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TEORIA DA HISTÓRIA

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TEORIA DA HISTÓRIA 
E 
HISTORIOGRAFIA
UNIDADE 1 
APRESENTAÇÃO E DEFINIÇÃO DE CONCEITOS
CIÊNCIA: percurso metodológico, os princípios lógicos de investigação; tem por finalidade elaborar conhecimentos e/ou resolver os problemas que o próprio homem formula ou que se apresentam em uma dada realidade.
A ciência moderna se desenvolveu e consolidou ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, tratou-se de um conhecimento obtido de forma natural, independente e desarticulado das dimensões sobrenaturais, mitológicas, mágicas e/fantásticas da realidade. 
A ciência resumia-se na busca pela verdade a qualquer custo, almejava extrair todos os segredos que houvesse na natureza, e para tanto deveria proceder rigorosa observação empírica, lançando mão da imaginação, dos sentimentos e das emoções quando investigava tanto os seres da natureza como os fatos e acontecimentos humanos.
TEORIA: reflexão sobre a realidade, que almeja resultados práticos, a ação e a transformação da realidade. Somente adquire o status de teoria quando apresenta uma estrutura toda organizada de princípios, categorias, métodos, regras e leis que podem ser aplicados e verificados diante de fatos, fenômenos do mundo e da natureza.
Kuhn (2000) afirma que as teorias não são eternas, possuem certo tempo de validade e que quando não dão conta de fornecer resultados e respostas satisfatórios diante dos problemas e fatos, fornecem as condições para que outras teorias sejam apresentadas em seu lugar.
PARADIGMA(científico): Os paradigmas são compostos pelas realizações científicas que são reconhecidas universalmente, são responsáveis por legitimar a ciência feita e o conhecimento elaborado por um determinado grupo ou nicho/campo de pesquisa.
MÉTODO: Caminhos, procedimentos pelos quais se chega a um determinado resultado coerente; técnicas para realizar praticamente uma ação teórica; regras racionais que regulamentam, metodizam a pesquisa histórica no sentido de obter reconhecimento científico e teor de verdade.
Consiste no conjunto de elementos que compõe o percurso, as regras e o tratamento investigativo, analítico e crítico atribuídos ao passado (fatos e fenômenos humanos e sociais); uma vez coerentemente aplicados são responsáveis por conferir ao conhecimento unidade, inteligibilidade e teor científico.
PRINCIPAIS PARADIGMAS DO CONHECIMENTO
	PARADIGMAS	PRESSUPOSTOS	REPRESENTANTES
	POSITIVISMO
EMPIRISMO	MÉTODO INDUTIVO:
O conhecimento é obtido com base nos fatos dados
da experiência vivida no mundo (empirismo).
Tem como finalidade alcançar o formalismo
lógico-matemático e a aplicação prática dos
conhecimentos obtidos.	F. Bacon, T. Hobbes,
J. Locke, Hume, A.
Comte
	PARADIGMAS	PRESSUPOSTOS	REPRESENTANTES
	FUNCIONALISMO
RAZÃO	MÉTODO DEDUTIVO:
Dotado de uma unidade funcional e coerência
interna.
Os elementos culturais representam a ligação
de necessidade entre o grupo humano e o meio
físico (necessidades biológicas e os imperativos
culturais).
Parte-se de uma teoria geral para explicar o caso
particular	R . D e s c a r t e s ,
Spinoza, Leibniz
	PARADIGMAS	PRESSUPOSTOS	REPRESENTANTES
	MATERIALISMO
HISTÓRICO	METÓDO DIALÉTICO:
Considera relações concretas e materiais como
suficientes para explicar os fenômenos mentais,
sociais, históricos.	Karl Marx, Friedrich
Engels
	ESTRUTURALISMO	MÉTODO SISTÊMICO: Preocupa-se com
aspectos quantitativos dos fenômenos e a interrelação
dos objetos que o compõe.
