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Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editor responsável: Cesar Brumini Dellore º 6GEOGRAFIA ANOComponente curricular: GEOGRAFIA MANUAL DO PROFESSOR m at er ia l d e d iv ul g aç ão . ve rs ão su bm et id a à a va li aç ão . 1a edição São Paulo, 2018 Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editor responsável: Cesar Brumini Dellore Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo. Editor. Componente curricular: GEOGRAFIA GEOGRAFIA MANUAL DO PROFESSOR ºANO 6 Coordenação geral de produção: Maria do Carmo Fernandes Branco Edição: Kelen L. Giordano Amaro Edição de texto: Diogo Costa Gomes, Daniel Zungolo Teixeira Preparação de texto: Salvine Maciel Assistência editorial: Ana Laura Souza Assessoria técnico-pedagógica: Carla Sena Suporte administrativo editorial: Alaíde dos Santos Coordenação de design e projetos visuais: Marta Cerqueira Leite Projeto gráfico: Megalo Capa: Bruno Tonel, Daniel Messias, Mariza de Souza Porto Foto: Andrey Armyagov/Shutterstock Coordenação de arte: Aderson Assis Edição de arte: Estudo Gráfico Editoração eletrônica: Estudo Gráfico, Marcel Hideki, Felipe Frade Coordenação de revisão: Camila Christi Gazzani Revisão: Ana Maria Marson, Clara Altenfelder, Elza Doring, Lilian Xavier, Nilce Xavier Coordenação de pesquisa iconográfica: Sônia Oddi Pesquisa iconográfica: Angelita Cardoso, Leticia Palaria, Paula Dias Coordenação de bureau: Rubens M. Rodrigues Tratamento de imagens: Fernando Bertolo, Joel Aparecido, Luiz Carlos Costa, Marina M. Buzzinaro Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira, Marcio H. Kamoto, Vitória Sousa Coordenação de produção industrial: Wendell Monteiro Impressão e acabamento: “Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.” Elaboração dos originais do Manual Impresso: Maíra Fernandes Bacharel e licenciada em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP). Professora em escolas particulares de São Paulo. Daniel Zungolo Teixeira Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Editor. Isabela Gorgatti Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. Angélica Campos Nakamura Bacharel e licenciada em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Ciências no programa Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. Cesar Brumini Dellore Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Editor. Eugênio Pacceli da Fonseca Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor na rede pública de ensino. Jonatas Mendonça dos Santos Mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), área de concentração: Geografia Humana. Professor em escolas particulares de São Paulo. Kauê Lopes dos Santos Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), área de concentração: Habitat. Professor em escolas particulares de São Paulo. Elaboração dos originais do Manual Digital: Carlos Eduardo Pontes Galvão Filho Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professor. Cesar Brumini Dellore Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Editor. Andrea de Marco Leite de Barros Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2 Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 – Belenzinho São Paulo – SP – Brasil – CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2018 Impresso no Brasil Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Araribá mais : geografia : manual do professor / organizadora Editora Moderna ; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna ; editor responsável Cesar Brumini Dellore. -- 1. ed. -- São Paulo : Moderna, 2018. Obra em 4 v. do 6º ao 9º anos. Componente curricular: Geografia. Bibliografia. 1. Geografia (Ensino fundamental) I. Dellore, Cesar Brumini. 18-16671 CDD-372.891 Índices para catálogo sistemático: 1. Geografia : Ensino fundamental 372.891 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 ORIENTAÇÕES GERAIS VI A EDUCAÇÃO ESCOLAR E SEUS DESAFIOS VI A FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES VI A formação integral VII Desenvolvimento de competências VIII Educação inclusiva IX Ser adolescente nos dias de hoje IX Temas contemporâneos IX Tecnologias digitais X FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA COLEÇÃO XI O ensino de Geografia XI Geografia Pragmática ou Quantitativa XI Geografia Crítica ou Radical XI Geografia Humanística XII A concepção de Geografia nesta Coleção XII O trabalho com conceitos fundamentais XIII Os conceitos de espaço geográfico e de paisagem XIII O conceito de lugar XIII O conceito de região XIV O conceito de território XIV O trabalho com imagens, linguagens e representações variadas XIV Alfabetização cartográfica XV Representações gráficas XV A COLEÇÃO EM CONSONÂNCIA COM A BNCC E A RELAÇÃO ENTRE OS CONHECIMENTOS XVI A ESTRUTURA DA OBRA XVIII Correspondência entre os conteúdos dos Volumes e a BNCC XVIII 6o ano XVIII 7o ano XXII 8o ano XXVII 9o ano XXXV Unidades, Capítulos, Seções e Boxes da Coleção XLI O PROCESSO DE AVALIAÇÃO XLVI BIBLIOGRAFIA XLVIII ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS 1 Sumário Trabalhadores protestam contra corte de verba na área da saúde em frente à Bolsa de Nova York, Estados Unidos (2017). U N I DA D E I Organização política e economia mundial 10 Apresentação A primeira Unidade deste vo- lume, “Organização política e economia mundial” rela- ciona-se às seguintes Unida- des Temáticas da BNCC, pre- vistas para o 9o ano: O sujeito e seu lugar no mundo, Cone- xões e escalas e Mundo do trabalho. Os conteúdos desta Unidade possibilitam traba- lhar as Competências Gerais da Educação Básica n. 2 e n. 7, transcritas na página VIII deste Manual do Professor (em “Orientações Gerais”). De acordo com as Com- petências Específicas do Componente Curricular de Geografia, os conteúdos desenvolvidos ao longo da Unidade, nas diferentes se- ções, objetivam orientar os estudantes a: (3) Desen- volver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geo- gráfico na análise da ocupa- ção humana e produção do espaço, envolvendo os prin- cípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e or- dem; (4) Desenvolver e utili- zar processos, práticas e pro- cedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico- -científico e informacional, avaliar ações e propor per- guntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem conhecimen- tos científicos da Geografia. Com o objetivo de auxiliá-lo a organizar e enriquecer o trabalho nes- te primeiro bimestre, incluímos no Manual do Professor – Digital as seguintes sugestões: • um Plano de desenvolvimento, com uma seleção de objetos de co- nhecimento, habilidades e práticas pedagógicas a serem utilizados ou adaptados de acordo com sua realidade ou necessidade para o período. Há também uma proposta de Projeto integrador (“Globa- lização, internet e mudanças sociais”, que integra os componentes curriculares Geografia e Língua Portuguesa); • três Sequências didáticas, a saber: “Guerra Fria e corrida espacial”; “Escalas geográficas: analisando relações entre globalização e blo- cos econômicos regionais”; “Anamorfoses da globalização”. 10 – 1o BIMESTREA o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os Esta-dos Unidos e a União Soviética despontaram como as duas superpotên- cias mundiais. Os dois Estados tinham regimes diferentes em termos políticos, sociais e econômicos, pois os Estados Uni- dos eram capitalistas e a União Soviética, socialista. Apesar da aliança na luta contra os na- zistas durante a Segunda Guerra Mundial, com o fim do conflito as diferenças ideo- lógicas entre Estados Unidos e União So- viética tornaram-se evidentes, levando as duas potências à disputa pela hegemonia mundial. Você sabe quais são as características do capitalismo e do socialismo? Nesta Unidade, vamos estudar como esses dois sistemas vigoraram no mundo e como chegamos à atual economia e sociedade globais. Você verá nesta Unidade: O capitalismo e suas características O socialismo e suas características A ordem bipolar A economia global A globalização e a mundialização ER IK M C G R EG O R /P A C IF IC P R ES S/ LI G H TR O C K ET /G ET TY IM A G ES 11 Nesta Unidade A primeira Unidade do 9o ano introduz conceitos essenciais para que os es- tudantes compreendam o atual cenário político e econômico em escala mun- dial. Desenvolveremos o entendimento a respeito da configuração mundial após a Segunda Guerra e o sur- gimento da ordem bipolar até o contexto da Nova Or- dem Mundial. Dessa forma, abordaremos as característi- cas dos sistemas capitalista e socialista, colocando o pro- cesso da globalização como transformadora das relações entre os países, além de aproximar os estudantes do entendimento a respeito das organizações mundiais e os papéis que desempenham nesse cenário. Eles serão in- centivados a compreender as relações existentes entre o modelo econômico vigen- te e as consequências sociais relacionadas às contradições próprias do capitalismo. Sobre a imagem A fotografia de abertura re- trata manifestantes protes- tando contra a transferên- cia de recursos da área de saúde para setores ligados à economia, demonstrando a correlação existente entre desenvolvimento econômico e social, que pode ser aplica- da em diferentes países ou regiões do mundo. Pergunte aos estudantes se eles compreendem essa re- lação e como enxergam que deve ser a destinação dos recursos públicos. Essa abor- dagem estimulará a reflexão sobre as contradições pró- prias do sistema capitalista. São trabalhados na Unidade os seguintes Objetos de conhecimento: • A hegemonia europeia na economia, na política e na cultura. • Corporações e organismos internacionais. • As manifestações culturais na formação populacional. • Integração mundial e suas interpretações: globalização e mundia- lização. • A divisão do mundo em Ocidente e Oriente. • Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial. • Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e maté- rias-primas. • Leitura e elaboração de mapas temáticos, croquis e outras formas de representação para analisar informações geográficas. 