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10-DireitoPrevidenciario - Direito Descomplicado

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AN02FREV001/REV 4.0 
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DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 SEGURIDADE SOCIAL 
1.1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
1.1.1 Definição 
1.1.2 Fontes 
1.1.3 Interpretação 
1.2 SEGURIDADE SOCIAL 
1.2.1 Na esfera internacional 
1.2.2 No Brasil 
1.2.3 Definição de seguridade social 
1.3 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL 
1.3.1 Universalidade da cobertura e do atendimento 
1.3.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas 
e rurais 
1.3.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços 
1.3.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios 
1.3.5 Equidade na forma de participação no custeio 
1.3.6 Diversidade da base de financiamento 
1.3.7 Caráter democrático e descentralização da gestão administrativa 
1.4 NATUREZA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA DA SEGURIDADE SOCIAL 
1.5 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
MÓDULO II 
2 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
2.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA O CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL 
2.2 TIPOS DE CONTRIBUIÇÕES 
2.2.1 Contribuição do segurado e salário de contribuição 
 
 
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2.2.2 Contribuição do empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso 
2.2.3 Contribuição do empregador e do empregado doméstico 
2.2.4 Contribuição da empresa 
2.2.5 Contribuição da associação desportiva que mantém equipe de futebol 
profissional 
2.2.6 Contribuição do contribuinte individual 
2.2.7 Contribuição do segurado especial e facultativo 
2.2.8 Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos 
3 OUTRAS RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL 
3.1 PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE 
CONTRIBUIÇÃO 
3.1.1 Parcelas integrantes 
3.1.2 Parcelas não integrantes 
 
 
MÓDULO III 
4 SEGURADOS E DEPENDENTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 
4.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL 
4.1.1 Finalidade e os princípios básicos da previdência social 
4.1.2 Filiação e inscrição 
4.2 SEGURADOS DA PREVIDENCIA SOCIAL 
4.2.1 Segurados obrigatórios 
4.2.2 Empregado doméstico 
4.2.3 Contribuinte individual 
4.2.4 Trabalhador avulso 
4.2.5 Segurado especial 
4.3 DEPENDENTES 
4.4 BENEFÍCIO PENSÃO POR MORTE E BENEFÍCIO AUXÍLIO RECLUSÃO 
 
 
MÓDULO IV 
5 REGIMES E BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 
5.1 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS 
 
 
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5.2 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 
5.3 PERÍODO DE CARÊNCIA DOS BENEFÍCIOS 
5.4 BENEFICÍOS EM ESPÉCIE DEVIDOS AOS SEGURADOS 
5.4.1 Auxílio-doença 
5.4.2 Auxílio-acidente 
5.4.3 Salário-família 
5.4.4 Salário-maternidade 
5.4.5 Aposentadoria por tempo de contribuição e por idade 
5.4.6 Aposentadoria por invalidez 
5.4.7 Aposentadoria especial 
5.5 ACIDENTE DE TRABALHO 
5.6 FATOR PREVIDENCIÁRIO E REAJUSTE PARA OS APOSENTADOS 
 
 
MÓDULO V 
6 ASSISTÊNCIA SOCIAL 
6.1 ASSISTÊNCIA SOCIAL 
6.1.1 Conceito 
6.1.2 Objetivos 
6.1.3 Finalidade 
6.2 FINANCIAMENTO 
6.3 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES CONSTITUCIONAIS 
6.3.1 Princípios 
6.3.2 Diretrizes 
6.4 BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
6.4.1 Benefício de prestação continuada 
6.4.2 Benefícios eventuais 
6.5 PROGRAMAS E PROJETOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 
6.5.1 Programas 
6.5.2 Projetos 
 
 
 
 
 
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MÓDULO VI 
7 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E OS PLANOS DE SAÚDE 
7.1 SAÚDE 
7.1.1 Conceito 
7.1.2 Proteção constitucional à saúde pública 
7.2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 
7.2.1 O SUS na Constituição 
7.2.2 SUS na Lei 8.080 de 1990 
7.2.3 Objetivos e diretrizes 
7.2.4 Descentralização 
7.2.5 Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) 
7.3 PLANOS DE SAÚDE 
7.3.1 Conceito 
7.3.2 Tipos de planos de saúde 
7.4 CRIMES PREVIDENCIÁRIOS 
7.4.1 Apropriação indébita previdenciária 
7.4.2 Sonegação de contribuição previdenciária 
7.4.3 Falsificação de documento público 
7.4.4 Estelionato e fraudes 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO I 
 
 
1 SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
1.1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
 
1.1.1 Definição 
 
 
O Direito Previdenciário – denominação que se dá ao conjunto de normas 
que disciplinam a seguridade social – é um dos ramos do Direito Público, uma vez 
que a maior parte de seus institutos está localizada na Constituição Federal, cujo 
objeto é o estudo da seguridade social. Esse direito é fruto da Revolução Industrial e 
do desenvolvimento da sociedade humana. Tem como objetivo as relações entre os 
órgãos incumbidos da administração das receitas previdenciárias e a concessão de 
benefícios às pessoas sujeitadas ao cumprimento das obrigações, que são os 
contribuintes e os beneficiários da previdência. 
 
 
1.1.2 Fontes 
 
 
O Direito Previdenciário tem como fontes: 
 Constituição Federal; 
 Emenda Constitucional; 
 Lei Complementar; 
 Lei Ordinária; 
 Medida Provisória; 
 
 
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 Decreto Legislativo; 
 Resolução do Senado Federal; 
 Atos Administrativos Normativos (Ordem de Serviço); 
 Circular, Orientação Normativa, etc. 
 Jurisprudência dos tribunais Superiores. 
Importante é que o princípio da hierarquia das normas impõe que cada 
espécie normativa não exceda os limites traçados pela Constituição Federal (CF). 
 
 
1.1.3 Interpretação 
 
 
O intérprete do Direito Previdenciário deve estar atento aos fundamentos e 
objetivos do Estado Democrático de Direito, previstos nos artigos 1° e 2° da CF, 
notadamente a dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais. 
O art. 6° da CF relaciona os direitos sociais, como por exemplo, direito à saúde, 
proteção à maternidade, etc., ou seja, conforme o que disciplina a ordem social. 
A ordem social tem como base o primado do trabalho, e seus objetivos são o 
bem-estar e a justiça social. O trabalho e a dignidade da pessoa humana são 
fundamentos do Estado Democrático de Direito, pois só o trabalho propicia ao 
homem sustentar-se e à sua família; do que resulta que só há dignidade humana 
quando houver trabalho, ou seja, só o trabalho propicia bem-estar e justiça sociais. 
Também foi enumerada no art. 7° da CF, a relação de emprego. Portanto, os 
fundamentos do Estado Democrático de Direito e os objetivos fundamentais 
apontam para o conceito de justiça social. Para a CF, a distribuição dos benefícios e 
obrigações sociais entre todos contribui para a redução das desigualdades sociais e 
regionais, ou seja, a distribuição deve conceder mais benefícios a quem tem mais 
necessidade, e menos benefícios aos menos necessitados. 
Dessa forma, os resultados da interpretação da legislação previdenciária 
nunca podem acentuar desigualdades nem contrariar o princípio da desigualdade da 
pessoa humana. A Constituição de 1988 estatuiu um capítulo próprio para a 
seguridade social, intitulado de “Da Ordem Social", no qual constam várias 
 
 
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disposições sobre seguridade social, abrangendo a previdência social, assistência 
social e saúde. 
 
 
1.2 SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
1.2.1 Na esfera internacional 
 
 
A seguridade social foi constitucionalmente subdividida em normas sobre 
saúde, previdência social e assistência social, regendo-se pelos princípios da 
universalidade da cobertura e do atendimento, da igualdade ou equivalência dos 
benefícios, da unidade de organização pelo Poder Público e pela solidariedade 
financeira, uma vez que é financiada por toda a sociedade. 
Com o marco inicial dos primeiros ordenamentos legais que demonstravam 
a preocupação do Estado em amparar aqueles que não possuíam meios de 
assegurar sua própria subsistência ou tratamento de suas enfermidades, podemos 
citar a Lei dos Pobres (Poor Relief Act), editada na Inglaterra, em 1601, que instituía 
auxílios e socorros públicos aos necessitados. 
Em 1883, o chanceler alemão Otto Von Bismark instituiu o seguro doença. 
Em 1884, foi criada a cobertura obrigatória paraos acidentes relacionados ao 
trabalho. Na esfera constitucional, a primeira constituição a tratar sobre esse 
assunto (seguridade social) foi a mexicana, em 1917. A Constituição Alemã seguiu o 
mesmo exemplo, em 1919. Havia, assim, uma preocupação do Estado em amparar 
aqueles que não possuíam meios de assegurar sua própria subsistência ou 
tratamento de suas enfermidades. 
Segundo Marcos André Ramos Vieira (2005), a Inglaterra foi o berço da 
Revolução Industrial e a massa operária sentiu necessidade de um seguro contra 
determinadas adversidades, garantido pelo próprio Estado. Diante disso, o Decreto 
nº 3.724/1919 estabeleceu o seguro de acidentes de trabalho a cargo do 
empregador, prevendo indenizações em caso de morte, lesões corporais ou 
moléstias incapacitantes no exercício do trabalho. 
 
