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AN02FREV001/REV 4.0 2 DIREITO PREVIDENCIÁRIO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 SEGURIDADE SOCIAL 1.1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 1.1.1 Definição 1.1.2 Fontes 1.1.3 Interpretação 1.2 SEGURIDADE SOCIAL 1.2.1 Na esfera internacional 1.2.2 No Brasil 1.2.3 Definição de seguridade social 1.3 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL 1.3.1 Universalidade da cobertura e do atendimento 1.3.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais 1.3.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços 1.3.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios 1.3.5 Equidade na forma de participação no custeio 1.3.6 Diversidade da base de financiamento 1.3.7 Caráter democrático e descentralização da gestão administrativa 1.4 NATUREZA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA DA SEGURIDADE SOCIAL 1.5 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL MÓDULO II 2 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 2.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA O CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL 2.2 TIPOS DE CONTRIBUIÇÕES 2.2.1 Contribuição do segurado e salário de contribuição AN02FREV001/REV 4.0 4 2.2.2 Contribuição do empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso 2.2.3 Contribuição do empregador e do empregado doméstico 2.2.4 Contribuição da empresa 2.2.5 Contribuição da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional 2.2.6 Contribuição do contribuinte individual 2.2.7 Contribuição do segurado especial e facultativo 2.2.8 Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos 3 OUTRAS RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL 3.1 PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO 3.1.1 Parcelas integrantes 3.1.2 Parcelas não integrantes MÓDULO III 4 SEGURADOS E DEPENDENTES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 4.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL 4.1.1 Finalidade e os princípios básicos da previdência social 4.1.2 Filiação e inscrição 4.2 SEGURADOS DA PREVIDENCIA SOCIAL 4.2.1 Segurados obrigatórios 4.2.2 Empregado doméstico 4.2.3 Contribuinte individual 4.2.4 Trabalhador avulso 4.2.5 Segurado especial 4.3 DEPENDENTES 4.4 BENEFÍCIO PENSÃO POR MORTE E BENEFÍCIO AUXÍLIO RECLUSÃO MÓDULO IV 5 REGIMES E BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 5.1 REGIMES PREVIDENCIÁRIOS AN02FREV001/REV 4.0 5 5.2 BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 5.3 PERÍODO DE CARÊNCIA DOS BENEFÍCIOS 5.4 BENEFICÍOS EM ESPÉCIE DEVIDOS AOS SEGURADOS 5.4.1 Auxílio-doença 5.4.2 Auxílio-acidente 5.4.3 Salário-família 5.4.4 Salário-maternidade 5.4.5 Aposentadoria por tempo de contribuição e por idade 5.4.6 Aposentadoria por invalidez 5.4.7 Aposentadoria especial 5.5 ACIDENTE DE TRABALHO 5.6 FATOR PREVIDENCIÁRIO E REAJUSTE PARA OS APOSENTADOS MÓDULO V 6 ASSISTÊNCIA SOCIAL 6.1 ASSISTÊNCIA SOCIAL 6.1.1 Conceito 6.1.2 Objetivos 6.1.3 Finalidade 6.2 FINANCIAMENTO 6.3 PRINCÍPIOS E DIRETRIZES CONSTITUCIONAIS 6.3.1 Princípios 6.3.2 Diretrizes 6.4 BENEFÍCIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 6.4.1 Benefício de prestação continuada 6.4.2 Benefícios eventuais 6.5 PROGRAMAS E PROJETOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL 6.5.1 Programas 6.5.2 Projetos AN02FREV001/REV 4.0 6 MÓDULO VI 7 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE E OS PLANOS DE SAÚDE 7.1 SAÚDE 7.1.1 Conceito 7.1.2 Proteção constitucional à saúde pública 7.2 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) 7.2.1 O SUS na Constituição 7.2.2 SUS na Lei 8.080 de 1990 7.2.3 Objetivos e diretrizes 7.2.4 Descentralização 7.2.5 Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) 7.3 PLANOS DE SAÚDE 7.3.1 Conceito 7.3.2 Tipos de planos de saúde 7.4 CRIMES PREVIDENCIÁRIOS 7.4.1 Apropriação indébita previdenciária 7.4.2 Sonegação de contribuição previdenciária 7.4.3 Falsificação de documento público 7.4.4 Estelionato e fraudes REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 7 MÓDULO I 1 SEGURIDADE SOCIAL 1.1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 1.1.1 Definição O Direito Previdenciário – denominação que se dá ao conjunto de normas que disciplinam a seguridade social – é um dos ramos do Direito Público, uma vez que a maior parte de seus institutos está localizada na Constituição Federal, cujo objeto é o estudo da seguridade social. Esse direito é fruto da Revolução Industrial e do desenvolvimento da sociedade humana. Tem como objetivo as relações entre os órgãos incumbidos da administração das receitas previdenciárias e a concessão de benefícios às pessoas sujeitadas ao cumprimento das obrigações, que são os contribuintes e os beneficiários da previdência. 1.1.2 Fontes O Direito Previdenciário tem como fontes: Constituição Federal; Emenda Constitucional; Lei Complementar; Lei Ordinária; Medida Provisória; AN02FREV001/REV 4.0 8 Decreto Legislativo; Resolução do Senado Federal; Atos Administrativos Normativos (Ordem de Serviço); Circular, Orientação Normativa, etc. Jurisprudência dos tribunais Superiores. Importante é que o princípio da hierarquia das normas impõe que cada espécie normativa não exceda os limites traçados pela Constituição Federal (CF). 1.1.3 Interpretação O intérprete do Direito Previdenciário deve estar atento aos fundamentos e objetivos do Estado Democrático de Direito, previstos nos artigos 1° e 2° da CF, notadamente a dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais. O art. 6° da CF relaciona os direitos sociais, como por exemplo, direito à saúde, proteção à maternidade, etc., ou seja, conforme o que disciplina a ordem social. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e seus objetivos são o bem-estar e a justiça social. O trabalho e a dignidade da pessoa humana são fundamentos do Estado Democrático de Direito, pois só o trabalho propicia ao homem sustentar-se e à sua família; do que resulta que só há dignidade humana quando houver trabalho, ou seja, só o trabalho propicia bem-estar e justiça sociais. Também foi enumerada no art. 7° da CF, a relação de emprego. Portanto, os fundamentos do Estado Democrático de Direito e os objetivos fundamentais apontam para o conceito de justiça social. Para a CF, a distribuição dos benefícios e obrigações sociais entre todos contribui para a redução das desigualdades sociais e regionais, ou seja, a distribuição deve conceder mais benefícios a quem tem mais necessidade, e menos benefícios aos menos necessitados. Dessa forma, os resultados da interpretação da legislação previdenciária nunca podem acentuar desigualdades nem contrariar o princípio da desigualdade da pessoa humana. A Constituição de 1988 estatuiu um capítulo próprio para a seguridade social, intitulado de “Da Ordem Social", no qual constam várias AN02FREV001/REV 4.0 9 disposições sobre seguridade social, abrangendo a previdência social, assistência social e saúde. 1.2 SEGURIDADE SOCIAL 1.2.1 Na esfera internacional A seguridade social foi constitucionalmente subdividida em normas sobre saúde, previdência social e assistência social, regendo-se pelos princípios da universalidade da cobertura e do atendimento, da igualdade ou equivalência dos benefícios, da unidade de organização pelo Poder Público e pela solidariedade financeira, uma vez que é financiada por toda a sociedade. Com o marco inicial dos primeiros ordenamentos legais que demonstravam a preocupação do Estado em amparar aqueles que não possuíam meios de assegurar sua própria subsistência ou tratamento de suas enfermidades, podemos citar a Lei dos Pobres (Poor Relief Act), editada na Inglaterra, em 1601, que instituía auxílios e socorros públicos aos necessitados. Em 1883, o chanceler alemão Otto Von Bismark instituiu o seguro doença. Em 1884, foi criada a cobertura obrigatória paraos acidentes relacionados ao trabalho. Na esfera constitucional, a primeira constituição a tratar sobre esse assunto (seguridade social) foi a mexicana, em 1917. A Constituição Alemã seguiu o mesmo exemplo, em 1919. Havia, assim, uma preocupação do Estado em amparar aqueles que não possuíam meios de assegurar sua própria subsistência ou tratamento de suas enfermidades. Segundo Marcos André Ramos Vieira (2005), a Inglaterra foi o berço da Revolução Industrial e a massa operária sentiu necessidade de um seguro contra determinadas adversidades, garantido pelo próprio Estado. Diante disso, o Decreto nº 3.724/1919 estabeleceu o seguro de acidentes de trabalho a cargo do empregador, prevendo indenizações em caso de morte, lesões corporais ou moléstias incapacitantes no exercício do trabalho. AN02FREV001/REV 4.0 10 1.2.2 No Brasil O marco inicial da previdência social brasileira aconteceu em 1923, por meio do Decreto nº 4.682, denominado Lei Eloy Chaves, instituindo assim a previdência social brasileira, criando as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) para todos os empregados de cada uma das empresas ferroviárias, onde obrigatoriamente foram instaladas. As CAPs asseguravam aposentadoria ordinária, que combinava com tempo de serviço e com idade, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e assistência médica. O custeio se dava por meio de contribuições dos empregados, empregadores e contribuições do Estado. 