As estruturas pressupõem relações, existem
conexões entre as partes de um fenômeno.	Saussure, Claude
L e v i - S t r a u s s ,
Jacques Lacan.
DISCURSO: O discurso é composto pelo universo de experiências, referências e significados que compõem o imaginário de quem redige e narra o passado. Estes são oriundos das posições em que os indivíduos se encontram ou querem alcançar, aos grupos aos quais se encontram associados e filiados; aos ideais que defendem ou querem galgar para si e para os demais integrantes e apoiadores.
HISTORIOGRAFIA: Trata-se do estudo do processo de redação da História propriamente dito, onde se procura identificar de que forma os historiadores pesquisam, organizam e narram o conhecimento, os métodos que foram utilizados, os elementos discursivos, as categorias de análise e interpretação, o repertório conceitual, o sentido e o valor moral e ético que foi atribuído aos fatos e ações humanas.
EPISTEMOLOGIA: É um modo de tratar um problema nascido de um pressuposto filosófico específico no âmbito de determinada corrente filosófica. Estudo da natureza, das origens e da validade de um determinado conhecimento. Episteme significa também "lugar", local onde o homem se instala, para conhecer e agir de forma apropriada e de acordo com as regras estruturais daquela episteme.
RAZÃO: Abbagnano (2007) descreve que consiste na base de referenciais sob os quais é possível proceder a indagações e investigações. Trata-se de uma faculdade que é reconhecida no homem e não nas demais espécies e seres da natureza.
Descartes (1979) identificou a razão ao bom senso e a definiu como sendo a capacidade de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso; de ser um instrumento do conhecimento provável, e não apenas do conhecimento estabelecido. 
Para Hegel (1995) a razão é a identidade da autoconsciência, do pensamento, da realidade, das coisas e dos acontecimentos, como manifestação ou determinação.
IDEOLOGIA: Abbagnano (2007) descreve que o termo foi criado por Destut de Tracy, em 1801, para designar "a análise das sensações e das ideias".
A palavra ideologia é também empregada para designar qualquer espécie de análise filosófica, ou uma doutrina que possui validade objetiva e que é mantida em nome dos interesses de quem a utiliza e se vale dela. 
Em meados do séc. XIX, a última noção de ideologia passou a ser fundamental em meio ao paradigma marxista, quando foi utilizada na interpretação da luta dos trabalhadores operários contra a dominação dos proprietários capitalistas e da sociedade burguesa.
Segundo Marx (2010) é também pelas formas ideológicas em que os homens tomam consciência da sua condição de vida e das contrariedades que se apresentam na vida material. 
Nesse sentido, pode-se entender ideologia como sendo toda crença que é usada para o controle dos comportamentos coletivos, entendendo-se o termo crença, em seu significado mais amplo, como noção de compromisso da conduta, que pode ter ou não validade objetiva.
DIALÉTICA: pode-se pensar que a dialética é um processo em que há um adversário que é combatido ou uma tese que será refutada, existem dois protagonistas ou duas teses em debate, diálogo, conflito; ou então, que é um processo resultante de conflito ou de oposição entre dois princípios, dois momentos ou duas atividades quaisquer.
PROGRESSO: A noção de progresso é reconhecida como de autoria de Francis Bacon, que a apresentou na obra Novum Organum, publicada em 1620. Este conceito dominou as manifestações da cultura ocidental do séc. XIX e ainda continua sendo o pano de fundo de muitas concepções filosóficas e científicas.
Progresso refere-se, também, à emancipação humana, a evolução do saber e da técnica, os desdobramentos cada vez mais complexos, em que impera a racionalidade cumulativa e progressiva, cada vez mais complexa.
Esta expressão encontra-se relacionada à visão de acúmulo e síntese do passado e como profecia realizável e triunfante no futuro, que interpreta a humanidade como uma grande estrutura, que ao longo das eras e épocas caminha arduamente e constantemente a um desenvolvimento glorioso, que conta com o campo técnico e científico como os principais motores propulsores.