 
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1.2.2 No Brasil 
 
 
O marco inicial da previdência social brasileira aconteceu em 1923, por meio 
do Decreto nº 4.682, denominado Lei Eloy Chaves, instituindo assim a previdência 
social brasileira, criando as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) para todos 
os empregados de cada uma das empresas ferroviárias, onde obrigatoriamente 
foram instaladas. 
As CAPs asseguravam aposentadoria ordinária, que combinava com tempo 
de serviço e com idade, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e assistência 
médica. O custeio se dava por meio de contribuições dos empregados, 
empregadores e contribuições do Estado. 
 
 1926 
 
Por intermédio de outros decretos, foram estendidos benefícios aos 
portuários e marítimos, telegráficos e radiotelegráficos, aos empregados dos 
serviços de força, luz, bonde e telefonia vinculados aos Estados, municípios e 
empresas particulares. 
 
 1929 
 
A preocupação de estabelecer uma renda àqueles que trabalharam durante 
anos e chegavam à velhice sem condições de trabalho e de se manterem foi 
adotada pelos Estados Unidos após a crise de 1929, por meio de New Deal, que 
teve como inspiração o estado de bem-estar social (welfare state). As principais 
atribuições e responsabilidades eram organizar, aplicar e gerir investimentos na área 
da saúde pública, assistência social e previdência social. 
 
 
 
 
 
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 1935 
 
Foi editado nos Estados Unidos o Social Security Act, que tinha como 
objetivo manter uma renda às pessoas que, devido à idade avançada, não 
conseguiam mais trabalhar. Nesta mesma época, foi instituído o auxílio desemprego 
para os trabalhadores que estivessem desempregados temporariamente. 
 
 1933 a1934 
 
Foram criados os Institutos de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos 
(IAPM), dos Comerciários (IAPC) e dos Bancários (IAPB). A Constituição de 1934 foi a 
primeira a utilizar referência à expressão “previdência”. Ela também estabeleceu a 
competência da União para legislar sobre a assistência social e confere aos Estados-
membros a competência para fiscalizar a aplicação das leis sociais. 
 
 1936 
 
Foi criado o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI). 
Em 1938, foi criado o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Transportes de 
Carga (IAPTEC), incluindo neste os avulsos, os empregados em carga e descarga, 
bem como os estivadores. 
 
 1938 
 
Foi criado o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado 
(IPASE), com alcance obrigatório sobre todos os funcionários civis, efetivos, 
interinos ou em comissão e os empregados do próprio instituto. 
 
 1946 
 
A Constituição de 1946 empregou pela primeira vez a expressão “Previdência 
Social”. Ela manteve também o tríplice custeio pela União, empregado e empregador, 
instituindo a obrigatoriedade do seguro de acidente de trabalho pelo empregador. 
 
 
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 1953 
 
Foi efetuada a fusão de todas as CAPs de ferroviários e serviços públicos, 
originando a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados 
dos Serviços Públicos (CAPFESP). 
 
 1959 
 
Foi criada a Lei nº 3.259, que concedeu aposentadoria com remuneração 
integral ao jornalista profissional com 30 anos de serviço. 
 
 1960 
 
A Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados dos 
Serviços Públicos (CAPFESP) passou a denominar-se Caixa de Aposentadorias e 
Pensões dos Ferroviários e Empregados dos Serviços Públicos (IAPFESP). 
Nesse mesmo ano, a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), 
padronizou o sistema assistencial, ampliando benefícios, instituindo o auxílio-
natalidade, auxílio-funeral, o auxílio-reclusão e estendeu a assistência para outras 
categorias profissionais. Assim, passaram a ser segurados todos os que exercessem 
emprego ou atividade remunerada, à exceção dos servidores da União, Estados, 
Municípios e Territórios, sujeitos a regimes próprios de previdência, bem como os 
trabalhadores domésticos e rurais. A LOPS foi regulamentada pelo Decreto nº 
48.959. 
 
 1963 
 
Foi estabelecido o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) 
Neste mesmo ano, a Lei nº 4.266 criou o salário-família. Em 1966, surge o Fundo de 
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e em 1967 com união dos IAPs, surgiu o 
Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). 
 
 
 
 
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 1969 
 
Por meio da Emenda Constitucional nº 1, surgiram inovações, tais como: 
 nova redação da LOPS; 
 criação do amparo previdenciário para os maiores de 70 anos ou 
inválidos, no valor de meio salário mínimo; 
 primeira edição da Consolidação da Legislação Previdenciária (CLPS). 
Tal compêndio tinha força de decreto e não de lei. Nos casos de dúvidas, 
sempre deveriam ser observadas as disposições constantes da Lei Orgânica 
da Previdência Social (LOPS); 
 instituição do salário benefício para o jogador de futebol profissional; 
 instituição do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS); 
 Instituição do Seguro-Desemprego (Decreto-Lei nº 2.283/86). 
Grande evolução aconteceu em 1970, quando foi criado a instituição do 
Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Amparo ao Servidor Público 
(PASEP), como uma maneira de integrar o trabalhador na participação dos 
resultados das empresas. 
 
 1971 
 
A criação do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRÓ-
RURAL), em que o trabalhador rural obteve direito a vários benefícios no valor de 
meio salário mínimo. Neste mesmo ano, foi criado o Ministério do Trabalho e 
Previdência Social (MTPS). 
 
 1972 
 
A Lei nº 5.859 inclui os empregados domésticos na Previdência Social. Em 
1973, a Lei nº 5.939 institui o salário de benefício para o jogador de futebol profissional. 
 
 
 
 
 
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 1974 
 
A partir desta data, a previdência social passou a ter um ministério 
exclusivo desvinculado do Ministério do Trabalho, o Ministério da Previdência e 
Assistência Social (MPAS). Também foi criado neste mesmo ano o salário-
maternidade e o amparo previdenciário ao maior de 70 anos, que está previsto no 
art. 203 da CF de 1988. 
 
 1977 
 
Surgiram: 
 Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), 
subdividido em Instituto Nacional de Previdência Social (INPS); 
 Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS); 
 Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), para prestar assistência 
social à pessoa carente; 
 Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM); 
 Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social 
(DATAPREV); 
 Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS); 
 Central de Medicamentos (CEME). 
 
 1981 
 
Por meio da Emenda Constitucional nº 18, foi concedida a aposentadoria 
especial ao professor após 30 anos e à professora após 25 anos de serviço, com 
salário integral. A Constituição de 1988 inovou, concebendo a previdência e a 
assistência social como integrantes da Seguridade Social, desvinculandoa ordem 
social da ordem econômica. Como veremos a seguir. 
 
Artigos 6° e 7° e incisos (direitos sociais): 
 II - seguro-desemprego; 
 
 
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 VIII – décimo-terceiro salário; 
 XII – salário-família; 
 XVIII e XIX – licença à gestante, salário-maternidade e licença-
paternidade; 
 XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho; 
 XXIII – adicionais pelo exercício de atividades penosas, insalubres e 
perigosas; 
 XXIV – aposentadoria; 
 XXV – assistência aos filhos até cinco anos de idade em creches e pré-
escolas; 
 XXXIII – proteção ao trabalho do menor; 
 XXXIV – igualdade de direitos dos trabalhadores avulsos e parágrafo 
único, direitos dos trabalhadores domésticos. 
 
Art. 22 (matéria de competência legislativa privativa da União): 
 XXIII – seguridade social. 
 
Art. 24 (matéria de competência concorrente da União, dos Estados e do DF): 
 XII e XIV – previdência social, proteção e defesa da saúde, proteção e 
integração das pessoas portadoras de deficiência. 
 
Art. 149, caput (competência exclusiva da União) e § 1º (competência dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios): 
 para instituir contribuições sociais; 
 para instituir contribuição, cobrada de seus servidores para custeio de 
sistemas de previdência e de assistência social. 
 
Artigos194 e 195: 
 disposições gerais sobre a seguridade social. 
 
Artigos 196 a 200: 
 normas relativas à saúde. 
 
 
 
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Artigos 201 e 202: 
 normas relativas à previdência social. 
 
Artigos 203 e 204: 
 normas relativas à assistência social. 
 
 1990 
 
Foi extinto o MPAS e criado o Ministério do Trabalho e Previdência Social 
(MTPS). O INAMPS é vinculado ao Ministério da Saúde. A Lei nº 8.029 criou neste 
mesmo ano o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mediante fusão do IAPAS 
com o INPS. 
 
