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3-DireitoConstitucional - Direito Descomplicado

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AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO 
1.1 INTRODUÇÃO 
1.2 O CONSTITUCIONALISMO 
1.3 A CONSTITUIÇÃO 
1.3.1 Estrutura 
1.3.2 Conceito 
1.4 AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
1.4.1 A Constituição de 1824 
1.4.2 A Constituição de 1891 
1.4.3 A Constituição de 1934 
1.4.4 A Constituição de 1937 
1.4.5 A Constituição de 1946 
1.4.6 A Constituição de 1967 
1.4.7 A Constituição de 1969 
1.4.8 A Constituição de 1988 
1.5 PREÂMBULO CONSTITUCIONAL 
1.6 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
1.6.1 Quanto ao Modo de Elaboração 
1.6.2 Quanto ao Conteúdo 
1.6.3 Quanto à Forma 
1.6.4 Quanto à Estabilidade 
1.6.5 Quanto à Origem 
1.7 REGRAS CONSTITUCIONAIS 
1.8 O PODER CONSTITUINTE 
1.8.1 Conceito 
1.8.2 Espécies 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
 
1.8.3 Poder Constituinte Transnacional 
 
1.9 EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
1.9.1 Conceito de Eficácia 
1.9.2 Classificação das Normas Constitucionais em Relação à sua Eficácia 
1.9.3 O Controle de Constitucionalidade das Leis 
1.9.4 Formas de Controle 
1.9.5 A Inconstitucionalidade 
1.9.6 Interpretação Constitucional 
 
 
MÓDULO II 
2 TEORIA GERAL DO DIREITO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
2.1 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS 
2.2 FORMAS DE ESTADO 
2.2.1 Estado Unitário 
2.2.2 Estado Federado 
2.2.3 Confederação 
2.3 AUTONOMIA DOS ESTADOS MEMBROS 
2.4 AS FORMAS DE GOVERNO 
2.4.1 Monarquia 
2.4.2 República 
2.5 OS SISTEMAS DE GOVERNO 
2.5.1 O Presidencialismo 
2.5.2 O Parlamentarismo 
2.5.3 Diretorial 
2.6 REGIMES POLÍTICOS 
2.7 DIREITO CONSTITUCIONAL 
2.8 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SEUS PRINCÍPIOS 
2.8.1 Administração Pública 
2.8.2 Princípios da Administração Pública 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
 
2.8.3 Agentes, Cargos e Funções Públicas 
2.8.4 Remuneração do Servidor e Acumulação de Cargos 
2.8.5 Estabilidade e Afastamento do Servidor Público 
 
 
MÓDULO III 
3 OS TRÊS PODERES E SUAS ATRIBUIÇÕES 
3.1 A SEPARAÇÃO DOS PODERES 
3.2 PODER LEGISLATIVO 
3.2.1 Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal 
3.2.2 Comissões Parlamentares 
3.2.3 Imunidades Parlamentares 
3.3 PROCESSO LEGISLATIVO 
3.4 HIERARQUIA DAS LEIS 
3.4.1 Emendas à Constituição 
3.4.2 Leis Complementares 
3.4.3 Leis Ordinárias 
3.4.4 Leis Delegadas 
3.4.5 Medidas Provisórias 
3.4.6 Decretos Legislativos e Resoluções 
3.5 PODER EXECUTIVO 
3.6 AS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL 
3.7 O PODER JUDICIÁRIO 
3.8 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 
3.8.1 Os Magistrados 
3.8.2 Garantias e Vedações dos Magistrados 
3.8.3 O Conselho Nacional de Justiça 
3.8.4 Ministério Público 
3.8.5 Defensoria Pública e Advocacia 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
 
4 A TRIBUTAÇÃO E O ORÇAMENTO 
4.1 INTRODUÇÃO 
4.2 PRINCÍPIOS GERAIS 
4.2.1 Princípio da Reserva Legal Tributária ou da Legalidade 
4.2.2 Princípio da Igualdade Tributária 
4.2.3 Princípio da Irretroatividade da Lei Tributária 
4.2.4 Princípio da Anterioridade Tributária 
4.2.5 Princípio da Anterioridade Mitigada ou Nonagésimal 
4.2.6 Princípio da Vedação ao Fisco 
4.2.7 Princípio da Ilimitabilidade do Tráfego de Pessoas ou de Bens 
4.2.8 Princípio da Capacidade Contributiva 
4.2.9 Princípio da Uniformidade e Princípio da Razoabilidade 
4.3 TRIBUTOS E SUA CLASSIFICAÇÃO 
4.4 ESPÉCIES DE TRIBUTOS 
4.4.1 Impostos 
4.4.2 Impostos da União 
4.4.3 Impostos dos Estados e do Distrito Federal 
4.4.4 Impostos dos Municípios 
4.4.5 Taxas 
4.4.6 Contribuição de Melhoria 
4.4.7 Empréstimo Compulsório 
4.4.8 Outras Contribuições 
4.5 LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR 
4.6 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
4.6.1 Conceito 
4.6.2 Principais Imunidades Tributárias 
4.7 O ORÇAMENTO 
4.7.1 Leis Orçamentárias 
4.7.2 Controle e Fiscalização Orçamentário 
4.7.3 Princípios Orçamentários 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
 
 
MÓDULO V 
5 ATIVIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA, A DEFESA E AS INSTITUIÇÕES 
DEMOCRÁTICAS DO ESTADO 
5.1 NORMAS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA 
5.2 POLÍTICA URBANA 
5.2.1 Objetivos da Política de Desenvolvimento Urbano 
5.2.2 Plano Diretor 
5.3 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 
5.4 A DEFESA DO ESTADO 
5.4.1 Introdução 
5.4.2 O Estado de Defesa 
5.4.3 O Estado de Sítio 
5.5 AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 
5.5.1 Forças Armadas 
5.5.2 Divisão das Forças Armadas 
5.6 SEGURANÇA PÚBLICA 
5.6.1 A Polícia 
5.6.2 Poder Discricionário de Polícia 
5.6.3 Polícia Federal, Civil e Militar 
5.6.3.1 Polícia Federal 
5.6.3.2 Polícia Estadual 
5.6.3.3 Polícia Militar 
 
 
MÓDULO VI 
6 A ORDEM SOCIAL 
6.1 BASE E OBJETIVO DA ORDEM SOCIAL 
6.2 SEGURIDADE SOCIAL 
6.2.1 Objetivos da Seguridade Social 
6.2.2 Financiamento e Normas sobre o Orçamento da Seguridade Social 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
 
6.3 ELEMENTOS BÁSICOS QUE CONSTITUEM A SEGURIDADE SOCIAL 
6.3.1 Saúde 
6.3.2 Previdência Social 
6.3.3 Assistência Social 
6.4 EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO 
6.4.1 Educação 
6.4.2 Cultura 
6.4.3 Plano Nacional de Cultura 
6.4.4 Sistema Nacional de Cultura 
6.4.5 Desportos 
6.5 TECNOLOGIA E MEIO AMBIENTE 
6.5.1 Tecnologia 
6.5.2 Meio Ambiente 
6.6 COMUNICAÇÃO SOCIAL 
6.7 FAMÍLIA, CRIANÇA, ADOLESCENTE, ÍNDIOS E IDOSOS 
6.7.1 Família 
6.7.2 A Criança e o Adolescente 
6.7.3 Idosos 
6.7.4 Índios 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
 
 
MÓDULO I 
 
 
1 TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO 
 
 
1.1 INTRODUÇÃO 
 
 
Direito Constitucional Geral ou Teoria Constitucional, como já diz o nome, 
trata das teorias gerais constitucionais, àquelas que podem ser utilizadas como 
instrumento de análise de qualquer ordenamento jurídico constitucional, que podem 
ser aplicadas em relação a qualquer Constituição. Sendo assim, é a disciplina que 
fornece os parâmetros para a interpretação das Constituições, que classifica as 
normas constitucionais, que diz de quem é a titularidade do poder constituinte 
originário. O Direito Constitucional pode ser entendido assim, como tronco e ponto 
de partida do direito. É a dimensão nuclear do ordenamento jurídico. 
Para iniciarmos o estudo do direito constitucional, é importante, portanto, 
identificarmos algumas características básicas do desenvolvimento do 
constitucionalismo e é preciso também ter uma noção básica da teoria da 
Constituição, assim, se faz necessário entender, analisar a nossa Constituição, 
como veremos a seguir. 
 
 
1.2 O CONSTITUCIONALISMO 
 
 
O termo constitucionalismo costuma gerar polêmica em função das diversas 
acepções assumidas pelo vocábulo ao longo do tempo. Podemos identificar pelo 
menos quatro sentidos para constitucionalismo. Primeiro, empregando-se a 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
referência ao movimento político social com origens históricas bastante remotas que 
pretende, em especial, limitar o poder arbitrário. 
 
Em segundo, é identificado com a imposição de que haja cartas 
constitucionais escritas. Em terceira acepção, indicar os propósitos mais atuais da 
função e posição das constituições nas diversas sociedades. Em uma vertente mais 
restrita, o constitucionalismo é reduzido à evolução histórico-constitucional de um 
determinado Estado. 
Para Gomes Canotilho (2009): 
 
Não há um único constitucionalismo, mas vários, como o constitucionalismo 
do modelo inglês, o de matiz norte-americana e o de referência francesa, 
por exemplo. Prefere, contudo, falar em diversos movimentos 
constitucionais. 
 