1926 Por intermédio de outros decretos, foram estendidos benefícios aos portuários e marítimos, telegráficos e radiotelegráficos, aos empregados dos serviços de força, luz, bonde e telefonia vinculados aos Estados, municípios e empresas particulares. 1929 A preocupação de estabelecer uma renda àqueles que trabalharam durante anos e chegavam à velhice sem condições de trabalho e de se manterem foi adotada pelos Estados Unidos após a crise de 1929, por meio de New Deal, que teve como inspiração o estado de bem-estar social (welfare state). As principais atribuições e responsabilidades eram organizar, aplicar e gerir investimentos na área da saúde pública, assistência social e previdência social. AN02FREV001/REV 4.0 11 1935 Foi editado nos Estados Unidos o Social Security Act, que tinha como objetivo manter uma renda às pessoas que, devido à idade avançada, não conseguiam mais trabalhar. Nesta mesma época, foi instituído o auxílio desemprego para os trabalhadores que estivessem desempregados temporariamente. 1933 a1934 Foram criados os Institutos de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM), dos Comerciários (IAPC) e dos Bancários (IAPB). A Constituição de 1934 foi a primeira a utilizar referência à expressão “previdência”. Ela também estabeleceu a competência da União para legislar sobre a assistência social e confere aos Estados- membros a competência para fiscalizar a aplicação das leis sociais. 1936 Foi criado o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI). Em 1938, foi criado o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Transportes de Carga (IAPTEC), incluindo neste os avulsos, os empregados em carga e descarga, bem como os estivadores. 1938 Foi criado o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE), com alcance obrigatório sobre todos os funcionários civis, efetivos, interinos ou em comissão e os empregados do próprio instituto. 1946 A Constituição de 1946 empregou pela primeira vez a expressão “Previdência Social”. Ela manteve também o tríplice custeio pela União, empregado e empregador, instituindo a obrigatoriedade do seguro de acidente de trabalho pelo empregador. AN02FREV001/REV 4.0 12 1953 Foi efetuada a fusão de todas as CAPs de ferroviários e serviços públicos, originando a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados dos Serviços Públicos (CAPFESP). 1959 Foi criada a Lei nº 3.259, que concedeu aposentadoria com remuneração integral ao jornalista profissional com 30 anos de serviço. 1960 A Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados dos Serviços Públicos (CAPFESP) passou a denominar-se Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários e Empregados dos Serviços Públicos (IAPFESP). Nesse mesmo ano, a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), padronizou o sistema assistencial, ampliando benefícios, instituindo o auxílio- natalidade, auxílio-funeral, o auxílio-reclusão e estendeu a assistência para outras categorias profissionais. Assim, passaram a ser segurados todos os que exercessem emprego ou atividade remunerada, à exceção dos servidores da União, Estados, Municípios e Territórios, sujeitos a regimes próprios de previdência, bem como os trabalhadores domésticos e rurais. A LOPS foi regulamentada pelo Decreto nº 48.959. 1963 Foi estabelecido o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) Neste mesmo ano, a Lei nº 4.266 criou o salário-família. Em 1966, surge o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e em 1967 com união dos IAPs, surgiu o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). AN02FREV001/REV 4.0 13 1969 Por meio da Emenda Constitucional nº 1, surgiram inovações, tais como: nova redação da LOPS; criação do amparo previdenciário para os maiores de 70 anos ou inválidos, no valor de meio salário mínimo; primeira edição da Consolidação da Legislação Previdenciária (CLPS). Tal compêndio tinha força de decreto e não de lei. Nos casos de dúvidas, sempre deveriam ser observadas as disposições constantes da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS); instituição do salário benefício para o jogador de futebol profissional; instituição do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS); Instituição do Seguro-Desemprego (Decreto-Lei nº 2.283/86). Grande evolução aconteceu em 1970, quando foi criado a instituição do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Amparo ao Servidor Público (PASEP), como uma maneira de integrar o trabalhador na participação dos resultados das empresas. 1971 A criação do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRÓ- RURAL), em que o trabalhador rural obteve direito a vários benefícios no valor de meio salário mínimo. Neste mesmo ano, foi criado o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). 1972 A Lei nº 5.859 inclui os empregados domésticos na Previdência Social. Em 1973, a Lei nº 5.939 institui o salário de benefício para o jogador de futebol profissional. AN02FREV001/REV 4.0 14 1974 A partir desta data, a previdência social passou a ter um ministério exclusivo desvinculado do Ministério do Trabalho, o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Também foi criado neste mesmo ano o salário- maternidade e o amparo previdenciário ao maior de 70 anos, que está previsto no art. 203 da CF de 1988. 1977 Surgiram: Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), subdividido em Instituto Nacional de Previdência Social (INPS); Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS); Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), para prestar assistência social à pessoa carente; Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM); Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV); Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS); Central de Medicamentos (CEME). 1981 Por meio da Emenda Constitucional nº 18, foi concedida a aposentadoria especial ao professor após 30 anos e à professora após 25 anos de serviço, com salário integral. A Constituição de 1988 inovou, concebendo a previdência e a assistência social como integrantes da Seguridade Social, desvinculandoa ordem social da ordem econômica. Como veremos a seguir. Artigos 6° e 7° e incisos (direitos sociais): II - seguro-desemprego; AN02FREV001/REV 4.0 15 VIII – décimo-terceiro salário; XII – salário-família; XVIII e XIX – licença à gestante, salário-maternidade e licença- paternidade; XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho; XXIII – adicionais pelo exercício de atividades penosas, insalubres e perigosas; XXIV – aposentadoria; XXV – assistência aos filhos até cinco anos de idade em creches e pré- escolas; XXXIII – proteção ao trabalho do menor; XXXIV – igualdade de direitos dos trabalhadores avulsos e parágrafo único, direitos dos trabalhadores domésticos. Art. 22 (matéria de competência legislativa privativa da União): XXIII – seguridade social. Art. 24 (matéria de competência concorrente da União, dos Estados e do DF): XII e XIV – previdência social, proteção e defesa da saúde, proteção e integração das pessoas portadoras de deficiência. Art. 149, caput (competência exclusiva da União) e § 1º (competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios): para instituir contribuições sociais; para instituir contribuição, cobrada de seus servidores para custeio de sistemas de previdência e de assistência social. Artigos194 e 195: disposições gerais sobre a seguridade social. Artigos 196 a 200: normas relativas à saúde. AN02FREV001/REV 4.0 16 Artigos 201 e 202: normas relativas à previdência social. Artigos 203 e 204: normas relativas à assistência social. 1990 Foi extinto o MPAS e criado o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS). O INAMPS é vinculado ao Ministério da Saúde. A Lei nº 8.029 criou neste mesmo ano o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mediante fusão do IAPAS com o INPS. 1991 Entraram em vigor as Leis nº 8.212 e nº 8.213, respectivamente, de custeio e de benefícios da Previdência Social. E, somente em 1997, foram publicados os Decretos nº 2.172 e nº 2.173, regulamentadores das leis de custeio e de benefícios da Previdência Social. Em 1999, o Decreto nº 3.048 substitui os Decretos nº 2.172 e nº 2.173, regulamentadores das leis de custeio e de benefícios da Previdência Social. 1992 Foi extinto o MTPS e criado Ministério da Previdência Social (MPS). 1993 Foi extinto o INAMPS. 