 1991 
 
Entraram em vigor as Leis nº 8.212 e nº 8.213, respectivamente, de custeio e 
de benefícios da Previdência Social. E, somente em 1997, foram publicados os 
Decretos nº 2.172 e nº 2.173, regulamentadores das leis de custeio e de benefícios da 
Previdência Social. Em 1999, o Decreto nº 3.048 substitui os Decretos nº 2.172 e nº 
2.173, regulamentadores das leis de custeio e de benefícios da Previdência Social. 
 
 1992 
 
Foi extinto o MTPS e criado Ministério da Previdência Social (MPS). 
 
 1993 
 
Foi extinto o INAMPS. 
 
 1995 
 
Foi extinta a LBA. 
 
 
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 1998 
 
A Emenda Constitucional nº 20 reformou grande parte da previdência social 
brasileira, como, por exemplo, retirando dos professores universitários a 
aposentadoria especial após 30 anos e da professora após 25 anos de serviço com 
salário integral. 
 
 1999 
 
A Lei nº 9.876 criou o fator previdenciário, ponderando-se para o cálculo de 
alguns benefícios a expectativa de vida, a idade e o tempo de contribuição do 
segurado. 
 
 2001 
 
A Lei Complementar nº 109 dispôs sobre o Regime de Previdência 
Complementar. 
 
 2002 
 
A Lei nº 10.256 estabeleceu que a agroindústria deve recolher sobre a 
comercialização da produção rural, industrializada ou não. E a Lei nº 10.421 estende 
o salário-maternidade às mães adotivas, por um período de 20 a 120 dias em razão 
da idade da criança adotada. 
 
 2003 
 
A área de assistência social passou para o Ministério da Assistência e 
Promoção Social, atualmente Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à 
Fome. Neste ano, também a Lei nº 10.710 retornou a obrigação dos empregadores 
 
 
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pagarem o salário-maternidade e, ainda, a Emenda Constitucional 41 reformou os 
Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). 
 
 2005 
 
A Emenda Constitucional nº 47 alterou os artigos 40, 195 e 201 da CF, para 
dispor sobre a previdência social – proventos de aposentadoria dos servidores 
públicos – e faz uma ressalva em relação ao direito de aposentadoria. etc. 
 
 
1.2.3 Definição de seguridade social 
 
 
A seguridade social é um dos instrumentos disciplinados pela Ordem Social 
que, assentado no primado do trabalho, propicia bem-estar e justiça sociais, ou seja, 
é um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um 
sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de 
prover às suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias. 
É um conjunto de medidas adotadas pelo Estado, por meio de organizações 
próprias ou subvencionadas, destinadas a prover as necessidades vitais da 
população do país, nos eventos básicos previsíveis e em outras eventualidades, 
variáveis segundo as condições nacionais, que podem verificar-se na vida de cada 
um, por meio de um sistema integrado de seguro social e de prestação de serviços, 
de cuja administração e custeio participam, direta ou indiretamente, os próprios 
segurados ou a população mesma, as empresas e o Estado. 
A definição fornecida pela Constituição Federal (1988), em seu art. 194, é 
que “a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa 
dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à 
saúde, à previdência e à assistência social”. 
Determinou a Constituição que a seguridade será financiada por toda a 
sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos 
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, e das seguintes contribuições sociais: do empregador, da empresa e da 
 
 
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entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e 
demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados. 
A qualquer título à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo 
empregatício. A receita ou o faturamento, o lucro do trabalhador e dos demais 
assegurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e 
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da 
CF. Sobre a receita de concursos e prognósticos. Desta forma, o dever 
constitucional imposto aos poderes públicos e à sociedade demonstra que a 
solidariedade é o fundamento da seguridade social. 
Para Sérgio Pinto Martins (2006, p. 78) é o: 
 
Conjunto de princípios, de regras e de instituições, destinado a estabelecer 
um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os 
impeçam de prover suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, 
integrado por ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, 
visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social. (Sérgio Pinto Martins, 2006, p. 78). 
 
Sendo assim, a seguridade social é o sistema que compreende um conjunto 
de ações integradas de iniciativa dos poderes públicos e da própria sociedade, com 
vistas a garantir o direito à previdência, à assistência e à saúde a todos aqueles que 
delas necessitem. Portanto, ela garante a proteção social, compreendida na 
Assistência Social, na Previdência e no direito à saúde. Essa proteção e seu 
respectivo custeio podem ser expandidos, nos termos do art. 194, § único, da CF, 
em vista das mutações sociais e econômicas, geradoras de novas contingências 
causadoras de necessidades. 
Dessa forma, a seguridade social entra em cena quando o indivíduo não tem 
condições de prover seu sustento ou de sua família, em razão de desemprego, 
doença, invalidez ou outros motivos. A proteção na área da previdência social é um 
direito subjetivo dos segurados, isto é, daqueles que contribuem para o custeio do 
sistema. A CF (1988), em seu art. 196, diz que “todos têm direito à saúde, 
independentemente de contribuição para o custeio”. Se for segurado da previdência 
social, a proteção será efetivada na forma de pagamento do benefício 
correspondente à contingência, necessidade que o atingiu; tendo, ainda,direito a 
serviços de assistência à saúde. Se não for segurado de nenhum regime 
 
 
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previdenciário, e se preencher os requisitos legais, terá direito a benefícios e 
serviços de assistência social e de assistência à saúde. 
A universalidade é a característica dos direitos sociais, redutores das 
desigualdades. Por meio da seguridade social, todos têm direito a alguma forma de 
proteção, independendo de sua condição socioeconômica, ou seja, é o redutor das 
desigualdades sociais causadas pela falta de ingressos financeiros no orçamento do 
indivíduo e de sua família, e instrumento de justiça social. 
A seguridade social engloba, portanto, um conceito amplo, universal, 
destinado a todos que dela necessitem desde que haja previsão na lei sobre 
determinado evento a ser coberto. É, na verdade, o gênero do qual são espécies a 
Previdência Social, Assistência Social e a Saúde. Possui leis e institutos próprios, 
além de órgãos específicos para o seu funcionamento. 
 
 
1.3 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
Princípios são proposições básicas e fundamentais de uma ciência que irão 
servir de base para elaboração de uma norma jurídica. De acordo com as lições de 
Celso Mello (2004, p. 841-842): 
 
Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro 
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes 
normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata 
compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a 
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá 
sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que presidem a 
intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário, chamado 
sistema jurídico positivo. (CELSO MELLO, 2004, p. 841-842). 
 
O direito da seguridade social, assim como os direitos, civil, tributário, 
trabalhista, do consumidor, dentre outros, são ramos de direito independentes 
entre si, possuindo, assim, princípios próprios, os quais servem como orientação 
para criação, interpretação e aplicação das normas por eles abrangidas. Os 
princípios da seguridade social encontram-se em vários dispositivos da 
Constituição Federal. É, porém, no parágrafo único do art. 194 onde está inserida a 
maioria desses princípios. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 21 
São princípios constitucionais porque se caracterizam pela generalidade de 
suas disposições e seu conteúdo condiz com os valores que o sistema visa proteger. 
Fundamentam a ordem jurídica, orientam o trabalho de interpretação das normas e, 
quando caracterizada a omissão da lei, são fontes do direito. Tais princípios são 
setoriais porque aplicáveis apenas à seguridade social. 
Desta forma, os princípios específicos que regem a seguridade social estão 
estabelecidos no art. 194 da CF de 1988, que determina competir ao Poder Público 
a organização, nos termos da lei, da seguridade social, com a observância 
obrigatória dos seguintes objetivos: 
 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações 
urbanas e rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - equidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos 
empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos 
colegiados.(CONSTITUIÇÂO FEDERAL, 1988). 
 
Embora esse dispositivo constitucional utilize a expressão “objetivos”, na 
verdade, estão ali enumerados verdadeiros princípios constitucionais, princípios e 
diretrizes, como veremos a seguir. 
 
 
1.3.1 Universalidade da cobertura e do atendimento 
 
 
Na universalidade, todos os residentes no país farão jus às prestações do 
sistema, sejam nacionais ou estrangeiros. 
 Universalidade de cobertura em relação às pessoas estabelece proteção 
a todos que se encontram residentes no país, tendo com isso direito à 
prestação do sistema, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Assim, por 
universalidade de cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar 
todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade. Riscos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 22 
sociais são infortúnios da vida (doença, acidentes, velhice, invalidez, etc.) a 
quais qualquer pessoa estará sujeita. 
 
 Universalidade de atendimento refere-se às contingências que serão 
cobertas e não pessoas envolvidas, ou seja, estabelece uma cobertura aos 
riscos sociais devido às contingências que atingem as pessoas abrangidas, 
tais como: maternidade, morte, idade avançada, invalidez, desemprego 
involuntário, dentre outros. Assim, a universalidade do atendimento tem por 
objetivo tornar a seguridade social acessível a todas as pessoas residentes 
no país, inclusive estrangeiras. 
Para atender a esse princípio constitucional, foi criada, no regime geral de 
previdência social, a figura do segurado facultativo. Assim, todos, mesmo que não 
exerçam atividade remunerada, têm cobertura. Para tanto, é necessário contribuir 
para o sistema previdenciário. 
 