O CONTEXTO HISTÓRICO E INTELECTUAL DO ILUMINISMO
O Iluminismo, ou século das luzes ou da ilustração, foi um movimento intelectual e cultural do século XVIII, que almejava libertar o homem das crenças mitológicas e de toda herança dogmática da época medieval. Defendia os princípios da razão crítica, do progresso, da autonomia dos indivíduos e da liberdade de pensamento.
Abbagnano (2007) descreve que é possível entender o Iluminismo comouma linha filosófica que defende a razão como crítica e guia a todos os campos da experiência humana. Kant (1724-1804) defende que o Iluminismo contou com o empirismo como um grande aliado, ambos garantiram a abertura do domínio da ciência e, em geral, do conhecimento, que por sua vez favoreceu à crítica da razão, no sentido de que toda verdade poderia e deveria ser colocada à prova, e eventualmente modificada, corrigida ou abandonada.
Dosse (2003) apresenta em 1880 que a História ganha um estatuto próprio como disciplina e conhecimento científico, separada da literatura. Fochi (2015) apresenta que quando os primeiros diplomas em História foram emitidos, imediatamente foram fundadas as primeiras revistas de caráter erudito e científico.
Rüsen (1997) explica que o Iluminismo deu o primeiro passo na direção dos procedimentos de crítica das fontes e da formulação de método histórico.
Leis de Newton: compõem os princípios da mecânica e de todo o pensamento moderno. As leis de Newton contêm o princípio de ‘inércia’, em que todo corpo continua em seu estado (repouso ou movimento) a menos que seja forçado a mudar; o princípio de ‘dinâmica’ em que a mudança é proporcional à força atribuída; e o princípio de ‘ação e reação’ em que para toda ação há sempre uma reação oposta e em igual proporção.
René Descartes (1596-1650) (eu que penso, logo existo) Escreveu a obra Discurso sobre o método, (Discurso sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência) publicada no ano de 1637, na qual consta a defesa da ideia de que para encontrar a verdade fazia-se necessário empreender os procedimentos científicos tais como: fragmentar, fracionar, romper em partes, reduzir, dividir: quebrar a integridade dos seres e das coisas; o que sustentaria basicamente todo sistema e paradigma chamado cartesiano. Este paradigma possuía forte relação com conhecimentos matemáticos e mecânicos, e buscava essencialmente obter certeza e eliminar qualquer resquício de dúvida tanto diante dos seres da natureza, fatos e fenômenos sociais.
Descartes rejeitava as formas de conhecimento do mundo realizadas através dos sentidos, da intuição, da subjetividade e dos sentimentos, defendendo a razão e o pensamento como formas mais coerentes e significativas de conhecer.
Para tanto, como método para realizar esta tarefa, propôs que se faziam necessários os seguintes procedimentos:
VERIFICAR: evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada.
 ANALISAR: dividir ao máximo as coisas, em suas unidades mais simples e estudar essas coisas mais simples.
 SINTETIZAR: agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro.
 ENUMERAR: as conclusões e princípios utilizados, a fim de estabelecer coerência e ordem do pensamento.
Descartes não identificava na História conhecimentos coerentes e com potencial de verdade, pois considerava a História (o estudo do passado) uma espécie de fuga da realidade; que um estudioso, uma vez mergulhado no passado, ficava estranho, indiferente ao momento presente, à realidade; e de que as narrativas históricas resultavam do conhecimento indireto do passado, e que eram exageradamente fantasiosas, lendárias e fabulosas, não dignas de confiança.
O EXEMPLO DE GIAM BATTISTA VICO
A obra de Vico se encontra em contraponto à duas tradições, tanto a da época medieval como da época moderna, pois procura desvencilhar-se da tradição que atribuía à história uma finalidade teológica (época medieval), apresentava-se como um erudito antirracionalista, assistemático, cujos escritos eram de difícil leitura e interpretação, isto em pleno Iluminismo, época em que vigorava o modelo cartesiano.