1995 Foi extinta a LBA. AN02FREV001/REV 4.0 17 1998 A Emenda Constitucional nº 20 reformou grande parte da previdência social brasileira, como, por exemplo, retirando dos professores universitários a aposentadoria especial após 30 anos e da professora após 25 anos de serviço com salário integral. 1999 A Lei nº 9.876 criou o fator previdenciário, ponderando-se para o cálculo de alguns benefícios a expectativa de vida, a idade e o tempo de contribuição do segurado. 2001 A Lei Complementar nº 109 dispôs sobre o Regime de Previdência Complementar. 2002 A Lei nº 10.256 estabeleceu que a agroindústria deve recolher sobre a comercialização da produção rural, industrializada ou não. E a Lei nº 10.421 estende o salário-maternidade às mães adotivas, por um período de 20 a 120 dias em razão da idade da criança adotada. 2003 A área de assistência social passou para o Ministério da Assistência e Promoção Social, atualmente Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Neste ano, também a Lei nº 10.710 retornou a obrigação dos empregadores AN02FREV001/REV 4.0 18 pagarem o salário-maternidade e, ainda, a Emenda Constitucional 41 reformou os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). 2005 A Emenda Constitucional nº 47 alterou os artigos 40, 195 e 201 da CF, para dispor sobre a previdência social – proventos de aposentadoria dos servidores públicos – e faz uma ressalva em relação ao direito de aposentadoria. etc. 1.2.3 Definição de seguridade social A seguridade social é um dos instrumentos disciplinados pela Ordem Social que, assentado no primado do trabalho, propicia bem-estar e justiça sociais, ou seja, é um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover às suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias. É um conjunto de medidas adotadas pelo Estado, por meio de organizações próprias ou subvencionadas, destinadas a prover as necessidades vitais da população do país, nos eventos básicos previsíveis e em outras eventualidades, variáveis segundo as condições nacionais, que podem verificar-se na vida de cada um, por meio de um sistema integrado de seguro social e de prestação de serviços, de cuja administração e custeio participam, direta ou indiretamente, os próprios segurados ou a população mesma, as empresas e o Estado. A definição fornecida pela Constituição Federal (1988), em seu art. 194, é que “a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Determinou a Constituição que a seguridade será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: do empregador, da empresa e da AN02FREV001/REV 4.0 19 entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados. A qualquer título à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. A receita ou o faturamento, o lucro do trabalhador e dos demais assegurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da CF. Sobre a receita de concursos e prognósticos. Desta forma, o dever constitucional imposto aos poderes públicos e à sociedade demonstra que a solidariedade é o fundamento da seguridade social. Para Sérgio Pinto Martins (2006, p. 78) é o: Conjunto de princípios, de regras e de instituições, destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. (Sérgio Pinto Martins, 2006, p. 78). Sendo assim, a seguridade social é o sistema que compreende um conjunto de ações integradas de iniciativa dos poderes públicos e da própria sociedade, com vistas a garantir o direito à previdência, à assistência e à saúde a todos aqueles que delas necessitem. Portanto, ela garante a proteção social, compreendida na Assistência Social, na Previdência e no direito à saúde. Essa proteção e seu respectivo custeio podem ser expandidos, nos termos do art. 194, § único, da CF, em vista das mutações sociais e econômicas, geradoras de novas contingências causadoras de necessidades. Dessa forma, a seguridade social entra em cena quando o indivíduo não tem condições de prover seu sustento ou de sua família, em razão de desemprego, doença, invalidez ou outros motivos. A proteção na área da previdência social é um direito subjetivo dos segurados, isto é, daqueles que contribuem para o custeio do sistema. A CF (1988), em seu art. 196, diz que “todos têm direito à saúde, independentemente de contribuição para o custeio”. Se for segurado da previdência social, a proteção será efetivada na forma de pagamento do benefício correspondente à contingência, necessidade que o atingiu; tendo, ainda,direito a serviços de assistência à saúde. Se não for segurado de nenhum regime AN02FREV001/REV 4.0 20 previdenciário, e se preencher os requisitos legais, terá direito a benefícios e serviços de assistência social e de assistência à saúde. A universalidade é a característica dos direitos sociais, redutores das desigualdades. Por meio da seguridade social, todos têm direito a alguma forma de proteção, independendo de sua condição socioeconômica, ou seja, é o redutor das desigualdades sociais causadas pela falta de ingressos financeiros no orçamento do indivíduo e de sua família, e instrumento de justiça social. A seguridade social engloba, portanto, um conceito amplo, universal, destinado a todos que dela necessitem desde que haja previsão na lei sobre determinado evento a ser coberto. É, na verdade, o gênero do qual são espécies a Previdência Social, Assistência Social e a Saúde. Possui leis e institutos próprios, além de órgãos específicos para o seu funcionamento. 1.3 PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL Princípios são proposições básicas e fundamentais de uma ciência que irão servir de base para elaboração de uma norma jurídica. De acordo com as lições de Celso Mello (2004, p. 841-842): Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que presidem a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário, chamado sistema jurídico positivo. (CELSO MELLO, 2004, p. 841-842). O direito da seguridade social, assim como os direitos, civil, tributário, trabalhista, do consumidor, dentre outros, são ramos de direito independentes entre si, possuindo, assim, princípios próprios, os quais servem como orientação para criação, interpretação e aplicação das normas por eles abrangidas. Os princípios da seguridade social encontram-se em vários dispositivos da Constituição Federal. É, porém, no parágrafo único do art. 194 onde está inserida a maioria desses princípios. AN02FREV001/REV 4.0 21 São princípios constitucionais porque se caracterizam pela generalidade de suas disposições e seu conteúdo condiz com os valores que o sistema visa proteger. Fundamentam a ordem jurídica, orientam o trabalho de interpretação das normas e, quando caracterizada a omissão da lei, são fontes do direito. Tais princípios são setoriais porque aplicáveis apenas à seguridade social. Desta forma, os princípios específicos que regem a seguridade social estão estabelecidos no art. 194 da CF de 1988, que determina competir ao Poder Público a organização, nos termos da lei, da seguridade social, com a observância obrigatória dos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados.(CONSTITUIÇÂO FEDERAL, 1988). Embora esse dispositivo constitucional utilize a expressão “objetivos”, na verdade, estão ali enumerados verdadeiros princípios constitucionais, princípios e diretrizes, como veremos a seguir. 1.3.1 Universalidade da cobertura e do atendimento Na universalidade, todos os residentes no país farão jus às prestações do sistema, sejam nacionais ou estrangeiros. Universalidade de cobertura em relação às pessoas estabelece proteção a todos que se encontram residentes no país, tendo com isso direito à prestação do sistema, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Assim, por universalidade de cobertura entende-se que a proteção social deve alcançar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade. Riscos AN02FREV001/REV 4.0 22 sociais são infortúnios da vida (doença, acidentes, velhice, invalidez, etc.) a quais qualquer pessoa estará sujeita. Universalidade de atendimento refere-se às contingências que serão cobertas e não pessoas envolvidas, ou seja, estabelece uma cobertura aos riscos sociais devido às contingências que atingem as pessoas abrangidas, tais como: maternidade, morte, idade avançada, invalidez, desemprego involuntário, dentre outros. Assim, a universalidade do atendimento tem por objetivo tornar a seguridade social acessível a todas as pessoas residentes no país, inclusive estrangeiras. Para atender a esse princípio constitucional, foi criada, no regime geral de previdência social, a figura do segurado facultativo. Assim, todos, mesmo que não exerçam atividade remunerada, têm cobertura. Para tanto, é necessário contribuir para o sistema previdenciário. 1.3.