Assim, o constitucionalismo antigo, o termo Constituição, derivado da ideia 
de estabelecer ou ordenar, ou a ordenação ou regulamentação assim estabelecida, 
surgiu com um significado menos amplo do que o atual. Assim, no Império Romano, 
essa palavra latina significava os atos legislativos do Imperador. 
Já a noção de constitucionalismo naIdade Média passou, de maneira mais 
aparente, a interligar-se com a ideia de limitação do poder estatal e proteção do 
indivíduo da atuação arbitrária das autoridades públicas. A luta constitucional do 
século XVII não foi tão simples como apresentada pelos historiadores, pois as 
disputas entre o despotismo e a liberdade não estavam claramente definidas. 
No século XVIII, o constitucionalismo surgiu como um movimento motivado 
pelos ideais iluministas, que propunha o estabelecimento de constituições em todos 
os Estados com a finalidade de limitar o poder dos governantes. Tratava-se de uma 
arma de guerra contra o absolutismo, baseada nas ideias liberais. Essas 
constituições deveriam ser escritas e começariam a delinear a base da democracia. 
O movimento político e jurídico, chamado constitucionalismo, que visa a 
estabelecer em toda parte regimes constitucionais, quer dizer, governos moderados, 
limitados em seus poderes, submetidos a constituições escritas. Segundo Alexandre 
de Moraes (2003), as características básicas e essenciais do constitucionalismo 
moderno poderiam ser enumeradas da seguinte forma: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
 
 O texto passa a ser escrito, ou seja, um conjunto de regras codificadas e 
sistematizadas em um único documento, para fixar-se a organização fundamental. A 
Constituição escrita, portanto, é o mais alto estatuto jurídico de determinada 
comunidade, caracterizando-se por ser a lei fundamental de uma sociedade. 
 O poder constituinte originário que estabelece a Constituição de um 
novo estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses 
de uma comunidade. Tanto haverá poder constituinte no surgimento de uma 
primeira Constituição, quanto na elaboração de qualquer constituição posterior. 
 Supremacia da Constituição e vinculação de todos os poderes do 
estado, inclusive do parlamento. 
 A responsabilidade do soberano e/ou dos exercentes de funções 
públicas perante a Constituição. 
 Necessidade, para maior grau de respeitabilidade e efetividade de 
correspondência entre a Constituição real e a formal. 
 Força normativa do texto constitucional. 
 Supremacia da vontade popular por meio do exercício do poder 
constituinte originário. 
 Surgimento da ideia de controle de constitucionalidade, inclusive em 
relação às leis editadas pelo parlamento. 
 Globalização da proteção dos direitos fundamentais. 
 
 Nas novas tendências do Constitucionalismo, o Direito Constitucional não 
está mais centrado apenas no âmbito do Estado nacional, na medida em que a 
soberania vem sendo esvaziada gradativamente. Salvo maior juízo, tudo indica que 
continuará avançando o esvaziamento da soberania de Estados nacionais, o que 
fará necessária uma restruturação e ampliação das capacidades de ação política em 
um plano supranacional que, ainda está em fase incipiente. 
 A supranacionalização e internacionalização do direito com as liberdades 
globalitárias, liberdade de pessoas, liberdade de mercadorias, liberdade de serviços, 
liberdades capitais, esvaziam o estado e a sua Constituição (MERCOSUL, NAFTA, 
ONU, Acordo Uruguai Round, Acordo de Schengen, etc). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
 
 O surgimento gradativo de comunidades regionais permite conjeturar-se a 
construção de um novo constitucionalismo. Isto é, na medida em que se fala na 
reivenção do território, os estados já não estão apenas submetidos às suas leis e à 
Constituição que editam, mas, inclusive, às normas produzidas no âmbito 
comunitário. O principal exemplo, já em fase adiantada, é a União europeia. Além de 
haver normas comunitárias que devam ser observadas pelos estados-membros, 
encontra-se em fase de aprovação um projeto de tratado que estabelece uma 
Constituição para a Europa. 
 O Brasil aceitou o modelo neoliberal e realizou várias e profundas 
mudanças na CF, tais como: a reforma tributária, a reforma previdenciária, a reforma 
econômica, com as quebras de monopólio (gás natural, petróleo, mídia e outros). 
Essas mudanças, para o bem ou para o mal, revelam as novas tendências do 
constitucionalismo. 
 Reformar é preciso, mas a Constituição é alterada a qualquer momento e, 
na maioria das vezes, sem nenhuma razão que justifique. Como exemplo, temos a 
PEC das domésticas, já transformada em Emenda, que veio efetivar a igualdade de 
direitos trabalhistas para os empregados domésticos. Justifica! Mas o ambiente 
familiar, não é uma empresa que vive de lucros, receitas, mas apenas despesas. 
Desta forma, entendemos que outros direitos, tais como Fundo de Garantia do 
Tempo de Serviço (FGTS), multa rescisória e as alíquotas do INSS, acarretarão 
verdadeira informalidade ou dispensabilidade de tal profissional. Ocorrerá não 
porque as famílias discordam dos novos direitos garantidos, mas porque nem todas 
elas terão como arcar com os encargos adicionais desse novo cenário. Antes de 
elaborar uma lei, é preciso analisar a realidade da sociedade, pois a realidade das 
contas domésticas é muito diferente daquela encontrada nas empresas, por isso, 
pretendem alterar a lei para impedir a penhorabilidade dos bens de família em caso 
de dívidas com os empregados. 
 
1.3 A CONSTITUIÇÃO 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
 
 
1.3.1 Estrutura 
 
 
A estrutura de nossa Lei Maior, a Constituição Federal de 1988, é composta 
por 344 artigos. Tendo 250 destes em sua parte fixa e 94 dispositivos denominados 
de Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Estes dispositivos possuem 
vida útil curta, pois uma vez desenvolvidos e cumpridos, perdem seu valor enquanto 
ordem, restando apenas como parte histórica no texto da Constituição. 
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias nada mais é do que uma 
série de instruções que servem para organizar a passagem da ordem constitucional 
anterior para a atual, ou seja, coordenar o momento de adaptação para a nova 
Constituição. 
A Constituição de 1988 possui também, um Preâmbulo, que seria a 
explicação inicial de lei ou texto. Os 250 artigos referidos encontram-se divididos em 
nove grandes Títulos, os quais por sua vez dividem-se em Capítulos, Seções e 
Subseções, conforme o conteúdo. Cada um deles representa um assunto específico. 
Os artigos contêm INCISOS, que são algarismos romanos e ALÍNEAS, letras 
minúsculas do nosso alfabeto. É bom lembrar que o inciso de artigo faz parte do 
caput, ou seja, da cabeça desse artigo, já o parágrafo (§) possui certa autonomia em 
relação ao caput. Ainda na nossa Constituição, temos as Emendas Constitucionais, 
que até o momento se encontram na n° 72/2013. Fonte: Disponível em: 
www.stf.jus.br - 
 
 
1.3.2 Conceito 
 
 
A Constituição costuma ser referida como Carta Magna, Lei Fundamental, 
Lei das Leis, Lei Maior, etc. É um conjunto de normas jurídicas elaboradas de 
maneira especial e solene. É o conjunto de normas organizadas de determinada 
sociedade política. Sendo assim, a Constituição é norma de ordem superior que 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
dispõe sobre a organização do Estado, sobre direitos e garantias individuais e sobre 
outros assuntos considerados de especial relevância para uma determinada 
sociedade, em determinada época. 
Como norma de ordem superior, a Constituição orienta todos os ramos do 
direito, invalidando as leis que com ela não estejam em harmonia. Sendo assim, 
uma lei fundamental básica, suprema, lei maior de uma sociedade politicamente 
organizada é a reunião de todos os valores supremos de um Estado, instituída para 
regular a atuação governamental, as relações jurídicas existentes na sociedade, 
bem como proteger os indivíduos de abusos do poder público. 
O conceito de Constituição variará de acordo com o enfoque adotado. 
Assim, podemos falar em conceito jurídico, político, sociológico, etc. 
Celso de Mello (2010) por sua vez, entende a constituiçãocomo: “um 
complexo de regras que dispõem sobre a organização do Estado, a origem e o 
exercício do Poder, a discriminação das competências estatais e a proclamação das 
liberdades públicas”. 
Já Alexandre de Moraes (2009) afirma: 
 
Deve ser entendida como a lei fundamental e suprema de um Estado, que 
contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos 
poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, 
distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. 
 
Do ponto de vista da sociologia, a Constituição seria a reunião dos fatores 
reais de poder existentes na sociedade. O documento chamado de constituição seria 
apenas uma constituição de papel. Essa tese foi defendida por Ferdinand Lassalle. 
Segundo ele, se o povo começasse a entender que a pena de morte deveria ser 
dada aos crimes hediondos, por exemplo, isso já estaria inserido na Constituição, já 
que inserido no desejo da sociedade. Uma futura constituição “de papel” que 
trouxesse essa nova previsão nada mais faria do que se adequar à verdadeira 
constituição. 
Pela concepção política, a Constituição poderia ser encarada como o 
conjunto de opções políticas de um Estado e não um reflexo da sociedade. Nos 
dizeres de Carl Schmitt, uma decisão política fundamental. Muitos atribuem a ele o 
título de teórico do nazismo, pois suas ideias teriam possibilitado a criação de um 
estado de segregação racial, já que separava o Estado de concepções morais. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
 
Hans Kelsen (1931) define a Constituição como “a norma hipotética 
fundamental, ou seja, a lei máxima de um Estado, a qual deve ser respeitada por 
todas as outras normas jurídicas”. Essa hierarquia é visualmente representada por 
uma pirâmide, na qual a Constituição estaria no topo, enquanto as demais leis 
estariam em sua base. Para que esse sistema funcionasse, era preciso a 
estipulação de mecanismos que protegessem o ordenamento jurídico contra normas 
que ferissem a Constituição. 
Pode ser conceituada também como sistemas de normas jurídicas, escritas 
ou costumeiras, que regulam a estrutura do Estado, a forma de seu governo, o modo 
de aquisição e o exercício do poder, a organização de seus órgãos, os limites de sua 
atuação, os direitos fundamentais do homem e suas respectivas garantias. Em 
síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos 
constitutivos do Estado. É o ato de constituir, estabelecer, de firmar, ou ainda, o 
modo pelo qual se constitui uma coisa, um ser vivo, um grupo de pessoas, 
organização, formação. 
 
