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100 DICAS DE EMPRESARIAL ANA PAULA BLAZUTE BRUNA CORRÊA @PROFANABLAZUTE Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 1 100 dicas de Direito Empresarial Parte Geral 1. Diferença entre Direito Comercial e Direito Empresarial O direito comercial é mais voltado para o nosso antigo Código Comercial, onde vigorava os atos de comércio. O Código Comercial foi parcialmente revogado, vigorando ainda as disposições sobre o Comércio Marítimo. O Direito Empresarial adota a teoria da empresa, sendo mais abrangente que o Direito Comercial. 2. Conceito de empresário O empresário é aquele que exerce, de forma profissional (habitual, com finalidade financeira), atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. 3. Quem não é empresário? Não é considerado empresário, aquele que desenvolve uma profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que conte com o concurso de auxiliares ou colaboradores. Entretanto, se o exercício dessa atividade constituir elemento de empresa, o profissional passará a ser considerado empresário. Exemplo: Médico veterinário que comercializa adereços para pets. 4. O que é a empresa? Estudamos que empresário é aquele que exerce uma atividade empresária. A empresa é justamente essa atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Lembre-se, a empresa é a ATIVIDADE. 5. Função social da empresa Nosso Código Civil prioriza muito que a empresa cumpra sua função social, gere emprego e renda, contribua para o desenvolvimento da economia. Prova disso é o próprio instituto da recuperação judicial, que visa a recuperação da atividade empresária mesmo que isso signifique a retirada dos sócios. 6. Espécies de nome empresarial Existem duas espécies de nome empresarial, a firma e a denominação. a) Firma: é composta pelo nome civil, seja de forma completa ou abreviada. b) Denominação: é formada de quaisquer palavras, seja de língua estrangeira ou nacional. 7. Empresário individual e a firma O empresário individual, obrigatoriamente, deve adotar como espécie de nome empresarial a firma. Como caiu na OAB? Cruz Machado pretende iniciar o exercício individual de empresa e adotar como firma, exclusivamente, o nome pelo qual é conhecido pela população de sua cidade – “Monsenhor”. De acordo com as informações acima e as regras legais de formação de nome empresarial para o empresário individual, assinale a afirmativa correta. Resposta: A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário individual opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado. 8. Nome empresarial pode ser alienado? O Código Civil não permite que o nome empresarial seja alienado, portanto, ele não pode ser objeto de alienação. 9. Conceito de estabelecimento comercial O estabelecimento empresarial é todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. É importante saber ainda que o estabelecimento empresarial não se Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 2 confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial. 10. Alienação do estabelecimento empresarial O estabelecimento empresarial pode ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Ou seja, o estabelecimento poderá ser alienado, e isso ocorrerá através de um contrato chamado trespasse. 11. Trespasse e a solidariedade pelos débitos vencidos e vincendos Quando ocorre o trespasse o alienante (aquele que vende) continua responsável, solidariamente, pelos débitos vencidos e vincendos pelo prazo de 1 ano. a) Débitos vencidos: o prazo começa a contar a partir da publicação do contrato de trespasse na impressa oficial. b) Débitos vincendos: o prazo começa a contar a partir do vencimento. Lembre-se: os débitos precisam estar devidamente contabilizados para que o alienante continue sendo responsável. 12. Registro do trespasse Você precisa saber que a venda de um estabelecimento empresarial é algo que influencia não só aquele que está vendendo, mas outras pessoas (terceiros) que tenha negócios com o alienante. Portanto, por ser um ato solene, o contrato de trespasse só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Como caiu na OAB? O empresário individual José de Freitas alienou seu estabelecimento a outro empresário mediante os termos de um contrato escrito, averbado à margem de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, publicado na imprensa oficial, mas não lhe restaram bens suficientes para solver o seu passivo. Em relação à alienação do estabelecimento empresarial nessas condições, sua eficácia depende: Resposta: do pagamento a todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 13. Concorrência após a venda do estabelecimento empresarial Seria muito desleal se o alienante pudesse criar um negócio muito parecido e estabelecer-se ao lado daquele que comprou o seu antigo estabelecimento né? Pois bem, o Código Civil, já antecipando essas práticas, definiu que, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência. Mas, como tudo sempre tem uma exceção, o contrato pode autorizar que o alienante faça concorrência antes de passados esses cinco anos, mas essa autorização deve estar expressa no contrato de trespasse. 14. Obrigatoriedade de inscrição da empresa na junta comercial O empresário precisa se inscrever no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) antes de dar início às suas atividades, sob pena de ser considerado irregular. Como caiu na OAB? Luzia Betim pretende iniciar uma sociedade empresária em nome próprio. Para tanto, procura assessoria jurídica quanto à necessidade de inscrição no Registro Empresarial para regularidade de exercício da empresa. Na condição de consultor(a), você responderá que a inscrição do empresário individual é: Resposta: obrigatória antes do início da atividade. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 3 15. Empresário irregular O empresário irregular é aquele que exerce suas atividades sem realizar o devido registro na Junta Comercial. É importante saber que mesmo que não seja registrado, a pessoa que exerce uma atividade empresária é considerada empresário para os termos legais, respondendo de forma ilimitada com o seu próprio patrimônio. 16. Produtor rural pode ser empresário? Diferente do empresário urbano, que o registro é obrigatório antes do início da atividade, o produtor rural não possui a obrigatoriedade de se registrar como empresário. O Código Civil diz que o produtor rural possui a faculdade de requerer ou não o registro perante a junta comercial. Se o produtor rural se registrar, ele será considerado empresário, ou seja, o registro do produtor rural é um ato constitutivo. Como caiu na OAB? O engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de quatro fazendas onde ele realiza, em nome próprio, a exploraçãode culturas de soja e milho, bem como criação intensiva de gado. A atividade em todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia e insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial. Com base nessas informações, é correto afirmar que: Resposta: Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de não ter realizado seu registro na Junta Comercial. 17. Capacidade para ser empresário O Código Civil determina que podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 18. O que acontece se o empresário se tornar incapaz? Pode acontecer de, durante o exercício da atividade empresária o sócio/empresário se tornar incapaz. Se isso acontecer, o empresário incapaz poderá continuar o exercício da atividade empresária desde que seja representado ou assistido por seus pais ou pelo autor da herança. 19. Representante do incapaz não pode ser pessoa legalmente impedida E o que acontece se o representante do sócio incapaz for uma pessoa legalmente impedida de ser empresário? Se isso acontecer, essa pessoa nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. Como caiu na OAB? Maria, empresária individual, teve sua interdição decretada pelo juiz a pedido de seu pai, José, em razão de causa permanente que a impede de exprimir sua vontade para os atos da vida civil. Sabendo-se que José, servidor público federal na ativa, foi nomeado curador de Maria, assinale a afirmativa correta. Resposta: É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria; porém, diante do impedimento de José para exercer atividade de empresário, este nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. 20. Responsabilidade do impedido Conforme estudado na dica anterior, os impedidos não podem exercer a atividade de empresário. Acontece que o brasileiro ama fazer as coisas à margem da lei, então, o Código Civil, já ciente dessas hipóteses, determinou que a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. Ainda, essa pessoa responderá por essas obrigações de forma ilimitada. 21. Nome do sócio excluído pode permanecer na firma social? Normalmente, os tipos societários que operam sob firma possuem uma pessoalidade em sua atividade. Por esse motivo, o nome de sócio que Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 4 vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social. 22. Os cônjuges podem ser sócios de forma conjunta? Os cônjuges podem contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. 23. O empresário casado O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Mesmo casado, o empresário precisa ter a liberdade de gerir os seus negócios sem que seja necessária a outorga de seu cônjuge. 24. Obrigatoriedade de averbar o pacto antenupcial do empresário Se o empresário se casar e realizar um pacto antenupcial, ele deverá averbar esse contrato no Registro Civil e no Registro Público de Empresas Mercantis. Como caiu na OAB? Fagundes e Pilar são noivos e pretendem se casar adotando o regime de separação de bens mediante celebração de pacto antenupcial. Fagundes é empresário individual e titular do estabelecimento Borracharia Dona Inês Ltda. ME. Celebrado o pacto antenupcial entre os nubentes, o advogado contratado por Fagundes providenciará o arquivamento e a averbação do documento: Resposta: no Registro Público de Empresas Mercantis e no Registro Civil de Pessoas Naturais. Sociedades 25. O empresário individual O empresário individual é aquele que exerce a atividade empresária em nome próprio, e dessa forma, não há a separação dos bens do CPF e do CNPJ, ou seja, o empresário individual responde com seus bens pessoais pelas dívidas de sua empresa. 26. Responsabilidade limitada x Responsabilidade ilimitada Você vai ouvir falar muito nesses termos daqui em diante, então é preciso que saiba o que significa. a) Quando a responsabilidade for limitada significa que os sócios de uma empresa serão responsabilizados apenas até o valor de sua participação no capital social, ou seja, o seu patrimônio pessoal não é afetado pelas dívidas da empresa. b) Quando a responsabilidade for ilimitada, significa que o sócio responde com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da sociedade. 27. Responsabilidade solidária x Responsabilidade subsidiária Outro termo bastante mencionado no Direito Societário e precisamos saber diferenciar: a) Responsabilidade solidária: quando a responsabilidade for solidária, o credor poderá cobrar diretamente a empresa ou o empresário, ou seja, não há uma ordem de preferência. b) Responsabilidade subsidiária: aqui, o empresário apenas será demandado quando não houver patrimônio social (da empresa) suficiente para saldar a dívida. 28. A sociedade limitada unipessoal e a extinção da EIRELI Eis aqui um tema recente e que pode ser objeto de prova. A lei 14.195/2021 extinguiu a EIRELI, de modo que, atualmente, todas as EIRELI’s existentes se tornarão sociedade limitada unipessoal. Essa foi uma mudança importante e facilitou muito a vida de quem deseja empreender sozinho. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 5 Como caiu na OAB? Alexandre Larocque pretende constituir sociedade do tipo limitada sem se reunir a nenhuma outra pessoa e consulta sua advogada para saber a possibilidade de efetivar sua pretensão. Assinale a opção que apresenta a resposta dada pela advogada ao seu cliente. Resposta: É possível. A sociedade limitada pode ser constituída por uma pessoa, hipótese em que se aplicarão ao ato de instituição, no que couberem, as disposições sobre o contrato social. 29. A sociedade limitada unipessoal Antes do advento da sociedade limitada unipessoal, aquele que quisesse empreender sozinho sem que o seu patrimônio fosse atingido pelas obrigações sociais, deveria constituir uma EIRELI, um tipo societário sui generis, pois nem era uma sociedade e nem era um empresário individual. Entretanto, a EIRELI possuía algumas limitações, tais como, o capital social mínimo de 100 salários mínimos, a impossibilidade de ter mais de uma por CPF, etc. Por sua vez, a sociedade limitada unipessoal foi criada para minimizar todos essas restrições da EIRELI. A SLU, prevista no artigo 1.052 §1º, CC, não possui capital mínimo para ser formada e um mesmo empresário pode ter mais de uma SLU. 30. Momento de aquisição da personalidade jurídica A personalidade jurídica da sociedade é adquirida a partir da inscrição no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos. 31. Diferença entre sociedade personificada e não personificada A sociedade não personificada é aquela que não possui personalidade jurídica. O Código Civil traz duas espécies de sociedade não personificada: a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação. A sociedade personificada é aquela que teve seus atos constitutivos levados a registro, ou seja, possuem personalidade jurídica. 32. A sociedade em comum A sociedade em comum é aquela sociedadecom característica de sociedade empresária, mas que não levou seus atos constitutivos a registro, ou seja, é uma sociedade de fato. 33. Patrimônio especial da sociedade em comum Os bens e dívidas sociais, da sociedade em comum, constituem um patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. 34. Responsabilidade dos sócios na sociedade em comum A responsabilidade dos sócios na sociedade em comum é solidária e ilimitada pelas obrigações sociais. Entretanto, há um benefício de ordem, ou seja, primeiro se executa o patrimônio da sociedade para depois executar o patrimônio pessoal do sócio. Mas existe uma exceção importante, o sócio que contratou pela sociedade, ou seja, aquele que celebrou o negócio pela empresa, será excluído do benefício de ordem. Como caiu na OAB? Acerca da sociedade em comum, assinale a opção correta. Resposta: Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem aquele que contratou pela sociedade. 35. Responsabilidade do novo sócio Se um sócio ingressar em uma sociedade já existente, ele responderá pelas dívidas anteriores à sua admissão. Ou seja, independente se aquele sócio entrou na sociedade depois que a dívida foi assumida, ele responderá por ela. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 6 36. Responsabilidade sobre a integralização do capital social Na sociedade limitada a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem de forma solidária pela integralização do capital social. 37. Possibilidade de menor ser sócio de uma sociedade empresária O incapaz pode ser sócio de uma sociedade empresária, mas, como estamos falando de uma pessoa incapaz, alguns requisitos devem ser preenchidos: a) O sócio incapaz não pode ser administrador da sociedade; b) O capital social deve estar totalmente integralizado; c) O sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. Como caiu na OAB? Álvares Florence tem um filho relativamente incapaz e consulta você, como advogado(a), para saber da possibilidade de transferir para o filho parte das quotas que possui na sociedade empresária Redenção da Serra Alimentos Ltda., cujo capital social se encontra integralizado. Resposta: é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, desde que esteja assistido no instrumento de alteração contratual, devendo constar a vedação do exercício da administração da sociedade por ele. 38. A sociedade em conta de participação Na sociedade em conta de participação, duas ou mais pessoas se unem para uma finalidade específica. Normalmente, uma pessoa fornece os recursos e a outra utiliza esses recursos em um determinado projeto ou empreendimento. A atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. 39. Sócio ostensivo x sócio participante O sócio ostensivo é aquele que “aparece”, ou seja, é aquele que realiza todas as negociações envolvendo a sociedade. Já o sócio participante (ou sócio oculto) é aquele que não participa das negociações, ele apenas contribui (na maioria das vezes financeiramente) com a sociedade. Como caiu na OAB? A respeito do sócio ostensivo da sociedade em conta de participação, assinale a afirmativa correta. Resposta: É o único responsável pela atividade constitutiva do objeto social. 40. Como provar a existência de uma sociedade em conta de participação A sociedade em conta de participação não precisa de qualquer formalidade para existir, isso significa que esse tipo societário não exige sequer um contrato social. Por esse motivo, a constituição de uma sociedade em conta de participação pode provar-se por todos os meios de direito. 41. Contrato social na sociedade em conta de participação Conforme mencionado no tópico anterior, não há nenhuma exigência formal para que seja constituída uma sociedade em conta de participação. Entretanto, caso os sócios façam um contrato social (o que não é proibido) esse contrato apenas terá efeito entre os sócios. Isso significa que os sócios não poderão opor esse contrato a terceiros. 