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais Esse princípio vem corrigir defeitos da legislação previdenciária rural que sempre discriminava o trabalhador rural. A uniformidade diz respeito às contingências que irão ser cobertas. A uniformidade indica mesmo nível das populações urbanas e rurais, pois a Constituição vedou o tratamento desigual para as populações urbana e rural. Quando se fala em uniformidade, equivale dizer, portanto, que as mesmas contingências como morte, maternidade, velhice, serão cobertas tanto para os trabalhadores urbanos como para os rurais. Como exemplo de equivalência, o valor mensal dos benefícios previdenciários que substituam o rendimento do trabalho do segurado urbano ou rural nunca será inferior a um salário mínimo, é o que diz o art. 201, § 2° da CF. AN02FREV001/REV 4.0 23 1.3.3 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços A seletividade atua na delimitação do rol de prestações, ou seja, na escolha dos benefícios e serviços a serem mantidos pela seguridade social, enquanto a distributividade direciona a atuação do sistema protetivo para as pessoas com maior necessidade, definindo o grau de proteção. Os benefícios da assistência social, por exemplo, serão concedidos apenas aos necessitados. Os benefícios salário-família e o auxílio-reclusão só serão conferidos aos beneficiários de baixa renda. Assim, dado o caráter social do Sistema da Seguridade Social, este princípio determina que suas prestações devam ser selecionadas de acordo com as maiores carências sociais, dentro das possibilidades do mesmo e de acordo com as necessidades de cada um. Ou seja, o legislador escolhe e seleciona os riscos que serão protegidos por meio da legislação ordinária, de acordo com a capacidade econômica do Estado. Desta forma, este princípio procura amenizar os efeitos do princípio da universalidade. Deste modo, os princípios da universalidade e da seletividade devem ser aplicados de forma harmônica e equilibrada. 1.3.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios De acordo com este princípio, o benefício legalmente concedido pela previdência social ou pela assistência social não pode ter seu valor nominal reduzido. É assegurado o reajustamento dos benefícios para preserva-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. Diante disto, este princípio estabelece que todo o benefício previdenciário deve ter seu valor real preservado, devendo ser estabelecidos mecanismos para atualização dos mesmos, mantendo-se, assim, o seu valor real de compra.AN02FREV001/REV 4.0 24 O princípio da irredutibilidade, por si só, não assegura o reajustamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), de acordo com critérios definidos em lei ordinária, é o princípio da preservação do valor real dos benefícios, previstos no § 4° do art. 201 da CF. 1.3.5 Equidade na forma de participação no custeio A equidade nada mais é do que o desdobramento do princípio da igualdade, uma vez que estabelece tratamento igual para as pessoas que se encontrem nas mesmas condições, ou seja, aqueles que possuem a mesma capacidade contributiva devem contribuir de forma igual – quem ganha mais contribui mais, quem ganha menos contribui menos –, sendo os benefícios por isso equivalentes à contribuição. Assim, as pessoas que tiverem situação igual deverão contribuir da mesma forma. Apesar de existir na legislação previdenciária alguns exemplos de equidade na forma de participação no custeio da seguridade social, este princípio constitucional não é uma norma de eficácia plena. Trata-se de uma programática, ou seja, é uma meta a ser alcançada, e não uma regra concreta. 1.3.6 Diversidade da base de financiamento A seguridade social tem diversas fontes de custeio. Assim, há maior segurança para o sistema. Em caso de dificuldade na arrecadação de determinadas contribuições, haverá outras para lhes suprir a falta. Toda sociedade é responsável pelo financiamento da Seguridade Social. Dessa maneira, empregados, empregadores e governo possuem obrigações específicas quanto à sua participação para manutenção do sistema. Podem ser instituídas outras fontes de custeio mediante lei complementar, contudo, a nova contribuição deverá ter fato gerador e base de cálculo, diversos dos AN02FREV001/REV 4.0 25 impostos previstos na Constituição. Sendo assim, de acordo com o caput do art. 195 da CF (1988), a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988). O § 4º do art. 195 da CF ainda prevê que, mediante lei complementar, outras contribuições possam ser instituídas para garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. 1.3.7 Caráter democrático e descentralização da gestão administrativa Nos termos do art. 10 da CF (1988), “é assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação”. Desta forma, o sistema da seguridade social será gerido de forma quadripartite, ou seja, por meio de representantes dos trabalhadores, empregadores, aposentados e governo nos órgãos colegiados, isto é, trata da preexistência de custeio em relação ao benefício ou serviço. De acordo com este princípio, a gestão dos recursos, programas, planos, serviços e ações, nas áreas da seguridade social, em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante discussão com a sociedade. Podemos citar como exemplo da materialização deste princípio a criação do Conselho Nacional de Previdência Social (lei 8.213/91, art. 3°), do Conselho Nacional de Assistência Social (lei 8.742/93, art. 17) e do Conselho Nacional de Saúde (lei 8.080/90). AN02FREV001/REV 4.0 26 Existem outros princípios que, apesar de não serem tratados pelo art. 194 da CF, merecem destaque, como, por exemplo: solidariedade ou solidarismo – princípio social que estabelece que as pessoas que exercem atividades remuneradas devem contribuir para o sistema, sustentando ou mantendo aqueles que agora estão inativos, ou seja, estão recebendo algum benefício previdenciário. Este princípio aplica- se a todos os ramos da Seguridade Social, especialmente à previdência. Os ativos devem contribuir para sustentar os inativos. a preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço – estabelece o § 5° do art. 195 da CF (1988) que: “Nenhum benefício ou serviço da Seguridade Social poderá ser criado, majorado, ou seja, aumentado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.” Desta forma, para a criação de um novo benefício ou aumento dos valores pagos deverá existir uma fonte prévia de custeio. 1.4 NATUREZA JURÍDICA E RELAÇÃO JURÍDICA DA SEGURIDADE SOCIAL A natureza jurídica do direito da seguridade social envolve o contribuinte, o beneficiário e o Estado, que arrecada as contribuições, paga os benefícios e presta os serviços, administrando o sistema. Sendo a seguridade social um conjunto integrado de ações que visa assegurar direitos à saúde, previdência e assistência social, há três tipos de relações jurídicas a considerar: relação jurídica de assistência à saúde; relação jurídica de previdência social; relação jurídica de assistência social. Os sujeitos da relação jurídica da seguridade social são: o sujeito ativo (quem dela necessitar); sujeitos passivos (poderes públicos, como sendo a União, Estados e Municípios) e a sociedade em geral. O objeto da relação jurídica de que se trata merece especial atenção. O seguro social tinha como objeto a proteção do risco, na sua conceituação típica do Direito Civil, isto é, evento futuro e incerto, cuja AN02FREV001/REV 4.0 27 ocorrência gera dano para a vítima. No campo civilista, o risco acontecido configura o sinistro e o dano decorrente é coberto pela indenização. O direito à cobertura pelo seguro só existe se o segurado tiver pagado o prêmio. O risco é de livre definição pelas partes, assim como a extensão da indenização. A relação jurídica nasce da celebração do contrato. No seguro social, a noção de risco ainda estava presente, uma vez que o trabalhador interessado na cobertura pagava sua contribuição. A diferença é que os riscos não eram livremente escolhidos pelas partes, mas, sim, definidos em lei. Na área da seguridade social, a questão se coloca de maneira diferente. O seguro, na sua acepção civilística, não se mostrou suficiente para configurar o objeto de proteção social dada pela seguridade, porque a noção de risco está sempre ligada a dano, prejuízo que deve ser recomposto pela indenização. Mas em termos de seguridade social, a proteção nem sempre se origina de dano, como exemplos, a invalidez, causa de incapacidade para o trabalho, e evento danoso que tem cobertura previdenciária ou assistencial. Porém, a maternidade não é dano, mas também tem cobertura pela seguridade social, pois a mãe fica impossibilitada de trabalhar e prover seu sustento e de sua família. O seguro impõe o pagamento de prêmio para que, configurado o sinistro, seja paga a indenização, não é o que ocorre na seguridade social, em que nem todos contribuem para o custeio, mas todos têm direito a algum tipo de proteção social. Quem pode contribuir é