 
1.4 AS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
 
1.4.1 A Constituição de 1824 
 
 
Foi a primeira Constituição do Brasil, promulgada pouco depois da 
declaração de independência, em 25 de março de 1824. Foi reformada pelo Ato 
Adicional de 12 de agosto de 1834 e vigorou até a proclamação da República. A 
Constituição de 1824 previa a existência do Poder Legislativo bicameral, em nível 
nacional, denominado Assembleia Geral, dividida em Câmara dos Deputados e 
Senado. Nas Províncias e nas cidades existiam, respectivamente, os Conselhos 
Gerais de Províncias e Conselhos de Distritos. É interessante observar a existência 
de Câmaras de Vereadores nas cidades e vilas, cujo papel, contudo, era mais o de 
administrar o governo local do que propriamente exercer o Poder Legislativo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
 
 
1.4.2 A Constituição de 1891 
 
 
Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, foi chamada de Constituição 
Republicana. Revista em 1926 vigorou até 24 de outubro de 1930. A primeira 
Constituição republicana, de 1891, instituiu o Congresso Nacional, também dividido 
em Câmara dos Deputados e Senado Federal e previu a existência das Assembleias 
dos Estados. Eram amplas as prerrogativas do Poder Legislativo. A duração da 
legislatura era de três anos, coincidente com o mandato dos deputados, eleitos em 
número proporcional à população, com limite mínimo e máximo por Estado. Já os 
senadores, três por unidade da Federação, tinham mandato de nove anos, devendo, 
a cada legislatura, renovar-se em um terço. A autonomia municipal foi tratada em 
apenas uma linha. 
 
 
1.4.3 A Constituição de 1934 
 
 
Promulgada em 16 de julho de 1934, foi resultante da Revolução 
Constitucionalista. Em 1934, a segunda Constituição da República inovou no que diz 
respeito ao Poder Legislativo. Em primeiro lugar, dispôs que este Poder seria 
exercido pela Câmara dos Deputados, com a colaboração do Senado Federal. A 
esta última Casa reservou a função de coordenação dos Poderes da República. Na 
composição da Câmara, introduziu a presença de deputados representantes de 
organizações profissionais, além daqueles eleitos em número proporcional à 
população de cada Estado. Esta Carta Constitucional fez menção explícita às 
Câmaras Municipais. 
 
 
1.4.4 A Constituição de 1937 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
 
 
No período chamado de Estado Novo, Getúlio Vargas fechou o Congresso 
Nacional e promulgou uma nova constituição. Em 1937, correspondendo à 
implantação de um regime politicamente autoritário, centrado no Poder Executivo, o 
Poder Legislativo foi substancialmente atingido em sua configuração e suas 
atribuições. A nova Constituição previu a existência de um Parlamento Nacional, 
composto de uma Câmara de Deputados e de um Conselho Federal. 
A eleição dos parlamentares seria indireta. Os deputados deveriam ser 
eleitos pelos Vereadores, em número proporcional à população, e por dez cidadãos 
eleitos, em cada Município, especificamente para esse fim. 
Já o Conselho Federal seria composto por um representante de cada 
Estado, eleito pela respectiva Assembleia Legislativa, que poderia ser vetado pelo 
Governador; tal veto, por sua vez, poderia ser derrubado pela Assembleia e por dez 
indicados pelo Presidente da República. A legislatura passou a ter a duração de 
quatro anos. Criou-se o instituto do decreto-lei. Na realidade, o Poder Legislativo, 
com tal configuração, jamais chegou a se reunir. 
 
 
1.4.5 A Constituição de 1946 
 
 
Após a queda de Getúlio Vargas, foi promulgada, em 18 de setembro de 
1946, uma nova constituição. O retorno ao regime democrático representativo, em 
1946, restabeleceu o Congresso Nacional com suas duas Casas, a Câmara dos 
Deputados e o Senado Federal. O Poder Legislativo voltou a exercer suas 
atribuições com relação a todas as matérias. A legislatura permaneceu com duração 
de quatro anos e o mandato de Senador, de oito anos. 
Restabeleceram-se também as prerrogativas das Assembleias Legislativas 
dos Estados e das Câmaras Municipais. Entre 1961 e 1963 deve ser destacada a 
vigência do regime parlamentarista no País. 
 
 
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 18 
 
 
1.4.6 A Constituição de 1967 
 
 
Promulgada em um período de grande instabilidade política, após o golpe 
militar de 1964. A partir de 1964, com a instalação dos governos militares, a edição 
de sucessivos atos institucionais e atos complementares, dispondo inclusive sobre 
matéria constitucional, como os mandatos parlamentares, inaugurou um período de 
progressiva restrição ao exercício do Poder Legislativo, iniciado com a promulgação 
da Constituição de 1967. 
 
 
1.4.7 A Constituição de 1969 
 
 
A Emenda Constitucional n° 1 deu nova redação a todo o texto 
constitucional de 1967, sendo considerada uma nova constituição. As limitações 
tornaram-se ainda mais fortes, com a edição do Ato Institucional nº 5, em 1968, e 
com a promulgação da Emenda nº 1, de 1969, praticamente uma nova Constituição. 
Retornou o instituto do decreto-lei, para assuntos de segurança nacional e finanças 
públicas, e criou-se o instituto do decurso de prazo, isto é, findos determinados 
prazos estabelecidos, as proposições encaminhadas pelo Poder Executivo e não 
apreciadas pelo Congresso Nacional, seriam consideradas aprovadas. 
Na apreciação da lei orçamentária anual,a Carta Magna vedava, na prática, 
a iniciativa parlamentar de emendas que aumentassem a despesa global ou por 
órgão, programa, projeto ou mesmo que lhes modificassem o montante, a natureza 
ou o objetivo. 
 
 
1.4.8 A Constituição de 1988 
 
 
 
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 19 
 
A atual Constituição foi Promulgada em 5 de outubro de 1988, após a 
reabertura democrática. Vinda como resultado de um longo processo de 
redemocratização. É a Constituição cidadã, como disse Ulysses Guimarães, pela 
ênfase à cidadania. 
Com a Constituição de 1988, retornou-se a plena restauração das 
prerrogativas do Poder Legislativo, a reinstalação da vigência, de direito e de fato, 
do regime democrático representativo. O Poder Legislativo voltou a ser dotado de 
um amplo elenco de atribuições sobre todas as matérias, tendo inclusive papel 
determinante na elaboração e na aprovação nas leis de natureza orçamentária. 
No caso dos Municípios, ora reconhecidos como Unidades da Federação, 
afirmou-se a sua maior autonomia e, consequentemente, o significado e a relevância 
da atuação das respectivas Câmaras de Vereadores. 
 
 
1.5 PREÂMBULO CONSTITUCIONAL 
 
 
O preâmbulo de uma Constituição pode ser definido como o documento de 
intenções do diploma, e consiste em uma certidão de origem e legitimidade do novo 
texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a ruptura com o ordenamento 
constitucional anterior e o surgimento jurídico de um novo Estado. 
A Constituição Federal esclarece em seu preâmbulo que foi elaborada por 
representantes do povo brasileiro que são eleitos para compor uma Assembleia 
Nacional Constituinte, com a finalidade de instituir um Estado Democrático de 
Direito, destinado a tornar efetivos, como valores supremos, mais importantes de 
uma sociedade fraterna de irmãos, com a colaboração de todos na consecução de 
objetivos comuns. 
Pluralista, com livre formação de correntes políticas e ideológicas e sem 
preconceitos. Ou seja, sua finalidade é traçar linhas políticas, filosóficas e 
ideológicas. Alguns autores, como Hans Kelsen, acreditam que ele faria parte da 
Constituição. Para outros, como Alexandre de Moraes, serviria simplesmente como 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 20 
 
elemento a auxiliar a interpretação da Constituição. Existem também aqueles, como 
Canotilho, Ives Gandra, que acreditam que ele não tem aplicação prática. 
A relevância jurídica do preâmbulo da Constituição consiste no fato de ele 
ser visto como elemento de interpretação e integração dos artigos da Constituição. 
 
 
1.6 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 
 
As Constituições são classificadas de várias maneiras. Por exemplo, as 
Constituições escritas são as que constam de um documento. As costumeiras 
baseiam-se na tradição. As rígidas só podem ser alteradas mediante procedimentos 
legislativos especiais mais severos. As flexíveis podem ser alteradas como qualquer 
lei ordinária. Há as parcialmente rígidas, que têm dispositivos rígidos e também 
flexíveis. Veremos a seguir: 
 
 
1.6.1 Quanto ao Modo de Elaboração 
 
 
 Dogmáticas: são elaboradas por um órgão constituinte e sistematizam 
os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do direito, dominantes no 
momento de sua elaboração. 
 Históricas: são resultantes da lenta formação histórica, do lento evoluir 
das tradições, dos fatos sociopolíticos e culturais, enfim, da história dos países. 
 
 
1.6.2 Quanto ao Conteúdo 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 21 
 
 Material: o conjunto de regras materialmente constitucionais, 
pertencentes ou não à constituição escrita. São aquelas cujas normas somente 
regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos 
fundamentais. 
 Formal: é a constituição escrita estabelecida pelo poder constituinte e 
somente modificável por processos e formalidades especiais. É o caso da 
Constituição do Brasil. 
 
 
1.6.3 Quanto à Forma 
 
 
 Escrita: Uma constituição é escrita quando seus preceitos vêm 
documentados em forma de um texto único. Quando codificada e sistematizada num 
texto único, elaborado por um órgão constituinte, encerrando todas as normas tidas 
como fundamentais. 
 Não Escrita: aquela cujas normas não constam de um documento 
único e solene, baseando-se nos costumes, na jurisprudência e em convenções. 
Classifica-se como não escrita aquela cujas regras não estão previstas em um texto 
único, mas sim em usos, costumes, leis, etc. Um exemplo de constituição não escrita 
é a da Inglaterra. 
 