 
1.3.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas 
e rurais 
 
 
Esse princípio vem corrigir defeitos da legislação previdenciária rural que 
sempre discriminava o trabalhador rural. A uniformidade diz respeito às 
contingências que irão ser cobertas. A uniformidade indica mesmo nível das 
populações urbanas e rurais, pois a Constituição vedou o tratamento desigual para 
as populações urbana e rural. 
Quando se fala em uniformidade, equivale dizer, portanto, que as mesmas 
contingências como morte, maternidade, velhice, serão cobertas tanto para os 
trabalhadores urbanos como para os rurais. Como exemplo de equivalência, o valor 
mensal dos benefícios previdenciários que substituam o rendimento do trabalho do 
segurado urbano ou rural nunca será inferior a um salário mínimo, é o que diz o art. 
201, § 2° da CF. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 23 
 
 
1.3.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços 
 
 
A seletividade atua na delimitação do rol de prestações, ou seja, na escolha 
dos benefícios e serviços a serem mantidos pela seguridade social, enquanto a 
distributividade direciona a atuação do sistema protetivo para as pessoas com maior 
necessidade, definindo o grau de proteção. Os benefícios da assistência social, por 
exemplo, serão concedidos apenas aos necessitados. Os benefícios salário-família e 
o auxílio-reclusão só serão conferidos aos beneficiários de baixa renda. 
Assim, dado o caráter social do Sistema da Seguridade Social, este princípio 
determina que suas prestações devam ser selecionadas de acordo com as maiores 
carências sociais, dentro das possibilidades do mesmo e de acordo com as 
necessidades de cada um. Ou seja, o legislador escolhe e seleciona os riscos que 
serão protegidos por meio da legislação ordinária, de acordo com a capacidade 
econômica do Estado. 
Desta forma, este princípio procura amenizar os efeitos do princípio da 
universalidade. Deste modo, os princípios da universalidade e da seletividade devem 
ser aplicados de forma harmônica e equilibrada. 
 
 
1.3.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios 
 
 
De acordo com este princípio, o benefício legalmente concedido pela 
previdência social ou pela assistência social não pode ter seu valor nominal 
reduzido. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preserva-lhes, em 
caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. Diante disto, 
este princípio estabelece que todo o benefício previdenciário deve ter seu valor real 
preservado, devendo ser estabelecidos mecanismos para atualização dos mesmos, 
mantendo-se, assim, o seu valor real de compra.AN02FREV001/REV 4.0 
 24 
O princípio da irredutibilidade, por si só, não assegura o reajustamento dos 
benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), de acordo com critérios 
definidos em lei ordinária, é o princípio da preservação do valor real dos benefícios, 
previstos no § 4° do art. 201 da CF. 
 
 
1.3.5 Equidade na forma de participação no custeio 
 
 
A equidade nada mais é do que o desdobramento do princípio da igualdade, 
uma vez que estabelece tratamento igual para as pessoas que se encontrem nas 
mesmas condições, ou seja, aqueles que possuem a mesma capacidade 
contributiva devem contribuir de forma igual – quem ganha mais contribui mais, 
quem ganha menos contribui menos –, sendo os benefícios por isso equivalentes à 
contribuição. Assim, as pessoas que tiverem situação igual deverão contribuir da 
mesma forma. 
Apesar de existir na legislação previdenciária alguns exemplos de equidade 
na forma de participação no custeio da seguridade social, este princípio 
constitucional não é uma norma de eficácia plena. Trata-se de uma programática, ou 
seja, é uma meta a ser alcançada, e não uma regra concreta. 
 
 
1.3.6 Diversidade da base de financiamento 
 
 
A seguridade social tem diversas fontes de custeio. Assim, há maior 
segurança para o sistema. Em caso de dificuldade na arrecadação de determinadas 
contribuições, haverá outras para lhes suprir a falta. Toda sociedade é responsável 
pelo financiamento da Seguridade Social. Dessa maneira, empregados, 
empregadores e governo possuem obrigações específicas quanto à sua participação 
para manutenção do sistema. 
Podem ser instituídas outras fontes de custeio mediante lei complementar, 
contudo, a nova contribuição deverá ter fato gerador e base de cálculo, diversos dos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 25 
impostos previstos na Constituição. Sendo assim, de acordo com o caput do art. 195 
da CF (1988), a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma 
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 
 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da 
lei, incidentes sobre: 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou 
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo 
sem vínculo empregatício; 
b) a receita ou o faturamento; 
c) o lucro; 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não 
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo 
regime geral de previdência social de que trata o art. 201; 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele 
equiparar.(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988). 
 
O § 4º do art. 195 da CF ainda prevê que, mediante lei complementar, outras 
contribuições possam ser instituídas para garantir a manutenção ou expansão da 
seguridade social. 
 
 
1.3.7 Caráter democrático e descentralização da gestão administrativa 
 
 
Nos termos do art. 10 da CF (1988), “é assegurada a participação dos 
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus 
interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação”. 
Desta forma, o sistema da seguridade social será gerido de forma quadripartite, ou 
seja, por meio de representantes dos trabalhadores, empregadores, aposentados e 
governo nos órgãos colegiados, isto é, trata da preexistência de custeio em relação 
ao benefício ou serviço. 
De acordo com este princípio, a gestão dos recursos, programas, planos, 
serviços e ações, nas áreas da seguridade social, em todas as esferas de poder, 
deve ser realizada mediante discussão com a sociedade. Podemos citar como 
exemplo da materialização deste princípio a criação do Conselho Nacional de 
Previdência Social (lei 8.213/91, art. 3°), do Conselho Nacional de Assistência Social 
(lei 8.742/93, art. 17) e do Conselho Nacional de Saúde (lei 8.080/90). 
 
 
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 26 
Existem outros princípios que, apesar de não serem tratados pelo art. 194 da 
CF, merecem destaque, como, por exemplo: 
 solidariedade ou solidarismo – princípio social que estabelece que as 
pessoas que exercem atividades remuneradas devem contribuir para o 
sistema, sustentando ou mantendo aqueles que agora estão inativos, ou 
seja, estão recebendo algum benefício previdenciário. Este princípio aplica-
se a todos os ramos da Seguridade Social, especialmente à previdência. Os 
ativos devem contribuir para sustentar os inativos. 
 a preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço – 
estabelece o § 5° do art. 195 da CF (1988) que: “Nenhum benefício ou 
serviço da Seguridade Social poderá ser criado, majorado, ou seja, 
aumentado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.” Desta 
forma, para a criação de um novo benefício ou aumento dos valores pagos 
deverá existir uma fonte prévia de custeio. 
 
 
1.4 NATUREZA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
A natureza jurídica do direito da seguridade social envolve o contribuinte, o 
beneficiário e o Estado, que arrecada as contribuições, paga os benefícios e presta 
os serviços, administrando o sistema. Sendo a seguridade social um conjunto 
integrado de ações que visa assegurar direitos à saúde, previdência e assistência 
social, há três tipos de relações jurídicas a considerar: 
 relação jurídica de assistência à saúde; 
 relação jurídica de previdência social; 
 relação jurídica de assistência social. 
Os sujeitos da relação jurídica da seguridade social são: o sujeito ativo 
(quem dela necessitar); sujeitos passivos (poderes públicos, como sendo a União, 
Estados e Municípios) e a sociedade em geral. O objeto da relação jurídica de que 
se trata merece especial atenção. O seguro social tinha como objeto a proteção do 
risco, na sua conceituação típica do Direito Civil, isto é, evento futuro e incerto, cuja 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 27 
ocorrência gera dano para a vítima. No campo civilista, o risco acontecido configura 
o sinistro e o dano decorrente é coberto pela indenização. 
O direito à cobertura pelo seguro só existe se o segurado tiver pagado o 
prêmio. O risco é de livre definição pelas partes, assim como a extensão da 
indenização. A relação jurídica nasce da celebração do contrato. No seguro social, a 
noção de risco ainda estava presente, uma vez que o trabalhador interessado na 
cobertura pagava sua contribuição. A diferença é que os riscos não eram livremente 
escolhidos pelas partes, mas, sim, definidos em lei. 
Na área da seguridade social, a questão se coloca de maneira diferente. O 
seguro, na sua acepção civilística, não se mostrou suficiente para configurar o objeto 
de proteção social dada pela seguridade, porque a noção de risco está sempre 
ligada a dano, prejuízo que deve ser recomposto pela indenização. Mas em termos 
de seguridade social, a proteção nem sempre se origina de dano, como exemplos, a 
invalidez, causa de incapacidade para o trabalho, e evento danoso que tem 
cobertura previdenciária ou assistencial. 
Porém, a maternidade não é dano, mas também tem cobertura pela 
seguridade social, pois a mãe fica impossibilitada de trabalhar e prover seu sustento 
e de sua família. O seguro impõe o pagamento de prêmio para que, configurado o 
sinistro, seja paga a indenização, não é o que ocorre na seguridade social, em que 
nem todos contribuem para o custeio, mas todos têm direito a algum tipo de 
proteção social. Quem pode contribuir é segurado da previdência social, quem não 
pode contribuir tem direito à assistência social, desde que preenchidos os requisitos 
legais, mas todos têm direito à assistência à saúde. 
Como vimos, a relação jurídica da seguridade social é diversa da relação 
jurídica do seguro do Direito Civil, embora sepossa afirmar que somente a relação 
jurídica previdenciária se aproxima de uma relação de seguro, porque a cobertura 
penderá sempre de contribuição do segurado. Desta forma, a relação jurídica da 
seguridade se forma após a ocorrência do evento, para então, reparar a 
consequência, necessidade dela decorrente. Para a seguridade social, o que 
interessa é o resultado que o fato produz. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 28 
 
