latim pecus (gado) e capita (cabeça), respectivamente.
  Em solo brasileiro, o pau brasil, o açúcar e o cacau, entre outras mer-
cadorias, foram usados como moedas mercadorias.
  Na Segunda Guerra Mundial, os prisioneiros de guerra utilizavam o 
cigarro como moeda de troca por bens e serviços, pois tinha aceitação 
geral.
Descobrimos, então, duas características necessárias para que a moeda 
mercadoria fosse utilizada como tal: a escassez e a aceitação geral. De acordo 
Principais funções da moeda: política monetária2
com Samuelson e Nordhaus (2012), no final do século XIX, as moedas mer-
cadorias já estavam confinadas a metais preciosos como ouro, prata e bronze. 
Assim, teve origem a moeda metálica, cunhada em metais preciosos. O pro-
blema dessas moedas é que, como eram raras, limitavam a comercialização 
de bens e serviços a países que tivessem esses metais em grande quantidade 
na economia, dificultando o comércio para países que produziam, mas não 
tinham dinheiro para comercializar.
Assim, surgiu o papel moeda, que inicialmente tinha lastro, isto é, garantia, 
em metais preciosos (principalmente o ouro) e, depois, tornou-se moeda fidu-
ciária (de fidúcia, confiança). O papel moeda facilitou muito as transações ao 
permitir que a quantidade de moeda se adequasse ao crescimento da produção 
de bens e serviços. 
As nações que controlam sua política monetária têm noção de que um 
aumento substancial da impressão de moeda, acima do crescimento da produ-
ção do país, poderá gerar a temida inflação, ou seja, o aumento no nível geral 
de preços e a desvalorização da moeda nacional frente à moeda estrangeira 
(câmbio alto).
As principais funções da moeda, segundo Vasconcellos e Garcia (2014, 
p. 85), são:
  Instrumento ou meio de troca — significa que a moeda pode ser trocada 
por qualquer bem ou serviço, por ter aceitação geral.
  Denominador comum monetário ou unidade de valor — essa função 
mostra que todos os bens podem ser convertidos em unidades monetá-
rias, como o real, no Brasil, o que facilita a contabilidade dos valores 
monetários. A moeda se torna um padrão de medida.
  Reserva de valor — essa função tem a ver com o fato de que, se uma 
pessoa tiver dinheiro guardado, terá como adquirir bens e serviços 
no futuro. No que se refere a essa função, especificamente, ela só tem 
validade em uma economia estabilizada, sem inflação, pois senão a 
moeda pode perder seu poder de compra.
Demanda e oferta de moeda
Como vimos, a demanda e a oferta de moeda podem determinar a taxa de 
juros e a infl ação em uma economia capitalista. De acordo com Samuelson e 
Nordhaus (2012) e Vasconcellos e Garcia (2014), a demanda por moeda pode 
ter três fontes: 
3Principais funções da moeda: política monetária
  Demanda de moeda para transações — as famílias e instituições pre-
cisam ter dinheiro para a compra de bens e serviços, e, por isso, elas 
mantêm valores mensais para fazer essas transações. Segundo o autor, 
isso nos leva a entender como as mudanças econômicas afetam essas 
transações. Se, por exemplo, a taxa de juros sobe, há uma tendência de 
as pessoas reterem mais moeda em poupanças, em vez de consumirem 
tudo no mesmo momento. Esse movimento, dependendo de outros 
fatores, pode levar à queda no consumo de curto prazo.
  Demanda de moeda por precaução — é quando o público e as empresas 
mantêm certa reserva de dinheiro para prevenir imprevistos e/ou falta 
de receita para efetuar pagamentos futuros. As empresas, por exemplo, 
devem manter uma certa quantidade monetária por precaução para que, 
se ocorrer um furo de caixa, isto é, se os recebimentos não saírem nas 
datas esperadas ou como era esperado, elas tenham como cumprir seus 
compromissos.
  Demanda de moeda por especulação — quantidade de dinheiro que 
os agentes econômicos retêm para alguma oportunidade financeira de 
mercado. Podemos utilizar como exemplo o caso da aplicação financeira 
em títulos públicos: se suas taxas de juros sobem, as pessoas tendem a 
demandar mais moeda para aplicar nesses títulos.