 
1.6.4 Quanto à Estabilidade 
 
 
As constituições podem ser de quatro tipos, quais sejam: as imutáveis, as 
rígidas, as flexíveis e as semirrígidas. 
 
 
a) Imutáveis 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 22 
 
 
São aquelas que em hipótese alguma podem ser alteradas, o que é 
inconcebível diante das constantes mudanças que atingem nossa sociedade e que 
trazem, quase sempre, mudanças também nas formas de atuação do Estado. 
 
 
b) Rígida 
 
 
Só pode ser modificada mediante processos especiais, diferentes e mais 
difíceis que os da formação da lei comum (constituições escritas). As constituições 
rígidas já trazem em si a possibilidade de alterações, mas que para tanto, preveem, 
no dizer de Michel Temer, um processo especial e qualificado, de modo a dificultar a 
constância de modificações em seu conteúdo. 
Elas exigem um procedimento especial de alteração dos preceitos 
constitucionais mais rigorosos que os das demais normas infraconstitucionais. Por 
exemplo: CF 88 (uma emenda constitucional para ser aprovada precisa de maioria 
de três quintos, enquanto uma lei ordinária é aprovada por maioria simples). Só 
pode ser modificada mediante processos especiais. 
Assim, não podem ser alteradas pelo processo comum de elaboração das 
leis ordinárias, pois requerem debates mais amplos, prazos dilatados e quóruns 
qualificados. São adotadas pela maioria dos países contemporâneos. Esta diferença 
no processo de reforma visa a proteger a Constituição dos golpes de força das 
maiorias partidárias, de tendências oportunistas de grupos políticos predominantes e 
da exaltação dos ânimos em momentos de crise nacional. 
Exemplos: a dos EUA e todas as brasileiras, exceto a Imperial. 
 
c) Flexível 
 
Pode ser modificada pelo processo legislativo ordinário (escritas, às vezes, 
não escritas sempre). As constituições flexíveis (geralmente são as não escritas), 
que são as que não demandam nenhum procedimento especial para serem 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 23 
 
alteradas, bastando a atividade comum do poder legislativo, ou seja, são alteráveis 
como qualquer lei. 
Assim, sofrem alterações da mesma maneira pela qual se elabora ou 
modifica qualquer espécie normativa, isto é, não exigem nenhum requisito especial 
de reforma. Certo é que só servem para nações democráticas evoluídas e de alto 
nível cultural. 
Exemplo: a Constituição da Inglaterra, onde o Parlamento tem função de 
Poder Constituinte Originário permanente. 
 
d) Semirrígida 
 
Aquela cujas regras, em parte, são flexíveis e em parte são rígidas 
(escritas). As semirrígidas, em parte são rígidas, isto é, exigem um procedimento 
especial, mais elaborado, para que sejam modificadas, enquanto outras partes não 
exigem um procedimento especial, bastando o procedimento comum, ordinário, de 
elaboração de leis, para que se mude a Constituição. 
Todas as Constituições podem sofrer alterações, o que varia é o grau de 
dificuldade ou de facilidade para tanto. Assim, nas semirrígidas, parte do texto é 
modificada assim como nas leis ordinárias, e parte requer para sua mutação os 
procedimentos rigorosos e difíceis próprios das Constituições rígidas. 
Exemplo: a Constituição Imperial brasileira (de 1824) que, pela regra do 
artigo 178 criou uma terceira categoria de Constituições, integrando parte de 
dispositivos rígidos, parte flexíveis, isto é, vindo a ser semirrígida. 
 
 
1.6.5 Quanto à Origem Democrática ou popular: originada de um órgão constituinte composto 
de representantes do povo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 24 
 
 Outorgada: elaborada e estabelecida sem a participação povo, ou seja, 
são impostas pelos governantes. No Brasil, tivemos tanto constituições outorgadas, 
em 1824, 1937 e 1967, quanto promulgadas, em 1891, 1934, 1946 e a atual de 
1988. 
 
 
1.7 REGRAS CONSTITUCIONAIS 
 
 
As Regras Materialmente Constitucionais são aquelas referentes à matéria 
da Constituição, são em suma as que por seu conteúdo referem-se diretamente à 
forma do Estado, à forma do governo, ao modo de aquisição e exercício do poder, 
ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua ação. Já as Regras 
Formalmente Constitucionais, são as regras que existem na Constituição escrita que 
podem ter ou não conteúdo constitucional. 
 
1.8 O PODER CONSTITUINTE 
 
 
1.8.1 Conceito 
 
 
Poder constituinte é a manifestação soberana da suprema vontade política 
de um povo, social e juridicamente organizado. É o poder de criar ou alterar a 
Constituição. O poder constituinte é considerado autônomo pelos adeptos do 
jusnaturalismo, para sublinhar que, não limitado pelo direito positivo, o poder 
constituinte deve sujeitar-se ao direito natural. Para os positivistas ele é soberano, 
uma vez que não se condiciona a nenhuma regra anterior. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 25 
 
O poder de editar uma nova constituição que substitui a anterior ou de editar 
a primeira Constituição de um novo Estado é denominado poder constituinte 
originário, uma vez que dá origem à organização fundamental do Estado. Já o poder 
de reformar a Constituição, de modificá-la, de emendá-la, é denominado de poder 
constituinte derivado. A principal manifestação do poder constituinte derivado é o 
poder de emendar a Constituição, poder esse estabelecido no art. 60 da 
Constituição brasileira. 
Enfim, a ideia da existência de um poder constituinte, é o suporte lógico da 
existência de uma Constituição superior ao restante do ordenamento jurídico e que, 
em regra, não poderá ser modificada pelos poderes constituídos. Pois se trata da 
denominada Constituição dogmática, que se apresenta como produto escrito e 
sistematizado por um órgão constituinte, com base em princípios e ideias 
fundamentais da teoria política e do direito dominante, diferentemente da 
Constituição histórica, que é fruto da lenta e contínua síntese da história e tradições 
de determinado povo, exemplo da Constituição Inglesa. 
 
 
1.8.2 Espécies 
 
 
O Poder constituinte pode ser originário ou derivado. 
 Originário: é o poder de criar uma nova constituição. É um poder inicial, 
pois não se baseia em nenhum outro poder e é autônomo (para os jusnaturalistas) 
ou soberano (para os positivistas). 
 
 Derivado: é o poder de alterar a constituição em vigor. É derivado 
porque é instituído pelo poder constituinte originário e é também subordinado, pois 
possui limites de atuação. O poder constituinte derivado divide-se em reformador e 
decorrente. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 26 
 
Reformador é o poder inerente à Constituição rígida que se destina a 
modificá-la e atualizá-la, trata-se de um poder que, previsto na própria Constituição, 
é encarregado de fazer alterações que ela necessita. É um poder de Direito, tem, 
portanto, natureza jurídica, estando submetido às regras estabelecidas na 
Constituição. E o decorrente é aquele que cria parâmetros para a elaboração das 
constituições estaduais. Refere-se à auto-organização dos estados-membros. 
 
1.8.3 Poder Constituinte Transnacional 
 
Há um núcleo de poder capaz de produzir normas jurídicas que, não raro, se 
sobrepõem às normas da Constituição do Estado-nação. Em razão do nascimento 
de blocos regionais, cujo exemplo principal é a União Europeia, normas jurídicas são 
produzidas no âmbito da comunidade regional, sobrepondo-se às normas das 
Constituições dos estados-membros daquela comunidade. Em outras palavras, as 
normas jurídicas produzidas por organismos que transcendem os limites territoriais 
de um estado acabam se impondo sobre as normas constitucionais elaboradas pelo 
constituinte nacional. Poder-se-ia, então, falar na existência de um poder constituinte 
transnacional ou supranacional. 
 
 
1.9 EFICÁCIA E APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
 
1.9.1 Conceito de Eficácia 
 
 
Eficácia é aptidão potencial que a norma jurídica possui para produzir 
efeitos. Todas as normas constitucionais são revestidas de eficácia jurídica. Eficácia 
da norma trata-se do grau de cumprimento da norma dentro da prática social. Uma 
norma é considerada eficaz quando é respeitada por seus destinatários ou quando a 
sua violação é efetivamente punida pelo Estado. Podemos afirmar, ainda, que a lei é 
eficaz quando adequada às realidades sociais e ajustada às necessidades do grupo. 
 
 
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 27 
Se a norma não possui qualquer eficácia, então se fala em “letra morta“ ou “direito 
no papel”. 
Exemplo: Se todos os motoristas que ultrapassem o limite de velocidade nas 
estradas brasileiras forem efetivamente punidos, então é possível afirmar que as 
normas em questão são plenamente eficazes. O mesmo aconteceria se todos os 
motoristas respeitassem o limite de velocidade nas estradas brasileiras. Não 
ultrapassando o limite de velocidade, eficácia do preceito: 70%; eficácia da sanção: 
30%. A eficácia que resulta do respeito espontâneo da norma é denominada eficácia 
do preceito ou primária. A eficácia que resulta da intervenção repressiva do Estado 
pode ser qualificada como eficácia da sanção ou secundária. 
 
 
1.9.2 Classificação das Normas Constitucionais em Relação à sua Eficácia 
 
 
José Afonso da Silva (1999) propôs uma classificação das normas 
constitucionais em relação à sua eficácia distinguindo-as em três categorias: 
 
São elas: 
 Normas de Eficácia Plena: Aquelas que desde a promulgação possui 
todos os elementos necessários para sua pronta e integral aplicação. Não há 
necessidade de legislação infraconstitucional. 
 
 Normas de Eficácia Limitada: Normas que não produzem efeitos 
imediatos, dependendo de regulamentação infraconstitucional. 
 