segurado da previdência social, quem não pode contribuir tem direito à assistência social, desde que preenchidos os requisitos legais, mas todos têm direito à assistência à saúde. Como vimos, a relação jurídica da seguridade social é diversa da relação jurídica do seguro do Direito Civil, embora sepossa afirmar que somente a relação jurídica previdenciária se aproxima de uma relação de seguro, porque a cobertura penderá sempre de contribuição do segurado. Desta forma, a relação jurídica da seguridade se forma após a ocorrência do evento, para então, reparar a consequência, necessidade dela decorrente. Para a seguridade social, o que interessa é o resultado que o fato produz. AN02FREV001/REV 4.0 28 1.5 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL A seguridade social é financiada conforme previsto no art. 195, incisos de I a IV da CF e da Lei 8.212/91, art. 10. A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos do art. 195 da Constituição Federal e desta Lei, mediante recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais. (Lei 8.212, 1991). Já tratamos da diversidade da base de financiamento, tendo, inclusive, salientado que outras fontes de custeio poderão ser criadas, na forma do § 4º do art. 195 da CF (1988): “A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.” Assim, a forma direta de financiamento é feita mediante o pagamento de contribuições sociais previstas nos incisos I a IV do art. 195. Das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), destinadas a financiar o programa do seguro desemprego e o abono pago aos empregados que recebem até dois salários mínimos de remuneração mensal. A forma indireta se dá com o aporte de recursos orçamentários da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. O § 1º do art. 195 da CF determina que esses recursos constem dos respectivos orçamentos dos entes federativos, salientando que não integram o orçamento da União. No âmbito federal, o orçamento da seguridade social é composto das seguintes receitas: da União, das contribuições sociais e de outras fontes (Lei 8.212/91, art. 11). As contribuições sociais destinadas à seguridade social segundo o art. 11, parágrafo único são as seguintes: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; (Art. 104 da lei 11.196/2005); b) as dos empregadores domésticos; c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário de contribuição; (Art. 104 da lei 11.196/2005); d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; AN02FREV001/REV 4.0 29 e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos. f) as do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (art. 195, IV da CF). (Lei 8.212, 1991). Os recursos provenientes das contribuições sociais previstas acima nas alíneas “a”, “b” e “c” só podem ser utilizados para pagamento dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), segundo a CF, em seu art. 167, XI. Por isso, podemos denominá-las de contribuições previdenciárias. Os recursos provenientes das contribuições sociais descritas nos itens “d” a “f” podem ser aplicados em qualquer área da Seguridade Social (saúde, assistência social ou previdência social). A competência é da União para instituir as contribuições expressamente referidas pelo art. 195 da CF, mediante lei ordinária. A União também tem competência residual para instituir outras fontes de custeio diferentes das previstas nos incisos I a IV do art. 195, exigindo lei complementar. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios também têm competência para instituir e cobrar de seus servidores contribuições destinadas ao financiamento de regimes próprios de previdência e assistência sociais. A contribuição da União é constituída de recursos adicionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária Anual, conforme o art. 16, da lei 8.212/91. A União é responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da previdência social, na forma da lei Orçamentária Anual, conforme a Lei 8.212/91, art. 16, § único. O Tesouro Nacional repassará mensalmente recursos referentes às contribuições incidentes sobre o faturamento e o lucro das empresas e sobre a receita de concursos de prognósticos, destinados à execução do Orçamento da Seguridade Social conforme o art. 19 da Lei 8212/91. AN02FREV001/REV 4.0 30 FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 33 MÓDULO II 2 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 2.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PARA O CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL Contribuinte é a empresa ou a pessoa física ou jurídica a ela equiparada que, apesar de recolher as contribuições sociais, não goza das prestações e serviços mantidos pelo sistema. Contribuição para custeio da seguridade social é gênero do qual as contribuições previdenciárias são espécie. As contribuições previdenciárias destinam-se ao custeio da previdência social e são as previstas no art. 195, I e II, da CF. O inciso XI do art. 167 da CF proíbe a utilização do produto da arrecadação dessas contribuições no pagamento de despesas outras que não as relativas à cobertura do RGPS previstas no art. 201. Sua disciplina infraconstitucional está na Lei 8.212/91, denominada Plano de Custeio da Seguridade Social (PCSS). As contribuições sociais previstas no art. 195 da CF suscitam divergências sobre sua natureza jurídica. Predomina na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que são tributos, mais precisamente contribuições parafiscais. A Lei 8.212/91 tratou diferentemente a relação jurídica de custeio, estabelecendo sujeito ativo, base de cálculo e alíquota que se distinguiam conforme se tratasse de contribuição destinada ao custeio da seguridade social (gênero) ou de contribuição previdenciária (espécie). Essas contribuições sociais, em razão de sua natureza parafiscal, nem sempre tinham como sujeito ativo da relação o mesmo ente federativo que tinha o poder de tributar, mas, sim, um terceiro ao qual a lei conferiu a arrecadação e aplicação dos respectivos recursos. AN02FREV001/REV 4.0 34 Era o que acontecia com as contribuições previdenciárias instituídas pela União, mas arrecadadas e cobradas pelo INSS. O sujeito ativo das contribuições previdenciárias como visto no parágrafo anterior, era o INSS, que tinha competência para arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, as dos empregadores domésticos e a dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição segundo o art. 33 do PCSS. Mas, com a edição da Lei 11.457/2007, o sujeito ativo de todas essas contribuições sociais passou a ser da União. Essa lei unificou a secretaria da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária, transformando-as em Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão da administração direta subordinado ao Ministro de Estado da Fazenda. Assim, cabe à Secretaria da Receita Federal, a partir de 2007, planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei 8.212/91 e das contribuições instituídas a título de substituição. De acordo com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009, em seu art. 33, compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil, planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentesa título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.( LEI11.941, 2009). O sujeito passivo dessas contribuições é o devedor, isto é, o que tem a obrigação de pagar. AN02FREV001/REV 4.0 35 2.2 TIPOS DE CONTRIBUIÇÕES Estão obrigados ao pagamento das contribuições sociais previdenciárias os segurados do RGPS, a empresa, a entidade equiparada à empresa na forma da lei e o empregador doméstico. 