Logo, podemos perceber a influência da taxa de juros, principalmente no 
que se refere à demanda por moeda para especulação. Quanto aos dois primeiros 
tipos de demanda por moeda, embora também possam ser influenciados pela 
taxa de juros, estão mais associados à renda da população em geral.Principais funções da moeda: política monetária4
Moeda e taxas de juros
Vimos que a moeda tem uma estreita ligação com as taxas de juros de uma eco-
nomia — o economista John M. Keynes até dizia que o preço da moeda é a taxa de 
juros. Mas o que é taxa de juros?
Samuelson e Nordhaus (2012, p. 576) colocam que a taxa de juros é “o preço pago 
pelo dinheiro recebido de empréstimo durante determinado período, habitualmente 
indicado como uma percentagem do capital por ano”. Sendo um percentual que se 
ganha por aplicar o dinheiro por determinado período, ela pode ser de dois tipos:
  Taxa de juros real — é a taxa percentual obtida com uma aplicação financeira, 
excluindo-se a taxa de inflação.
  Taxa de juros nominal — é a taxa percentual obtida com uma aplicação financeira, 
sem excluir a taxa de inflação.
Perceba que a taxa de juros real é que vai mostrar qual foi o seu poder de ganho ao 
fazer uma aplicação financeira: se sua taxa real for positiva, significa que valeu à pena 
a aplicação, pois seu dinheiro rendeu mais do que a inflação do período em que foi 
aplicado (não se considerando aqui as taxas administrativas e os impostos). 
A oferta de moeda se dá principalmente por meio do Banco Central do 
Brasil (Bacen), que é a instituição responsável pela emissão da moeda no país, 
e seu controle sobre o mercado financeiro é grande. Embora quem tome as 
decisões de política monetária seja o Conselho Monetário Nacional (CMN), 
que, segundo Governo do Brasil (2017), é composto pelos ministros da Fazenda, 
do Planejamento, do Desenvolvimento e Gestão e pelo presidente do Bacen, 
quem executa essas políticas é o próprio Bacen.
O Bacen é uma entidade supervisora do Sistema Financeiro Nacional 
(SFN) e, de acordo com Lagioia (2011), é uma autarquia federal, vinculada ao 
Ministério da Fazenda, que exerce principalmente as seguintes atribuições:
  Banco dos bancos, por garantir a solvência do SFN por meio de seus 
instrumentos de políticas monetárias.
  “Gestor do sistema financeiro nacional: expede normas, autorizações, 
fiscaliza e intervém”, conforme leciona Lagioia (2011, p. 47).
  Banco de emissão, pois emite moeda e controla sua liquidez.
  Banco do governo, pois é depositário e administrador das reservas 
internacionais do Brasil, financia o Tesouro Nacional e administra a 
dívida pública.
5Principais funções da moeda: política monetária
  Garante a estabilidade monetária por meio do controle de políticas 
monetárias.
Resumindo, de acordo com Febraban (2005), o Bacen é o agente fiscali-
zador e disciplinador do mercado financeiro e, também, o agente executor 
das políticas monetária e de câmbio. Qualquer operação que você faça pelo 
mercado financeiro do país, seja com moeda nacional ou moeda internacional, 
passa pelo Bacen. Veremos mais sobre a oferta de moeda e seu processo de 
impressão e criação no final deste capítulo.
Política monetária e seus instrumentos
Vimos que quem faz política monetária no Brasil é o Bacen. Mas, afi nal, o 
que é política monetária? Quais são seus objetivos e quais instrumentos são 
utilizados para aplicá-la?
A política monetária de um país está dentro do que chamamos de mercado 
monetário. Conforme o Bacen ([2018b], documento on-line), “o mercado 
monetário envolve as operações de curto e curtíssimo prazo, proporcionando 
um controle ágil e rápido da liquidez da economia e das taxas de juros pre-
tendidas pela política econômica das autoridades monetárias”. Percebe-se, 
então, que as políticas monetárias visam, sobretudo, a controlar a quantidade 
de moeda na economia, a fim de manter a estabilidade da mesma por meio 
de seus instrumentos. 