42. O registro do contrato social da sociedade em conta de participação Nós já entendemos que a sociedade em conta de participação não possui personalidade jurídica, certo? Mas e se os sócios registrarem o contrato social na junta comercial? Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 7 Nesse ponto é importante que você saiba que a eventual inscrição do contrato social em qualquer registro, não confere personalidade jurídica à sociedade. 43. Admissão de novo sócio na sociedade em conta de participação Observando as características da sociedade em conta de participação, é possível entender que esse tipo societário exige uma certa relação de confiança entre os sócios. Por esse motivo, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. 44. Sócio oculto (participante) e relações com terceiros Quem negocia pela sociedade é o sócio ostensivo, cabendo ao sócio oculto apenas fiscalizar a gestão desses negócios. O sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. 45. Falência do sócio ostensivo Caso haja a falência do sócio ostensivo, haverá também a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta. Como caiu na OAB? Quanto à falência do sócio ostensivo na Sociedade em Conta de Participação, é CORRETO afirmar: impõe a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, o saldo constituirá crédito quirografário; 46. A sociedade simples A sociedade simples é uma sociedade personificada, ou seja, possui personalidade jurídica. Essas sociedades normalmente exploraram atividades intelectuais, um exemplo clássico são os escritórios de advocacia. 47. Registro das sociedades simples A sociedade simples deve ser constituída através de um contrato escrito, podendo ser particular ou público. Qualquer modificação do contrato social depende do consentimento de todos ou da maioria absoluta dos sócios, devendo ser averbada no respectivo registro. 48. Substituição do sócio na sociedade simples A sociedade simples, normalmente, exige uma relação de confiança entre os sócios. Por esse motivo, o sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento expresso dos demais sócios. 49. Responsabilidade dos sócios na sociedade simples A responsabilidade na sociedade simples é ilimitada, mas deve ser observado o benefício de ordem. Existe uma observação importante aqui! Se um sócio ceder as suas quotas, ele continuará responsável (solidariamente) pelas obrigações perante a sociedade e terceiros pelo prazo de até dois anos depois de averbada a modificação do contrato . 50. Início da responsabilidade dos sócios É importante que você saiba que as obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais. Como caiu na OAB? Perseu, em 2012, ingressa numa sociedade simples, constituída em 2008, formada por cinco pessoasnaturais e com sede na cidade de Primeira Cruz. De acordo com as disposições do Código Civil sobre a sociedade simples, assinale a afirmativa correta. Resposta: Perseu é responsável por todas as dívidas sociais anteriores à admissão. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 8 51. Participação dos lucros e das perdas na sociedade simples Se não houver nenhuma estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas na proporção das respectivas quotas. Essa regra é tão importante que o Código Civil determina que a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas é nula. 52. Morte do sócio na sociedade simples Quando um sócio de uma sociedade simples falece, suas quotas serão liquidadas. Entretanto existem algumas exceções, são elas: a) se o contrato dispuser diferentemente b) se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade c) se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. É importante que você saiba ainda a redação do artigo 1.032: “A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual prazo, enquanto não se requerer a averbação.” Como caiu na OAB? Em 11 de setembro de 2016, ocorreu o falecimento de Pedro, sócio de uma sociedade simples. Nessa situação, o contrato prevê a resolução da sociedade em relação a um sócio. Na alteração contratual ficou estabelecida a redução do capital no valor das quotas titularizadas pelo ex-sócio, sendo o documento arquivado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, em 22 de outubro de 2016. Diante da narrativa, os herdeiros de Pedro são responsáveis pelas obrigações sociais anteriores à data do falecimento, até dois anos após: Resposta: a data do arquivamento da resolução da sociedade (22 de outubro de 2016). 53. Hipóteses de dissolução da sociedade simples O Código Civil prevê quatro hipóteses de dissolução da sociedade simples: a) o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado b) o consenso unânime dos sócios c) a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado d) a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. A sociedade simples pode ser dissolvida ainda através de decisão judicial a requerimento de qualquer dos sócios. 54. Deliberação dos sócios na sociedade simples Nas sociedades simples, normalmente, as deliberações são tomadas por maioria de votos. 55. Administração da sociedade simples Na sociedade simples, caso não haja previsão contratual, a administração será exercida separadamente por todos os sócios. Entretanto, o sócio responderá por perdas e danos se agir (realizar operações) em desacordo com a maioria. 56. Características da sociedade limitada A sociedade limitada, como o próprio nome diz, restringe a responsabilidade dos sócios até o valor de suas quotas, ou seja, o patrimônio pessoal dos sócios não é atingido por dívidas da sociedade. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 9 57. Responsabilidade pela integralização do capital social Conforme ensinado na dica anterior, a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor de suas quotas, mas todos respondem de forma solidária pela integralização do capital social. Como caiu na OAB? Anadia e Deodoro são condôminos de uma quota de sociedade limitada no valor de R$ 13.000,00 (treze mil reais). Nem a quota nem o capital da sociedade – fixado em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) – se encontram integralizados. Você é consultado(a), como advogado(a), sobre a possibilidade de a sociedade demandar os condôminos para que integralizem a referida quota. Assinale a opção que apresenta a resposta correta. Resposta: Eles são obrigados à integralização, porque todos os sócios, mesmo os condôminos, devem integralizar o capital. 58. Realização de assembleias ou reuniões virtuais Com as medidas de isolamento ocasionadas pela Covid-19, a lei 14.030/2020 incluiu um artigo no Código Civil permitindo que as assembleias ou reuniões da sociedade limitada fossem realizadas de forma digital. Como caiu na OAB? Em razão das medidas de isolamento social propagadas nos anos de 2020 e 2021, muitos administradores precisaram de orientação quanto à licitude da realização de reuniões ou assembleias de sócios nas sociedades limitadas, de forma digital, ou à possibilidade do modelo híbrido, ou seja, o conclave é presencial, mas com a possibilidade de participação remota de sócio, inclusive proferindo voto. Assinale a afirmativa que apresenta a orientação correta. Resposta: Na sociedade limitada é possível tanto a reunião ou a assembleia de sócios, de forma digital, quanto a participação do sócio e o voto à distância. 59. O que ocorre quando há o falecimento de um dos sócios na sociedade limitada? Muito diferente da sociedade simples, na sociedade limitada, quando um, sócio falece sua quota será liquidada, salvo: a) se o contrato dispuser diferentemente; b) se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; c) se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falecido. Como caiu na OAB? No contrato da sociedade empresária Arealva Calçados Finos Ltda., não consta cláusula de regência supletiva pelas disposições de outro tipo societário. Ademais, tanto no contrato social quanto nas disposições legais relativas ao tipo adotado pela sociedade não há norma regulando a sucessão por morte de sócio. Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. Resposta: Haverá resolução da sociedade em relação ao sócio em caso de morte. 60. Espécies de ações na sociedade anônima A sociedade anônima poderá ter três tipos de ações: as ordinárias, preferenciais e de fruição. a) As ações ordinárias são obrigatórias e confere ao acionista o direito a voto nas assembleias e participação nos dividendos. b) As ações preferenciais conferem ao acionista uma vantagem ou preferência legal, entretanto ela também confere alguma restrição. Tanto as vantagens quanto as restrições devem estar previstas no estatuto social. c) As ações de fruição é aquela criada no momento de sua amortização, momento em que o acionista recebe o valor que teria direito se houvesse a liquidação da sociedade. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 10 61. Sociedades anônimas de capital aberto e fechado A sociedade anônima de capital aberto é aquela que possui ações que podem ser negociadas na bolsa de valores. Já na sociedade anônima de capital fechado ocorre o contrário, suas ações não podem ser negociadas na bolsa de valores, ou seja, caso a empresa queira captar investidores, deverá fazer isso de forma privada. 62. Direitos essenciais dos acionistas Os acionistas na sociedade anônima possuem alguns direitos essenciais, são eles: a) participar dos lucros sociais; b) participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; c) fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; d) preferência para a subscriçãode ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição e) retirar-se da sociedade nos casos previstos na lei 6.404/76 63. A sociedade cooperativa A sociedade cooperativa é uma sociedade sem fins lucrativos e sem receita própria, possuindo como finalidade prestar, diretamente, serviços aos seus associados. 64. Características da sociedade cooperativa O artigo 1.094 prevê algumas das características de uma sociedade cooperativa e é importante que você saiba identifica-las: a) variabilidade, ou dispensa do capital social; b) concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; c) limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; d) intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; e) quorum , para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; f) direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; g) distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; h) indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. 65. Responsabilidade na sociedade cooperativa Diferentemente da maioria dos tipos societários, a responsabilidade dos sócios na sociedade cooperativa poderá ser limitada ou ilimitada. 66. Direito de voto na sociedade cooperativa Lembra que eu falei que você precisava saber identificar algumas das características da sociedade cooperativa? Pois é, o direito de voto é uma delas. Na sociedade cooperativa cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação. Como caiu na OAB? Dirce Reis trabalha como advogada e presta apoio jurídico aos empreendedores da cidade de São Francisco interessados na constituição de sociedades cooperativas. Um grupo de prestadores de serviços procurou a consultora para receber informações sobre o funcionamento de uma cooperativa. Sobre as regras básicas de funcionamento de uma cooperativa, assinale a afirmativa correta. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 11 Resposta: Na sociedade cooperativa, cada sócio tem direito a um só voto nas deliberações sociais, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação. 67. Desconsideração da personalidade jurídica Apesar de ser um tema mais abordado na matéria de direito civil, a desconsideração da personalidade jurídica é intrinsecamente ligada ao direito empresarial. Tá, mas o que é isso? A desconsideração ocorre quando, ocorre abuso da personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. Quando isso ocorre, afasta-se a personalidade jurídica para que seja possível alcançar o patrimônio pessoal do sócio. 