2.2.1 Contribuição do segurado e salário de contribuição Os segurados são sujeitos passivos da relação jurídica de custeio, do qual participam em razão do disposto no art. 195, inciso II, da CF. Assim, as contribuições sociais previdenciárias a cargo dos segurados são instituídas com amparo no art. 195, II, da CF. Estando obrigados ao pagamento das contribuições previstas nos artigos 20 e 21 do PCSS, conforme se enquadrem como segurados empregados, empregados domésticos e trabalhadores avulsos e segurados contribuinte individual e facultativo. A lei dá definições diferentes ao salário de contribuição, ou seja, conforme o tipo de segurado. Por exemplo, para o segurado contribuinte, individual e facultativo, não pode ser inferior ao valor de um salário mínimo. Para os segurados (empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso), não pode ser inferior ao piso salarial legal ou normativo da categoria, inexistindo esse, não pode ser inferior a um salário mínimo mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de efetivo trabalho durante o mês, é o que determinam o art. 28, § 3°, do PCSS e o art. 214, § 3°, II, do RPS. Já em se tratando de menor aprendiz, o limite mínimo do salário de contribuição corresponde à sua remuneração mínima prevista em lei. Desta forma, o salário de contribuição, qualquer que seja o tipo de segurado, não poderá ser AN02FREV001/REV 4.0 36 superior ao teto máximo fixado mediante portaria do Ministério da Previdência Social, expedida sempre que for alterado o valor do benefício. Esse limite é reajustado na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios previdenciários, conforme o art. 20, § 1º, onde: A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso, é calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa, observado o disposto no art. 28, de acordo com a seguinte tabela: § 1º os valores do salário de contribuição serão reajustados, a partir da data de entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (LEI Nº 8.212, 1991). E também o art. 21, § 1º, do PCSS onde: A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo salário de contribuição. § 1º Os valores do salário de contribuição serão reajustados, a partir da data de entrada em vigor desta Lei , na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. ( LEI Nº 8.212, 1991). O adicional à remuneração das férias, garantido pelo art. 7°, XVII, da CF, é salário de contribuição, razão pela qual sobre ele incide a contribuição do segurado (art. 214, § 4º da RPS). Com relação ao décimo terceiro salário, deve-se frisar que é salário contribuição, ou seja, sobre ele incide contribuição do segurado, recolhida somente por ocasião do pagamento ou crédito da última parcela, ou quando rescindido o contrato de trabalho. O salário-maternidade é considerado salário contribuição segundo o art. 28, § 2º, do PCSS. Há regras que não integram o salário de contribuição, ou seja, sobre as quais não incide contribuição previdenciária, relacionados no art. 28, § 9º, do PCSS. Esse rol está mais detalhado no art. 201, § 9º do RPS. A base de cálculo da contribuição do segurado é, em regra, o seu salário de contribuição. O salário de contribuição tem limites máximo e mínimo. Quando o fato gerador da contribuição previdenciária é o valor pago devido ou creditado aos segurados, pela contraprestação do trabalho efetuado, há a contribuição de dois contribuintes: a empresa e o segurado. Em relação à empresa, AN02FREV001/REV 4.0 37 a base de cálculo da contribuição é a remuneração ou retribuição pelo trabalho. Em relação ao segurado, a base de cálculo da contribuição é o salário de contribuição. Base de cálculo da contribuição previdenciária é o valor sobre o qual incide uma alíquota definida em lei para determinar o montante da contribuição devida. Remuneração e salário de contribuição, embora parecidos, não têm o mesmo significado. O salário de contribuição está sujeito a limites mínimo e máximo. Já a remuneração não se sujeita a estes mesmos limites. 2.2.2 Contribuição do empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, e a do trabalhador avulso são calculadas mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o seu salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa, segundo o art. 20, da lei 8.212/91. As alíquotas de contribuição destes segurados são progressivas, ou seja, quanto maior o salário de contribuição, maior será a alíquota, pois a progressividade das alíquotas está alinhada com o princípio constitucional de equidade na forma de participação no custeio, é o que determina o art. 194, § único, V, da CF. Em valores atualizados, a partir de 1º de janeiro de 2013, a tabela de contribuição destes segurados é a seguinte: TABELA 1 - TABELA DE CONTRIBUIÇÃO dos SEGURADOS INSS Salário de contribuição (R$) Alíquota (%) Até R$ 1.247,70 8% Entre R$ 1. 247,71 e R$ 2.079,50 9% Entre R$ 2.079,51 e R$ 4.159,00 11% Acima de R$ 4.159,00 valor fixo de R$ 457,49 FONTE: Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=313> AN02FREV001/REV 4.0 38 Os valores dos salários de contribuição, constantes da tabela mostrada, serão reajustados na mesma época e com os mesmos índices que o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social, conforme o art. 20, § 1°, da Lei 8.212/91. As novas alíquotas, relativas aos salários pagos em janeiro, deverão ser recolhidas apenas em fevereiro. Os recolhimentos de janeiro, referentes aos salários de dezembro, segue a tabela anterior. A contribuição do segurado só incide até o teto do salário contribuição, que atualmente é de R$ 4.159,00. Sobre o valor da remuneração que ultrapassar R$ 4.159,00, o segurado não paga nada. Todavia, a contribuição da empresa – que será analisada mais adiante – incide sobre a remuneração integral. Por exemplo: o empregado cuja remuneração mensal é de R$ 5 mil terá descontado de sua remuneração, a contribuição previdenciária de R$ 457,49, que é o que equivale a 11% de R$ 4.159,00. Mas a contribuição da empresa incidirá sobre R$ 5 mil. 2.2.3 Contribuição do empregador e do empregado doméstico O inciso II do art. 15 do PCSS define o empregador doméstico como: “A pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.” Empregado doméstico é aquele que presta serviço de natureza contínua à pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos. Note-se que o empregador doméstico não se enquadra como empresa para fins previdenciários. Isto porque a atividade do empregado doméstico está limitada ao âmbito residencial de seu empregador, sem finalidade lucrativa. O empregador doméstico contribui de maneira diferenciada para a Previdência Social. Ele paga mensalmente 12% sobre o salário de contribuição de seu(s) empregado(s) doméstico(s), enquanto os demais patrões recolhem sobre a folha salarial. Cabe ao empregador recolher mensalmente àPrevidência Social a sua parte e a do trabalhador, descontada do salário mensal. AN02FREV001/REV 4.0 39 O desconto do empregado deverá seguir a tabela do salário de contribuição. O recolhimento das contribuições do empregador e do empregado domésticos deverá ser feito em guia própria (Guia da Previdência Social – GPS), observados os códigos de pagamento. Assim, o fato gerador é pagar remuneração a empregado doméstico a seu serviço, conforme o art. 24 do PCSS. O sujeito ativo é a União e o sujeito passivo é o empregador doméstico. A alíquota de 12% e com vencimento até o dia 15 do mês seguinte ao da competência, conforme os artigos 30, II, do PCSS, e 216, VIII, do RPS. Se o empregador decidir recolher FGTS para seu empregado doméstico, deverá preencher Cadastro Específico do INSS (CEI) e a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP). Depois de assinar a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) do empregado doméstico, o patrão deverá fazer inscrição do trabalhador na Previdência Social pela Internet ou em uma agência. Para fazer a inscrição é preciso apresentar a carteira de trabalho do empregado com o registro, documentos pessoais do trabalhador e do empregador. O empregador doméstico também arrecada a contribuição do empregado doméstico e a recolhe. Quando a empregada doméstica estiver em licença maternidade, o empregador deverá pagar à Previdência Social somente a quota patronal. Assim, no período de gozo da licença maternidade da empregada doméstica, o empregador doméstico deverá fazer apenas o recolhimento da contribuição de que é sujeito passivo, pois nesse período a segurada empregada doméstica recebe cobertura previdenciária de salário maternidade e não está obrigada a contribuir para o custeio da seguridade social. A legislação atribui exclusivamente ao empregador doméstico, e não ao empregado, a responsabilidade quanto ao recolhimento das contribuições previdenciárias. Em relação à contribuição do segurado empregado doméstico, vimos que a obrigação do recolhimento é do empregador doméstico, que desconta o respectivo valor por ocasião do pagamento da remuneração ao empregado doméstico a seu serviço. Ambas as contribuições, do empregador doméstico e do segurado empregado doméstico, devem ser recolhidas pelo empregador, conforme o art. 30, V, do PCSS. AN02FREV001/REV 4.0 40 2.2.4 Contribuição da empresa As contribuições sociais previdenciárias a cargo das empresas são instituídas com o amparo do art. 195, I, “a”, da CF. De acordo com este dispositivo constitucional, as contribuições previdenciárias do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei devem incidir a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Segundo o art. 15 da lei 8.212/91, considera-se empresa “a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional”. De acordo com o caput do art. 22 da Lei 8.212/91, a contribuição a cargo da empresa é destinada à Seguridade Social, além do dispositivo no art. 23, é de: I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (LEI 8.212, 1991). Assim, o fato gerador é: dever, pagar ou creditar remuneração, a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos conforme o art. 22, I, do PCSS. Sujeito ativo é a União. O