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Atividade Sobre Culpabilidade - RESPOSTAS

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FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO 
Disciplina: Direito Penal I - 4º Período: 2011.2 
Professor: Magno Antonio Leite 
Tema da Aula: Exercício - Culpabilidade. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01. O que é culpabilidade? 
A culpabilidade é a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma 
infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação 
exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas 
pressuposto para imposição de pena, porque, sendo um juízo de valor sobre o autor de uma 
infração penal, não se concebe possa, ao mesmo tempo, estar dentro do crime, como seu elemento, 
e fora, como juízo externo de valor do agente. Para censurar quem cometeu um crime, a 
culpabilidade deve estar necessariamente fora dele. 
 
02. Quais os requisitos da culpabilidade de acordo com a teoria adotada pelo Código 
Penal? 
O Código Penal adotou a teoria limitada da culpabilidade, segundo a qual são seus 
requisitos: 
a) imputabilidade; 
b) potencial consciência da ilicitude; 
c) exigibilidade de conduta diversa. 
 
03. O que é imputabilidade? 
É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
 
04. Quais as causas que excluem a imputabilidade? 
� Doença mental; 
� Desenvolvimento mental incompleto; 
� Desenvolvimento mental retardado; 
� Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior. 
 
05. Quais os critérios de aferição da inimputabilidade? 
� Sistema biológico: foi adotado, como exceção, no caso dos menores de 18 anos, nos quais o 
desenvolvimento incompleto presume a incapacidade de entendimento e vontade (CP, art. 
27); 
� Sistema psicológico; 
� Sistema biopsicológico: foi adotado como regra, conforme se verifica pela leitura do art. 26, 
caput, do Código Penal. 
 
06. Quais os requisitos da inimputabilidade segundo o sistema biopsicológico? 
� Causal: existência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, 
que são as causas previstas em lei; 
� Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa; 
� Conseqüencial: perda da capacidade de entender e querer. 
 
07. Quais as espécies de embriaguez? 
� Embriaguez não acidental, que se subdivide em: voluntária, dolosa ou intencional (completa 
ou incompleta); culposa (completa ou incompleta); 
� Embriaguez acidental: pode decorrer de caso fortuito ou força maior (completa ou 
incompleta); 
� Patológica; 
� Preordenada. 
 
08. Em que consiste a teoria da “actio libera in causa”? 
A embriaguez não acidental jamais exclui a imputabilidade do agente, seja voluntária, 
culposa, completa ou incompleta. Isso porque ele, no momento em que ingeria a substância, era 
livre para decidir se devia ou não o fazer. A conduta, mesmo quando praticada em estado de 
embriaguez completa, originou-se de um ato de livre-arbítrio do sujeito, que optou por ingerir a 
substância quando tinha possibilidade de não o fazer. A ação foi livre na sua causa, devendo o 
agente, por essa razão, ser responsabilizado. E a teoria da actio libera in causa (ações livres na 
causa). Considera-se, portanto, o momento da ingestão da substância e não o da prática delituosa. 
Essa teoria ainda configura resquício da responsabilidade objetiva em nosso sistema penal, sendo 
admitida excepcionalmente quando for absolutamente necessário para não deixar o bem jurídico 
sem proteção. 
 
09. Em que consiste a semi-imputabilidade ou responsabilidade diminuída? 
É a perda de parte da capacidade de entendimento e autodeterminação, em razão de 
doença mental ou de desenvolvimento incompleto ou retardado. Alcança os indivíduos em que as 
perturbações psíquicas tornam menor o poder de autodeterminação e mais fraca a resistência 
interior em relação à prática do crime. Na verdade, o agente é imputável e responsável por ter 
alguma noção do que faz, mas sua responsabilidade é reduzida em virtude de ter agido com 
culpabilidade diminuída em conseqüência das suas condições pessoais. 
 
10. Qual a conseqüência da semi-imputabilidade? 
Não exclui a imputabilidade, de modo que o agente será condenado pelo fato típico e ilícito 
que cometeu. Constatada a redução na capacidade de compreensão ou vontade, o juiz terá duas 
opções: reduzir a pena de 1/3 a 2/3 ou impor medida de segurança (mesmo assim, a sentença 
continuará sendo condenatória). A escolha por medida de segurança somente poderá ser feita se o 
laudo de insanidade mental indicá-la como recomendável, não sendo arbitrária essa opção. Se for 
aplicada pena, o juiz estará obrigado a diminuí-la de 1/3 a 2/3, conforme o grau de perturbação, 
tratando-se de direito público subjetivo do agente, o qual não pode ser subtraído pelo julgador. 
 
11. O que são causas supralegais de exclusão da exigibilidade de conduta diversa? 
São admitidas em nosso sistema jurídico? 
 
São aquelas que, embora não previstas em lei, levam à exclusão da culpabilidade. Há duas 
posições quanto a sua existência: 
� O Tribunal de Justiça de São Paulo sustenta que inexistem causas supralegais, com o 
principal argumento no sentido de que é inaplicável a analogia in bonam partem em matéria 
de dirimentes, já que as causas de exculpação representam, segundo a clara sistemática da 
lei, preceitos excepcionais insuscetíveis de aplicação extensiva; 
� O Superior Tribunal de Justiça entende, contrariamente, que existem outras causas de 
exclusão da culpabilidade além das expressamente previstas, argumentando no sentido de 
que a exigibilidade de conduta diversa é um verdadeiro princípio geral da culpabilidade. 
Contraria frontalmente o pensamento finalista punir o inevitável. Só é culpável o agente que 
se comporta ilicitamente, podendo orientar-se de modo diverso.

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