No que se refere em específico ao campo da história, Vico fez inúmeras contribuições. Vico defendia que o processo de realização do homem não se dava de forma linear e que não se encontrava em marcha constante e que partia do homem natural ao homem civilizado, do mitológico ao científico; mas que ocorria em uma relação de integração progressiva, cíclica, espiralada, helicoidal, da emoção à razão, da fantasia ao pensamento racional.
A DIVISÃO/EVOLUÇÃO DA HISTÓRIA SEGUNDO VICO
FASE/ERA DOS DEUSES
DA INFÂNCIA, OU DOS SENTIDOS
Quando predominavam os governos mágicos e divinos, ou seja, teocráticos, ou repúblicas monásticas, geridas por autoridades paternas. Centrada em tradições religiosas surgem os primeiros códigos morais, os matrimônios solenes, as famílias; sepultam e cultuam seus mortos. 
Na civilização grega, pode ser identificada com a época dos oráculos, das adivinhações entre os gregos. Júpiter foi o grande deus deste período, que se manifestava através de raios e trovões. O pensamento e linguagem são cifrados, esotéricos, figurativos, em versos, com acesso apenas à poetas teólogos, que decifravam as mensagens e os mistérios das coisas (coisas com alma, deuses). Coisas inanimadas ganham vida e paixão; a fantasia e a fábula dão sentido ao mundo.
FASE/ERA DOS HERÓIS 
Pode ser ilustrada com as experiências da Grécia narrada por Homero em Ilíada e Odisseia (Ulisses, Aquiles e Teseu) e a Roma dos reis (Rômulo). Os heróis, homens fortes, semideuses, passam a ganhar importância diante dos desígnios dos deuses. Surgem as primeiras instituições políticas, os governos são aristocráticos, ocorre a construção das primeiras cidades. 
A estrutura social era mantida pela autoridade, sem negociação e/ou discussão, pois a vontade de Deus deveria ser atendida. Diferenciam-se os grupos sociais dos patrícios e plebeus, que passam a se relacionar de forma hostil e conflituosa. 
O pensamento e a linguagem são ao mesmo tempo poéticos, heroicos, herméticos e religiosos.
FASE/ERA DOS HOMENS LEIS RACIONAIS E UNIVERSAIS
Corresponde à Grécia Clássica, à Roma Republicana e ao mundo moderno. Processo longo e trabalhoso. Predomínio do governo dos homens, repúblicas populares, porém de fortes conflitos e tensões entre os grupos sociais, que almejavam por igualdade. 
As distinções sociais são demarcadas pela capacidade de trabalho. Criam-se as condições favoráveis ao desenvolvimento da filosofia, centrada nas questões de verdade e justiça. O reconhecimento dos direitos dos cidadãos fomenta a elaboração dos códigos civis, a polis grega e o fórum romano são os espaços primordiais destas realizações.
 As leis como a do dever, da consciência e da razão ganham espaço e se tornam universais O pensamento e a linguagem são populares, benignas, modestas, moderadas e de acesso a todos. Ocorre o declínio da fantasia e da imaginação.
O Pensamento de Vico defendia que o desenvolvimento humano não se dava de forma linear e que não se encontrava em marcha constante, mas que ocorria em uma relação de integração progressiva, cíclica, espiralada, helicoidal, da emoção à razão, da fantasia ao pensamento racional, da fase dos deuses, fase dos heróis e a fase dos homens.
O IDEALISMO ALEMÃO: AS PERSPECTIVAS DE KANT E HEGEL SOBRE A HISTÓRIA
Immanuel Kant (1724-1804) tem sua produção intelectual e filosófica denominada de filosofia crítica, idealismo transcendental, que tinha como finalidade estabelecer um método cognitivo e uma doutrina da experiência pelo uso da razão que suplantasse a metafísica racionalista dos séculos XVII e XVIII, que ele chamava de sono dogmático.