sujeito passivo é o empregador, a empresa ou entidade equiparada que deve pagar ou creditar a remuneração a qualquer título aos segurados empregados e aos trabalhadores avulsos que lhe preste serviço. Em relação à base de cálculo, o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua AN02FREV001/REV 4.0 41 forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador do serviço, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. Quanto ao vencimento: o pagamento deve ser feito até o dia 10 do mês seguinte ao da competência, segundo os artigos 30, I, “b”, do PCSS, e 216, I, “b”, do RPS, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente quando não houver expediente nesse dia. O importante é o período em que o trabalho tenha sido executado, e não a data em que a remuneração foi paga, o que pode ter ocorrido com atraso por parte da empresa, pois esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ): As contribuições previdenciárias sob responsabilidade das empresas devem ser recolhidas no mês posterior ao trabalhado e não no mês seguinte ao efetivo pagamento do salário. (AgRg no Ag 54587/SC, Rel. Min. João Otávio Noronha, DJ, 22-3-2004, p. 287). Assim, a base de cálculo desta contribuição é o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos no decorrer do mês. A remuneração paga é aquela que foi efetivamente entregue ao segurado. Remuneração creditada é aquela que foi depositada na conta bancária do segurado. Remuneração devida é aquela que o segurado tem direito a receber, porque prestou serviço, mas não recebeu. De acordo com o disposto no art. 195, § 9°, da CF, as contribuições para seguridade social a cargo das empresas poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Por isso, algumas empresas, em razão da atividade econômica que desenvolvem, não contribuem na forma do inciso I do art. 22 da Lei 8.212/91. Neste contexto, a associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional (como veremos mais tarde) e também a agroindústria, o produtor rural pessoa jurídica e o produto rural pessoa física não contribuem sobre a remuneração dos empregados e trabalhadores avulsos que lhes prestam serviços. Em AN02FREV001/REV 4.0 42 substituição a esta, estes contribuintes pagarão outra contribuição, incidente sobre outra base de cálculo. 2.2.5 Contribuição da associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional A associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional não participa do custeio da seguridade mediante pagamento da contribuição patronal prevista no art. 22, incisos I e II, do PCSS. Em seu lugar, foi instituída a contribuição de que trata o art. 22, § 6°. Assim, o fato gerador é auferir receita em razão da realização de espetáculos desportivos e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos. O sujeito ativo é a União. O sujeito passivo é a associação que mantém equipe de futebol profissional e que organize na forma da Lei Pelé (9.615/98). Será também sujeito passivo a associação que mantiver outras modalidades deesporte, além de manter equipe de futebol profissional. As demais associações desportivas, ou seja, as que não mantêm equipe de futebol profissional contribuem na forma dos incisos I e II dos artigos 22 e 23 do PCSS. Entretanto, a contribuição é retida na fonte e recolhida pela entidade promotora do espetáculo, pela empresa ou entidade que repassar recursos a título de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos conforme o art. 22, §§ 7° e 9°, do PCSS, e artigos 20 e 205, §§ 1° e 3°, do RPS. Para que a entidade promotora do espetáculo efetue desconto da contribuição na fonte, o sujeito passivo da obrigação tributária deve informar-lhe todas as receitas auferidas no evento, discriminando-as detalhadamente, conforme o art. 22, § 8°, do PCSS, e art. 205, § 2°, do RPS. AN02FREV001/REV 4.0 43 2.2.6 Contribuição do contribuinte individual Até março de 2003, todo contribuinte individual era obrigado a recolher sua contribuição, por iniciativa própria, até o dia 15 do mês seguinte ao da competência. Com o advento da Lei 10.666\03, o contribuinte individual sofreu significativa alteração em sua forma de contribuir. Antes, ele era sempre responsável pelo recolhimento de sua contribuição e, agora, tem, em regra, a contribuição descontada de sua remuneração, quando prestar serviço a uma pessoa jurídica. A alíquota de contribuição do segurado individual será de 20% sobre o respectivo salário de contribuição, conforme a Lei 8.212\91, art. 21 caput. Na hipótese de o contribuinte individual prestar serviço a uma ou mais empresas, poderá deduzir da sua contribuição mensal 45% da contribuição da empresa, efetivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneração que esta lhe tenha pagado ou creditado, limitada a dedução a 9% do respectivo salário de contribuição segundo o art. 30, § 4°, da Lei 8.212/1991. Assim, nas hipóteses em que for possível aplicar a dedução prevista no artigo citado no parágrafo anterior, a contribuição do contribuinte individual será, na prática, 11% (20% - 9% = 11%). A forma de arrecadação da contribuição do contribuinte individual varia de acordo com a forma de prestação do serviço, como veremos a seguir: O contribuinte individual, quando exercer atividade econômica por conta própria ou prestar serviço a pessoa física ou quando tratar-se de brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo Nesses casos, o contribuinte individual está obrigado a recolher sua contribuição por iniciativa própria, até o dia 15 do mês seguinte àquele a que a contribuição se referir, prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente quando não houver expediente bancário no dia 15, segundo o art. 216, II, da RPS. AN02FREV001/REV 4.0 44 O contribuinte individual que presta serviço à empresa De acordo com o disposto no art. 4° da Lei 10.666/03, fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia 20 do mês seguinte ao da competência, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. Contribuinte individual a serviço da empresa é, por exemplo, um trabalhador eventual, um trabalhador autônomo, o próprio sócio que seja remunerado pela empresa, etc. O contribuinte individual que presta serviço por intermédio de cooperativa de trabalho A cooperativa de trabalho é obrigada a descontar 11% do valor da quota distribuída ao cooperador por serviços por ele prestados, por seu intermédio, à empresa e 20% em relação aos serviços prestados à pessoa física e recolher o produto dessa arrecadação até o dia 20 do mês seguinte ao da competência a que se referir, antecipando-se o vencimento para o dia útil imediatamente anterior quando não houver expediente bancário no dia 20, conforme o art. 216, § 31, da RPS. Cooperado quando prestar serviços à cooperativa de produção Nesse caso, a cooperativa de produção descontará 11% da remuneração paga ou creditada aos cooperados envolvidos na produção dos bens ou serviços, sempre observando o limite máximo do salário de contribuição. A cooperativa de produção recolherá o valor descontado, juntamente com a contribuição a seu cargo, até o dia 20 do mês seguinte ao da competência. AN02FREV001/REV 4.0 45 O contribuinte individual presta serviço a outro contribuinte individual equiparado à empresa ou a produtor rural pessoa física ou à missão diplomática e repartição consular de carreira estrangeiras Estes são excluídos da obrigação de arrecadar (descontar) a contribuição do contribuinte individual que lhe preste serviço, conforme o art. 4°, § 3°, da lei 10666/03. Sendo assim, o contribuinte individual que presta serviço a uma das pessoas mencionadas acima está obrigado a recolher sua contribuição por iniciativa própria, até o dia 15 do mês seguinte ao da competência. Contribuinte individual que trabalhe por conta própria sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e que optar pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição É de 11% sobre o valor do limite mínimo mensal do salário de contribuição a alíquota de contribuição do segurado contribuinte individual que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e que optar pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, conforme o art. 21, § 2°, da Lei 8.212/91. O limite mínimo mensal do salário de contribuição do contribuinte individual corresponde a um salário mínimo. Contribuindo dessa forma o contribuinte individual terá direito aos benefícios de aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e salário- maternidade, mas não terá direito à aposentadoria por tempo de serviço. O contribuinte individual que tenha contribuído com 11% sobre o salário mínimo, e no futuro pretenda contar o correspondente tempo para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição ou de contagem recíproca do tempo de contribuição a ser averbado em regime próprio de previdência