 
1.5 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
A seguridade social é financiada conforme previsto no art. 195, incisos de I a 
IV da CF e da Lei 8.212/91, art. 10. 
 
A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e 
indireta, nos termos do art. 195 da Constituição Federal e desta Lei, 
mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Municípios e de contribuições sociais. (Lei 8.212, 1991). 
 
Já tratamos da diversidade da base de financiamento, tendo, inclusive, 
salientado que outras fontes de custeio poderão ser criadas, na forma do § 4º do art. 
195 da CF (1988): “A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a 
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.” 
Assim, a forma direta de financiamento é feita mediante o pagamento de 
contribuições sociais previstas nos incisos I a IV do art. 195. 
Das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o 
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), destinadas a 
financiar o programa do seguro desemprego e o abono pago aos empregados que 
recebem até dois salários mínimos de remuneração mensal. A forma indireta se dá 
com o aporte de recursos orçamentários da União, dos Estados, dos Municípios e do 
Distrito Federal. 
O § 1º do art. 195 da CF determina que esses recursos constem dos 
respectivos orçamentos dos entes federativos, salientando que não integram o 
orçamento da União. No âmbito federal, o orçamento da seguridade social é 
composto das seguintes receitas: da União, das contribuições sociais e de outras 
fontes (Lei 8.212/91, art. 11). As contribuições sociais destinadas à seguridade 
social segundo o art. 11, parágrafo único são as seguintes: 
 
a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos 
segurados a seu serviço; (Art. 104 da lei 11.196/2005); 
b) as dos empregadores domésticos; 
c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário de contribuição; (Art. 
104 da lei 11.196/2005); 
d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; 
 
 
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 29 
e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos. 
f) as do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele 
equiparar (art. 195, IV da CF). (Lei 8.212, 1991). 
 
Os recursos provenientes das contribuições sociais previstas acima nas 
alíneas “a”, “b” e “c” só podem ser utilizados para pagamento dos benefícios do 
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), segundo a CF, em seu art. 167, XI. Por 
isso, podemos denominá-las de contribuições previdenciárias. Os recursos 
provenientes das contribuições sociais descritas nos itens “d” a “f” podem ser 
aplicados em qualquer área da Seguridade Social (saúde, assistência social ou 
previdência social). 
A competência é da União para instituir as contribuições expressamente 
referidas pelo art. 195 da CF, mediante lei ordinária. A União também tem 
competência residual para instituir outras fontes de custeio diferentes das previstas 
nos incisos I a IV do art. 195, exigindo lei complementar. Os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios também têm competência para instituir e cobrar de seus 
servidores contribuições destinadas ao financiamento de regimes próprios de 
previdência e assistência sociais. 
A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento 
Fiscal, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária Anual, conforme o art. 16, da 
lei 8.212/91. A União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências 
financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios 
de prestação continuada da previdência social, na forma da lei Orçamentária Anual, 
conforme a Lei 8.212/91, art. 16, § único. 
O Tesouro Nacional repassará mensalmente recursos referentes às 
contribuições incidentes sobre o faturamento e o lucro das empresas e sobre a 
receita de concursos de prognósticos, destinados à execução do Orçamento da 
Seguridade Social conforme o art. 19 da Lei 8212/91. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
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 33 
 
 
MÓDULO II 
 
 
2 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 
 
 
2.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA O CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
Contribuinte é a empresa ou a pessoa física ou jurídica a ela equiparada 
que, apesar de recolher as contribuições sociais, não goza das prestações e 
serviços mantidos pelo sistema. Contribuição para custeio da seguridade social é 
gênero do qual as contribuições previdenciárias são espécie. As contribuições 
previdenciárias destinam-se ao custeio da previdência social e são as previstas no 
art. 195, I e II, da CF. 
O inciso XI do art. 167 da CF proíbe a utilização do produto da arrecadação 
dessas contribuições no pagamento de despesas outras que não as relativas à 
cobertura do RGPS previstas no art. 201. Sua disciplina infraconstitucional está na 
Lei 8.212/91, denominada Plano de Custeio da Seguridade Social (PCSS). As 
contribuições sociais previstas no art. 195 da CF suscitam divergências sobre sua 
natureza jurídica. Predomina na doutrina e na jurisprudência o entendimento de 
que são tributos, mais precisamente contribuições parafiscais. 
A Lei 8.212/91 tratou diferentemente a relação jurídica de custeio, 
estabelecendo sujeito ativo, base de cálculo e alíquota que se distinguiam 
conforme se tratasse de contribuição destinada ao custeio da seguridade social 
(gênero) ou de contribuição previdenciária (espécie). Essas contribuições sociais, 
em razão de sua natureza parafiscal, nem sempre tinham como sujeito ativo da 
relação o mesmo ente federativo que tinha o poder de tributar, mas, sim, um 
terceiro ao qual a lei conferiu a arrecadação e aplicação dos respectivos recursos. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
Era o que acontecia com as contribuições previdenciárias instituídas pela União, 
mas arrecadadas e cobradas pelo INSS. 
O sujeito ativo das contribuições previdenciárias como visto no parágrafo 
anterior, era o INSS, que tinha competência para arrecadar, fiscalizar, lançar e 
normatizar o recolhimento das contribuições das empresas, incidentes sobre a 
remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, as dos empregadores 
domésticos e a dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição 
segundo o art. 33 do PCSS. Mas, com a edição da Lei 11.457/2007, o sujeito ativo 
de todas essas contribuições sociais passou a ser da União. 
Essa lei unificou a secretaria da Receita Federal e a Secretaria da Receita 
Previdenciária, transformando-as em Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão 
da administração direta subordinado ao Ministro de Estado da Fazenda. Assim, cabe 
à Secretaria da Receita Federal, a partir de 2007, planejar, executar, acompanhar e 
avaliar as atividades relativas à tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e ao 
recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo 
único do art. 11 da Lei 8.212/91 e das contribuições instituídas a título de 
substituição. 
De acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009, em seu art. 33, 
compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil, 
 
planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à 
tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das 
contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das 
contribuições incidentesa título de substituição e das devidas a outras 
entidades e fundos.( LEI11.941, 2009). 
 
O sujeito passivo dessas contribuições é o devedor, isto é, o que tem a 
obrigação de pagar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 35 
 
 
2.2 TIPOS DE CONTRIBUIÇÕES 
 
 
Estão obrigados ao pagamento das contribuições sociais previdenciárias os 
segurados do RGPS, a empresa, a entidade equiparada à empresa na forma da lei e 
o empregador doméstico. 
 
 
2.2.1 Contribuição do segurado e salário de contribuição 
 
 
Os segurados são sujeitos passivos da relação jurídica de custeio, do qual 
participam em razão do disposto no art. 195, inciso II, da CF. Assim, as 
contribuições sociais previdenciárias a cargo dos segurados são instituídas com 
amparo no art. 195, II, da CF. Estando obrigados ao pagamento das contribuições 
previstas nos artigos 20 e 21 do PCSS, conforme se enquadrem como segurados 
empregados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos e segurados 
contribuinte individual e facultativo. 
A lei dá definições diferentes ao salário de contribuição, ou seja, conforme 
o tipo de segurado. Por exemplo, para o segurado contribuinte, individual e 
facultativo, não pode ser inferior ao valor de um salário mínimo. Para os segurados 
(empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso), não pode ser inferior ao 
piso salarial legal ou normativo da categoria, inexistindo esse, não pode ser inferior 
a um salário mínimo mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de 
efetivo trabalho durante o mês, é o que determinam o art. 28, § 3°, do PCSS e o 
art. 214, § 3°, II, do RPS. 
Já em se tratando de menor aprendiz, o limite mínimo do salário de 
contribuição corresponde à sua remuneração mínima prevista em lei. Desta forma, o 
salário de contribuição, qualquer que seja o tipo de segurado, não poderá ser 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
superior ao teto máximo fixado mediante portaria do Ministério da Previdência 
Social, expedida sempre que for alterado o valor do benefício. 
Esse limite é reajustado na mesma época e com os mesmos índices que os 
do reajustamento dos benefícios previdenciários, conforme o art. 20, § 1º, onde: 
 
A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador 
avulso, é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre 
o seu salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o 
disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela: 
§ 1º os valores do salário de contribuição serão reajustados, a partir da data 
de entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mesmos índices 
que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da 
Previdência Social. (LEI Nº 8.212, 1991). 
 