68. Desconsideração da personalidade jurídica inversa Aqui, o babado é mais forte. Pelos mesmos motivos (abuso da personalidade jurídica), o juiz poderá atingir o patrimônio da empresa por dívidas pessoais dos sócios. Isso ocorre muito, por exemplo, quando algum sócio transfere bens pessoais para o acervo patrimonial da sociedade com o objetivo de prejudicar seus credores, ou seja, dificultando o cumprimento de suas obrigações. Títulos de Crédito 69. O que é um título de crédito? Segundo a definição da doutrina, um título de crédito é o documento necessário para que haja o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado. Normalmente, o direito corresponde a uma quantia em dinheiro, de modo que através do título de crédito, esse direito poderá ser exercido de forma autônoma, independente de outra comprovação. 70. Título de crédito é um título executivo extrajudicial O Código de Processo Civil prevê que a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque são títulos executivos extrajudiciais. Isso significa que o titular desse título poderá executar essa dívida sem que seja necessário o ajuizamento de uma ação de conhecimento. 71. Endosso x Aval Quando falamos em títulos de crédito, esse é um dos assuntos mais cobrados pela primeira fase da OAB. O endosso ocorre quando o titular de um título de crédito cede os seus direitos inerentes ao título à outra pessoa. Aquele que endossa se responsabiliza, em alguns casos, pelo pagamento do título, de modo que o endossatário (o que recebeu o endosso) poderá cobrar tanto do obrigado principal quanto do endossante. Portanto, atente-se a essas hipóteses. Como caiu na OAB? Socorro, empresária individual, sacou duplicata de venda na forma cartular, em face de Laticínios Aguaí Ltda. com vencimento para o dia 11 de setembro de 2020. Antes do vencimento, no dia 31 de agosto de 2020, a duplicata, já aceita, foi endossada para a sociedade Bariri & Piraju Ltda. Considerando-se que, no dia 9 de outubro de 2020, a duplicata foi apresentada ao tabelionato de protestos para ser protestada por falta de pagamento, é correto afirmar que o endossatário. Resposta: poderá promover a execução da duplicata em face do aceitante e do endossante, pelo fato de o título ter sido apresentado a protesto em tempo hábil e por ser o aceitante o obrigado principal. Por sua vez, o aval é uma espécie de garantia pessoal dos títulos de crédito. No direito civil nós temos a fiança, nos títulos de crédito temos o aval. Portanto, o avalista garante o pagamento de um título de crédito. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 12 72. Endosso-mandato Como o próprio nome diz, o endosso-mandato confere poderes ao endossatário para que este represente o endossante, exercendo direitos específicos e inerentes ao título. O endossatário não pode endossar novamente o título a não ser que seja também na qualidade procurador com os mesmos poderes que recebeu. Como caiu na OAB? Filadélfia emitiu nota promissória à vista em favor de Palmas. Antes da apresentação a pagamento, Palmas realizou endosso-mandato da cártula para Sampaio. De posse do título, é correto afirmar que Sampaio Resposta: somente poderá transferir a nota promissória, por meio de novo endosso, na condição de procurador da endossante. 73. Endosso em branco x endosso em preto O endosso em branco possui como principal característica o fato de não indicar o beneficiário, ou seja, basta que o endossante assine o verso daquele título sem indicar para quem ele se destina. Nesse caso, o título passará a ser ao portador. Isso significa que qualquer um que esteja de posse daquele título poderá cobrá-lo. Ao contrário, o aval em preto indica expressamente quem será o beneficiário do título. 74. Endosso com cláusula sem garantia ou proibitivo Como mencionamos antes, normalmente o endossante se responsabiliza pelo título que está cedendo, mas como para tudo existe exceção, vamos entender melhor o endosso proibitivo. Nessa espécie de endosso, o endossante não fica vinculado como coobrigado, ou seja, ele não se responsabiliza pelo título perante terceiros. Assim, a responsabilidade do endossante se limita ao endossatário. Essa cláusula precisa ser expressa. Como caiu na OAB? Bonfimemitiu nota promissória à ordem em favor de Normandia, com vencimento em 15 de março de 2020 e pagamento na cidade de Alto Alegre/RR. O título de crédito passou por três endossos antes de seu vencimento. O primeiro endosso foi em favor de Iracema, com proibição de novo endosso; o segundo endosso, sem garantia, se deu em favor de Moura; no terceiro e último endosso, o endossante indicou Cantá como endossatário. Vencido o título sem pagamento, o portador poderá promover a ação de cobrança em face de: Resposta: Bonfim, o emitente e obrigado principal, e do endossante e coobrigado Moura, observado o aponte tempestivo do título a protesto por falta de pagamento para o exercício do direito de ação em face do coobrigado. 75. A cláusula “não à ordem” Essa é uma cláusula em que o emitente de um título de crédito proíbe a realização de endosso naquele título. Quando essa cláusula estiver presente, o título apenas poderá ser cedido através de uma cessão civil de crédito. Saiba que existe a cláusula à ordem, mas ela é presumida nos títulos de crédito, ou seja, não precisa ser expressa. Como caiu na OAB? Para realizar o pagamento de uma dívida contraída pelo sócio M. Paraguaçu em favor da sociedade Iguape, Cananeia & Cia Ltda., o primeiro emitiu uma nota promissória à vista, com cláusula à ordem no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). De acordo com essas informações e a respeito da cláusula à ordem, é correto afirmar que: Resposta: a cláusula implica a possibilidade de transferência do título por endosso, sendo o endossante responsável pelo pagamento, salvo cláusula sem garantia. 