Divide-se em: 
 
a) Normas de princípio organizativo: aquelas que fazem a previsão da 
existência de uma instituição jurídica ou um órgão, dependendo de uma lei posterior 
para constituir-se. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 28 
 
b) Normas de princípios programáticos: aquelas que preveem um fim a ser 
executado pelo Estado ou determinando que o Estado cumpra um programa, como 
exemplo, temos os artigos 196 e 205, CF, o legislador não é obrigado a legislar, ante 
a norma programática, mas, se o fizer, não poderá contrariá-la. 
 
c) Normas de Eficácia Contida (ou Redutível): são as normas que, embora 
tendo aplicabilidade direta e imediata, podem ser restringidas por norma 
infraconstitucional. Enquanto o legislador não elaborar a lei de caráter restritivo, sua 
eficácia será plena. 
 
 
1.9.3 O Controle de Constitucionalidade das Leis 
 
 
A ideia de controle de constitucionalidade está relacionada à supremacia da 
Constituição sobre todo o ordenamento jurídico e, também, à rigidez constitucional e 
proteção dos direitos fundamentais. 
A supremacia constitucional adquiriu tanta importância nos Estados 
Democráticos de Direito que Cappelletti (2001) afirmou que “o nascimento e 
expansão dos sistemas de justiça constitucional, após a Segunda Guerra Mundial, 
foi um dos fenômenos de maior relevância na evolução de inúmeros países 
europeus”. 
Em defesa basicamente dos direitos fundamentais do homem e dos direitos 
das minorias, após a Segunda Guerra Mundial houve necessidade do surgimento de 
tribunais que velassem pela compatibilidade dos atos do poder público com as 
normas constitucionais, pois a força dos tribunais tem sido, em todos os tempos, a 
maior garantia que se pode ofereceràs liberdades individuais. 
O controle de constitucionalidade tem como ponto fundamental a defesa dos 
valores constitucionais básicos e dos direitos fundamentais. Assim, o controle de 
constitucionalidade das leis tem por finalidade verificar se as leis editadas no país 
são materialmente compatíveis com as regras constitucionais. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 29 
Porém, para que haja uma rigidez constitucional, diferenciando o poder 
constituinte originário do derivado, é necessária a existência de um controle de 
constitucionalidade, pois controlar a constitucionalidade significa impedir a 
subsistência de inconstitucionalidades de forma a assegurar a supremacia da 
Constituição. É a verificação da adequação de um ato jurídico, particularmente a lei, 
à Constituição. 
 
 
1.9.4 Formas de Controle 
 
 
O controle pode ser judiciário ou político. O controle político, aquele onde a 
verificação da constitucionalidade é confiada a órgão não pertencente ao Poder 
Judiciário e sim ao poder Executivo e Legislativo. Já o controle judiciário é feito pelos 
órgãos do Poder Judiciário. O controle pelo Poder Judiciário abrange dois métodos, 
concentrado ou difuso. 
 
 O controle concentrado é observado quando é atribuído a um único 
órgão específico. No Brasil, o controle concentrado é realizado pelo Supremo 
Tribunal Federal. 
 
O STF é órgão integrante do Poder Judiciário, sendo a instância máxima 
desse Poder. Em muitos países, o controle da constitucionalidade cabe a um órgão 
autônomo e distinto do Poder Judiciário, chamado Corte ou Tribunal Constitucional. 
Dessa forma, ao controlar a constitucionalidade, o STF realizará a verificação de 
adequação ou compatibilidade de uma lei ou de um ato normativo com a 
constituição, verificando seus requisitos formais e materiais. 
 
 O controle difuso funciona quando a qualquer juiz é dado apreciar 
alegação de inconstitucionalidade. É a chamada via de exceção ou defesa. 
 
Então, o controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário será feito de 
forma difusa ou de forma concentrada. Será de forma difusa quando qualquer juiz ou 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 30 
tribunal declara a inconstitucionalidade de alguma lei, portanto não se aplicando, o 
que nela está disposto, para a situação específica discutida no processo. 
No Brasil, salvo na Constituição do Império, sempre houve a adoção do 
controle difuso de constitucionalidade repressivo jurídico ou judiciário, em que é o 
próprio poder judiciário quem realiza o controle da lei ou do ato normativo, já 
editado, perante a Constituição Federal, para retirá-los do ordenamento jurídico, 
desde que contrários à Carta Magna. 
Na atual Constituição foram adotados os dois sistemas de controle do 
judiciário de constitucionalidade repressiva. O primeiro, denominado controle difuso, 
por via de exceção, é aquele em que todos os juízes e tribunais poderão realizar o 
controle de constitucionalidade. O segundo será exercido por via de ação direta, 
denominando-se concentrado. 
 
Existe, ainda, o controle preventivo ou repressivo: 
 O controle preventivo opera antes que a lei se aperfeiçoe. 
 O repressivo, depois de promulgada a lei. 
 
Na Constituição atual há tanto o controle preventivo como o repressivo. O 
primeiro é atribuído ao Presidente da República, que o exerce por intermédio do 
veto, ou ao Legislativo, no processo legislativo. O controle repressivo é confiado ao 
Judiciário. 
 
 
1.9.5 A Inconstitucionalidade 
 
Incosntitucionalidade é a desconformidade entre uma norma da Constituição 
e outra infraconstitucional. 
Gomes Canotilho (2005) sob a ótica do parâmetro constitucional, lembra o 
conceito clássico, aliás, repetido por todos: “inconstitucional é toda lei que viola os 
preceitos constitucionais”. José Afonso da Silva (2000), a respeito da 
inconstitucionalidade, fala-nos sobre a “conformidade com os ditames 
constitucionais”, a qual “não se satisfaz apenas com a atuação positiva de acordo 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 31 
com a Constituição”, mas ainda com o não “omitir a aplicação de normas 
constitucionais quando a Constituição assim o determina”. 
Para Lúcio Bittencourt (2003), “a inconstitucionalidade é um estado – estado 
de conflito entre uma lei e a Constituição”. Lei ou ato normativo inconstitucional, por 
não se adequar ao preceito constitucional, ocorre quando a lei não observa os 
requisitos constitucionais em relação à sua forma, havendo um vício no processo de 
produção normativa, por exemplo, havendo uma lei de iniciativa de um deputado que 
modifique os efetivos das Forças Armadas, esta lei será inconstitucional por vício de 
iniciativa, que, no caso, é privativa do Presidente da República. 
Também ocorre quando a lei trata de uma matéria incompatível com a 
Constituição, por exemplo, lei penal que estabelece a pena de morte para quem 
cometer determinado crime. É bom saber que a emenda constitucional também 
pode ser objeto da ação direta de inconstitucionalidade, pois se trata de fruto de 
elaboração do poder constituinte reformador. Se violar uma cláusula pétrea, este ato 
normativo também poderá ser considerado inconstitucional. 
Têm legitimidade para propor a ação direta de inconstitucionalidade: 
Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos 
Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do 
Distrito Federal; Governador de Estado ou do Distrito Federal; Procurador-Geral da 
República; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; Partido Político 
com representação no Congresso Nacional; Confederação Sindical ou Entidade de 
Classe de Âmbito Nacional. 
Já a competência para processar e julgar a ação direta de 
inconstitucionalidade é exclusivamente do Supremo Tribunal Federal, previsto no art. 
102, inciso I, alínea “a” da Constituição Federal. A Lei que trata do procedimento da 
ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade é 
a nº 9.868/99. 
Após a inconstitucionalidade ser declarada pelo STF, deve a decisão ser 
comunicada ao Senado Federal. Este deverá suspender a execução da lei declarada 
inconstitucional (art. 52, X, da Constituição Federal). 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 32 
 
A Inconstitucionalidade pode ser por ação e por omissão. A 
Inconstitucionalidade por ação é de fácil compreensão. O agente produz um ato 
normativo que, de algum modo, contraria a Constituição. Já na Inconstitucionalidade 
por omissão ocore quando a Constituição é contrariada pela inércia de quem tinha o 
dever constitucional de agir. Assim, na ação de inconstitucionalidade por omissão, 
introduzida pela CF de 1988, cujo seu objeto é suprir a omissão dos poderes 
constituídos, que deixaram de elaborar a norma regulamentadora que possibilita o 
exercício de um direito previsto na Constituição, veio a ser disciplinado pela Lei 
12.063/2009. Têm legitimidade ativa para propor a ação de inconstitucionalidade por 
omissão, as mesmas pessoas e órgãos que podem propor a ação direta de 
inconstitucionalidade. Proposta a ação, não se admitirá desistência. Declarada a 
inconstitucionalidade por omissão, será dada ciência ao poder competente para 
adoção das medidas necessárias. 
Essa ação assemelha-se ao mandado de injunção. Ambos os instrumentos se 
aplicam no caso de uma regulamentação faltante, porém apresentam algumas 
diferenças. Pode ela ser movida por certas pessoas. 
O Mandado de Injunção, como veremos mais tarde, pode ser impetrado por 
qualquer interessado. Existe também a ação direita de inconstitucionalidade para 
fins interventivos, que foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 3, que visa a 
obter a declaração de inconstitucionalidade em virtude da ofensa a princípio 
constitucional sensível, viabilizando a deflagração do processo de intervenção 
federal. 
Princípios chamados sensíveis não podem ser violados pelos Estados-
membros ou pelo DistritoFederal no exercício de suas competências legislativas, 
tais como a forma republicana, sistema representativo, regime democrático, dentre 
outros. Já a Ação Declaratória de Constitucionalidade tem como objetivo a obtenção 
do Judiciário de declaração da constitucionalidade de determinada norma em 
abstrato com fins de solucionar previamente futuros conflitos. 
Com esta ação, o STF ratifica a presunção de validade que todas as leis 
possuem. Foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 3 e atualmente é prevista 
pela Constituição Federal em seu art. 102, I, “a” e pela Lei 9.868 que estabelece o 
procedimento. 
 