E também o art. 21, § 1º, do PCSS onde: 
 
A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo 
será de vinte por cento sobre o respectivo salário de contribuição. 
§ 1º Os valores do salário de contribuição serão reajustados, a partir da data 
de entrada em vigor desta Lei , na mesma época e com os mesmos índices 
que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da 
Previdência Social. ( LEI Nº 8.212, 1991). 
 
O adicional à remuneração das férias, garantido pelo art. 7°, XVII, da CF, é 
salário de contribuição, razão pela qual sobre ele incide a contribuição do segurado 
(art. 214, § 4º da RPS). Com relação ao décimo terceiro salário, deve-se frisar que é 
salário contribuição, ou seja, sobre ele incide contribuição do segurado, recolhida 
somente por ocasião do pagamento ou crédito da última parcela, ou quando 
rescindido o contrato de trabalho. 
O salário-maternidade é considerado salário contribuição segundo o art. 28, 
§ 2º, do PCSS. Há regras que não integram o salário de contribuição, ou seja, sobre 
as quais não incide contribuição previdenciária, relacionados no art. 28, § 9º, do 
PCSS. Esse rol está mais detalhado no art. 201, § 9º do RPS. A base de cálculo da 
contribuição do segurado é, em regra, o seu salário de contribuição. O salário de 
contribuição tem limites máximo e mínimo. 
Quando o fato gerador da contribuição previdenciária é o valor pago devido 
ou creditado aos segurados, pela contraprestação do trabalho efetuado, há a 
contribuição de dois contribuintes: a empresa e o segurado. Em relação à empresa, 
 
 
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 37 
a base de cálculo da contribuição é a remuneração ou retribuição pelo trabalho. Em 
relação ao segurado, a base de cálculo da contribuição é o salário de contribuição. 
Base de cálculo da contribuição previdenciária é o valor sobre o qual incide 
uma alíquota definida em lei para determinar o montante da contribuição devida. 
Remuneração e salário de contribuição, embora parecidos, não têm o 
mesmo significado. O salário de contribuição está sujeito a limites mínimo e máximo. 
Já a remuneração não se sujeita a estes mesmos limites. 
 
 
2.2.2 Contribuição do empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso 
 
 
A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador 
avulso são calculadas mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu 
salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa, segundo o art. 20, da lei 
8.212/91. As alíquotas de contribuição destes segurados são progressivas, ou seja, 
quanto maior o salário de contribuição, maior será a alíquota, pois a progressividade 
das alíquotas está alinhada com o princípio constitucional de equidade na forma de 
participação no custeio, é o que determina o art. 194, § único, V, da CF. 
Em valores atualizados, a partir de 1º de janeiro de 2013, a tabela de 
contribuição destes segurados é a seguinte: 
 
 
TABELA 1 - TABELA DE CONTRIBUIÇÃO dos SEGURADOS 
INSS 
Salário de contribuição (R$) Alíquota (%) 
Até R$ 1.247,70 8% 
Entre R$ 1. 247,71 e R$ 2.079,50 9% 
Entre R$ 2.079,51 e R$ 4.159,00 11% 
Acima de R$ 4.159,00 valor fixo de R$ 457,49 
FONTE: Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=313> 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
 
Os valores dos salários de contribuição, constantes da tabela mostrada, 
serão reajustados na mesma época e com os mesmos índices que o reajustamento 
dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social, conforme o art. 20, § 
1°, da Lei 8.212/91. As novas alíquotas, relativas aos salários pagos em janeiro, 
deverão ser recolhidas apenas em fevereiro. Os recolhimentos de janeiro, referentes 
aos salários de dezembro, segue a tabela anterior. 
A contribuição do segurado só incide até o teto do salário contribuição, que 
atualmente é de R$ 4.159,00. Sobre o valor da remuneração que ultrapassar R$ 
4.159,00, o segurado não paga nada. Todavia, a contribuição da empresa – que 
será analisada mais adiante – incide sobre a remuneração integral. Por exemplo: o 
empregado cuja remuneração mensal é de R$ 5 mil terá descontado de sua 
remuneração, a contribuição previdenciária de R$ 457,49, que é o que equivale a 
11% de R$ 4.159,00. Mas a contribuição da empresa incidirá sobre R$ 5 mil. 
 
 
2.2.3 Contribuição do empregador e do empregado doméstico 
 
 
O inciso II do art. 15 do PCSS define o empregador doméstico como: “A 
pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado 
doméstico.” Empregado doméstico é aquele que presta serviço de natureza contínua 
à pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos. 
Note-se que o empregador doméstico não se enquadra como empresa para fins 
previdenciários. Isto porque a atividade do empregado doméstico está limitada ao 
âmbito residencial de seu empregador, sem finalidade lucrativa. 
O empregador doméstico contribui de maneira diferenciada para a 
Previdência Social. Ele paga mensalmente 12% sobre o salário de contribuição de 
seu(s) empregado(s) doméstico(s), enquanto os demais patrões recolhem sobre a 
folha salarial. Cabe ao empregador recolher mensalmente àPrevidência Social a 
sua parte e a do trabalhador, descontada do salário mensal. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
O desconto do empregado deverá seguir a tabela do salário de contribuição. 
O recolhimento das contribuições do empregador e do empregado domésticos 
deverá ser feito em guia própria (Guia da Previdência Social – GPS), observados os 
códigos de pagamento. Assim, o fato gerador é pagar remuneração a empregado 
doméstico a seu serviço, conforme o art. 24 do PCSS. O sujeito ativo é a União e o 
sujeito passivo é o empregador doméstico. 
A alíquota de 12% e com vencimento até o dia 15 do mês seguinte ao da 
competência, conforme os artigos 30, II, do PCSS, e 216, VIII, do RPS. Se o 
empregador decidir recolher FGTS para seu empregado doméstico, deverá 
preencher Cadastro Específico do INSS (CEI) e a Guia de Recolhimento do FGTS e 
Informações à Previdência Social (GFIP). 
Depois de assinar a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do 
empregado doméstico, o patrão deverá fazer inscrição do trabalhador na 
Previdência Social pela Internet ou em uma agência. Para fazer a inscrição é preciso 
apresentar a carteira de trabalho do empregado com o registro, documentos 
pessoais do trabalhador e do empregador. O empregador doméstico também 
arrecada a contribuição do empregado doméstico e a recolhe. Quando a empregada 
doméstica estiver em licença maternidade, o empregador deverá pagar à 
Previdência Social somente a quota patronal. 
Assim, no período de gozo da licença maternidade da empregada 
doméstica, o empregador doméstico deverá fazer apenas o recolhimento da 
contribuição de que é sujeito passivo, pois nesse período a segurada empregada 
doméstica recebe cobertura previdenciária de salário maternidade e não está 
obrigada a contribuir para o custeio da seguridade social. 
A legislação atribui exclusivamente ao empregador doméstico, e não ao 
empregado, a responsabilidade quanto ao recolhimento das contribuições 
previdenciárias. Em relação à contribuição do segurado empregado doméstico, 
vimos que a obrigação do recolhimento é do empregador doméstico, que desconta o 
respectivo valor por ocasião do pagamento da remuneração ao empregado 
doméstico a seu serviço. Ambas as contribuições, do empregador doméstico e do 
segurado empregado doméstico, devem ser recolhidas pelo empregador, conforme 
o art. 30, V, do PCSS. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 40 
 
2.2.4 Contribuição da empresa 
 
 
As contribuições sociais previdenciárias a cargo das empresas são 
instituídas com o amparo do art. 195, I, “a”, da CF. De acordo com este dispositivo 
constitucional, as contribuições previdenciárias do empregador, da empresa e da 
entidade a ela equiparada na forma da lei devem incidir a folha de salários e demais 
rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que 
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. 
Segundo o art. 15 da lei 8.212/91, considera-se empresa “a firma individual 
ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins 
lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, 
indireta e fundacional”. De acordo com o caput do art. 22 da Lei 8.212/91, a 
contribuição a cargo da empresa é destinada à Seguridade Social, além do 
dispositivo no art. 23, é de: 
 
I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou 
creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e 
trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o 
trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos 
habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de 
reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo 
tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da 
lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou 
sentença normativa. (LEI 8.212, 1991). 
 