social, deverá complementar a contribuição mensal mediante o recolhimento de mais 9%, acrescidos de juros Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), conforme o art. 21, § 3°, da Lei 8.212/91. Importante frisar que a contribuição complementar de 9% será exigida a qualquer tempo, mesmo que relativa a período alcançado pela decadência, sob AN02FREV001/REV 4.0 46 pena de indeferimento da aposentadoria por tempo de serviço de contribuição, de acordo com a Lei 8212/90, art. 21, § 4°. Contribuinte individual enquadrado como Microempreendedor (MEI) individual A Lei Complementar 128/2008 cria a figura do Microempreendedor Individual (MEI), com vigência a partir de 1º de julho de 2009. A contribuição do contribuinte individual que se enquadre como MEI será de 11% sobre um salário mínimo. Contribuindo dessa forma, o MEI não terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição, pois esta não conta como tempo de contribuição. Mas, se o MEI que contribuiu dessa forma quiser contar tempo de contribuição, para fins de aposentadoria, basta complementar a contribuição mensal mediante o recolhimento de 9%, acrescidos de juros SELIC. Segundo a LC 128/2008, considera-se MEI quem exerce profissionalmente – o empresário individual a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (adiante reproduzido) – Código Civil, que tenha auferido receita bruta, no ano calendário anterior, de até R$ 60 mil, optante pelo Simples Nacional: Art. 966 - Considera-se empresário atividade econômicaorganizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único - Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (LEI 10406, 2002). No caso de início de atividades, o limite de receita bruta para que o empresário individual enquadre-se como MEI será de R$ 5 mil multiplicados pelo número de meses compreendido entre o início da atividade e o final do respectivo ano calendário, sendo consideradas as frações de meses como um mês inteiro. AN02FREV001/REV 4.0 47 2.2.7 Contribuição do segurado especial e facultativo A contribuição para segurados contribuinte individual e facultativo para pagamento de remuneração a partir de 1º de janeiro de 2013, é a seguinte: TABELA 2 - CONTRIBUIÇÃO PARA SEGURADOS CONTRIBUINTE INDIVIDUAL E FACULTATIVO PARA PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO Salário de contribuição Alíquota para fins de recolhimento ao INSS R$ 678,00 (valor mínimo) 5%* R$ 678,00 (valor mínimo) 11%* De 678,00 (valor mínimo) até 4.159,00 (valor máximo) 20% * Alíquota exclusiva do microempreendedor individual e do segurada (o) facultativo que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência. FONTE: Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=313> A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo é de 20% sobre o salário de contribuição, respeitados os limites mínimo e máximo deste. Aos optantes pelo Plano Simplificado de Previdência Social, a alíquota é de 11%. O segurado especial que recolha sobre a receita bruta da comercialização da produção rural tem direito aos benefícios: salário-maternidade; aposentadoria por idade ou por invalidez; auxílio-doença; auxílio-reclusão; pensão por morte (valor de um salário mínimo) conforme o art. 39, § 2o, I, do RPS; AN02FREV001/REV 4.0 48 auxílio-acidente (podendo ter valor inferior ao salário mínimo). Mas, se recolher, facultativamente, como contribuinte individual terá direito aos benefícios do RGPS estendidos ao contribuinte individual, sem necessariamente ter que observar o limite de um salário mínimo, dependendo do seu salário de contribuição. Segundo o art. 200, § 2o, do RPS, o segurado especial pode optar por recolher como contribuinte individual, além da contribuição sobre a receita bruta da comercialização da produção rural. O fato gerador da contribuição do segurado facultativo é inscrever-se como segurado do RGPS (art. 21 do PCSS). O sujeito ativo é a União. O segurado facultativo, que deve fazer o recolhimento por iniciativa própria, é o sujeito passivo. O vencimento é todo dia 15 do mês seguinte ao da competência, podendo optar por recolhimento trimestral caso o salário de contribuição seja igual ao salário-mínimo, sendo o vencimento também dia 15 do mês seguinte, mas ao de cada trimestre, conforme o art. 216, § 15, do RPS. 2.2.8 Contribuição sobre a Receita de Concursos de Prognósticos O art. 195, III, da CF estabelece uma contribuição social incidente sobre a receita de concursos de prognósticos. O art. 26 da Lei 8.212/91 também trata dos concursos: “Constitui receita da Seguridade Social a renda líquida dos concursos de prognósticos, excetuando-se os valores destinados ao Programa de Crédito Educativo (redação dada pela Lei n° 8.436, de 25.6.92).” De acordo com o § 1º do art. 26 da Lei 8.212/91, são considerados concursos de prognósticos: “Todos e quaisquer concursos de sorteios de números, loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos âmbitos federal, estadual, do Distrito Federal e municipal.” O art. 26, § 2º, determina que a receita da Seguridade Social seja a renda líquida de tais concursos, assim considerada o total da arrecadação, deduzidos os valores destinados a pagamento de prêmios, impostos e despesas de administração, conforme for determinado na legislação específica. AN02FREV001/REV 4.0 49 3 OUTRAS RECEITAS DA SEGURIDADE SOCIAL De acordo com o disposto no art. 27, da Lei 8.212/91, constituem outras receitas da seguridade social: as multas, a atualização monetária e os juros moratórios; a remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros; as receitas provenientes de prestação de outros serviços e fornecimento ou arrendamento de bens; as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras; as doações, legados e outras receitas eventuais; 50% da receita obtida na forma do § único do art. 243 da CF, repassado para o INSS aos órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde e a ser aplicada no tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins; 40% do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal; 50% do valor do prêmio recolhido pelas companhias seguradoras que mantém o Seguro Obrigatório que Cobre Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT). Esse valor deve ser destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o custeio da assistência médico hospitalar aos segurados vitimados em acidentes de transito. e outras receitas previstas em legislação específica. AN02FREV001/REV 4.0 50 3.1 PARCELAS INTEGRANTES E NÃO INTEGRANTES DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO Integram o salário de contribuição todas as parcelas de natureza remuneratória, ou seja, aquelas pagas em retribuição aos serviços prestados pelo trabalhador. As parcelas relativas à indenização e ao ressarcimento, em geral, não estão incluídas nos conceitos de salário de contribuição e de remuneração. Como veremos a seguir: Indenização é a reparação de danos causados a uma pessoa. Ressarcimento é o reembolso de despesas pagas pelo trabalhador em decorrência da execução de alguma atividade de interesse da empresa. Remuneração é a retribuição pelos serviços prestados. Os valores pagos pelo trabalho integram o salário de contribuição. Mas os valores pagos para o trabalho não. De acordo como o disposto no art. 22, § 2°, da Lei 8.212/91, “não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9º do art. 28”. Assim, podemos afirmar que todas as parcelas que integram a base de cálculo da contribuição do segurado também integram a base de cálculo da contribuição da empresa. A diferença é que, em relação aos segurados, a base de cálculo respeita os limites mínimos e máximos do salário de contribuição. A base de cálculo da contribuição da empresa não respeita esses limites. Incide sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada ao segurado. AN02FREV001/REV 4.0 51 3.1.1 Parcelas integrantes Dizer que um determinado valor que o segurado receba da empresa integra o salário de contribuição significa dizer que sobre este valor vai incidir contribuição previdenciária, ou seja, esse valor vai compor a base de cálculo da contribuição previdenciária. A legislação previdenciária, Lei 8.212/91, em seu art. 28 § 9°, e o art. 214, § 9°, da RPS, relacionam apenas as parcelas que não integram o salário de contribuição. Por exclusão, as parcelas que não constam nessa relação abaixo integram o salário de contribuição. Como exemplo, segue algumas parcelas que integram o salário de contribuição: salário; saldo de salário pago na rescisão do contrato de trabalho; salário-maternidade; férias gozadas; 1/3 de férias gozadas; 13% salário; horas-extras; adicionais de insalubridade, periculosidade e noturno; adicional por tempo de serviço; pagamento relativo aos 15 primeiros dias de afastamento do empregado por motivo
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