A principal questão de Kant foi: com que direito e entre quais limites a razão pode formular juízos sintéticos a priori sobre dados do sentido? Pergunta que procurou responder na obra ‘Crítica da razão pura’, escrita entre os anos de 1781 e 1787.
As contribuições de Kant à História estão no sentido de favorecerem a compreensão da ideia de progresso da humanidade na sua dimensão cultural. 
Para Kant os homens possuem planos e objetivos diversos, que almejam por desenvolvimento, e que se movem numa dinâmica do pior ao melhor, e que deve ser percebida e buscada ao longo de toda a experiência humana e não localizada em experiências individuais.
Nos estudos de Kant percebe-se o forte afastamento da noção de que a providência divina representava um fator determinanteda História, a ampla defesa da ideia de racionalidade e de télos (fim/alvo) e de progresso, que se há passos contínuos, conduziriam a humanidade à emancipação plena. 
A história, guiada pela razão, seria a fonte maior a partir da qual se alcançaria a liberdade e a perfeição humana. Estas intenções contagiariam a humanidade e se realizariam em escala universal. A ideia de uma história universal se realizaria na conjugação das forças do homem de posse e uso da razão apoiado nas disposições da natureza.
A ideia de história cosmopolita: Para Kant o fim supremo da natureza seria um ordenamento cosmopolita, em uma federação dos povos na qual cada Estado seria tutelado por uma organização maior.
O PENSMENTO HEGELIANO: ESPÍRITO E RAZÃO NA HISTÓRIA
Com a obra “Fenomenologia do espírito” pretendeu mostrar que a ideia não é seguir o acumular do desenvolvimento histórico da humanidade na dimensão do tempo, mas de colher os momentos estratégicos, de vicissitudes e ideais que são responsáveis por conferir desenvolvimento ao espírito. Para Hegel o desenvolvimento da realidade passa por três momentos fundamentais: o da ideia, o da natureza e o do espírito.
Hegel defendeu que as paixões constituem o motor primordial da história; que existe uma razão/sentido por trás das ações humanas e que o pensamento humano é capaz de captar a racionalidade na história; substitui a história linear e progressista pela noção da relação de contradição e dialética que compõem a natureza de todas as coisas.
TÓPICO 2: O PENSAMENTO SÓCIO-HISTÓRICO DO SÉCULO XVIII E XIX
O POSITIVISMO COMTEANO: A FÍSICA SOCIAL E A HISTÓRIA ENQUANTO CIÊNCIA DO PASSADO
Auguste Comte (1798-1857) – obras: Curso de Filosofia Positiva – 6 volumes (1830-1842), Discurso Preliminar sobre o Espírito Positivo (1844) e Sistema de Política Positiva – 4 volumes (1851-1854).
Comte defendeu a lei dos três estados pelos quais o espírito humano percorre em seus estágios de desenvolvimento: estado teológico ou fictício (fenômenos sobrenaturais); estado metafísico ou abstrato (fenômenos da natureza); e o estado científico ou positivo (fatos e leis que determinavam a realidade): maneira de pensar positiva. 
ESTADO TEOLÓGICO: Os fenômenos e fatos sociais são explicados a partir de causas sobrenaturais ou vontades divinas/transcendentais. O mundo e as relações humanas tornam-se compreensíveis a partir do ponto de vista da divina providência.
ESTADO METAFÍSICO: É o estado de transição, no qual o homem procura explicar os fenômenos que o rodeiam através da abstração e da argumentação, fazendo com que a metafísica deslegitime a influência da ideia teológica, em que prevalece a subordinação da natureza e do homem ao sobrenatural. Neste momento, predomina o uso da razão e da especulação. É a fase em que o espírito se prepara para a chegada da ciência.
ESTADO POSITIVO: Se caracteriza pela subordinação da imaginação e da argumentação, diante da observação. Neste momento, ocorre o abandono da busca das causas dos fenômenos (como fazia o teológico e metafísico).
O homem procura compreender as ideias reais dos fenômenos, através da observação direta e da pesquisa das leis que regem os fenômenos, que já são independentes da vontade de Deus e dos homens.