Assim, o fato gerador é: dever, pagar ou creditar remuneração, a qualquer 
título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos 
conforme o art. 22, I, do PCSS. Sujeito ativo é a União. O sujeito passivo é o 
empregador, a empresa ou entidade equiparada que deve pagar ou creditar a 
remuneração a qualquer título aos segurados empregados e aos trabalhadores 
avulsos que lhe preste serviço. 
Em relação à base de cálculo, o total das remunerações pagas, devidas ou 
creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e 
trabalhadores avulsos, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os 
adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente 
prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador do serviço, nos 
termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho 
ou sentença normativa. 
Quanto ao vencimento: o pagamento deve ser feito até o dia 10 do mês 
seguinte ao da competência, segundo os artigos 30, I, “b”, do PCSS, e 216, I, “b”, do 
RPS, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente quando não houver 
expediente nesse dia. O importante é o período em que o trabalho tenha sido 
executado, e não a data em que a remuneração foi paga, o que pode ter ocorrido 
com atraso por parte da empresa, pois esse é o entendimento do Superior Tribunal 
de Justiça (STJ): 
 
As contribuições previdenciárias sob responsabilidade das empresas devem 
ser recolhidas no mês posterior ao trabalhado e não no mês seguinte ao 
efetivo pagamento do salário. (AgRg no Ag 54587/SC, Rel. Min. João Otávio 
Noronha, DJ, 22-3-2004, p. 287). 
 
Assim, a base de cálculo desta contribuição é o total das remunerações 
pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos 
no decorrer do mês. A remuneração paga é aquela que foi efetivamente entregue ao 
segurado. Remuneração creditada é aquela que foi depositada na conta bancária do 
segurado. Remuneração devida é aquela que o segurado tem direito a receber, 
porque prestou serviço, mas não recebeu. 
De acordo com o disposto no art. 195, § 9°, da CF, as contribuições para 
seguridade social a cargo das empresas poderão ter alíquotas ou bases de cálculo 
diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão 
de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Por 
isso, algumas empresas, em razão da atividade econômica que desenvolvem, não 
contribuem na forma do inciso I do art. 22 da Lei 8.212/91. 
Neste contexto, a associação desportiva que mantém equipe de futebol 
profissional (como veremos mais tarde) e também a agroindústria, o produtor rural 
pessoa jurídica e o produto rural pessoa física não contribuem sobre a remuneração 
dos empregados e trabalhadores avulsos que lhes prestam serviços. Em 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
substituição a esta, estes contribuintes pagarão outra contribuição, incidente sobre 
outra base de cálculo. 
 
 
2.2.5 Contribuição da associação desportiva que mantém equipe de futebol 
profissional 
 
 
A associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional não 
participa do custeio da seguridade mediante pagamento da contribuição patronal 
prevista no art. 22, incisos I e II, do PCSS. Em seu lugar, foi instituída a contribuição 
de que trata o art. 22, § 6°. Assim, o fato gerador é auferir receita em razão da 
realização de espetáculos desportivos e de qualquer forma de patrocínio, 
licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de 
transmissão de espetáculos desportivos. 
O sujeito ativo é a União. O sujeito passivo é a associação que mantém 
equipe de futebol profissional e que organize na forma da Lei Pelé (9.615/98). Será 
também sujeito passivo a associação que mantiver outras modalidades deesporte, 
além de manter equipe de futebol profissional. As demais associações desportivas, 
ou seja, as que não mantêm equipe de futebol profissional contribuem na forma dos 
incisos I e II dos artigos 22 e 23 do PCSS. 
Entretanto, a contribuição é retida na fonte e recolhida pela entidade 
promotora do espetáculo, pela empresa ou entidade que repassar recursos a título 
de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda 
e transmissão de espetáculos conforme o art. 22, §§ 7° e 9°, do PCSS, e artigos 20 
e 205, §§ 1° e 3°, do RPS. Para que a entidade promotora do espetáculo efetue 
desconto da contribuição na fonte, o sujeito passivo da obrigação tributária deve 
informar-lhe todas as receitas auferidas no evento, discriminando-as 
detalhadamente, conforme o art. 22, § 8°, do PCSS, e art. 205, § 2°, do RPS. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
 
2.2.6 Contribuição do contribuinte individual 
 
 
Até março de 2003, todo contribuinte individual era obrigado a recolher sua 
contribuição, por iniciativa própria, até o dia 15 do mês seguinte ao da competência. 
Com o advento da Lei 10.666\03, o contribuinte individual sofreu significativa 
alteração em sua forma de contribuir. Antes, ele era sempre responsável pelo 
recolhimento de sua contribuição e, agora, tem, em regra, a contribuição descontada 
de sua remuneração, quando prestar serviço a uma pessoa jurídica. 
A alíquota de contribuição do segurado individual será de 20% sobre o 
respectivo salário de contribuição, conforme a Lei 8.212\91, art. 21 caput. Na 
hipótese de o contribuinte individual prestar serviço a uma ou mais empresas, 
poderá deduzir da sua contribuição mensal 45% da contribuição da empresa, 
efetivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneração que esta lhe 
tenha pagado ou creditado, limitada a dedução a 9% do respectivo salário de 
contribuição segundo o art. 30, § 4°, da Lei 8.212/1991. 
Assim, nas hipóteses em que for possível aplicar a dedução prevista no 
artigo citado no parágrafo anterior, a contribuição do contribuinte individual será, na 
prática, 11% (20% - 9% = 11%). A forma de arrecadação da contribuição do 
contribuinte individual varia de acordo com a forma de prestação do serviço, como 
veremos a seguir: 
 
 O contribuinte individual, quando exercer atividade econômica por conta 
própria ou prestar serviço a pessoa física ou quando tratar-se de brasileiro 
civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o 
Brasil seja membro efetivo 
 
Nesses casos, o contribuinte individual está obrigado a recolher sua 
contribuição por iniciativa própria, até o dia 15 do mês seguinte àquele a que a 
contribuição se referir, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente 
quando não houver expediente bancário no dia 15, segundo o art. 216, II, da RPS. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
 
 O contribuinte individual que presta serviço à empresa 
 
De acordo com o disposto no art. 4° da Lei 10.666/03, fica a empresa 
obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu 
serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado 
juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia 20 do mês seguinte ao da 
competência, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente 
bancário naquele dia. 
Contribuinte individual a serviço da empresa é, por exemplo, um trabalhador 
eventual, um trabalhador autônomo, o próprio sócio que seja remunerado pela 
empresa, etc. 
 
 O contribuinte individual que presta serviço por intermédio de cooperativa 
de trabalho 
 
A cooperativa de trabalho é obrigada a descontar 11% do valor da quota 
distribuída ao cooperador por serviços por ele prestados, por seu intermédio, à 
empresa e 20% em relação aos serviços prestados à pessoa física e recolher o 
produto dessa arrecadação até o dia 20 do mês seguinte ao da competência a que se 
referir, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando 
não houver expediente bancário no dia 20, conforme o art. 216, § 31, da RPS. 
 
 Cooperado quando prestar serviços à cooperativa de produção 
 
Nesse caso, a cooperativa de produção descontará 11% da remuneração 
paga ou creditada aos cooperados envolvidos na produção dos bens ou serviços, 
sempre observando o limite máximo do salário de contribuição. A cooperativa de 
produção recolherá o valor descontado, juntamente com a contribuição a seu cargo, 
até o dia 20 do mês seguinte ao da competência. 
 
 
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 45 
 O contribuinte individual presta serviço a outro contribuinte individual 
equiparado à empresa ou a produtor rural pessoa física ou à missão 
diplomática e repartição consular de carreira estrangeiras 
 
Estes são excluídos da obrigação de arrecadar (descontar) a contribuição do 
contribuinte individual que lhe preste serviço, conforme o art. 4°, § 3°, da lei 
10666/03. Sendo assim, o contribuinte individual que presta serviço a uma das 
pessoas mencionadas acima está obrigado a recolher sua contribuição por iniciativa 
própria, até o dia 15 do mês seguinte ao da competência. 
 