76. Aval x Fiança O aval é uma garantia inerente aos títulos de crédito. Aqui a responsabilidade é solidária e Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 13 autônoma, ou seja, o avalista poderá ser acionado pelo montante integral da dívida. Já a fiança é uma garantia pessoal onde a responsabilidade é subsidiária, de forma que o fiador apenas pode ser cobrado caso o devedor principal não cumpra a obrigação. 77. Aval póstumo O aval póstumo é aquele dado após o vencimento da dívida. O Código Civil estabelece que o aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado. Como caiu na OAB? Três Coroas Comércio de Artigos Eletrônicos Ltda. subscreveu nota promissória em favor do Banco Dois Irmãos S.A. com vencimento a dia certo. Após o vencimento, foi aceita uma proposta de moratória feita pelo devedor por 120 (cento e vinte) dias, sem alteração da data de vencimento indicada no título. O beneficiário exigiu dois avalistas simultâneos, e o devedor apresentou Montenegro e Bento, que firmaram avais em preto no título. Sobre esses avais e a responsabilidade dos avalistas simultâneos, assinale a afirmativa correta. Resposta: O aval póstumo produz os mesmos efeitos do anteriormente dado, respondendo os avalistas solidariamente e autonomamente perante o portador. 78. Aval em preto e aval em branco Assim como no endosso, o aval em preto indica a pessoa que está sendo avalizada, ou seja, o avalista se responsabiliza apenas por ela. Já o aval em branco não indica quem está sendo avalizado, de modo que o avalista se responsabiliza por aquele título independente que quem realize a cobrança. 79. Aval parcial O aval parcial ocorre quando o avalista garante apenas parte da dívida. O Código Civil veda a realização de aval parcial, entretanto, o decreto- lei 57.663/56 prevê a possibilidade de realização de aval parcial nas letras de câmbio e notas promissórias. Por sua vez, a lei do cheque também permite o aval parcial. Portanto, é preciso que você saiba identificar qual o título em questão para analisar se o aval parcial é vedado ou não. Como caiu na OAB? Em relação ao Direito Cambiário, é correto afirmar que: Resposta: o aval dado em uma nota promissória pode ser parcial, ainda que sucessivo. 80. Cheque O cheque é o título de crédito mais usual e comum no nosso dia a dia e, nada mais é, que uma ordem de pagamento à vista. O cheque pode ser sacado na “boca do caixa” ou depositado em uma conta bancária. No cheque existem 3 figuras de destaque: o emitente, o favorecido e o sacado. O emitente é aquele que emite o cheque, ou seja, que coloca ele em circulação. O favorecido é a pessoa a quem será efetuado o pagamento (é o credor). O sacado é o banco, a instituição financeira onde o dinheiro do emitente está depositado. 81. Cheque cruzado O cheque cruzado obriga o beneficiário a depositar o título em uma conta bancária, ou seja, impede que o cheque seja sacado na “boca do caixa”. Como caiu na OAB? Feijó recebeu de Moura um cheque com cruzamento especial no valor de R$ 2.300,00 (dois mil e trezentos reais). Acerca das disposições legais que disciplinam tal espécie de cheque, assinale a afirmativa correta. Resposta: O cruzamento especial não pode ser convertido em geral e a inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como não existente. 82. Cheque ao portador O cheque ao portador, como o próprio nome diz, é um cheque que pode ser apresentado por Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 14 qualquer pessoa. Não há a indicação de nenhum beneficiário. Uma observação importante, essa espécie de cheque somente pode ser emitida até o montante de R$ 100,00. 83. Cheque nominal Ao contrário da espécie anterior, o cheque nominal indica o nome do beneficiário. Dessa forma, caso o beneficiário queira transferir esse crédito, deverá realizar o endosso, conforme já estudado nas dicas anteriores. 84. Cheque pré-datado ou pós-datado Conforme estudamos, o cheque é uma ordem de pagamento à vista. Entretanto, como o brasileiro ama inventar uma moda, popularizou-se a figura do cheque pré-datado. Nessa espécie de cheque, o emitente coloca uma data futura para que aqueles valores sejam compensados. 85. Cheque e o dano moral Como mencionado na dica anterior, o cheque pré-datado indica uma data futura para ser compensado. Ok, mas o que acontece se o beneficiário resolver depositar esse cheque antes da data mencionada no título? Bom, nos termos da súmula 370 do STJ caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré- datado. Como caiu na OAB? Inocência adquiriu um aparelho de jantar para sua nova residência em uma loja de artigos domésticos. A vendedora, sociedade limitada empresária, recebeu um cheque cruzado emitido pela compradora e, se comprometeu, a não o apresentar ao sacado antes de 10 de janeiro de 2019. Em 13 de dezembro de 2018, exatamente uma semana após a compra, Inocência verificou, no extrato de sua conta-corrente bancária, que o cheque em referência havia sido apresentado a pagamento e devolvido por insuficiência de fundos, em decorrência da apresentação antecipada ao sacado. Sobre a apresentação de cheque pós-datado antes da data indicada como sendo a de emissão, com base na jurisprudência pacificada, assinale a afirmativa correta. Resposta: Caracteriza dano moral. 86. Princípio da cartularidade O princípio da cartularidade aduz que é indispensável que o beneficiário tenha a posse do título para que possa exercer os direitos inerentes ao crédito, ou seja, é preciso a existência material do título, que também poderá ser eletrônico. 87. Lugar de emissão e de pagamento Normalmente, o título indica o lugar de emissão e de pagamento, mas, na hipótese de não haver essa indicação, o Código Civil aduz que será consideradoo domicílio do emitente. 