No pensamento positivista de Comte a civilização material só poderia se desenvolver se cada geração produzisse mais do que o necessário para sua sobrevivência, transmitindo assim à geração seguinte um estoque de riqueza maior do que o recebido da geração anterior. 
Comte foi um organizador que desejava manter a propriedade privada e transformar seu sentido, para que embora exercida por alguns indivíduos, tivesse também uma função social (catolicismo social).
O MATERIALISMO HISTÓRICO
O centro do pensamento de Karl Marx (1818-1883) reside em compreender e denunciar as contradições do regime capitalista.
Quando Marx entra na Universidade, o universo acadêmico e científico da época era dominando pelas ideias de Hegel. Foi da tese de Hegel de que “a consciência é que determina a existência”, que Marx retirou a sua principal chave de entendimento e explicação do seu momento histórico, mas agora com Marx na perspectiva inversa, a de que é “a existência que determina a consciência”. 
Portanto, para Marx, o mundo não se transforma com o pensamento, com críticas, o mundo se transforma pela ação politicamente orientada, que ele preferiu chamar de práxis, e que se faziam necessárias tanto a explosão como a revolução das antigas estruturas.
No livro ‘A Ideologia alemã’, de 1846, Marx e Friedrich abordam as bases do materialismo histórico, e procuram ao longo da obra defender que o homem é fruto do seu trabalho e das relações de produção, e não da vida espiritual e intelectual que levam. Para Marx o trabalho é o que diferencia e distingue os seres humanos de outras espécies.
Dosse (2003) explica que no paradigma marxista a História resulta de uma dinâmica dialética de transformação das relações sociais de produção e das forças produtivas; e que as contradições resultantes em meio a este processo é que são responsáveis pelo processo de mudança/revolução na história.
Em meio a isso o autor sugere que se faz necessária a práxis, ou seja, a prática política orientada (por meio de sindicatos e partidos políticos) para favorecer a conscientização dos indivíduos dos processos de exploração, alienação e organização da revolução que estão submetidos.
O modo de produção é composto pelas forças de produção e pelas relações de produção. As forças de produção são compostas por materiais, tecnologias, instrumentos, equipamentos.
As relações de produção compostas pela dimensão política, pelos aspectos jurídicos, pelas tradições religiosas, expressões artísticas, correntes filosóficas, entre os homens.
SÍNTESE DO MODO DE PRODUÇÃO
	MODO DE PRODUÇÃO	FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
	 COMUNISMO PRIMITIVO	Trabalho em conjunto, os frutos do trabalho eram propriedade coletiva, relações de trabalho baseadas na cooperação, os meios de produção eram coletivos; não existia Estado, não havia classes sociais. Corresponde às primeiras organizações humanas na história.
	MODO DE PRODUÇÃO	FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
	SOCIEDADE TRIBAL
(ASIÁTICA)	Camponeses são os responsáveis pela produção, a organização do trabalho era compulsória, cujo excedente deveria ser entregue ao Estado. Os integrantes do Estado compunham o grupo de aristocratas. O florescimento das atividades comerciais, o crescimento da escravidão seguida de rebeliões, a ambição pela propriedade privada foram os fatores responsáveis pela decadência deste modo de produção. São exemplos desta forma de organização as civilizações da Mesopotâmia e do Egito, as primeiras sociedades da China, África, Índia e os povos americanos.
	MODO DE PRODUÇÃO	FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
	SOCIEDADE ANTIGA	A sociedade basicamente se resumia em proprietários de terras e escravos; e de outros, os próprios escravos que eram as únicas forças de produção, entendidos e tratados como animais e ferramentas, ou seja, também como meios de produção.Os exemplos mais expressivos são Grécia e Roma Antiga.