 
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 33 
Têm legitimidade para propor a ação declaratória de constitucionalidade: 
Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos 
Deputados; Procurador Geral da República. A competência para processar e julgar a 
ação declaratória de constitucionalidade é exclusivamente do Supremo Tribunal 
Federal. 
A declaração de constitucionalidade tem poder vinculante, sujeitando os 
demais órgãos judiciários em causas idênticas, que não mais podem ser decididas 
de forma diversa. Esse poder vinculante ou força vinculante foi inserido no direito 
positivo por meio da Emenda Constitucional nº 45/2004, a qual introduziu o art. 103-
A à Constituição Federal de 1988. 
A instituição da súmula vinculante, pela EC 45/04, surgiu a partir da 
necessidade de reforço à ideia de uma única interpretação jurídica para o mesmo 
texto constitucional ou legal, de maneira a garantir a segurança jurídica e o princípio 
da igualdade, pois os órgãos do poder judiciário não devem aplicar as leis e os atos 
normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades 
arbitrárias, devendo utilizar-se de todos os mecanismos constitucionais no sentido 
de conceder às normas jurídicas uma interpretação única e igualitária. 
Assim, a súmula com o efeito vinculante é a modalidade que não possui 
apenas o caráter de orientação, pois obriga os demais órgãos do Judiciário a 
seguirem determinada interpretação emitida pelo Supremo Tribunal Federal. Porém, 
é importante lembrar que essa ideia já fora adotada no Império, quando em 1876 o 
Supremo Tribunal de Justiça passou a ter a possibilidade de editar assentos com 
força de lei, em relação à inteligência das leis civis, comerciais e criminais, quando 
na execução delas ocorrem dúvidas manifestadas no julgamento divergentes do 
mesmo tribunal, das relações e dos juízes, porém sem que tivesse sido utilizado até 
a proclamação da República. 
 
 
1.9.6 Interpretação Constitucional 
 
 
Interpretar é o meio pelo qual o intérprete compreende o sentido do texto, 
para que seja possível a solução do problema apresentado. Interpretar é descobrir o 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
sentido e o alcance da norma jurídica. Consiste em explicar ou esclarecer dúvidas 
ocasionadas por ambiguidades do texto, má redação ou imperfeições no emprego 
da terminologia técnica. 
O intérprete, para a realização de sua tarefa, deve analisar os diferentes 
significados possíveis da norma e indagar-se qual deles é o mais exato. Portanto, 
interpretar um texto legal significa, em última análise, decidir por uma entre muitas 
possibilidades interpretativas que se apresenta como a mais pertinente, razoável e 
justa. 
A interpretação jurídica constitui a atividade prática de descobrimento do 
conteúdo, do significado e do alcance de determinada norma, dentro do contexto 
para decidir um caso concreto. A interpretação constitucional compõe um ponto 
especial dentro da interpretação jurídica, em face da supremacia constitucional e do 
singular papel jurídico e político do texto magno no ordenamento jurídico. 
As finalidades a serem perseguidas pela interpretação constitucional são de 
grande importância, porque visam à garantia da efetividade da Carta Magna e 
aplicabilidade de seus preceitos. A primeira finalidade básica da interpretação 
constitucional é garantir o máximo de efetividade do texto magno, consagrando sua 
força normativa e garantindo a interpretação de todo o ordenamento jurídico em 
conformidade com suas normas. 
Existem alguns princípios que devem ser sempre lembrados quando 
tivermos de interpretar a Constituição: 
 
 Princípio da unidade: a interpretação deve evitar a existência de 
contradições entre as normas. 
 Princípio do efeito integrador: na resolução dos conflitos devem-se 
priorizar os critérios que favoreçam a integração política e social do Brasil. 
 Princípio da máxima efetividade ou da eficiência: deve-se buscar a 
interpretação que conceda mais eficácia à norma constitucional. 
 Princípio da conformidade funcional: os órgãos que interpretam a 
Constituição não podem chegar a uma conclusão que subverta, altere ou 
perturbe o esquema organizatório-funcional constitucionalmente 
estabelecido pelo constituinte originário. 
 
 
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 35 
 Princípio da harmonização: a interpretação deve evitar o sacrifício total de 
um dos bens jurídicos em conflito. 
 Princípio da força normativa da constituição: deve ser adotada a 
interpretação, dentre várias possíveis, que garanta maior eficácia, 
aplicabilidade e permanência das normas constitucionais. 
 
Assim, a interpretação constitucional deve partir das linhas mestras que 
sustentam a teoria geral da interpretação, por se tratar o texto constitucional de um 
conjunto de normas jurídicas. Juridicamente, a Constituição deve ser interpretada, 
entendida, como a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas 
referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de 
governo e aquisição do poder de governar, distribuição de competências, direitos, 
garantias e deveres dos cidadãos. 
Além disso, é a Constituição individualiza os órgãos competentes para a 
edição de normas jurídicas, legislativas ou administrativas. Como vimos, há a 
supremacia, outra qualidade de nossa constituição que determina que ela está 
acima hierarquicamente de qualquer autoridade, ou qualquer outra lei que tente ferir 
seus mandamentos. A Constituição está no topo da hierarquia de nossas normas, 
qualquer coisa que contrarie os princípios estabelecidos, como a livre expressão, ou 
ainda a igualdade entre cidadãos, é considerada inconstitucional e, portanto, nula de 
pleno direito, ou seja, será desconsiderada pela sociedade. 
Sendo assim, a Constituição é a carta de nascimento de uma nova 
sociedade, em termos jurídicos, se a sociedade fosse um carro, a Constituição seria 
uma espécie de manual do usuário. A esta lei fica reservada toda a organização de 
uma sociedade, suas características fundamentais, os direitos que estão 
reconhecidos e protegidos pelo estado além de outras definições de extrema 
importância. A constituição é soberana. 
Soberano é aquele que manda acima de todos; um rei absoluto é soberano. 
Segundo consta, todo o poder de nossa sociedade vem do povo, o poder que as 
autoridades exercem é do povo, dos juízes, dos delgados, da polícia, enfim, 
qualquer um que venha a se declarar uma autoridade qualquer deverá exercer esta 
em nome do povo, e apenas em nome dele. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
Na época da ditadura, o poder não vinha do povo, e sim das forças armadas, 
que exerciam sua autoridade em desinteresse do povo, é por isso que hoje vivemos 
sob uma Democracia, que significa regime ou poder guiado pelo povo. Muitas vezes, 
questionamos o porquê da existência de uma constituição se, apesar de tudo, 
continua a haver inúmeras injustiças, cometidas, inclusive, pelas entidades 
governamentais. Será que, por isso, podemos dizer que a Constituição “não 
funciona”? Acho que não. 
O que precisamos é ajustá-la a nossa realidade social, pois há dispositivos 
que não passaram da folha de papel, como exemplo, temos o art. 208, I, III, IV (é 
dever do Estado assegurar a educação) e 227 § 1° ( é dever do estado promoverprogramas de assistência integral à saúde da criança e do adolescente), não são 
aplicados efetivamente. Então, cabe a cada um de nós lutar para que ela seja 
observada em todos os atos da vida civil. 
Como diz Alexandre de Moraes (2005): “não basta somente conhecer a 
Constituição, mais do que isso, impõe-se respeitá-la”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
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 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
 
 
MÓDULO II 
 
 
2 TEORIA GERAL DO DIREITO E A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
Analisando a nossa Constituição no módulo anterior, percebemos que o 
objeto do Direito Constitucional é o estudo da Constituição e essa, por sua vez, deve 
determinar fundamentalmente o modo de ser do Estado, a sua organização 
fundamental. Assim sendo, para iniciarmos o estudo do Direito Constitucional, é 
preciso ter em mente uma noção básica de Teoria Geral do Direito do Estado. 
 
 
2.1 ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS 
 
 
A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil 
divide-se em União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em que todos são 
autônomos, conforme o disposto no art. 18 da CF. Assim, o Brasil é uma República 
Federativa formada pela ligação indissolúvel dos Estados, dos Municípios, do 
Distrito Federal e da União. O demais ente público detém autonomia local. 
Estado é uma sociedade política dotada de algumas características próprias, 
ou dos elementos essenciais como povo, território e soberania. Estado é uma 
sociedade política, organizada juridicamente, com o objetivo de alcançar o bem 
comum, nunca um fim em si mesmo. É uma sociedade política dotada de algumas 
características próprias. 
Assim, o Estado pode satisfazer os interesses públicos que lhe são 
atribuídos de duas maneiras segundo Michel Temer (2005): 
 
 
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 40 
 
• Diretamente, prestando serviços sem qualquer deslocamento do desempenho de 
funções para outro centro. Nesse caso, tem-se uma centralização administrativa, na 
qual há um único titular das prerrogativas, competências deveres públicos. 
• Repartindo suas funções com outros centros. Trata-se da descentralização 
administrativa, caracterizada pela existência de vários núcleos titulares de certas 
atribuições. A simples descentralização administrativa não é suficiente para 
caracterizar um estado como federativo. 
 