1o BIMESTRE – 11 Capítulo 2 – Economia global e organizações econômicas mundiais INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL + INTERNET DAS COISAS (IoT) Neste ano, deverá haver um avanço na incorporação de inteligência em veículos, organizações, casas e cidades conectadas. A combinação de IA e IoT ajudará as máquinas a coordenar melhor os recursos físicos e humanos. REALIDADE MISTURADA Com experiência imersiva, a Realidade Misturada expande as funcionalidades das Realidades Virtual e Aumentada e poderá ser encontrada em capacetes, óculos, smartphones, tablets e sensores de ambiente. TAREFAS DE RACIOCÍNIO Espera-se que as empresas, em um futuro próximo, passem a utilizar a IA para fazer “tarefas de raciocínio” orientadas por dados, reduzindo significativamente o tempo de produção. CIBERSEGURANÇA Após constantes ataques em 2016, a segurança estará em foco este ano. Surgirão sistemas mais inteligentes, resultando em camadas mais seguras. BLOCKCHAIN A tecnologia de Blockchain está ultrapassando o mundo das criptomoedas. Tem potencial de aplicação na Administração Pública, distribuição de mídia, verificação de identidades, entre outros. BBLBBL AA tAAAA tAAA BloBlolo kckcckcckch ihhaihaihaihainnBloockchBB ololockocBlol clo hhhhhhaaaa nniiiiiccccckkkckc eseses d dd ambiente.eim nn ebb tnb CCIBERSEIBERSRREE Após cosóAp ataatataquequeques es es em 2016, attaaaaaaaa eeeeeeeeeeees em 2016, tttaqqueeseeeeees em 20aaqquuuuuuuuqqqqqqqq 11000qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqaaa m 2m 2m 2 TTTTTATAATTT RAA Esperaraa s-s-se quee q esp ee queqEE --sse fff entre outros.te ssree o REREAREAREALIDARRRR DAEAREAREALRRRRRREEEEEEEAAAAALLI MISTURAIS URAMM STTUUURR Com experiência imeee ciam experiêeem em eCoomomom iiê a iCC IINNTII AAR INTTTEERERNET DADAINTERERNRNE DT DAADT DAADEET COISAS INTELIGENTES A IA está possibilitando o desenvolvimento de novas coisas inteligentes (automóveis autônomos, robôs ou drones) e enriquecendo as funções de objetos já existentes. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) O desafio é proporcionar sistemas que aprendem, adaptam-se e agem autonomamente. FONTE ABERTA Tecnologias de código aberto estarão ainda mais em evidência e serão um importante atrator de investimentos. O fim da Guerra Fria, no início da década de 1990, marcou o começo da chamada Nova Ordem Mundial, em que os fluxos de mercadorias, serviços e capitais tornaram-se ainda mais intensos com a integração dos países que eram socialistas ao mercado internacional. A globalização atual, ao mesmo tempo que fez as diferentes culturas interagirem, impôs uma série de hábitos de consumo semelhantes, como ingerir bebidas das mesmas mar- cas, alimentar-se nas mesmas redes de fast-food, assistir aos mesmos filmes e programas Globalização Processo de aprofundamento da integração econômica, social e cultural e da comunicação entre os países. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL + INTERNET DAS COISAS (IoT) Neste ano, deverá haver um avanço na incorporação de inteligência em veículos, organizações, casas e cidades conectadas. A combinação de IA e IoT ajudará as máquinas a coordenar melhor os recursos físicos e humanos. REALIDADE MISTURADA Com experiência imersiva, a Realidade Misturada expande as funcionalidades das Realidades Virtual e Aumentada e poderá ser encontrada em capacetes, óculos, smartphones, tablets e sensores de ambiente. TAREFAS DE RACIOCÍNIO Espera-se que as empresas, em um futuro próximo, passem a utilizar a IA para fazer “tarefas de raciocínio” orientadas por dados, reduzindo significativamente o tempo de produção. CIBERSEGURANÇA Após constantes ataques em 2016, a segurança estará em foco este ano. Surgirão sistemas mais inteligentes, resultando em camadas mais seguras. BLOCKCHAIN A tecnologia de Blockchain está ultrapassando o mundo das criptomoedas. Tem potencial de aplicação na Administração Pública, distribuição de mídia, verificação de identidades, entre outros. BBLBBL AA tAAAA tAAA BloBlolo kckcckcckch ihhaihaihaihainnBloockchBB ololockocBlol clo hhhhhhaaaa nniiiiiccccckkkckc eseses d dd ambiente.eim nn ebb tnb CCIBERSEIBERSRREE Após cosóAp ataatataquequeques es es em 2016, attaaaaaaaa eeeeeeeeeeees em 2016, tttaqqueeseeeeees em 20aaqquuuuuuuuqqqqqqqq 11000qqqqqqqqqqqqqqqqqqqqaaa m 2m 2m 2 TTTTTATAATTT RAA Esperaraa s-s-se quee q esp ee queqEE --sse fff entre outros.te ssree o REREAREAREALIDARRRR DAEAREAREALRRRRRREEEEEEEAAAAALLI MISTURAIS URAMM STTUUURR Com experiência imeee ciam experiêeem em eCoomomom iiê a iCC IINNTII AAR INTTTEERERNET DADAINTERERNRNE DT DAADT DAADEET COISAS INTELIGENTES A IA está possibilitando o desenvolvimento de novas coisas inteligentes (automóveis autônomos, robôs ou drones) e enriquecendo as funções de objetos já existentes. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA) O desafio é proporcionar sistemas que aprendem, adaptam-se e agem autonomamente. FONTE ABERTA Tecnologias de código aberto estarão ainda mais em evidênciae serão um importante atrator de investimentos. TENDÊNCIAS NO MUNDO DIGITAL (2018) Fonte: 8 TENDÊNCIAS tecnológicas para 2018. Infobase Interativa, 9 jan. 2018. Disponível em: <http://www.iinterativa. com.br/infografico-8-tendencias-tecnologicas-para-2018/>. Acesso em: 6 mar. 2018. A LE X A R G O ZI N O de televisão, usar os mesmos aplicativos no computador ou, ainda, vestir-se e comportar-se socialmente da mesma maneira. O mundo nunca se viu tão próximo — e por vezes tão parecido —, como se pode constatar, por exemplo, nas diversas redes sociais da internet. No quadro abaixo, vemos as tendências que eram pre- vistas para o mundo digital no ano de 2018 no contexto do mundo globalizado. C A P Í T U L O R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 24 Unidade I – Organização política e economia mundial Economia global e organizações econômicas mundiais2 Sobre o Capítulo Neste Capítulo, serão traba- lhados o conceito de globa- lização e as características da economia no novo ce- nário da integração entre os países. A partir desse en- tendimento, os estudantes serão incitados a analisar criticamente os impactos da economia globalizada, como as crises financeiras e o desemprego estrutural. Habilidades trabalhadas ao longo do Capítulo EF09GE02: Analisar a atua- ção das corporações interna- cionais e das organizações econômicas mundiais na vida da população em rela- ção ao consumo, à cultura e à mobilidade. EF09GE04: Relacionar di- ferenças de paisagens aos modos de viver de diferen- tes povos na Europa, Ásia e Oceania, valorizando identi- dades e interculturalidades regionais. EF09GE05: Analisar fatos e situações para compreender a integração mundial (eco- nômica, política e cultural), comparando as diferentes interpretações: globalização e mundialização. EF09GE06: Associar o crité- rio de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências europeias. EF09GE10: Analisar os im- pactos do processo de in- dustrialização na produção e circulação de produtos e culturas na Europa, na Ásia e na Oceania. EF09GE11: Relacionar as mu- danças técnicas e científicas decorrentes do processo de industrialização com as transformações no trabalho em diferentes regiões do mundo e suas consequências no Brasil. EF09GE12 : Relacionar o processo de urbanização às transformações da produ- ção agropecuária, à expan- são do desemprego estrutu- ral e ao papel crescente do capital financeiro em dife- rentes países, com destaque para o Brasil. EF09GE14: Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas para analisar, sintetizar e apresentar dados e informações sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas e geopolíticas mundiais. 