	SOCIEDADE FEUDAL	Senhores e servos/camponeses formavam os principais grupos sociais. Os servos encontravam-se vinculados aos senhores por laços de dependência para com moradia e terra para produzir os itens de subsistência, em contrapartida deviam trabalhar, realizar serviços (trabalho servil) no interior da propriedade do senhor feudal, assim como entregar parte da produção obtida e se submeter às leis políticas e religiosas. O enfraquecimento da tutela religiosa, as crises nas colheitas as contradições entre dominantes e dominados e o florescimento do comércio e da vida nas cidades. Predominou na Europa Ocidental ao longo da Idade Média.
	MODO DE PRODUÇÃO	FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
	CAPITALISMO	A propriedade privada e os meios de produção se tornaram um privilégio de uma minoria de capitalistas. O trabalhador vende sua força de trabalho em troca de um salário (trabalho assalariado). Divisão e especialização do trabalho. A produção é organizadaconforme as necessidades da burguesia. Capitalistas e burgueses almejam a maior obtenção de lucro possível. A produção passou a ocorrer no interior de fábricas e indústrias. Foi um modo de produção que passou a se fortalecer a partir do século XV, XVI e se desenvolveu amplamente na sociedade ocidental nos séculos XIX e XX. De maneira resumida o capitalismo passou pelas fases de acumulação primitiva de capital, predomínio do capital mercantil na organização da produção, capitalismo industrial e do capitalismo financeiro.
MODO DE PRODUÇÃO SEGUNDO MARX E ENGELS
O modo de produção capitalista engendrava as próprias contradições e crises, ou seja: A produção cresce e fica sofisticado, enquanto as relações de produção e a distribuição de renda não se transformam no mesmo ritmo e promovem o aumento da riqueza de uma minoria (capitalistas e burgueses) e a pobreza crescente da maioria (trabalhadores e proletários).
Nessa direção: A luta de classes seria o motor da história, responsável por promover as condições necessárias à transformação, cujo fim era o de alcançar uma sociedade mais justa e não antagônica.
Neste contexto: recaía ao proletariado o papel de ator protagonista em fazer a revolução e transformar a sociedade. Conforme defendiam estes estudiosos, quando a classe proletária tomasse o poder, seria abolida, por violência, a antiga relação de produção (capitalista).
A antiga sociedade seria substituída por uma associação em que o livre desenvolvimento de cada um desencadearia a condição do livre desenvolvimento de todos
De forma resumida, o paradigma marxista apresenta a seguinte perspectiva de história:
A realidade social é mutável;
A mudança está submetida à leis que se encaixam em outras leis históricas;
As mudanças tendem a momentos de equilíbrio relativo
CONCEITOS DE ALIENAÇÃO SEGUNDO MARX E ENGELS
Resulta da divisão do trabalho e que é responsável perda da totalidade e da dignidade humana; classe social, que consiste em um grupo que ocupa um lugar determinado no processo de produção. Para que uma classe exista é preciso que haja a tomada de consciência da unidade e sentimento de separação, até mesmo de hostilidade, de uma em relação à outra; superestrutura e infraestrutura, em que a superestrutura abarca as instituições jurídicas e políticas, bem como os modos de pensar, as ideologias e as filosofias; e a infraestrutura, a base econômica e produtiva da sociedade.
O MATERIALISMO DIALÉTICO
A noção central do materialismo dialético residia no fato de que o desenvolvimento de qualquer atividade humana se dava a partir de contradições, no caso dos estudos do marxismo, os elementos que protagonizavam esta contradição eram o proletariado e o capitalista/burguês.
A pauta da discussão do materialismo dialético residiu na proposta de que o método utilizado para compreender os fenômenos da natureza e gerar conhecimento deveria ser o dialético, e a interpretação, a base conceitual de verificação deste conhecimento, de natureza materialista.
O HISTORICISMO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
O historiador do historicismo defendia que a história se constituía pelas forças espirituais da ação humana, o que implicava uma espécie de autoafirmação de que a classe média culta seria a classe dotada de competência e criatividade cultural e que deveria dominar e conduzir as transformações que se encontravam em curso.