É bom lembrar que todos os entes da Federação brasileira possuem 
autonomia política e administrativa, sendo que cabe à União exercer as atribuições 
decorrentes da soberania do Estado brasileiro. A União é pessoa jurídica de direito 
público interno, com sede no Distrito Federal. Manifesta-se ela tanto em nome 
próprio como em nome da federação. 
Cabem-lhe funções privativas enumeradas, como declarar guerra ou emitir 
moeda, prevista no art. 21 da CF, ou legislar com exclusividade sobre quase todos 
os principais ramos do Direito, como o Direito Civil e o Direito Penal previsto no art. 
22 da CF. Assim, a soberania pertence à República Federativa do Brasil, sendo 
exercida pela União. 
O art. 1º da Constituição Federal estabelece que “a República Federativa do 
Brasil constitui-se em Estado democrático de direito”. O parágrafo único desse artigo 
dispõe que todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente. Prevê esse artigo que os constituintes brasileiros, inspirando-
se na moderna doutrina jurídica e democrática, comungam do princípio de que a 
atuação do Estado deve se pautar pela estrita observância das normas legais e não 
pelo capricho ou a vontade circunstancial de seus dirigentes. 
No Estado Democrático de Direito é fundamental que a lei seja a expressão 
da vontade popular, exercida por meio de seus representantes. Duas noções 
importantes estão vinculadas ao conceito de Estado Republicano, a democracia e a 
representação política. Assim, no Estado moderno a democracia é representativa, 
isto é, os cidadãos escolhem, por intermédio do voto, os representantes que irão 
decidir os assuntos públicos no âmbito do Poder Executivo. Democracia é uma 
palavra de origem grega que significa “poder do povo”. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
 
O papel dos representantes eleitos é votar de acordo com a vontade dos 
homens e mulheres de quem receberam essa delegação. Por isso, eles precisam 
estar em permanente contato com a população, para saber quais são suas 
aspirações, desejos, reivindicações, reclamações. 
 
 
2.2 FORMAS DE ESTADO 
 
 
O Estado organiza-se por meio de formas básicas, entre as quais se 
apresentam como Federação, Confederação e Estado Unitário. Assim, para a 
existência de um Estado (no sentido de país) é necessária a existência de três 
caracteres: povo; território; poder e soberania. 
 
• Povo é o elemento humano do Estado, o conjunto de pessoas que mantêm um 
vínculo jurídico-político com o Estado pelo qual se tornam partes integrantes deste. 
Povo é o conjunto de todos os nacionais de um país, no nosso caso, todos os 
brasileiros (natos ou naturalizados). População é o conjunto de todas as pessoas 
que habitam em um determinado país (um jamaicano que venha a morar no 
Maranhão, por exemplo). 
Cidadão é todo sujeito que pertença ao povo brasileiro e tenha capacidade 
eleitoral ativa (poder de voto) ou capacidade eleitoral passiva (poder de ser votado). 
Devemos sempre ter em mente que é possível ter a capacidade ativa sem ter a 
capacidade passiva (um cidadão de 17 anos, por exemplo), mas não é possível ter a 
capacidade passiva sem ter a ativa, já que a Constituição diz que são inelegíveis os 
inalistáveis (§ 4º do art. 14 da CF/88). 
 
• Território é o elemento material do Estado, o espaço dentro do qual este exerce a 
sua supremacia sobre pessoas e bens. Ou seja, território é o espaço dentro do qual 
o Estado exerce seu poder de forma exclusiva. Em sua concepção jurídica, ele é 
algo bem mais amplo do que o conceito geográfico que imaginamos. Para o Direito 
Constitucional Brasileiro, o território engloba o mar territorial, a plataforma 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
continental, o espaço aéreo, os navios e as aeronaves militares onde quer que 
estejam, por exemplo. 
 
• Poder é a possibilidade de o Estado impor suas determinações, dentro de seu 
respectivo território, utilizando a força, se necessário. 
 
• Soberania é o elemento formal do Estado. Supremacia na ordem interna e 
independência na ordem externa. Soberania é a capacidade de fixar suas próprias 
competências, bem como a de tomar decisões em última instância. 
 
Soberania e autonomia. Soberania expressa a unidade de uma ordem no 
plano internacional, caracterizando um Estado perante os demais. A autonomia 
interessa somente à ordem interna, sendo uma peculiaridade dos estados cuja 
ordem jurídica é dividida em domínios parcelares. Se esta é apta para inovar a 
ordem jurídica em determinada matéria, trata-se de autonomia política. Se, no 
entanto, é capaz apenas para executar o estabelecido por um núcleo central, tem-se 
a autonomia administrativa. 
 
 
2.2.1 Estado Unitário 
 
 
Estado unitário é formado por um único Estado, existindo uma unidade do 
poder político interno, cujo exercício ocorre de forma centralizada; qualquer grau de 
descentralização depende da concordância do poder central. Por exemplo, Brasil-
Império, Itália, França e Portugal. 
O Estado denominado unitário apresenta-se como uma forma de Estado na 
qual o poder encontra-se enraizado em um único ente intraestatal. Ou seja, é o 
Estado centralizado cujas partes que os integram estão a ele vinculadas, não tendo, 
assim, qualquer autonomia. No Brasil, tivemos essa forma de Estado à época da 
Constituição Imperial de 1824. 
Estado Simples ou Unitário: aqui não há a divisão em unidades autônomas. 
Só há um governo central,como no caso da Inglaterra, que não é dividido 
 
 
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 43 
politicamente. Existem alguns países que possuem certo grau de descentralização, 
como no caso da Itália e da França, que são divididas em distritos que, no entanto, 
não são autônomos. Essa forma de estado é caracterizada por uma centralização 
político-administrativa. 
É admissível que o Estado unitário promova divisões internas, para fins de 
administração. Assim, é possível a divisão administrativa, agora, não a política, cuja 
presença não descaracteriza o Estado unitário. Deve estar presente, contudo, a 
subordinação ao poder central de qualquer entidade, órgão ou departamento criado 
para exercer parcela de atribuições. O vínculo de subordinação decorre da técnica 
pela qual se promove a divisão de atribuições, ou seja, a delegação. O poder central 
tanto pode promover a desconcentração como regredir para a posição inicial de 
concentração absoluta, inclusive, com eliminação da entidade subordinada até então 
existente. 
 
 
2.2.2 Estado Federado 
 
 
O Brasil é uma República Federativa formada pela ligação dos Estados, 
Municípios, União e Distrito Federal. Autônomos, com a possibilidade de se 
autogovernarem; ou seja, Estado escolhe os ocupantes dos três poderes sem 
interferência da União. Isso indica que todos podem editar normas. Federação é a 
união de dois ou mais Estados para a formação de um novo em que as unidades 
conservam autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado 
Federal. 
A primeira federação conhecida, a americana, surgiu quando se tratou de 
resolver, na época, o problema resultante da convivência entre si das treze colônias 
inglesas que se tornaram Estados independentes e desejosos de adotarem uma 
forma de poder político unificado e de outra parte, não queriam perder a 
independência, a individualidade, a liberdade e a soberania que tinham acabado de 
conquistar. Com tais pressupostos, surgiu a federação como uma associação de 
Estados pactuada por meio da Constituição. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
Apresenta uma constituição rígida que não permite a alteração da repartição 
de competências por intermédio de legislação ordinária, pois se assim fosse 
possível, estaríamos num Estado unitário, politicamente descentralizado. Existência 
de um órgão que dite a vontade dos membros da Federação; no caso brasileiro 
temos o Senado, no qual se reúnem os representantes dos Estados-Membros. 
O Estado federado é dividido em parcelas menores, dotadas de autonomia e 
de receitas próprias, que são os Estados da Federação. Os cidadãos dos diversos 
Estados-membros aderentes à Federação devem possuir: 
 
• A nacionalidade única desta; 
• Repartição constitucional de competências entre a União, Estados-membros, 
Distrito Federal e Município; 
• Necessidade de que cada ente federativo possua uma esfera de competência 
tributária que lhe garanta renda própria; 
• Poder de auto-organização dos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, 
atribuindo-lhes autonomia constitucional; 
• Possibilidade constitucional excepcional e taxativa de intervenção federal, para a 
manutenção do equilíbrio federativo; 
• Participação dos Estados no poder legislativo federal, de forma a permitir-se a 
ingerência de sua vontade na formação da legislação federal; 
• Possibilidade de criação de novo Estado ou modificação territorial de Estado 
existente, dependendo da aquiescência da população do estado afetado; 
• Existência de um órgão de cúpula do poder judiciário para interpretação e 
proteção da Constituição Federal. 
 
O caput do art. 1º da CF/88 trouxe o princípio da indissolubilidade do vínculo 
federativo, que proíbe qualquer movimento separatista em nosso país. Isso não 
impede que os Estados e Municípios criem subdivisões, fusões ou incorporações. O 
que se proíbe é a invocação de direito de secessão para a criação de um novo 
Estado soberano. Caso isso ocorra, será possível a decretação de intervenção 
federal (CF, art. 34, I) com a finalidade de manutenção da integridade nacional. 
Caso houvesse um movimento armado separatista, poder-se-ia cogitar, em 
tese, a ocorrência do crime de ação de grupos armados contra a ordem 
 
 
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 45 
constitucional e o Estado Democrático, que, segundo o art. 5º, XLIV, da CF/88, é 
inafiançável e imprescritível. Os estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se 
ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos estados, desde 
que o povo assim decida em plebiscito, do qual participe a população diretamente 
interessada e, além disso, haja a edição de uma lei complementar pelo Congresso 
Nacional. 
 
 
2.2.3 Confederação 
 
 
É a união permanente e contratual de Estados que se ligam para fins de 
defesa externa, paz interna. Também de outras finalidades que possam ser 
ajustadas. Os Estados confederados conservam a soberania, guardando inclusive a 
possibilidade de se desligarem da União. 
 
 
2.3 AUTONOMIA DOS ESTADOS MEMBROS 
 
 
Autonomia é uma margem de discrição que uma pessoa possui para decidir 
sobre os seus negócios, mas sempre com delimitação dessa margem pelo próprio 
direito. Daí porque falar que os Estados Membros ou municípios são autônomos: 
ambos atuam dentro de uma moldura jurídica definida pela Constituição Federal 
(área de competência circunscrita pelo direito). 
A autonomia não possui graduação, ou seja, ela não se apresenta maior ou 
menor, a autonomia é uma só. Já a competência pode sofrer variações de 
quantidade de acordo com a Constituição. Assim, a Constituição de 88 concedeu 
uma maior autonomia aos estados, conferindo-lhes capacidade de auto-
organização, autolegislação, autogoverno e autoadministração. 
Segundo Alexandre de Moraes (2003), “os estados federados são entes 
políticos, dotados de autonomia, caracterizada, por três elementos: Auto-
organização, autogoverno, autoadministração”. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
 
Auto-organização: é a previsão de que os estados estabelecerão suas 
próprias constituições (poder constituinte derivado) e suas próprias leis, seguindo 
sempre os preceitos maiores previstos na Constituição. 
O poder constituinte derivado (possibilidade de os estados estabelecerem 
suas próprias constituições) é limitado materialmente de forma positiva (cláusulas de 
reprodução obrigatória, ou seja, elementos da Constituição Federal que devem estar 
presentes na Constituição estadual) e de forma negativa (cláusulas que não podem 
ser estabelecidas, sob pena de ferirem o parâmetro constitucional federal) pela 
Constituição Federal. 
 