24 – 1o BIMESTRE Este Manual do Professor está organizado nas seguintes partes: Orientações gerais – apresenta a visão geral da proposta desenvolvida na Coleção, seus fundamentos teórico-meto- dológicos, a estrutura do Livro do Estudante (com a descrição das seções e boxes nele presentes) e quadros com a correspondência entre os conteúdos das Unidades e Capítulos e os objetos de conhecimento e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trabalhados. Orientações específicas – reproduz as páginas do Livro do Estudante em formato reduzido, acompanhadas, nas late- rais e na parte inferior (em formato semelhante à letra U), de orientações ao professor, sugestões didáticas e indica- ções das correspondências dos conteúdos com a BNCC. A estrutura permite localizar facilmente as orientações referentes aos assuntos da página e os recursos disponíveis no Manual do Professor – Digital. Na dupla de páginas que corresponde à abertura de Unidade, encontram-se: a apresentação das Unidades Temáti- cas da BNCC que correspondem aos conteúdos trabalhados ao longo dos Capítulos que compõem a Unidade; a descrição das competências e dos objetos de conhecimento da BNCC trabalhados na Unidade; orientações a respeito da imagem que ilustra a abertura; a indicação dos itens presentes no Manual do Professor – Digital. Na página que corresponde à abertura de Capítulo encontram-se: orientações sobre práticas pedagógicas específi- cas relacionadas à abordagem dos conteúdos do Capítulo; a transcrição das habilidades da BNCC nele traba- lhadas. Conheça o Manual do Professor Capítulo 3 – A globalização e seus efeitos O multiculturalismo Entende-se por multiculturalismo a convivência entre povos com identidades culturais distintas em um mesmo território, país, região etc., sem que alguma delas predo- mine sobre as outras. As identidades culturais são constituídas por diversas simbologias, referências e experiências, o que permite criar um sentimento de pertencimento do indivíduo a deter- minado povo. Elas podem estar relacionadas a aspectos e valores religiosos, étnicos, territoriais, linguísticos etc. O intenso desenvolvimento dos meios de comunicação e de transportes, a rapidez da circulação das informações, o aumento das trocas comerciais entre os países e as demais características da economia globalizada vêm permitindo uma maior conexão entre as diversas identidades culturais presentes no mundo todo. Se, por um lado, os lugares são cada vez mais multicul- turais, por outro, há um aumento da intolerância e do senti- mento de aversão às pessoas estranhas a uma determinada cultura local. Em muitos casos, os valores aceitos pela maioria desprezam e desvalorizam as diferentes culturas, que acabam se diluindo na cultura uniformizada. Aceitar as diferenças e valorizar culturas e modos de vida diversos é uma maneira de perceber que não existe um modo “correto” e único de viver. Cultivar a diversidade é um modo de ressaltar a convivência pacífica e de se contrapor à uniformização da cultura na globalização. Pessoas participando do Encontro de Culturas Populares, realizado em Buenos Aires, PE (2018). H A N S VO N M A N TE U FF EL /P U LS A R IM A G EN S R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Unidade II – Globalização, sociedade e meio ambiente54 Atividade complementar É possível desenvolver a habi- lidade EF09GE03 ao abordar o tema de multiculturalismo. Proponha aos estudantes que realizem uma compara- ção entre a disseminação de culturas em diferentes meios de comunicação. Se possível, utilize jornais e revistas de décadas ante- riores à Terceira Revolução Industrial para que eles reali- zem a primeira etapa da pes- quisa. Caso não seja possível, utilize veículos de comunica- ção impressos de qualquer período. Peça que reúnam as informações que encon- trarem a respeito de diversas manifestações culturais. Em uma segunda etapa e com o auxílio de computa- dores, tablets ou celulares, oriente-os a repetir o mes- mo procedimento. Após a pesquisa, peça que apre- sentem para a sala as infor- mações obtidas e levante os seguintes questionamentos: 1. Quais dos meios de comu- nicação proporcionaram a maior parte das informações obtidas? 2. Como os avanços tecno- lógicos permitem a troca de informações entre diferen- tes culturas? Orientações Ao abordar a diversidade cultural, é importante estar atento a não permitir a reprodução de preconceitos culturais. Aproveite a oportunidade para orientar os estudantes a desconstruírem estereótipos e compre- enderem a pluralidade cultural como enriquecedora, tanto para os indivíduos como para a relação entre os países. Orientações para o professor acompanham o Material Digital Audiovisual Material Digital Audiovisual • Vídeo: A globalização da cultura e dos meios de comunicação 54 – 1o BIMESTRE INFORMAÇÃO EM TEMPO REAL Hoje é possível ter acesso às informações pela televisão e pelainternet em tempo real. Acontecimentos ocorridos em qualquer lugar do mundo são transmitidos simul- taneamente para as mais diversas partes do planeta. Um fato que ocorre na China ou no Quênia, por exemplo, pode ser conhecido no Brasil ou na Mongólia praticamente no momento em que ele acontece. Como consequência desse imediatismo entre a ocorrência dos fatos e sua divulga- ção, temos a sensação de viver em um mundo que acontece no rádio ou na tela de nosso aparelho de televisão, tablet, smartphone ou computador. No entanto, embora atualmente a informação tenha um papel central no cotidiano das pessoas, existem desigualdades no acesso aos meios de informação. O mundo digital e as redes sociais Cada vez mais as pessoas acessam a internet para fazer pesquisas, ler notícias e com- partilhar ideias, interesses em comum, mensagens e até fatos da sua vida pessoal, tudo graças ao desenvolvimento e à difusão de tecnologias de informação e comunicação. As redes sociais constituem um meio de disseminar informação e opinião. Em 2010, na Primavera Árabe — ocasião na qual a população de alguns países do Oriente Médio e da África do Norte foi às ruas reivindicar uma sociedade mais justa, iguali- tária e democrática —, as redes sociais foram amplamente usadas para comunicar ao mundo o que acontecia e para organizar as manifestações e os protestos. Tais eventos inspiraram movimentos como o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, e o dos Indignados, na Espanha. Também no Brasil, muitos grupos passaram a se organizar por meio das redes sociais. Em junho de 2013, um movimento que reivindicava a diminuição das tarifas do transporte público em São Paulo ganhou adesão de milhares de pessoas, principal- mente por meio da divulgação feita em tempo real na internet. Os protestos rapidamente se espalharam por várias cidades do país, ganharam repercussão internacional e passaram a debater temas diversos, como os gastos públicos, a qualidade dos serviços públicos e a cor- rupção, entre outros. Manifestações em junho de 2013 levaram milhares de pessoas às ruas por todo o país, como ocorreu em São Paulo, SP. ED U A R D O K N A PP /F O LH A PR ES S R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 3 – A globalização e seus efeitos 55Unidade II – Globalização, sociedade e meio ambiente ESTOURO Orientações Pergunte aos estudantes qual meio de comunicação eles utilizam com maior frequência como veículo in- formativo. Questione sobre como se informam a respei- to de algum evento no lugar em que residem. Se possível, proponha que busquem na internet notícias a respeito dos protestos citados no tex- to desta página: Primavera Árabe, Occupy Wall Street e protestos de junho de 2013. Oriente-os a ficarem aten- tos quanto à cobertura dos eventos e aos países em que as notícias eram veiculadas. Sugestão para o estudante: JUNHO – o mês que abalou o Brasil Direção: João Wainer. Brasil, 2014. Duração: 72 min. O documentário aborda as manifestações ocorridas no Brasil em junho de 2013. 