A HISTÓRIA, AS FONTES E A ESCRITA
O documento que, para a escola historicista do fim do século XIX e do início do século XX, foi o fundamento do ‘fato histórico’, mesmo que resultasse da escolha, da decisão do historiador, para aqueles historiadores apresentava-se por si mesmo como a verdadeira ‘prova histórica’.
SÍNTESE DO PENSAMENTO HISTORICISTA
	VARIÁVEIS	HISTORICISMO: definições
	OBJETO DE ESTUDO	O passado escrito, registrado em textos e documentos.
	NOÇÃO DE TEMPO	Tempo curto (èvènementelle), acontecimentos e fatos instantâneos, localizados; com a ideia do progresso simples (linear) e cumulativo.
	FONTES HISTÓRICAS	Documentos escritos e oriundos de instituições oficiais (Estado, exército, marinha, diplomacia).
	TÉCNICAS DE APOIO	Crítica interna e externa do documento, através das “ciências auxiliares”: diplomática, numismática e paleografia.
	O QUE É HISTÓRIA?	Uma ciência do passado.
	RESULTADOS	História essencialmente descritiva, narrativa, imparcial e objetiva.
Os historiadores se preocupavam no sentido de promover uma acumulação volumosa de trabalhos científicos; os temas ganhavam uma abordagem linear e eram enriquecidos pelos conhecimentos advindos das áreas vizinhas como a antropologia, numismática, paleografia, epigrafia, diplomacia, entre outras.
O EXEMPLO DE LEOPOLD VON RANKE (1795-1888)
Foi responsável por defender o uso de método científico na pesquisa histórica que privilegiava as fontes primárias e a erudição em meio à narrativa. Ranke discursava que os profissionais da história deviam estar comprometidos em apresentar o passado, transformado em conhecimento histórico tal como o passado realmente foi, em um todo coerente e inteligível, ou seja, que a narrativa fosse isenta dos excessos do observador, em especial de julgamentos morais e políticos.
Ranke, assim como os demais historicistas de seu tempo, influenciados pelas ciências sociais estavam imbuído de que a história se caracterizava por generalizações ou leis.
Ranke apresentava suas teorizações na tentativa de fazer contraponto à tradição da filosofia especulativa e do moralismo religioso que perduravam até então. Porém, suas teses acabaram por ser indefensáveis; na perspectiva rankeana. 
Bastava reunir um número significativo de fatos bem documentados e que já havia cumprido a função do historiador e da história. E neste ponto, a reflexão teórica ou filosofia trariam complicações ao conhecimento histórico, pois levantavam dúvidas e especulações
PROBLEMA DA OBJETIVIDADE NA CIÊNCIA E NA HISTÓRIA
Para os estudiosos do historicismo a objetividade na história seria alcançada com a estratégia do recuo temporal, ou seja, debruçar-se em temos de épocas remotas, distantes do tempo presente (estudiosos da época moderna estudando antiguidade e Idade Média).
• Rüsen defende que a objetividade e/ou a parcialidade só pode ser alcançada se o conhecimento for refletido especificamente ao ponto de vista que integra tanto o seu ponto de vista do historiador como os interesses que se encontram no contexto político.
A PROBLEMÁTICA DA VERDADE NA HISTÓRIA
À luz das análises de Foucault, fica explícita a impossibilidade de neutralidade do conhecimento.
Nos tempos atuais vivemos em uma sociedade que caminha "ao compasso da verdade", no sentido de que se produz e circulam discursos que funcionam como verdade, e que por isso carregam e representam poderes específicos. 
Neste campo de forças, Foucault (1984) apresenta uma visão de história da verdade que deve ser entendida como "política da verdade", que almeja mostrar o caráter eminentemente político da produção da verdade ou seja, que leva em conta as condições políticas pelas quais o conhecimento foi construído; para Foucault tratam-se de elementos fundamentais da história dos saberes, dos quais não podemos nos dar o privilégio de desconsiderar, ou interpretar como sendo um véu ou um obstáculo.

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