A política monetária tem como vantagem poder ser aplicada imediatamente, 
sem as dificuldades criadas pelas políticas fiscais, por exemplo, que precisam 
de aprovação do Congresso para serem executadas. A partir das decisões do 
CMN e de suas comissões, as políticas monetárias já podem ser executadas 
e fiscalizadas pelo Bacen.
Os principais objetivos das políticas econômicas, sejam monetárias, fiscais, 
comerciais ou cambiais, de acordo com Vasconcellos (2002), são:
  Crescimento da produção nacional — esse objetivo quase todos os 
países têm, principalmente quando há desemprego e/ou a mão de obra é 
subutilizada. Além disso, o crescimento da produção nacional faz com 
que cresça a renda do país, estimulando mais ainda os investimentos em 
recursos e melhorias produtivas (como novas tecnologias e treinamento 
de mão de obra).
Principais funções da moeda: política monetária6
  Estabilidade de preços — manter o nível de preços estabilizados ajuda a 
estimular os investimentos no país e também o consumo da população, 
que não precisa ter medo de mudanças bruscas de preços no curto prazo. 
  Distribuição de renda socialmente justa — objetiva diminuir a desigual-
dade de renda entre as classes sociais do país. Dificilmente é obtida no 
curto prazo, pois requer melhorias em fatores como educação, saúde 
e outros.
A fim de facilitar o entendimento sobre políticas monetárias, vamos nos 
concentrar nos dois primeiros objetivos, crescimento econômico e estabili-
dade de preços, que são de curto prazo e são mais passíveis de efetivação da 
política monetária.
Diferenças entre medidas conjunturais e estruturais
As medidas conjunturais se referem à administração de questões de curto prazo, 
como uma crise econômica e o combate à inflação e à escassez de produtos, conforme 
leciona Lagioia (2011). Já as medidas estruturais, de acordo com a mesma autora, estão 
ligadas ao desenvolvimento econômico e visam a alterar a estrutura econômica do 
país e a distribuição de renda. Trata-se de medidas de longo prazo, como as reformas 
educacional, da previdência, da infraestrutura, entre outras.
Instrumentos de política monetária
Os instrumentos de política monetária visam a alcançar os objetivos citados 
anteriormente. De acordo com Vasconcellos e Garcia (2014) e Samuelson e 
Nordhaus (2012), são eles:
  Taxa de juros Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) — a 
fixação da taxa meta da taxa de juros Selic constitui um dos termô-
metros do mercado pois, quanto maior a meta, menores tendem a ser 
os investimentos no mercado produtivo e maiores serão as aplicações 
financeiras. Logo, se o governo pretende reduzir a inflação em curto 
prazo, por exemplo, o Copom (Comitê de Política Monetária, que faz 
parte do Bacen) pode aumentar a meta de taxa; assim, o mercado fi-
7Principais funções da moeda: política monetária
nanceiro também aumenta suas taxas, reduzindo o consumo de bens e 
serviços (pois as pessoas tendem a investir mais no mercado financeiro), 
o que tende a reduzir o nível geral de preços. Do contrário, se o objetivo 
for o crescimento da produção nacional em curto prazo, o Copom pode 
diminuir a meta da taxa de juros Selic e, assim, conduzir as pessoas a 
consumirem mais, tendendo ao aumento da produção nacional.
  Operações no mercado aberto (open market) — são as compras e vendas 
de títulos públicos federais (certificados da dívida pública) que são 
remunerados pela taxa Selic. Logo, se o governo colocar mais títulos 
à venda, significa que está querendo reduzir a quantidade de moeda 
em circulação — para isso, aumentou a taxa Selic — e diminuir o 
nível geral de preços (inflação). Do contrário, se resgatou os títulos 
no mercado, além de reduzir sua dívida pública, o governo tem como 
intuito aumentar a quantidade de moeda em circulação e intensificar o 
crescimento da produção nacional em curto prazo. Para que isso ocorra, 
o governo deve baixar a meta da taxa Selic.