1o BIMESTRE – 55 A Opep, Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opec em inglês) é um exemplo de cartel formado para definir o preço do óleo no mercado mundial, garantindo elevados lucros aos proprietários. Sede da organização em Viena, Áustria (2016). Transnacionais: concorrência e parceria Duas características atuais do processo de transnacionalização das empresas são a concorrência e, ao mesmo tempo, a cooperação entre elas, por meio da formação de trustes, holdings e cartéis. Truste é a fusão e incorporação de empresas para dominar determinada oferta de produtos ou serviços. Um exemplo é o grupo Time-Warner, gigante da área de comunicações. Holding é uma empresa criada para administrar diversas empresas, formando-se um grupo. A holding possui a maioria das ações do grupo. A empresa chinesa de ener- gia elétrica State Grid é um exemplo de holding, que, a propósito, vem se expandindo ao redor do mundo. Em 2018, por exemplo, era detentora de 12 concessionárias brasi- leiras de transmissão de energia, o que evidencia a ascensão chinesa no atual cenário econômico internacional. Cartel é uma associação ou combinação entre empresas, em geral de um mesmo segmento, para garantir o controle da produção e dos preços. Cada empresa conserva sua administração independente. Petrobras: uma transnacional brasileira Criada em outubro de 1952, a Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.) é uma das maiores empresas brasileiras. Atua em várias áreas do setor energético, desde a exploração de gás e petróleo até a sua distribuição, passando pelo refino e abastecimento. A empresa é detentora de uma das tecnologias mais avançadas na exploração de petró- leo em águas profundas. Em 1996, a Petrobras colocou o Brasil no seleto grupo dos 16 países que produzem mais de um milhão de barris de petróleo por dia. Em 2017, a produção diária chegou a 2,79 milhões de barris de petróleo, optando por captar recursos por meio da venda de parte de suas concessões no Nordeste brasileiro. JO E K LA M A R /A FP /G ET TY IM A G ES R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 2 – Economia global e organizações econômicas mundiais 29 Atividade complementar Proponha aos estudantes que montem uma tabela em seus cadernos, onde devem constar: Nome da empresa, País-sede e Países para onde o produto é exportado. Peça que completem a tabela ci- tando ao menos cinco itens que costumam consumir em suas casas. Oriente-os a dar preferência a produtos de limpeza e higiene, com ró- tulos em português e espa- nhol. Em sala de aula, os estudan- tes devem juntar as informa- ções coletadas e representá- -las em um mapa-múndi, usando três cores: uma cor para os países-sede das em- presas, outra cor para os países onde se localizam as fábricas das empresas e uma terceira cor para os países para onde são exportados os produtos pesquisados. Texto complementar Tecnologia As economias subdesenvolvidas que se industrializaram com a coo- peração das empresas transnacionais utilizam técnicas, e mesmo equi- pamentos, que já foram amortizados nos países de origem dessas em- presas. A reciclagem dos sistemas produtivos em função de padrões de consumo menos elitistas poderá exigir novos investimentos, acarretando elevação de custos. Produz-se, desta forma, um efeito perverso: a tec- nologia requerida para satisfazer as necessidades de uma população de baixo nível de renda pode ser mais cara, pois está substituindo outra [...]. FURTADO, Celso. A superação do subdesenvolvimento. Economia e Sociedade, Campinas, v. 3, n. 1, p. 37-42, 1994. Orientações para o professor acompanham o Material Digital Audiovisual Material Digital Audiovisual • Videoaula: O capitalismo global e as organizações econômicas mundiais 1o BIMESTRE – 29 75 Elaborado com base em dados obtidos em: PEEK, Katie. Onde estão localizados os conflitos hídricos mundiais? Popular Science, 13 jun. 2014. Disponível em: <https://www.popsci.com/article/science/where- will-worlds-water-conflicts-erupt-infographic>. Acesso em: 16 nov. 2017. 1 Explique quais foram as razões que levaram uma parcela da população mundial a não ter acesso à água potável. 2 De que maneira a água poderá acentuar tensões e conflitos territoriais em escala mundial? 3 Quais impactos ambientais podem ser provocados pelos conflitos por causa da água? 4 De acordo com o mapa, em quais bacias hidrográficas ocorrem mais conflitos por causa da água? Apesar das crescentes ameaças às águas transfronteiriças, há mais casos de gestão com- partilhada amigável deste recurso do que conflitiva pelo mundo. Em vez de ser alvo de disputa, a água pode ser a chave para a cooperação. O desafio é garantir que o caminho da boa vizinha prevaleçasobre o da rivalidade. BARBOSA, Vanessa. As regiões mais ameaçadas por conflitos de água no mundo. Exame, 20 jul. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/mundo/as-regioes-mais-ameacadas-por- conflitos-de-agua-no-mundo>. Acesso em: 16 nov. 2017. Xi Ganges- Brahmaputra- Meghna EQUADOR CÍRCULO POLAR ÁRTICO CÍRCULO POLAR ANTÁRTICO M ER ID IA N O D E G R EE N W IC H TRÓPICO DE CAPRICÓRNIO TRÓPICO DE CÂNCER 0° 0° OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO Yukon Nelson- Saskatchewan Rio Grande Mississíppi Orinoco Amazonas Prata Scheldt Reno Danúbio Níger Nilo Volga Ob Ienissei Tigre- Eufrates Jordão Amur Han Indo Congo Mekong 1-2 3-6 7-15 16-45 46+ A cor de cada bacia hidrográfica internacional indica o total de interações entre 1990 a 2008. O tamanho dos círculos indica o número de eventos hostis em cada bacia hidrográfica. Nenhum De 1 a 3 De 4 a 15 De 16 a 40 De 41 a 126 127 ou mais PLANISFÉRIO: LOCALIZAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS COM MAIOR NÚMERO DE CONFLITOS (2014) SO N IA V A Z NE LO SE S N NO SO 2750 km R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt. 1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 75 Questões para autoavaliação Nesta Unidade, as questões sugeridas para autoavalia- ção – e que também podem ser utilizadas, a seu critério, para o diagnóstico do grau de aprendizagem dos estu- dantes – são as seguintes: 1. Quais os efeitos da globa- lização na cultura? 2. Qual a relação entre o de- senvolvimento tecnológico e a globalização? 3. Quais as consequências da globalização para o meio ambiente? 4. Como minimizar os im- pactos ambientais prove- nientes da globalização? No Manual do Professor – Digital poderá ser acessada uma Proposta de Acompa- nhamento da Aprendiza- gem dos estudantes, com questões abertas e de múlti- pla escolha e ficha para re- gistro de desempenho deles neste primeiro bimestre. Respostas 1. Além da escassez hídrica em algumas regiões, os motivos para a falta de acesso à água podem estar ligados à constru- ção de barragens, falta de acor- do entre países vizinhos, insta- bilidade política e econômica e conflitos armados. 2. Os conflitos devem aumentar porque a perspectiva é de que o problema de acesso à água, até 2050, afetará dois terços do mundo, visto que é um recurso essencial para a sobrevivência humana e dos demais seres vi- vos. A falta de acesso a esse re- curso pode dificultar a coopera- ção entre países que utilizam as mesmas fontes de água. 3. Ameaça à biodiversidade e extinção de espécies, principal- mente em bacias hidrográficas transfronteiriças. 4. Tigres-Eufrates, Jordão, Indo, Danúbio e Ganges-Brahmapu- tra-Meghna. 1o BIMESTRE – 75 Ao longo dos Capítulos encontram-se sugestões para o trabalho com os conteúdos específicos de cada página, respostas para todas as atividades propostas nas seções e boxes, sugestões de atividades comple- mentares (a serem propostas ao estudante a critério do professor) e textos complementares, para auxiliar a abordagem dos conteúdos em sala de aula. Além disso, é possível encontrar indicações de filmes, livros e sites para aprofundar ou complementar o tema em estudo. Um marcador sinaliza os Materiais Digi- tais Audiovisuais disponíveis no Manual do Professor – Digital, nas páginas do livro com as quais tais objetos estão contextualizados. Esses materiais são acompanhados de uma ficha com orientações para o desenvolvimen- to da proposta com os estudantes. Na parte inferior da dupla de pági- nas, marcadores indicam os bimestres sugeridos para o trabalho com as Uni- dades e os Capítulos. Essa organiza- ção bimestral está de acordo com os Planos de Desenvolvimento propostos no Manual do Professor – Digital. Em cada bimestre, indica-se a presença dos Planos de Desenvolvimento, das Sequências Didáticas e das Propostas de Acompanhamen- to da Aprendizagem oferecidos no Manual do Professor – Digital. A EDUCAÇÃO ESCOLAR E SEUS DESAFIOS Qual é, no cenário atual, o papel da escola e de seus professores, principalmente daqueles que se dedicam ao ensino de Geografia? As aceleradas mudanças que vêm ocorrendo nas últimas décadas têm proposto novos desafios para todos os que se dedicam à formação de crianças e adolescentes. A revolução representada pelas novas tecnologias de informação e comunicação acarretou alterações profundas no sistema produtivo e nas relações de trabalho em escala global. Ampliaram-se a produção, a circulação e o consumo de bens, serviços e informações de todos os tipos e intensificaram-se os fluxos migratórios. Ao mesmo tempo, verificam-se transformações na organização familiar e nas relações pessoais, na formação de identida- des e no sistema de valores, na percepção do tempo e do espaço. O papel dos Estados nacionais e as concepções tradicionais de cidadania e de participação política têm sido contestados pelos movimen- tos sociais da atualidade. As alterações culturais e no comportamento são visíveis, especialmente en- tre a população mais jovem, mudança que adiciona novos matizes ao chamado “conflito de gerações”. Acreditamos que a instituição escolar enfrenta, hoje, um grande desafio: ela precisa estabelecer diálogos e vínculos com crianças e adolescentes que apresentam significativa diversidade social, étnica e religiosa, fruto das intensas migrações e do crescimento dos grandes centros urbanos, aconteci- mentos marcantes nas últimas décadas. O acolhimento desses estudantes e a comunicação com eles pressupõem uma escola aberta e preparada ao diálogo, que seja, portanto, plural e inclusiva. A escola e os professores ganham cada vez mais