Autogoverno: é a capacidade de escolher seus próprios governantes (que 
serão os próprios deputados estaduais, governador e vice). Os cargos do Executivo 
(governador e vice) seguirão as seguintes regras: 
• As eleições serão realizadas no primeiro domingo de outubro e no último 
domingo, se houver segundo turno, sempre no ano anterior à posse. 
• O mandato será de quatro anos, permitida a reeleição apenas por uma única vez. 
• A posse será em 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição. 
• O governador não pode assumir outro cargo ou função pública, salvo em virtude 
de concurso público, sob pena de perda do mandato. 
• Os subsídios (remuneração) do governador, vice e secretários serão definidos por 
lei estadual. 
 
Autoadministração: a capacidade de autoadministração dos estados é 
evidente diante da grande função estadual de administrar recursos e serviços 
públicos. Diante disso, verifica-se a capacidade constitucionalmente instituída, por 
exemplo, de instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, 
visando a um melhor planejamento. 
 
 
2.4 AS FORMAS DE GOVERNO 
 
 
 
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 47 
 
 
2.4.1 Monarquia 
 
 
A monarquia é o governo de um só comando, no qual um monarca governa 
de maneira absoluta e irresponsável, além da transferênciado poder ser por força 
de laços hereditários. O Estado monárquico pode ser conceituado pelo trinômio: 
vitaliciedade, hereditariedade, irresponsabilidade. 
A escolha era feita dentro da linha de sucessão dinástica, e o rei não tinha 
responsabilidade política. Assim, todo o poder estava concentrado nas mãos de uma 
só pessoa, que o exercia de forma ilimitada, sem qualquer controle, possuindo 
poderes ilimitados tanto para fazer as leis como para aplicá-las. 
A célebre frase do Rei Luís XIV, “O Estado sou eu”, reflete bem a ideia de 
monarquia, que é o governo no qual a figura do governante se confunde com a 
própria figura do Estado. Por conta disso, o governante só saía do governo quando 
morria; o cargo era passado para os parentes mais próximos e o rei não era 
responsabilizado por eventuais erros que cometesse em sua gestão (o rei não erra). 
Hoje já existem as chamadas monarquias constitucionais, nas quais vigora 
um poder monárquico que não é absoluto, havendo formas de limitação e de 
atuação do povo no processo decisório. 
 
 
2.4.2 República 
 
 
A República caracteriza-se pela eletividade, temporariedade e 
responsabilidade do Chefe de Estado. São feitas eleições periódicas para a escolha 
deste, que deve prestar contas de seus atos para o povo que o elegeu ou para um 
órgão de representação popular. 
A República surgiu para se constituir em um regime alternativo à monarquia, 
criando uma oposição a esta, uma vez que retirava o poder das mãos do rei 
passando-o à nação (coisa pública). Nessa forma de governo, o Estado não 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
pertence a nenhum rei, imperador ou deus, mas sim ao povo. Seu nome vem do 
latim res (coisa) + publica, ou seja, é um Estado que pertence a todos. Dessa 
maneira, os representantes serão eleitos para mandatos temporários. 
 
 
2.5 OS SISTEMAS DE GOVERNO 
 
 
2.5.1 O Presidencialismo 
 
 
O sistema presidencialista adotado no Brasil é a criação racional e 
consciente de uma assembleia constituinte. Ao contrário do parlamentarismo, que é 
fruto de longa evolução histórica, desenvolvido na Inglaterra. O presidencialismo, 
instituído pela primeira vez nos Estados Unidos, é uma versão republicana da 
monarquia limitada ou constitucional. 
Juridicamente, o presidencialismo caracteriza-se por ser um regime de 
separação de poderes, e conferir a chefia do Estado e do Governo a um órgão 
unipessoal, a Presidência da República. A independência do Executivo e do 
Legislativo é rigorosamente assegurada. Sob as características políticas, a principal 
delas no presidencialismo é a predominância do Presidente. 
Nos países que adotam esse sistema, há um governante que acumula as 
funções de chefe de governo, chefia do poder executivo e de chefe de Estado, 
representante diplomático. O Executivo e o Legislativo são independentes, 
apresentando as características básicas a seguir enunciadas: 
 
• Chefia de Estado e Chefia de Governo são atribuídas a uma mesma pessoa 
(Presidente da República); 
• Presidente da República eleito pelo povo, de forma direta ou indireta; mandato 
certo para o exercício da chefia do poder, não podendo o Presidente da República 
ser destituído por motivos puramente políticos; participação do Executivo no 
processo legislativo; 
• Separação entre o Executivo e o Legislativo; 
 
 
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 49 
• O Presidente da República não depende de maioria no Congresso Nacional para 
permanecer no poder e não pode ser destituído do cargo pelo Legislativo, a menos 
se cometa crime de responsabilidade que autorize o processo de impeachment. 
Trata-se de uma “ditadura por prazo certo”, pois não há possibilidade política de 
destituição de um mau governo antes de seu término, já que o Presidente da 
República somente poderá ser destituído do cargo que exerce se cometer crime de 
responsabilidade; 
• Por duas vezes o povo brasileiro já foi convocado a manifestar-se sobre o sistema 
de governo a ser adotado no Estado brasileiro, em 1963 e 1993, tendo optado, nas 
duas oportunidades, por ampla maioria, pelo presidencialismo. 
 
 
2.5.2 O Parlamentarismo 
 
 
O parlamento é um órgão político colegiado composto por uma ou várias 
assembleias, que representa a coletividade nacional e ao qual é confiado o exercício 
da função legislativa, bem como, em escala variável segundo os sistemas 
constitucionais, o poder de dirigir e controlar a atividade do órgão executivo. O 
regime parlamentar é um sistema de organização dos poderes públicos no qual 
coexistem e colaboram dois órgãos iguais em prestígio e em influência (o governo 
ou gabinete, e o parlamento), que exercem um sobre o outro uma ação destinada a 
limitá-los reciprocamente. 
Em um regime presidencial, ao contrário, o presidente exerce a função 
governamental durante toda a extensão de seu mandato, sem que a sua 
responsabilidade política possa ser posta em questão pelo parlamento. O 
parlamentarismo é um regime extremamente sensível às condições sociais e 
políticas que lhe são subjacentes. 
Particularmente sensível é ele aos sistemas de partidos. O parlamentarismo 
só dá bons frutos quando se apoia no sistema bipartidário rígido (no qual somente 
dois partidos verdadeiramente pesam, de modo que um deles tem sempre a maioria 
absoluta no parlamento, sendo essa maioria disciplinada). Aí, o gabinete é estável e 
 
 
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 50 
capaz de governar, sendo a cúpula do partido majoritário e assim orientando a 
própria legislação. 
Esse sistema separa as funções de chefe de governo e de chefe de Estado 
em duas autoridades diferentes. Um dos melhores exemplos é o caso da Inglaterra, 
em que o chefe de governo tem responsabilidade política, mas não tem mandato, 
podendo ser deposto pelo parlamento, que, por sua vez, pode ser dissolvido pelo 
chefe de estado, no caso, a rainha. Nesse caso, a rainha “reina, mas não governa”. 
Assim, podemos classificar o Parlamentarismo como um regime de divisão de 
poderes, na medida em que adota a distinção clássica das funções do Estado e sua 
atribuição a órgãos diversos. 
Os poderes legislativos e executivos são interdependentes. O Executivo 
parlamentarista possui estrutura dualista: o rei, ou o Presidente da República, é o 
chefe de Estado, com funções de representação, de cerimonial e de conselho, 
enquanto o governo é exercido por um órgão coletivo e conselho de ministros ou 
gabinete (ultimamente, porém, à frente desse conselho estão às constituições pondo 
um chefe, o primeiro ministro, presidente do conselho ou chanceler, verdadeiro 
chefe do governo). 
 
 
2.5.3 Diretorial 
 
 
Este sistema só pode funcionar em certas circunstâncias e em países 
especiais, como a Suíça, pois seu povo é pequeno, rico e próspero, com longa 
tradição de independência e velha experiência de autogoverno. É caracterizado 
juridicamente pela distinção de funções, mas sem a separação delas, salvo em 
relação ao Judiciário, que é independente e especializado; todavia, as decisões 
sobre a elaboração das leis - a legiferação - a “execução” - estão concentradas nas 
mãos de um mesmo órgão, que é a Assembleia. 
 
 
2.6 REGIMES POLÍTICOS 
 
 
 
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 51 
 
De acordo com o grau de respeito à vontade do povo nas decisões estatais 
temos os Democráticos e os não Democráticos. 
 
• Democráticos: São aqueles regimes nos quais o povo detém o poder. Assim, 
democracia denota poder do povo (soberania popular). 
 
Democracia é uma palavra de origem grega, demos - povo e arché - 
governo, governo do povo, é o regime político em que todo o poder emana da 
vontade popular. Lincoln foi um dos que melhor definiu a democracia ao dizer que 
esta era “o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Os regimes democráticos 
subdividem-se em outros três regimes: de forma direta (democracia direta), por 
representantes (democracia representativa) ou combinando ambos os critérios 
(democracia semidireta); esta

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