  Redesconto — refere-se a uma taxa de juros que o Bacen cobra para 
emprestar dinheiro aos bancos comerciais (bancos que têm conta cor-
rente). Conforme Lagioia (2011, p. 7), “é um socorro que o Banco Central 
fornece aos Bancos para atender às suas necessidades momentâneas 
de caixa de curtíssimo prazo”. Por isso, o Banco Central é chamado de 
banco dos bancos. O Bacen dificilmente utiliza a taxa de redescontopara mexer na quantidade de moeda da economia deliberadamente. 
Mas, se o fizer, quando baixa essa taxa, a intenção do Bacen é que os 
bancos tomem mais dinheiro emprestado dele para terem mais liquidez 
e emprestarem maiores valores monetários ao público, gerando, assim, o 
aumento do consumo, se o objetivo é crescimento econômico em curto 
prazo. Já se o objetivo for diminuir a inflação, o Bacen tende a aumentar 
a taxa de redesconto e reduzir a quantidade de moeda em circulação.
  Regulamentação sobre crédito e taxas de juros — o Bacen regulamenta 
todo o sistema bancário; então, quando quer intensificar um setor, por 
exemplo, ele tende a ter normas para a facilitação de créditos para 
esse setor. Um caso clássico é a taxa de juros especial oferecida para o 
financiamento do crédito agrícola juntamente ao Bacen.
  Reservas compulsórias — as reservas compulsórias são valores mone-
tários que são recolhidos pelo Bacen compulsoriamente assim que uma 
pessoa, por exemplo, faz um depósito à vista. Se essa alíquota de reserva 
compulsória for alta, a tendência é que o banco (que é um intermediário 
financeiro, pois pega dinheiro de uns para emprestar para outros) tenha 
Principais funções da moeda: política monetária8
menos dinheiro para emprestar para as pessoas, aumentando as taxas 
de juros bancárias e tendendo a reduzir a quantidade de moeda em 
circulação na economia. Pode acontecer também de o Bacen reduzir 
a alíquota do compulsório para, assim, os bancos poderem ter mais 
dinheiro para emprestar ao público, tendendo a aumentar a quantidade 
de moeda em circulação.
Como podemos perceber, o Bacen tem vários instrumentos para fazer polí-
ticas monetárias e regular a quantidade de moeda em circulação na economia.
Bancos comerciais e spread bancário
Os bancos comerciais são bancos que oferecem conta corrente e depósitos à vista e 
são intermediários financeiros. Isso significa que eles suprem com recursos financeiros os 
mais diferentes setores, cobrando uma taxa de juros, de acordo com o Bacen ([2018a]). 
Nessa função de intermediário financeiro, quando alguém deposita em poupança 
seu dinheiro em um banco, este vai emprestar esse mesmo dinheiro a outra pessoa 
(excluindo-se a taxa que fica retida no Bacen), e a diferença entre a taxa que esse banco 
paga para a pessoa que depositou e a taxa que ele cobra de quem emprestou é o 
famoso spread bancário, conforme definem Samuelson e Nordhaus (2012).
Por exemplo: suponha que Maria coloque R$ 1.000,00 em uma poupança do Banco 
X, que paga a ela 1% ao mês de taxa de juros. O banco empresta esse dinheiro a João, 
cobrando dele 4% sobre o valor. Logo, esse banco teve um spread bancário de 3% ao 
mês, que é seu ganho pela intermediação financeira. 
Impressão e criação de moeda na economia
Quem detém o monopólio da emissão de moeda no Brasil, como vimos, é o 
Bacen, mas a oferta de moeda se dá por meio deste e dos bancos comerciais 
que fazem a multiplicação monetária. Ao fazer a intermediação fi nanceira, 
emprestando para outras pessoas o dinheiro que foi depositado nele, o banco 
está criando moeda bancária ou escritural, pois esse dinheiro será multiplicado 
no mercado. O Bacen tem controle sobre isso, por meio, principalmente, do 
mecanismo de aumentos ou diminuições de reservas compulsórias, podendo, 
assim, respectivamente diminuir ou aumentar a quantidade de moeda em 
circulação na economia, conforme lecionam Samuelson e Nordhaus (2012).