importância, sendo, portanto, considerados agen- tes fundamentais na formação de crianças e adolescentes. É no cotidiano escolar que os estudantes podem ter acesso a ferramentas, informações e conhecimentos formalizados, fundamentados e se- guros, que, em seu conjunto, constituem condição indispensável para sua inserção na sociedade con- temporânea e para a prática da cidadania. O trabalho realizado pela escola e pelos professores deve ter como pressuposto o respeito às diferenças étnicas e culturais, o recurso ao diálogo para a resolução de conflitos, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, o desenvolvimento de atitudes de solidarieda- de, do sentido de justiça, entre muitos outros. Esta Coleção, preocupada com essas questões, objetiva contribuir para a superação desses desafios, apresentando propostas que envolvam a comunidade escolar, num processo de construção conjunta dos conhecimentos e de transformação social. A FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES Esta Coleção tem seus pilares fundamentados no compromisso com a formação integral dos estudan- tes, preparando-os para exercer o papel de cidadãos ativos e conscientes de sua importância no mundo atual, agindo tanto em escala local quanto em escala global, considerando as inúmeras conexões amplia- das pelo estágio do atual processo de globalização observado nas primeiras décadas deste século. Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) são os documentos tomados como norteadores dessa proposta. A Base Nacional Comum Curricular: Reconhece [...] que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. p. 14. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2018. VI Orientações gerais http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf Em 2017, a Base Nacional Comum Curricular foi homologada pelo Conselho Nacional de Educação, órgão vinculado ao governo federal brasileiro, após uma longa gestação envolvendo o Ministério da Educação, organizações não governamentais e setores da sociedade civil comprometidos com os de- safios da educação no Brasil. Somado a esse processo, analisaram-se propostas utilizadas em outros países, avaliando seus resultados e objetivos. Prevaleceu no Brasil a opção pela existência de uma Base Curricular Comum, cujo texto passa a permear o ensino escolar em todo o território brasileiro, nos seus diferentes níveis e componentes curriculares. Ainda como documento norteador, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica no Bra- sil concebem os materiais didáticos como instrumentos dotados de princípios orientadores que incluem o respeito à dignidade humana, ao meio ambiente e à diversidade cultural. O documento expõe que: A educação compõe a cultura da vida. A comunidade escolar cria e dissemina cultura, especial- mente suas dimensões de estudo, pesquisa, debate, observação, prática ecológica, leitura, escrita, desenvolvimento de raciocínio, ética e valores sociopolíticos. Por isso, o trabalho escolar é comunitário, cidadão e se amplia no crescimento dos educandos e no desenvolvimento do currículo experimentado nas etapas e modalidades da vida escolar. BRASIL. Ministério da Educação. Síntese das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Brasília. p. 7. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621- cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 2 jul. 2018. A Coleção apresenta, em diferentes momentos, o olhar voltado ao universo do estudante, ao lugar onde ele vive, apoiando-o, junto aos professores e demais personagens da comunidade escolar, na tarefa de fazer da escola um espaço de reflexão da vida em escala local, de modo que a educação faça sentido e esteja voltada aos problemas reais da sociedade. A formação integral A formação integral dos estudantes prevê abordagens em diferentes dimensões: intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. Por meio dos conteúdos apresentados e das atividades e pro- postas de trabalho ao longo da Coleção, o desenvolvimento desses aspectos é estimulado, de modo que os estudantes exercitem sua capacidade de apreensão de conteúdos, de reflexão e de posiciona- mento diante dos problemas existentes na sociedade em que vivem. Buscando a formação integral dos estudantes, a BNCC indica a necessidade de estabelecer estraté- gias para o desenvolvimento de diferentes competências dos estudantes. Por competência, entende- -se, de acordo com o documento: a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. p. 8. Disponível em: <http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2018. Desse modo, procurou-se enfatizar o mundo do trabalho nesta Coleção, demonstrando aos estu- dantes a importância de cada profissão, bem como valorizando as chamadas profissões do futuro, no qual muitos poderão desenvolver sua formação técnica e/ou universitária, em uma carreira profissional consciente de seus desafios e funções sociais, contribuindo para a redução das desigualdades sociais e transformando o espaço onde vivemos num lugar mais justo, humano. A preocupação com o meio ambiente está presente ao longo de toda a Coleção, em concordância com a Agenda 2030, publicada pela ONU. Nesse documento há 17 objetivos que visam ao desenvolvi- mento sustentável, além de 169 metas. A Agenda demonstra-se preocupada com questões diversas e atuais, entre elas as relacionadas aos direitos humanos, como o combate à pobreza extrema e à fome, além das lutas para a equalização de gêneros e o empoderamento de mulheres. VII http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621-cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621-cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192 http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf Desenvolvimento de competências A Coleção visa contribuir para o desenvolvimento das competências gerais da Educação Básica e das competências específicas da área de Ciências Humanas e do componente curricular Geografia, apresentadas na BNCC, reproduzidas a seguir: COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE CIÊNCIAS HUMANAS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE GEOGRAFIA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual- -motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes,identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural e promover os direitos humanos. 2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-científico- -informacional com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas variações de significado no tempo e no espaço, para intervir em situações do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo contemporâneo. 3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser humano na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade e propondo ideias e ações que contribuam para a transformação espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente das dinâmicas da vida social. 4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, com base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas, promovendo o acolhimento e a valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no mesmo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados. 6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo voltados para o bem comum e a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação no desenvolvimento do raciocínio espaço-temporal relacionado a localização, distância, direção, duração, simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão. 1. Utilizar os conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/natureza e exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas. 2. Estabelecer conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a importância dos objetos técnicos para a compreensão das formas como os seres humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história. 3. Desenvolver autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico na análise da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os princípios de analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem. 4. Desenvolver o pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas, de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de problemas que envolvam informações geográficas. 5. Desenvolver e utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico- -científico e informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive tecnológicas) para questões que requerem conhecimentos científicos da Geografia. 6. Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciência socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza. 7. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, propondo ações sobre as questões socioambientais, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários. VIII Educação inclusiva A Coleção apresenta grande variedade de propostas de trabalho, incluindo pesquisas, discussões e debates e apre- sentações em sala de aula. Desse modo, grande parte das práticas pedagógicas sugeridas visam atender às demandas dos diversos estudantes, como os que possuem diferentes tipos de deficiência ou dificuldades de aprendizagem, ob- jetivando uma educação múltipla e inclusiva. De acordo com Edilene Ropoli, em A educação especial na perspectiva da inclusão escolar: A educação inclusiva concebe a escola como um espaço de todos, no qual os alunos constroem o conhecimento segundo suas capacidades, expressam suas ideias livremente, participam ativamente das tarefas de ensino e se desen- volvem como cidadãos, nas suas diferenças. Nas escolas inclusivas, ninguém se conforma a padrões que identificam os alunos como especiais e normais, comuns. Todos se igualam pelas suas diferenças! A inclusão escolar impõe uma escola em que todos os alunos estão inseridos sem quaisquer condições pelas quais possam ser limitados em seu direito de participar ativamente do processo escolar, segundo suas capacidades, e sem que nenhuma delas possa ser motivo para uma diferenciação que os excluirá das suas turmas. [...] A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas. ROPOLI, Edilene Aparecida. A educação especial na perspectiva da inclusão escolar: a escola comum inclusiva. Brasília: Ministério da Educação; Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. p. 8-9. Ser adolescente nos dias de hoje Os anos finais do Ensino Fundamental coincidem com o período em que os estudantes entram na puberdade e se tornam adolescentes. Muitas são as transformações vividas nessa fase: biológicas, psicológicas, sociais e emocionais. Nesse processo, os jovens constroem seus valores não só com base nas experiências familiares, mas também com base nas relações com seus pares. Na sociedade atual, com o predomínio das tecnologias digitais de informação e comuni- cação, padrões de comportamento e visões de mundo ditados por esses meios são rapidamente incorporados por essa faixa etária. No processo de ensino e aprendizagem também é interessante levar isso em conta, porque os adolescentes têm grande afinidade com o uso dessas tecnologias, e essa habilidade pode ser bem aproveitada para a construção do conhecimento. É também nesse período da vida que se ampliam as possibilidades intelectuais, levando à capacidade de raciocínios mais abstratos, à aquisição de uma maior autonomia e à consolidação de valores éticos e morais. Contudo, na atualidade, não podemos falar somente sobre “adolescência”, e sim sobre “adolescências”, no plural. Ser jovem no meio rural, em uma pequena cidade ou em uma grande metrópole, por exemplo, constituem experiências mui- to diferentes umas das outras. Em um mundo tão diversificado e plural, é necessário compreender e celebrar os sistemas de valores e de sociabilidade presentes em diferentes grupos. Além disso, é essencial, no processo de ensino e aprendizagem, que o professor leve em consideração as visões de mun- do e os conhecimentos prévios dos estudantes, algo também ressaltado no texto da BNCC. Atuando como mediadores, os professores devem possibilitar aos jovens que se tornem protagonistas do seu próprio processo de educação, vista de uma maneira integral. Temas contemporâneos À coordenação escolar e ao corpo docente cabe selecionar, planejar e desenvolver os denominados temas contem- porâneos (trabalhados em diferentes momentos desta Coleção, de modo direto e indireto), que são de interesse da comunidade escolar e que se relacionam à realidade na qual os estudantes vivem. O trabalho com esses temas contribui para que a escola seja um espaço de construção do conhecimento, atrelado ao cotidiano dos estudantes e seu modo de vida, auxiliando-os na resolução de problemas, além de estimular o respeito e a valorização aos demais grupossociais e ao meio ambiente. Entre os principais temas contemporâneos, a BNCC (páginas 19-20) destaca: • os direitos da criança e do adolescente (Lei no 8.069/1990); • a educação para o trânsito (Lei no 9.503/1997); IX • a educação ambiental (Lei no 9.795/1999, Parecer CNE/CP no 14/2012 e Resolução CNE/CP no 2/2012); • a educação alimentar e nutricional (Lei no 11.947/2009); • o processo de envelhecimento, o respeito e a valorização do idoso (Lei no 10.741/2003); • a educação em direitos humanos (Decreto no 7.037/2009, Parecer CNE/CP no 8/2012 e Resolução CNE/CP no 1/2012); • a educação das relações étnico-raciais e o ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis no 10.639/2003 e no 11.645/2008, Parecer CNE/CP no 3/2004 e Resolução CNE/CP no 1/2004); • a saúde, a vida familiar e social, a educação para o consumo, a educação financeira e fiscal, o tra- balho, a ciência e a tecnologia e a diversidade cultural (Parecer CNE/CEB no 11/2010 e Resolução CNE/CEB no 7/2010). Esses temas, vistos de forma integrada, são também mencionados na Síntese das Diretrizes Curri- culares Nacionais para a Educação Básica: A transversalidade constitui uma das maneiras de trabalhar os componentes curriculares, as áreas de conhecimento e os temas sociais em uma perspectiva integrada. BRASIL. Ministério da Educação. Síntese das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Brasília, p. 23. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621- cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 2 jul. 2018. Além disso, são valorizadas as diversas manifestações artísticas e culturais em diferentes socieda- des e tempos históricos, de modo a entender: a cultura como o processo de produção de símbolos, de representações, de significados e, ao mesmo tempo, prática constituinte e constituída do e pelo tecido social, como norma de comportamento dos indivíduos numa sociedade e como expressão da organização político-econômica desta sociedade, no que se refere às ideologias que cimentam o bloco social [...]. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Básica. Brasília: MEC; SEB; DICEI, 2013. p. 229. Tecnologias digitais Considerando o atual contexto tecnológico e informacional brasileiro, no qual há uso crescente de acesso aos meios de comunicação entre os jovens (como computadores com acesso à internet e smartphones), são também propostos trabalhos que demandam a utilização de tecnologias digitais pelos estudantes. Entre as competências gerais da BNCC, há a preocupação com a manipulação de tecnologias digi- tais de informação, visando, entre outros aspectos, seu uso de forma crítica e ética, contribuindo para o desenvolvimento do protagonismo dos estudantes no enfrentamento de desafios pessoais e coletivos. A evolução tecnológica e as lutas sociais têm modificado significativamente as relações no mundo do trabalho. Devido a essas tensões, atualmente, não se admite mais a existência de trabalhadores que desempenhem apenas tarefas mecânicas. O uso das tecnologias de comunicação e da informação tem transformado o trabalho em algo menos sólido. Espera-se que o mundo do trabalho avance na direção de relações trabalhistas mais justas. Isso implica numa maior participação dos trabalhadores nos destinos e nos processos de trabalho. Para que isso aconteça é necessário que o trabalhador tenha conhecimento da tecnologia, da ciência e dos processos necessários em sua produção. BRASIL. Ministério da Educação. Síntese das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Brasília, p. 44-45. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621- cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192>. Acesso em: 2 jul. 2018. No caso específico da BNCC, há uma habilidade específica solicitada para o 7o ano (EF07GE09) que estimula o uso das tecnologias digitais. Esse estímulo também pode ser encontrado em uma das Competências Específicas de Ciências Humanas para o Ensino Fundamental (ver na página VIII a Competência número 7, na coluna central). X http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621-cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621-cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621-cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=32621-cne-sintese-das-diretrizes-curriculares-da-educacao-basica-pdf&Itemid=30192 Sobre a utilização desse tipo de tecnologia, cada vez mais presente na vida dos estudantes, encon- tramos variadas referências, entre elas o Currículo da cidade de São Paulo, especificamente no compo- nente curricular Geografia: Quanto às tecnologias presentes na vida cotidiana, as transformações do mundo acelerado e virtual estão associadas às possibilidades de acessar informações produzidas solidariamente por inúmeros sujeitos que postam incessantemente nas redes informacionais. Porém, decifrar e pensar sobre esses conteúdos depende de saberes relativos às intencionalidades da informação disponibilizada. Depende, sobretudo, das condicionantes da economia, da política, da cultura e das visões de natureza que muitas vezes estão ocultas nas milhares de páginas de informação, por exemplo, os sites de busca de informação. Gurevich, ao tratar de conceitos em Geografia, considera que as informações abundantes demandam reflexões so- bre quais conceitos geográficos são mais potentes para explicar o mundo que é comunicado pelas redes informacionais. A escola, em sua totalidade de sujeitos envolvidos no ensinar e aprender, é formada por crianças e jovens que se transformam a partir da mediação escolar, entre professores e estudantes, em sujeitos responsáveis, transformadores, criativos, empreendedores e seguros do seu papel social. SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Educação. Currículo da cidade: Ensino Fundamental: Geografia. São Paulo: SME/COPED, 2017. p. 69. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA COLEÇÃO O ensino de Geografia No Brasil, até as décadas de 1960 e 1970, a Geografia acadêmica e a escolar1 foram marca- das por um conjunto de conhecimentos que fornecia elementos para a descrição do mundo. A observação e a descrição da paisagem caracterizaram grande parte da produção que compôs a cha- mada Geografia Tradicional, que tinha sua base metodológica no positivismo. Na escola, a memorização de conhecimentos hoje entendidos como “enciclopédicos” era a principal habilidade requerida para obter boas notas em Geografia, o que a tornava um componente curricular “decorativo” e desinteressante. A partir da década de 1970, iniciou-se um movimento de renovação da Geografia que, segundo o professor Antonio Carlos Robert Moraes, se dividiu em duas vertentes: a Geografia Pragmática e a Geo- grafia Crítica. Além delas, há a corrente denominada Humanística. Geografia Pragmática ou Quantitativa A chamada Geografia Pragmática ou Quantitativa teve maior influência sobre as pesquisas do que sobre o ensino. No Brasil, desenvolveu-se sob a denominação de Geografia Teorética, caracterizada principal- mente pelo uso de técnicas estatísticas e matemáticas e modelos de representação no trato dos temas geográficos. As críticas a essa vertente da Geografia basearam-se no exagero da quantificação e na maior importância dada às técnicas em detrimento dos fins a serem atingidos, destacando-se a grande preocupa- ção com as técnicas de planejamento. Dessa forma, a Geografia ficava alheia, por exemplo, aos problemas sociais e à agressão ao meio ambiente. Geografia Crítica ou Radical À outra vertente do movimento de renovação daGeografia convencionou-se chamar de Geografia Crítica ou Radical. Essa corrente tinha como base teórica o materialismo histórico e dialético. Entre outros aspectos, trouxe uma preocupação com as injustiças sociais e com os problemas político-ideológicos, propondo uma Geografia militante que lutasse por uma sociedade mais justa. A Geografia Crítica (chamada por alguns de Geografia Marxista) assumiu inteiramente um discurso político explícito, mostrando que não bastava explicar e descrever o mundo – havia a necessidade de transformá-lo. Na Geografia escolar, essa corrente influenciou principalmente documentos curricula- res oficiais da época, como a Proposta curricular para o ensino de Geografia,2 da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a chamada Geografia Crítica ficou muito marcada por um discurso retórico, sem alcançar a prática dos professores. 1 Empregamos as expressões “Geografia acadêmica” e “Geografia escolar” para designar, respectivamente, a Geografia produzida na universidade e a Geografia como componente curricular do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. 2 SÃO PAULO. Secretaria Estadual de Educação. Proposta curricular para o ensino de Geografia: 1o grau. 6. ed. São Paulo: Secretaria de Educação/Cenp, 1991. XI Geografia Humanística Há também a corrente Humanística ou da Percepção, que se diferencia das demais correntes por se preocupar em verificar a apreensão da essência, pela percepção e pela intuição. Sua base é a feno- menologia, caracterizada por utilizar fundamentalmente a experiência vivida e adquirida pelo indivíduo. De acordo com o geógrafo chinês Yi-Fu Tuan, a Geografia Humanística procura um entendimento do mundo a partir do estudo das relações do homem com a natureza, bem como de seus sentimentos e ideias a respeito do espaço e do lugar. Produções acadêmicas recentes apontam a necessidade de a Geografia pautar-se em explicações plurais que dialoguem com outras áreas do conhecimento, trabalhando “tanto as relações socioculturais da paisa- gem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte”3 e as interações entre eles estabelecidas. A concepção de Geografia nesta Coleção Acreditamos que o papel da Geografia escolar (e, portanto, a visão que os estudantes têm dela) vem sofrendo mudanças, buscando-se cada vez mais construir uma Ciência que dialogue com o espaço mais próximo do estudante, seja local ou global. Concordamos com a professora Helena Callai4 quando aponta os principais motivos para se ensinar Geografia: compreender o mundo para obter informações a seu respeito; conhecer o espaço produzido pelo ser humano e a relação da sociedade com a natureza; fornecer aos estudantes condições para sua formação cidadã. De acordo com Ana Clarissa Stefanello: O estudo de percepção em geografia tem uma abordagem humanística e suas bases filosóficas estão na fenomenologia. [...] Essa corrente filosófica está centrada na apreensão das essências por meio da percepção das pessoas. Assim, é fundamental a experiência vivida e adquirida pelo indivíduo [...]. STEFANELLO, Ana Clarissa. Metodologia do ensino de História e Geografia: didática e avaliação da aprendizagem no ensino de Geografia. Curitiba: IBPEX, 2008. v. 2. p. 26. Norteada por esses princípios, a concepção de Geografia nesta Coleção é a de uma ciência (e de um componente curricular) que, dialogando com outras áreas do conhecimento, busca a aproximação do lugar de vivência com o conhecimento geográfico, sistematizando a compreensão das interações entre sociedade e natureza ocorridas no mundo, com vistas a uma atuação cidadã, realmente partici- pativa dos processos que envolvem o lugar onde vivem, e apresentando capacidade de compreender e articular reflexões e ações de abrangência tanto em escala local quanto global. Assim, a definição dos temas e da abordagem dos conteúdos desenvolvidos parte da premissa de que, para o estudante compreender o mundo em que vive, sob o ponto de vista da Geografia ele deve se munir de conhecimentos e conceitos sistematizados ao longo de vários anos pela ciência geográfica. Segundo a BNCC: [...] no 6o ano, propõe-se a retomada da identidade sociocultural, do reconhecimento dos lugares de vivência e da necessidade do estudo sobre os diferentes e desiguais usos do espaço, para uma tomada de consciência sobre a escala da interferência humana no planeta. [...] Espera-se [...] que o estudo da Geografia no Ensino Fundamental – Anos Finais possa contribuir para o delineamento do projeto de vida dos jovens alunos, de modo que eles compreendam a pro- dução social do espaço e a transformação do espaço em território usado. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. p. 379, 381. A percepção do estudante e sua visão de mundo, portanto, são consideradas elementos centrais na Coleção, por meio de conteúdos e propostas de trabalho que estimulam o diálogo entre as escalas lo- cal e global, visando promover o aprendizado por meio de diferentes olhares e situações e contribuindo para compreender, respeitar e valorizar a diversidade de arranjos sociais, estabelecidos em diferentes territórios e tempos históricos. Dessa maneira, contribui-se para a construção de uma Geografia es- colar que incentiva a autonomia dos estudantes, preocupada com a responsabilidade ética acerca de fenômenos sociais e naturais e com a valorização dos direitos humanos, e voltada, de modo intrínseco, à promoção da redução das desigualdades sociais. 3 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia 5a a 8a séries. Brasília: MEC/SEF, 1997. p. 24. 4 CALLAI, Helena Copetti. O ensino de Geografia: recortes espaciais para análise. In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos et al. (Org.). Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 3. ed. Porto Alegre: UFRGS; AGB Seção Porto Alegre, 2001. XII O trabalho com conceitos fundamentais Atentos aos movimentos de renovação da Geografia, nesta Coleção procuramos trabalhar concei- tos e categorias da ciência geográfica que possibilitem ao estudante compreender o espaço geográfi- co, assim como as relações entre a sociedade e a natureza que o caracterizam. Ao definir os conteúdos distribuídos ao longo dos quatro livros da Coleção, delineamos algumas ca- tegorias e/ou conceitos, como espaço geográfico, paisagem, lugar, território e região, lançando mão de abordagens que propiciem ao estudante o exercício de interpretação crítica e de sensibilização da realidade espacial do mundo em que vive, em diferentes escalas. Grande parte do conhecimento geográfico já visto pelo estudante – tanto na escola quanto em sua vi- vência extraescolar – começa a ser sistematizada e/ou aprofundada nos anos finais do Ensino Fundamen- tal, principalmente a partir do 6o ano. O livro do 6o ano vai, portanto, ao encontro dessa perspectiva, focan- do principalmente os conceitos de espaço geográfico, paisagem e lugar e ali iniciando sua sistematização. Os conceitos de espaço geográfico e de paisagem Ao trabalhar com os conceitos de espaço geográfico e paisagem, atentamos para a confusão que muitas vezes se estabelece entre eles. De acordo com o professor Milton Santos: Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado mo- mento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima. A palavra paisagem é frequentemente utilizada em vez da expressão “configuração territorial”. Esta é o conjunto de elementos naturais e artificiais que fisicamente caracterizam uma área. A rigor, a paisagem é apenas a porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão. Assim, quando se fala em paisagem, há, também, referência à configuração territorial e, em muitos idiomas, o uso das duas expressões é indiferente. A paisagem se dá com um conjunto de objetos reais-concretos. Nesse sentido, a paisagem é trans- temporal, juntandoobjetos passados e presentes, uma construção transversal. O espaço é sempre um presente, uma construção horizontal, uma construção única. Cada paisagem se caracteriza por uma dada distribuição de formas-objetos, providas de um conteúdo técnico específico. Já o espaço resulta da intrusão da sociedade nessas formas-objetos. Por isso, esses objetos não mudam de lugar, mas mudam de função, isto é, de significação, de valor sistêmico. A paisagem é, pois, um sistema material e, nessa condição, relativamente imutável; o espaço é um sistema de valores que se trans- forma permanentemente. O espaço, uno e múltiplo, por suas diversas parcelas, e através do seu uso, é um conjunto de mercadorias, cujo valor individual é função do valor que a sociedade, em um dado momento, atribui a cada pedaço da matéria, isto é, a cada fração da paisagem. O espaço é a sociedade, e a paisagem também o é. No entanto, entre espaço e paisagem o acordo não é total, e a busca desse acordo é permanente; essa busca nunca chega a um fim. SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 83-84. O conceito de lugar O conceito de lugar aparece nesta Coleção não só como localização espacial, mas principalmente como espaço vivido, que é uma dimensão trabalhada pela perspectiva da chamada Geografia Huma- nística. Ao longo dos quatro volumes, independentemente da escala trabalhada, procuramos resgatar a experiência espacial do estudante. Quando, por exemplo, tratamos de problemas ambientais, solici- tamos ao estudante investigar tais problemas no seu espaço mais próximo, como sua casa, sua sala de aula, seu bairro, seu município. Segundo a BNCC: [...] no Ensino Fundamental – Anos Finais, procura-se expandir o olhar para a relação do sujeito com contextos mais amplos, considerando temas políticos, econômicos e culturais do Brasil e do mundo. Dessa forma, o estudo da Geografia constitui-se em uma busca do lugar de cada indivíduo no mundo, valorizando a sua individualidade e, ao mesmo tempo, situando-o em uma categoria mais ampla de sujeito social: a de cidadão ativo, democrático e solidário. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2017. p. 363. XIII O conceito de região No livro do 7o ano, o conceito de região ganha destaque, já que um dos caminhos que utilizamos para o estudo do espaço brasileiro foi sua divisão em macrorregiões, formalmente instituídas pelo IBGE. Essa opção se justifica pelo fato de essa divisão ser mais familiar ao estudante, já que ela está mais presente em seu cotidiano, principalmente por meio da mídia, além de ser usada na divulgação de muitas das informações oficiais e em projetos governamentais. Com o objetivo de superar o entendimento de região como um espaço com características comuns, delimitado por critérios estáticos, procuramos apresentar diferentes regionalizações do espaço brasi- leiro e demonstrar que o fenômeno regional é resultado de um processo produzido historicamente. Segundo a professora Lana Cavalcanti, na discussão sobre o conceito de região: [...] alguns elementos devem ser destacados por atender à necessidade de analisar o surgimento/ ressurgimento, o desenvolvimento ou mesmo a morte da região ante a homogeneização do espaço e das relações de produção e ante o fenômeno de globalização da sociedade. Por um lado, a redefinição de fronteiras, o novo papel do Estado-nação, desestrutura regiões consolidadas; por outro, assiste-se a surgimentos e ressurgimentos de regiões em consolidação. CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção do conhecimento. Campinas: Papirus, 2003. p. 104. O conceito de território Desde o 6o ano procuramos trabalhar com os diversos “atores sociais” envolvidos nas relações de poder sobre o espaço. Nesse contexto, não só o Estado tem papel fundamental como também deve ser considerada a intervenção de outros grupos sociais e espaços vivenciados pelo estudante. O pró- prio indivíduo, nosso estudante, deve entender que pode vir a ser um desses atores. Segundo Lana Cavalcanti (p. 111), “o aluno deve entender que sua intervenção no território nas di- ferentes escalas deve ser feita com base em determinados objetivos e convicções, como o controle territorial e a igualdade social, respectivamente”. Aprofundando o conceito, encontramos na BNCC (p. 363): [...] com o aprendizado de Geografia, os estudantes têm a oportunidade de trabalhar com conceitos que sustentam ideias plurais de natureza, território e territorialidade. Dessa forma, eles podem cons- truir uma base de conhecimentos que incorpora os segmentos sociais culturalmente diferenciados e também os diversos tempos e ritmos naturais. Essa dimensão conceitual permite que os alunos desenvolvam aproximações e compreensões sobre os saberes científicos – a respeito da natureza, do território e da territorialidade, por exemplo – presentes nas situações cotidianas. Quanto mais um cidadão conhece os elementos físico-naturais e sua apropriação e produção, mais pode ser protagonista autônomo de melhores condições de vida. O trabalho com imagens, linguagens e representações variadas A preocupação com a leitura de imagens é outro aspecto que caracteriza a abordagem desta Coleção. Nossos estudantes (e a sociedade atual como um todo) convivem com uma profusão de imagens, espe- cialmente as manipuladas pela mídia, e podem simplesmente “consumi-las”, sem reflexão nem criticidade. Sendo inegável o poder da imagem e, principalmente, o uso (político, comercial, ideológico etc.) que dela se faz, é fundamental que os estudantes desenvolvam habilidades de observação, decodificação e reflexão, que permitam a eles ler o mundo de forma mais autônoma e crítica. Para a Geografia, tais habili- dades ganham importância especial: muitas das imagens correspondem a representações de paisagens, e sua leitura pode ser um primeiro exercício (ou um passo a mais) de compreensão do espaço geográfico. É importante que os estudantes percebam que as informações sobre o mundo podem ser regis- tradas por meio de diferentes linguagens e que um mesmo assunto pode ser tratado sob diferentes pontos de vista, dependendo do autor e da época em que as ideias são produzidas. Assim, usamos nesta Coleção linguagens alternativas à do texto informativo, buscando desenvolver habilidades de observação e interpretação das informações apresentadas. XIV Alfabetização cartográfica O ensino de Geografia requer diversas linguagens por meio das quais os estudantes entram em contato com o saber sistematizado. Uma dessas linguagens é a cartográfica, expressa nos mapas. Nas aulas de Geografia, a cartografia deve ser trabalhada sistematicamente, construindo-se os conceitos e habilidades relacionados à representação espacial. Nesta Coleção, trabalhamos a alfabetização cartográfica em diferentes momentos e volumes, numa proposta atrelada aos demais conteúdos. Além da interpretação de cartogramas, mapas esquemáticos e gráficos, entre outros, também propomos, especialmente em determinadas seções e atividades, a construção de diferentes formas de representação espacial e de dados, de modo a estimular o desenvol- vimento do pensamento espacial dos estudantes, aspecto presente nas unidades temáticas da BNCC. Representações gráficas É preciso definir e diferenciar representação e representação gráfica. Representação é um produto da mente humana. A representação de um objeto é uma evocação em sua ausência, é a substituição de ações ou objetos por símbolos que podem ser imagens, modelos, mímicas ou palavras. Representação gráfica é a transcrição por linguagem gráfica das relações de diversidade, ordem e proporcionalidade que podem se dar entre objetos que compõem a realidade. Mapas e gráficos são representações gráficas que têm como ponto de partida a exploração das duas dimensões dispostas em folha de papel. Atualmente, na era da informática, dispõe-se também das duas dimensões em monitor de computador, celular e tablet.
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