 Contribuinte individual que trabalhe por conta própria sem relação de 
trabalho com empresa ou equiparado e que optar pela exclusão do direito ao 
benefício de aposentadoria por tempo de contribuição 
 
É de 11% sobre o valor do limite mínimo mensal do salário de contribuição a 
alíquota de contribuição do segurado contribuinte individual que trabalhe por conta 
própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e que optar pela 
exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, 
conforme o art. 21, § 2°, da Lei 8.212/91. O limite mínimo mensal do salário de 
contribuição do contribuinte individual corresponde a um salário mínimo. 
Contribuindo dessa forma o contribuinte individual terá direito aos benefícios de 
aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e salário-
maternidade, mas não terá direito à aposentadoria por tempo de serviço. 
O contribuinte individual que tenha contribuído com 11% sobre o salário 
mínimo, e no futuro pretenda contar o correspondente tempo para fins de obtenção 
da aposentadoria por tempo de contribuição ou de contagem recíproca do tempo de 
contribuição a ser averbado em regime próprio de previdência social, deverá 
complementar a contribuição mensal mediante o recolhimento de mais 9%, 
acrescidos de juros Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), conforme o 
art. 21, § 3°, da Lei 8.212/91. 
Importante frisar que a contribuição complementar de 9% será exigida a 
qualquer tempo, mesmo que relativa a período alcançado pela decadência, sob 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
pena de indeferimento da aposentadoria por tempo de serviço de contribuição, de 
acordo com a Lei 8212/90, art. 21, § 4°. 
 
 Contribuinte individual enquadrado como Microempreendedor (MEI) 
individual 
 
A Lei Complementar 128/2008 cria a figura do Microempreendedor Individual 
(MEI), com vigência a partir de 1º de julho de 2009. A contribuição do contribuinte 
individual que se enquadre como MEI será de 11% sobre um salário mínimo. 
Contribuindo dessa forma, o MEI não terá direito à aposentadoria por tempo de 
contribuição, pois esta não conta como tempo de contribuição. Mas, se o MEI que 
contribuiu dessa forma quiser contar tempo de contribuição, para fins de 
aposentadoria, basta complementar a contribuição mensal mediante o recolhimento 
de 9%, acrescidos de juros SELIC. 
Segundo a LC 128/2008, considera-se MEI quem exerce profissionalmente – 
o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002 (adiante reproduzido) – Código Civil, que tenha auferido receita bruta, no 
ano calendário anterior, de até R$ 60 mil, optante pelo Simples Nacional: 
 
Art. 966 - Considera-se empresário atividade econômicaorganizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
Parágrafo único - Não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso 
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa. (LEI 10406, 2002). 
 
No caso de início de atividades, o limite de receita bruta para que o 
empresário individual enquadre-se como MEI será de R$ 5 mil multiplicados pelo 
número de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo 
ano calendário, sendo consideradas as frações de meses como um mês inteiro. 
 
 
 
 
 
 
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 47 
 
 
2.2.7 Contribuição do segurado especial e facultativo 
 
 
A contribuição para segurados contribuinte individual e facultativo para 
pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2013, é a seguinte: 
 
 
TABELA 2 - CONTRIBUIÇÃO PARA SEGURADOS CONTRIBUINTE INDIVIDUAL E 
FACULTATIVO PARA PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO 
Salário de contribuição Alíquota para fins de recolhimento ao INSS 
R$ 678,00 (valor mínimo) 5%* 
R$ 678,00 (valor mínimo) 11%* 
De 678,00 (valor mínimo) até 4.159,00 
(valor máximo) 
20% 
* Alíquota exclusiva do microempreendedor individual e do segurada (o) facultativo que se dedique 
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência. 
FONTE: Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=313> 
 
 
A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo 
é de 20% sobre o salário de contribuição, respeitados os limites mínimo e máximo 
deste. Aos optantes pelo Plano Simplificado de Previdência Social, a alíquota é de 
11%. O segurado especial que recolha sobre a receita bruta da comercialização da 
produção rural tem direito aos benefícios: 
 salário-maternidade; 
 aposentadoria por idade ou por invalidez; 
 auxílio-doença; 
 auxílio-reclusão; 
 pensão por morte (valor de um salário mínimo) conforme o art. 39, § 2o, I, 
do RPS; 
 
 
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 48 
 auxílio-acidente (podendo ter valor inferior ao salário mínimo). 
Mas, se recolher, facultativamente, como contribuinte individual terá direito 
aos benefícios do RGPS estendidos ao contribuinte individual, sem necessariamente 
ter que observar o limite de um salário mínimo, dependendo do seu salário de 
contribuição. Segundo o art. 200, § 2o, do RPS, o segurado especial pode optar por 
recolher como contribuinte individual, além da contribuição sobre a receita bruta da 
comercialização da produção rural. 
O fato gerador da contribuição do segurado facultativo é inscrever-se como 
segurado do RGPS (art. 21 do PCSS). O sujeito ativo é a União. O segurado 
facultativo, que deve fazer o recolhimento por iniciativa própria, é o sujeito passivo. 
O vencimento é todo dia 15 do mês seguinte ao da competência, podendo optar por 
recolhimento trimestral caso o salário de contribuição seja igual ao salário-mínimo, 
sendo o vencimento também dia 15 do mês seguinte, mas ao de cada trimestre, 
conforme o art. 216, § 15, do RPS. 
 
 
2.2.8 Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos 
 
 
O art. 195, III, da CF estabelece uma contribuição social incidente sobre a 
receita de concursos de prognósticos. O art. 26 da Lei 8.212/91 também trata dos 
concursos: “Constitui receita da Seguridade Social a renda líquida dos concursos de 
prognósticos, excetuando-se os valores destinados ao Programa de Crédito 
Educativo (redação dada pela Lei n° 8.436, de 25.6.92).” 
De acordo com o § 1º do art. 26 da Lei 8.212/91, são considerados concursos 
de prognósticos: “Todos e quaisquer concursos de sorteios de números, loterias, 
apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos âmbitos federal, estadual, 
do Distrito Federal e municipal.” O art. 26, § 2º, determina que a receita da Seguridade 
Social seja a renda líquida de tais concursos, assim considerada o total da 
arrecadação, deduzidos os valores destinados a pagamento de prêmios, impostos e 
despesas de administração, conforme for determinado na legislação específica. 
 
 
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3 OUTRAS RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
De acordo com o disposto no art. 27, da Lei 8.212/91, constituem outras 
receitas da seguridade social: 
 as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; 
 a remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação, 
fiscalização e cobrança prestados a terceiros; 
 as receitas provenientes de prestação de outros serviços e fornecimento 
ou arrendamento de bens; 
 as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; 
 as doações, legados e outras receitas eventuais; 
 50% da receita obtida na forma do § único do art. 243 da CF, repassado 
para o INSS aos órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde e a 
ser aplicada no tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e 
drogas afins; 
 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da 
Receita Federal; 
 50% do valor do prêmio recolhido pelas companhias seguradoras que 
mantém o Seguro Obrigatório que Cobre Danos Pessoais Causados por 
Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT). Esse valor deve ser 
destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o custeio da assistência 
médico hospitalar aos segurados vitimados em acidentes de transito. 
 e outras receitas previstas em legislação específica. 
 
 
 
 
 
 
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3.1 PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE 
CONTRIBUIÇÃO 
 
 
Integram o salário de contribuição todas as parcelas de natureza 
remuneratória, ou seja, aquelas pagas em retribuição aos serviços prestados pelo 
trabalhador. As parcelas relativas à indenização e ao ressarcimento, em geral, não 
estão incluídas nos conceitos de salário de contribuição e de remuneração. Como 
veremos a seguir: 
 Indenização é a reparação de danos causados a uma pessoa. 
 Ressarcimento é o reembolso de despesas pagas pelo trabalhador em 
decorrência da execução de alguma atividade de interesse da empresa. 
 Remuneração é a retribuição pelos serviços prestados. 
Os valores pagos pelo trabalho integram o salário de contribuição. Mas os 
valores pagos para o trabalho não. De acordo como o disposto no art. 22, § 2°, da 
Lei 8.212/91, “não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 
28”. Assim, podemos afirmar que todas as parcelas que integram a base de cálculo 
da contribuição do segurado também integram a base de cálculo da contribuição 
da empresa. 
A diferença é que, em relação aos segurados, a base de cálculo respeita os 
limites mínimos e máximos do salário de contribuição. A base de cálculo da 
contribuição da empresa não respeita esses limites. Incide sobre o total da 
remuneração paga, devida ou creditada ao segurado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 51 
 
3.1.1 Parcelas integrantes 
 
 
Dizer que um determinado valor que o segurado receba da empresa integra 
o salário de contribuição significa dizer que sobre este valor vai incidir contribuição 
previdenciária, ou seja, esse valor vai compor a base de cálculo da contribuição 
previdenciária. A legislação previdenciária, Lei 8.212/91, em seu art. 28 § 9°, e o art. 
214, § 9°, da RPS, relacionam apenas as parcelas que não integram o salário de 
contribuição. Por exclusão, as parcelas que não constam nessa relação abaixo 
integram o salário de contribuição. 
Como exemplo, segue algumas parcelas que integram o salário de 
contribuição: 
 salário; 
 saldo de salário pago na rescisão do contrato de trabalho; 
 salário-maternidade; 
 férias gozadas; 
 1/3 de férias gozadas; 
 13% salário; 
 horas-extras; 
 adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno; 
 adicional por tempo de serviço; 
 pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento do empregado 
por motivo

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