9Principais funções da moeda: política monetária
Exemplo da multiplicação monetária feita pelos bancos comerciais
Suponha que o Banco Y receba o depósito de R$ 100,00 de Marina. Desse depósito, 
10% (R$ 10,00) ficam depositados junto ao Bacen como reserva compulsória; em 
seguida, ele empresta R$ 90,00 para Guilherme, que compra um livro de Giseli, que 
deposita esse dinheiro no Banco Z. Esse último banco fará o mesmo processo do 
primeiro, e, assim, sucessivamente. No final, sobre os R$ 100,00 depositados inicialmente, 
foram criados mais R$ 900,00 de moedas bancárias, conforme mostra o quadro abaixo.
Efeito 
multiplicador Novo depósito Compulsório
Novo 
empréstimo
Depósito 1 100 10 90
Depósito 2 90 9 81
Depósito 3 81 8,1 72,9
... ... ... ...
Efeito total 1.000 100 900
Fonte: Adaptado de Lagioia (2011, p. 5).
É importante salientar que, de acordo com Lagioia (2011, p. 2), a base 
monetária da economia “é obtida pelo somatório de papel moeda em poder 
do público, inclusive o depósito à vista, considerando os encaixes mantidos 
pelos bancos comerciais e reservas bancárias compulsórias recolhidas pelo 
Banco Central”.
Principais funções da moeda: política monetária10
Moeda e inflação no Brasil
Sabemos que o aumento da quantidade de moeda em circulação pode causar 
aumento no nível geral de preços, ou seja, inflação. Uma das principais causas da inflação 
é o aumento da demanda, devido à maior quantidade de moeda em circulação, e, por 
isso, esta deve ser controlada pelo Bacen. A título de conhecimento, os principais índices 
de preços ao consumidor, no Brasil, divulgados pelo IBGE, são, conforme o Bacen (2016):
  IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) — avalia a variação de preços de 
bens e serviços consumidos por famílias que possuem renda de 1 a 40 salários 
mínimos. É amplamente utilizado pelo governo por ser abrangente, e seu valor é 
tido como referência para a fixação de metas de inflação. 
  INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) — aqui entra a variação de preços 
de bens e serviços consumidos por famílias que possuem renda de 1 a 5 salários 
mínimos. É muito utilizado em dissídios salariais, por abranger classes com maior 
número de trabalhadores assalariados com renda menor.
11Principais funções da moeda: política monetária
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Bancos comerciais. [2018a]. Disponível em: <https://
www.bcb.gov.br/pre/composicao/bc.asp>. Acesso em: 8 out. 2018.
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Índices de preços no Brasil. 2016. Disponível em: 
<https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/FAQs/FAQ%2002-%C3%8Dndices%20
de%20Pre%C3%A7os%20no%20Brasil.pdf>. Acesso em: 8 out. 2018.
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Mercado aberto. [2018b]. Disponível em: <https://
www.bcb.gov.br/Pre/bcUniversidade/Palestras/BC%20e%20Universidade%2011-11-
2005.pdf>. Acesso em: 8 out. 2018. 
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Museu de valores do Banco Central: origem e 
evolução do dinheiro. [2018c]. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/htms/origevol.
asp>. Acesso em: 8 out. 2018.
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS (FEBRABAN). Sistema financeiro nacional. São 
Paulo: Fator Humano, 2005. 
GOVERNO DO BRASIL. Meta de inflação e Conselho Monetário Nacional: entenda a 
função de cada um. 2017. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-
-emprego/2017/06/meta-de-inflacao-e-conselho-monetario-nacional-entenda-a-
-funcao-de-cada-um>. Acesso em: 8 out. 2018.
LAGIOIA, U. C. T. Fundamentos do mercado de capitais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
MANKIW, N. G. Macroeconomia. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
SAMUELSON, P. A.; NORDHAUS, W. D. Economia. 19. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2002. 
VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2014.
Leitura recomendada
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia 10. ed.. São Paulo: McGraw-Hill, 2009.
Principais funções da moeda: política monetária12
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