88. Nota promissória A nota promissória é um título em que uma pessoa “promete” pagar certa quantia em dinheiro à outra. A nota promissória representa tão somente a dívida, ou seja, não tem valor de contrato entre as partes. Como caiu na OAB? (adaptada) Acerca de títulos de crédito, assinale a opção correta. Resposta: A nota promissória pode ser vinculada a contrato, mas dependerá de indicação, no próprio título de crédito, da celebração do referido negócio jurídico. 89. Duplicata A duplicata é um título pouco usual atualmente, mas ainda é cobrado pela OAB. Ela funciona como uma espécie de prova do contrato de compra e venda celebrado entre as partes. A duplicata é emitida juntamente com a nota fiscal por uma empresa que vende produtos ou presta serviços a outra. A duplicata é um título de crédito causal, ou seja, sua validade e regularidade está ligada ao negócio jurídico principal. Como caiu na OAB? A duplicata é um título de crédito: Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 15 Resposta: de natureza causal porque decorre da existência de uma fatura emitida em virtude de uma compra e venda mercantil ou de uma prestação de serviços. Recuperação Judicial e Falência 90. Recuperação Judicial do produtor rural Essa é com certeza uma novidade que pode aparecer na sua prova. Antes da lei 14.112/2020, o produtor rural poderia requerer sua recuperação judicial, mas era necessário que comprovasse quer era inscrito na Junta Comercial há pelo menos 2 anos. Com o advento da nova lei, os produtores rurais podem recorrer a recuperação judicial como pessoas físicas, sem necessariamente terem o tempo mínimo de dois anos na atividade. 91. Prazo de suspensão das ações executivas O deferimento da recuperação judicial implica na suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência pelo prazo de 180 dias. É importante saber ainda que as execuções fiscais não são suspensas e esse assunto já foi cobrado em prova. Como caiu na OAB? A Fazenda Pública do Estado de Pernambuco ajuizou ação de execução fiscal em face de sociedade empresária. No curso da demanda, houve o processamento da recuperação judicial da sociedade. Em relação à execução fiscal em curso, assinale a afirmativa correta. Resposta: Não é suspensa com o processamento da recuperação judicial. 92. Impossibilidade de atos de constrição O deferimento da recuperação judicial ou a decretação da falência também implica na proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. 93. Possibilidade de prorrogação do stay period, novidade legislativa Essa também é uma novidade legislativa que pode cair na sua prova. A lei 14.112/2020 alterou a redação do §4º, do art. 6º da lei 11.101/2005, passando a prever que o prazo de suspensão será de 180 dias PRORROGÁVEL por igual período. 94. Competência do juízo universal da recuperação judicial e da falência A partir do deferimento da recuperação ou da decretação da falência, o juízo em que se processa a ação será o competente para dispor de todo o patrimônio do devedor/falido. Isso é importante para que seja possível o soerguimento da atividade empresária, bem como preserva a ordem de preferência entre os credores. 95. Princípio da par conditio creditorum Esse princípio determina que todos os credores sujeitos à recuperação judicial ou à falência tenham equivalência dentro de suas classes, ou seja, não pode haver a preferência de um credor em detrimento de outro. 96. Foro competente para processar a recuperação judicial/extrajudicial O juízo competente para processar a recuperação judicial é aquele onde se encontra o principal estabelecimento do devedor. Não é a sede, não é a matriz, é o lugar onde está o principal estabelecimento. Como caiu na OAB? Você participou da elaboração, apresentação e negociação do plano de recuperação extrajudicial de devedor sociedade empresária. Tendo sido o plano assinado por todos os Cassia Brito projetonave.g@gmail.com Material elaborado pela Professora Ana Paula Blazute e Bruna Corrêa (@brunacfon). O arquivo é de envio pessoal. Proibido qualquer tipo de repasse. 16 credores por ele atingidos, seu cliente o contratou para requerer a homologação judicial. Assinale a opção que indica o juízo em que deverá ser apresentado o pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial. Resposta: O juízo do principal estabelecimento do devedor. 97. Figura do administrador judicial O administrador judicial é um auxiliar do juízo e ele será responsável por uma série de funções dentro do procedimento recuperacional/falimentar. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Esse profissional deverá fiscalizar a empresa em recuperação ou falida, mas ele não administrará a empresa. Lembre-se, o administrador é JUDICIAL e a ele compete apenas as atribuições elencadas na lei 11.101/2005. 98. Plano de recuperação judicial O plano de recuperação judicial nada mais é que um plano de ação, onde a empresa demonstrará quais meios utilizará para recuperar sua atividade, sua viabilidade econômica, etc. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência. 99. Assembleia geral de credores A assembleia geral de credores é um verdadeiro casos de família. Aqui, todos os credores sujeitos à recuperação ou à falência se reunirão para deliberar sobre diversos fatores. Todas as pautas de deliberação estão previstas no artigo 35 da lei 11.101/2005 e eu recomendo que você realize a leitura desse dispositivo. 100. Atos de falência Principalmente no processo de recuperação judicial existem alguns atos que podem ocasionar na falência do devedor. Será decreta a falência do devedor que: a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor; e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial. Cassia Brito projetonave.g@gmail.com
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